Sobpressão é tema de pesquisa em Universidade do RS André Britto
Qual a importância do jornal-laboratório para o Curso de Jornalismo? Certamente, muitos estudantes já se fizeram essa pergunta.Um jornal-laboratório tem de encontrar um caminho e se tornar um diferencial. Em apenas seis edições, o Sobpressão, produto da disciplina Projeto Experimental em Jornalismo Impresso, ministrada pelo professor Nilton Almeida, conseguiu ter seu trabalho jornalístico e investigativo reconhecido em outros estados do Brasil. A estudante Yaskara Ferreira Pinto, do curso de Jornalismo da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), no Rio Grande do Sul, discutiu em artigo a importância do Sobpressão na consolidação de um modelo eficiente de jornal-laboratório. O jornal do Curso de Jornalismo da Unifor foi comparado com o Unicom, da Unisc, como exemplo de jornal-labo-
ratório por saber o que, para quem e de que forma falar. De um olhar mais profundo, onde a regra é aprender, exercitar e observar é que nascem as pautas do Sobpressão. Como exemplo, a estudante utiliza a sexta edição que falou sobre os “lugares proibidos” de Fortaleza. A constante busca pelo novo fez com que essa edição servisse de objeto de estudo na Universidade do Rio Grande do Sul, sendo considerado modelo de jornal-laboratório a ser seguido. O que prova que não basta somente pautar assuntos que os grandes veículos ainda não abordaram. É preciso saber observar e escrever sobre o cotidiano, os dramas humanos, as mazelas da sociedade de uma forma que a comunidade possa se sentir
representada. Assim, o Sobpressão se consolida como jornal-laboratório que tem na comunidade acadêmica seu público alvo. Um veículo democrático onde os alunos sugerem temas de seu interesse, assuntos em discussão na sociedade ou que não foram devidamente esclarecidos. De acordo com a pesquisa feita pela estudante da Unisc, o Sobpressão inova por ter proposta socialmente engajada e estar direcionado para determinado público. Umas das regras é testar novas alternativas para atingir o leitor e não simplesmente ficar na mesmice. Não basta escrever por obrigação, por mero exercício escolar. É necessário paixão, ação e boa pitada de experimentação para
conseguir compreender todas as fases da produção de um jornal, do nascimento das idéias ao produto final. O estudo considera que as matérias do Sobpressão são longas e reconhece o jornal como um veículo que denuncia, investiga, analisa e observa as “verdades” com desconfiança. Dessa forma, o jornal-laboratório da Universidade de Fortaleza conquista novos públicos, ultrapassando seus muros. O artigo revela ainda que os assuntos tratados pelo Sobpressão não são simplesmente relatados a partir do que todos já sabem. A busca pelo lado obscuro e desconhecido dos fatos é constante. Além da mídia tradicional é de grande valia um jornal-laboratório poder falar a partir da academia e trazer a notícia sob outro foco. A busca pelo diferente, desconhecido e a capacidade de investigação fizeram o Sobpressão ter seu trabalho reconhecido em terras tão longínqüas. Estamos fazendo escola até no Rio Grande do Sul.
balhos, as pessoas passam a conhecer melhor os produtos realizados no decorrer do curso. Foto: Wilton Martins
A I Mostra de Jornalismo da Unifor realizou-se no último dia 30 de agosto. A iniciativa partiu das alunas Janine Maia e Manuela Bandeira que e contou com a colaboração da Coordenação do Curso e dos professores . A mostra aconteceu no hall do bloco T da Universidade. Os produtos finais das disciplinas foram expostos, dentre os quais a revista A Ponte, produto final da disciplina Princípios e Técnicas de Jornalismo Impresso II, os jornais Murais e da Bandeja, trabalhos realizados pelos alunos de Princípios e Técnicas do Jornal Impresso I, e o Sob
pressão, da disciplina Projeto Experimental em Jornalismo Impresso. No estúdio de televisão foram apresentados os produtos audiovisuais, como a revista eletrônica Clipping , da disciplina Princípios e Técnicas em Telejornalismo II e o programa de variedades É o quê? , de Projeto Experimental em Telejornalismo. A I Mostra de Jornalismo da Unifor contou com a participação da Doutora em Sociologia e cantora Idilva Germano, que falou sobre as alegorias do Brasil. Segundo os estudantes Thomas Rafael e Marta Melo, ambos do 4º semestre, a mostra é de grande relevância para todos os alunos, pois além de serem exibidos os tra-
lança 3ª edição Alunos de jornalismo no estúdio de TV
Produtos de alunos da Unifor fazem sucesso na Expocom Quatro produtos desenvolvidos pelos alunos do Curso de Jornalismo e um produto feito por estudantes do Curso de Publicidade e Propaganda, da Universidade de Fortaleza, foram premiados na 12ª “Exposição em Pesquisa Experimental em Comunicação”(Expocom), ocorrida no Rio de Janeiro, em 7 de setembro. A exposição reuniu o que há de melhor nas áres de Jornalismo e Publicidade e Propaganda, dentro do meio acadêmico nacional. O evento teve mais de três mil trabalhos inscritos, produzidos por alunos de 117 instituições de ensino superior de todas as regiões do país. Pelo Curso de Jornalismo da Unifor , o Mural do Teatro, da disciplina Princípios e Técnicas de Jornalismo Impresso I, ganhou a primeira colocação na categoria Jornal Mural. Já no Curso de Publicidade e Propaganda , os alunos Lucas Sancho e Ticiane Araújo conquistaram o primeiro lugar na categoria Produto Grá-
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fico, com o trabalho de planejamento do Display MTV ao vivo, do cantor Roberto Carlos, que consiste em um suporte para a exposição de CDs e DVDs. Além disso, o jornal Mural do Beco da Poeira, finalista na categoria Jornal Mural, foi contemplado com Menção Honrosa. A idéia principal dos Jornais Murais é discutir temas específicos da Cidade de Fortaleza . Mas na área de Jornalismo, não foram só os Jornais Murais que fizeram sucesso na 12ª Expocom. Na categoria Jornal Impresso, o Jornal da Bandeja, também produzido pela disciplina Princípios e Técnicas de Jornalismo Impresso I, e que é distribuido na praça de alimentação do Centro de Convivência da Unifor, recebeu menção honrosa . Além disso, na área de televisão, o Programa Clipping, da disciplina Princípios e Técnicas em Telejornalismo II, conquistou o terceiro lugar na categoria Telejornal, atrás apenas da Pontifícia Universidade Católica (PUC), do Rio de Janeiro, que obteve o
O exemplo de São Paulo Cidades diminuem violência com Lei Seca (páginas 8 e 9)
Discussão P olêmica chega ao Ceará (páginas 4 e 5)
Indústria da Cachaça A “caninha” brasileira conquista o mercado internacional (páginas 10 e 11)
Alcoólicos Anônimos Irmandade prega o lema “cada dia sem beber, uma vitória” (páginas 6 e 7)
Sobpressão Jornal laboratório é tema de artigo na Universidade de Santa Cruz do Sul (página 12)
Revista “A Ponte”
Ana Paula Almeida
Saulo Rêgo
Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza
Dando a volta por cima Clodoaldo, atacante do Fortaleza, conta como superou problemas com o álcool (página 3)
Primeira Mostra de trabalhos jornalísticos da Unifor Camilla Andrade
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primeiro lugar, e da Faculdade Estácio de Sá, de Campo Grande, que ficou em segundo. A expocom aconteceu simultaneamente ao 28° Congresso da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares em Comunicação (Intercom).
