O fenômeno favela e a apropriação do espaço: Urbanização e qualificação do núcleo favela da Reciclag

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O FENÔMENO FAVELA E A APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO: URBANIZAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DO NÚCLEO FAVELA DA RECICLAGEM





O FENÔMENO FAVELA E A APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO: URBANIZAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DO NÚCLEO FAVELA DA RECICLAGEM

Trabalho final de graduação apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda, para cumprimento das exigências para obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob orientação da Prof. Ana Luisa Miranda.

Ribeirão Preto- SP l 2020


dedicado aos moradadores de todas as favelas, que estĂŁo em busca e na luta por um lugar para habitar.


O

presente

resumo

trabalho

trás

como

finalidade desenvolver soluções urbanísticas para tratar de problemas apontados em um assentamento precário vulneravél. Palavras-Chaves:

favela,

urbanização,

regularização fundiária.

abstract

The present work aims to develop

urban solutions to deal with problems pointed out in a vulnerable precarious settlement. Keywords: slum, urbanization, land tenure regularization.


o

l u g a r

2

29

3

o lugar 40 diagnóstico

61

estudo de caso

contextualização

1

introdução 11 favela no brasil 17 favela em ribeirão preto

favela do jacarezinho favela do sapé 83

73


projeto

5

95

referências

inter ve nç ão

4

referências

125


contextualização

01


O

s

estes sofrem fortes retratações. A assentamentos

urbanos

precários localizados nas metrópoles são

o

favelas,

que

denominamos

cortiços,

como

loteamentos

irregulares que sofrem com a falta de saneamento básico, acessibilidade, mobilidade, moradia precária, meio natural e urbano, inserção urbana, entre outros aspectos. Com isso as favelas são territórios de ilegalidade e exclusão social. (DENALDI,2003, p. 41)

Para Rosana Denaldi (2003,

p.42) o crescimento da população de favelas é associado ao surgimento de novas favelas e/ou à expansão das existentes. Estudos mostram que, a partir de 1980, o crescimento de favelas não pode ser associado aos processos de migração, pois

população que hoje habita nesses assentamentos

foram

afetadas

pelo

preço

da

e,

também,

terra

pessoas

e

escassez pela

falta

de acesso ao mercado imobiliário formal. No início dos anos de 1980, as legislações de parcelamento e uso do solo passam a reconhecer na malha urbana os espaços das favelas, prevendo a sua consolidação e o início de políticas públicas de urbanização, mas os projetos de erradicação, ainda continuam, por meio de reintegrações, remoções e, mesmo expulsão da população dos terrenos particulares, que assim se valorizam.

A

Estatuto são

partir da

aplicados

da

aprovação

Cidade,

em

instrumentos

do

2001, que

reconhecem a posse da terra, como 11


a CDRU (Concessão de Direito Real

combinado com a terra “roxa” do

de Uso) e a Usucapião Coletivo. No

solo ribeirão-pretano e, a partir desta

entanto, a ausência de programas

época, chama a atenção por ser uma

habitacionais

cidade com forte desenvolvimento

públicos

eficientes

faz com que a população continue

em agricultura cafeeira.

a ocupar áreas de risco ou até APM

(Área de Proteção de Mananciais).

do

desenvolvimento

Em Ribeirão Preto, município

Devido café,

ao

grande

ocorrem

mudanças

no

econômico

a

primeiros assentamentos irregulares

modifica. Para Lucelina Rosseti Rosa

começam a aparecer na década de

(2018, p. 48), a periferização dos

1960 (ROSA, 2018, p. 53).

espaços urbanos acontece ao longo

O município de Ribeirão Preto

do desenvolvimento econômico da

foi oficialmente fundado em 1856,

cidade, divididos em três momentos

ano em que terras foram demarcadas

principais;

para o pequeno povoamento ali

partir da década de 30, caracterizado

existente, terras que essencialmente

pela produção cafeeira, o segundo

eram ocupadas por propriedades

foi na década de 50, em que se

rurais. Muitos buscavam a localidade

consolida sua vocação urbana por

devido a sua terra fértil e pela

meio da expansão do setor terciário,

autonomia política. Em 1876, o tipo

e o terceiro após a década de 80,

de café “Bourbon” foi introduzido e

com

a

o

urbana

e

do interior do Estado de São Paulo, os

Introdução

paisagem

sucesso

primeiro

pressão

também

começa

imigratória

e

se

a

a


consolidação do Proálcool – programa

governamental

a

Ribeirão Preto conta com 87 núcleos

utilização de petróleo, substituindo

irregulares espalhados por toda a

as

produzindo

cidade, dado que consta no Plano

combustível nacional -, assim muitas

Local de Habitação de Interesse

usinas de álcool e açúcar foram

Social (RIBEIRÃO PRETO, 2019).

implantadas em Ribeirão Preto.

desenvolver intervenções urbanísticas

para

importações

Com

o

minimizar

e

desenvolvimento

Nos dias atuais, a cidade de

Assim, este trabalho objetiva

econômico da cidade e a expansão da

para

malha urbana, a desigualdade social

presentes

começa a ficar aparente. A partir da

além de propostas para melhorias

década de 1990, há um crescimento

habitacionais, como realocação de

demográfico acelerado, em Ribeirão

construções

Preto, que se mantém até os dias

entre outras soluções para a melhoria

atuais. A população de baixa renda

do desenho urbano e construções

começa a crescer e vazios urbanos

presentes nos núcleos, tendo como

são

Na

objeto de estudo especifico a Favela

década de 1990, já existiam 21

da Reciclagem, localizada na zona

núcleos urbanos irregulares, mesmo

norte de Ribeirão Preto/ SP.

período

ocupados

em

para

que

moradia.

as

atividades

soluções nos

em

dos

problemas

núcleos

informais,

estados

críticos,

Em vista desta problemática,

na agropecuária começam a ser

o trabalho ganha relevância, pois

mecanizadas. (ROSA, 2018, p. 53)

se trata de melhorias urbanísticas 13


para

um

assentamento

precário

selecionadas

para

este

trabalho

vulnerável. Os moradores que ali

subsidiaram o desenvolvimento do

habitam

serão

projeto em duas etapas: estudos

tendo

oportunidade

a

os

beneficiados, de

serem

ouvidos perante aos problemas que enfrentam em suas moradias e na sua vizinhança.

Como metodologia de trabalho,

foi realizado revisão bibliográfica, por meio de referências escolhidas de acordo com o tema da pesquisa, que ajudaram a compreender como a problemática apontada, vem se desenvolvendo ao longo dos anos.

A

pesquisa

realizada

através

empírica de

foi

dados

disponibilizados pela Prefeitura de Ribeirão Preto, foram analisados os aspectos da área de intervenção e os impactos de vizinhança sobre ela, assim, foi desenvolvido levantamento morfológico. As leituras projetuais Introdução

preliminares e anteprojeto.


15



P

intervenções no Brasil remetem às

ara Elisabete França (2009, p.

17) “A favela é um fenômeno urbano que

se

configura

no

território,

sendo, portanto, parte integrante da cidade”. A característica da favela é que a formação do assentamento não obedece aos parâmetros urbanísticos do século XX, sendo que o sistema viário e a infraestrutura básica são

histórico das políticas voltadas para as favelas no Brasil

implantadas após a construção das habitações, preenchendo os vazios e não sendo considerados essenciais.

Para Debora Cordeiro (2009,

p. 59) o Governo Federal não pode ignorar o grande crescimento da população residente em favelas no Brasil, por isso a tendência do Poder Público tem sido adotar medidas de invenções para a melhoria do habitar dessas famílias. As primeiras

medidas sanitaristas que ocorrem no período da Primeira República. O problema habitacional eram “os cortiços”.

Cidades

como

Rio

de

Janeiro e São Paulo foram alvos de grandes epidemias, como cólera, febre amarela, peste e varíola e os cortiços, por sua vez, foram considerados a causa dessas doenças. As intervenções neste período foram voltadas para o saneamento básico e infraestrutura sanitária.

Os

problemas

habitacionais

eram vistos como questões a serem eliminadas, por isso, na cidade do Rio de Janeiro, o Governo decide criar o Decreto de 1855 que proíbe a construção de novos cortiços. Após trinta e oito anos do decreto ser lançado, outro Decreto determina a eliminação dos cortiços da cidade 17


do Rio de Janeiro. Em São Paulo,

favelas. (Debora Cordeiro 2009, p.

foi criado o Código de Posturas do

60).

