Habitação de Interesse Social em Brodowski

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL EM BRODOWSKI

LAIS CARREIRA - 2020


CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA TRABALHO FINAL DE CURSO ARQUITETURA E URBANISMO

HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL EM BRODOWSKI

Trabalho Final de Curso apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Tânia Maria Bulhões Figueira

RIBEIRÃO PRETO 2020


AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus, por toda ajuda, força e fé necessárias para continuar e chegar até aqui. Segundamente agradeço a minha orientadora Tânia, onde sem ela nada disso teria sido possível, sempre ajudando, orientando e aconselhando nos momentos mais difíceis dessa etapa. Agradeço aos meus pais, ao meu padrinho Marcio, a minha madrinha Marinez e a toda minha família, que sempre permaneceram ao meu lado e sem eles nada disso teria sido possível.

Agradeço ao meu namorado João Márcio e minhas amigas Larissa e Letícia por todo apoio, companheirismo e ajuda em todos os momentos. Agradeço também a todos os professores que acompanharam-me ao longo do curso, por todo ensinamento e aprendizado. Por fim, agradeço a todos que fizeram parte dessa jornada, meu muito obrigada por toda ajuda na realização desse sonho.


SUMÁRIO RESUMO INTRODUÇÃO

01 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

03 LEITURAS PROJETUAIS

1.1 O problema da moradia de baixa renda no Brasil hoje ............... 20

3.1 Condomínio Maria do Carmo Maciel Possos .................................... 92

1.2 O problema da moradia de baixa renda em Brodowski hoje ...... 31

3.2 Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho) .. 108

1.3 Produção habitacional no Brasil: um recorte da sua história ..... 42

3.3 Conjunto Habitacional do Jardim Edite .......................................... 136

1.4 Conclusão ..................................................................................... 48

3.4 Habitação Villa Verde ....................................................................... 160

02 PESQUISAS EMPÍRICAS

04 MAPA SÍNTESE 05 PROJETO

2.1 Levantamento .......... 53 2.6 Uso do Solo .................................... 72 2.2 Introdução ............... 54 2.7 Equipamentos ............................... 74

5.1 Partido e Conceito ................... 194 5.5 Sistema Construtivo ....... 214

2.3 Mapas Oficiais ......... 60 2.8 Ocupação do Solo ........................ 78

5.2 Plano Geral de Ocupação ....... 196 5.6 Desenhos Técnicos ......... 216

2.4 Aspectos Naturais ... 64 2.9 Restrições Legais .......................... 82

5.3 Programa de Necessidades ..... 198 5.7 Unidades Habitacionais . 240

2.5 Mobilidade .............. 68 2.10 Caracterização Física da Área ..... 83

5.4 Acessos e Eixos de Circulação . 212

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


RESUMO O propósito deste trabalho é abordar a importância e relevância do tema Habitação de Interesse Social (HIS) no Brasil, demonstrando o porquê ele tem tanto valor na contemporaneidade, apontando pontos importantes e contando a história do objeto moradia coletiva e de interesse social a partir de um viés atual. Sendo assim, este conteúdo dará subsídios a um projeto de uma Habitação de Interesse Social em Brodowski/SP, uma cidade de porte pequeno, localizada próxima à cidade de Ribeirão Preto/SP. O projeto contará com toda uma gama de características que tentarão objetivar sua qualidade espacial e urbana, que não são usualmente encontrados em projetos destinados à composição de conjuntos habitacionais para a população de baixa renda, no Brasil, atualmente. O texto de composição teórica e conceitual do presente trabalho debruça-se, inicialmente, nos problemas existentes no Brasil em relação às HIS e a questão do déficit Palavras chaves: Habitação, Social e Brodowski.

habitacional para a população carente; logo após já se apresenta também esses problemas, mas tendo como foco a cidade de Brodowski; e, por fim, destaca-se a historiografia dos conjuntos habitacionais brasileiros – conformando uma espécie de linha do tempo a respeito desse modelo de habitações. Na sequência do trabalho, dá-se início ao levantamento e suas pesquisas, para assim abordar e localizar os pontos negativos e positivos da área de intervenção e de seu entorno, compondo assim uma boa estruturação projetual. Logo em seguida, são estudadas propostas projetuais de relevância no país, quatro leituras projetuais em particular – sendo uma na cidade de Brodowski para devida avaliação de suas qualidades – a fim de destacar suas características mais importantes e como este repertório pode contribuir para a proposta que aqui será elaborada e desenvolvida. E finalmente, chegar-se-á ao lançamento das diretrizes do projeto.


INTRODUÇÃO A temática que quer ser discutida ao longo do presente trabalho diz respeito à qualidade da produção de moradia de baixa renda nos projetos brasileiros na realidade atual. Tendo então como objeto a materialização física desse problema em uma habitação de interesse social (HIS). Sabe-se que a habitação de interesse social se difere da moradia popular porque ela se destina à população de baixíssima renda, ou seja, no Brasil uma população que vai de 0 a 3 salários mínimos como renda mensal familiar e, portanto, é essa população que tem uma economia mais precária e com a qual buscará se dialogar no projeto em questão – o que já demonstra uma preocupação com as qualidades de projeto e baixo orçamento. Observando esse cenário, chegamos à conclusão que possuir uma moradia digna é o sonho de milhões de pessoas em todo o mundo e um direito previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos. No Brasil, a Constituição da República de 1988 reconhece esse direito

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como social. Assim como o acesso à saúde e à educação, o acesso à moradia é incontestável como essencial para a vida, até porque alcançar cada um desses direitos sem, contudo, residir em uma habitação confortável e salubre é algo complexo de se realizar. Sem uma moradia regularizada, o cidadão não tem direito nem mesmo a um endereço, ou seja, está contido alheio à cidade dita formal, constituindo o que se denomina por morar na informalidade, o que pode ser exemplificado pela condição dos sem-teto e de pessoas residindo em ocupações irregulares. Hodiernamente, no Brasil, devemos também levar em consideração que a população sofre com falta de oportunidades, e como consequência disso, os cidadãos que sobrevivem com a falta de recursos aumenta cada vez mais. A produção de habitação de interesse social das últimas quatro décadas, mostra indícios de uma defasagem tecnológica e formal, que não corresponde à recorrência do tema nas pesquisas realizadas no Brasil.