A terceira edição da revista A Ponte, produto da disciplina Princípios e Técnicas de Jornalismo Impresso II, ministrada pela professora Geísa Matos, foi lançada em 22 de agosto. A matéria de capa traz a reportagem “Animação Pai D’égua”, que destaca o crescimento do cinema de animação no Ceará. O evento contou com a presença de Ricardo Juliani, diretor de animação do Núcleo de Cinema de Animação do Ceará (Nace). Na ocasião, foram apresentados trabalhos produzidos no Núcleo, que funciona na Casa Amarela Eusélio Oliveira, localizada na Avenida da Universidade. Os alunos que participaram da edição falaram sobre a experiência adquirida na produção das matérias e no processo de construção e escolha das pautas. Prestigiaram o lançamento o diretor do Centro de Ciências Humanas, José Batista de Lima, e a coordenadora do Curso de Jornalismo, Erotilde Honório, que destacaram a importância da revista para os alunos.
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Editorial
Você é contra ou a favor da Lei Seca?
Lei Seca: a exigência do debate Os brasileiros debatem, há tempos, um dos mais graves problemas da sociedade contemporânea: os altos índices de violência, em especial nos grandes centros urbanos. Pesquisas revelam que desordens familiares, assaltos, brigas e até mesmos assassinatos e homicídios decorrem do uso excessivo do álcool. Para tentar diminuir o grau da criminalidade, discute-se a implantação da Lei Seca, que consiste em fechar bares ou estabelecimentos do gênero, no horário de 23 horas às 6 horas, inclusive finais de semana, procurando evitar o prolongamento do consumo de bebidas. O primeiro questionamento reside na seguinte pergunta: será que o fechamento de bares mais cedo e a diminuição do consumo
de bebidas alcoólicas mudam o quadro da criminalidade? A comprovação da eficácia do polêmico instituto tem como base os exemplos de algumas cidades, sobretudo no interior de São Paulo, nas quais a lei mudou hábitos e estatísticas. Um exemplo é Diadema, na Grande São Paulo, onde 50% dos homicídios ocorriam entre 21 horas e 6 horas. Inserida no rol de municípios violentos antes da adoção da lei, em 15 de julho de 2002, principalmente em relação a homicídios, Diadema começou a reduzir a violência,
apresentando resultados que motivaram outras comunidades. No Ceará, a implantação da Lei Seca ganhou declaração favorável do governador Lúcio Alcântara, embora não tenha passado disso. E o fato é que nada de concreto existe, a não ser alguns sinais. A Prefeitura de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, por exemplo, colocou o tema em debate, mas só isso. Ao contrário de Diadema, a Lei Seca nos municípios cearenses ainda não encontrou motivos e razões suficientes para uma decisão que exige urgência. O Sobpressão conversou com representantes de prefeituras e de órgãos como Instituto Médico Legal, Instituto José Frota, Polícia Rodoviária Federal, Detran, Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social. Percebe-se certa resistência em relação ao projeto, sob alegação de que não há dado específico que relacione álcool com a violência. Nas prefeituras prevalece a noção segundo a qual as estatísticas apresentam margens de erro elevadíssimas, apesar da concordância de que o aumento da criminalidade está, certamente, associada ao consumo de bebida alcoólica. Em Maranguape, o prefeito vai além e diz que só a implantação do Projeto da Lei Seca é insuficiente para reduzir a violência. Na terra de Capistrano de Abreu, outros projetos voltados para ações culturais, como teatro, biblioteca e museu, são desenvolvidos junto à comunidade, particularmente entre os jovens, como opções capazes de diminuir a violência. A sétima edição do jornal laboratório do Curso de Jornalismo da Unifor procura recolocar a questão em discussão, tirá-la das gavetas, rompendo a inércia que se criou em relação ao tema. Nesta edição, poretanto, o leitor encontra matérias que debatem os diferentes aspectos da Lei Seca, entrevistas com usuários de bebidas alcoólicas, reportagem enfocando os freqüentadores dos Alcoólicos Anônimos (A.A.) e um recorte sobre os números e a economia em torno da indústria de bebida alcoólica. Trata-se de uma contribuição objetivando fomentar o debate.
Eu sou contra porque é uma medida autoritária, uma medida que não diminui em nada o consumo de bebida acoólica e nem a violência, porque se você quer beber ,você bebe em casa. Existe um problema muito maior do que esse. São os postos de gasolina, onde se vende bebida alcoólica e os jovens ligam o som dos carros e ficam bebendo lá e eles compram antes das dez horas sem problema nenhum. Marco Aurélio ( Estudante do 5° semestre do Curso de Jornalismo)
Dependendo da circunstância eu sou a favor. Na realidade eu considero o álcool uma das drogas mais perigosas. E se houvesse uma regulamentação de horário seria um benefício para a população, porque altera consideravelmente o comportamento das pessoas, o excesso do álcool. E nem todas as pessoas sabem beber na medida correta . Então, em determinadas circuntâncias eu sou a favor. Helena Matos (Coordenadora da TV Unifor e Professora do Curso de Jornalismo)
Eu não tenho opinião formada. Mas acredito que tem outras possilidades de diminuir a violência. Não necessariamente através dessa lei.Luciana Lins ( Estudante do 6º semestre do Curso de Publicidade de Propaganda)
Eu sou a favor de uma reformulação. Você tem que ver o outro lado da cidade, se os bares forem fechados geralmente às onze da noite, quando está começando a noite em Fortaleza, eu acho que isso vai prejudicar. Waleska Thompsom ( Estudante do 5° semestre do Curso de Jornalismo)
Eu não sou a favor da lei seca, porque eu vejo que os négocios como bares, restaurantes, barracas de praia , inclusive hotéis que têm um grande fluxo turístico vão ser prejudicados. Não é legal você prejudicar negócios. É claro que é importante você ter aquela questão de diminuir a arruaça, diminuir a quantidade de brigas . Mas por outro lado existem soluções melhores, porque vai prejudicar a economia, e muita gente vai ficar desempregada . Eu sou a favor de geração de emprego e renda. Fernando Alves ( Estudante do 8° semestre do curso de adminstração)
Expediente Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza (Unifor) - Disciplina: Projeto Experimental em Jornalismo Impresso - Fundação Edson Queiroz Universidade de Fortaleza (Unifor) - Diretor do Centro de Ciências Humanas: José Batista de Lima - Coordenadora do Curso de Jornalismo: Erotilde Honório - Reportagem e Edição: Ana Karine, Paula Neves, Izakeline de Paiva, Juliana Rolim, Tiago Coutinho, Camila Rocha e André Henrique - Fotógrafos: Ana Karine, Paula Neves, Juliana Rolim, Tiago Coutinho e João Henrique - Projeto gráfico: Eduardo Freire - Diagramação: Aldeci Tomaz - Professores orientadores: Nilton Melo Almeida e Aderson Sampaio- Conselho Editorial: Geísa Matos, Nilton Melo Almeida e Paulo Ernesto Serpa - Supervisão gráfica: Francisco Roberto - Impressão: Gráfica Unifor - Tiragem: 2.000 exemplares Estagiário de Produção Gráfica: Eduardo Martins e Omar Jacob - Estagiários de Redação: André Britto, Ana Paula Almeida, Camilla Andrade e Saulo Rêgo
