FÔLEGO NOV/ DEZ 2008
ANO 5 N° 17
FOTO: RONALDO PINTO
JORNAL-LABORATÓRIO SOBPRESSÃO SSÃO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIFOR
O salto da ginástica rítmica cearense O esporte cresce no Estado stadoo co com om a criação da Federação Cearen Cearennse de Ginástica e seu ensino sino eem m projetos sociais, proporcionando ionando melhoria na vida de 80 meninas Fernanda Vieira e Marília Pedroza
A ginástica rítmica surgiu na década de 1940 quando atletas da modalidade artística, popularmente conhecida como olímpica, de diversos países do Leste Europeu resolveram incorporar a esse esporte ritmos musicais. De lá para cá, ela vem sofrendo transformações em suas regras, elementos e aparelhos. Apesar de isso ter levado a ginástica rítmica a ingressar nas Olimpíadas, em 1984, ela ainda é pouco conhecida pelos cearenses. Contudo está presente no Estado há cerca de 25 anos, tendo sido introduzida em escolas particulares da capital em 2000. Hoje, a modalidade também é desenvolvida em escolas públicas, academias e projetos
sociais, soci so ciais, i o que proporciona a prática, por crianças carentes, de uma atividade esteriotipada como nobre. Ela assim é considerada devido aos altos custos que demanda com: profissionais especializados, equipamentos que vêm de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e às vezes até de fora do País, estrutura de treinamento, roupa das apresentações – que não sai por menos de 70 reais. Por isso, sua fixação no Ceará não foi tão fácil. Mas com a criação da Federação Cearense de Ginástica em 2007, a vida das garotas que almejam seguir esse esporte melhorou. Agora elas podem sonhar em mostrar para outros países a ginástica rítmica local. A professora Ester Vieira, presidente da Federação, pretende levar um grupo de 60 atletas de Fortaleza para a próxima Ginastrada, que
acontecerá em 2011, na Suíça. Este é um festival mundial da a ginástiginá gi ná ást stii ca que ocorre a cada da quatro qua ua attrro anos e conta com demonsdemon onss trações sem fins competitivos de 25 mil atletas e a participação de 57 países. Já foram equipes de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Norte com mais de 100 participantes. As ginastas que saírem daqui em 2011 formarão a primeira equipe cearense a desbravar o exterior. Por enquanto, a única atuação das cearenses fora do Estado foi em 2004, em Alagoas, onde participaram como convidadas da federação desse estado, visto que ainda não havia a federação cearense. E foram bem para uma primeira vez. Conquistaram a oitava colocação. Os treinos para a Ginastrada terão início em 2009. Segundo a Confederação Brasileira de Ginástica, que avalia o nível das ginastas, elas não precisam estar prontas para disputar um
“Mão Amiga” ajuda crianças carentes “Mão Amiga” é um projeto social criado em 2007. Foi desenvolvido pelo Governo do Estado do Ceará em parceria com instituições privadas, tais como universidades, academias e escolas. Seu principal objetivo é a integração de crianças e jovens carentes em esportes considerados nobres como as ginásticas rítmica e artística, o nado sincronizado e os saltos ornamentais. Assim, caracteriza-se como uma iniciativa de inclusão social e uma forma de ajudar a mudar a vida de muitas crianças e adolescentes carentes que têm interesse em praticar esses esportes, mas não possuem condições financeiras para pagar as aulas. “O ‘Mão Amiga’ tem ajudado minha filha, meu sobrinho e alguns colegas dele que também consegui trazer para o projeto”, afirma Lúcia Helena Gomes de Almeida, mãe de uma aluna de ginástica rítmica.
campeonato campeona nato to mundial, mas aptas a representar o Brasil sem deixar a desejar. A professora Ester f E t contou t que a Federação Cearense ainda está sendo registrada, isto é, ainda não tem seu CNPJ, e só depois de consegui-lo é que poderão ser viabilizados os patrocínios aos atletas. Para quem quer saber mais sobre a modalidade, sua característica principal são os movimentos em harmonia com a música. Dificuldades de diferentes graus, como saltos, giros, equilíbrios e flexibilidades são combinadas à graciosidade, a movimentos préacrobáticos e ao manejo dos aparelhos. Estes são: bola, fita, corda, arco e maças. As coreografias podem ser
apresentadas individualmente i di id l ou em conjunto. É possível mesclar dois instrumentos numa mesma coreografia, dançar sem nenhum aparelho – categoria denominada mãos livres – ou usando instrumentos alternativos, como o pandeiro e o véu, em apresentações sem caráter de competição. Iniciativas como o Projeto Mão Amiga (ver coordenada) tornam essa realidade cada vez mais próxima daqueles que vêem o esporte mas não tem condições de bancá-lo. Para se ter noção, a mensalidade de um treino semanal de duas horas que não visa competição é de 60 reais.
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Não confunda estas categorias!
Oportunidade: participantes do projeto Mão Amiga se empenham no treino de ginástica rítmica no núcleo Unifor FOTO: RONALDO PINTO
Vanessa Tavares, também aluna de ginástica rítmica, não gosta de faltar nenhum dia de treino e sua mãe, Antônia Moreira Tavares, sempre a acompanha. O “Mão Amiga” foi implantado em 30 núcleos, sendo 12 em Fortaleza e 18 no interior do Estado, em cidades
como Sobral, Crato, Iguatu e Limoeiro do Norte, atendendo hoje três mil jovens atletas.
Serviço Mais informações sobre o Projeto, ligue para (85) 3101-4388 ou 3101-4391 - CODESP
Ginástica Rítmica
Ginástica Artística
Não é um esporte te exclusivamente feminino. Existem m equipes masculinas, nas, porém sem o aval al da Federação Internacionacional de Ginástica (FIG). Os materiais utilizados pelas duas modalidades variam. Geralmente são usados o arco, o tablado, a bola, as maças e a corda. Os movimentos das atletas seguem sempre o ritmo de uma música. Analisa-se aí a flexibilidade, o equilíbrio, a graciosidade e a criatividade. Na categoria masculina, analisase a força e a agilidade, numa mistura com elementos da arte marcial wushu (mais conhecida como kung fu).