Município,

em

1886,

que

marca

Afim de resolver o problema

padrões de construção para cortiços,

com uma solução que eliminasse

casas de operários e cubículos, e

de

então, essa tipologia de construção

o

passa a ser proibida no perímetro

Governo Republicano foi para os

onde se estendia o comercio da

setores privados, que pudessem ter

cidade. Logo em seguida, em 1894,

o interesse de investir em unidades

se aprova o Código Sanitário que

habitacionais

proíbe de vez essa tipologia.

remoções

Operárias (1892) sendo isentos de

Após

todas

as

medidas

vez

as

primeiro

moradias estímulo

para

conhecidas

informais, dado

viabilizar como

pelo

as Vilas

preventivas para o extermínio dos

impostos.

cortiços ou habitações desta tipologia,

o motivo principal que sustenta a

Parques Proletários Provisórios, que

ideia de remover todos elas era o da

foram habitações de madeira feitas

saúde, por isso mobilizou autoridades,

pelo governo afim de remover as

sociedade civil e imprensa. Como a

famílias das favelas, como resultado

população removida não tinha acesso

do plano “Esboço de um plano para

a outra moradia, acabou ocupando

estudo e solução dos problemas das

outros espaços, em áreas menos

favelas do Rio de Janeiro” (Debora

valorizadas, dando origem à novas

Cordeiro 2009, p. 62).

Favelas no

Brasil

Em 1937, o Estado Novo cria os


imagem 01 - Parque proletário “Gavea”. Fonte: Google

19


Para Debora Cordeiro (2009, p.

para as favelas são desenvolvidos,

63), através dos Parques Proletários,

mas com o objetivo de controle

pela primeira vez, tenta-se uma

sobre as habitações. No segundo

política habitacional a favor dos

período da Era Vargas, foi criado o

“favelados”, buscando atender suas

“Serviço de Recuperação de Favelas”,

necessidades, e deixando de lado as

investido pela Secretaria da Saúde.

práticas policiais tradicionais. Mas o

plano dos conjuntos habitacionais

favelas ao longo dos anos 50 e a

nunca foi executado completamente,

incapacidade

assim

se

do mercado imobiliário privado de

provisória

produzir habitações suficientes, em

definitiva. Nos anos de 1942 e 1944,

21 de agosto de 1964, através da

foram transferidos aproximadamente

Lei n° 4.380, foi criado pelo Governo

mais de 4.000 moradores de quatro

Militar

favelas cariocas para os três Parques

Habitações (SFH) e o Banco Nacional

Proletários existentes: Gávea, Caju

de

e

construções

Companhias Habitacionais (COHABs),

definitivas não foram executadas,

em todos os estados. Através da

moradias irregulares surgiram no

Companhia foram financiadas obras

interior dos Parques.

de habitação, saneamento básico,

infraestrutura, transporte e energia.

os

tornam

Parques

uma

Leblon,

Proletários

medida

como

as

Durante o Governo Dutra, que

ocorre 1946-1950, alguns estudos Favelas no

Brasil

Com

o

o

nítida

Sistema

Habitação

Debora

crescimento do

Cordeiro

Estado

Financeiro

(BNH),

das

além

(2009,

p.

e

de das

64)


explica, que a intensão do BNH

nunca foi voltado para intervenções

a elite e aumenta os investimentos

em favela, e, sim, para a produção

em obras urbanas. Com a crise

habitacional para a população de

econômica de 1974, o BNH volta a

baixa renda, viabilizando eliminar

investir nas populações de baixa

as favelas. A meta era atender em

renda e, em 1975, cria o Programa de

quatro anos o déficit habitacional,

Financiamento de Lotes Urbanizados

estimado

de

(PROFILURB). Este programa tinha a

unidades habitacionais. A atuação no

intenção de investir na ideia da “casa

BNH foi intensificada no ano de 1966,

própria”, propondo lotes urbanizados,

junto com a incorporação do Fundo

com infraestrutra básica, demarcação

de Garantia por Tempo de Serviço

de quadras e vias, com atendimento

(FGTS) e com o Sistema Brasileiro de

preferencial para famílias com renda

Poupança e Empréstimo (SBPE).

de zero a três salários mínimos

(Debora Cordeiro 2009, p. 65).

em

oito

milhões

No período de 1964 a 1969, os

Assim, o BNH passa a atender

investimentos foram na construção

Podemos

concluir

de conjuntos habitacionais voltados

22 anos o BNH teve uma ótima

para as famílias removidas. Porém nos

funcionalidade

anos de 1969 a 1974, o investimento

imobiliário, promovendo benefícios

às famílias de baixa renda sofre uma

e valorização do uso solo e investiu

grande redução (Debora Cordeiro

para a extinção das favelas, ainda que

2009, p. 64).

as habitações construídas tenham

para

o

que

em

mercado

21


sido

insuficientes

para

atender

Programa

de

Financiamento

de

toda a população que necessitava.

Aquisição de Materiais de Construção

Nesse sentido, parte da população

(PROFILURB).

ainda recorreu as habitações em

programas não foi a construção de

favelas,

loteamentos

unidades habitacionais, mas sim o

irregulares, em área periférica das

financiamento de lotes urbanizados

cidades, sem nenhuma urbanização

e material de construção (Debora

ou

Cordeiro 2009, p. 66).

cortiços

infraestrutura

ou

básica

(Debora

Cordeiro 2009, p. 65).

Apesar

das

função

Cordeiro

destes

(2009,

p.

para

69) coloca que a crise econômica

da eliminação das favelas, o ano de

e habitacional de 1980 provocou

1970 é marcado como um período

aumento nos núcleos habitacionais

de grandes expansões das favelas

irregulares. Entre os anos de 1973 –

nas metrópoles brasileiras. Como

1987 a cidade de São Paulo teve um

sugestão para impedir o crescimento,

aumento de 1.000% das habitações

surge as habitações de interesse

em áreas de risco, e áreas de APP’s.

social

periferias.

Em 1986 o BNH é fechado e os seus

Isso engloba a terceira fase do BNH

fundos são transferidos para a Caixa

que ocorre nos anos de 1975 – 1983,

Econômica Federal, que passa a

que implanta dois novos programas

ser gestor do FGTS e o agente do

o

da

setor habitacional. Diante do cenário

o

atual da época, as intervenções

construídas

Programa

Sub-habitação Favelas no

de

tentativas

Debora

A

nas

Erradicação

(PROMORAR)

Brasil

e


em favelas passam a ser focadas

Após o ano de 1990, o Governo Collor

na infraestrutura e no saneamento

entra no lugar de José Sarney, e a área

básico, com redução nas realocação

da habitação passa a vincular-se ao

e melhorias nas habitações.

Ministério de Ação Social, que ainda é

dissociado das áreas de saneamento

O governo de José Sarney

que ocorre nos anos de 1985 –

básico e desenvolvimento urbano.

1990, criou o SEAC - Secretaria

Especial de Ação Comunitária, com

criados por Collor, como por exemplo

o objetivo de coordenar diversos

Plano de Ação Imediata para a

programas para o desenvolvimento

Habitação

da população de baixa renda, e no

de Ação Municipal para Habitação

período de 1985 – 1989 enquanto

Popular, tiveram o financiamento do

ele atuava no governo, os programas

FGTS, no entanto, a alocação dos

habitações de Sarney alcançaram

recursos para tais programas ocorreu

uma produção de 550 mil unidades

de forma irregular, com concessão

habitacionais, e foram atuados p

de

rojetos de urbanização de favela,

privadas sem autorização, assim,

financiados pelos governos estaduais

gerou uma crise financeira no FGTS

e municipais, mas, a quantidade de

que se estendeu até o ano de 1994.

ações realizadas em seu governo

não foram significativas. (Debora

Cardoso incorpora o discurso da

Cordeiro 2009, p. 70).

moradia entendida como habitat,

Os

programas

(PAIH)

financiamento

e

a

habitacionais

o

Programa

construtoras

O Governo Fernando Henrique

23


considerando questões ambientais,

e moradias, construção, melhoria e

urbanas

e

ampliação. O programa com destaque

No

na época de 1999 foi o Programa de

e

de

desenvolvimento

saneamento institucional.

primeiro mandato de Fernando que

Arrendamento

ocorre em 1995 - 1998, é visto o

com a opção de aquisição do direito

programa

voltado

de propriedade após o período de

para a urbanização de favela, e

170 meses, para famílias de até 3

programas com desenvolvimento em

a 6 salários mínimos. No meio do

saneamento e habitação voltados

segundo governo de Fernando, foi

para

áreas

aprovado o Estatuto das Cidades Lei

degradadas com os recursos do

nº 10.257/01, já havia sido aprovado

FGTS, como o Pró-Moradia e o Pró-

pelo Senado Federal desde 1990.

Saneamento.