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Ceará e Pernambuco produzem 24% da cachaça nacional A cachaça, segundo a Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), é a bebida destilada mais consumida no Brasil e a terceira do mundo. O Brasil produz, aproximadamente, 1,3 bilhão de litros, e o Ceará está empatado com Pernambuco na vice-liderança dos produtores de aguardentes, sendo responsáveis por 12% cada. O primeiro lugar fica com São Paulo. Apesar de não existirem números que façam uma radiografia sobre o setor de fabricação de bebidas alcoólicas no Estado, pelo tamanho da produção dá para se ter idéia da importância dessa indústria na economia da região. O Sindicato da Indústria de Bebidas no Ceará (Sindbebidas) não tem dados sobre quantos alambiques existem no Ceará. Entretanto, duas grandes e tradicionais empresas cearenses vêm ganhando espaços e preferências no Brasil e no mundo. São elas a Colonial e a Ypióca. Segundo a assessoria de imprensa da Ypióca, o grupo tem capacidade para produzir 80 milhões de litros por ano e gera 1.900 empregos diretos e 18 mil indiretos. A entrada no mercado externo, desde 1968, fez com que a Ypióca expandisse suas vendas para Alemanha, Espanha, Itália, Estados Unidos, França e Grécia. Contudo, a Alemanha é o principal parceiro da empresa cearense, com cerca de 17% das exportações. Na medida em que cresce o mercado consumidor estrangeiro, os fabricantes preocupam-se em agregar mais valor à bebida, seja em controle de qualidade, seja em embalagens mais finas, com o objetivo de se inserir nos melhores pontos de consumo do país, ao lado de outras bebidas destiladas já consagradas. Por isso, foram criados produtos especialmente voltados para a exportação, como a Ypióca Rio. A Colonial também lançou novos produtos para o mercado externo, como a Colonial Coco. O Governo Federal, que lançou campanha de divulgação da cachaça no mercado internacional como bebida típica do Brasil, quer regulamentar a cachaça em
termos de legislação e normas de produção, comercialização e exportação. Segundo a Abrade, os resultados já começaram a aparecer porque registrou-se, na última década, crescimento de 10% ao ano nas exportações. Em 2005, somente em janeiro e fevereiro, as exportações atingiram cifras de US$ 2 milhões. Em relação ao mercado da indústria de cerveja, segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindcerv) o Ceará é o oitavo maior produtor nacional enquanto o Brasil ocupa a quinta colocação no ranking da produção mundial. Não existe nenhum dado sobre o que se produz, nem o número de empregos ligados ao setor no estado. A reportagem tentou conseguir informações com empresas instaladas no Ceará, mas nenhuma se dispôs a atender. O Sindbebidas também não tem informação sobre produção e consumo de cerveja no Estado. De acordo com a Sindcerv, 47 fábricas possibilitam o acesso a 150 mil postos de distribuição. O consumo de 2004 foi de 8,5 bilhões de litros. No Ceará, o consumo atingiu 170 milhões de litros em 2003.
Raízes orientais A cachaça, bebida conhecida mundialmente como típica do Brasil e com a qual se elabora a caipirinha (também único drinque nacional reconhecido internacionalmente), tem sua história muito antes da colonização do país pelos portugueses. Os primeiros relatos sobre a fermentação são dos egípicios. Mas o registro da obtenção da acqua ardens (água ardente) é dos gregos. A aguardente da Europa foi para o Oriente Médio em decorrência da expansão do império romano. E foram os árabes que descobriram os equipamentos para a destilação semelhantes aos de hoje. No Brasil, a história da destilação da cachaça começa praticamente com o desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar. No início, segundo o site da Assossiação Brasileira de Bertenders, a cachaça era uma bebida extraída a partir de uma espuma que
Em Maranguape, a Ypióca garante que mantém o maior tonel de cachaça do mundo boiava nos tachos em que era fervido o suco para a fabricação do açúcar. Para purificá-lo, a espuma era retirada e servida aos animais com o nome de cagaça. Especula-se que os índios descobriram que a cagaça fermentava-se ganhando teores alcoólicos. Da evolução da semântica da cagaça surgiu a cachaça. Sua origem brasileira, como bebida fermentada , está situada entre os anos de 1534 e 1549. Em 1572, a alambicagem da cana-deaçúcar já estava presente em quase todos os engenhos do Brasil. A cachaça, como ensina Costa e Mello, no livro “Histórias do Brasil”, virou moeda no período colonial, “não era raro encontrar destilarias
funcionando como subsidiárias do engenho. Eram as engenhocas, isto é, engenhos que produziam exclusivamnete cachaça”. Essa bebida tinha importante papel na economia, pois era elemento de troca no escambo de escravos. No Ceará, uma das mais antigas e tradicionais empresas de aguardente é a Ypióca. Desde 1846, a família Telles fabrica aguaardente. Em 1968, foi uma das primeiras empresas a exportar para a Alemanha. A Colonial, fundada em 1923, e passou a disputar mercado com a Ypióca. Com o tempo e a concorrência das grandes empresas, muitos outros pequenos alambiques foramdesaparecendo.
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Pouca bebida, muita bola: a nova fase do “matador” do leão Foto: Paula Neves
A indústria da
CACHAÇA A cachaça, segundo a Associação Brasileira de bebidas (Abrade), é a bebida destilada mais consumida no Brasil e a terceira do mundo. O Brasil produz, aproximadamente, 1,3 bilhão de litros, e o Ceará, com 12%, está empatado com Pernambuco na vice- liderança dos principais produtores de aguardentes. O primeiro lugar fica com São Paulo.
ensinou bastante, consegui aprender. Tenho certeza de que, se Deus quiser, isso nunca mais vai se repetir.
Sobpressão: Como você lida com o que é veiculado na mídia quando se trata da sua vida pessoal, da sua relação com a bebida? Clodoaldo: Isso tudo é um pouco difícil, até porque aonde eu chego todo mundo me reconhece. Sempre existirão pessoas que estão a fim de tirar uma casquinha, mas eu estou tranqüilo, deixa que eles aproveitem. Às vezes até eu não tento responder a esses comentários, essas fofocas, para dar minha resposta dentro de campo. Eu acho que é isso que me ajuda a lidar com as fofocas que aparecem na mídia.
Sobpressão: Você atribui a alguém em especial a sua volta por cima ou acredita que ela partiu sobretudo de um esforço pessoal? Clodoaldo: Atribuo, primeiramente, a minha família; depois, ao trabalho. Aquele momento em que estava me excedendo um pouco estava me atrapalhando, e o meu instrumento de trabalho é o meu corpo, então consegui assimilar e distinguir o momento de lazer e o momento do trabalho. Graças a Deus, hoje eu vejo o resultado. O alicerce de tudo é a família, tenho muito a agradecer a eles. Tem também algumas pessoas que, nesse tempo em que passei afastado, me ajudaram muito. Serviu até para descobrir quem são os meus verdadeiros amigos.