É um esporte te praticado tanto o por homens quanto anto por mulheres. es. Ambos com a aprovaprovação da Federação ração Internacional al de Ginástica (FIG). As categorias utilizadas na ginástica artística masculina são diferentes das usadas na feminina. As únicas iguais são o solo e o salto sobre a mesa. Os movimentos para ambos os sexos, sendo comuns os longitudinais e transversais, são mais referentes à demonstração de força, agilidade e controle do corpo. Fonte: www.ginasticas.com
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Unifor fomenta prática esportiva e desenvolve valores pessoais Cooperação e solidariedade são algumas das experiências vivenciadas pelas crianças que participam da Escola de Esportes da Unifor Íkara Rodrigues e Marília Camelo
Basquete, vôlei, futsal, atletismo, ginástica rítmica... Ufa! Para praticar tantas modalidades diferentes é preciso ter muito pique, e isto os alunos da Escola de Esportes da Unifor têm de sobra. São crianças e adolescentes de 7 a 18 anos que comparecem, semanalmente, ao campus da universidade para se divertirem e manterem a saúde com práticas de atividades físicas. A escola nasceu de um projeto piloto desenvolvido pelo curso de Educação Física em parceria com a Vice-Reitoria de Extensão da Unifor. As atividades do projeto começaram no início de 2008. A partir de então, cerca de 250 crianças, de comunidades circunvizinhas, passaram a ser assistidas. “Os trabalhos são realizados no contra-turno das atividades escolares. Por exemplo, se o aluno estuda de manhã, à tarde ele faz a escolinha”, conta o professor e chefe da Divisão de Esportes da Unifor, Carlos Augusto Costa.
Exercícios: o basquete é um dos esportes preferidos por meninos e meninas de todas as idades.
Segundo ele, o projeto procura desenvolver nos alunos, além de um bom nível físico, uma boa formação de valores pessoais e disciplinares. O trabalho desenvolvido com as crianças é ministrado pelos acadêmicos do curso de Educação Física, que já estão concluindo a graduação, sob a supervisão dos professores. “A gente é avaliado durante todo o semestre. Cada aula é aco acompanhada por um professor que q avalia o conteúdo e a di didática que a gente apresenta. Depois são apontados os nossos n erros para que possa possamos corrigir na próxima aula”, au conta o aluno do curso de d Educação Física, Carlos Emílio. Em A relação com as crianças também é essen-
cial durante o processo. “Esse contato com a garotada é importante para nós por conta de ser uma experiência real”, destaca Emílio. As crianças Wanderson Holanda, 13, morador da comunidade do Dendê, comparece todas as terças e quintas à Unifor para praticar futsal com seus colegas. Segundo sua mãe, Silvania Holanda, essa é a única prática esportiva feita pelo garoto. “Ele não é muito estudioso, mas jogar bola é com ele mesmo”, diz Silvania, que também tem outra filha engajada no projeto. Tayna Holanda, 11, é praticante de uma outra modalidade da escolinha, a natação. “Ela adora na-
FOTOS: MARÍLIA CAMELO
dar e não falta nenhum dia”, conta a mãe. Silvania acredita que a prática esportiva tem uma importância especial na criação de seus filhos. “Eu acho que o esporte pode dar algum futuro para eles. Para mim, é melhor eles estarem aqui (na Unifor) do que em casa sem fazer nada ou no meio da rua”, explica. Já Daniel Parick, 10, entrou no projeto por conta de um problema de saúde, a obesidade. “Logo que nós descobrimos que ele estava acima do peso apareceu a Escolinha de Esporte. Eu não pensei duas vezes, e o coloquei. Ele demonstrou interesse e agora já está bem mais magro”, conta Reyjane Silva, mãe do garoto.
Durante a prática esportiva, as crianças também são avaliadas pela equipe de alunos e professores. De acordo com Augusto, aqueles que chegam a um nível mais elevado podem ser encaminhados para um clube ou uma escola que tenha a modalidade praticada. “Os estudantes também podem ser aproveitados dentro da própria universidade, como é o caso do atletismo, em que o aluno pode vir a fazer parte da equipe mais avançada”, conta Augusto. De acordo com o professor, há casos em que os alunos que se destacam são convidados para treinar em outras entidades, antes mesmo da instituição fazer o encaminhamento.
Atividade aliada à responsabilidade Desde o projeto piD l loto, no início de 2007, mais de 200 20 crianças e adolescentes crian já tiveram a oportunidade de aprender a alguma atividade na Escola de Esprtes E da Unifor. As interessadas em particrianças int projeto devem atender cipar do pro a alguns requisitos. req Além de fazer parte das comunidades próximas à Universidade, elas devem estar devidamente matriculadas e devidament frequentando as aulas na rede frequentand Por isso, as oficial de ensino. e esportivas são realizapráticas esp
das em turnos opostos aos das aulas de cada jovem. Os treinos ocorrem todas às terças e quintas a partir das oito horas da manhã indo até às oito da noite, com atividades distintas, dependendo dos dias, horários e professores. Na primeira parte do projeto, os professores trabalham com mais intensidade a parte psicomotora das crianças com atividades lúdicas. Esta é a fase chamada de Iniciação Esportiva. Depois dela, o aluno será encaminhado àquela modalidade que tiver mais aptidão. A
partir de então, terá um número limitado de faltas, que, se ultrapassado, resultará na saída deste aluno do projeto para dar lugar a outro que estiver na lista de espera. Lista de espera? Sim. É difícil conseguir uma vaga na escola. Como as turmas continuam até que os alunos sejam transferidos para clubes, escolas ou atinjam a faixa etária limite, havendo apenas troca dos professores a cada semestre, é bem difícil o surgimento de vagas para novos atletas. Segundo o chefe da divisão
de esportes da Unifor, professor Carlos Augusto Costa, a intenção do projeto é acompanhar o desenvolvimento dos alunos no período dentro da faixa etária estabelecida. Para ele, “o grande retorno é estar de uma forma harmônica, oportunizando para mais de 200 crianças e adolescentes uma prática saudável de atividade física e partilhando valores para, a partir daí, elas poderem se desenvolver ganhando autoconfiança, superando seus limites e se divertindo em uma prática prazerosa que é o esporte”.