Os objetivos do presente trabalho são, portanto, a elaboração de um projeto de Habitação de Interesse Social na cidade de Brodowski/SP – pois o município possui um alto déficit de habitações de interesse social em termos de quantidade e qualidade – a fim de demonstrar alguns pontos importantes, sendo eles: 1°: que as cidades de porte pequeno também dialogam na atualidade com esses problemas que há 50, 60 anos eram questões quase que exclusivas das regiões metropolitanas brasileiras, mas que se alastraram para as cidades de porte médio e pequeno, provavelmente por seguirem o mesmo padrão urbano das metrópoles baseado na cidade enquanto um produto exclusivamente de ordem econômica e que deve seguir as determinações do capital; 2°: para abordar e falar sobre a qualidade e os problemas de alguns períodos históricos no Brasil, como exemplo disso: dialogar sobre alguns projetos de interesse social e moradia popular já construídos em

território nacional, salientando sempre a importância do arquiteto no processo de projeto, a importância de um conjunto de políticas públicas e programas governamentais que apoiem a implementação desses projetos com mais qualidades e demonstrar que, na história do Brasil – ao contrário do que se pensa –, já existiu bons expoentes de qualidade arquitetônica e urbana no sentido de compor conjuntos habitacionais de qualidade espacial ímpar; 3°: discutir sobre o fato de a realidade atual estar apoiada em uma única política (único programa) de implementação do acesso à moradia para a população mais carente, que é o programa Minha Casa Minha Vida, e o que isso traz de positivo para a economia do país em termos de geração de emprego, por exemplo, e como sua produção habitacional se faz ampla em termos numéricos, mas pífia em termos de qualidade de projetos – o que leva à sua crítica mais enfática.

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Como justificativa a respeito das escolhas do presente trabalho aborda-se a importância de o porquê falar da habitação de interesse social, 1°: porque ela tem uma relevância social em si mesmo – sabe-se que o Brasil possui índices numéricos, ou seja, um déficit habitacional estrutural que vem desde que o país surgiu enquanto uma República Federativa, no final do século XIX e até a realidade atual, e esse número só se expande, deixando claro o fato de que o Brasil na maioria das vezes não deu conta de oferecer para sua população de baixa renda acesso à habitação de qualidade, sobretudo em termos numéricos; 2°: porque esse déficit não é só quantitativo, e sim qualitativo, mesmo quem é de baixa renda ou de renda mediana e tem acesso à moradia, essa residência apresenta, em alguns casos, complicações de ordem espacial, como: a falta de salubridade, o desenvolvimento técnico desagregado, podendo assim sofrer algum tipo de rachadura, trinca ou até abaulamento estrutural, o que compromete o dia-a-dia dessa habitação, inclusive culminando no risco de acidentes e de morte àqueles que aí residem.

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Para o presente trabalho, o conjunto habitacional projetado do zero possui várias escalas de complexidades, sendo assim, como conjunto ele dialoga com a escala urbana, trazendo para o repertório da aluna uma série de problemáticas urbanas, discutindo assim a cidade contemporânea e a questão da sustentabilidade inerente a ela. Na escala meso (escala do edifício), o projeto irá abordar problemas urbanos e arquitetônicos, ou seja, o vínculo entre essas duas escalas, como a implantação dos edifícios, seu vínculo com a topografia e condicionantes naturais do local e a relação entre exterior e interior da edificação, que resvala em características simbólicas deste entorno e de quem o habita. Na escala micro, abordam-se problemas inerente à boa constituição espacial em termos de resolução de layouts, composição de sistemas de fechamentos e de aberturas, dado pelo desenho das vedações e esquadrias, e seu vínculo com a estanqueidade do edifício projetado, a entrada e circulação de ventos naturais, a absorção de energia e insolação naturais, para além da composição plástica que

influencia em como o ser humano dialoga com o objeto edificado – como um impacta no outro. Então, como repertório acadêmico, o grau de complexidade da HIS perpassa a escala urbana e a escala arquitetônica, resvalando assim nas várias particularidades de demonstração de aprendizado por parte da aluna ao longo do curso, o que justifica a importância social e acadêmica do tema e objeto apresentados. Como metodologia, primeiro será apresentado o todo do trabalho, na configuração de um conteúdo introdutório dele, e este busca abordar a temática, o objeto, os objetivos e a justificativa das escolhas do presente trabalho. Depois, ele se desdobra em capítulos que constituem seu repertório teórico, possuindo capítulo 1, 2 e 3, em que será exposta uma pequena revisão bibliográfica a respeito das Habitações de Interesse Social no Brasil. A saber: Capítulo 1: trata do problema da moradia de baixa renda no Brasil hoje, e resvala sobre a questão da implementação de habitações de interesse social no país, apresentando índices de como e de que forma elas ocorrem e

qual sua qualidade espacial. Dá ênfase ao programa Minha Casa Minha Vida, apresentando informações desde sua criação, até o que ele significa na contemporaneidade. Capítulo 2: trata do problema da moradia de baixa renda em Brodowski hoje, e apresenta informações da cidade em que o conjunto habitacional do presente trabalho será implantado e justifica a escolha do município para ser solo da intervenção proposta. Apresenta dados do quanto essas cidades de porte pequeno merecem mais atenção em relação ao tema escolhido. Capítulo 3: trata da produção habitacional (de interesse social) no Brasil ao longo da história do século XX e XXI, demonstra a periodização histórica dessas habitações, os tipos de produção habitacional que vem sendo construídos ao longo do tempo, o motivo deles terem sido criados e o que isso significou para a historiografia da arquitetura e urbanismo brasileiros. Logo após esse exposto teórico, o presente trabalho deu sequência para uma segunda frente de trabalho, que é a escolha da área de intervenção, sua correlata justificativa e os