Sobpressão: Então, muito do que é associado a você é exagero? Clodoaldo: A maioria das coisas é mentira das pessoas. As pessoas que trabalham comigo, que me conhecem há mais tempo, sabem da pessoa que eu sou. Eu acho que é muito fácil se falar de uma pessoa com quem não se convive, que só se vê na televisão. Hoje eu estou vivendo um momento muito bom, graças, primeiramente, a Deus. Então, é procurar trabalhar mais ainda para que as coisas possam acontecer naturalmente.
Sobpressão: E o Fortaleza o apoiou neste processo? Clodoaldo: Acho que sim, afinal as pessoas só são cobradas quando têm capacidade, e isso, graças a Deus, eu tenho. A partir do momento que o Clodoaldo está mal dentro de campo, com certeza as pessoas irão começar a falar do lado de fora, mas estou tranqüilo, sei que daqui para frente isso não vai mais acontecer.
Sobpressão: Surgiram informações de que você teria se tornado evangélico e que a religião teria ajudado você a deixar de lado os excessos com a bebida. Isso realmente aconteceu? Clodoaldo: Não, eu sou católico. Aconteceram umas coisas na minha família que acabaram me apegando muito a Deus, mas eu sou católico. Clodoaldo no gramado do Castelão Sobpressão: Você concorda existe, de fato, uma relação entre a bebida e a sua má fase no futebol? O excesso teria colaborado? Clodoaldo: Creio que atrapalhou um pouco, mas quem tem a cabeça no lugar e tem responsabilidades sabe assimilar os momentos difíceis e os momentos bons, e eu sei fazer isso com facilidade. Graças a Deus, a cada dia, estou dando a volta por cima. Sobpressão: Em que momento exatamente você começou a perceber que tinha que abandonar aquela rotina de excessos? Clodoaldo: Há dois anos, mais ou menos, acho que comecei a perceber tudo. Passei esse tempo todo, bem dizer, desempregado. Só não estava desempregado porque tinha cinco anos de contrato com o Fortaleza, mas se não fosse isso acho que não saberia nem o que eu iria fazer. Mas agora estou tranqüilo, é procurar viver um outro momento, pensar no futuro, procurar esquecer o passado, que me
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O atacante do Fortaleza Esporte Clube, Francisco Clodoaldo Chagas Ferreira, 25 anos, conhecido como “matador”, começou a perceber que os excessos com o álcool estavam lhe atrapalhando há mais ou menos dois anos. Foi quando se convenceu de que bebida alcoólica e esporte não combinam. Casos envolvendo jogadores de futebol e bebida já chamavam atenção em meados do século passado, em um tempo no qual eram pouco comuns a rotina de treinamentos, as rigorosas dietas e os longos períodos de concentração. Naqueles tempos, era notório que jogadores, como o craque Garrincha, do Botafogo, tinham relação muito íntima com a bebida. Se naquela época ainda não associavam o desempenho dentro de campo com os momentos de lazer e os excessos com o álcool, hoje, ao contrário, esse hábito tornou-se condenável na vida de qualquer atleta. Atualmente, Clodô, que a torcida chegou a apelidar de “Clodoálcool”, embora se negue a abrir mão dos momentos de lazer, admite que é preciso disciplina e dedicação para que o seu trabalho seja reconhecido e sente-se feliz por ter superado a má fase. Sobre a proposta de implantação da Lei Seca no Estado, o baixinho, embora diplomático, argumenta que talvez essa não seja a melhor solução para reduzir a violência no Estado.
Sobpressão: E, hoje, como você avalia sua nova rotina longe dos excessos? Clodoaldo: Hoje me sinto bem melhor. O que eu passei me fez refletir, me ajudou a colocar a cabeça no lugar. Cheguei pra mim e falei que as coisas não tinham acontecido à toa, que, com certeza, mais para frente, viriam outras. Hoje, essas coisas já estão acontecendo. Agora é tentar evitar ao máximo e começar a pensar em concretizar um grande sonho meu, que é ir para uma equipe de maior estrutura, é com isso que qualquer jogador sonha. E, enquanto isso não acontece, a gente vai vivendo a realidade. A realidade hoje é o Fortaleza, e o Fortaleza é a minha vida. Sobpressão: Quem são seus ídolos? Clodoaldo: A d m i r o b a s t a n t e o Ronaldinho, o Ronaldinho gaúcho, o Robinho, mas meu ídolo mesmo era o Dener, que jogava no Vasco. No Brasil, em geral, existem grandes jogadores, como Romário e outros. São nesses atletas mais famosos que procuro me espelhar para, quem sabe um dia, eu possa ser reconhecido assim como eles são.
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Capitais também discutem adoção da Lei Seca Freqüentadores de bares de alguns municípios do Ceará podem voltar para casa mais cedo. O motivo é a idéia de implantação da Lei Seca, em vigor em alguns estados brasileiros e que está contribuindo para a redução dos índices de violência. Izakeline Ribeiro e Tiago Coutinho
“Dar uma esticadinha após o trabalho”. “Sair de casa sem se preocupar com a hora de voltar”. “Beber até a última gota do bar”. Expressões como essas podem sair do vocabulário de moradores de alguns municípios do Ceará. Em especial, Maranguape, Maracanaú e Caucaia. O motivo é a possível implantação da Lei Seca nessas cidades. Mas por enquanto, nada de concreto. Tudo se encontra no âmbito das discussões e especulações. A única certeza é que as prefeituras demonstram interesse em concretizar a idéia, colocada em prática recentemente em Recife e São Luís. O governador do Estado, Lúcio Alcântara, inclusive já manifestou seu apoio. A Lei Seca consiste em fechar bares e estabelecimentos similares da cidade a partir de determinado horário da noite. Desta forma, acredita-se que é possível reduzir os índices de violência no local. A lógica não é nova e nem original. Essa história começa de muito tempo e de longe.
História Ainda como prenúncio da Lei Seca, em 1º de Julho de 1916, 24 estados americanos proibiram a comercialização de bebidas alcoólicas. No entanto, somente em 17 de janeiro de 1920, com a aprovação da 18ª emenda à constituição, entrou em vigor a Lei Volstead, que caiu na boca do povo como a famosa Lei Seca. Proibia a fabricação, a distribuição e o consumo de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos. Ironicamente, no mesmo período, houve maior consumo de bebida alcóolica nos EUA. De acordo com o artigo “ A Colômbia é aqui” da professora de história e geografia Tânia Mara Garcia , os efeitos da experiência da proibição do álcool transformaram-se em verdadeiro desastre. A fabricação e distribuição ilegais deram origem aos gângsteres e espalhou a corrupção entre policiais. “Os criminosos acumularam fortunas fantásticas e infiltraram seu poder em todas as instituições de governo. Juízes e promotores eram facilmente comprados, parlamentares eram abertamente eleitos pelo crime organizado, chefes de polícia faziam parte da folha de pagamento do gansterismo”, explica a professora. Enquanto antes da proibição, havia em Chicago 18 mil bares legais, durante a
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Cidade de Diadema em São Paulo proibição registraram-se mais de 32 mil bares na ilegalidade. Neste período entrava no cenário mundial Al Capone, um dos maiores gangsteres da história. Nunca houve condenação alguma por qualquer desses crimes, e a seguran-
fim pelo mesmo motivo da implantação: alto índice de criminalidade.