Caderno Fôlego - Fundação Edson Queiroz - Universidade de Fortaleza - Diretora do Centro de Ciências Humanas: Profa. Erotilde Honório - Coordenador do Curso de Jornalismo: Prof. Eduardo Freire - Disciplina Jornalismo Especializado I Professor Orientador: Antonio Simões - Projeto Gráfico: Prof. Eduardo Freire - Diagramação: Aldeci Tomaz - Supervisão gráfica: Francisco Roberto - Impressão: Gráfica Unifor - Tiragem: 500 exemplares - Editores Adjuntos: Bruno Anderson, Camila Marcelo, Ivana Moreira, Lucas Abreu e Viviane Sobral
Sugestões, comentários e críticas: cadernofolego@gmail.com
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Esporte paraolímpico supera preconceitos e revela talentos Essa prática esportiva no Brasil já pode ser considerada uma das mais desenvolvidas do mundo e tem revelado cada vez mais atletas de ponta Renata Santiago
O esporte paraolímpico já foi considerado o patinho feio dos esportes, mas, aos poucos, este preconceito foi sendo superado. Hoje, é mais do que um esporte de alto rendimento para atletas com deficiência. Ele surpreende por seus exemplos de superação e mostra ao mundo novos ídolos. Sensibilizado pela triste realidade de ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial que ficaram com deficiências físicas, o neurocirurgião alemão Ludwig Guttmann iniciou um trabalho de reabilitação médica e social destes veteranos de guerra por meio do esporte. Em 1952, os jogos organizados por ele ganharam status internacional e em Roma, no ano de 1960, ocorreram os primeiros Jogos Paraolímpicos. Mas, ainda havia muito a fazer. No Brasil, a diferença começou a ser feita em 1995, com a criação do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), cujo maior objetivo é fortalecer e difundir o esporte paraolímpico no país, visando alcançar um alto-rendimento. De acordo com Andrew Parsons, presidente do Comitê Paraolímpico das Américas, até o ano de 1998, o esporte paraolímpico era praticamente ignorado pelos veículos de comunicação. Esse desinteresse era prejudicial para o seu crescimento, pois, sem a visibilidade, o segmento não despertava interesse de possíveis parceiros e patrocinadores. Foi então que o CPB percebeu o que a mídia realmente queria e
elaborou uma estratégia de comunicação. Para o CPB, os jogos de Atenas 2004 foi a edição da virada dos Jogos Paraolímpicos. Apesar das dificuldades com as transmissões, os jogos Paraolímpicos de Atenas mostraram à população Brasileira que existem grandes atletas nessa prática esportiva e que trazem ótimos resultados. A partir daí, os jogos despertaram o interesse do público e, consequentemente, da mídia. Mudou-se a percepção da sociedade, quebrou-se o preconceito, ampliaram-se as parcerias e foram criadas referências de atletas como Clodoaldo Silva, entre outros. Enfim, a estratégia do CPB surtiu efeito. Estava criado um novo olhar sobre este esporte. O Brasil tinha expectativa de vitórias, os atletas, apoio e torcida. Quatro anos depois, em Pequim, o Brasil fez sua melhor participação em paraolimpíadas, com 47 medalhas, sendo 16 de ouro. O que rendeu ao país o nono lugar. Hoje, graças à boa estrutura do CPB, com seus parceiros e patrocinadores, o esporte paraolímpico brasileiro é considerado uma referência para o mundo, sendo um dos movimentos para deficientes mais avançados e vem crescendo a da mais. a s. ainda P a r a Andrew Parsons, essas competições m o s tram à sociedade o potencial da pessoa com deficiência e servem também como referência para outros deficientes. Um destes, possivelmente, poderá se sentir interessado em partici-
Arremesso de peso é uma das modalidades praticadas por portadores de deficiência
par do esporte, ao ver alguém como ele se destacando em competições. Competição Novas potências no esporte paraolímpico são reveladas durante as etapas do Circuito Loterias Caixa Brasil Paraolímpico. Estas são divididas em três regionais e duas nacionais e eenvolvem o e atletismo, at et s o, natação atação e halterofilismo. Neste ano, a segunda etapa nacional do Circuito ocorreu em Fortaleza nos dias 8 e 9 de novembro. No total, 392 atletas participaram da competição, incluindo os medalhistas paraolímpicos Daniel Dias, André Brasil, Terezinha Guilhermina e Lucas Prado, que tentou bater o recorde mundial mais uma vez. Lucas não conseguiu bater o recorde, mas foi destaque novamente com medalhas de ouro nos 100m e 200m. “Estou satisfeito com o resultado. Apesar de estar com dores na perna, venci as provas e me mantive como o favorito. Agora o que importa é me recuperar para baixar o meu tempo e, no
ano que vem, ser consagrado como o primeiro cego a correr abaixo dos 11 segundos”, diz. De acordo com informações do CPB, O Circuito Caixa encerrou em 2008 o seu quarto ano de existência com um número recorde de atletas. Mais de 1200 participantes tiveram a oportunidade de competir este ano e o principal objetivo o alcançado: a ca çado: novos o os atletas at etas foi foram descobertos e a competição já conta com um calendário nacional. Para se ter uma idéia da importância deste Circuito, onze das dezesseis medalhas de ouro conquistadas pelo Brasil em Pequim foram frutos do Circuito Caixa. Apesar de tantas conquistas, o CPB não está acomodado, pois sabe que o trabalho não acabou. O objetivo geral é consolidar o movimento paraolímpico no Brasil, visando o pleno desenvolvimento e difusão do esporte para pessoas brasileiras com deficiência, por meio da organização e divulgação de competições até o envio de atletas nacionais para eventos no exterior.
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
Saiba mais
Quadro esportivo No esporte paraolímpico podem participar deficientes físicos ou visuais de ambos os sexos. Entre as modalidades oferecidas no quadro paraolímpico do Brasil, estão: Atletismo - as provas são de acordo com a deficiência dos competidores, divididas entre corridas, saltos, lançamentos e arremessos. Natação - competem atletas com todos os tipos de deficiência (física e visual) em provas como os 100m nos estilos peito, costas e borboleta. Tiro com arco - podem competir arqueiros em cadeira de rodas, paralisados cerebrais, amputados e Les Autres. Hipismo - é praticado por atletas com vários tipos de deficiência, em cerca de 40 países. Além dos competidores, os cavalos também recebem medalhas. Leia mais no site da CPB: www.cpb.org.br
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Pintado, o eterno avô do Vovô Conheça as histórias do ex-jogador, Pintado, que se destacou por suas defesas no Ceará na década de 1930 e ainda hoje é lembrado pela torcida alvinegra Luziane Freire e Cybelle Aires
Década de 1930. Os jogadores de futebol disputavam as partidas no Campo do Prado (atual Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará, Cefet-CE) e representavam uma equipe por gostar de jogar, não pelo prestígio ou dinheiro. Época na qual nasceram craques que hoje adornam a história dos times mais antigos do Ceará. Adhemar Nunes Freire é exemplo vivo deste período. Talvez você o conheça mais pelo nome de Pintado ou, quem sabe, por Capote. Caso não tenha ouvido falar, ele é considerado o ex-goleiro vivo mais antigo que defendeu o início do futebol Alvinegro. Pintado iniciou sua carreira futebolística em 1931, no Ceará Sporting Clube. Na época, conquistou o título estadual e repetiu a dose em 1932, tornando-se bicampeão alvinegro. Depois disto sua carreira disparou, também foi campeão carioca pelo time do Botafogo e vice pelo Madureira. Chegou até a ser convocado para a eliminatória da copa de 1938 pela seleção brasileira, mas não foi escalado. No Rio, Adhemar formou-se em Educação Física. Em 1948, voltou para Fortaleza e foi mais uma vez campeão estadual pelo time do Ceará. Atuou
Década de 40: Pintado, ao centro na foto, no auge da carreira FOTO: ARQUIVO PESSOAL
Ex jogador: Adhemar, aos 94 anos, ainda é considerado um ídolo para a torcida do Ceará, mesmo seis décadas longe do campo FOTO: ARQUIVO PESSOAL
como técnico do Ferroviário e do Maguary, mas foi como professor de educação física e inglês que ele se aposentou. Hoje, aos 94 anos, Adhemar não consegue mais se lembrar que foi o adorado Pintado. Há quatro anos é vítima do Mal de Alzheimer. As recordações pessoais rezumem-se aos álbuns fotográficos e recortes de jornais que durante toda sua
vida fez questão de colecionar. “Foram tantas medalhas e certificados que é impossível uma pessoa saber ao certo 100% da história do meu pai”, explica Guilherme Freire, filho do exjogador. Conforme o pesquisador Airton Fontenele, “Pintado foi o maior goleiro daquele tempo e ainda serve de exemplo para muitos jogadores de hoje”.