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levantamentos a respeito deste local, está sequência foi atribuída para assim fornecer uma ligação do capítulo 2 (capítulo este que fala sobre as características de Brodowski perante ao assunto) ao levantamento e dados da cidade. A área de intervenção escolhida está disposta no setor leste da cidade de Brodowski/SP, e estará disposta nesse local por ser uma diretriz indicada no corpo legislativo da cidade. Logo após tais dados do local serem expostos, o presente trabalho deu sequência para um terceiro núcleo, capítulos voltados à constituição de repertório sobre ações de projeto, que conformam as leituras projetuais. Sendo elas:

Condomínio Maria do Carmo Maciel Possos: Um condomínio construído na cidade de Brodowski/SP pelo Programa Minha Casa Minha Vida. Este foi o projeto escolhido para demonstrar diversos problemas nos conjuntos habitacionais da cidade. Problemas que irão servir como exemplo para não serem replicados na Habitação de Interesse Social que irá ser

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projetada pelo presente trabalho. Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho): Um conjunto residencial construído na cidade Rio de Janeiro/RJ, entre a década de 1940 e 1950, que irá mostrar as Habitações de Interesse Social na história do Brasil. O conjunto foi escolhido por todas as qualidades projetuais e tudo que oferece aos moradores que ali residem (até os dias atuais). Conjunto Habitacional do Jardim Edite: Conjunto habitacional construído na cidade de São Paulo/SP no ano de 2010. O conjunto foi escolhido devido principalmente à sua característica de estar disposto bem no centro da cidade, trazendo assim uma melhor qualidade de vida aos moradores e vínculo com outras estruturas urbanas para além da moradia.

plásticos e técnicos – o que salvaguarda seus moradores de possíveis colapsos técnicos em seus vários subsistemas (estrutural, fechamentos, aberturas, hidráulica, elétrica, entre outros). E, por fim, como quarta e

última frente de trabalho, encontra-se o desenvolvimento do projeto, elaborado em uma única etapa, sendo ela: Desenvolvimento do projeto da Habitação de Interesse Social na cidade de Brodowski.

Habitação Villa Verde: Habitação de Interesse Social construída na cidade de Constitución, no Chile, no ano de 2010. A habitação foi escolhida por ser um projeto inovador, com uma tipologia que prevê possíveis ampliações sem, contudo, descaracterizar o objeto arquitetônico em termos

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CAPÍTULO UM

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


A habitação de interesse social é a moradia destinada a população de baixíssima renda – 0 a 3 salários mínimos como renda mensal familiar – e a construção dessas habitações no Brasil, em sua grande maioria, são empreendimentos subsidiados pelo governo – onde em alguns casos eles presam pela quantidade e não pela qualidade, buscando a padronização e escalas exageradas como artificio para o barateamento de custos, deixando de possuir assim qualidade espacial, o qual, essas moradias acabam tornando-se precárias. Hodiernamente no Brasil existem diversas habitações que seguem esse mesmo padrão, mas também, existem as experiências positivas perante ao tema, entre elas estão: - De 1989 a 1992, Luiza Erundina esteve presente na Prefeitura Municipal de São Paulo, onde ela promoveu alguns projetos de Habitações de Interesse Social importantes e relevantes para a história, onde a política dela baseava-se em não só construir novos edifícios, mas

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ocupar o centro, partindo do princípio da melhoria dos cortiços – presando por não retirar esses habitantes dos centros das cidades;

- Em 2007 o então Secretário de Habitação, junto com o CDHU, conseguiram fazer uma série de concursos, onde vários arquitetos de renome participaram e foram projetados diversos conjuntos com grande qualidade espacial, entre eles: Parque Novo Santo Amaro do Vigliecca e SEHAB Heliópolis do Biselli Katchborian. Então, com o intuito de “driblar” ao máximo essa questão da escassez de qualidade em alguns dos conjuntos habitacionais, o CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo) vem apresentando várias frentes de ação perante o assunto, o qual possui como intuito principal apresentar que não é apenas construir novos conjuntos habitacionais, e sim, construir novos mas ocupando espaços vazios das áreas centrais, com o intuito de que os mesmos não sejam subutilizados e que ainda assim, promovam sua função social, outras características também dessa frente de trabalho são:

promover a regularização fundiária de áreas que são clandestinas – que já estão com ocupação -, fazer processos de lotes urbanizados (encontrar áreas da cidade onde falta infraestrutura e empregá-la) e em parceria com a comunidade, fazer construção por auto gestão. Portanto, essas várias frentes vão auxiliando a diminuir o déficit habitacional,

tanto quantitativo, quanto qualitativo, apresentando assim, que existem sim experiencias boas de conjuntos habitacionais construídos no Brasil, e com essas várias iniciativas, a quantidade desses conjuntos estarão aumentando cada vez mais, trazendo qualidade de vida para essa população.

Figura 1: Parque Novo Santo Amaro

Fonte: http://www.vigliecca.com.br/pt-BR/projects/parque-novo-santoamaro-v. Acesso em: 01 set. 2020.

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1.1 O PROBLEMA DA MORADIA DE BAIXA RENDA NO BRASIL HOJE O déficit habitacional, no Brasil, é amplamente discutido. Segundo um levantamento feito pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) esse déficit atinge a marca de 7,78 milhões de pessoas, chegando ao recorde da história na atualidade. O mesmo levantamento nos mostra também que esse déficit não é apenas quantitativo, e sim qualitativo, e isso ocorre, em sua maioria, pela inadequação das moradias existentes e em que residem, geralmente, famílias que ganham até 3 salários mínimos por mês (ou abaixo disto). Segundo o documentário A Arquitetura Que Nos Une (2018, 33”) a habitação não é só moradia, a habitação é a moradia, as redes de infraestrutura urbana (água, luz, esgoto), os equipamentos comunitários (hospital, escola), e o acesso ao trabalho. A habitação é tudo que gera e influência na qualidade de vida da população, ou seja, aquilo que podemos indicar como condições de habitabilidade