Experiência Apesar da desastrosa experiência dos Estados Unidos, a Lei Seca parece ter gera-
“A situação já estava tão crítica que a população aceitaria qualquer proposta de combate à violência aceitaria” Silvia Duarte, assessora de imprensa da Prefeitura de Diadema
ça da população passou a ser definida pelos interesses da máfia. A sensação de caos e impotência era o sentimento comum nas grandes cidades. Em 1933, no governo de Franklin D. Roosevelt, a Lei Seca nos EUA chegou ao
do bons frutos em outros lugares. A cidade Diadema da Região Metropolitana de São Paulo, por exemplo, foi uma das pioneiras na decisão de adotar a Lei Seca para combater a violência no município (leia mais na página 8). De acordo com dados da Prefei-
tura, a cidade possui 4,8 mil bares e similares, o equivalente a 80 habitantes para cada estabelecimento. A assessora de imprensa da Prefeitura de Diadema, Silvia Duarte, diz que antes da implementação da Lei de fechamento de Bares, Diadema estava entre as cidades mais violentas do País. Atualmente, a cidade tem sido reconhecida como modelo nacional e internacional no combate à violência, mas não só devido à Lei Seca. Silvia Duarte explica que o êxito só foi possível com a execução de outras políticas públicas. A criação da lei de fechamento de bares se concretizou devido ao diagnóstico de que 60% dos homicídios ocorridos no município ocorriam entre 23 e 6 horas e nas proximidades de locais que vendiam bebidas alcoólicas. Antes de ser implantada, houve discussão em conjunto com comerciantes e a população. Segundo a assessora, não houve resistência por parte da sociedade nem dos comerciantes. “A situação estava tão crítica que a população aceitaria qualquer proposta
Em Curitiba, a iniciativa partiu do deputado estadual Plauto Miro, líder do PFL na Assembléia Legislativa do Paraná. Pesquisas na área de segurança pública indicam que cerca de 60% dos crimes de homicídio ocorrem dentro de bares ou em áreas próximas a eles. Como todo projeto de lei, este apresenta críticas e contraataques. O presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes da capital, Emerson Jabur, é contra a medida, e alega que o setor não pode ser apenado pela ineficácia do policiamento. Já em Campo Grande, a Câmara Municipal deve votar ainda este ano a implantação da Lei Seca. O projeto prevê o fechamento dos bares e a proibição da venda de bebidas alcoólicas num raio de 200 metros de escolas públicas e privadas. Nas proximidades desses estabelecimentos, só poderão ser vendidos sucos e lanches. A discussão da proposta, sugerida pelo secretário da Segurança Pública do Estado, Dagoberto Nogueira, tem mobilizado empresários, donos de bares, líderes comunitários e sindicalistas. Em Brasília, uma portaria do governo do Distrito Federal também baixou o decreto da lei Seca, depois de um ano de polêmica na justiça. A portaria foi suspensa por liminar em março de 2002, três meses após sua publicação, e recentemente retomada. A lei limita também o horário de funcionamento dos bares. As punições vão de multa a suspensão do alvará. Os supermercados estão fora do sitema. A portaria diz que “os estabelecimentos que comercializam bebidas alcóolicas situados em área residencial encerrarão suas atividades às 22 horas”.
Nas áreas comerciais, que concentram a maioria dos bares do Plano Piloto de Brasília, o limite é 3 horas. Nas áreas mistas, onde há residências e prédios comerciais, o limite é meia-noite —muda para as 2 horas às sextas e aos sábados e em feriados e vésperas. Interessado em diminuir a criminalidade, o governo do Distrito Federal começou a fiscalizar as 23 cidades do entorno.Caso sejam flagrados funcionando fora do horário estipulado e sem autorização, os bares são notificados. Depois de três reincidências, eles têm a licença de funcionamento cassada. Já na capital paulista, pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revela que, nos primeiros nove meses deste ano, foram evitados 273 homicídios em comparação ao número de casos registrados no mesmo período dos sete anos anteriores à implantação da Lei Seca, em julho de 2002. A diminuição equivale, aproximadamente, à prevenção de 11 mortes ao mês. Em comparação com 1999, quando o número de homicídios registrados na cidade bateu recorde, a redução chega a 19,5 casos. Em Goiânia, a Lei Seca também está em tramitação. Estabelece que o horário de funcionamento de bares, restaurantes e similares que comercializam bebidas alcoólicas vai depender de algumas situações específicas, como por exemplo, a localização e o número de ocorrências policiais registradas nos últimos seis meses na região onde se localiza o estabelecimento. Todos os estabelecimentos terão prazo, a contar da data da publicação do
decreto, para requerer a licença especial prevista na Lei Complementar de 29 de dezembro de 1992. O decreto alerta que a licença será revogada se o funcionamento do comércio de bebidas alcoólicas comprometer a segurança, o sossego público, caso venda o produto para menores de 18 anos e se o proprietário
Estatística
As mudanças em Diadema com a implementação da Lei Seca ANTES
DEPOIS
Em 1999, foram registrados 1,2 assassinatos por dia.
Em 2004, a média de assassinatos foi de uma ocorrência a cada três dias.
Em 2001, o número de homicídios sofridos por pessoas entre 16 e 30 anos foi 153.
Em 2004 , 83 pessoas, com idade entre 16 e 30 anos , foram vitímas de assassinato.
Em 2001, o número de mortes violentas que ocorriam de zero hora às 6 horas totalizou 91 mortes.
Em 2004 , o número de mortes violentas entre zero hora até as 6 horas caiu para 28 mortes.
Em vias públicas, no ano de 2001, registraram-se 166 homicídios
Enquanto em 2004, foram contabilizados 105 homicídios
de alguma forma contribuir para a prática de qualquer tipo de delito. O motivo alegado pelos órgãos públicos são os mesmos observados em outros estados. Um dos exemplos mais comentados e com resultados visíveis ainda é o caso de Diadema, no ABC paulista (veja matéria na página 8). De acordo com estatística do Hospital de Urgências de Goiânia, de cada dez atendimentos de vítimas de violência, sete decorrem do uso de algum tipo de substância entorpecente (o álcool entre elas). Dados da Delegacia de Homicídios apontam que cerca de 70% dos assassinatos registrados na capital ocorrem em bares ou em suas imediações e têm o álcool como principal motivador. Mesmo diante de tanta polêmica, nem todas as cidades são adeptas a essa nova lei. Uns questionam que não seria uma proibição decretada por lei e sim uma reeducação da indústria alcoólica, acreditando que a solução seria a melhoria e a freqüência na fiscalização dos bares com suas respectivas estruturas e localizações. (Fontes: redação terra, folha de São Paulo, Jornal O Povo)
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Lei Seca reduz violência no interior de São Paulo
Com este mapeamento, a Prefeitura começou a desenvolver ações focadas nas áreas social, de segurança (Sistema de Monitoramento Eletrônico de Segurança, Anjos do Quarteirão, Operação Centopéia, Clubinho de Férias, Campanha de Desarmamento Infantil e Adulto), de educação (Programa Adolescente Aprendiz), geração de emprego e renda, entre outros. Dos 39 municípios que formam a Região Metropolitana de São Paulo pelo menos 14 já aderiram à Lei Seca: Barueri, Jandira, Itapevi, Embu, Diadema, Ferraz de Vasconcelos, Itapecerica da Serra, Juquitiba, Mauá, Osasco, São Lourenço da Serra, São Paulo, Suzano e Taboão da Serra. A lei sofre modificações de acordo com as especificidades de cada município, assim como as formas de intervenção.
