hokusai song, por camillo josé

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hokusai song 北斎の歌



hokusai song ~ 北斎の歌 (por camillo josé)


a minha musa antes de ser a minha musa avisou-me cantaste sem saber que cantar custa uma língua agora vou-te cortar a língua para aprenderes a cantar a minha musa é cruel mas eu não conheço outra adília lopes

eu apagaria todos os nomes na noite de teus cabelos. e conter-me nenhum mastro poderia. jonatas onofre

para lourdes saraiva, que não aprecia a difícil existência dos dragões de komodo


1. Λιγεία

onde a loucura dorme inteira e sem lacunas você me oferece translúcida o peso do corpo sobre o sono dos girassóis ; desatando os jardins elétricos dos pequenos afogamentos minha insegurança atinge a extensão de uma légua submarina {mosaico de escamas a dimensionar o caos das minúsculas recifrações} -- como por afrontamento a uma língua estrangeira disponho-me hipnótico ao éter de seus marca-passos {o sumo da concha & suas respectivas ressonâncias , alfabeto oculto de marítima genealogia}


filarmônica esfinge , chama dentro da chama: as esquinas infiltráveis de sua fome , os muitos dígrafos de sua anatomia


2. drug song (1975) //free the animal// city's breaking down on a camel's back// poses estratégicas que não deveriam ser excitantes mas são

teus silêncios domésticos me esquartejam os olhos like a sharp razor & tua mão {to fuel such a fever long} repousada no dorso desta lendária criatura me revela a sinopse de um íntimo apocalipse disposto em generosas camadas de endorfina. {e. e. cummings em aulas de simforofilia} watch me as i gravitate : nosso melhor ângulo


e ĂŠ preciso que haja tempo p/ experimentar doses intravenosas de vanilla coke , yakissoba na curva das ancas , certo tesĂŁo por pastas de dente


3. yakuza girl

gosto de te ver {sputnik, sweetheart} se masturbando incensurável na banheira de gelo que herdamos de namio harukawa me agrada sua estética de poupar os esquálidos e introvertidos {o dia em que você chegou em casa com um filhote de hydra nas costas} quando põe uma rosa no bolso rezo para que retorne intacta e me conte sem cortes os highlights das últimas reuniões da família nesta cama não se fala em 慈悲, amar como quem desova demônios: morar entre as escamas de alguém que faz o seu próprio hambúrguer ser apenas um usuário de sacarose dormindo ao lado de uma shichibukai


4. miranda that ghost just isn't holy anymore

like all good fruit the balance of life is in the ripe and ruin alt-j | interlude I (the ripe & ruin)

caminhando como uma criança blindada obedecendo aos sinais precursores da morte o amor antigo vive de si mesmo ;deixando pender os membros de todos os mutilados , abastecendo suas cáries com as chagas de seus irmãos. como processar o gosto reverberado das coisas que se apartam o amor antigo tem raízes fundas {por aquelas mergulha no inevitável , por estas suplanta o irreversível} ; esperar que Deus remova meu corpo do engodo de suas cartilagens , ajoelhar meus filhos aos pés de sua decúbita hipocondria


5. kitsunetsuki no alphabet can be used yet no cassette is available oh i dunno how i dunno how i'm gonna reset my whole radar everything everything | suffragette suffragette

sobre a mesma clave da mesma pedra, desfiguradas pela polaridade do signos de nossas inadimplências {oh i’m changing} sob os cuidados de irresolutas esfinges e oxidadas pela ação de espaçamentos protocolares

GODDAMN {it’s too

late}


sob a mesma práxis da mesma perda, como triângulos imaginários numa película de alex southam : a quilometragem hematoide de nossos planos sintagmáticos , a desmesura pueril da primeira língua amputada


6. Τερψιχόρη one kiss would kill me if beauty were not death stéphane mallarmé como líquidos corrosivos lubrificando a textura vital de passagens ressentidas anunciamos a indecência de uma feel good inc. deteriorada pela pequena morte de um apocalipse customizado (it is sinking, falling down) eu antecipo o demônio-néon sobre o selo de suas vértebras condensado na sacrossanta vergadura de um kanji pictográfico [a vision of ecstasy] a música intravenosa sob os rastros possíveis de sua lâmina , o abismo implícito entre os arcos de sua caligrafia [the life inside your eyes]


minhas papilas marinadas para o banquete futuro das musas , nosso espectrograma tremula contra o acaso da antimatéria [feel the warmth, we'll never die] porque esta noite somos invencíveis como deuses egípcios fundidos em puro carbono because tonight we're beautiful like DAEMONS in the sky


7. L'Eveil Des Muses

qui crient par-delà les vents marchant dans le silence você vinha: um arquipélago de celibatos pré-textuais , pedaço intocável de borrasca e antimatéria; imaculada holografia convertendo o lodo de minhas maleficências em glicose cristalizada {my own personal kula diamond} , odontológica miragem colonizando a arcada dentária de meus bucaneiros com seus ávidos instrumentos de obturação. entre o tátil estômago da insuficiência e o verme louco dos ressumantes {este desejo de frutas sub-reptícias cristalizadas}


eu te amo como quem não vê sexo nos tentáculos de moriguchi nas cores de kurosawa; como se o pecado ressoasse sobre as pequenas constrições do espectro moral da ignorância eu te invoco, prima de andrômeda : exorciza-me, ó ressurrecta, os sutras da segunda língua


8. 桜の女の子 quando você pousa mariposa morna, lisa o sangue encharca a camisa zeca baleiro | skap

e sob a nossa boca roda a imagem do mundo, rosácea abstracta, e então nenhuma razão me escurece além do crime da metáfora directa: 神奈川沖浪裏: kanagawa oki nami ura (translated as the great wave off kanagawa) : magma-tsunami rutilando o verão de suas escamas,

[i feel you, your sun it shines]

suor-nanquim encrustado entre cutículas. tua nudez friccionada como ASMR a mutilar o sono dos impolutos , todo o plasma oriundo da pangeia de nossos órgãos em onipotência. quando mastiga a treva carbonizada das válvulas sonoras de meus lábios cantando a pureza de suas consonâncias para a abstracta violência da solidão.


[i can pray everyday/ for the moment to come] quando vocĂŞ ousa, yĹ?ko rasengan, raposa de nove mil caudas : sweet-ass-pandemonium , onna-musha sailormoon


9. Lacarnum Inflamarae até que deus é destruído pelo extremo exercício da beleza. herberto helder

breve prolapso das coisas impublicáveis são minhas mortalhas sob os seios fixos da dignidade em vias de genuflexão ; frígido como a crosta de um Varanus komodoensis nosso sexo revestido de kigurumis previne a esquálida censura dos minúsculos enforcamentos e anuncia o malogro anelar das próximas interpretações. somos os únicos fantasmas possíveis para uma hogwarts carente de lascividades,


jaz dizimada [mea máxima culpa] a monstruosa corpulência do espaço imperfurado; por afrontamento do ensejo, me introduzes ao limbo dos involuntários constrangimentos da recusa [solitário, ele ascende à montanha da dor original] — hoje sou eu que estou te livrando da verdade: recosta teus feitos sobre os flancos de minha harpa : e chora


la bodeguita edições – julho de 2017 “.- .- .- .- .... .... / --- --- .... .... .... .... / .- .... .... .... / .- .- .... .... / ...- --- -.-. . / -.-. .- .. ..- / -. --- / --. . -- .. -.. .- --- / -.. --/ --.. .- .--.”


la bodeguita


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