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no solo das cidades. Durante aproximadamente 100 anos, no Brasil – do final do século XIX ao início do século XXI – pode-se afirmar que se produziu habitação para tentar superar esse déficit em termos de quantidade. Essa lógica, no entanto, não deu conta de solucionar os problemas brasileiros, como pode ser verificado ao avaliarmos as demandas brasileiras por habitação de baixa renda que aumentam ano a ano. Esse déficit acaba sendo qualitativo e não apenas quantitativo, então a produção de moradia, somente, não o resoluciona, tendo em vista alguns problemas existentes na qualidade dos projetos destas ou mesmo as precariedades relativas às condições de habitabilidade do espaço urbano citadas no parágrafo anterior. Como exemplo disso podemos abordar o caso do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), que segundo o site UOL ECONOMIA (2020, não paginado) entre maio de 2009 a julho de 2019 entregou aproximadamente 4,3 milhões de unidades,

ou seja muitas unidades autônomas foram construídas e disponibilizadas para a população de baixa renda, mas dadas às inconsistências e às más qualidades de alguns dos projetos – não todos -, sabe-se que muitas destas famílias, apesar de contempladas, retornaram a uma situação

precária anterior pelo fato dos conjuntos habitacionais estarem, por exemplo, na periferia das cidades, longe das zonas mistas (vinculadas também a usos como prestação de serviços e comércios) e, portanto, dos locais típicos em que encontram trabalho.

Figura 2: Unidades Entregues pelo Programa Minha Casa Minha Vida

Legenda:

Fonte: Uol Economia, 2020.

Faixa 1 Faixa 1,5 Faixa 2 Faixa 3

Ainda analisando os efeitos do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) sabe-se que seu surgimento vincula-se ao ano de 2008, sobretudo a partir da crise financeira que alcançou os Estados Unidos – sua agenda hipotecária –, o que

acabou gerando uma preocupação sobre o que iria acontecer com a oferta de crédito no Brasil e com as operações das incorporadoras e construtoras que possuíam ligação com o exterior por serem de capital aberto.

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No primeiro momento, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva apenas reforçou a oferta de crédito imobiliário nos bancos públicos pautado pelo plano que estava em processo de organização pelo então Ministério das Cidades, mas percebendo que tal ação não tinha causado tanto efeito, em março de 2009, anunciou a criação do programa MCMV, que possuía como objetivos principais combater o déficit habitacional para a população de baixa renda e, também, estimular a atividade econômica contra os possíveis efeitos da crise mundial de 2008. Vale salientar que nesse momento histórico o MCMV adquiriu dimensões e objetivos de programa e não mais de pacote de governo e passou a ser chefiado pelo Ministério da Fazenda e não mais vinculado ao Ministério das Cidades, o que explica, em parte, sua grande significação econômica em sobreposição à qualidade de moradias que ofertou (Rolnik, 2015). Segundo Raquel Rolnik (2015, p. 301-302), o programa MCMV converteu-se na ação mais importante do “campo econômico-social, articulando a oferta de moradia, demanda histórica e ativo eleitoral

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tradicionalmente forte, com uma estratégia keynesiana de crescimento econômico e geração de empregos”. O programa tinha como objetivo construir 1 milhão de moradias para a população de baixa renda, ao custo de R$ 34 bilhões em empréstimos e subsídios e, assim, manteria uma imagem social atrelada ao governo, para além de alicerçar bases de um crescimento econômico baseado na oferta de empregos por parte das incorporadoras e construtoras que teriam grande lucro na execução de projetos de conjuntos habitacionais em todo o país. O MCMV apresenta 3 faixas distintas de atuação, com condições específicas para diferentes faixas de renda: Faixa 1: (que abarca pessoas com até 1,6 mil reais de renda mensal familiar) e que acaba oferecendo um produto quase totalmente subsidiado, o qual é construído por empresas privadas, mas distribuído por governos locais. Os moradores dessa faixa são direcionados a pagar uma taxa mensal que corresponde a 5% da renda familiar, e ela é paga para a Caixa Econômica Federal, que é a instituição responsável por comprar as unidades da empresa encarregada da construção;

Faixa 2: (que abarca pessoas de 1,6 mil reais a 3,1 mil reais de renda mensal familiar), também é subsidiada, mas em menor grau que a faixa 1. Os compradores nessa condição dispõem de um subsídio direto que vai até 23 mil reais, cerca de 20% do limite de preço da unidade no momento da compra; Faixa 3: (que abarca pessoas com até 5 mil reais de renda mensal familiar), é beneficiada apenas com crédito mais barato e garantia do Fundo Garantidor da Habitação (FGHab). Para as faixas 2 e 3, a construção e a venda das unidades habitacionais é feita pela empresa privada que construiu os imóveis.

A Caixa financia a produção e fornece os subsídios para quem quiser comprar as unidades. Em todos os casos existe um teto de preço para cada unidade que deve ser seguido para o projeto se beneficiar dos subsídios e das condições de crédito. E é com essa economia que imediatamente após o lançamento do programa MCMV, as incorporadoras recuperaram o valor de suas ações na Bolsa de Valores no ano de 2008 e imediatamente posteriores – ratificando a importância econômica do programa.

Figura 3: Índice da Bovespa e Índice Imobiliário

Fonte: ARAGÃO, 2014, não paginado apud ROLNIK, 2015, p.304.

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O programa MCMV possui grande importância no papel histórico e econômico do país, isso está bem claro, mas para uma produção em tão grande escala e tão rápida sempre existirá problemas, e esses problemas começam a aparecer depois de alguns anos. Começamos pela escolha dos terrenos onde as unidades foram implantadas. Na maioria das vezes esses terrenos são excluídos/afastados da cidade, longe das centralidades onde estão dispostos empregos, serviços, oportunidades econômicas e culturais. Dentre as três faixas citadas, a que fica mais próxima a esses centros é a faixa 3, enquanto as unidades de faixa 1 se encontram

próximas às margens da cidade, nas periferias mais afastadas e que, na maioria das vezes, não possui nenhuma infraestrutura adequada – sem espaços comerciais ou equipamentos públicos – e com condições precárias de transporte público e mobilidade, distantes de qualquer território privilegiado, considerados homogêneos do ponto de vista social. A construção desses conjuntos em áreas periféricas tão afastadas contribui no impulsionamento da proliferação de um padrão urbanístico monofuncional e reforça ainda mais a divisão territorial da cidade contemporânea entre ricos e pobres.