O Apelido No início do futebol tudo era simples, tanto que a maioria dos jogadores da época usava apelidos para facilitar a denominação. Para Adhemar não foi diferente, seus dois apelidos vieram por causa de suas sardas. Primeiramente como Capote (como os cearenses denominam a galinha da angola), depois como Pintado. Segundo Fontenele, o apelido de Pintado teve origem em 24 de Novembro de 1935, no jogo Botafogo e Bangu. Na ocasião, o goleiro titular do time do Botafogo não estava conseguindo defender as bolas que surgiam. Desesperado, Carlito Rocha, técnico, não sabia o que fazer e apontou para o banco de reservas dizendo: “coloca esse pintado aí”. Neste jogo, Botafogo ganhou de 6 a 4 e Adhemar passou a ser consagrado como Pintado. A estatura de Pintado era o seu grande diferencial dos
Crônica
outros goleiros, explica Zé Cândido, jogador do Fortaleza da época de 1940. Segundo ele, Pintado tinha aproximadamente 1.70m de altura, era magro e cheio de sardas e, apesar de ser baixo, defendia bolas como ninguém. “Ele era como um gato!”, garante. Depois de seis décadas, Pintado ainda é presença nos jogos do Ceará, não fisicamente, mas espiritualmente. Para encontrá-lo é só olhar para a arquibancada. Lá há uma bandeira com a caricatura e o nome dele, simbolizando “o primeiro paredão alvinegro”, explica Jeysivan Carlos, diretor da torcida organizada Cearamor. A idéia surgiu depois que o filho mais velho de Pintado, Adhemar Filho, levou fotos, recortes e arquivos à diretoria, que avaliou o material e aprovou a homenagem ao ex-goleiro. “Pintado é um ídolo para a torcida do Ceará e para quem acompanhou sua trajetória”, diz Jeysivan.
Luis Gentil
Longe das sensações do real futebol Tarde de domingo. O sol declina e se esparrama no gramado, enchendo de cores o cenário por onde vão desfilar os artistas da bola. A natureza conspira a favor do espetáculo. Um cenário de indizível beleza se descortina diante de meus olhos. Uma sensação indescritível invade o meu ser. É bem verdade que o empurra-empurra, na entrada do estádio, deixou-me um pouco dolorido. Ainda escuto o zumbido de um “rojão” que explodiu bem perto de mim. Mas, uma brisa refrescante toca suavemente a minha face, provocando uma sensação de inefável bem-estar. O cheiro da grama recém-cortada dá um aroma todo especial ao ambiente. Finalmente, consigo chegar ao lugar de costume. Sempre na arquibancada do lado da sombra. Aos poucos vou entrando no clima envolvente das torci-
das. Olho em volta. Busco um rosto conhecido. Nada! Parece que todo mundo se engarrafou no trânsito. Pouco a pouco, mais torcedores vão chegando. Os vendedores ambulantes, com suas guloseimas, passam a compor o cenário. Logo começam a apregoar os seus produtos. Um grita de lá: olha o amendoim! Outro grita de cá: vai o picolé, cidadão? Mais um berra: vai o “rolinho de cana”, é só um real! Olha o espetinho de “gato”. - Vai a tangerina... - “Sai do mei, cara,
que o jogo vai começar!” Grita alguém do lado. De repente, a torcida se agita; levanta-se e começa a pular. As arquibancadas tremem. O pipocar de fogos faz um barulho ensurdecedor. Uma nuvem de fumaça ameaça apagar o brilho do sol. O cheiro de pólvora é estonteante. As bandeiras desfraldadas e sacudidas, de um lado para outro, executam uma coreografia alucinante. Meu coração bate mais forte. A boca fica seca. A emoção, a dona da festa, co-
meça a sacudir as torcidas. O estádio é tomado de uma grande histeria. Afinal, é dia de clássicorei. O coro das torcidas aumenta a tensão dos espectadores. Uns aplaudem, outros vaiam. O ambiente é invadido por uma profusa e indescritível mistura de sons. A trilha sonora é complementada pelo sinal eletrônico das emissoras de rádio, principalmente o da “verdinha”, que faz eco em todo estádio. É gente por todo lado. Nessa mistura de cheiros, cores e sons, uma brecha se abre em meu nível de consciência, ao ouvir uma voz familiar dizendo: - Vamos para o intervalo e logo voltaremos com o início da partida. Quebra-se o encanto. O som característico da vinheta trazme, definitivamente, do devaneio para a crua realidade. Olho em volta e vejo apenas os móveis que compõem a mobília
do meu quarto. Estou só. Toda aquela emoção não passou de uma “viagem”; de uma evocação da alma, trazendo à luz reminiscências de uma época que já se faz longe; de um tempo em que se podia ir ao estádio sem maiores preocupações com a nossa segurança. E nesse misto de tristeza e de saudade, vem-me à lembrança uma estrofe de “Meus Oito Anos”, de Casimiro de Abreu: “Oh! que saudades que tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais...”! Há quanto tempo não vou ao estádio! Já não recordo a última vez que vi o meu time jogar. Para quem não sabe, “sou alvinegro, até o talo”. Infelizmente, nos últimos anos, só vejo o meu Ceará jogar, pela televisão. Para meu desalento, o medo fez de mim um torcedor, sem voz, de um futebol sem cheiro e sem vida.