Será mesmo que fechar os bares mais cedo vai diminuir a violência no país? Essa é pergunta que certamente deve passar pela cabeça de milhares de brasileiros quando param para analisar o projeto da Lei Seca que já tramita em algumas cidades. A polêmica “lei seca” proíbe a venda de bebidas alcoólicas nas noites e madrugadas em torno dos bares e restaurantes. O objetivo é reduzir a criminalidade, principalmente, o número de homicídios, nos bares e nos locais próximos a eles
Camila Rocha
A Lei Seca já é uma realidade os arredores da cidade de São Paulo. É o caso do bairro Cila de Lúcio Bauab, na periferia de Jaú, a 296 quilômetros de São Paulo com cerca de três mil moradores. Os comerciantes estão proibidos de vender bebidas alcoólicas para consumo imediato. A medida, que entrou em vigor este ano, vai mais além e determina também a proibição de shows com música ao vivo, mesas de sinuca e os estabelecimentos abertos após 20 horas. As medidas foram acertado entre sete comerciantes locais, a Polícia Militar e a Prefeitura. Em contrapartida, estabelecimentos que não tinham autorização para funcionar acabaram sendo fechados. No ano passado, houve apenas quatro homicídios dolosos, em Jaú. Segundo a PM e a Prefeitura, trata-se do menor número entre os 62 municípios paulistas com mais de 100 mil habitantes. A idéia ganhou apoio de diversos prefeitos, e em muitas cidades a medida está em funcionamento. Diadema, localizada na Grande São Paulo, é o exemplo mais bem-sucedido da Lei Seca. A cidade, que apresentava índices altos de criminalidade antes da lei, principalmente com relação aos homicídios, apresentou queda nos crimes após a implantação da lei, em vigor desde 15 de junho de 2002. A Lei Seca em Diadema determina o fechamento de bares das 23 horas às 6 horas, inclusive nos finais de semana. A decisão tomou como base levantamento segundo o qual 50% dos homicídios cometidos na cidade ocorriam entre às 21 horas e às 6 horas, nas proximidades de bares. Como para toda regra existe exceção, alguns bares de Diadema conseguiram estender o horário de funcionamento, porém obedecendo a certas determinações. Segundo a prefeitura de Diadema, dos 3.800 bares da cidade apenas 18 têm autorização para funcionar depois do horário previsto na medida. Para isso, é preciso que o estabelecimento esteja localizado em área com baixos índices de criminalidade, tenha isolamento acústico
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necessário e uma equipe de vigilantes. Segundo estudo do Pacific Institute for Research and Evaluation, ONG (Organização Não-Governamental) norteamericana que analisa a relação entre álcool e violência no mundo todo há 30 anos, a Lei Seca diminuiu, em média, 12 mortes por mês e 25% das agressões do-
mésticas contra mulheres em Diadema. A Coordenadoria de Defesa Social de Diadema revela ainda que a média de 26 homicídios por mês caiu para 7. Na cidade de São Caetano, em São Paulo, a Lei Seca não foi respeitada pelos comerciantes. Além de menor população (140 mil) e número reduzido de
bares (284), o município tem o menor número de homicídios registrados na região, segundo dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública referentes a 2004: 5,79 por 100 mil habitantes. Nos últimos cinco anos, roubos e furtos de veículos em São Caetano caíram 20,08%. Por esses fatores, muitos consideram a Lei Seca na cidade desnecessária. Em Mauá, após a implantação da Lei, os homicídios caíram 37,7% desde 2002. Apesar disso, houve quem desejasse uma flexibilização. Projeto de lei votado na Câmara, de autoria do ex-vereador Otávio Godoy (PP), liberava os bares de respeitarem a Lei Seca às sextas, aos sábados e domingos, dias de maior movimento. O projeto acabou porque os vereadores concluíram que não tinha sentido votar projeto elaborado por um ex-vereador. Godoy não conseguiu se reeleger em 2004. Em Mogi das Cruzes, a Lei Seca foi implantada para valer. Após meia noite, não permite a permanência de clientes no interior de bares, lanchonetes e lojas de conveniência. A medida não se aplica a restaurantes e padarias, que podem continuar em funcionamento, mas sem venda de bebida alcoólica. As casas noturnas podem funcionar normalmente sem a suspensão da venda de bebida alcoólica, desde que sigam a Lei, que exige instalação de câmeras de vídeo e seguranças, bem como o isolamento acústico. O descumprimento resulta multa de R$ 1.617,00. Na reincidência, o valor cobrado sobe para R$ 3.234,00 e, na quarta infração, o proprietário tem de fechar seu comércio. Em Mogi das Cruzes, existe ainda um telefone exclusivo para denúncias : (0800-7701566). Em Osasco, depois de 15 meses de discussões, a Câmara Municipal finalmente aprovou, por unanimidade, a lei que proíbe os bares da cidade de funcionar da zero hora até as 5 da manhã, de autoria do vereador Roberto Trappi (PT). Em média, segundo a Polícia Militar, são registrados 25 homicídios por mês na cidade.
A lei chega ao Ceará
de combate à violência, inclusive os comerciantes de bebidas, como aconteceu”, conclui Silvia Duarte. Determinado pela Lei n° 2.107, o fechamento de bares no município de Diadema entrou em vigor no dia 15 de julho 2002 e garantiu a redução do número de morte violentas no município, nos dois últimos anos. Para fiscalizar o cumprimento da Lei, a Prefeitura criou o programa Diadema Legal, que integra os polícias civis, militares e os membros da Guarda Civil Municipal (GCM). Desde a implantação da Lei, todos os dias um comboio com quatro fiscais, oito guardas municipais e dois policiais militares percorre 60 quilômetros. Segundo dados da Prefeitura, em 33 meses de funcionamento da Lei, a fiscalização do Diadema Legal notificou 1539 bares, multou 105 e lacrou 11. Como base nos dados fornecidos pela Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo e pela própria GCM, a Prefeitura identificou os locais mais críticos que apresentavam índices elevados de violência.