(Debora Cordeiro 2009, p. 72).

a

Habitar

Brasil

urbanização

de

Residencial

(PAR),

Apesar do governo ter uma nova

Em 2001, foi criado o Programa de

visão sobre a moradia e inovação de

Subsidio à Habitação de Interesse

seus programas, as realizações dos

Social (PSH), foi o primeiro programa

programas não atingiram as metas

voltado a família com a renda mensal

propostas. No segundo mandato de

de 1 a 3 salários mínimos (Debora

Fernando que ocorre em 1999-2002,

Cordeiro 2009, p. 73).

foi criado a Carta de Crédito, que

estabelece linhas de credito direto ao

111) no período de 2003 a 2010 foi

consumidor para aquisição de lotes

formalizada a nova Política Nacional

Favelas no

Brasil

Para Nabil Bonduki (2014, p.


de Habitação, no início do Governo

privados.

Lula, tendo como estratégia criar

condições para estimular a atuação

(PlanHab) foi um dos componentes

do

produção

previstos da nova política nacional

habitacional para pessoas de baixa

de habitação, representando grande

renda,

esforço

setor

privado

procurando

na

ampliar

os

O Plano Nacional de Habitação

realizado

pela

Secretária

investimentos na construção civil e

Nacional de Habitação para propor

também na geração de empregos.

estratégias

de

requalificação

da

Como resultado dessa estratégia,

habitação no país, em um prazo de

a medida em que a economia, o

15 anos. As estratégias concebidas

nível de emprego e dos salários

no

tinham um crescimento, geraram

até o ano de 2023, com propostas

uma aceleração na produção de

operacionais com prazos médios e

unidades

curtos.

habitacionais

do

setor

plano

podem

ser

realizadas

médio. Diante da necessidade de

ampliar o mercado, as empresas

116) “O PlanHab pode ser entendido

privadas voltadas para classe média

como o último grande esforço para

e

operacionalizar

alta,

criaram

subsidiários

em

Para Nabil Bonduki (2014, p.

a

concepção

de

tributária

do

produtos voltados para a classe

política

habitacional

baixa, mas ainda abaixando o custo

movimento da reforma urbana”. Essa

das unidades, a renda da população

estratégia foi incorporada apenas

era insuficiente para adquirir imóveis

no

Programa

Minha

Casa

Minha 25


Vida (PMCMV), onde o seu eixo de

PAC-AUP, que se manteve no PAC2,

estratégias

foi

mas como inclusão do Minha Casa

e

para

subsídio

de

financiamento

construções

de

Minha Vida, programa lançado para

habitações.

habitações em massa. Denaldi (2018,

Rosana Denaldi (2018, p. 10)

p.10) ainda ressalta “Os Programas

explica, em 2007 o governo Lula

a Ações incluídos no PAC-UAP não

lança o Programa de Aceleração

se destinam apenas a execução de

do Crescimento (PAC), o programa

obras de urbanização de favelas,

tinha o propósito de promover o

englobando

desenvolvimento econômico, assim,

elaboração de projetos e planos de

potencializando

habitação, construção de unidades

públicos,

e

favorável

para

os

deixado os

investimentos o

mercado

investimentos

habitacionais,

investimentos

assessoria

desenvolvimento

em

técnica,

institucional,

privados. O programa contou com

requalificação

duas fases PAC1 (2007-2010) e

construção de lotes urbanizados”.

PAC2 (2011-2014), em suas fases

contou com um eixo especifico de

maior programa habitacional do país,

investimentos e elaborou mobilidades

os seus investimentos são voltados

que era dividida em programas e

a programas e ações destinados a

ações, no PAC1 foi desenvolvida a

população de baixa renda.

modalidade que foi dedicada aos

Podemos

assentamentos precários, que era o

habitacional

Favelas no

Brasil

de

imóveis

e

O PAC se configura como o

concluir vem

que se

o

déficit

arrastando


desde o ano de 1855, com os cortiços, os núcleos habitacionais formados por famílias que sofrem com a alta especulação imobiliária. No Brasil, este problema vem sendo um fato que muitos governos tentam solucionar ao longo dos anos. Alguns governos

tentam

ignorar

o

fato

trágico que milhares de pessoas não tem onde habitar e outros tentam ações urbanísticas para melhorar o habitar onde elas estão, mas o ultimo governo, do século XXI que tivemos no Brasil cria moradias acessíveis em massa para abrigar essas famílias.

27



histórico das políticas voltadas para as favelas em Ribeirão Preto

P

no seu desenvolvimento e formação.

ara Sergio Adas (2014, p.

47) nenhum fenômeno pode ser compreendido

separadamente,

nesse sentido para o entendimento dos aspectos da realidade social cada interface do contexto histórico é importante. A escala da cidade é a interface de identificação e reconhecimento do espaço – hierarquização de cada espaço – todo mundo sabe por onde pode ou não circular, se habita ou não aquele espaço social. Os espaços da cidade se diferenciam politicamente e socialmente de acordo com os grupos sociais que nele habitam. Os espaços dos bairros só podem ser compreendidos através da sua contextualização, isto é, dos aspectos e eventos que ocorreram e interferiram

Atualmente a fragmentação do tecido urbano de Ribeirão Preto continua evidente, com a manutenção de espaços com desigualdade social e de infraestrutura. A expansão da população pobre de Ribeirão Preto começa em meados da década de 1970, com a expansão do sistema produtivo sucroalcooleiro. As usinas não conseguem operar com os trabalhadores locais, proporcionando o

aumento

das

migrações.

Em

1990, com o aumento da população, começa a ficar aparente a exclusão social, que reflete em uma fração da população e em alguns bairros da cidade. Para Lucelina Rosseti Rosa (2018, p. 58) o aumento da população urbana se justificaria pelo próprio crescimento vegetativo, pela migração, e pela 29


incorporação

da

população

que

antes morava em áreas rurais e que passam a se concentrar na cidade, tendo em vista a mecanização do campo.

Em

decorrência

desses

fatos, a composição física territorial se organiza de maneira desigual e excludente. Em

1993,

segundo

dados

da

Secretaria Municipal do Bem-Estar Social do Município de Ribeirão Preto a cidade tinha 7.830 “favelados” ou pessoas vivendo em situação precária de moradia, distribuídas em 21 favelas, espalhadas por toda a cidade.

Favelas em Ribeirão preto


31 imagem 03 - Núcleos em Ribeirão Preto. Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto


Ainda segundo Lucelina Rosseti

grandes investimentos econômicos

Rosa (2018, p. 58) a cidade não

foi

a

oferece nenhuma melhoria até os

da

população

dias atuais. No entanto, vale ressaltar

Segundo Sergio Adas (2014, p. 58)

que apesar da exclusão social, os

“a composição técnica e orgânica

moradores das periferias encontram

do território não é a mesma em

forças e mecanismos de organização

todos

coletiva para reivindicar melhorias

se a acumulação de vantagens no

em seu local de moradia e em suas

centro da cidade e desvantagens na

vidas, seja através de associação de

periferia”.

moradores ou movimentos sociais

organizados.

processo de urbanização de Ribeirão

Preto

Nas décadas de 1970 a 1980,

mesma que

os

excluiu

destes

lugares,

parte

resultados?

reproduzindo-

Com isso, conclui-se que o produz

uma

diferenciação

há uma significativa modernização no

espacial ao atender aos anseios das

estado de São Paulo e, especialmente

grandes empresas, ao concentrar a

no seu interior. Para Sergio Adas (2014,

riqueza cada vez mais e difundir a

p. 56) a cidade de Ribeirão Preto foi

pobreza, especialmente nos bairros

a que recebeu maior investimento

periféricos da cidade.

econômico no estado, entre os anos

de 1995 a 2000, período em que a

produção do tecido urbano, a cidade

exclusão social foi acentuada na

de Ribeirão Preto obteve uma forte

cidade. Porque uma cidade que teve

aliança com o Estado, possibilitando

Favelas em Ribeirão preto

Nas

diferentes

fases

de


grandes obras para o crescimento

abatimento

e

utilização do Fundo de Garantia

fortalecimento

da

cidade.