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Paintball é destaque em Fortaleza Apesar de não ser considerado oficialmente um esporte pelo Estado, o paintball cresceu em Fortaleza e já conta com campos e time profissional
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Regras e Modalidades
Indira Arruda e Rachel Lorrayne
Enquanto a Associação Cearense de Paintball (ACP) se esforça em dizer que a prática é um esporte, revelando, inclusive, dados de crescimento do número de praticantes, a Secretaria do Esporte do Estado (Sesporte) não o identifica como uma modalidade esportiva. Segundo o órgão estadual, o paintball “não possui Confederação Brasileira e nem é reconhecido pelo Ministério do Esporte como tal”. Contrariando a visão da secretaria, Diego Arcam, presidente da ACP, garante que este é um esporte antigo no Brasil e que movimenta centenas de pessoas em campeonatos. “Esporte é algo que integra as pessoas, algo que faz com que o ser humano supere os limites. Não algo no qual se dá entrada em uma série de papéis. Nós perdemos muito com essa conduta”, desabafa o jovem. Considerado pelos seus praticantes um esporte dinâmico que trabalha a mente e o corpo ao mesmo tempo, o paintball, foi criado em meados da década de 60 acidentalmente nos Estados Unidos por um grupo de engenheiros florestais. Para que os lenhadores soubessem quais árvores deveriam cortar, os engenheiros marcavam-nas, atirando nelas com balas de tintas. Um dia, ao fim do expediente, eles começaram a atirar uns nos outros, dando início a essa prática esportiva. Anos depois, foram desenvolvidas novas armas – chamadas de “marcadores” –, regras e modalidades.
Adrenalina: independente de ser esporte ou só diversão, a atividade ganha cada vez mais adeptos em Fortaleza
Muito praticada na América do Norte e na Europa, a atividade vem conquistando cada vez mais adeptos no Brasil, inclusive em Fortaleza. Enquanto, em 2006, existiam apenas três jogadores e um campo na capital, atualmente são cinquenta jogadores com equipamento próprio, entre os quais dez são profissionais, e seis campos. O crescimento se deve, principalmente, à criação do campo próprio da ACP, o que possibilitou a agregação daqueles que tinham vontade de jogar em outros campos. Fundada há oito anos, a ACP teve início quando um grupo de jovens começou a praticar o paintball e decidiu criar uma associação com o intuito de garantir que ele não fosse extinto do cenário estadual. Ela promove as competições e even-
tos em geral relacionados ao paintball no estado. De acordo com Arcam, a equipe, composta por dez membros na diretoria e mais de cem associados, tenta “levar toda a filosofia boa do paintball para o campo”. O objetivo é que ele seja praticado da melhor forma possível, barateando os custos e elevando o nível técnico dos jogadores. Apesar do clima de descontração, os praticantes levam a atividade muito a sério. O estudante de Direito Renato Pontes, 20 anos, teve contato com o paintball ao ser convidado por um amigo, Renan Rebouças, 20 anos, para um jogo. O que ele não imaginava é que se apaixonaria pela prática logo na primeira experiência. Os dois passaram a ir ao campo com mais frequência e, de tanto serem vistos jo-
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
gando, foram convidados para integrar um time profissional. Mas ao perceber que a situação estava ficando muito séria e que gastava demais, o amigo de Pontes resolveu desistir. Do contrário, o estudante decidiu continuar. “Não, vou gastar todo o meu dinheiro com isso”, brinca ele. Um jogador profissional gasta por mês, com equipamentos, de R$500,00 a R$2.700,00 durante o campeonato. Segundo Arcam, quando esse profissional é chamado para jogar nos EUA, seu salário pode chegar a US$280.000,00 por ano. Em Fortaleza, porém, os jogadores não são remunerados. Para quem pratica por diversão, o custo é de R$20,00 a R$30, 00, por pessoa, por duas horas de combate.
Equipamentos são garantia de segurança Uma das dúvidas mais frequentes sobre o paintball é se ele não é um esporte violento. Segundo Diego Arcam, presidente da Associação Cearense de Paintball (ACP), essa prática é uma das menos agressivas entre os esportes. “Existem mais lesões para os jogadores de futebol do que de paintball”, ressalta. Diferente do que acontece no futebol, por exemplo, não há contato físico entre os jogadores de paintball. Essa é uma das orientações explicadas aos praticantes no início da partida. No entanto, o que é de extrema importância é a utilização correta da máscara, além de blusa de manga comprida, calça jeans e luva
Correta utilização de material evita possíveis lesões
de algodão. “O único risco que você corre em paintball é se tirar a máscara”, enfatiza Arcam.
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
Segundo o presidente da ACP, todo o material utilizado garante aos jogadores a segurança necessária. “No
máximo, o que vai acontecer é uma bolinha pegar em você e te manchar de tinta. O problema é que as pessoas ligam as armas ao que é violento, mas não é. É tanto que as roupas são coloridas, as armas também”, explica. Vale salientar que as armas (marcadores) utilizadas pelos jogadores profissionais diferem das alugadas em campos comerciais. “As nossas armas têm uma cadência muito maior. As de aluguel, que a gente usa pros jogos comerciais, têm um disparo por cada vez. A nossa tem a sensibilidade de um mouse, cada toque é um tiro, e chega a sair vinte e poucos tiros por segundo”, comenta Pontes.
O paintball simula um combate em que duas equipes, de no mínimo três e no máximo dez componentes, se enfrentam. O objetivo principal é atingir o oponente sem ser atingido. Para acertarem seus rivais, os jogadores utilizam marcadores (pistolas) e munição não-letal (cápsulas gelatinosas contendo tinta solúvel em água). São três modalidades: Woodball, ainda não encontrada em Fortaleza, é a mais próxima da origem do jogo e praticada em uma mata fechada, simulando uma guerra. A segunda, Scenario, acontece em um espaço físico composto por estruturas que simulam ambientes cotidianos, uma casa, por exemplo, onde o jogador vai, basicamente, executar missões. É a mais “calma” das categorias. Por fim, a terceira, conhecida por Speedball, é a modalidade profissional e se constitui na disputa entre duas equipes para pegar uma bandeira e invadir o campo adversário com ela em mãos. As regras não diferem muito de uma modalidade para outra. O jogador deve ter, no mínimo, 13 anos; porém, é mais importante avaliar se a pessoa consegue ou não suportar o equipamento necessário. De acordo com a ACP, a maioria das pessoas que o praticam são homens de 16 a 30 anos. Mulheres ainda são minoria.
