António Teixeira Lopes, presidente da direção da ARAN, em entrevista sob a égide do expoMECÂNICA
2015 é ano de crescimento do aftermarket… mas ténue Com a estreia do expoMECÂNICA -‐ Salão de Equipamentos, Serviços e Peças Auto, o norte do País voltou a ser palco de relevantes acontecimentos ligados ao setor automóvel. Este ano, os negócios do aftermarket voltam a passar pela EXPONOR -‐ Feira Internacional do Porto, mas com nova data (decorrerá de 5 a 7 de junho). A segunda edição do expoMECÂNICA dará expressão aos negócios do mercado do pós-‐venda e reposição, que, em Portugal, rondarão, refere, em entrevista, António Teixeira Lopes, presidente da ARAN (Associação Nacional do Ramo Automóvel), os 2,4 mil milhões de euros. Este responsável, que renovou o protocolo de colaboração com a KIKAI EVENTOS, entende que a feira «surpreendeu muita gente», atingindo um «nível muito elevado», daí o apoio em mais uma edição. Isto num ano que já se fala de retoma económica e crescimento do pós-‐venda, mas que no entender de Teixeira Lopes ocorrerá muito devagar. «O aftermarket crescerá na ordem dos 2 a 3% ao ano», estima, na entrevista que se segue, o dirigente, dando ainda conta de alguns projetos associativos a concretizar em 2015. Traçando uma radiografia aos vários segmentos do setor da reposição e o pós-‐venda, e numa espécie de balanço de 2014, o que evidenciam os principais indicadores estatísticos? O encerramento do ano, em termos de consumo interno, permitiu manter os 2,4 mil milhões de euros? Ou seja, na actualidade, quanto valerá o aftermarket automóvel português? ANTÓNIO TEIXEIRA LOPES -‐ O aftermarket português terá valido qualquer coisa como cerca de 2,4 mil milhões de euros. Infelizmente, o que se espera de 2015 é um ligeiro crescimento, da ordem dos 2 a 3%. O valor do ano anterior foi inferior, em cerca de 6%, ao alcançado em 2012. Na realidade, este número será sempre alvo de acesa discussão. Estimamos que cerca de um terço não seja faturado e passe ao largo do fisco. Só quando os portugueses tiverem as suas finanças em dia é que veremos melhorias. Penso que o automóvel só constituirá uma preocupação depois de satisfeitas as prioridades como a habitação, a saúde, a alimentação e a edução. Receamos pela segurança rodoviária, pela falta de seguro, da inspecção periódica e não só… pois, por vezes, ouvimos dizer que há automóveis a irem inspecção com pneus emprestados. Os portugueses não têm dinheiro!
Recuperação graças às frotas O expoMECÂNICA 2015 tem a colaboração da
Em declarações recentes fala de “um ano de subida cinzenta” no setor. Gostaríamos que, se possível, concretizasse a ideia… ATL – Julgamos estar a referir-‐se ao aumento das vendas de automóveis no ano de 2014. Não possuímos ainda números concisos, mas estamos em crer que mais de metade do aumento verificado se terá devido às frotas, nas suas diversas componentes, tais como rent-‐a-‐car, aluguer de longa duração, entre outros. Estas vendas, na sua grande maioria, não passaram pelos operadores do retalho. Pensamos que não estarão ainda reflectidas no consumidor final. Para estes últimos, o aumento em relação a 2013 não terá sido superior a 15%. Ainda faltam mais de 100.000 automóveis. Ou seja, cerca de 37%, para se chegar aos valores do ano de 2008, valores esses que consideramos como mínimos para a sobrevivência dos operadores do retalho (concessões). Alguns agentes do setor continuam a acreditar no potencial de crescimento no mercado do pós-‐venda e reposição automóvel. O que podemos esperar do setor do aftermarket automóvel português para este novo ano, em termos de evolução, nos seus segmentos mais importantes? ATL – Como já foi referido, infelizmente, a retoma ocorrerá muito devagar, sendo no aftermarket na ordem dos 2 a 3% ao ano. Será imprescindível que a cadeia dos operadores do aftermarket se adapte à atual realidade do povo português, cuja capacidade financeira diminuiu substancialmente nos últimos anos. Verificamos que no dia-‐a-‐dia existem operadores que, apesar das dificuldades, souberam adaptar-‐se ao novo perfil, mas há outros que não. Daí que na reparação, desde 2006, tenha encerrado (oficialmente) metade dos operadores.