Figura 4: Empreendimentos de faixa 1 na região metropolitana de São Paulo sobre dados de renda média domiciliar (IBGE, 2010)

Legenda: 0 - 1600,00 1600,01 – 3100,00 3100,01 – 5000,00 5000,01 – 18000,00

Fonte: IBGE, 2010, não paginado apud ROLNIK, 2015, p.313.

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Empreendimentos Faixa 1

Segundo Rolnik (2015, p.314): O programa MCMV não impacta a segregação urbana existente. Pelo contrário, apenas a reforça, produzindo novas manchas urbanas monofuncionais ou aumentando a densidade populacional de zonas guetificadas já existentes. A intensa produção de moradias sem cidade ao longo das décadas de urbanização intensa acabou por gerar ampla segregação e uma série de problemas sociais que trouxeram ônus significativos para o poder público nas décadas seguintes, fenômeno que está se repetindo novamente. O programa também não contribui para qualificar as áreas onde os empreendimentos são implantados e reduzir sua precariedade. A forma do condomínio fechado e murado, obrigatória para conjuntos verticais do programa, reproduz enclaves fortificados sobre um tecido urbano – das periferias consolidadas - fragmentado e desconexo, não contribuindo para transformá-lo ou qualificálo. (Rolnik, 2015, p.314). Esses condomínios acabam gerando e fortificando a ideia dos moradores reassentados de quererem retornar às suas

antigas moradias, por vários motivos, um deles é a “falta de consideração” e cuidado dos governos para com essas pessoas, pois eles as destinam a morar nesses conjuntos, mas não apresentam nenhum auxilio pós-ocupação efetivo, não os explica como aquele conjunto pode ser usado corretamente e o que pode ou não ser feito dentro da ocupação – isto é, não há um acompanhamento complexo e uma revisão educacional em termos de se ensinar a respeito das regras e determinações relativas ao morar coletivo. Outro desses problemas é que nesses conjuntos habitacionais fechados é obrigatório o pagamento de uma taxa mensal de manutenção. O que parece óbvio para aqueles que não são de baixa renda, mas para quem o é, torna-se um incômodo tendo em vista as vulnerabilidades econômicas em que estão inseridos, pois a maior parcela desta população está ligada a trabalhos e atividades econômicas informais e não possui condições de um planejamento econômico mensal efetivo. E incluindo esta taxa na renda mensal da família, o comprometimento médio passa de 17% para 40%, na faixa 1.

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Incluindo o peso das despesas dos moradores – água, luz, gás – esses gastos passam

de 77% no comprometimento do todo do salário.

Figura 5: Despesas com moradia atual: valor e comprometimento da renda familiar, por intervalos de renda dos moradores de empreendimentos do MCMV – faixa 1 no Estado de São Paulo, 2013

Fonte: LABCIDADE, 2013, não paginado apud ROLNIK, 2015, p.315.

Outro problema ligado à localização dos conjuntos é quando esses empreendimentos são dominados por grupos vinculados ao tráfico de drogas ou milícias. Esse domínio se dá tanto no controle dos espaços coletivos, quanto na administração do condomínio, em que os síndicos são comandados por tais organizações criminosas, e força os beneficiários a abandonarem seus imóveis, para que outras famílias, indicadas pelo grupo, possam ocupá-los. Podemos ver alguns indícios dessa situação quando 38,4% das famílias consideram o condomínio em que

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passaram a residir violento e 45,8% o consideram mais perigoso que a moradia anterior (mesmo esta se localizando em uma ocupação informal popularmente denominada de favela, cujo imaginário de grande parte da população classifica como ambiente extremamente violento e precário). Por conta deste fato, 53% das famílias contempladas pelo programa MCMV na cidade de São Paulo e arredores já pensaram em se mudar, e 49,6% apontam a violência como causa, dados estes obtidos através da pesquisa de Rolnik (2015, p. 315).

Segundo o documentário A Arquitetura Que Nos Une (2018, 17’05”), a violência é um fenômeno contemporâneo muito forte, na maioria das vezes muito utilizado como pretexto para produzir segregação social. Os condomínios promovem cidades mais segregadas, mais separadas, que geram pouco convívio dos diferentes, dos desiguais, isso é um elemento que ajuda a produzir a própria violência. O antídoto a esse modelo seria promover cidades mais compactas, de mais convívio, de mais mistura de classes sociais e de atividades. Isso nos leva ao conceito de direito à cidade, amplamente desenvolvido por Ermínia Maricato, que nos ajuda a pensar e a entender que a cidade é um lugar de civilização, de convívio e de urbanidade, onde os diferentes podem e devem conviver e usufruir de tudo que a cidade pode oferecer para todo mundo. Ou seja, por mais que

estejamos imersos em um modo de produção cuja base econômica se apoie na desigualdade, sabe-se que todos, em um regime democrático de direitos, devem ter acesso às facilidades que a cidade oferece, seja em termos de acesso ao trabalho, às atividades comerciais, de prestação de serviços, institucionais ou mesmo ligado ao direito à moradia, à saúde e à educação/cultura. Ainda tratando-se sobre o tema da localização, essa situação está ligada diretamente ao aumento acelerado que a disponibilidade de crédito e o crescimento da renda tiveram sobre os valores das terras e terrenos nas grandes cidades. E assim os preços imobiliários passaram a crescer muito acima dos índices de inflação, dos custos das construções e do aumento da renda salarial mensal das famílias, conforme aponta Maricato no documentário em questão.