Os dados satisfatórios de Diadema, que se tornaram referência, chegam ao Ceará com bons olhos. Devido aos recorrentes números de violência nos municípios de Caucaia, Maranguape e Maracanaú, crescentes principalmente neste ano, estes pensaram na implantação da lei. Por enquanto, são apenas três. No entanto, nada está definido nem há previsão se a lei entrará em vigor. Segundo o assessor de imprensa da Prefeitura de Caucaia, Edilson Alves, a prefeitura está organizando debates para discutir a viabilidade da Lei Seca. Alves informa que já começaram os contatos com os comerciantes e com a Secretaria do Turismo, já que Caucaia tem praias em grande parte no seu território, sendo inclusive umas das fontes de renda. “Não podemos prejudicar o turismo”, defende Alves. O assessor deixa claro que, apesar dos diálogos e debates, ainda não há nada de concreto sobre a Lei Seca. A própria Prefeitura não dispõe de dados sobre a violência relacionada com o uso de álcool no município. Ela não está sozinha nesta situação. A regra é geral, nenhum município possui esse dado. O Sobpressão buscou informações nas três prefeituras, no Instituto Médico Legal, Instituto José Frota, Polícia Rodoviária Federal, Detran, Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social. Nenhum órgão apresentou dado específico que relacionasse álcool à violência. A justificativa quase sempre é a mesma. Não se pode afirmar que alguém cometeu o crime por embriaguez, considerada, em muitos casos, um juízo de valor. Apesar da ineficiência das estatísticas, os prefeitos creditam o aumento de criminalidade ao álcool. Em Maranguape, por exemplo, a idéia da Lei Seca não foi iniciativa do prefeito Eduardo Gurgel. Na verdade, ele desconhece de onde se originou o debate, acreditando que o ponta pé partiu do Minis-
tério Público ou da juíza de Direito do Município. Gurgel admite a inexistência de dados estatísticos que associem a embriaguez à violência. “Isso é questão de lógica. É claro que um jovem que não se envolve com o álcool ou com drogas, dificilmente se envolve em conflitos”. O prefeito acrescenta: “O próprio governador vem estudando essa possibilidade, juntamente com Roberto Pessoa(Prefeito de Maracanaú). Eu deixo muito claro que sou a favor da implantação, pois pode até não evitar a violência, mas inibe”, arrisca Gurgel. Em Maranguape, ainda não há decisão concreta sobre a criação da lei, que deverá ser elaborada pelo Ministério Público. O prefeito acredita que só a lei não é suficiente para a redução da violência. Por isso, a Prefeitura desenvolve outros projetos voltados para a redução da violência: teatro, biblioteca, museu, escolas da cidadania, buscando principalmente atrair a juventude. “Com a junção das duas coisas, haveria maior eficiência”, ressalta. Gurgel enfatiza ainda que nada deve acontecer isoladamente. Sendo uma cidade envolvida no contexto da Região Metropolitana, a lei deve ser pensada em conjunto com os outros municípios. “Se Maracanaú, por exemplo, adotar a lei seca, e a gente não im-
le. Já o número de guardas da Policia Militar é irrisório, apenas quatro trabalham no município. Este talvez seja o maior problema na cidade. Hoje, em Maranguape, os bares só funcionam até 2 horas da manhã, conforme determina portaria do Município. A juíza Sandra Pimentel defende a realização de reunião entre as prefeituras de Maranguape e de Maracanaú para pensar todas as questões. A Prefeitura de Maracanaú parece disposta à discussão, até mesmo porque o município se encontra mais avançado entre os demais. Segundo o major Castelo Branco, responsável pela Coordenadoria Municipal de Trânsito e Transporte (Comtran), as principais razões das ocorrências policiais na cidade acontecem por causa de embriaguez, que remetem diretamente a brigas de família, desordem e brigas públicas. Para ele, 60% das incidências são provocadas pelo álcool. A Prefeitura pretende implantar a lei por etapas. Primeiro o projeto, que está sendo elaborado com base nos dados da pesquisa qualitativa e será encaminhado à Câmara dos Vere-
“Se Maracanaú, por exemplo, adotar a Lei Seca, e a gente não implantar, as pessoas virão todas de Maracanaú beber aqui” Eduardo Gurgel, prefeito de Maranguape
plantar, as pessoas virão todas de Maracanaú beber aqui. Tem de ser pensando em conjunto, por isso vamos debater com os prefeitos interessados”, pondera. Segundo a juíza da Segunda Vara de Maranguape, Sandra Pimentel, a lei deve ser pensada o mais rápido possível, pois os dados de violência do Município estão incompatíveis com os de uma cidade do interior. Ela acredita que 70% dos casos são oriundos de embriaguez. A maior preocupação da juíza, no entanto, é elaborar uma lei exeqüível e que haja contingente policial capaz de fiscalizar o cumprimento da lei. Atualmente, a Guarda Municipal só funciona até às 17 horas, horário no qual não há maiores problemas. No entanto, mesmo aumentando o horário de trabalho, só com a Guarda continua difícil, pois os guardas não possuem força armada para manter o contro-
adores, para depois ser votado e implantado. Mas assim como em Maranguape, Maracanaú também tem a preocupação de tornar o projeto exeqüível. A princípio, o projeto visa beneficiar locais pontuais, onde há maior ocorrência de delitos, principalmente nas avenidas 5 e 7, áreas centrais do município e periféricas. Mesmo para apenas duas regiões, será necessária a fiscalização efetiva. “Não se emite uma lei para que não seja cumprida”, ressalta o major. Apesar das muitas intenções e declarações, não existe nada de fato que implemente a Lei Seca nos municípios cearenses. E por enquanto, os “papudinhos” podem ainda ficar tranqüilos e tomar a cervejinha até mais tarde. E por isso, o presidente do Sindicato de Hotéis e Bares de Fortaleza, Iramar Veríssimo, diz que não se manifestará enquanto não houver algo de concreto.
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Fotos: meramente ilustrativa: www. sxc.hu
Onde encontrar Alcoólicos Anônimos em Fortaleza
Alcoólicos Anônimos é uma irmandade de homens e mulheres que compartilham experiências, forças e esperanças, a fim de resolver problemas comuns e ajudar a se recuperarem do alcoolismo. Segundo o voluntário Rafael de Sousa, o único requisito para se tornar membro é o desejo de parar de beber.
Juliana Rolim
O primeiro grupo de A.A. no Brasil surgiu no Rio de Janeiro, inicialmente formado por norte-americanos a serviço na cidade. O idioma das reuniões era o inglês. Hoje, podem ser encontrados voluntários que representam a irmandade em todo o país. Em Fortaleza, o escritório fica na rua Pedro Borges, no Edifício Centro Empresarial Clóvis Rolim, de onde os voluntários que trabalham no local encaminham as pessoas interessadas para as reuniões nos bairros em que moram. Existem dois tipos de reuniões dos Alcoólicos Anônimos, as abertas e as fechadas. As reuniões abertas atendem aos alcoólicos e suas famílias, bem como a qualquer pessoa que se interesse em ajudar a solucionar um problema de alcoolismo. As fechadas são somente para os alcoólicos, os membros encontram uma oportunidade de compartilhar tudo o que se refere aos problemas do álcool e os esforços para alcançar uma sobriedade estável. Homens e mulheres bebem essencialmente porque gostam do efeito que o álcool produz. A sensação é tão atrativa que, embora a admitam como prejudicial, não conseguem depois de um certo tempo distinguir os malefícios. A vida alcoólica parece-lhes a única normal. Ficam agitados, agressivos e insatisfeitos até poderem de novo experimentar a sensação de descontração e bem-estar que vem imediatamente com uns goles. Lúcia Gonçalves (nome fictício) explica que depois de voltar a ceder ao desejo, como tantos fazem, e desencadear novamente a vontade de beber, passa por todas as fases clássicas das bebedeiras, das quais sai cheia de remorsos, com a firme determinação de não voltar a beber. Joaquim Lima, responsável pela reunião do Grupo Treze de Maio, na Igreja Nossa Senhora de Fátima, diz que isto repete-se várias vezes, a não ser que uma transformação psíquica total se opere na pessoa, há poucas esperanças de recuperação. Por outro lado, vez que uma mudança psíquica tenha ocorrido, a mesma pessoa que parecia condenada à morte, que tinha tantos problemas e perdido a esperança de jamais resolvê-los, repentinamente descobre que consegue facilmente controlar o desejo pelo álcool. “Naturalmente que um alcoólico precisa ser libertado da sua apetência física pelo álcool, e isto requer frequentemente um determinado tratamento hospitalar para que se possa obter o máximo dos benefícios dos procedimentos psicológicos”, afirma o médico
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Em várias cidades do país existem escritórios locais de A.A., voluntários poderão responder perguntas ou por em contato com alguém que possa oferecer informações adicionais sobre reuniões e literatura. Os escritórios mantidos por voluntários estão espalhados por todo o Brasil, esses escritórios de serviços locais são o ponto de contato dos membros e ingressantes. Primeiro, os interessados devem procurar o escritório da cidade para que sejam encaminhados para as reuniões de bairro.
