Os piratas
Mural do Beco da Poeira é um jornal
Emersomar Rodrigues da Silva
laboratório da Disciplina Princípios e
A pirataria continua no Beco da Poeira. As últimas prisões afastaram a maioria dos comerciantes ilegais, mas basta um rápido passeio pelo local para que se encontre boxes que vendem CDs e DVDs “piratas”, DVDs são vendidos livremente desafiando a Polícia. Denúncias anônimas também têm ajudado no combate a esse crime. “O bom comerciante é que aciona a Polícia”, declarou o delegado titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), Erivaldo Pereira. Ele faz ainda um alerta para quem compra esse tipo de produto. “O comprador de piratas pode ser enquadrado como receptador”, afirmou. Segundo uma comerciante do Beco, que não quis se identificar, a venda de mercadorias ilegais prejudica indiretamente o seu trabalho, pois “os clientes ficam amedrontados com as constantes batidas policiais no local”.
Técnicas de Jornalismo Impresso I, semestre 2004.2, do Curso de Jornalismo da Unifor. Diretor do CCH: Prof. José Batista de Lima Coordenadora do Curso: Profa. Erotilde Honório Concepção e edição: Prof. Jocélio Leal Projeto gráfico e Diagramação: Aldeci Tomaz Edição: Ana Cíntia Gondim Fotos: Ana Cíntia Gondim
Editorial
Levantou poeira Saia caminhando pelo Centro e pergunte onde fica o Centro de Pequenos Negócios e Vendedores Ambulantes (CPNV). É inútil. Ninguém vai saber. Mas se a pergunta for onde fica o Beco da Poeira, saberá fácil que é o maior centro de compras popular da cidade, ali entre as praças da Lagoinha e José de Alencar. O preço é o principal atrativo. Em nome dele os corredores apertados são apenas um detalhe. Quem vai ao Beco sabe que não terá conforto, mas tem a certeza de estar fazendo a melhor compra. A fidelidade dos clientes confirma. O nome vem de uma época em que a poeira subia e o suor descia. Hoje, poeira nem tanto, mas suor ainda. Nos anos 80,
Vem aí o Centrão
A “Praça de Alimentação” Eva Costa Lima Pinheiro
O Beco da Poeira possui locais inadequados para a alimentação. O espaço destinado às refeições é mal iluminado, abafado e pequeno, considerando a quantidade de pessoas que passam e comem “Comida de panela”: a mais pedida dentro do Beco por ali diariamente. Há várias mini-lanchonetes enfileiradas, que abrem às seis da manhã e fecham por volta das cinco horas da tarde. O cliente pode escolher pratos como bisteca, panelada ou baião-de-dois, que custam entre R$ 3,00 e R$ 4,50. Do lado de fora, ao redor da feira, vendedores ambulantes oferecem salgados e cachorros-quentes. São outras opções para aqueles que não querem comer a “comida de panela” servida dentro do Beco.
FOTOS: ANA CÍNTIA GONDIM
Expediente
Tem de tudo Salve-se quem puder
Ancilene de Oliveira Góis
O Beco da Poeira será transferido ainda este ano para um prédio reformado e com novas instalações na rua 24 de maio. Criado em 1991, o Beco é gerido pela Associação de Profissionais e Vendedores Ambulantes e Trabalhadores Autônomos do Estado do Ceará (Aprovata). Atualmente são 2.030 boxes, dos quais 15% são registrados na Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo (Sete). Cada proprietário de box contribui com uma taxa de R$ 8,00 semanais.
entrando pelos 90, era pas-
Eduardo W. Martins
Com seus 6.432 metros quadrados de área, o Beco da Poeira é uma área pública que deveria proporcionar boas condições de segurança aos seus usuários. Mas, de acordo com o engenheiro responsável do Centro de Atividades Técnicas (CAT) do Corpo de Bombeiros, Major Wagner, esse é um local preocupante, com reais riscos de incêndio.
A comerciante Deijane Ferreira afirmou ter presenciado pequenos incêndios dentro dos boxes. Já a vendedora Francisca Cleide ficou surpresa ao descobrir que o local em que trabalha não é tão seguro. Segundo Major Wagner, a prefeitura e a administração do local não solicitaram vistoria. Mas o responsável pela administração, Vicente Furtado, justifica dizendo que “todos os problemas serão sanados no novo projeto - o Centrão”.
Cheiro de fumaça no ar
Preço baixo e variedade de produtos são fatores que contribuem para a popularidade do Beco da Poeira, um dos centros comerciais mais conhecidos e freqüentados da cidade. No Shopping BP é possível encontrar de tudo um pouco. Biquíni, saia, cueca, meia e blusa “igual à da Maria do Carmo, da novela”, como dizem os vendedores. Essa diversidade também se aplica à qualidade dos produtos, fazendo o Beco ter, entre alguns, a fama de vender apenas artigos de má-qualidade.
• Extintores de incêndio - só foi encontrado um extintor, que fica dentro da Administração • Saídas de emergência - não há sinalização indicativa, e os corredores estreitos difi-
sagem obrigatória para quem
cultariam o fluxo de pessoas em situação emergencial
desembarcava dos ônibus na Tristão Gonçalves. O chão era
• Material - os mais encontrados, roupas e plásticos, são facilmente inflamáveis
de terra batida e acumulava
• Ventilação - não há circulação de ar, o que, aliado à grande quantidade de
muita lama em dias de chuva.
mercadorias, aumenta o risco de incêndio.
Hoje os problemas são outros. Entre e confira.
Luciana Aragão Soares
Prédio em construção onde ficará o novo Beco
Preço baixo é o grande atrativo
Quarta é dia de telona Luana Gurgel
Quarta-feira é dia de preços mais baixos. As salas apostam nas promoções e algumas reduzem os preços ou liberam meia-entrada para todos. A exceção é o cinema do Shopping Benfica, em que o dia mais barato é a segunda-feira. No Multiplex do Iguatemi o preço baixa de 14 reais, no final de semana, para nove, na quarta-feira. Já no Del Paseo, os bilhetes caem de 12 reais, sexta, sábado e domingo,
para 5, na quarta. Isso o preço das entradas inteiras (ver serviço abaixo). As salas lotam e as filas são demoradas. A dica é chegar mais cedo ou, em alguns cinemas, comprar pela internet ou antecipadamente.
É caro, mas lota O cinema UCI Ribeiro do Iguatemi possui os preços mais altos de Fortaleza, chegando a custar 14 reais nas sextas e fins de semana. O gerente do Multiplex, Jeferson Stoever, quando questionado sobre o valor do ingresso afirmou que existe uma maior diversidade de filmes em cartaz, exibindo até 18 filmes diferentes. Ele destaca também a maior qualidade das salas - som, tela, poltronas - e diz que isso vem fazendo com que outros cinemas tenham que correr atrás para disputar. Segundo Jeferson, os fins de semana chegam a contar com até cinco mil espectadores e o único problema são as filas, que ele afirma serem inevitáveis quando se tem um público tão grande. Jeferson sugere que seja usado o serviço de compras antecipadas ou pela internet.
Expediente
Fortaleza, a era do cinema Eleazar Barbosa
Ary Bezerra Leite, autor do livro “Fortaleza, a era do cinema” declara: “Nunca me procuraram para publicar algo do cinema antigo de Fortaleza, não há nenhum interesse. Outra coisa: algumas fontes primárias se perderam, é uma vergonha, não me conformo”. Ary possui acervo histórico que remonta do berço e primeiros passos da cinematografia alencarina, desde a chegada dos primeiros Kinestoscopes até os efeitos do cinema na década de 50. Ary entrevistou e obteve arquivos de 50 pessoas e vasculhou cerca de 16 mil edições de jornais antigos de Fortaleza. A nova empreitada de Ary é a publicação do livro “A Tela Prateada” (Cidade
Fortaleza-1897-1959-do cinematógrafo aos anos 50). “Tá faltando só alguma editora tomar as rédeas, há uma cobrança para continuar”. Ele afirma que o Cine Rex marcou sua história. Aos 10 anos, levado pelo pai, percorriam seis quarteirões andando de casa, na rua padre Mororó, até o cinema, na General Sampaio. “Quando assisti ao filme ‘A noite do passado’, que narrava no final o desfecho da 1º Guerra Mundial, no momento que terminou o filme havia muita gente festejando a vitória dos aliados nas ruas de Fortaleza, pois estávamos em 1945, final da 2º Guerra. Porém, a informação transmitida pelo rádio era falsa, a guerra só acabaria uma semana depois”.
Quanto custa
Quem cabe no Espaço Unibanco Nauan Barros
Preços sujeitos a alterações
E na Unifor... Para aqueles que gostam de discutir e debater filmes, tem o grupo de pesquisa sobre Humor na Comunicação do professor Márcio Acselrad, que nas terças-feiras apresenta um filme às 13h30min, no Centro de Convivência, e em seguida abre para debate.
Sempre nos perguntamos: por que o cinema do Centro Dragão do Mar não oferece ingressos a preços populares, já que é um centro de divulgação da cultura em Fortaleza? O administrador do cinema do Espaço Unibanco, Franzé Santos, afirmou que jamais haverá um cinema em Fortaleza que ofereça preços populares com total desinteresse dos órgãos responsáveis. Para ele, Dragão do Mar é um verdadeiro “Elefante Branco”. É o cinema que consegue concentrar a maior fatia do público que freqüenta o Centro, e ainda leva esses consumidores aos bares e restaurantes. “Nem o museu consegue”. “Alguns meses atrás, uma de nossas salas quase foi à falência. Passamos três meses seguidos no vermelho. Uma empre-
sa particular não resistiria se fizesse este tipo de promoção. Não é viável comercialmente, já que 60% do arrecadado é pago à distribuidora dos filmes e os 40% restantes bancam todas as outras despesas”, afirma Franzé. Com 68 salas atuando no Brasil,o grupo Espaço Unibanco no Ceará é o que tem o ingresso mais barato. Mas o Dragão do Mar quer aumentar o aluguel das salas. Se isso acontecer, o preço do ingresso terá de ser aumentado. O Espaço Unibanco oferece projetos específicos para vários grupos como: idosos, advogados, psicanalistas e arquitetos. Franzé tem um projeto escolar que espera há três anos pela aprovação na Secretaria da Cultura. Quer levar os alunos da escola pública para assistir aos filmes escolhidos por seus professores .
Mural do Cinema é um jornal laboratório da Disciplina Princípios e Técnicas de Jornalismo Impresso I, semestre 2004.2, do Curso de Jornalismo da Unifor. Diretor do CCH: Prof. José Batista de Lima Coordenadora do Curso: Profa. Erotilde Honório Concepção e edição: Prof. Jocélio Leal Projeto gráfico e Diagramação: Aldeci Tomaz Edição: Luana Gurgel Fotos: Divulgação
Editorial A turma de Jornalismo Impresso I teve a liberdade de escolher qualquer tema para pautar este jornal. Qualquer um. Mas a escolha não foi difícil. Sem pestanejar, a maioria absoluta da turma apontou o cinema como o assunto a ser abordado neste mural. E faz sentido. Murais e cinema têm, pelo menos, uma afinidade estética marcante: o cartaz. Cartazes de filmes são, por vezes, o primeiro contato do público com as produções que enchem a tela e os olhos. Ademais, filmes e jornais precisam de emoção. Prazer em fazer e em ser visto. No Mural do Cinema, os alunos foram em busca disso. O jornal que você agora lê neste muro, parede ou porta de cinema foi pensado e elaborado para quem gosta da telona. Todas as pautas e matérias tiveram como gancho o que se passa na tela, poltronas, filas, caixa e literatura da Sétima Arte. Muitas boas idéias, muitos bons roteiros nasceram desse exercício. Pelo espaço, só algumas foram lançadas. Luana Gurgel mostra o calendário do público em Fortaleza. Ela também preparou um servição, com os preços nas principais salas. Eleazar Barbosa conversou com o pesquisador Ary Leite, autor de “Fortaleza, a era do cinema”. Nauan Barros foi perguntar no Dragão do Mar por que cargas d’água o Espaço Unibanco não é mais acessível. Boa sessão e boa leitura!
A Feira
O que será da Beira Mar?