Serviço Associação Cearense de Paintball BR 116, Km 4 - Fortaleza-CE (85) 9616.5694 Campo No Alvo Paintball Av. Norte, 2263 - Fortaleza-CE (85) 8607.3239O Preço da partida gira em torno de R$20,00 a R$30,00. Os horários são definidos por agendamento
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Bem-estar diário: as atividades no início da manhã amenizam o estresse decorrente da vida agitada, além de estimular o bom humor e o relaxamento de seus alunos
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Aulas gratuitas de Tai Chi Chuan O anfiteatro Paulo Ponte, na Avenida Beira Mar, reúne nas manhãs de segunda à sexta-feira mais de cinquenta alunos de Tai Chi Chuan Raphael Moura e Janaína Holanda
Que tal acordar cedinho, caminhar na praia e fazer aulas de Tai Chi Chuan? Essa idéia pode até parecer inviável, sobretudo nas grandes cidades, como Fortaleza, onde a rotina de vida é bastante agitada. Mas se tornou um prazer para os mais de 50 alunos que se reúnem de segunda à sexta-feira, no anfiteatro Flávio Ponte, na avenida Beira Mar, para praticar a arte marcial chinesa. O grupo, formado em sua grande maio-
ria por mulheres de diferentes idades, habituou-se a dedicar as primeiras horas do dia a essa atividade gratuita. Os frequentadores começaram a se reunir em maio de 2007, em pequeno número. Hoje, o grupo já é conhecido pela maioria daqueles que caminham no calçadão. Muitos que antes faziam uso da avenida apenas para caminhar, complementam suas atividades corporais nas aulas diárias de Tai Chi Chuan. Reconhecimento das potencialidades corporais, relaxamento e bom humor são as características principais adquiridas pelos participantes do Tai Chi Chuan realizado na Beira Mar. Organizadas pelo professor Saulo de Azevedo, 25 anos, as aulas buscam estabelecer o equilíbrio entre o corpo
e a mente por meio do cultivo das amizades, da sintonia e da unidade com a natureza e exercícios físicos. Os benefícios dessa arte marcial são muitos. Combater o estresse, a artrite, a osteoporose, a obesidade, os problemas de coluna, as complicações respiratórias e cardiovasculares. A aluna Lúcia Vieira de 65 anos faz Tai Chi Chuan há um ano e já observa os benefícios da prática. “Fui fumante durante 35 anos e por isso não respirava corretamente. Com o Tai chi aprendi exercícios respiratórios e hoje tenho uma vida melhor”. O Tai Chi Chuan é um conjunto de técnicas de origem chinesa que possibilita a transformação do ser humano em todos os seus aspectos e pode
ser utilizado para o desenvolvimento da saúde física e mental. Esta combinação permite que o participante sinta-se confortável e relaxado, principalmente, quando praticado de forma regular. Saulo de Azevedo, explica que o Tai Chi Chuan é composto de exercícios leves, com os quais o aluno une o movimento e sua demanda corporal. Por isso, não tem contraindicação e pode ser praticado por crianças, adultos e idosos. O monitor de recreação Wagner Brasil, 25 anos, participou do grupo pela primeira vez. “Tava passando e o professor me chamou. Resolvi entrar na aula e gostei. Vou convidar minha namorada e amigos para a aula de amanhã.” Também conhecida como uma forma de meditação em
movimento, essa arte marcial chinesa é atualmente praticada em todo o mundo. Oferecendo tranquilidade e equilíbrio àqueles que vivem em um ritmo agitado nas grandes cidades. Ainda segundo o professor Saulo Azevedo, o Tai Chi Chuan atrai muitos turistas no período das férias. “Eu tenho alunos que quando passam a temporada das férias aqui na Capital, sempre frequentam com muita satisfação as aulas”, afirma. O Tai Chi Chuan surge em oposição à prática das modalidades que fortalecem o corpo de fora para dentro por meio de exercícios que usam muita força muscular. Devido a isso, a atividade se torna cada vez mais acessível para pessoas de diferentes idades, sobretudo para os mais idosos.
Dicas necessárias para uma boa prática chinesa Para a realização do Tai Chi Chuan é necessário também uma série de fatores que permitem uma melhor experiência com o esporte. Fatores que vão desde a escolha de um local adequado para realizar os exercícios, até a ausência de dúvidas quanto as orientações dadas pelo professor. O ambiente para a prática deve ser amplo, arejado e limpo, preferencialmente ao ar livre. Alimente-se levemente, pelo menos 30 minutos antes do horário da aula. Utilize roupas frescas e confortáveis. Após a prática, evite correntes de ar
ou mexer com água por, pelo menos, 30 minutos, para evitar a dispersão da energia (chi). Estando com alguma doença ou mal-estar, crônico ou temporário, ou durante a gravidez, avise ao professor. Alguns exercícios poderão ser alterados ou suprimidos. Defina um horário para a prática diária e respeite-o. Os mais indicados são ao amanhecer e ao anoitecer. A repetição dos exercícios faz parte de processo de aprendizagem. Não há um tempo determinado para praticar Tai Chi Chuan.
O Tai Chi Chuan deve ser praticado, preferencialmente, ao ar livre
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SOBPRESSÃO
FÔLEGO
NOVEMBRO / DEZEMBRO DE 2008
Nunca é tarde para começar um esporte Mais do que saúde, a prática esportiva pode proporcionar novos amigos, uma nova rotina e até mesmo mudar as perspectivas de vida
Quatro cidades concorrem para sediar as Olimpíadas de 2016 Rio de Janeiro, Madri, Chicago e Tóquio são as cidades candidatas a sede dos Jogos Olímpicos de 2016. A capital japonesa já tem o apoio de dez grandes capitais asiáticas, formando com elas a associação ANMC21 de grandes cidades do continente. Quanto ao Rio de Janeiro, esta é a primeira vez que conseguiu chegar a fase final da seleção e, caso seja escolhido, será inédita uma olimpíada na América do Sul. O Comitê Olímpico Internacional (COI) escolherá a sede dos Jogos de 2016 em 2 de outubro de 2009, em Copenhague, na Dinamarca.
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Após ter vencido o Campeonato de 2008 no GP do Brasil, ficando um ponto a frente do brasileiro Felipe Massa, Lewis Hamilton tornou-se o mais jovem campeão da história da Fórmula 1, aos 23 anos, nove meses e 26 dias. Por essa razão, ganhou um dos mais importantes prêmios da Alemanha: o troféu Bambi. Antes dele, o título de mais jovem vencedor pertencia ao espanhol Fernando Alonso, que na época conquistou o campeonato de 2005 com 24 anos, um mês e 27 dias. O piloto inglês é também o primeiro negro a ganhar nessa categoria automobilística.