Até

de

por

para as áreas de periferia foram

atualização de endereço, autorização

desenvolvidos. No entanto, esses

de prazo para reforma, fiscalização

investimentos atenderam anseios do

e inscrições de imóveis, liberação de

setor agrícola e de parte do espaço

hipoteca,

urbano e agravou o empobrecimento

quitação de imóvel por invalidez,

de

revisão de prestações, transferência

parcela

significativa

da

de

Serviço

com

planos de habitação e infraestrutura

uma

Tempo

prestações

parcelamentos

(FGTS),

acordos,

população. (Adas, 2014, p. 59)

ou refinanciamento, entre outros

serviços. Ao passar dos anos as

Entre os inúmeros problemas

sociais

historicamente

presentes

ações da Cohab-RP direcionaram-

na cidade, o mais impactante é o

se

suas

ações

déficit habitacional. No município

grandes quantidades de conjuntos

de Ribeirão Preto, no âmbito das

habitacionais,

políticas habitacionais, a atuação

remoção de assentamentos precários

se concentra na COHAB-RP, que

entre outras atividades que foram

foi inserida no município em 1970,

realizadas

o principal intuito seria promover

primeiro conjunto habitacional criado

planos, projetos e ações urbanísticas

pelo programa foi o Jardim Castelo

para os problemas habitacionais.

Branco em 01/02/1977 com 1.140

Os serviços da COHAB-RP são de

unidades habitacionais. (Adas, 2014,

pela

na

produção

reurbanização

companhia.

de e

O

33


p. 59)

As

ações

assentamento

Jardim

regularização

Progresso se formou de uma ocupação

fundiária tiveram início em 2009,

organizada pelo Movimento Livre, em

com o convênio entre a Prefeitura e o

1996, e começou a ser urbanizado

Governo do Estado para a implantação

na década de 2000. Dez anos depois,

do programa estadual “Cidade Legal”,

após a elaboração do primeiro Plano

onde 12 assentamentos precários

de Habitação de Interesse Social

foram

programa

(PHIS), o assentamento passou pelo

de regularização fundiária. Dos 12

processo de urbanização, onde exigiu

assentamentos, os núcleos Jardim

remanejamento interno de algumas

Progresso e Monte Alegre tiveram

famílias.

a regularização fundiária iniciada

no ano de 2015 e 2016, mas foram

urbanização do assentamento Monte

concluídas em 2018, por meio do

Alegre é um dos mais antigos do

Programa de Regularização criado

município,

pelo Decreto Municipal 360/2017,

anos de 2007 a 2009, e exigiram

que junto com a Lei Complementar

o reassentamento de 90 famílias

nº2858/2018, eliminou a exigência

para o conjunto habitacional Paulo

de pagamento pelo terreno público

Gomes Romeo. A justificativa do

concedido, e então mais de 2.232

reassentamento foi para dar lugar

famílias ganharam a titulação de

a

seus imóveis em julho de 2019.

básica. Sua regularização fundiária

inseridos

de

O

neste

Favelas em Ribeirão preto

O

processo

foram

implantação

de

de

obras

realizadas

de

nos

infraestrutura


só aconteceu em 2019, no Programa

fundiária

dos

assentamentos

de Regularização, criado em 2018.

precários e unidades habitacionais.

No ano de 2017 foi adicionado ao Programa Municipal de Regularização Fundiária,

por

meio

do

Decreto

360/2017 e com a Lei Complementar nº2858/2018, com base na Lei Federal nº13.465/2017, as modalidades de regularização fundiária de interesse social

REURB-S

e

de

interesse

especifico REURB-E. Por meio das modalidades, elas criam critérios, instrumentos

e

procedimentos

específicos para cada núcleo a ser regularizado.

O Decreto 360/2017 criou a

Câmara Técnica de Regularização Fundiária

(CTRF)

o

Núcleo

de

Habitação e Regularização Fundiária (NHRF), que foi atribuída a função de planejar, propor diretrizes, coordenar e monitorar as ações de regularização 35


o

l u g a r

02


localização

37


zona norte

da cidade, muitos deles localizados em áreas destinadas ao lazer e institucional da região.

A zona norte da cidade de

Ribeirão

Preto

começou

a

ser

povoada na época que a lavoura que

A zona norte é composta por áreas ZUP (Zona de Urbanização

Preferencial) e ZUR (Zona de Urbanização Restrita) que são categorias básicas do Plano Diretor relativas ao uso e ocupação do solo. Os assentamentos

chega no município. No ano de 1883 a Companhia Mogiana de Estrada de Ferro se instala na cidade e traz consigo o avanço que a cidade precisava. Os primeiros moradores da zona norte da cidade eram trabalhadores que não tinham condições de pagar o alto valor da terra em outras áreas da cidade. Desde o início a zona norte foi caracterizada por abrigar a população de baixa renda e poder aquisitivo da cidade. Ela tem sua maior parte constituída de Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS), e na área encontra-se a maior parte dos núcleos de ocupações irregulares

imagem 04. Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto


áreas de destinadas ao lazer público, áreas institucionais, comerciais, ou destinadas ao sistema viário e áreas de preservação permanente. A favela da Reciclagem está implantada em um terreno institucional do bairro Quintino Facci II.

imagem 05. Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto precários localizados na zona norte de Ribeirão Preto, são os que mais sofrem com falta de infra-estrutura, é o fragmento do tecido urbano que desde os primeiros habitantes é caracterizada por sua pobreza. A urbanização do bairro acontece aos poucos, mas o que é evidente no tecido urbano é a grande quantidade de assentamentos precários.

No Setor-N08 é localizado o núcleo “Favela da Reciclagem” onde o projeto

será proposto. No local, são existentes núcleos de ocupações irregulares em 39


EET DR OSWALDO RUIZ

OSE J RUA

IRO E T MON

RO D AL EX

S OVA C O ARI M GOV AV

AN DR E BA LB O (S P 32 8)

Fonte: Autor do projeto.

AV E DUAR DO A NDRÉ IA M ATAR AZZO


uso do solo

O mapa de uso do solo mostra a predominância residencial da área, os vazios do lado direito apontados no mapa são antigas fazendas abandonadas com invasões, áreas institucionais e verdes que tinham potencial de lazer para o setor foram invadidas e hoje são favelas. Os comércios presentes na área são pequenos bares e marcenarias.

41


EET DR OSWALDO RUIZ

OSE J RUA

IRO E T MON

RO D AL EX

S OVA C O ARI M GOV AV

AN DR E BA LB O (S P 32 8)

Fonte: Autor do projeto.

AV E DUAR DO A NDRÉ IA M ATAR AZZO


figura fundo

No mapa de figura fundo, podemos analisar que o SETOR-N08 onde está localizado a favela da Reciclagem é uma área muita adensada, no lado esquerdo do mapa é onde podemos encontrar o maior numero de construções residenciais, o lado direito são áreas poucos edificadas.

43


EET DR OSWALDO RUIZ

OSE J RUA

IRO E T MON

RO D AL EX

S OVA C O ARI M GOV AV

AN DR E BA LB O (S P 32 8)

Fonte: Autor do projeto.

AV E DUAR DO A NDRÉ IA M ATAR AZZO


uso do solo - gabarito

No mapa de gabarito, podemos notar que as edificações no SETOR-N08 são de predominância de gabarito térreo, algumas edificações residenciais e mistas são de dois pavimentos em algumas partes da construção ou na construção total.

45


EET DR OSWALDO RUIZ

OSE J RUA

IRO E T MON

RO D AL EX

S OVA C O ARI M GOV AV

AN DR E BA LB O (S P 32 8)

Fonte: Autor do projeto.

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sistema viário

O sistema viário do SETOR-N08 é composto por duas vias expressas, umas delas é a Rodovia Alexandre Balbo passa por cidades como Sertãozinho, Jardinópolis e tem saída para Pradópolis e Dumont. A predominância do sistema viário é de vias locais e de acesso, devido ao traçado com ruas de acesso aos lotes residenciais. As vias principais que dão acesso à favela, são caracterizadas como vias de acesso no sistema viário.

47


EET DR OSWALDO RUIZ

OSE J RUA

IRO E T MON

RO D AL EX

S OVA C O ARI M GOV AV

AN DR E BA LB O (S P 32 8)

Fonte: Autor do projeto.

AV E DUAR DO A NDRÉ IA M ATAR AZZO


linhas de transporte público

As linhas de transporte público que abastecem o Setor-N08 vão em direção ao centro da cidade, no total são seis linhas que passam pelo bairro.

49


EET DR OSWALDO RUIZ

OSE J RUA

IRO E T MON

RO D AL EX

S OVA C O ARI M GOV AV

AN DR E BA LB O (S P 32 8)

Fonte: Autor do projeto.

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equipamentos públicos

Os equipamentos públicos que servem o SETOR-N08 encontramos muitas escolas e supermercados, mas apenas três unidades de saúde e nenhum equipamento cultural.

51


um lugar para (re)começar

A

favela

da

Reciclagem,

localizada no bairro Quintino Facci II, na zona norte de Ribeirão Preto tem suas primeiras habitações no ano de 2001, pelas pesquisas realizadas foi encontrado um morador com 33 anos de moradia no local.