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Fco. V. Júnior
por Yágara Schneider
Mural da Beira Mar é um jornal laboratório da Disciplina Princípios e Técnicas de Jornalismo Impresso I do Curso de Jornalismo da Unifor. Chanceler: Airton José Vidal Queiroz Reitor: Carlos Alberto Batista Mendes de Sousa Diretor de Graduação: Wilhelmus Jacobus Absil Diretor do CCH: Prof. José Batista de Lima Coordenadora do Curso: Prof. Erotilde Honório Concepção e edição: Prof. Jocélio Leal Projeto gráfico : Prof. Eduardo Freire Edição: Carol de Castro Diagramação: Aldeci Tomaz
Editorial Tudo começou nos terminais e nos mercados. Ônibus, passarela, catraca, batata, laranja, carne (nem sempre fresca!), panela, motorista, trocador, fiscal, motorista, quitandeiro, gente. Em comum o Jornal do Terminal e o Mural do Mercado tinham essa matéria-prima principal – gente. Os estudantes da disciplina Jornalismo Impresso I, no semestre 2003-1 foram os primeiros a apostar no formato mural. E apostaram para valer. Foram às ruas para farejar pautas e empurraram dedo no teclado para dar vida ao projeto que se mostra agora consolidado com o Mural da Escola, o Mural da Beira Mar e Mural do Estádio. A herança foi bem recebida e bem cuidada pelas turmas de 2003-2. Dessa vez com estes três novos espaços públicos, outras histórias, novas realidades, mas em comum o mesmo espírito inquieto que move um jornal e do qual ele se alimenta. A experiência que vocês vêem nesta parede, muro ou coluna tem a cara daquelas turmas dos horários AB, CD e EF – para quem não conhece, de sete e meia à uma da tarde no Curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza (Unifor). São jovens aprendendo a fazer jornalismo com matéria de verdade. Que este jornal, portanto, possa lhes ser útil e dê à antipatia da palavra “muro” um sentido mais humano.
por Carlos Magno Silveira
Ilhas da discórdia
SERVIÇO “A Prefeitura é responsável apenas pelo ônus e não fica com o bônus, já que a área pertence à União” afirma O calçadão da avenida Beira Mar teve seu cenário Fernanda . modificado no último semestre do ano passado, A Prefeitura resolveu em julho de 2003 retomar o quando algumas barracas foram derrubadas. De Projeto Ilhas, mas novamente acordo com a chefe da Gustavo Pelizzon houve recomendação do Divisão do Meio Ambiente da Ministério Público para que as Regional II, Fernanda Veras, obras fossem suspensas. “Como algumas barracas na orla a Prefeitura não tem a permissão foram demolidas, porque não de dar um ordenamento de atendiam as exigências da qualidade ao que tem, resolvemos vigilância sanitária. tirar o que tinha, já que não Segundo ela, o projeto que oferecia qualidade”, afirma existia para revitalizar a orla e Fernanda Veras. torná-la mais urbana e menos comercial era o projeto Ilhas, A diretora da Associação dos que foi suspenso pelo Comerciantes e Permissionarios Ministério Público porque não da Avenida Beira Mar, Carmem tinha a aprovação do Ibama, Barracas foram derubadas pela Prefeitura Rosa, disse que os barraqueiros do Conselho Regional de Engenharia Civil, Arquitetura não têm permissão do Município para realizar as obras e Agronomia (Crea-CE) e autorização do Patrimônio de encanamento da água, o que torna inviável o da União para que as obras pudessem continuar. cumprimento de uma das exigências da vigilância Fernanda acrescenta que a União não permite que a sanitária. “A Prefeitura tomou medidas por meio da Prefeitura faça modificações no local, embora seja Vigilância Sanitária somente para justificar a demolição responsável pela limpeza e conservação do ambiente. das barracas”, afirma. por Luana Amorim
A feirinha tem 625 barracas com os mais variados tipos de produtos, sobretudo artesanato em palha, couro, bijuterias, alimentos e bebidas. Funciona das 16 às 23 horas de segunda a domingo.
História de promessas A feirinha da Beira Mar existia bem antes da reurbanização atual, mas não contava com a estrutura existente. Durante a gestão da prefeita Maria Luiza Fontenelle (1986 -1989), foi feita uma urbanização deixando a feirinha com piso em pedrisco e com excelente iluminação, conta o presidente da associação, Francisco Carlos Simões. Há três anos, em gestão do prefeito Juraci Magalhães, houve uma reurbanização no calçadão que incluiu a feirinha. O piso continuou o mesmo e a iluminação ganhou novos postes. Foi um tempo em que a Prefeitura prometeu os tão aguardados banheiros públi-cos. No final, a iluminação permaneceu deficiente e os banheiros nunca foram construídos.
No entanto, segundo a gerente de Habitação e Edificações da Seinf, Fátima Canuto, a Beira Mar não está passando por processos de reurbanização. “Não existe nenhum projeto de reurbanização”, disse Fátima. O que está acontecendo é uma “limpeza” na área. A Prefeitura irá retirar, apenas, as barracas e mesas, restando, somente, o calçadão, os bancos e as lixeiras. O orçamento da obra e o tempo para a sua execução não foram mencionados pela engenheira. A derrubada das barracas foi interrompida por determinação do juiz da 12ª Vara Federal, Augustinho Lima Chaves, que concedeu uma liminar, a pedido do Ministério Público Federal, proibindo qualquer medida contra os barraqueiros sem o direito a ampla defesa dos comerciantes.
Saúde e boa forma no calçadão
Ensaio de Gustavo Pelizzon
Expediente
A feirinha da avenida Beira Mar não vai sofrer alterações na estrutura, e nem passará por modificações de nenhuma forma com a reurbanização que está acontecendo na praia. Quem afirmou foi o presidente da Associação dos Feirantes de Artesanato da Beira Mar (Asfabem), Francisco Carlos Simões. Ele disse ter ouvido a garantia do secretário Marcelo Teixeira. Simões está certo de que apenas as barracas da praia, ligadas a outra associação são afetadas. Em todo caso, Simões ainda tem reclamações a fazer sobre a primeira reurbanização há três anos. Na época houve interferências na estrutura física do local, com promessas de banheiro público e iluminação. Ele advertiu ainda que também não foi cumprida a promessa das barracas serem instaladas no espaço que vai até a faixa vermelha do calçadão, e que a feirinha foi aumentada somente na parte horizontal que chega a frente do McDonald´s, do outro lado da avenida. A feirante Ana Alencar, 38, é uma das poucas que declara temer os efeitos da derrubada das barracas da praia. “Derrubar barraca aqui foi ruim porque quando o cliente queria beber água era só dar uns passos, e agora não tem mais”. A reclamação dos feirantes em relação à falta de iluminação tem suas razões. Eles reclamam dos gastos extras para manter a barraca iluminada. O feirante Francisco Moreira, 62, confirma que a falta da iluminação é um dos maiores problemas. Já Carlos Eugênio, 47, alerta que a falta do banheiro é mais importante, porque, segundo ele, os clientes precisam pagar pelo uso nas barracas vizinhas.
Há muitas dúvidas quanto ao que a Prefeitura de Fortaleza pretende fazer na Beira Mar. Em entrevista concedida no dia 3 de outubro de 2003, o secretário da Infra-Estrutura e Desenvolvimento Urbano de Fortaleza (Seinf), Marcelo Teixeira, dizia que o novo projeto que será executado no principal ponto turístico da cidade, além de permitir o melhor uso da avenida pela população, visa também diminuir a prostituição, venda de drogas e lavagem de dinheiro. O projeto prevê a derrubada de 21 quiosques, a construção de novos boxes para os peixeiros e o fim do Fortal na área. O início da obra começou com a derrubada de barracas, antes mesmo de qualquer decisão judicial. “Estamos aguardando a decisão judicial para começar. Antes disso eu já derrubei três”, disse o secretário.
A população cearense escolheu o calçadão da avenida Beira Mar como principal local de atividades físicas e de lazer. Diferente das academias de ginástica caras, lotadas, barulhentas e com um ar abafado, a Beira Mar oferece aos atletas um espaço gratuito, com vista para o mar e clima agradável. A rotina esportiva na avenida começa muito cedo com os praticantes de corrida, cooper e vôlei de areia. À tarde, o local é pouco freqüentado por conta do sol e do calor excessivo. Durante a noite a variedade de modalidades entra em cena. Do skate à aeróbica, o público entra no clima e sua a camisa. Para Naiana Araújo, 21, o dia fica incompleto se não “bater sua bolinha” com os amigos do vôlei de areia. Já o mantenedor de piscinas, Geferson Freitas, 27, pratica futevôlei para aliviar o estresse do trabalho. O desempenho do balconista de farmácia, Francisco Joaquim, 32, impressiona. Ele joga
vôlei, basquete, futsal e pedala todos os dias. Com uma rotina dessa, fica fácil entender o porquê do apelido dele na turma: “motorzinho”. No entanto, cuidados devem ser tomados em relação aos excessos nas atividades físicas. “Todo praticante de atividades física necessita de um acompanhamento médico específico”, afirma a fisioterapeuta, Lucimar Bessa. Canibais Diariamente um grupo de “quase atletas” se junta nas quadras da Beira Mar para jogarem suas partidas diárias de vôlei de areia. São os “canibais da Beira Mar”, como eles mesmos se denominam, por serem quase profissionais possuem hora e quadra própria para seus “rachas” diários. “Nosso grupo é muito unido e ninguém falta aos rachas, estamos aqui há muito tempo e por isso todos nos respeitam, a prefeitura nos concedeu o horário e a quadra pra jogarmos todos os dias”, disse Marcão, um dos mais experientes do grupo.
O que fazer na Beira Mar Basquete - Cooper - Futevôlei - Vôlei de praia - Futsal - Handball Skate - Futebol de areia - Caminhada - Ginástica Aeróbica Alongamento - Dança - Capoeira - Ciclismo. Fotos: Fco Viana Júnior
FOTOS: DANIEL PIRES
Pharmácia com PH Débora de Castro
Localizada na Expediente
Praça do Ferreira,
Mural da Praça é um jornal laboratório
a farmácia Osvaldo
da Disciplina Princípios e Técnicas de
Cruz foi inaugura-
Jornalismo Impresso I, semestre 2005.1,
da há 60 anos, na
do Curso de Jornalismo da Unifor. Diretor do CCH:
época em que far-
Prof. José Batista de Lima
mácia ainda se es-
Coordenadora do Curso: Profa. Erotilde Honório
crevia com “ph”. “O
Concepção e edição:
estilo da farmácia
Prof. Jocélio Leal
é o mesmo desde
Projeto gráfico e Diagramação: Aldeci Tomaz
Edgar: enquanto Deus quiser
1944. “Não mudei nada” orgulha-se Edgar Ro-
Edição:
drigues de Paula, o proprietário e farmacêutico
Débora de Castro
responsável.
Fotos: Daniel Pires e Isabela Gurgel
Atender aos turistas também é missão da Guarda Municipal
A história profissional de Edgar Rodrigues se confunde com a da própria farmácia, já que come-
Praça do Ferreira: principal espaço de concentração popular no Centro de Fortaleza
A praça é do povo
çou como funcionário, depois se tornando dono Editorial A mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores, o mesmo jardim. Mas nem tudo é igual no projeto de jornais murais do Curso
em 1950. Aos 86 anos, Edgar não pensa em se afastar do ofício. “Eu estou aqui e vou ficar até quando Deus quiser”, avisa. Em resposta a quem acredita que a concor-
de Jornalismo da Universidade de
rência das grandes redes é prejudicial aos seus
Fortaleza (Unifor).
negócios, ele manda o recado: “As novas farmá-
A cada edição um novo espaço. A cada semestre uma nova turma,
cias não me atrapalham porque aqui só vendo
novas visões, novos ritmos, novas
remédios. As outras farmácias vendem remédios
pautas, novas personagens. Neste
e picolés.Eu não vendo picolé”.
jornal que agora chega às ruas só não mudou o desafio de aprender jornalismo fazendo, sem perder de vista, contudo, a necessária reflexão sobre forma e conteúdo. Fomos buscar no Centro um pouco do cotidiano que pulsa nos bancos e no chão de praças de For-
Serviço Farmácia Oswaldo Cruz, rua Major Facundo, 576. telefone: (85) 3231-3196. Fortaleza-CE.
As praças de Fortaleza têm sofrido com as ações de vandalismo e a depredação de seus bens. Das 136 praças existentes na capital, apenas 60 já foram reformadas na última administração e tiveram monitoramento pela Guarda Municipal. As praças da 13 de Maio, Otávio Bonfim e Gentilândia (ainda em obras) foram algumas das contempladas com as reformas. Perfeito contraste diante das praças do Jardim América e Clóvis Bevilácqua, para citar duas como exemplo. Em meio aos cuidados pontuais e aos descuidos freqüentes, a principal das praças da cidade, a Praça do Ferreira, mantém-se como referência maior de Fortaleza. Não há espaço
taleza. Um dia-a-dia marcado pela desatenção do Poder Público e pelo
Livros nos Leões
descuido por parte da população,
Mirella dos Santos
mas também por histórias de vida.
Na Praça General Tibúrcio, mais conhecida como Praça dos Leões, a feira de livros usados funciona há quatro anos e já se tornou um evento tradicional. A feira é promovida e organizada pela Associação de Vendedores de Sebos. A entidade tem parceria com a Prefeitura de Fortaleza. Só participam da feira as pessoas cadastradas. Os
Pode se abancar!
mais representativo da cara dos cearenses. Repare só: duas em cada três enquetes populares de TV são feitas lá. Os espaço foi reformado no começo dos anos 90, num projeto assinado pelos arquitetos Fausto Nilo e Delberg Ponce de Leon, depois de cerca de 30 anos de um formato anti-socializante, com jardins suspensos que impediam a concentração popular. Foi lá onde Fortaleza acompanhou a votação do impeacheament do então presidente Collor, onde o hoje presidente Lula fez o único comício em Fortaleza na campanha de 2002, onde famílias inteiras se concentraram para assistir o coral infantil na sacada do Excelsior Hotel, no último natal.
participantes da feira recebem um crachá, que os identifica e autoriza a permanêcer na Praça durante 90 dias, a partir do início do ano, quando o movimento é mais intenso. Os estudantes são os mais beneficiados com a feira. Para a estudante Rafaelle Santos, 19, não há diferença entre um livro novo ou usado, o importante é o conteúdo do livro e o preço.