Bernardinho diz que fica para 2012
muitas outras coisas”, explica o professor de educação física, Sérgio Redes. A atividade física também provoca transformações em outras áreas da vida. A pessoa de bem consigo cria uma nova rotina ao participar de grupos de pessoas que, como ela, praticam alguma atividade física. Muitos desses grupos são formados na academia ou mesmo na caminhada diária. “Estando de bem consigo mesma, a pessoa vence obstáculos que antes lhe eram impossíveis de serem
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
vencidos”, afirma a psicóloga Ana Maria Carvalho. Com os devidos cuidados antes de iniciar qualquer atividade física, como um bom check-up médico, a idade de uma pessoa, por exemplo, não representa nenhum empecilho para começar uma prática esportiva. “É imprescindível uma visita ao seu médico. Após fazer alguns exames de rotina, a pessoa poderá ser melhor orientada antes de praticar algum esporte”, afirma o clínico Salomão Rabelo.
temida do triathlon mundial. “A preparação para o Ironman requer muita força de vontade e dedicação, porque são quatro a cinco meses de treinamento intenso e para isso é necessário seguir à risca uma dieta dividida em proteína, carboidrato e gordura (azeite) elaborada pela minha nutricionista. Além da musculação, há sessões de fisioterapia e de massagens para aguentar a média semanal de treinos (15km de natação, 350km de ciclismo e 70km de corrida)”, comentou o atleta. O esporte mudou radicalmente a vida deste ex- gordinho, inclusive profissionalmente. Atualmente, pesando 72 kg e com 5% de gordura
no corpo, Erick comanda uma empresa de marketing esportivo, a EV Sports. Desde então, já participou de 3 Ironman, 4 Ironman 70.3, 6 meio-Ironman, 1 maratona e 12 meia-maratonas. Seus melhores resultados foram: no Ironman de Florianópolis, em 2007, completou os 3,8km de natação, 180km de ciclismo e 42 km de corrida em 11h20min. Em agosto de 2008, terminou o Ironman 70.3 do Rio, ou seja 70.3 milhas (1,9km de nado, 90km de bike e 21km de corrida) em 4h39min. Ele finalizou a maratona da Disney (42km) em 3h45min e a meia-maratona de Fortaleza (21km) em 1h35min.
O técnico de vôlei Bernardinho garantiu sua permanência à frente da seleção masculina para as Olimpíadas de 2012. Sua decisão foi divulgada em novembro de 2008, após a conquista do título do primeiro turno da Superliga feminina de vôlei pelo Rio de Janeiro. Ele pretende continuar conciliando o comando da Seleção com o time feminino carioca. O treinador afirma estar preparado para as cobranças sobre a nova geração, já que o time enfrenta um momento de transição com a confirmação da saída de alguns de seus tradicionais titulares no Brasil.
Shelda: a jogadora mais criativa Após se consagrar campeã do Circuito Mundial de Vôlei de Praia, ao lado de Ana Paula, Shelda Bedê foi eleita a jogadora mais inspiradora e criativa da temporada 2008. Esta foi a quarta vez seguida que a cearense recebeu o prêmio da Federação Internacional de Vôlei (FIVB). A atleta é hexacampeã mundial ao lado da carioca Adriana Behar e atualmente joga com a mineira Ana Paula. Outro destaque pela FIVB foi Larissa, que ganhou mais prêmios individuais, como melhor levantadora e melhor atacante. Pelo terceiro ano consecutivo, ela também conseguiu o destaque do ano no vôlei de praia, eleita FOTO: DIVULGAÇÃO pelo Comitê Olímpico Brasileiro.
Ídolo português vira moeda Eusébio da Silva Ferreira, considerado o melhor jogador da história do futebol português, faz parte de uma série de moedas chamadas “Reis do Futebol”. Além dele, outros 20 craques serão homenageados com suas imagens cunhadas nas moedas. Os exemplares de Eusébio valerão 100 Drams da Armênia, o equivalente a R$ 0,75. O evento de lançamento da moeda aconteceu em Varsóvia, na Polônia, sede da empresa responsável por produzir as moedas que estarão em circulação na Armênia. O ex-atacante da selação de Portugal foi um dos destaques da Copa do Mundo de 1966, após a qual foi considerado por muitos como o novo Rei deste esporte.
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Erick é um exemplo daqueles que implementaram o esporte à vida
Ele superou desafios Erick Vasconcelos já foi uma pessoa sedentária e obesa. Chegou a pesar 115kg. No fim do ano 2000, contraiu Erisipela, uma doença gravíssima, causada por uma bactéria, que poderia ter complicado o estado clínico dele, devido ao seu elevado índice de gordura corporal. Os médicos o alertaram para o risco de gangrena, o que levaria a amputação de sua perna ou mesmo à morte. Debelada a doença, Erick criou força de vontade e resolveu mudar de vida. Determinado, mudou suas rotinas, suas amizades, sua alimentação e até mesmo seus negócios. Tornou-se um atleta. E, em maio de 2005, disputou o Ironman Brasil, a prova mais
Sprint
Hamilton ganha prêmio Bambi
Fernando Pompeu e Ronaldo Pinto
É muito comum ouvirmos frases do gênero “sou gordinho, mas sou feliz”; “tem gente que não bebe, nem fuma, e morre cedo”; “prefiro morrer de barriga cheia...”. Porém essas afirmações perdem completamente o sentido, quando ocorre com esse indivíduo algum mal como hipertensão, diabetes, doenças respiratórias e cardiovasculares ou algum tipo de câncer. “É o que chamamos de doenças hiposinéticas (ausência de movimentos), que somatizadas ao estresse e excessos no consumo de gorduras, açúcar e também no uso contínuo de drogas incluindo bebidas alcoólicas e cigarro, aumenta deliberadamente o fator de risco”, afirma a endocrinologista Cristina Sanches. Esses fatos enfraquecem também a tese de que ser magro é uma cobrança apenas estética da sociedade. O que realmente aconteceu foi uma evolução na forma de se pensar. O mundo entendeu que uma vida regrada, com atividades físicas somada a uma boa educação alimentar, resulta em uma melhor qualidade de vida. Essa descoberta pelo prazer de praticar algum tipo de esporte pode vir lentamente, mas uma vez descoberto não tem mais volta. “O esporte ajuda a desenvolver várias habilidades, como raciocínio lógico, pensar rápido, sociabilidade, entre
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NOVEMBRO / DEZEMBRO DE 2008
Equoterapia promove múltiplos benefícios aos seus praticantes Longe do estigma de animal perigoso, o cavalo apresenta-se como agente promotor de saúde física e emocional daqueles que buscam as sessões de Equoterapia Talita Santos e Layza Patrícia