A favela ganha o nome de

"Reciclagem" pelas atividades que acontecem

no

terreno

onde

ela

está inserida, a Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto utiliza o terreno para fazer descarte de resíduos de materiais da construção civil.

Hoje o número de unidades

habitacionais chega a ser de 199, composta por famílias de 4 a 5 pessoas. A situação da favela hoje é consolidável, ela foi inserida no primeiro Plano Local de Habitação de Interesse Social (PLHIS) no ano de 1994. imagem 06. Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto

2010. O núcleo também está na lista


de Regularização Fundiária na categoria REURB - S (Regularização Fundiária de Interesse Social).

2001. imagem 07. Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto 53


Foram entrevistados em torno

levantado foi o principal motivo de estar morando na favela atualmente,

de 116 moradores da Favela da

grande parte dos entrevistados foi para sair do aluguel ou que não tiverem

Reciclagem, hoje o núcleo conta com

condições de se manter em seus antigos locais de moradia. Os antigos locais

199 unidades habitacionais, através

de moradia da maioria da população são de outros bairros que tem o mesmo

dos dados levantados as informações

perfil que a zona norte de ribeirão preto, bairros como Parque Ribeirão, Heitor

de maior relevância foram tabuladas.

Rigon, Tanquinho, Simioni, Bairro Ipiranga entre outros.

Podemos

analisar

que

a

predominância de gênero na favela hoje

é

de

mulheres

e

pessoas

com idade entre 18 a 28 anos, na pesquisa foram levantados o tempo de moradia no local e a ocupação de cada pessoal junto com a renda familiar, chegamos a concluir que na favela as ocupações de renda da população são faxineira, costureira, vigilante, operador de caixa, auxiliar de limpeza, pedreiro, gesseiro, pintor entre outras profissões e a maior renda familiar levantada foi no valor de 3.871$.

Outro

questionamento


Outros moradores vieram de

outros estados como Ceará, Maranhão e Belém. Encontramos famílias que moram a mais de 25 anos no núcleo e famílias que chegaram a poucos meses e semanas.

55



57


Fonte: Autor do projeto.


topografia

imagem 08. Fonte: auto do projeto

imagem 09. Fonte: auto do projeto

Em relação ao nível do terreno da favela, temos uma queda de 7m que vão em direção a hidrografia da área (direção a Via Norte). Contamos também com uma depressão localizada no mesmo terreno, mas sem habitações dos moradores nesta área. No local, atualmente é utilizado como usina de reciclagem de resíduos de construção civil.

59



diagnóstico

O

Ministério

das

Cidades

queira

regularizar,

o

processo

é

As características físicas do núcleo

aberto e a partir dos Instrumentos

“Favela

de

que o núcleo é classificado com

Regularização

é

realizada

a

da

Reciclagem”

indicam

recomendava que a característica

regularização.

física dos núcleos urbanos irregulares

seja feita através das análises do

consolidáveis; são os que apresentam

local e a remoção de alguns lotes

terreno, moradia, traçado urbano e a

características onde pode ser feita

serão necessários para promover o

consolidação do assentamento.

a urbanização da área, são ações

desadensamento de algumas áreas,

Os núcleos urbanos são classificados

como; implantação da infraestrutura,

buscando a promoção de iluminação,

em

readequação do sistema viário e

ventilação e acessos pelo núcleo.

consolidados, consolidáveis e não

a

consolidáveis.

solo. As ações podem ou não ter a

terreno onde o núcleo é localizado é

assentamentos

remoção de casas, com o motivo de

considerado um terreno adequado,

consolidados; são aqueles que já

abrir ruas, diminuir o adensamento

onde

são urbanizados e possuem todos os

caso a locação dos lotes esteja em

consolidada.

parâmetros de infraestrutura básica,

desordem, eliminar situações em

ou seja, não tem a necessidade

risco entre outros aspectos.

possuiu duas tipologias de moradia:

de uma intervenção urbana física

como reassentamento dos lotes ou

consolidáveis;

definição do sistema viário. Esses

não podem ser urbanizados por

são aquelas que são produzidas

assentamentos podem ou não estar

apresentar alguma situação de risco

com materiais inadequados como

regularizados,

ou insalubridade não solucionáveis.

por exemplo; madeira velha, lata,

três

diferentes

Os

caso

categorias:

a

população

consolidável.

Os

assentamentos

regularização

os

do

parcelamento

assentamentos são

aqueles

A

infraestrutura

Condições

a

é

implantação

da

necessária

no

do

ocupação

terreno:

pode

O

ser

Condição de moradia: O núcleo

não

improvisada e passiveis de adequação,

que

ou

seja,

moradias

improvisadas

61


papelão e outros materiais. Já as

núcleo.

moradias passiveis de adequação

são moradias que possibilitam a

o

extensão caso seja necessário, são

passar por avaliação de técnicos da

de materiais geralmente utilizados

Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto

na construção civil, como tijolos ou

juntamente com profissionais de uma

blocos, cobertura de telhas ou laje

consultoria contratada, chegou-se à

etc.

conclusão que o núcleo foi indicado

Condição do traçado urbano: O

traçado do núcleo é aglomerado e as

Legalidade núcleo

fundiária:

informal

Após

“Reciclagem”

como viável para a regularização fundiária.

vielas existentes permitem somente

Inserida

no

Programa

de

que pedestres possam permear no

Regularização Fundiária, por meio

espaço, sem acesso para veículos

do Decreto nº. 150 de 11 de julho

motorizados. O acesso à moradia é

de 2019 no PLHIS-RP, o núcleo é

feito por vielas, mas com traçado

considerado como T3 (Tipologia 3)

irregular e de má qualidade.

que significa:

Infraestrutura

urbana:

A

“os

assentamentos e

precários

infraestrutura dentro do núcleo se

irregulares

encontra precária, em meio a uma

elevado índice de precariedade, para

viela existente na área, uma tubulação

os quais se prevê elevado percentual

de esgoto que está aparente onde

de

despeja água do esgoto no meio do

tecido. Para fins de dimensionamento

remoção

consolidáveis,

ou

substituição

com

de


do déficit foi estimada remoção/

a

reassentamento médio de 35%dos

porcentagem dos domicílios, e sendo

domicílios”

necessária a infraestrutura urbana. O

(Política

Municipal

de

Habitação)

A

remoção

de

uma

pequena

assentamento não possuiu nenhuma

política

de

e

intervenção urbana, apesar de ser

dos Programas de Habitação será

considerado um assentamento com

executada

um elevado índice de precariedade.

pela

habitação

Secretária

do

Planejamento e Gestão Pública em

Considerando

parceria com os demais órgãos da

citadas

Administração

Cidades aponta qual a proposta

Pública

Municipal

as

acima

o

Ministério

de

Apoiar regularização fundiária de

adequada

Interesse Especifico e, especialmente

núcleo “Reciclagem”: Urbanização

os da modalidade Interesse Social

Complexa; assentamentos com alto

(REURB-S)

urbanos

grau de densidade, tipo aglomerado,

informais inseridos no Programa de

com índices de remoção e realização

Regularização Fundiária, criado pelo

de obras geotécnicas ou drenagem

Decreto Municipal nº360/2017.

urbana.

Podemos

realizadas na urbanização complexa

urbano

núcleos

concluir, irregular

que

o

núcleo

“Reciclagem”

é

são

para

As

deve a

ações

ser

das

Direta e Indireta, tem como objetivos.

dos

intervenção

características

mais

tipologia

para

reassentamento,

do

serem melhoria

apto para receber as intervenções

habitacional, recuperação ambiental

necessárias,

e adequação infraestrutura.

sendo

estimado

63



parâmetros de urbanização Parâmetros para habitação de interesse social;

A partir dos parâmetros indicados na Lei complementar 2927/2018, que tratam de unidade padrão de habitação de interesse social e vias de circulação internas, foram aplicados em todo o conjunto habitacional proposto para a favela da reciclagem, os artigos são; “Art. 8: I - a Unidade Padrão terá área útil mínima de 38,0 m² (trinta e oito metros quadrados), e será composta por, pelo menos, 2 (dois) dormitórios, sanitário, sala, cozinha e área de serviço; “Art. 13: As vias de circulação internas aos condomínios, seja em Conjunto Horizontal ou Vertical, devem: I - ter faixa para circulação de veículos de, no mínimo, 6,00 m (seis metros), nas vias que dão acesso às edificações; II - ser pavimentadas; “Art. 15: I – edificações de até 2 (dois) pavimentos: a)

Recuos dispensados quando não houver abertura na divisa;

Diretrizes para regularização; Para diretrizes de regularização do núcleo informal Favela da Reciclagem, é indicado a Legitimação Fundiária, sob a Lei nº 13.465, de 11 de Julho de 2017 que diz: “Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a regularização fundiária rural e urbana, sobre a liquidação de créditos concedidos aos assentados da reforma agrária e sobre a regularização fundiária no âmbito da Amazônia Legal; institui mecanismos para aprimorar a eficiência dos procedimentos de alienação de imóveis da União; e dá outras providências.”