Quem guarda as praças Marcela de Castro Sasse
A Guarda Municipal de Fortaleza foi criada em 1959 com a missão de proteger os bens públicos, praças e jardins da Capital. Para esta tarefa dispõe hoje de 604 servidores, entre pessoal interno e guardas. Na última administração ganharam um paliativo apenas. Trinta agentes de Cidadania se integraram ao serviço. O coordenador do projeto, Francisco Albuquerque, informou que esse trabalho é voltado diretamente para os cidadãos. “O trabalho dos agentes é informar e fiscalizar a preservação das praças e do meio ambiente”, disse. Segundo ele, a prestação do serviço ocorre nas praças do Ferreira, de Fátima e dos Caboclos, somente aos sábados, de 7 horas às 19 horas. Conforme Albuquerque, as ocorrências mais freqüentes dizem respeito ao descaso com o lixo.
Cadê a polícia? Lisiane Linhares
Feira-livre
A Praia do Futuro é alvo freqüente de reclamações quanto à insegurança. Segundo a presidente da Associação dos Barraqueiros da Praia do Futuro (ABPF), Fátima Queiroz, enquanto o número de fortalezenses e turistas aumentou, o efetivo policial diminuiu. “Não se teve mais novas contratações. No final de 2004, a situação estava horrível”, denunciou. Uma das consequências é o afastamento de investidores. “Eles têm medo da violência, por causa da péssima qualidade da segurança no local”, afirmou o morador da Praia do Futuro, Marcelo Benchaya. A Secretaria da Segurança Pública admite que a região recebe muitas reclamações, mas diz que, dado o número de habitantes e visitantes do local, os casos são pontuais.
Segurança privada Alguns barraqueiros adotaram uma alternativa para o problema: contratar empresas de segurança privada. Das 90 barracas em funcionamento, 13 são protegidas pelo Centro Avançado em Segurança Pessoal (CADP), que disponibiliza em média dois seguranças por barraca, durante 12 horas por dia.
Expediente
Kelvia Alves
O aumento do número de vendedores ambulantes tem dividido opiniões na Praia do Futuro. Segundo a farmacêutica Clarissa Porto, eles são os maiores pertubardores de quem procura tranquilidade. “Ficam todo tempo em cima, não dão um minuto de sossego”. Já para a turista Diana Guedes, a diversidade de produtos oferecidos é a marca do local. Os vendedores justificam que a inteção é apenas agradar. Um deles, que preferiu não se identificar, diz que tem até clientela fixa.
Descaso na Praia do Futuro Clarissa Diógenes
Tomar banho de mar, comer caranguejo, beber água de coco gelada e aproveitar o sol. Esses são alguns dos motivos que levam as pessoas a buscar a Praia do Futuro. Porém, mesmo com a procura, os transtornos encontrados no local são inúmeros. “Está tudo abandonado”, afirmou o gerente da barraca Crocobeach, Heitor Batista. “A sujeira é muito grande, principalmente na avenida Dioguinho, e a iluminação não
é satisfatória”, acrescenta. Batista também disse que, diante das reivindicações feitas à Prefeitura, até agora nada foi feito. O diretor de operacionalização da Empresa Municipal de Limpeza Urbana (Emlurb), Franzé Cidrão, acrescenta que não há colaboração da população para a limpeza da Praia do Futuro. “Alguns donos de barracas não colocam cestos de lixo próximo às mesas e ainda jogam restos de comida em terrenos baldios, prejudicando a comunidade”.
Por que ir
Por que não ir
Estrutura de algumas barracas Qualidade do caranguejo Facilidade de transporte Ponto de encontro
Falta de segurança Poluição da praia Extorsão dos flanelinhas Assédio dos ambulantes
Risco solar Maria Isabel Medeiros
A maioria das pessoas está ciente dos males causados pela exposição ao sol, entretanto, ainda existem aqueles que insistem em não se proteger. O estudante Daniel Couto, que tem histórico de câncer de pele na família, admite que não usa o protetor solar. “Eu sou muito branco e, por isso, gosto de me bronzear, embora saiba que seja errado”. Para a dermatologista Mônica Maria Carvalho de Lima, a população está tendo um contato bem maior com os métodos de proteção, apesar de nem sempre utilizálos. “Todos sabem, por meio dos veículos de comunicação, que o uso do protetor é fundamental”.
Mural da Praia é um jornal laboratório da Disciplina Princípios e Técnicas de Jornalismo Impresso I, semestre 2005.1, do Curso de Jornalismo da Unifor. Diretor do CCH: Prof. José Batista de Lima Coordenadora do Curso: Profa. Erotilde Honório Concepção e edição: Prof. Jocélio Leal Projeto gráfico e Diagramação: Aldeci Tomaz Edição: Ana Cíntia Gondim Fotos: Adriana Pimentel
Editorial Qual o futuro dessa praia? Foi para ajudar a melhorar esse destino que os alunos da disciplina Princípios e Técnicas de Jornalismo Impresso I, do Curso de Jornalismo da Unifor, foram à areia. Bloco e caneta nas mãos, câmeras a postos e, sobretudo, faro jornalístico à flor da pele, eles partiram em busca da praia que não aparece nos guias de viagem e tampouco nos cadernos de turismo. Lixo, insegurança e aporrinhação. Essa tríade maldita aparece no cotidiano do trecho mais disputado dos 573 km do litoral cearense. Fruto da má-educação, da omissão do Estado e da Prefeitura, tais mazelas são expostas neste mural como forma de pressionar as autoridades e informar a opinião pública. Afinal, o futuro já chegou.
Serviços em terra firme por Leal Mota Filho
Encontros e despedidas por Emanuela Franco
Além das viagens aéreas, o Aeroporto Internacional Pinto Martins proporciona aos seus freqüentadores serviços extra como alimentação e transporte. Lanchonetes e restaurantes podem ser encontrados na praça de alimentação, localizada no 2º andar. O pagamento pode ser feito à vista, com cartões de crédito Visa e Credicard ou com cheque (menos o pré-datado).
Para comandar o serviço de táxi, atuam a Cooperativa de Condutores de Táxi Ltda (Coopertaxi) e a Cooperativa dos Motoristas Profissionais Autônomos do Aeroporto Pinto Martins Ltda (Coopaero). A Coopertaxi possui 45 veículos e faz o sistema de cobrança pelo taxímetro. Já a Coopaero disponibiliza 60 carros aos passageiros e cobra por meio de uma tabela com valores entre R$ 13 e R$ 67, de acordo com a zona escolhida.
Inaugurado em 1998, o novo Pinto Martins é classificado como de 1ª categoria pela Infraero
Quando a bandeirada é mais cara Em dias úteis, das 20 às 6 horas Aos sábados, a partir das 13 horas Aos domingos e feriados SERVIÇO O sistema de táxi funciona durante todo o dia no 1º andar - informações 3477-5549 e 3477-1500
Por trás de uma rotina movimentada, o Aeroporto reserva momentos emocionantes com tristes despedidas e recepções calorosas. “A dor da despedida de uma pessoa querida, que parte em busca de uma nova vida em outro país, pode ser comparada à perda eterna, à morte”, declarou o ex-professor uni-
Reciclagem em cores
versitário Esperidião Estrela, ao ver sua filha Catiane embarcar para a Bélgica. O agente de proteção George diz que a chegada das celebridades à “terra do sol” também é comovente. “Os fãs fazem filas enormes, choram e gritam. Tudo para estar perto do ídolo”.
Loucos por aviação
por Ana Carolina Quintela
As cestas de lixo coloridas espalhadas pelo Aeroporto indicam a coleta seletiva de resíduos recicláveis. O projeto, desenvolvido pela Infraero, faz parte do programa 3 R´s: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Depois de recolhidos, os resíduos recicláveis são destinados a instituições de caridade. A Casa do Menino Jesus, por exemplo, vende para empresas de reciclagem e investe o dinheiro no tratamento de doentes e manutenção do local. Para a cearense Maria dos Santos, isso ajuda a melhorar a qualidade de vida de Fortaleza. Já o turista português Manoel da Fonseca acha curioso que se dê tanta importância a um programa de reciclagem. “Isso já deveria estar naturalmente integrado à sociedade”.
Mural do Aeroporto é um jornal laboratório da Disciplina Princípios e Técnicas de Jornalismo Impresso I, semestre 2005.1, do Curso de Jornalismo da Unifor. Diretor do CCH: Prof. José Batista de Lima Coordenadora do Curso: Profa. Erotilde Honório (eroh@unifor.br) Concepção e edição: Prof. Jocélio Leal (leal@unifor.br) Projeto gráfico e Diagramação: Aldeci Tomaz Edição e fotos: Ana Cíntia Gondim
Editorial
por Edilene Vasconcelos
Para quem gosta de ver aeronaves em ação, o ideal é ir ao Mirante Externo. “De lá se tem uma das visões mais belas do mundo”, afirma o jornalista Tom Barros. Para ele, é muito agradável passar no local para apreciar o pouso e a decolagem, num espetáculo sempre de graça. “Quem gosta de avião fica fascinado com a emoção vivida no mirante”.
Cadê o artesanato? por Maria Isabel Bessa
O Aeroporto Internacional Pinto Martins possui duas lojas de produtos artesanais: Centro de Artesanato do Ceará (CeArt) e Tina Artesanato. Para a estudante gaúcha Márcia Duarte, esse é um número muito pequeno. “O aeroporto é a porta de entrada para os turistas. Aqui eles têm o primeiro contato com a cultura cearense e, por isso, deveria ser dada maior importância a essas lojas”.
Expediente
Márcia observa também que a loja da CeArt não está em um lugar visível, o que torna ainda menor a possibilidade de os turistas encontrarem o artesanato que desejam. Uma das vendedoras, Cláudia Almeida, justifica que não se pôde escolher a melhor localização pelo fato de a loja ser do governo e não pagar aluguel. “Nós só não vendemos mais porque nossa loja aqui no aeroporto é escondida”, lamentou.
Um aeroporto tem muitas cenas em terra firme. A euforia dos torcedores em dia de desembarque (em caso de vitória!); o lero-lero dos políticos; os antigos repórteres de plantão; os fanáticos por aviação no terraço, dia após dia; o encantamento dos passageiros de primeira viagem; a alegria de quem chega, ou parte; a deselegância nem tão discreta de suas meninas. Neste Mural do Aeroporto, os alunos da Unifor foram ao Pinto Martins com um único plano de vôo: farejar informação e levar a você que agora transita empurrando o carrinho ou esfregando a mão de ansiedade. Boa viagem ou sejam bemvindos!
EXPEDIENTE
VAMOS AO CEMITÉRIO?
Mural do Cemitério é um jornal laboratório da disciplina Princípios e Técnicas de Jornalismo Impresso 1 - semestre 2006.1, do Curso de Jornalismo da Unifor. Diretor do CCH: Prof. José Batista de Lima Coordenadora do Curso: Profa. Erotilde Honório Professor-orientador: Prof. Jocélio leal Projeto gráfico e diagramação: Aldeci Tomaz Edição: Tatiana Aline Marques Sousa Fotos: Sofia Laprovítera
Ir ao cemitério e participar de uma cerimônia fúnebre nunca foram situações muito agradáveis. Entretanto, uma visita ao cemitério pode ser um meio de entender melhor a história e a cultura de um local.
Nobreza nas lápides O cemitério São João Batista, inaugurado em 1872, como a maioria dos grandes cemitérios em diversas partes do mundo, conta a história da própria cidade. Isso ocorre por meio das pessoas ilustres que fizeram a história social, econômica, política e cultural de determinada época e local. Como, Frei Tito, Caio Prado, Antônio Martins Filho e Barão do Studart dentre outros que estão sepultados no cemitério. Essa característica peculiar transforma o local em um
espaço propício para a exploração do turismo histórico e cultural, constituindo-se também numa fonte de pesquisa para estudantes. O cemitério também revela um amplo acervo artístico, possuindo um grande valor para o patrimônio cultural da cidade, tanto pela arquitetura dos túmulos quanto pela riqueza de suas lápides. No início, as famílias ricas importavam os túmulos de Portugal, os estilos Neoclássico e Rococó eram os mais valorizados. A inclusão do cemitério em roteiros turísticos seria importante para o aprofundamento e a disseminação da história do Ceará.