Roberto dos Santos. Com quinze anos de experiência como diretor clínico, Santos diz que o tratamento hospitalar aliado a psicologia moral usada nas reuniões dos Alcoólicos Anônimos é de extrema importância para o sucesso no tratamento do alcoolismo. A dependência se manifesta através da modificação no comportamento do indivíduo, tais como: falta de diálogo com o cônjuge, freqüentes explosões temperamentais, perda do interesse na relação conjugal, comportamento irritável, habituais faltas ao trabalho sem justificativa plausível e ocorrência de acidentes automobilísticos. Tais situações indicam o sinal de alerta de que o indivíduo já perdeu o controle da bebida. O alcoolismo está inserido num campo mais amplo de substâncias psicoativas, assim como as drogas. A dependência do alcoól é classificada como sendo uma doença crônica provocada pelo vício da ingestão excessiva e regular de bebidas alcoólicas. Segundo a psicóloga Cristiane Jatay, o paciente alcoólatra é movido por um desejo incontrolável de consumir bebidas alcoólicas, numa quantidade que afeta de maneira relevante não somente a própria saúde, mas também a sua parte econômica, social e familiar. Jatay explica ainda que os indivíduos submetidos a situações estressantes, para as quais não encontram alternativas de solução, tornamse mais vulneráveis ao alcoólismol pela ação relaxante e tranqüilizante que o álcool proporciona, semelhante ao dos medicamentos ansiolíticos. O problema é que o álcool tem mais efeitos colaterais que esses medicamentos.
Escritório de Serviços Locais de Alcoólicos Anônimos do Ceará Rua Pedro Borges, 20 - 12º andar - Sala 1204 Ed. Centro Empresarial Clóvis Rolim Fone: (85) 231-2437 www.alcoolicosanonimosesl-ce.org.br e-mail: aaesl-ceara@uol.com.br Reuniões: __________________________________________ Aerolândia Grupo Libertar é Viver Rua Djalma Bett, 869 Reuniões: quarta e sábado às 19:30 Aldeota Grupo da Paz Rua José Vilar, 750 Reuniões: terça, quinta e sábado às 19:30 Água Fria Grupo Bonança Rua Evilásio Miranda com Euclides Onofre de Sousa Reuniões: domingo e feriados às 17h Antônio Bezerra Grupo Antônio Bezerra Rua 27, 320 – Cidade Oeste Reuniões: quarta à sábado às 19:30 Domingo às 15:30
Depoimento
A história
Relato de um alcoólico anônimo
Como A.A. começou
“Quando finalmente procurei ajuda, minha vida já não fazia mais sentido. Fui alcoólatra por mais de oito anos, sempre lutando contra a dependência, alternava períodos de sobriedade e de intenso alcoolismo. Na época, não entendia a preocupação dos meus filhos e do meu marido. Eu ficava com raiva e muito agressiva toda vez que eles tentavam esconder uma garrafa de cerveja ou até uma taça de vinho em alguma comemoração. Nos últimos dois anos, eu comecei a perceber que até a minha família evitava me convidar para os aniversários dos meus sobrinhos ou um churrasco qualquer. Era o medo que eu pudesse exagerar na bebida e me tornar inconveniente. Me tornei para todos uma pessoa descontrolada, e no fundo era exata-
mente isso. Há um ano e meio, dei entrada no hospital para tratamento de alcoolismo crônico, eu tinha me recuperado parcialmente de uma hemorragia gástrica e parecia ser um caso de deterioração mental patológica. Tinha perdido tudo o que valia a pena na vida e só vivia, por assim dizer, para beber. Não acreditava em qualquer esperança para o meu caso foi a partir daí que eu procurei ajuda, entrei em contato com o grupo dos Alcoólicos Anônimos e há um ano e dois meses freqüento as reuniões. Durante esse tempo já tive duas recaídas, mas não vou desistir, eu tenho e quero me livrar dessa dependência terrível. Preciso voltar a ser mãe dos meus filhos e esposa do meu marido, preciso também reconquistar tudo que o álcool tirou de mim.”
O grupo de Alcoólicos Anônimos nasceu na cidade de Akron, Ohio, Estados Unidos, em 1935. Um homem de negócios de Nova Iorque, sóbrio pela primeira vez em anos, procurou outro alcoólatra e foi conduzido a um médico da localidade. Durante seus poucos meses da recém-encontrada sobriedade, o homem de Nova Iorque constatou que seu desejo de beber diminuía quando tentava ajudar outros bêbados a alcançarem sobriedade. Trabalhando juntos, estes dois homens, Bill e Dr. Bob, co-fundado-
res do A.A., descobriram que sua capacidade de permanecer sóbrios parecia estar bastante ligada ao grau de ajuda e encorajamento que conseguiam dar a outros alcoólicos. Durante quatro anos, o novo movimento, sem nome e sem nenhuma organização ou material informativo, cresceu lentamente. Formaram-se grupos em Akron, Nova Iorque, Cleveland e outros locais. Em 1939, com a publicação do livro “Alcoólicos Anônimos”, do qual foi tirado o nome para o grupo e contando com a ajuda de vários amigos não alcoólicos, o
Bairro de Fátima Grupo Treze de Maio Avenida Treze de Maio – Igreja Nossa Senhora de Fátima Reuniões: segunda, quarta e sexta às 19h Castelão Grupo Castelão Rua Chico Mendes, 110 – Creche Shirlene Reuniões: quartas e sábados às 19h Centro Grupo Abolição Avenida Tristão Gonçalves, 220 Reuniões: segunda à sexta às 19h Cidade dos Funcionários Grupo da Glória Avenida Oliveira Paiva Salão Paroquial da Igreja N.S. da Glória Reuniões: segunda e quinta às 19:30
A.A. começou a atrair a atenção nacional e internacional. Hoje, o grupo de Alcoólicos Anônimos está presente em mais de 150 países com cerca de dois milhões de membros em recuperação, espalhados em 100 mil grupos, no Brasil, são aproximadamente seis mil. O modo de vida a ser seguido pelas pessoas que buscam recuperação está disponível gratuitamente para todos aqueles que expressam interesse. O único requisito para ser membro dos Alcoólicos Anônimos é o desejo de parar de beber.
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