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Figura 6: Preços Imobiliários, aumento real da renda, custos da construção e taxa de inflação

Fonte: ARAGÃO, não datado, não paginado apud ROLNIK, 2015, p.311. Legenda: Inflação – IPCA (jan. 2008 = 1) Custo da Construção – IPCC (jan. 2008 = 1)

Aumento real de renda Preços Imobiliários (m²)

Agora já partindo para a questão da produção em grande escala, a prioridade das empresas privadas é a rentabilidade, e essa economia é obtida através da padronização, da dimensão exacerbada dos conjuntos, da rapidez de aprovação e construção e do menor custo possível nos gastos com terreno, mão-de-obra e materiais. Segundo Lúcia Shimbo (2012, p.211 apud Rolnik, 2015, p.310), a padronização dessas

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tipologias habitacionais está em estreita relação com a padronização do processo de produção, que envolve desde a uniformização das medidas, materiais e componentes, até as formas de execução e gestão no canteiro. Isso explica como uma empresa pode ter reproduzido 40 mil unidades em um ano, seguindo apenas 3 tipologias habitacionais em mais de 70 cidades brasileiras. A padronização, tanto do tamanho das unidades como da disposição interna, tem como

consequência a inadequação ao tamanho das famílias e, sobretudo, a não flexibilidade da moradia ao longo do ciclo familiar, não permitindo incorporar atividades econômicas ou acomodar parentes através dos “puxadinhos” – ou seja, as ampliações que as famílias mesmas promovem através de sua própria força de trabalho e saber empírico. Isso já está de fato acontecendo com alguns conjuntos habitacionais, indo na direção da informalização dos espaços desenhados pelo crescimento desordenado das vontades econômicas do mercado. Reforçando o fato de como os usuários e moradores desses conjuntos habitacionais estão insatisfeitos, existe uma pesquisa realizada pelo LabCidade (ROLNIK, 2015), que nos mostra que 68,8% dos moradores sentem falta de algum espaço ou ambiente que possuíam na moradia anterior. Esta mesma pesquisa nos indica também que essa ausência é sentida mais fortemente pelos moradores que foram reassentados, com uma porcentagem de 74,5%. Dentre esses moradores, 70,5% informam que sentem falta de um quintal, o que nos demonstra que quanto mais

horizontal o projeto é, mais eles gostam, tornando-se assim um problema a ser equacionado pelas propostas projetuais – tendo em vista que o espraiamento horizontal de baixas densidades caminha na contracorrente do desenvolvimento mais salutar e sustentável das cidades contemporâneas segundo Gehl (2010). Segundo outra pesquisa realizada também pelo LabCidade (ROLNIK, 2015), de acordo com os representantes de algumas construtoras de grande porte, a escala é uma condição para a lucratividade no contexto do programa, e apesar de apresentarem grandes impactos urbanísticos, os grandes conjuntos continuam sendo construídos e possibilitam os grandes ganhos para essas construtoras, ampliando sua margem de lucro. Pelo exposto, percebe-se que o programa MCMV tem grande importância sim, pelo fato de ter construído muitas moradias para a população de baixa renda, então, em termos de déficit quantitativo, ele tende a cumprir o que pretendeu. O grande problema é o lado negativo do MCMV – que surgiu mais como um pacote

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econômico para salvar as construtoras de uma derrocada do que propriamente um programa de cunho social e habitacional. Ou seja, sabe-se que seus conjuntos não pensam muito na qualidade do projeto arquitetônico, o que, no presente TFC, é o grande objeto de discussão: o que reforça o objetivo principal do trabalho, que é produzir um conjunto habitacional na cidade de Brodowski/SP e que este conjunto ao mesmo tempo que lide com o déficit quantitativo –

ou seja, que a partir de pesquisas locais pense em uma quantidade de famílias a serem absorvidas – e também pense na qualidade do projeto, tanto em termos de escolha do lugar, quanto em termos de propostas projetuais – para o conjunto e para as unidades. Portanto, o objetivo principal do trabalho, também, é criar um conjunto que vá na contracorrente dessa promoção feita na atualidade brasileira em larga escala, que só pensa na quantidade, e não na qualidade projetual.

1.2 O PROBLEMA DA MORADIA DE BAIXA RENDA EM BRODOWSKI HOJE Como se percebeu no capítulo anterior, a questão da habitação de interesse social no Brasil é um problema real, tanto em números quanto em falta de qualidade de seus projetos. Nesse sentido, objetiva-se projetar uma moradia coletiva e de interesse social em uma cidade de porte pequeno porque há muitas experiências já colocadas nas regiões metropolitanas que tratam da questão do déficit em termos de sua quantidade e de sua qualidade, outro motivo também é, trazer equipamentos sociais para estas cidades, com o intuito de que essa cidade permaneça compacta – o que não significa que ela é menos desenvolvida que as outras – evitando seu espraiamento para que ela não siga exemplos que tornaram-se ruins para a população.

Assim, a cidade escolhida para a construção da Habitação de Interesse Social em questão é Brodowski, uma cidade de Interesse Turístico – por conta do Museu Casa de Portinari. Segundo o site da Prefeitura Municipal de Brodowski (2020, não paginado), seu surgimento se deu devido aos projetos de expansão da Cia. Mogiana de Estradas de Ferro, no final do século XIX, e no local onde essa expansão foi efetuada começou a crescer um povoado, que viria a ser o município de Brodowski. A emancipação da localidade, elevada à categoria de município, se deu através da Lei nº 1381, de 22 de agosto de 1913. O local foi planejado para atender à produção cafeeira e nasceu no entorno dos trilhos da estação ferroviária, através do ir e vir da imigração, sobretudo, italiana.

Figura 7: Museu Casa de Portinari

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/. Acesso em: 02 set. 2020.

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Figura 8: Rodoviária de Brodowski – antiga estação ferroviária onde deu-se início à cidade

Ainda conforme o site do IBGE (2020, não paginado), em 2017, o salário médio mensal dos trabalhadores formais era de 2 salários mínimos e a proporção de pessoas ocupadas em relação à população total

era de 24,2%. Considerando residências com rendimentos mensais de até 0,5 salário mínimo por pessoa, a cidade possuía 30,6% da população nessas condições.

Gráfico 2: Residências com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa 30,6

69,4

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/. Acesso em: 02 set. 2020.

A cidade está situada na região nordeste do Estado de São Paulo e faz parte da Região Metropolitana de Ribeirão Preto, encontrando-se localizada a 26km do município. Segundo o site do IBGE (2020, não paginado),

Brodowski possui uma área de 278,458 km² e uma população estimada em 25.277 habitantes. A localidade possui uma densidade demográfica de 75,80 hab./km² e um PIB per capita de R$ 26.538,75.