Ponto turístico
Para transformar o Cemitério São João Batista em ponto turístico, a Secretária da Cultura, Cláudia Leitão, recomenda o seguinte procedimento: 1) Fazer do cemitério São João Batista um produto turístico da cidade a exemplo do que acontece com o Père Lachaise em Paris; 2) Estruturar visitas guiadas; 3) Formar os guias com dados interessantes sobre as famílias ali sepultadas além da descrição dos estilos artísticos e arquitetônicos ali presentes; 4) Promover o produto nas operadoras turísticas, incluindo-o nos roteiros (ainda inexistentes) de visitas ao centro histórico da cidade, como o Passeio público, Praça da Estação, etc. SOFIA LAPROVITERA ROCHA
Histórias reais O cemitério é um local onde acontecem muitas histórias, as mais variadas possíveis. Aqui temos alguns casos do cemitério São João Batista: Há alguns anos, um homem, abalado pela morte de sua mulher, decide dormir todas as noites em cima do túmulo dela, mantendo essa prática por aproximadamente seis meses. Ele também mandou filmar o enterro. Houve casos de pessoas que tentaram se jogar nos túmulos no momento em que ocorria o
sepultamento e de outras que tentaram impedir que os enterros acontecessem. Os conflitos que mais ocorrem no cemitério são os casos em que a esposa do falecido proíbe a amante dele de assistir ao enterro e, às vezes, ocorrem até agressões físicas entre elas. Outro destaque foi o enterro, dentro de um mesmo caixão, de uma mulher com seu filho, os dois morreram durante o parto.
Cemitério, Cícero Ricardo, referiu que até o ano de 1996, cerca de 15 a 20 pessoas eram enterradas por dia no cemitério – motivo pelo qual o cemitério deixou de ser público e está agora sob a administração da Santa Casa de Misericórdia. Atualmente, o São João Batista não dispõe de espaço para o sepultamento de outros corpos, exceto os que já dispõem de jazigo no local. Entretanto, está sendo desenvolvido um projeto que visa a expansão do cemitério.
Até o inicio do século XVIII, a Igreja Católica era utilizada para enterrar os mortos, com exceções de prostitutas, pagãos, escravos, protestantes e condenados, os quais eram enterrados em outro local. Com a proibição do sepultamento de mortos na igreja, feita por Dom Pedro I, os enterros passaram a ocorrer em áreas abertas, chamadas campos santos. Isso chocou os católicos, pois eles passaram a serem enterrados junto aos “excluídos”. A mudança ocorreu com a justificativa de que era uma medida sanitária, pois o crescimento populacional estava aumentando muito na época e também havia motivos de viés político e social ligados ao fato.
CAMILA ALVES DE SOUSA
VICKY NÓBREGA
BRUNO ANDERSON
Superlotação: um problema sério A superlotação dos cemitérios públicos de Fortaleza vem se tornando um grande problema de saúde pública na cidade. Pois não há, em número suficiente, espaços disponíveis nestes cemitérios para o sepultamento de indigentes e famílias de baixa renda. O problema da superlotação pode ser constatado no Cemitério São João Batista, que se tornou particular em 1996. O auxiliar de administração do
Túnel do tempo
Os homens que fazem o PV
Meio de campo embolado Fco. V. Júnior
por Tiago Parente
por Tiago Montenegro
Expediente Mural do Estádio é um jornal laboratório da Disciplina Princípios e Técnicas de Jornalismo Impresso I do Curso de Jornalismo da Unifor. Chanceler: Airton José Vidal Queiroz Reitor: Carlos Alberto Batista Mendes de Sousa Diretor de Graduação: Wilhelmus Jacobus Absil Diretor do CCH: Prof. José Batista de Lima Coordenadora do Curso: Prof. Erotilde Honório Concepção e edição: Prof. Jocélio Leal Projeto gráfico : Prof. Eduardo Freire Edição: Débora de Castro Diagramação: Aldeci Tomaz
Editorial Tudo começou nos terminais e nos mercados. Ônibus, passarela, catraca, batata, laranja, carne (nem sempre fresca!), panela, motorista, trocador, fiscal,motorista, quitandeiro, gente. Em comum o Jornal do Terminal e o Mural do Mercado tinham essa matéria-prima principal – gente. Os estudantes da disciplina Jornalismo Impresso I, no semestre 2003-1 foram os primeiros a apostar no formato mural. E apostaram para valer. Foram às ruas para farejar pautas e empurraram dedo no teclado para dar vida ao projeto que se mostra agora consolidado com o Mural da Escola, o Mural da Beira Mar e Mural do Estádio. A herança foi bem recebida e bem cuidada pelas turmas de 20032. Dessa vez com estes três novos espaços públicos, outras histórias, novas realidades, mas em comum o mesmo espírito inquieto que move um jornal e do qual ele se alimenta. A experiência que vocês vêem nesta parede, muro ou coluna tem a cara daquelas turmas dos horários AB, CD e EF – para quem não conhece, de sete e meia à uma da tarde no Curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza (Unifor). São jovens aprendendo a fazer jornalismo com matéria de verdade. Que este jornal, portanto, possa lhes ser útil e dê à antipatia da palavra “muro” um sentido mais humano.
Embora o Estádio Presidente Vargas só seja lembrado pela maioria da população em dias de jogos do nosso futebol, existe um grupo de pessoas que trabalha diariamente para manter o bom funcionamento do estádio. São eletricistas, faxineiros, pintores, jardineiros, almoxarifes e seguranças que exercem a missão de cuidar do PV, o mais antigo estádio de Fortaleza, e que, segundo Saraiva Lima, almoxarife responsável, formam uma família.“Aqui todo mundo se trata pelo apelido. É como uma família mesmo”, afirmou. A maioria dos funcionários trabalha no Estádio há muitos anos. É o caso de Edilson Silva. Desde 1975, é responsável pela limpeza da arquibancada, banheiros e manutenção do gramado, “Já são quase 30 anos e continuo gostando muito do que faço” Além dos horários fixos durante a semana, alguns funcionários se revezam na bilheteria, portaria, iluminação e som do Estádio,em dias de jogos. “É uma forma de conseguir um dinheiro a mais”, revela Edilson.
Cibelle Matos
Fco. V. Júnior
Edilson: limpeza desde 1975
Fco. V. Júnior
Calçadas viram estacionamento em dia de jogo
A falta de estacionamento no PV não causa problemas apenas para os moradores. Os torcedores também se sentem incomodados. Freqüentador do estádio, Ricardo Mota diz que muitas vezes estaciona seu carro em terrenos onde cobram pela vaga. Além do problema , ele se queixa da confusão no tráfego das vias próximas, principalmente depois do jogo.
Prefeitura fica na retranca O estádio também é delas por Cibelle Matos e Paula Neves
Elas estão lá. Uniformizadas ou não, de salto alto ou não, as torcedoras invadiram os estádios cearenses e hoje entendem mais de futebol do que muito torcedor por aí. Impedimento não é mais tabu. Agora, além de arriscarem palpites com o resultado dos jogos, muitas sabem a escalação do time de coração de cor (?!). A PRAÇA - Em dias de jogos no PV a relativamente tranqüila rua Marechal Deodoro, no Benfica, se transforma. A praça em frente ao estádio é ocupada desde cedo pelos vendedores de bebidas e comidas rápidas. Gente que trabalha em pequenas vans, barraquinhas ou mesmo com isopor no chão. Os jogos sempre acontecem no final da tarde ou à noite, mas já pela manhã o circo começa a ser montado. Durante a partida, eles até “invadem” o campo dos bares de dentro do estádio. Fazem as vendas pelas grades. Contudo, para quem atua nessa atividade, o que menos importa é a bola rolando. Para eles, é a expectativa para o começo do jogo e as emoções depois do apito final que contam. É nessas horas em que a torcida faz a festa (ou chora a tristeza) na praça.
Transtorno no trânsito e carros estacionados em frente às garagens são comuns em dias dos grandes jogos nas ruas próximas ao estádio Presidente Vargas (PV), no Benfica. Os moradores se sentem incomodados e acreditam que são lesados no seu direito de ir e vir. Esses problemas acontecem principalmente pela falta de estacionamento no Estádio. Mesmo com a reinauguração do Castelão – onde deveria haver os jogos com muito público– o problema continua. O aposentado Pedro Benevides, morador há 21 anos da rua Marechal Deodoro, diz que o descaso da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) e dos torcedores é imenso com os moradores. Os torcedores estacionam os carros nas frentes das garagens, as ruas de mão única ficam de mão dupla e, segundo Benevides, não há nenhum esforço da parte dos responsáveis para resolver o transtorno. “Já estacionaram um carro dentro da minha garagem, se eu não ficar na porta vigiando, eles estacionam mesmo e depois não adianta falar com ninguém, que nem resolve”, diz o morador.
Com camisas mais justas, gorrinhos com as cores da esquadra na cabeça, radinho no ouvido e sofrendo a cada novo ataque do time adversário, as torcedoras provam que essa história de que futebol é um esporte masculino foi derrotada. Luiza Holanda, 21, estudante universitária, não
No Castelão (acima) ou no PV: torcida feminina
perde uma partida do seu time. Mesmo quando o Fortaleza está jogando fora de casa ela trata de ir a algum barzinho torcer com os amigos. “É algo que faz com que esqueçamos dos problemas, entretenimento puro”. Luiza atribui esses novos hábitos, sobretudo, à vontade das mulheres de acompanhar os namorados, maridos ou até mesmo como um lugar de paquera.
O meio de campo embolado, pelo que diz o secretário executivo da Regional IV, João Melo, vai continuar. Ele afirma que a construção de um estacionamento no PV é inviável. Trata-se de uma zona central da cidade, antiga e sem espaço para a construção. Segundo o secretário, o PV ocupou um lugar histórico. Com o Castelão, diz, serve apenas como função suplementar. Ele afirma que a tática é levar os jogos de grandes torcidas, quando possível, para o Castelão. A melhor medida a ser tomada, de acordo com João Melo, seria uma melhor disciplina no trânsito, evitando a confusão. A AMC reconhece o transtorno. Diz que o número de agentes em dias de partida é suficiente - de 15 e 25. Eles ficam em todas as ruas adjacentes, no entanto, as cenas mostram que não tem sido o bastante.
Quanto aos torcedores, a AMC recomenda àqueles que não se sentem seguros com os seus carros estacionados em via pública que procurem os transportes coletivos, pois a Ettusa procura aumentar o número de linhas para o estádio. Enquanto isso... Fco. V. Júnior
Sem estacionamento, AMC é só paliativo
Bom humor cearense
Cortinas Abertas no Centro
Por Maryna Araujo
FOTO: DIVULGAÇÃO
A agenda do humor Shopping Pizza Av. Washington Soares, 300 Terça a quinta, às 22h30min. Sexta e sábado, às 23h30min. Couvert: R$ 5,00 - Mais informações: (85) 3491-8585 ou (85) 32412524 Churrascaria Gheller Terça a sábado às 21h30min Av. Monsenhor Tabosa 825 Couvert: R$ 8,00 - Mais Informções: (85) 32194916 Hotel Praia Centro Sexta a domingo às 21hrs Av. Monsenhor Tabosa 740 Couvert: R$ 10,00 - Mais Informações: (85) 30831122 Lupus Bier Terça, sexta, sábado e domingo às 21h30min Rua dos Tabajaras 340 Couvert: R$ 9,90 - Mais Informações: (85) 32192829
por Omar Jacob
FOTO: OMAR JACOB
O humor cearense não tem só fama, mas qualidade. Em Fortaleza, os humoristas se multiplicam. Os espetáculos acontecem em diversos lugares, desde teatros até mesmo em bares, restaurantes, pizzarias e barracas de praia, onde muitos começaram as suas carreiras como Tiririca, Rossicléia, Meirinha, Ciro Santos, Skolástica e Paulo Diógenes. Um dos locais que mais promove espetáculos de humor de Fortaleza é o Shopping Pizza. Os proprietários do estabelecimento criaram um setor para assessorar e gerenciar a carreira de vários humoristas, levando-os para apresentações em outros estados. Estes espetáculos que tornaram a casa famosa tiveram início em 1990, e desde o começo contaram com a participação de humoristas hoje consagrados, como Ciro Santos, Paulo Diógenes, Rossicléia e Espanta Jesus. Segundo a gerente de programação de shows, Monique Guimarães, os espetáculos, que têm agradado bastante, prometem lotar a casa no período de férias.
Cem anos de histórias para contar por Janine Maia
Há 100 anos foi autorizada pela lei 768 a construção do Theatro José de Alencar. Quatro anos depois, foram iniciadas as obras. Em 17 de junho de 1910, inaugurava-se, na Praça Marquês de Herval, atual Praça José de Alencar, uma das mais importantes obras arquitetônicas. Em meio ao governo do então presidente do Ceará, Nogueira Accioly e do prefeito Guilherme César da Rocha, concluiu-se o Theatro, que seria um centro de exuberância e afirmação da civilização moderna da Capital. Com armadura de ferro e aço originária da empresa escocesa Max Farlane & Co. o Teatro fazia parte do embelezamento da cidade, sendo símbolo de progresso e modernização do Ceará. Para o produtor geral do Theatro José de Alencar, Caio Quinderé, este não seria, no entanto, o único motivo da fundação. ‘’O Theatro, além de integrar a beleza urbanística da cidade, tornava-se necessário como atração cultural para a sociedade’’. Segundo Quinderé, a missão do Theatro, hoje,
é promover a inter-relação entre o povo e os grupos artísticos cearenses, servindo como difusor da cultura e da preservação do patrimônio histórico. “As pessoas mais humildes têm medo de entrar no Theatro; É uma questão cultural que precisa ser modificada”, conclui.