65


2

2 3

Fonte: Autor do projeto.

1

2


mapa de diagnรณstico

67


1

imagem 10. Fonte: PHIS 2010 imagem 11. Fonte: PHIS 2010 Um dos maiores problemas de saneamento básico que foram identificados na área, é uma tubulação de esgoto

que percorre em alto relevo entre as habitações, e ao final do percurso encontra-se totalmente aberta. imagem 12. Fonte: PHIS 2010

2

As tipologias dos materiais construtivos das

residências da favela são diversas, algumas construções são de materiais recicláveis e outros de tijolos. O adensamento provocado pela falta de organização espacial, prejudica as casas e as viela do local, algumas casas acaba não tendo iluminação do sol e as vielas são irregulares.


imagem 13. Fonte: PHIS 2010

a e

As vielas que compõem favela, de

são

barro,

asfaltadas

mas

ambas,

contém problemas de infraestrutura com vazamento de imagem 14. Fonte: Prefeitura Municipal de RIbeirão Preto

tubulações de água. As vielas de barro acabam sendo mais prejudicadas

quando

ocorre

chuvas fortes na área.

69


imagem 15. Fonte: Prefeitura Municipal de RIbeirĂŁo Preto


3

O maior problema em relação

a área de poluição e saneamento que temos no local acontece nessa área, onde são depositados resíduos de construção civil, e a tubulação de esgoto está totalmente exposta. Sendo um terreno institucional a atividade de descarte de resíduos tem o aceite da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto.

71


estudo de caso

03


comunidade do jacarezinho: célula urbana

imagem 16. Fonte: Jacarezinhorj.blog

AUTORES: Fundação Bauhaus-Dessau e Prefeitura do Rio de Janeiro LOCALIZAÇÃO: Favela do Jacarezinho, Rio de Janeiro CLIENTE: Bahaus-Dessau PARCERIA: MoVLe projetos ESTADO: Parcialmente concluído ANO:2001

73


celula urbana

No ano de 2000, a Fundação

Bauhaus Dessau foi convidada pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro para desenvolver um projeto modelo mais a mais de 500 favela das metrópoles

brasileiras,

com

essa

união, surge o Programa Favela Bairro, com o objetivo de agregar valor as áreas pobres e integrá-las no contexto urbano.

O programa deu origem ao

projeto

modelo

Célula

Urbana,

que tem como partido uma política especial de desenvolvimento urbano, que

evolui

nas

estruturas

sócio

espaciais da favela e da própria arquitetura-favela tomando em conta as perspectivas de vida individuais dos habitantes.

imagem 17. Fonte: Jacarezinhorj.blog


g

"O Célula Urbana tem como principal elemento o "Block - o coração da Célula", que cria um vazio em meio ao aglomerado de edificações com a função de oxigenar os outros blocos da favela, consolidar a convivência comunitária, configurando como um novo método multifuncional para os problemas

habitacionais".

(Izabel

Mendes, 2006 pág. 151)

75


jacarezinho

imagem 18. Fon


nte: Jacarezinhorj.blog

A

interação

comunidade plano

é

social

proposta

através

da

da

Fazenda.

Através

do

diagnóstico

em

um

de caracterização da comunidade

utilização

de

podemos perceber que a comunidade

serviços comuns aos habitantes da

do

comunidade e de seu entorno, como

estrutura urbana bem diversificada e

creches,

órgãos

consolidada. Os problemas apontados

administrativos, o uso comercial e

pela população estão na segurança e

áreas de lazer são colocados como

na ausência de áreas de lazer.

postos

médicos,

Jacarezinho

apresenta

uma

importantes agentes socializadores que ajudam na inversão da condição de gueto. a

O Plano de Intervenção para Comunidade

do

Jacarezinho,

apresentam como partido as questões da integração da comunidade com o seu entorno e a valorização da identidade local. Como resultado da grande expansão da

favela

os

diagnósticos

foram

separados em sete setores; Beira Rio, Fundão, área do Azul, Cajueiro, Cruzeiro, Fazendo Velha e Vieira 77


imagem 19. Fonte: Jacarezinhorj.blog


da

Ao longo do desenho urbano favela

vários

foram

projetos

desenvolvidos com

melhorias

"consolidar e difundir o projeto piloto" (Izabel Mendes, 2006 pág. 162)."

para o lugar, com diretrizes como;

valorização

da

acesso,

e

área

encontro, modelo,

alargamento de

esportivas, atividades

recreação

do

permanência

estacionamento,

quadras

infantil,

para

A

segunda

Estação

do

etapa

projeto

Largo prevê

a

e

construção de uma passarela até a

quatro

principal avenida da região, acesso

mercado

ao Ciep, a criação de um centro de

idosos,

transferência da Comlurb (Compania

de

de Limpeza Urbana) e a criação de

atletismo, quiosques, entre outros

um centro esportivo com ginásio

equipamentos

aberto" (Izabel Mendes, 2006 pág.

e

pista

atividades

que

os espaços implantados poderiam imagem 20. Fonte: Jacarezinhorj.blog

projeto e tem como principal função

163).

propor para a comunidade.

A primeira fase do projeto

implantada,

foi

na

Praça

da

Concórdia, no limite da comunidade e próximo a umas das principais vias de circulação da zona norte da cidade. Foram removidas nove casas imagem 21. Fonte: Jacarezinhorj.blog

e construído o Núcleo Experimental, que passou a ser Célula Cultural do 79


A

urbanização

que

será

proposta na Favela da Reciclagem, segue as diretrizes da Célula Urbana como referência; não é só um simples projeto de urbanização, mas sim um projeto onde possa solucionar os principais problemas da população que habita na favela, problemas como; inclusão social, áreas de lazer, infra-estrutura básica, sistema viária entre outros problemas que poderiam ser solucionados com soluções de intervenções que façam a diferença.

imagem 22. Fonte: Jacarezinhorj.blog No Projeto Célula Urbana o tratamento da favela se

dá por partes, e cada área de intervenção é tratada de forma mais detalhada e que abrange melhorias para pontos específicos onde são implantadas. Mas em todos os projetos é possível ver as propostas centrais de melhorias habitacionais e a construção de equipamentos.


imagem 23. Fonte: Jacarezinhorj.blog 81



AUTORES: Base Urbana e Pessoa Arq LOCALIZAÇÃO: Bairro Rio Pequeno, São Paulo CLIENTE: SEHAB São Paulo PARCERIA: Consórcio Domus Ductor, Engelux Galvão e Etemp Corma ESTADO: Concluído ANO:2010-2014

favelasapé

imagem 24. Fonte: Archdaily 83


imagem 25. Fonte: Archdaily


No ano de 2000, a comunidade

São

que colabora para a manutenção e

do Sapé passou por uma sequência

Paulo passou a realizar remoções

moraria da vida da população na

de

e

em caráter emergencial para evitar

cidade (BASE URBANA E PESSOA

alagamentos que acabaram sendo

novas catástrofes. Em 2010, a área

ARQ,2016).

responsáveis por grandes perdas

recebeu dotação orçamentária para

de material e até mesmo de perdas

sua urbanização (BASE URBANA E

humanas.

PESSOA ARQ,2016).

episódios

A

de

enchentes

atuação

do

poder

Regularização

Fundiária

de

público sobre a área se dá de forma

fragmentada, no ano de 2002 a Favela

iniciativa da Secretária da Habitação

do Sapé foi incluída como ZEIS no

Municipal de São Paulo que atendeu

Plano Diretor da cidade de São Paulo

2500

e no Programa de Regularização

precárias de moraria no Bairro do

Fundiária da Prefeitura.

Rio Pequeno. O partido do projeto

Podemos concluir que, a favela

se baseia na costura urbana entre as

entrou no Plano de Regularização

duas margens do córrego a partir do

Fundiária antes mesmo que fosse

desenho de espaços públicos. Ao unir

proposto algum projeto urbanístico

em desenho urbano, a infra-estrutura

para a melhoria das habitações e

e a habitação, o projeto cria espaços

reassentamento

das

para melhorar a mobilidade urbana,

em

risco.