Ficar mais fortes depois da crise Como perspectiva a evolução do setor automóvel? Quais os grandes desafios que se colocam? E de que forma se deve preparar o tecido empresarial para os enfrentar? ATL – O setor automóvel (mal seria) irá recuperar -‐ tanto nas vendas como no pós-‐ venda -‐, mas devagar. Este estará sempre dependente da situação económica do País. Caberá aos operadores a adaptação a esta circunstância, mas de modo algum poderão descurar o avanço da tecnologia automóvel. A formação, os novos equipamentos de diagnóstico e as novas ferramentas (saber manusear) são mais do que indispensáveis. Estamos em crer que aqueles que ultrapassarem estes tempos de crise sairão mais fortes, pois tornar-‐se-‐ão mais competitivos e terão, provavelmente, menos concorrência devido ao desaparecimento dos mais fracos. Um fator a não descurar é o combate aos ilegais em todas as vertentes. Neste caso, a maior fatia da responsabilidade cabe às autoridades. Falo dos que trabalham sem liquidar grande parte dos impostos, acarretando uma concorrência perfeitamente desleal para com aqueles que todos os meses lutam para pagar os salários (e muitas vezes o seu próprio). O expoMECÂNICA 2015 tem a colaboração da
Após a primeira edição da expoMECÂNICA, qual é o balanço que faz? Na sua opinião, em que se distingue esta feira? ATL – A KIKAI EVENTOS está de parabéns! Apesar de, e desde sempre, termos reconhecido o profissionalismo dos seus elementos, nunca esperámos que o expoMECÂNICA atingisse um nível tão elevado, surpreendendo muita gente. Foi um bom prenúncio para as próximas edições. O que podemos esperar da ARAN para a próxima edição do expoMECÂNICA? Quais as novidades que vai trazer? O que está ser pensado para a dinamização do evento? ATL – Na próxima edição, a ARAN vai ter que se desdobrar, pois, como se sabe, o Salão Automóvel do Porto é organizado por nós, em colaboração com a EXPONOR. Desde já, podemos prometer que a ARAN estará ao nível do expoMecânica. A seu tempo, acordaremos com a organização a forma da nossa participação que, como não poderia deixar de ser, está a ser planeada. Daremos oportunamente conhecimento do que nos propomos realizar.
Salão Auto com novas roupagens na EXPONOR Um dos projectos da ARAN em agenda, como referiu, é o Salão Auto do Porto (de 4 a 7 de junho), na EXPONOR. Como caracteriza o evento (objetivo, destinatários, entre outras)? ATL – O Norte de Portugal (e não só o Porto) é conhecido pelo seu gosto e até mesmo paixão pelos automóveis. Há cerca de duas décadas, o Salão foi transferido -‐ por interesses que desconheço e alheio à paixão já referida -‐ para a Capital, onde acabou por sucumbir. Este ano, a organização do Rally de Portugal reconheceu essa paixão e transferiu-‐se para o Norte. Será a altura ideal para que o Salão Automóvel do Porto seja reeditado, mas com outros moldes. Projectámos um Salão de Marca virado para os operadores do retalho, dando visibilidade e rentabilidade aos concessionários das marcas. Será assim um salão vocacionado para as vendas, com automóveis novos, comerciais ligeiros e seminovos, como opção aos novos. Podemos, desde já, destacar, entre outras, as áreas de entretenimento. Um dos espaços está já reservado aos automóveis participantes no Rally de Portugal.
Sabia que … A ARAN tem por missão promover, assegurar a defesa e apoiar os interesses legítimos de todas as atividades do setor automóvel que representa, bem como o seu desenvolvimento. Uma das áreas de atuação da ARAN passa pelo apoio e organização de feiras e eventos ligados ao setor automóvel. Assim, a exemplo dos anos anteriores, estará presente em todos os eventos que contribuírem para a dinamização da associação, bem como os que tragam proveito aos associados. A participação em eventos no ano de 2014 foi de três por mês. Assim continuará! (fonte: ARAN -‐ Associação Nacional do Ramo Automóvel)
O expoMECÂNICA 2015 tem a colaboração da