Para aproximar o público cearense do teatro local, o Banco do Nordeste vem desenvolvendo um projeto de formação de platéia que tem deixado a casa lotada. O projeto Ato Compacto, do Centro Cultural Banco do Nordeste, acontece nas sextas-feiras, às 12h, 18h e 20h, com entrada franca. O projeto surgiu em 1998 e, de acordo com a coordenadora do BNB Cultural, Jaqueline Medeira, nasceu da percepção de que “a cultura é um fator de desenvolvimento regional”. No programa, há espaço para o teatro de gabinete, teatro de boneco, dança, humor e mímica. “O Centro apresenta peças de dramaturgos conhecidos, além de incentivar novos talentos”, afirma. Mas não só os adultos estão sendo contemplados pelo teatro. Por meio do projeto Criança e Arte, aos sábados, o Centro Cultural vem aos poucos mostrando à garotada cearense a importância e o prazer proporcionado pelas artes cênicas. O projeto, que tem feito a alegria dos pequenos, surgiu há 4 anos, após a criação da biblioteca do Centro. Assim como o Ato Compacto, esse projeto também é gratuito.
Naquela porta tá faltando ele FOTO: DIVULGAÇÃO
por Cristina Yolanda da Cunha
O Theatro José de Alencar já não é o mesmo desde o dia 21 de dezembro de 2003, quando José Cassiano da Silva, o Muriçoca, famoso porteiro do velho Zé, saiu de cena. “ Ele saiu daqui e foi fazer companhia na portaria de São Pedro”, afirma seu Trepinha, um dos funcionários do Theatro. Imponente, com o paletó elegantemente arrumado, blusa de linho branca e a inesquecível
gravata borboleta, Muriçoca era presença certa naquela porta em todas as apresentações dizendo a todos que entravam: “seja bem-vindo, sinta-se em casa”. O apelido veio por causa da curiosidade, que sempre o motivou a entender como tudo funcionava atrás das cortinas. Tornou-se uma das personalidades mais importantes do teatro, dando nome ao jornal interno do local : “O Muriçoca”. É inevitável olhar para aquela porta e não lembrar dele, conta o produtor geral do TJA, Caio Quinderé.
Expediente Mural do Trem é um jornal laboratório da Disciplina Princípios e Técnicas de Jornalismo Impresso I, semestre 2005.1, do Curso de Jornalismo da Unifor.
No trilho da leitura Adriana Pimentel
Cultura na estação Cícero Renato Freire
Proporcionar momentos de lazer e divulgar a cultura cearense é o principal objetivo das apresentações que acontecem às sextas-feiras na estação ferroviária Engenheiro João Felipe no centro da cidade. Danças, teatro, quadrilhas, entre outras manifestações culturais, fazem a alegria da população que utiliza o transporte ferroviário. Segundo Mauro Costa, assessor de imprensa da Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor), empresa que apóia a iniciativa, “as apresentações servem não só para a divulgação da cultura
nordestina, como também levar alegria ao povo de baixa renda”, afirmou. O prédio da estação Engenheiro João Felipe está sendo cotado para tornar-se um dos centros culturais financiados pelo Banco do Brasil. Para Mauro Costa, esta medida é primordial para a recuperação cultural do centro de Fortaleza. Ele adiantou que a proposta está sendo estudada pela Secretaria de Cultura (Secult) e que a decisão é do Governo do Estado. Enquanto isso, o local continuará sendo palco de divulgação da cultura cearense e de lazer às pessoas que circulam na estação.
Vou de trem por Cynthia França
Alunos das escolas particulares e públicas podem fazer um passeio diferente pela cidade. Ao invés de utilizarem os veículos que estão acostumados, como automóvel e ônibus, têm agora a chance de ir de trem, através do Projeto Escola com horas e datas pré-fixadas. Os itinerários são curtos e passam por cidades da Grande Fortaleza. Durante todo o trajeto, os professores procuram explicar alguns aspectos dos lugares onde estão passando, utilizando-se de assuntos que são abordados em sala de aula, como História, Geografia e Redação.
Lugar de trem não é só na estação. Uma biblioteca sobre trilhos funciona atualmente na Praça Luíza Távora, na Aldeota. Trata-se de um vagão idealizado pela primeira dama do Estado, Beatriz Alcântara, que contou com várias parcerias, entre elas da Rede Ferroviária Federal (Rffsa), com a doação do vagão, e da ONG Amigas do Livro, que arrecadou dois mil exemplares. O espaço é adaptado em forma de biblioteca e possui três mesas originais da estrutura do vagão. A coordenadora do “Ação Voluntária”, Márcia Cidrack, acredita que a função fundamental do Vagão da Leitura é incentivar o hábito da leitura e proporcionar o acesso da população à Cultura.
Quem pega o trem “Moro no bairro, e pego livros por meio de empréstimo, estou lendo mais”, afirmou Sâmia Almeida, graduada em Turismo.
“Faço pesquisas escolares e pego livros de romance e policial, entre outros”, disseTerezinha de Souza, estudante do 2°ano. “Venho três vezes por semana e prefiro jornais e livros. É uma das poucas alternativas de socialização da leitura. Outros espaços estão cada vez mais restritos”, é o que pensa Roberto Lopes, morador do bairro Mucuripe.
Confira o serviço e não perca essa viagem
Cadastro para empréstimo:
- Xerox do comprovante de residência - Xerox da Carteira de identidade - Um foto 3x4 - Grátis Funcionamento: Segunda à Sexta-feira, horário de 14h às 19h. Sábado e Domingo, de 08h às 12h (Feriados: não funciona) Local do Vagão: Praça Luiza Távora (Centro de Artesanato do Ceará – CEART)
Olha o nível! Dânia Maciel
Marcos Alencar trabalha na função de auxiliar operacional da Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor) há 21 anos e afirma que “a principal causa de acidentes nas passagens de nível vem dos motoristas”. O funcionário conta que já presenciou inúmeros acidentes, um deles na Rua Ceará, no Bairro Couto Fernandes, quando um motorista embriagado invadiu a passagem de nível causando um acidente. Na saída da Estação Parangaba, a retirada de cancelas é vista diariamente por meio da ação dos vândalos. O comerciante Raimundo Vasconcelos já presenciou inúmeros casos: “por ser um material muito frágil, eles tiram facilmente”, explica.
Diretor do CCH: Prof. José Batista de Lima Coordenadora do Curso: Profa. Erotilde Honório Concepção e edição: Prof. Jocélio Leal Projeto gráfico e Diagramação: Aldeci Tomaz Revisão: Profa. Claudia Matos Edição: Cristina Carneiro da Cunha Fotos: Adriana Pimentel
Editorial Nosso país poderia utilizar muito mais as estradas de ferro. Mauá que o diga. Nos países desenvolvidos da Europa o meio é a base do transporte de passageiros. No Brasil, a despeito de suas dimensões continentais, nos deparamos com um sistema capenga, limitado e, no mais das vezes, desconfortável. Afora os argumentos financeiros, nada se compara a um passeio de trem, com belas paisagens. O trem carrega em seus vagões um certo gostinho nostálgico. Neste Mural do Trem, um passeio pela vida que pulsa nos vagões de Fortaleza. Apresentações culturais, visitas de alunos de escolas públicas e particulares e até uma biblioteca em plena Praça Luiza Távora. Mais um jornal mural é lançado e, com ele, a certeza de que, apesar do trem seguir sempre um caminho definido, já que nunca sai dos trilhos, o nosso destino pode nos reservar surpresas em cada estação de nossas vidas. Boa viagem.
Atrações matinais Galera em ação FOTOS: DIVULGAÇÃO
Daniel Aderaldo
afirmou o estudante de História da UFC,Walter Rebouças, que costuma ir sempre ao Dragão do Mar, mas sente falta de um atendimento melhor.
O projeto Galera do Dragão consiste na capacitação e reciclagem, gratuita, de trabalhadores informais que atuam nos arredores do Centro Dragão Flanelinhas do Mar de Arte e Cultura. O curso é voltado para flanelicom canudo nhas e ambulantes, com aulas Os participantes do prode etiqueta, higiene e postura jeto receberam certificados na pessoal à segurança e conserocasião da festa de cinco anos vação do patrimônio. de inauguração da instituição. A Direção do Centro diz Os capacitados podem ser que é um projeto que procura identificados por meio de um criar um vínculo afetivo entre colete de uso exclusivo, foros trabalhadores informais, necido pelo Dragão. “Agora a em grande parte, moradores gente se sente mais à vontade do entorno, e garantir a separa falar com os visitantes, gurança e bom atendimento Participante do projeto galera do Dragão dos visitantes. “Acho uma porque as pessoas sabem boa proposta essa do pessoal do Dragão, mas que podem confiar em nosso trabalho”, disse não tenho notado, até agora, nenhuma grande o flanelinha Waldeci, que já trabalha no estamudança no comportamento dos ambulantes.”, cionamento do Dragão há mais de um ano.
Mãe, Cadê Os Dados? Helana Gurgel
No primeiro evento do Macod, realizou-se um concurso para ver quem desvendaria o significado da sigla do grupo. Por incrível que pareça, houve quem acertasse: a sigla é a junção das iniciais das palavras que formam o título desta matéria.Os organizadores a escolheram porque representa a frase que todo jogador de RPG mais fala em casa. E atire a primeira pedra (ou dado) aquele que negar o fato. RPG são os jogos de interpretação de papéis: os participantes criam personagens e desenvolvem
histórias, como se fosse uma espécie de teatro. A Direção do Centro acredita que ter um grupo de RPG no Dragão é oferecer uma porta de entrada para que as pessoas tenham um contato maior com a literatura e as artes cênicas. Entretanto, alguns dos visitantes do Centro parecem se incomodar com o barulho que os adolescentes fazem.
Serviço O Macod se reúne aos sábados, a partir das 14 horas, no ateliê de Arte, próximo à Praça Verde do Dragão do Mar. GRÁTIS.
Flávia Pereira Gurgel
O Centro Cultural Dragão do Mar possui uma programação para pessoas de todas as idades, durante todo o dia. São oferecidas exposições, atividades para crianças, apresentações artísticas e uma imensa variedade de atrações que podem ser encontradas também no período da tarde. As exposições do Centro Cultural funcionam de terça a domingo, das 14 às 22 horas, e a programação pode ser conferida por meio de livretos distribuídos por toda Fortaleza.
Uma de suas novidades é o projeto Macod de RPG, que ocorre às 14 horas, todos os sábados, no Ateliê e na Praça Verde. O objetivo é aproximar jovens interessados em literatura e artes cênicas. Durante as tardes dos fins-de-semana também pode-se encontrar o “Pintando no Dragão”, um projeto lúdico e educativo que proporciona ao público infantil oportunidade de desenhar e pintar, e o “Brincando no Dragão”, onde crianças interagem por meio de jogos na Praça Verde.
Diversão sim
Expediente Mural Dragão do Mar é um jornal laboratório da Disciplina Princípios e Técnicas de Jornalismo Impresso I, semestre 2004.2, do Curso de Jornalismo da Unifor. Diretor do CCH: Prof. José Batista de Lima Coordenadora do Curso: Profa. Erotilde Honório Concepção e edição: Prof. Jocélio Leal Projeto gráfico e Diagramação: Aldeci Tomaz Edição: Cristina Carneiro da Cunha Fotos: Divulgação (Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura)
Editorial Para quem não conhece a história do Ceará, Dragão do Mar deve soar como uma lenda. Algo mítico como um animal que soltaria fogo
Exposições permanentes Edilene Vasconcelos
O Memorial da Cultura Cearense é um espaço reservado no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura para mostrar ao público a cultura cearense e os trabalhos nele realizados. O Memorial conta com dois salões para exposições temáticas: Casa do Vaqueiro e Admiráveis Belezas. Segundo o diretor cultural do Centro Dragão do Mar, o arquiteto Luis Carlos Sabadia, o Memorial recebe cerca de 10 mil visitantes ao mês, dentre alunos de escolas públicas e Exposição Casa do Vaqueiro está em cartaz há quase seis anos particulares, universitários e turistas. A diretora do Memorial da Cultura Cearense, do Vaqueiro já dura quase seis anos e a proposta Valéria Laena, diz que o objetivo maior das expoinicial era que durasse apenas dois. Laena afirma sições é difundir e preservar a cultura cearense e, ainda que a falta de verba impossibilita uma nova principalmente, fazer intercâmbio de culturas loexposição, pois isso exige um cenário próprio de cais e regionais. Ela disse ainda que o tema Casa acordo com a temática a ser exposta.
pelas narinas em pleno oceano. Mas, a não ser pela grandiosidade, não há nenhuma semelhança entre o dragão imaginário e os dragões cearenses. O primeiro foi um herói de verdade. Chico da Matilde, pescador símbolo do Movimento Abolicionista, em 1881 recusou-se a transportar escravos para ser vendidos para o Sul do País. Virou um mito. Já o segundo Dragão, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, é uma homenagem ao jangadeiro. Inaugurado em abril de 1999 pela Secretaria da Cultura do Estado (Secult), é um dos espaços de cultura e lazer mais modernos do País. Em 30 mil metros quadrados de área, reúne equipamentos como cinemas, biblioteca, planetário e sala de exposições, além de ativa vida noturna. Tantas referências foram vento forte a favor de pautas e matérias dos alunos da Disciplina Princípios e Técnicas de Jornalismo Impresso I do Curso de Jornalismo da Unifor. Eis o resultado.