áreas

episódios e

de vastos

alagamentos,

construções

de o

Após

A urbanização do Sapé é uma

famílias

em

condições

os

a qualidade ambiental, a moradia,

enchentes

o lazer, o trabalho, possibilitando

Programa

de

uma consciência de pertenciamento 85


imagem 26. Fonte: Archdaily


Os

principais

objetivos

da

como referência o projeto implantado

urbanização do Sapé são; a remoção

pela SVMA a montante do córrego.

das famílias em situação de risco,

Devido

a

terreno e a necessidade da criação

implantação

de

infra-estrutura

às

altas

de

construção de novas residências na

muretas de contenção de até 1.20cm,

própria área.

permitindo a união entre habitação e

A

partir

obrigatórias feita

em

que várias

criou-se

do

urbana para todas as moradias, e a

arrimos,

declividades

pequenas

das

remoções

o passeio, evitando a segregação dos

teria

que

ser

espaços, o que torna interessante

da

a relação entre as áreas públicas e

construções

comunidade, estudou-se as possíveis

imagem 28. Fonte: Archdaily

privativas em volta do córrego.

áreas de assentamento vinculadas ao caminho verde junto ao córrego do Sapé. O projeto criou três áreas para novos edifícios estruturando também os pontos de conexão da comunidade com o bairro, junto ás escolas, potencializando os espaços públicos.

O

projeto

de

sistema

de

drenagem do córrego do Sapé que aconteceu na comunidade, adotou

imagem 27. Fonte: Archdaily

imagem 29. Fonte: Archdaily 87


No sentido transversal, o projeto

estabelece

duas

novas

conexões

e comércios existentes e ainda aos novos espaços de lazer e ciclovia,

viárias, além de melhorar as vielas

possam

de pedestres e o acesso as casas

de renda e ferramentas urbanas de

remanescentes, e ainda construiu

integração física e social. Mesmo

sucessivas pontes para facilitar a

durante as obras já foi possível

transposição do córrego. Todas as

perceber que o alargamento dos

ruas internas são compartilhadas

passeios oferece essa oportunidade.

com pavimento intertravado com guia

rebaixada, priorizando o pedestre,

desenho

e

e o carro ainda circula controlado

urbano

procurou

por elementos do desenho urbano e

diferentes escalas da intervenção

paisagístico.

levando

público de mobilidade e lazer para a

a

O diagnóstico social revelou precariedade

econômica

constituir

Com

os

esta

oportunidades

estratégia

construção

o

projeto

transpor

conceitos

do

de as

espaço

da

borda das construções, para dentro

população e as ações urbanísticas

das vielas e das pequenas praças

voltaram-se também para levantar

internas conformadas com as obras

vocações e oportunidades. Nessa

de infraestrutura. (BASE URBANA E

mesmo direção, o projeto urbano

PESSOA ARQ,2016)

considerou a diversidade de usos e criou ao longo do caminho verde para que usos relacionados aos serviços


imagem 30. Fonte: Archdaily

imagem 32. Fonte: Archdaily

imagem 31. Fonte: Archdaily

imagem 33. Fonte: Archdaily 89


imagem 34. Fonte: Archdaily

imagem 35. Fonte: Archdaily


y

O projeto de arquitetura para

URBANA E PESSOA ARQ,2016). separação

estrutural

no

unidades

no

volumes da circulação horizontal e

subsolo mais ligadas espacialmente

dois ou três dormitórios, duplex e

vertical, e do volume das unidades,

ao caminho verde (BASE URBANA E

unidades de acessibilidade integral,

permitiu criar uma flexibilidade para

PESSOA ARQ,2016).

entre 50 e 46m², além das unidades

implantar os edifícios. Resultado das

de comércio e serviço. A quantidade

diversas

de cada tipologia foi dada com o

elementos uma implantação que se

levantamento de dados feito com as

acomodou a cada particularidade

famílias ao longo do projeto.

de cada terreno, da relação com

o entorno, da situação do lote na

estes

foi otimizado com a padronização

paisagem.

dos vãos para portas e janelas, das

paredes hidráulicas com prumadas

caminho verde com a sua vegetação

fixas e proporcionou a ventilação

nos vazios entre os volumes, foi

cruzada.

integrado os espaços modulando a

A

circulação

horizontal

originando

pousa

tipologias de unidades habitacionais:

entre

terreno

edifício

articulações

dos

o

a favela só Sapé contempla sete

O sistema construtivo adotado

A

topográfica,

No projeto de paisagem do

passagem das áreas públicas para

avarandada coletiva transpôs para o

as

privadas,

neste

pavimento um espaço de convivência

proposto sempre proporcionar uma

existente nas vielas da favela, criando

estrada pela rua e outra pelo caminho

a oportunidade de troca entre as

verde para todos os condomínios.

famílias de um mesmo andar (BASE

Neste

exercício

de

sentindo,

foi

acomodação 91


Logo

ao

foi

possível

início

obras,

proposta de urbanização da Favela da

melhora

Reciclagem, leva-se em consideração

considerável na vida dos moradores

as áreas de convivência e toda

e dos habitantes onde habitavam, as

a urbanização feito ao longo do

reformas que foram executadas ao

córrego.

notar

das a

longo do córrego foram significantes para unir a favela dos outros bairros. Mas, grande parte das áreas verdes propostas não foram executadas, alguns

edifícios

habitacionais

institucionais

também

não

e

foram

construídos. Em certos trechos do córrego ainda existem a falta de coleta de lixo e iluminação.

Podemos concluir, o projeto

de urbanização da favela do Sapé se dá como iniciativa e prioridade a qualidade de vida dos moradores; e a infra-estrutura sobre o córrego que se encontrava em estado precário e perigoso.

Como

referência

para

a


imagem 36. Fonte: Archdaily

93


inter venção

04


conceito

O projeto tem o

de

qualificação

e

identidade

do

espaço e a integração da favela com o bairro.

O

partido

do projeto se baseia na quebra de barragem e isolamento em que a favela se encontra, propondo

a

qualificação

de

espaços

de

convivência verdes e comércios para que aconteça a costura do tecido urbano entre favela e bairro.

95


diretrizes de intervenção

O projeto tem como foco das

com materiais que não são apropriados para trazer conforto e segurança

diretrizes de intervenções, o lazer,

para os indivíduos que habitam, recebem a reforma das construções. As

habitação e desenho urbano.

habitações que impedem a circulação adequada para as vielas dentro da

Lazer:

envolve

toda

área

favela, serão remanejadas para as novas habitações que se localização no

de integração e a qualificação de

mesmo terreno. As construções que estão em um espaço muito adensado

espaços de uso públicos, como foi

ou em estado de risco, também serão remanejadas, assim chegamos ao

mencionado anteriormente, o partido

número de 64 habitações remanejadas para as novas habitações.

do projeto se baseia na quebra da

barragem e isolamento da favela, a

segurança, são diretrizes do desenho urbano, assim como a transferência da

área de integração envolve não só os

usina de reciclagem localizada no terreno.

Desenho urbano: adequação de paginação, saneamento básico,

moradores que habitam na favela, mas sim, toda a vizinhança. as

Habitação: construções

favela,

se

a

diretriz

habitacionais

baseia

em

para da

melhorias

habitacionais, ou seja, como apontado anteriormente, as construções feitas DEMARCAÇÃO DA VEGETAÇÃO RETIRADA

ÁRVORE PARA RETIRAR

LOTES RETIRADOS PARA ADEQUAÇÃO DO SISTEMA VIÁRIO

LOTES RETIRADOS PARA O DESADENSAMENTO

PROBELMAS DE INFRAESTRUTURA

NOVO SISTEMA VIÁRIO


implantação - propostas de interveção O ED R I UE FIG

E SD E O YD ED R CL I U E UE AL FIG G E . AV SD E YD CL U LE GA . AV

SÉ JO

NO ER T PA DO IA R A .M R D

IO AR S RO AN

G OR

E RG

E QU

JM

JO

RI

N HE

ON LT I M

83,622 m2

ES AV Ç N GO O

IM

EL NO MA A EIR ND BA

ORTE VIA N

O

SC

I NC

X MA

A

FR

IVEIRA CO DE OL IS C N A R OAO F ET VER J

100m

ET RAFAE L DE FINA

50

ET V E R ANTO NIO JOAQ

0

HO

IL BF

97


implantação - projeto O ED R I UE FIG

E SD E O D ED LY R C I U UE LE IG A F .G DE AV ES D Y CL U LE GA . AV HABITAÇÕES TÉRREAS

SÉ JO

HABITAÇÕES TÉRREAS

HABITAÇÕES MISTAS

HABITAÇÕES MISTAS

NO ER T PA DO IA R A .M R D

A

DECK

CONVIVÊNCIA

ESPORTE

IO AR S RO AN

G OR

8,00

so es ac rros ca

E RG

7,00

ÁREA DE CONVIVÊNCIA

E QU

JM

JO

1

RI

2 6,00

N HE

5,00 2,00

ON LT I M

4,00 3,00

ES AV Ç N GO

HO

O

2,00

EL NO MA

so es ac rros ca

1,00

2,00 sso ace os carr

A

M

AN

FR

acesso carros

2,00

0,00 ESPORTE

100m

ET RAFAE L DE FINA

50

HABITAÇÕES TÉRREAS

OLIVEIRA ISCO DE C N A R F OAO ET VER J ET V E R A NTON IO JOAQ

PLAYGROUND

0

A EIR ND BA

acesso carros

ORTE VIA N

1,00

O

SC CI

IM AX

IL BF


projeto

O intuito deste projeto é gerar a

qualificação do espaço, com as melhorias urbanísticas que

dispõe totalmente das necessidades dos indivíduos que ali habitam. As intervenções acontecem ao longo do terreno, após a transferência da usina da reciclagem, ganha-se uma grande área, onde é trabalhado o espaço de convencia, com mobiliários versáteis e dinâmicos.