Há cinco anos nascia Gabriel, filho da funcionária pública Andréia Leite. Após seu nascimento, ela não o levaria para casa. Ainda viriam trinta e nove dias de internamento numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O filho apresentava um quadro clínico bastante complicado e seria agravado ainda mais ao contrair uma severa infecção hospitalar. Tempos mais difíceis viriam para mãe e filho. Logo no primeiro mês de consulta ao pediatra, a médica constatou a cegueira congênita de Gabriel. Em seguida, após a observação de exames e de sintomas apresentados pela criança, veio o diagnóstico de Paralisia Cerebral. A partir de então começaram sucessivos tratamentos. O primeiro deles foi referente ao problema de visão, cujos resultados só apareceriam após um ano de estimulação visual feita diariamente. “Foi um processo lento e gradual”, afirma Andréia. Hoje Gabriel não apresenta mais sequelas da cegueira e possui uma visão periférica superior a normalidade. Mas, além do problema visual, havia um déficit motor. Tornava-se necessário um tratamento para o desenvolvimento físico do garoto. As informações sobre os benefícios da Equoterapia chegaram aos ouvidos de Andréia nas salas de espera de outros tratamentos feitos pelo filho. Assim que soube do método procurou marcar uma sessão para Gabriel. Já no primeiro contato com o cavalo,
Atividade terapêutica: momento de interação entre paciente e animal
Andréia pôde perceber as melhorias na postura do filho. Desde então, a Equoterapia passou a fazer parte de uma rotina que já dura dois anos e meio. As melhorias foram significativas, segundo a mãe de Gabriel. A Paralisia Cerebral também foi o que levou os pais de Luciana a buscarem as sessões de Equoterapia. Diante da confirmação médica de que a filha viveria apenas três meses, a procura por tratamentos foi imediata. Porém, ao contrário do destino trágico que lhe era reservado, a garota chegou aos dez anos e possui uma rotina repleta de terapias que ocupam todo o seu dia. Ainda não desenvolveu a fala e apresenta um déficit motor, mas utiliza-se de métodos para comunicar-se
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Gláucia Bitencourt
O método é recomendado para pessoas com deficiências físicas e neurológicas de todas as idades, mas não se restringe a esses casos. Também é indicado para indivíduos com problemas sexuais Terapeuta ocupacional
por meio de sons e pelo olhar. A Equoterapia trouxe melhoras na coordenação motora de Luciana, que freqüenta as sessões uma vez por semana. A Equoterapia consiste em um método terapêutico indicado para todas as idades. Tem como principal instrumento o uso do cavalo que proporciona aos praticantes benefícios de natureza física, psicológica e social. É recomendada para pessoas com deficiências físicas ou neurológicas. Mas, o tratamento não se restringe a esses casos. Também é indicado para indivíduos com problemas sexuais, afirma a terapeuta ocupacional Gláucia Bitencourt. Existem poucas restrições em relação à prática dessa atividade. As exceções seriam os he-
Prática esportiva além da terapia A Associação Nacional de Equoterapia (ANDE – Brasil) apresenta programas esportivos destinados a pacientes que ensejam ingressar no hipismo. Para participar de competições hípicas, o indivíduo deve apresentar as condições necessárias para a montaria do cavalo. O surgimento de atividades como o Hipismo Adaptado proporcionam aos praticantes da Equoterapia a possibilidade de inserção social e o prazer pelo esporte. Nesses casos, a atuação do professor de equitação é mais
intensa, para que haja a possibilidade de competição em outras modalidades como Paraolimpíadas ou Olimpíadas Especiais. “É natural que as pessoas que tenham contato com os equinos busquem esportes que envolvam esse animal. Inclusive nas paraolimpíadas, na modalidade adestramento, há ex-praticantes da Equoterapia de Brasília”, ratifica a fisioterapeuta Thaís Lacerda. Para que o paciente possa participar de algum programa esportivo é feito um diagnóstico
que visa planejar um atendimento especializado, que depende das condições físicas e psicológicas apresentadas por ele. Entretanto, para a terapeuta Gláucia Bitencourt não há relação entre Equoterapia e esporte, visto que a primeira é utilizada como método terapêutico, e que no segundo caso há todo um programa voltado para a prática esportiva do paciente. A ANDE desenvolveu programas básicos de Equoterapia voltados para o esporte. Entre eles estão o Pré-Espor-
tivo e a Prática Esportiva Paraequestre. O primeiro consiste na prática de exercícios típicos do hipismo durante as sessões dos pacientes. Nesse caso, o indivíduo apresenta boas condições de controle sobre o animal, portanto, recebe a orientação de profissionais especializados. Já o programa esportivo é específico para os praticantes que apresentam maior domínio sobre o animal, tendo como objetivo preparar pessoas deficientes para competições transformando-os em atletas paraequestres.
mofílicos, as pessoas com alto grau de osteoporose, os cardíacos ou com potencial suicida. Os benefícios conseguidos por meio do tratamento estão relacionados a vários fatores. Entre eles estão o fato do cavalo ter 90% de semelhança entre o seu passo e o caminhar humano. Isso permite ao praticante receber muitos estímulos e, por meio deles, trabalhar a coordenação motora, o equilíbrio do tronco, a auto-estima e a sensibilidade visual, auditiva e tátil. Assim, ao iniciar as sessões, há um momento de forte interação entre paciente e animal. Esse processo acontece durante a escovação e alimentação do cavalo que é feita pelo próprio praticante. Segundo a terapeuta Gláucia Bitencourt, nesse tempo é necessário que haja silêncio, pois o barulho da mastigação e o calor emitido pelo animal são os mesmos do útero materno, o que transmite tranquilidade ao paciente. Entretanto, apesar de todos os benefícios proporcionados pela prática da Equoterapia poucos têm acesso a esse método. A atividade ainda é tida como elitista. A falta de cultura equestre, a imagem do cavalo como animal perigoso e a falta de apoio de entidades governamentais contribuem de maneira significativa para esse cenário. O próprio desconhecimento de boa parte dos pacientes e dos profissionais da área de saúde do que é Equoterapia ainda é “muito grande”, conforme a fisioterapeuta Thaís Lacerda. Apesar de ser uma atividade que proporciona aos seus adeptos melhoras no âmbito físico, social e emocional, a Equoterapia ainda é pouco divulgada. No Ceará existem apenas quatro centros. A manutenção dos cavalos é muita cara o que dificulta ações filantrópicas.
Serviço Equoterapia Paraíso: Saúde com natureza Av. Jornalista Tomás Coelho, nº 715 – Messejana Telefones: (85) 32290870 / 88181428 (Germana Pegado) Centro de Equoterapia Centauro Rua: Pires Façanha, nº 101 – Distrito Pires Façanha – Eusébio Telefones: (85) 96033370 / 96082435 ( Thaís Lacerda) Site: www.equocentauro.com.br Associação Nacional de Equoterapia (ANDE – Brasil) Granja do Torto – BRASÍLIA-DF– CEP 70620-200 Telefax: (0XX61) 3468-7406 / 3468-7092 Site: www.equoterapia.org.br E-mail: ande@equoterapia.org.br