Semestre 2003-2
Arte no muro
História fora da sala por Luíza Kelly Gurgel
por Luiz Esteves Jr
Algumas aulas de história acontecem fora da sala de aula na Escola Estadual de Ensino Médio Eudoro Cor-
Expediente Mural da Escola é um jornal laboratório da Disciplina Princípios e Técnicas de Jornalismo Impresso I do Curso de Jornalismo
reia, na Parangaba. A professora de história e psicopedagoga Maria Rosineide Saraiva, mais conhecida como Rosa, acredita que é mais fácil aprender a história de um local se o
da Unifor.
mento da história mais próxima do aluno, como a do próprio
Chanceler: Airton José Vidal Queiroz
bairro, dificulta o aprendizado de história geral. Rosa já levou seus alunos para uma volta no bairro
Reitor: Carlos Alberto Batista Mendes de Sousa
da escola, para passeios pelo Centro de Fortaleza, visitas a
Diretor de Graduação: Wilhelmus
cemitérios, comunidade indígena dos Tapeba e também a
Jacobus Absil Diretor do CCH: Prof. José Batista de Lima
municípios como Aquiraz, Eusébio, Quixadá e Baturité. Nessas aulas, Rosineide sempre conta a história do lugar e
Coordenadora do Curso: Prof. Erotilde
compara o passado com o presente. Nos cemitérios foram
Honório
visitados os túmulos de pessoas ilustres e discutido com os
Concepção e edição: Prof. Jocélio Leal
alunos temas filosóficos, questões ligadas a religiosidade e
Projeto gráfico : Prof. Eduardo Freire
a relação vida/morte.
Edição: Carol de Castro Diagramação: Aldeci Tomaz
Editorial Tudo começou nos terminais e nos mercados. Ônibus, passarela, catraca, batata, laranja, carne (nem sempre fresca!), panela, motorista, trocador, fiscal,motorista, quitandeiro, gente. Em comum o Jornal do Terminal e o Mural do Mercado tinham essa matéria-prima principal – gente. Os estudantes da disciplina Jornalismo Impresso I, no semestre 2003-1 foram os primeiros a apostar no formato mural. E apostaram para valer. Foram às ruas para farejar pautas e empurraram dedo no teclado para dar vida ao projeto que se mostra agora consolidado com o Mural da Escola, o Mural da Beira Mar e Mural do Estádio. A herança foi bem recebida e bem cuidada pelas turmas de 20032. Dessa vez com estes três novos espaços públicos, outras histórias, novas realidades, mas em comum o mesmo espírito inquieto que move um jornal e do qual ele se alimenta. A experiência que vocês vêem nesta parede, muro ou coluna tem a cara daquelas turmas dos horários AB, CD e EF – para quem não conhece, de sete e meia à uma da tarde no Curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza (Unifor). São jovens aprendendo a fazer jornalismo com matéria de verdade. Que este jornal, portanto, possa lhes ser útil e dê à antipatia da palavra “muro” um sentido mais humano.
Basta cumprir a lei !
aluno visitá-lo. Segundo a professora, a falta de conheci-
Em uma aula sobre a história de Fortaleza, a turma fez um passeio que começou na Barra do Ceará, passou pelas principais praças do Centro, Praia de Iracema e terminou no Farol do Mucuripe. Em Aquiraz, a primeira vila do Ceará, os alunos conheceram o Mercado da Carne, a Vila dos Jesuítas e um engenho de cana-de-açúcar. Em todas as visitas os alunos apresentam trabalhos sobre o que aprenderam. O projeto da professora foi inscrito no prêmio “Práticas Pedagógicas Empreendidas no Ensino Médio”, promovido pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com o Sebrae.
por Carol de Castro
Maycon é portador da Síndrome de Down. Mateus é autista. Eles são alunos da Escola de Ensino Infantil Marisa Mendes, na Vila Velha, desde agosto de 2003, quando a escola foi inaugurada e começou o período letivo. Os dois estão em salas de aulas regulares e participam de todas a atividades da turma. As professoras cuidam apenas de observar as limitações de cada um. O que a escola faz é cumprir a legislação. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a educação especial é garantida na rede regular de ensino para alunos portadores de necessidades especiais. “A escola recebe qualquer criança, mas não somos referência no ensino de educação especial”, afirma a diretora Maria Oliveira. Em uma tarefa a professora pede aos alunos que anotem o número de objetos em cada balão. Maycon recebe a tarefa e pinta todos os desenhos com cuidado para não sair do contorno, mas não se preocupa em respon-
der o que foi pedido. A tia corrige a tarefa e conceitua o desempenho de Maycon com um “Muito bem”. A diretora explica a fórmula: saber respeitar as diferenças.
Dicionário Autismo: Transtorno do desenvolvimento, que compromete todo o desenvolvimento psiconeurológico, afetando a comunicação e o convívio social, apresentando em muitos casos um retardo mental. Síndrome de Down: Alteração genética que ocorre no início da gravidez. Os indivíduos com Síndrome de Down apresentam certos traços típicos, como: olhos com linha ascendente e dobras da pele nos cantos internos (semelhantes aos orientais), nariz pequeno e um pouco “achatado”, rosto redondo, orelhas pequenas, baixa estatura, pescoço curto e grosso, flacidez muscular, mãos pequenas com dedos curtos, prega palmar única. A criança com síndrome de Down se desenvolve mais lentamente em relação as outras crianças.
A pichação nos muros cede lugar às cores vivas e traços fortes da pintura em grafite. É o projeto Arte no Muro, da Escola de Ensino Médio e Fundamental Arquiteto Rogério Fróes, na Cidade 2000, coordenado por três amigos desde julho de 2001. Cerca de 100 jovens da periferia de Fortaleza, entre 16 e 21 anos, participam do projeto que visa a mostrar o talento e criatividade dos alunos e capacitá-los para o mercado de trabalho. “Os meninos estão sempre querendo pintar, se expressar, e ganhar
dinheiro. Estamos pintando camisas, bicicletas e computadores”, explica o coordenador do projeto, Erivar Rockstein. Empresas como a CocaCola, Maraponga Mart Moda e Casablanca Turismo já utilizaram a arte urbana dos meninos em suas campanhas publicitárias. Os jovens se encontram quatro dias por semana, durante cinco meses, em oficinas nas quais discutem e expõem sobre leituras, análises reflexivas de textos, músicas, fotografias e filmes, dinâmicas de grupo e apresentações de pesquisas. O grupo também recebe orientação de uma equipe de pedagogos, psicólogos e filósofos.
Ontem, hoje e sempre por Ana Carolina Fernandes Aguiar
Ex-professores e diretores do Escola de Ensino Fundamental e Médio João Mattos, no Montese, encontram-se todo mês para relembrar os antigos tempos da escola. Eles formam a Liga de Educadores do João Mattos, que se reúne há 20 anos no primeiro sábado de cada mês. As integrantes da Liga não cansam de comemorar as transformações da escola. A ex-professora e ex-vice-diretora Rosa Lemos, que ingressou na escola no ano de sua inauguração, em 1959, diz que a João Mattos enfrentou muitas dificuldades financeiras que prejudicaram a distribuição da merenda escolar. Ela conta que a alimentação era racionada. A ex-professora Josina Silva confirma as dificuldades. “Hoje, eu me sinto orgulhosa com o avanço que a escola conquistou. Houve uma melhoria no quadro de professores, construção de novas salas de aula, área de esportes e cantina”, enumera. Para a atual diretora, Corina Bastos, a escola teve mais investimentos financeiros com primeira eleição para diretores das escolas públicas, em 1996. A escola, segundo Corina, dispõe de salas bem estruturadas, quadras de esportes, sala de multimeios, além de projetos musicais, de orientações sexual e sobre o uso de drogas, a Feira das Nações e a Farmácia Viva.
Fonte: Dicionário Aurélio
Projeto em expansão No início, o projeto atendia somente 30 alunos e os ônibus eram doações, que segundo ela, nem sempre estavam em bom estado de conservação ou eram pontuais. Nas últimas viagens, conta Rosineide, chegaram a embarcar num comboio de sete ônibus, com 60 alunos cada. Para participar, os alunos pagam uma taxa de R$ 10,00, em média, por aluno. O dinheiro serve para o pagamento do transporte e do guia de turismo Gerson Linhares, que sempre acompanha os alunos. Segundo Rosa, as visitas são sempre feitas aos domingos, para que todos os alunos, até os que trabalham, tenham a possibilidade de ir. “As visitas fazem com que a gente aprenda mais”, vibra a aluna do 3º ano do Ensino Médio da tarde, Patrícia dos Santos. Segundo ela, professores de outras disciplinas também utilizam as aulas de campo em suas aulas. Segundo ela, as visitas têm o apoio dos outros professores, que às vezes também participam e do grupo gestor da escola. “As visitas possibilitam a integração da escola, já que os alunos dos três turnos vão juntos, e ajudam os alunos a aprenderem mais fácil”, afirma. (LEJ)
Os caminhos da merenda por Saulo Rêgo
É longo caminho da merenda escolar até os alunos da rede de ensino municipal, sem contar eventuais denúncias de desvios, como os investigados pelo Ministério Público e Polícia Federal. O Grupo Gestor da Merenda Escolar da Prefeitura de Fortaleza é quem administra a compra da alimentação dos alunos nas escolas. Até chegar à mesa do estudante a merenda escolar começa com o planejamento de cardápio, verificação da quantidade a comprar, até se formar uma comissão de licitação, que, oficialmente, avalia o menor preço. A compra é efetivada após a assinatura de contratos
O lanche passo a passo
e empenhos entre a Prefeitura e o fornecedor. A distribuição da merenda é feita pelas secretarias executivas regionais. A nutricionista da Prefeitura, Gláucia Passos, explica que a centralização das ações de compra da merenda por meio do Grupo Gestor passou a ter uma maior organização das atividades que envolvem a merenda. Parte da verba vem de recursos do Pnae, que repassa à Prefeitura R$ 0,13 por aluno/dia. O restante da verba sai dos cofres municipais. Pelas normas do Programa Nacional de alimentação Escolar (Pnae) que financia parte da merenda, os alimentos servidos aos alunos devem ter no mínimo 350Kcla (quilo-calorias) e 9g de proteínas. A verificação da quantidade de alimentos, segundo a nutricionista, é feita multiplicando o número de gêneros pela quantidade de alunos .
Prato indigesto A Assembléia Legislativa absolveu o deputado Sérgio Benevides (PMDB), acusado de envolvimento no desvio de R$ 1,8 milhão destinado à compra de merenda escolar. A absolvição, contudo, não apagou o abalo na credibilidade da Prefeitura quanto ao gerenciamento da merenda. O desgaste foi ainda maior porque Benevides, genro do prefeito Juraci Magalhães, foi citado no relatório final da “CPI da Merenda Escolar” da Câmara Municipal, como um dos beneficiários no desvio dos recursos.
Eles fazem o cardápio por Paloma Nogueira
Os alunos da Escola de Ensino Fundamental Professora Adalgisa Bonfim Soares, no Conjunto Esperança, expõem suas opiniões sobre a merenda escolar. Pesquisas são realizadas na escola para que o aluno posso sugerir o cardápio da merenda. As refeições variam a cada dia da semana. A coordenadora-administrativa Financeira da Escola, Maria de Fátima Pereira, disse que a direção procura atender às necessidade de todos de acordo com as condições da escola. “A merenda escolar é um estímulo para eles. Nós procuramos agradá-los, pois sabemos que a maioria são pessoas carentes”, explica. Segundo a professora Rejane de Oliveira, os alunos demonstram um rendimento satisfatório na sala de aula quando estão alimentados.
Mural do Museu
´ Maquinas que sobrevivem ao tempo
Museus viram salas de aula
Talita dos Santos e Silva
A necessidade de um lugar seguro para a guarda de carros, a falta de um lugar fixo para as exposições e o aumento do número de associados ao Veteran Car Club (Clube de Automóveis Antigos – Ceará) foram fatores decisivos para a criação do Museu do Automóvel. O acervo pertence aos sócios do Clube. Há carros desde 1917 até os anos 1970. Todos os automóveis funcionam e, além de serem verdadeiras relíquias, podem ser alugados para eventos como casamentos, desfiles e até para passeios particulares. A única condição imposta pelos proprietários é que o carro seja dirigido por motoristas enviados por eles, pois o manuseio das máquinas exige muito cuidado. Alguns automóveis até já foram usados em minisséries da Rede Globo, como o Chevrolet 1958, que apareceu em “Hilda Furacão” e outro similar que participou de “JK”. O Museu guarda patrimônios de personalidades políticas como Tasso Jereissati e Lúcio Alcântara. No Museu do Automóvel estão expostos 57 carros nacionais, americanos e europeus. O mais antigo é um Ford de 1917, do proprietário Assis Vieira Filho.