Gráfico 1: Crescimento Populacional de Brodowski

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

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Hodiernamente, o município pode ser considerado uma cidade dormitório, ou seja, a maior parte de sua população passa o dia todo trabalhando em Ribeirão Preto e só retorna para suas residências no final do dia, ou, também, como segunda explicação, Brodowski dá apoio para uma população que quer residir com uma qualidade de vida melhor (em cidades de porte mais contido), mas que buscam em Ribeirão Preto infraestrutura, equipamentos e melhores condições de trabalho/salário. Esta foi a cidade escolhida para o projeto da Habitação de Interesse Social do presente trabalho porque admite em seu território grandes empresas

(como Gota Dourada, Unisol, MultBeef, entre outras) e uma ampla área industrial, gerando assim empregos para muitas pessoas, inclusive migrantes da parte nordeste do Brasil, os quais vem para o interior do estado de São Paulo em busca de uma melhor qualidade de vida, e isso se dá devido ao dito baixo custo de vida que a cidade oferta e a grande geração de empregos que suas empresas promovem. Tal cidade também foi escolhida devido ao seu déficit habitacional, apesar da Prefeitura Municipal de Brodowski não possuir nenhum dado oficial efetivo sobre tal assunto, é um problema que deve ser tratado antes que aumente e replique casos de grandes cidades.

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Segundo o Plano Diretor de Brodowski, a cidade possui uma Zona Especial de Interesse Social, ou seja, parte do território da localidade já é destinado para a locação de habitação de baixa renda. Onde são nessas áreas que encontram-se cortiços, moradias irregulares – fornecendo perigo a população residente – e até moradores de rua – onde muitas vezes está população possui familiares, não estando totalmente abandonados, outros sim, mas

que muitas vezes a condição da moradia é precária, não adentrando assim no déficit habitacional quantitativo, mas adentrando assim no déficit quantitativo. A seguir estarão dispostas imagens dessas habitações na cidade, onde assim, apesar de não possuir nenhum dado oficial, irá reforçar a necessidade de um conjunto de Habitação de Interesse Social de grande escala em Brodowski.

Figura 12: Residências em locais sem infraestrutura adequada

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/. Acesso em: 20 nov. 2020. Figura 13: Residência em zona periférica

Figura 9: Moradores de rua em frente a área de intervenção

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/. Acesso em: 20 nov. 2020. Figura 14: Residências em locais sem infraestrutura adequada Fonte: Arquivo Pessoal, 2020. Figura 10: Residência em situação precária

Fonte: Arquivo Pessoal, 2020.

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Figura 11: Residência em situação precária

Fonte: Arquivo Pessoal, 2020.

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/. Acesso em: 20 nov. 2020.

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Esse grande problema do déficit habitacional, que há alguns anos estava mais enfaticamente ligado a regiões de ordem metropolitana, a partir do final do século XX e início do século XXI alcançou as cidades de porte médio e pequeno. E não basta apenas destacarmos e tentarmos resolver os problemas de moradia encontrados nos centros metropolitanos e deixarmos em um grau menor de importância o que acontece nessas cidades de porte médio e pequeno, pois se não oferecermos atenção necessária para esses municípios no presente momento, poderemos chegar aos limites e índices que hoje perpassam a escala metropolitana, desqualificando ainda mais a vida cotidiana de pessoas que não possuem acesso à moradia mesmo em cidades de porte menor, o que busca justificar a escolha da cidade em que se pretende elaborar o conjunto habitacional em questão. Apesar desse déficit habitacional em algumas situações ser minimamente trabalhado – apenas em termos de quantidade e não em qualidade – percebe-se que na cidade de Brodowski existem

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algumas HIS já implementadas, e dentre elas estão os projetos da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) e da COHAB (Companhia Habitacional Regional) (as chamadas COHABs 1, 2, 3 e 4) que foram construídos pelo poder público estadual e municipal - segundo informações obtidas na Prefeitura Municipal de Brodowski (2020), a cidade possui 1 CDHU, que foi construído em meados dos anos 2005 a 2006, e as COHABs (4 encontradas na cidade) foram construídas respectivamente entre os anos de 1980 a 1990 - e outros empresas privadas, mas financiados pela Caixa Econômica Federal, através do programa Minha Casa Minha Vida, tais como os condomínios Turmalina, Topázio, Walter Possos, Maria do Carmo Maciel Possos – todos edificados na última década na cidade. Dentre essas Habitações de Interesse Social citadas, algumas COHABs se encontram no setor sul da cidade, o que acaba trazendo uma qualidade de vida melhor para os moradores que ali residem, pois se encontram mais próximos da centralidade, onde estão dispostos alguns equipamentos

urbanos, públicos e privados, tais como escolas, hospitais, museus, bancos, e unidades de comércio e prestação de serviços do cotidiano, como mercados, farmácias, lojas, restaurantes, entre outros; já o restante das

habitações estão situados no setor leste do município – mais afastadas do centro – e com isso mais distante dos equipamentos necessários para facilitar o dia-a-dia de seus moradores.

Mapa 1: Mancha Urbana destacando os conjuntos habitacionais de Brodowski e o centro

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/maps. Acesso em: 07 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda: Centro

COHAB 4

CDHU

Condomínio Turmalina

COHAB 1

Condomínio Topázio

COHAB 2

Condomínio Walter Possos

COHAB 3

Condomínio Maria do Carmo Maciel Possos

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Dessa forma, percebe-se que alguns conjuntos buscam, de algum modo, trazer maior qualidade de vida para os seus moradores, no caso específico da cidade de Brodowski, os conjuntos habitacionais promovidos pela COHAB e pelo CDHU, se comparado aos projetos das construtoras locais, dialogam em parte com essa qualidade de vida, pois as respectivas habitações construídas no município são térreas, e por conta disso cada família adquire seu próprio terreno – podendo efetuar ampliações conforme suas necessidades – e seu quintal particular – e podem utilizá-lo de alguma forma para subsistência ou lazer. Sabe-se, entretanto, que tal tipologia de casas isoladas em lotes individualizados promovem uma densidade habitacional local baixa, e um espraiamento urbano que, se potencializado, pode prejudicar a alocação de infraestrutura urbana, reproduzindo em solo de cidades de pequeno porte os problemas enfrentados pelas metrópoles e cidades médias. Assim, cabe aqui uma crítica a tais projetos e mesmo à falta de parâmetros para que sejam feitas as ampliações citadas anteriormente, casa a casa, ou à