99


AL .G V A

E SD E YD CL U E

O ED IR E U FIG postes

E SD E D LY C EU AL G . AV

O ED R I UE FIG

SÉ JO

O RN E T PA DO IA R A .M DR

IO AR S RO

6,00

AN

G OR

8,00

so es ac rros ca

7,00

E RG

JM

O

EJ

U IQ

postes

NR

6,00

HE

5,00 2,00

ON LT I M

4,00 3,00

GSPublisherVersion 0.6.100.100

S VE A NÇ GO

HO

2,00

sso ace os carr

A EIR ND BA

acesso carros 6,00

O

IM

EL NO MA

so es ac rros ca

1,00

2,00

O

SC

I NC

X MA

IL BF

A

FR

00

OLIVEIRA ISCO DE C N A R F OAO ET VER J

ET RAFAE

ET VE R AN TO


circulação

Os acessos de veículos que

acontecem dentro do novo conjuto de casas, ocorre pelas rua João Francisco

de

Oliveira,

e

na

AV.

Eucludes de figueiredo. Esse dois acessos são entre os novos conjuntos habitacionais, para ter acesso a favela, foram inseridos dois acessos principais pela rua José Paterno e Henrique Jorge, que foram possiveis após

a

retirada

de

construções

habitacionais da favela.

A circulação de veículos em

todo o terreno é somente para veículos emergênciais e moradores,

Para a

paginação

de toda a área, o piso concreto drenante, que ajuda na permeabilidade do solo, como os espaços de solo permeável acontecem somente em alguns pedaçõs do terreno, a paginação ajuda que a água possa infultrar no solo.

a preferência de permeabilidade e circulação é do pedrestre/ habitantes.

101


Y L C U E L A G . V A


R I E U FIG

convivência E

As áreas de convivência e integração social D S que acontecem dentro da favela, conta com E YD bancos, iluminação e lixeira, as “áreas azuais” são

espalhadas ao longo das habitações e vielas.

bancos

postes

mobiliários

lixeira

Entre os

que

foram

pensados para está área temos postes de iluminação com altura de 3,00m, bancos de concreto e lixeiras dispostas nos pontos que existem mais concentração de pessoas.

Os mobiliários acompanham os novos espaços

desenvolvidos ao longo do terreno. 103



habitações

Foram dispostas 64 habitações

familiares, 24 de tipologia mista e 40 residencial. As tipologias mistas têm as suas fachadas viradas para a praça e para a favela, são dois conjuntos de construções geminadas possuindo tipologia mista e dois conjuntos de construções residências próximo à rua João Francisco de Oliveira. Os sobrados têm um total de 82m² contando com dois quartos, um banheiro, sala, cozinha e área de serviço, as casas térreas têm o total de 51,90m² construídos com os

13 13

mesmos ambientes, contando ainda

O O EEDD IR IR UUEE IG FIG EE F SS DD E E O O YYDD EEDD CCLL IR IR EEUU UUEE IG ALL FIG GA EE F .. G AAVV SS DD E E DD LLYY C C U EEU ALL GA .. G AAVV

com garagem de 37,35m².

SÉÉ OS JJO

O O RRNN TTEE PPAA O DDO IA IA ARR MA .. M DDRR

IO RRIO SAA OS RRO

ANN G GA ORR MO JM EJ GE RG OR JJO UUEE IQ IQ NNRR HHEE 8,00 8,00 8,00

7,00 7,00 7,00

6,00 6,00 6,00 5,00 5,00 5,00 4,00 4,00 4,00 2,00 2,00 2,00

3,00 3,00 3,00 2,00 2,00 2,00

IRAA IR DEE ND N BAA LL B OEE NO N MAA M

1,00 1,00 1,00 2,00 2,00 2,00

E RTE NORT VIA NO VIA 0,00 0,00 0,00

1,00 1,00 1,00

O CO ISC CCIS AANN FFRR

O O IM IM AXX M MA

B

2,00 2,00 2,00

EIRA OLIVEIRA DE OLIV SCO DE NCISCO FRANCI O FRA JOAO VER JOA ET ET VER

105

ET RAF ET RAFAEL AEL DE DE FINA FINA

ET VE ET VER R AN DAA ANTO TONI MD UIM NIO O JO AQUI JOAQ

GSPublisherVersion GSPublisherVersion 0.6.100.100 GSPublisherVersion0.6.100.100 0.6.100.100

EESS AAVV NÇÇ ON GO NG O ON ILTT M MIL


F

7

F

8

6 5 4 3 2 1

dormitório 02 10,02m² a.s. 9,03m²

9 8 7 6 5 4

F

comércio 49,12m²

a.s. 9,60m²

0,00

área social 29,19m² +0,20

banho 3,22m²

2

10

9

planta baixa - tipologias esc: 1:100

área externa 37,34m² +0,20

área social 9,65m²

3

1

circ. 6,90m² F

10

dormitório 01 10,02m²


8 7 6 5 4 3 2 1

17

16

15

dormitório 02 8,83m²

14 13 12 11

10

9

circ. 15,40m² +3,40

8 7 6

banho 4,43m²

5 4 3 2

dormitório 01 10,15m²

1

17

16

15 14 13 12 11

10

9

planta segundo pavimento - tipologias Esc: 1:100

107



habitações 109


corte A/A esc: 1:500

elevação 1 - tipologia térrea esc: 1:250

elevação 2 - tipologia mista esc: 1:250


111


espaços

Os espaços qualificados são

dispostos de atividades para crianças, jovens, adultos e idosos. A quadra poliesportiva conta com grades de proteção, e com um deck que faz integração com a área disposta de comércio/ serviços, o espaço ainda pode

suportar

eventos

culturais,

como show, feiras, competição de esportes, entre outros. A área das crianças fica próximo ao espaço de exercícios, a proximidade dos dois espaços é proposital, a proposta é que o espaço seja frequentado 13

por famílias que possa realizar as

O ED IR UE FIG DE

ES O YD ED CL IR EU UE AL FIG E .G AV SD DE LY C EU AL .G AV

SÉ JO

O RN TE PA

IA AR .M DR

DO

atividades ao mesmo tempo e fiquem

RIO SA RO

8,00 8,00

E RG JO UE IQ NR HE

próximas.

N GA OR JM

7,00 7,00

6,00 6,00 5,00 5,00 4,00 4,00 2,00 2,00

N TO MIL

3,00 3,00 2,00 2,00

EL NO MA

1,00 1,00 2,00 2,00

1,00 1,00

CO CIS AN FR

O XIM MA

O ILH BF

2,00 2,00

EIRA SCO DE OLIV O FRANCI ET VER JOA

ET RAFAEL DE FINA

ET VE A R AN TONIO AQUI M D JO

GSPublisherVersion GSPublisherVersion0.6.100.100 0.6.100.100

A EIR ND BA

RTE VIA NO 0,00 0,00

ES AV NÇ GO

deck


113



playground

115


esporte


playground

117


convivĂŞncia


119


deck


convivĂŞncia

121


referĂŞncias

05


123


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FRANÇA, E. Favelas em São Paulo (1980-2008) Das propostas de desfavelamento aos projetos de urbanização. 2009. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo), Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2009. CORDEIRO, D. Políticas de intervenção em favelas e as transformações nos programas, procedimentos e práticas: A experiência de atuação do município de Embu. 2009. Dissertação (Mestre em Arquitetura e Urbanismo) Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. BONDUKI, N. Os pioneiros da habitação social no Brasil: volume 01 – 1. Ed. – São Paulo: Editora Unesp: Edições Sesc, 2014.

125




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