Janayde Gonçalves
Divulgação
Divulgação
Visitar o museu não é um hábito do brasileiro. A visitação escolar ainda é a prática mais comum, pois nos acervos museológicos há representações de todas as áreas do conhecimento: história, geografia, botânica e até química. Segundo a especialista em museologia pela Universidade de São Paulo (USP), Manuelina Maria Cândido, os museus estão se preocupando cada vez mais com essas visitas. “Estão sendo criados cursos de capacitação para os professores, enfatizando a necessidade de se elaborar uma proposta para maior aproveitamento da experiência”, afirma.
´ Cai o numero de visitantes do Mauc
Joana Dely Sátiro
Nos últimos anos, o número de visitantes do Museu de Arte da UFC (Mauc) foi muito reduzido. Segundo o professor e diretor do Mauc, Pedro Eymar, há 19 anos, entre 1987 e 1993, cerca de 120 pessoas por dia visitava o acervo. Em 2000, essa procura baixou para 30 e, neste ano, a média é de 20 visitantes. Para Eymar, a queda de freqüência se deve à não manutenção do programa e também à falta de divulgação do Museu. Dependente dos canais de comunicação, o Mauc desenvolve métodos próprios de propagação de seus eventos. O Instituto de Cultura e Arte (ICA) é responsável por mandar informações e fotos diferentes para a imprensa. Cabe à mídia publicar, se quiser.
Acervo do MIS atrai estudiosos Diego Benevides Nogueira
Apesar do acervo de imagens em película e cromo, máquinas, vinis e depoimentos de personalidades como Patativa do Assaré, Padre Cícero e Vírgilio Távora, o Museu da Imagem e do Som (MIS) é pouco freqüentado pela população em geral. Cineastas, antropólogos e estudiosos da área são os seus principais visitantes. O diretor do MIS, Gilmar Chaves, lida normalmente com a Servico: ´ falta de interMuseu da Imagem esse das pessoas. e do Som (MIS) “Essa não é nosHorário: Segunda à sa prioridade”, sexta, de 8h às 12h explica ele. e de 13h às 17h. Entrada Gratuita
Expediente Mural do Museu Disciplina: Princípios e Técnicas de Jornalismo Impresso I. Diretor do CCH: Prof. José Batista de Lima Coordenadora do Curso: Profa. Erotilde Honório. Edição: Martha Dos Martins. Professor-orientador: Jocélio Leal. Diagramação: Anne Nogueira. Monitoras da Disciplina: Martha Dos Martins, Sofia Laprovítera e Tatiana Aline.
Editorial A palavra “museu” é derivada do termo grego “moseion”, que refere-se aos templos dedicados às Musas, ou seja, às divindades da Mitologia Grega que inspiravam as artes. Os museus são espaços de apreciação e preservação da cultura, da arte e da história da humanidade. Assim, ao visitarmos estes “templos”, acabamos aprendendo mais sobre o mundo e sobre nós mesmos. Automóveis, cachaça, arte, imagem e som. Aqui tem museu para todos os gostos. Então, conheça um pouco mais destas salas de aula de cultura.
´ Uma boa dose de historia Cíntia Carneiro Neves
Trabalho de Sebastião de Paula: acervo do Mauc
No Museu estão expostos 57 carros nacionais, americanos e europeus
´ ´ Outras historias do Museu do Ceara” Marcelo Henrique de A. Costa
Estudantes são o público principal
Dicas para uma visita bem sucedida 1. Tematizar a visita 2. Informar a faixa etária do grupo 3. Preparação prévia dos alunos 4. Observação tridimensional dos objetos 5. Fazer um comentário da visita na sala de aula
O Museu do Ceará, em parceria com a Secretaria da Cultura do Ceará (Secult), vem publicando a coleção de livros “Outras Histórias”. O objetivo é fazer da leitura e do conhecimento ferramentas indispensáveis ao público que freqüenta o Museu. “Outras Histórias” privilegia a produção de pesquisadores que conduzem trabalhos no Ceará. A maioria das publicações trata de
temas regionais, que vão desde famosos poemas da literatura de cordel até livros que obedecem um rigor científico. Segundo o coordenador da Coleção, Régis Lopes, “Outras Histórias” divide-se em três núcleos: estudos sobre o acervo da Instituição, pesquisa no âmbito do conhecimento histórico e textos sobre documentos inéditos. A Coleção do Museu já atingiu
o 35o número. Algumas obras estão esgotadas devido à procura, como “A Padaria Espiritual – biscoito fino e travoso”, do professor Gleudson Passos e “Frei Tito – em nome da memória”, organizado por Régis Lopes e Martine Kunz.
Divulgação
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Se a vontade é de saber um pouco mais sobre a história da aguardente nacional, os 25 quilômetos que separam de Fortaleza o mais completo museu da cachaça do mundo não vão ser nenhum empecilho. O Museu da Cachaça está localizado na primeira fábrica da Ypióca, em Maranguape. Lá, o visitante tem a chance de observar moendas e máquinas antigas, incluindo a Fazenda Casa Grande, construída em 1846 em estilo colonial. No acervo, mapas, documentos, fotos, filmes, máquinas, garrafas, equipamentos agrícolas, tonéis de bálsamo, dentre outros, que se unem a recursos audiovisuais e cênicos de última geração. No Museu da Cachaça também fica o maior tonel de madeira do mundo (foto), com capacidade para 374 mil litros, registrado no Guinness Book.
Junho/Julho de 2003
Impresso I do Curso de Jornalismo da Unifor. Chanceler: Airton José vidal Queiroz Reitor: Carlos Alberto Batista Diretor de Graduação: Wilhelmus Jacobus Absil Diretor do CCH: José Batista de Lima Coordenadora do Curso: Profª Erotilde Honório Concepção e edição: Prof. Jocélio Leal Projeto gráfico e edição: Prof. Eduardo Freire Edição de fotografia: Prof. Jari Vieira Revisão: Profª Solange Teles Redação: Alexandra Lima, Ana Karine Zaranza, Ana Karolina Nascimento, Elaine Priscila Gonçalves, Fernanda Chico, Kelly Pedrosa, Geogea Veras, Gledson Lima, Leane Landim, Lia Aderaldo, Maurício Filho, Renata Benevides e Saulo Xavier.
Editorial Tem gente que chega e tem gente que sai. A toda hora. A todo minuto. É assim o dia-a-dia nos terminais. Para casa, para o trabalho, para a escola. Ao dever ou ao prazer. Seja qual for o motivo, por eles passa a vida de milhares de pessoas todos os dias em Fortaleza. Terminais são vitrines ricas da cara de Fortaleza. As manias, gírias e gestos estão lá. Tudo sobe e desce dos ônibus. Pela porta da frente ou pela porta de trás. Nos terminais, todas as portas se abrem, até a do meio -- quem pega o cambão sabe o que é isso! Como boa vitrine que são, os terminais refletem o que temos de belo e de feio. Uma boa vitrine que muita gente não quer ver. Nossa criatividade para tocar a vida em frente, se possível sem paradas, como um expresso. Mas revelam também a nossa maldita dificuldade de respeitar o bendito direito de ir e vir das outras pessoas. Este Jornal do Terminal é o primeiro de uma série. Foi feito pelos estudantes e professores de Jornalismo da Unifor com a intenção maior de servir com o melhor que podemos oferecer: jornalis-
Vale tudo O vale de transporte vem sendo usado como dinheiro em vários comércios de Fortaleza e só quem acaba perdendo com isso é o consumidor. O vale-transporte hoje é vendido a R$ 1,40 e corresponde a uma passagem de ônibus, mas também pode ser trocado por um sanduíche na frente da parada ou pode ser dado como esmola aos pedintes dentro do ônibus. Doces, cartões, artigos religiosos e lanches são as mercadorias mais fáceis de se comprar com o vale dentro dos terminais. A concessão para uso dos vales de transportes foi dada pela Prefeitura Municipal de Fortaleza apenas ao Sindiônibus, mas eles vêm sendo usados em vários estabelecimentos comerciais e nos transportes alternativos. Segundo Manoel Sousa, presidente do Sindicato dos Transportes Alternativos (STA), o vale é aceito em todas as linhas. Não são só os topiqueiros que saem perdendo com essa troca, mas o consumidor também. Um vale corresponde a uma passagem inteira de ônibus que custa R$ 1,40, mas na hora da troca, ele é, normalmente, recebido por R$ 1,20. O dono de um carrinho de lanches na avenida Washington Soares recebe um vale por um sanduíche que é vendido por um real. Nesse caso, a perda total do consumidor é de R$ 0,40. Os vales arrecaJari Vieira dados por ele são vendidos por R$ 1,20.
Os terminais de Fortaleza não possuem estrutura adequada para o acesso a pessoas portadoras de deficiência. Além de nem todos os ônibus possuírem plataforma para quem utiliza cadeira de rodas, não há rampas em todos os terminais nem informações em Braile. Segundo o Gerente de Operações da Ettusa, Horácio Muniz, a legislação está sendo cumprida. Mas, de acordo com Davi Farias, presidente da Associação dos Deficientes Físicos do Ceará (Adefice), há falta de interesse da Prefeitura para atender às necessidades de acesso destas pessoas. Segundo o Chefe da Divisão de Operações da Ettusa, Sá Júnior, a Ettusa está construindo passarelas para o acesso das pessoas portadoras de deficiência. Há rampas e passarelas em nível nas plataformas na maioria dos terminais da cidade; porém, nenhum possui placas de indicação em Braile. Também há banheiros adaptados em todos os terminais. De acordo com Sá Júnior, o Terminal do Conjunto Ceará possui passarelas e não necessita de rampas porque é em nível. E o Terminal do Siqueira não precisa de adaptação porque há rebaixo de rampa em frente à bilheteria, e a passarela está na mesma altura da plataforma. No entanto, segundo Davi Farias, a estrutura arquitetônica adequada para as pessoas portadoras de deficiência motora e sensorial ainda não foi construída. “Os portadores de deficiência ainda sofrem por causa da falta de adaptações na cidade”, lamentou.
mo. Boa leitura e boa viagem!
É a fome! O Terminal Rodoviário de Messejana tem problemas com a higiene. Para os mais de quatro mil passageiros que passam diariamente pelo terminal já se tornou comum ver lixo exposto. Muito do lixo são caixas de papelão deixadas pelos boxes. Ao mesmo tempo, a correria de sair de um ônibus e entrar em outro, faz com que muitos dos passageiros nem se perguntem pela procedência do lanche, muito menos a do suco que é feito com água da torneira, sem passar por ne-
nhum processo de tratamento. “Eu não me preocupo muito, e como estou sempre apressado compro qualquer coisa pra comer”, afirma o motorista Raimundo da Silva, que toma seu café-da-manhã no terminal. O caso de Raimundo da Silva não é o único. Um dos comerciantes, que pediu para não ser identificado, afirmou que usa água da torneira para fazer sucos, por ser mais prático e ter um custo menor. O preço do suco varia de R$ 0,50 a R$ 1,00.
Isolando Os terminais de ônibus de Fortaleza oferecem algumas dificuldades para o tráfego de portadores de deficiência física, principalmente os cadeiristas, como são chamados os que andam em cadeiras de rodas. Faltam mais rampas. Para completar, as pessoas não respeitam as filas, dificultando a vida também dos idosos. Existem leis federais, estaduais e municipais que preveêm que os órgãos públicos são responsáveis
“Eu ia pro terminal pedir dinheiro, aí eu brincava...ia roubar nos quintais perto do Siqueira pra comer e ir pro videogame”, afirma D.S., de 10 anos. O depoimento é de um menino que morou no terminal do Siqueira, onde adolescentes e crianças dormem embaixo dos bancos, fazendo do local suas residências. Alimentando-se dos restos das lanchonetes e contando com a tolerância dos seguranças, meninos e meninas vão sobre-
maioria são mandados pelos pais para pedir esmola. Ao não conseguirem, se acomodam e não voltam para casas. “Minha mãe mandava eu pedir ajuda, aí eu ia comprar cola, ficava tarde, e eu não voltava mais pra casa”, conta W.O., de 13 anos, que atualmente mora no sítio da ONG Pequeno Nazareno. “De acordo com uma pesquisa feita por 11 instituições que trabalham para retirada de crianças e adolescentes das ruas, 56 crianças
vivendo no local até serem abordados por educadores sociais na tentativa de retirá-los de lá. Pelos mais diversos motivos eles vão para o terminal, na grande
moravam no terminal do Siqueira em dezembro de 2002, o que totalizava 15% das que dormiam nas ruas de Fortaleza”, afirma Marcos Costa, integrante da ONG Pequeno Nazareno.
Jari Vieira
Barreiras terminais
Jornal mural-laboratório da Disciplina Jornalismo
Jari Vieira
Jor nal do Ter minal ornal erminal
As crianças do Siqueira
Poucos elevadores Em Fortaleza, há 17 veículos adaptados com elevadores. A legislação prevê 68. Mas, de acordo com Sá Júnior, a demanda de usuários portadores de deficiência é baixíssima nos 17 ônibus adaptados, existentes em cada linha. Já Davi Farias argumenta que são necessários, no mínimo, 56 ônibus adaptados nas principais linhas para amenizar as dificuldades de acesso e atender a demanda dos 80 mil portadores de deficiência motora, na cidade. A Prefeitura começou a desenvolver um projeto para adaptar os sete terminais de Fortaleza. O projeto começou pelos terminais Antônio Bezerra e Parangaba e, segundo Horácio Muniz, será estendido a todos os terminais até setembro deste ano. Para Muniz, as adaptações estão sendo feitas somente para cumprir a legislação, pois, segundo ele, não há usuários para estes serviços. “O banheiro adaptado do Conjunto Ceará está fechado por falta de usuários. E os ônibus adaptados também não têm uso”, afirmou.
por viabilizarem o tráfego dos portadores de deficiência em locais públicos, mas isso não tem bastado. Motoristas e os trocadores afirmam que fazem a parte deles, sendo pacientes e até solidários com os portadores de deficiências. No entanto não é isso o que os populares comentam nas filas do Terminal do Papicu. Dizem que é comum haver incompreensão. O Movimento Vida (Vida, Independência, Dignidade e Ação) propõe o que chamam de atitude de cidadania autônoma, em que as pessoas portadoras de deficiências não precisem de porta-voz.
Boa ação em Maranguape O projeto da instituição acolhe meninos de até 10 anos em um sítio em Maranguape. Os educadores trabalham com jogos, desenhos e pinturas para atrair os moradores de rua a visitarem o local e decidirem se querem ou não permanecer. Lá eles têm acesso à escola e várias atividades, como aprender a capinar e jogar capoeira. A ONG recebe ajuda declarada de R$ 1.500 da Prefeitura de Fortaleza, o que equivale a R$ 20,00 dos R$ 240,00 necessários para sustentar cada uma das 74 crianças que vivem no sítio. O restante é bancado por doações. Jari Vieira
Variedade nos terminais Quem costuma circular pelos terminais de Fortaleza já deve ter se dado conta da variedade de serviços que se encontram à disposição dos usuários de transporte coletivo. Farmácias, lanchonetes, bancos, cabeleireiros e armarinhos são apenas algumas das opções. Quem pensa que encontra somente artigos importados e falsificados verá que muita coisa de qualidade. Quem garante é o senhor Ribamar, 68 anos, que mesmo aposentado trabalha há mais de 10 anos no comércio de roupas e bijuterias. Desde a fundação do Terminal
do Antônio Bezerra, Ribamar mantém um box. Lá ele vende desde balas — três unidades a R$ 0,10 — até bermudas — R$22,00 cada. Segundo ele, os artigos mais vendidos são bijuterias e miudezas em geral, os mais caros são as roupas. Como em todo comércio, a concorrência e a variedade ditam os preços. O público alvo de Seu Ribamar é a “garotadona”, como ele mesmo fala. Para esses consumidores ele oferece blusas estampadas com fotos de bandas de rock, bonés com símbolo de times de futebol, carteiras em couro e muitos mais.
da Disciplina Princípios e Técnicas de Jornalismo Impresso I do Curso de Jornalismo da Unifor. Chanceler: Airton José vidal Queiroz Reitor: Carlos Alberto Batista Mendes de Sousa Diretor de Graduação: Wilhelmus Jacobus Absil Diretor do CCH: José Batista de Lima Coordenadora do Curso: Erotilde Honório Concepção e edição: Jocélio Leal Projeto gráfico e edição: Eduardo Freire Revisão: Profª Solange Teles Edição de imagens: Jari Vieira e Ana Karine Zaranza Redação: Ana Karine Zaranza, Ana Karolina Nascimento, Fernanda Chico, Izabelle Pitombeira, Renata Benevides e Saulo Xavier.
Editorial Tem de tudo nos mercados púlaranja, é a banana, é a catuaba, é a erva cidreira, é o queijo, é o presunto, é o feijão, é o milho, é o celular, é a bateria, é a panela, é a panelada...Para onde se virar, o freguês vai encontrar o que comprar. Cada coisa no seu Box.
A cobrança de R$ 2,00 por três horas de estacionamento no Mercado São Sebastião está causando insatisfações tanto aos clientes quanto aos permissionários. Segundo Telma Martins, dona de dois boxes de carne, o preço salgado do estacionamento tem reduzido o número de clientes. “O cliente não vai deixar de comprar carne no açougue perto de casa pra vim comprar carne aqui e ainda pagar R$ 2 de estacionamento”, disse ela. Tarcísio Ximenes de Farias, vice-presidente da Associação dos Permissionários do Mercado São Sebastião (APMSS), disse
Ervas de Santana
Quem procura conforto não vai achar. Mas um passeio por um desses templos do consumo popular dá de 10 em qualquer supermercado refrigerado. Dez em histórias para dade é o que faz deles espaços ricos em vida urbana, com direito ao bom e do melhor, mas também aos podres da cidade. O que os leitores vêem e lêem agora trata-se do primeiro Mural do Mercado, pautado e redigido pelos estudantes da Disciplina Princípios e Técnicas de Jornalismo Impresso I, do Curso de Jornalismo da Unifor. É uma experiência-piloto que pretende se firmar no dia-a-dia dos mercados, com muita informação e reflexão. Nossa mercadoria é boa e de graça. Sirva-se à vontade.
Em alguns, a carne é fraca Não são todos os boxes, mas há problemas de higiene na comercialização de carnes no Mercado São Sebastião. O Mural do Mercado constatou sujeira, mau acondicionamento das carnes (muitos boxes não têm freezer nem caixa de isopor com gelo) e instalações inadequadas. Segundo a fiscal da Equipe da Carne da Vigilância Sanitária do Município, Socorro Alencar, os principais problemas no São Sebastião são a comercialização da carne de moita, provenientes de abatedouros clandestinos, o mau acondicionamento e a estrutura física do mercado não apropriada. Socorro Alencar disse que, apesar de algumas carnes virem da Ceasa onde a carne é controlada, a maioria vem de Caucaia, Maracanaú e Guaiúba sem a documentação obrigatória. Segundo ela, é impossível se fazer uma fiscalização eficiente porque os boxes só podem ser fiscalizados de madrugada. Ela diz que há riscos porque muitos permissionários andam armados. O número de fiscais é insuficiente para fiscalizar todo o município.
As visitas da Vigilância Sanitária só ocorrem, em média a cada três meses, mas deveriam ser diárias. Segundo as fiscais da Equipe de Carne não houve fechamento de boxes, só apreensões de mercadorias e multas.
que achou o aumento para R$ 2,00 demais. Segundo ele, sua proposta teria sido de aumentar o preço do estacionamento para R$ 1,50. A enfermeira Alzira Frota disse que apenas atravessou o estacionamento subterrâneo para deixar uma pessoa dentro do mercado e teve que pagar o valor integral. “Isso é um absurdo! Nem nos shoppings de Fortaleza o valor é tão alto e não há nem 20 minutos de tolerância”.
Boas maneiras A Vigilância Sanitária oferece cursos de como manipular e acondicionar os alimentos e ensina regras de higienização aos permissionários, mas segundo Socorro Alencar, o interesse é muito pequeno. A maioria das pessoas que compram carnes no Mercado São Sebastião já é cliente antigo e sempre compra nos mesmos boxes. Segundo o cliente João Epifânio, a carne não é excelente, mas compra por ser perto de casa. A permissionária Telma Martins garante que as carnes são compradas na Ceasa, todos os boxes fazem um armazenamento correto e a fiscalização da Vigilância sanitária é satisfatória.
Dicas ao Consumidor O consumo de carnes estragadas causa diversos males a saúde, desde verminoses e problemas de garganta até tuberculose e neurocisticercose, que pode levar à morte. • Só compre carnes quando ela estiver com uma cor vermelho vivo e brilhante. Ela deve estar firme e com cheiro próprio. • As aves devem estar com os músculos firmes, cor amarela pálido e brilhante, com cheiro característico e bem preso aos ossos.
Aumento da taxa irrita consumidores
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Os peixes devem apresentar uma textura consistente, escamas bem presas, olhos brilhantes e guelras de cor vermelho vivo. Verifique se os produtos estão separados de outros que possuam sabor ou/e odor estranhos. • Só adquira produtos refrigerados quando estiverem em balcões apropriados. • Observe se o funcionário está manipulando a carne e o dinheiro alternadamente sem lavar as mãos.
A ameaça dos supermercados A comerciante de hortifrutigranjeiros no Mercado Joaquim Távora, Zumira Arruda, disse que dá para viver com o que ganha, mas que antes a situação era melhor. Lembra que um dos motivos é a presença de supermercados nos arredores. Os preços do mercado são mais baratos, mas o conforto dos supermercados atrai. Depois de pouco tempo no local, o calor incomoda. O telhado do mercado é coberto por amianto, sem nenhum mecanismo para isolamento térmico. É o calor uma das principais reclama-
ções de quem freqüenta o mercado. As dificuldades aparecem quando há necessidade de encontrar algum produto específico. Não há placas indicando os gêneros vendidos e os boxes do piso inferior são misturados. Há uma papelaria ao lado de um box de frutas e verduras. O fiscal da Prefeitura, Izaías Mateus, explica que “no papel” está tudo separado por gênero, mas os comerciantes mudaram as placas com os números de lugar. “Quem quer trabalhar direito não consegue”, disse Mateus.
O homem, o mercado e o tempo O dia começa ainda trabalhar no São Sebastião, escuro. O homem se na época Mercado Paula acorda à 1h da manhã, Pessoa e estrutura francesa arruma suas coisas, toda em ferro. A rotina de Satoma banho e vai para o raiva é a mesma de domingo Mercado São Sebastião. a domingo. O que mudou foi Ele chega ao trabalho o homem e o mercado. Hoje entre 2h e 3h e fica seleele não é mais um jovem que Zé Saraiva: a mesma rotina desde 1957 cionando as bananas precisava trabalhar para susque chegam da serra até às 5 da manhã, tentar seus três filhos pequenos nem o Merquando o Mercado abre suas portas. Meiocado se parece com o de antes. dia vai para casa almoçar e, logo em seguiO jovem de outrora, agora, é um homem da, volta e fica a tarde inteira até às cinco de cabelos brancos, semblante calmo, mãos quando o Mercado se fecha e o manda para calejadas pelo trabalho e a aparência de avô. casa. Toma banho, janta com a esposa, Saraiva não trabalha para viver e sim, vive tracompanheira de anos, e às oito da noite vai balhando. “Eu acho é bom ficar aqui. Passar o para cama, afinal, amanhã ele terá que fazer dia dentro de casa é a pior coisa do mundo”. tudo isso de novo. Hoje, o homem e o mercado se vêem Esta é a rotina de José Saraiva, 70 olhando para o passado comum e esperam anos, desde 1957. Foi quando começou a juntos um futuro bom para ambos. Ana Karine Zaranza
contar, 10 em surpresas. Essa varie-
Maria dos Santos Pinheiro, ou simplesmente Dona Santana, vende ervas naturais no Mercado Joaquim Távora. Ela oferece de tudo na sua Farmácia Viva. Tem xarope, lambedor, pepaconha, mastruz, gengibre, romã e boldo. Aroreira também tem. Dona Jari Vieira Santana não apenas vende, como também orienta, ao seu modo, como o consumidor deve utilizar. Ela garante que os remédios naturais dão resultado. “Já soube de casos de pessoas que se curaram só com as ervas, mas acho que é interessante também procurar o médico”, pondera. O cuidado dela é ratificado pela Santana: vende e orienta farmacologista Mirela Vieira. Segundo Mirela, os medicamentos naturais precisam ser administrados com cuidado. “Se usados de maneira inadequada o quadro do paciente pode ser agravado”, adverte.
Higiene
Jari Vieira
blicos de Fortaleza. É a batata, é a
Variedade e distribuição eclética dos boxes. Esses são as principais marcas do mercado Joaquim Távora, que fica na avenida Pontes Vieira 457, entre as ruas Fiscal Quanto se paga* Vieira e Capitão Gustavo. Refeição – R$ 46,30 Numa caminhada pelo Variedades – R$ 26,87 mercado é possível constatar Ervas medicinais, frutas/ algumas complicações que verduras e produtos podem dificultar o comércio. regionais – R$ 15,97 Problemas de sinalização no Confecção, calçados e interior, a desorganizada disbijuterias – R$ 23,24 tribuição dos boxes e a pouca Frios, peixes e carnes – ventilação são fatores que exiR$ 30,50 gem mais criatividade para Restaurantes – R$ que se venda bem. 29,05 “Mercado público é pra *Taxa mensal por permissionário ser bem variado. Você vende a sua banana e o seu maracujá aqui e eu vendo o meu chinelo e o meu plástico ali. É assim que tem que ser em um mercado. E, no Joaquim Távora é assim, bem variado”, declara Izaías Mateus, fiscal da administração. E é seguindo essa “lei” que alguns comerciantes dentro do mercado pretendem abrir um cybercafé até o final do ano. Novamente, a ousadia em meio as dificuldades dá ao mercado Joaquim Távora forças para sobreviver diante dos supermercados e hipermercados 24 horas.
Ana Karine Zaranza
Mural do Mercado é um jornal laboratório
Tem sal no estacionamento
Ana Karine Zaranza
Expediente
Tem de tudo no Joaquim Távora
Ana Karine Zaranza
Junho/Julho de 2003