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homogeneização que o projeto padrão destas casas promove para os bairros conformados por eles. Se nos debruçarmos para análise dos condomínios promovidos pelos construtoras locais, a questão da qualidade dos projetos é quase que inexistente, pois além de potencializarem o espraiamento da cidade edificando casas isoladas em lotes individualizados, se constituem como enclaves murados, diminuindo a possibilidade de vitalidade urbana, homogeneização partes inteiras da cidade, por admitirem apenas àqueles que podem pagar por seus custos de aquisição e manutenção posterior, além de escolherem materiais e processos desqualificados que não isolam acusticamente as unidades autônomas e potencializam a perda de privacidade. Dentre todos os conjuntos habitacionais citados, um problema comum entre quaisquer um deles, é a falta de qualidade dos seus projetos urbanos (monofuncionais e espraiados) e de suas tipologias (rígidas, feitas sem diálogo com princípios de flexibilidade, reproduzindo a tripartição das casas europeias, sobretudo

francesas, do final do século XIX – claro que adaptadas às condições econômicas locais atuais – e que desconsideram, por exemplo, a multiplicidade de arranjos familiares que constituem, hoje, a população brasileira e a de Brodowski. O Condomínio Maria do Carmo Maciel Possos é um exemplo dessa situação, um conjunto habitacional que se encontra no setor leste, em um terreno periférico e afastado do centro da cidade, longe de qualquer infraestrutura de qualidade e equipamentos urbanos. Realizando uma breve apresentação e análise dele – pois a leitura projetual mais aprofundada acontecerá mais à frente neste trabalho –

este condomínio possui 156 lotes e apenas 2 tipologias distintas para suas unidades autônomas, que na realidade são as mesmas unidades, mas uma delas está adaptada para pessoas com mobilidade reduzida ou deficientes físicos, o que é obrigatório pela legislação atual em termos de projetos para HIS. E, assim, essa condição de única unidade autônoma como alternativa de moradia é um problema, pois isso implica na restrição dos usos internos das diferentes famílias que moram no local em questão – ressaltando que todas elas conformam uma gleba espraiada de 31.998,81m², cuja densidade é de apenas 195 hab./Ha.

Figura 15: Imagem Aérea do Condomínio Maria do Carmo Maciel Possos

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 03 jun. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

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Figura 16: Implantação das Construções do Condomínio Maria do Carmo Maciel Possos

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018.

Figura 17: Tipologia 1 das residências do Condomínio Maria do Carmo Maciel Possos

Figura 18: Tipologia 2 das residências do Condomínio Maria do Carmo Maciel Possos

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018.

E, assim, percebe-se a urgência de projetos de qualidade ligados à alocação da população de baixa renda que vem crescendo na cidade de Brodowski, sem que haja um acompanhamento real em termos de oferta de moradias de qualidade

espacial na escala micro, das unidades autônomas, e na escala macro, no que cabe ao conjunto habitacional como um todo e seu vínculo com a urbanidade – o que ratifica, então, as discussões e intenções do presente trabalho.

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018.

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1.3 PRODUÇÃO HABITACIONAL NO BRASIL: UM RECORTE DA SUA HISTÓRIA Retrocedendo um pouco na história do Brasil, sabe-se que os problemas ligados às habitações de interesse social sempre existiram, conforme foi citado e abordado nos capítulos anteriores, mas agora iremos abordar essas questões ligadas à raiz histórica do país de forma mais contundente. Inicia-se essa análise da sequência de acontecimentos históricos no período após a Segunda Guerra Mundial, no qual o setor de incorporação imobiliária surgiu com mais veemência e começou a atuar como mercado de moradias próprias. E foi em 1964, próximo a tal período, que se constituiu o Banco Nacional da Habitação (BNH), um banco público voltado e especializado em financiamento habitacional. Segundo Marcus de Mello (1988, p.76 apud Rolnik, 2015, p.282): Lacerda havia anunciado o compromisso público de instituir um Banco Nacional de Habitação Popular, visando a construção de milhões de casas populares no Brasil inteiro para

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fazer de cada trabalhador um proprietário e dar às classes médias um lugar ao sol. Já conforme Nabil Bonduki (2008, não paginado apud Rolnik, 2015, p.282): Foi o papel econômico desta política habitacional – que dinamizou a economia, através da geração de empregos e fortalecimento do setor da construção civil – que a transformou num dos elementos centrais da estratégia dos governos militares. Também em 1964 nomearam a primeira presidente do BNH, Sandra Cavalcanti, e sob sua administração foram efetuadas algumas remoções de assentamentos informais (favelas) e foram construídos conjuntos habitacionais para alocação desta população a ser, na época, reassentada, tais como: o Vila Kennedy – que possuía 5.054 moradias, todas idênticas – e a Cidade de Deus, mediante a parceria com a COHAB-GB (Companhia de Habitação da Guanabara). Entre maio de 1964 e outubro de 1965, foram criadas 19

COHABs em todo o país, sob o mandato de Cavalcanti, seguindo assim o exemplo da

COHAB Guanabara para outras áreas do território nacional.

Figura 19: Vila Kennedy no Rio de Janeiro

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/. Acesso em: 08 abr. 2020. Figura 20: Cidade de Deus no Rio de Janeiro

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/. Acesso em: 08 abr. 2020.

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Em 1966, o BNH foi transformado em empresa pública, e nesse mesmo período foi criado o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), o qual é um fundo financeiro constituído pela colaboração mensal dos empregadores aos seus contratados, que constitui-se, até a contemporaneidade, como a principal fonte de recursos da política habitacional brasileira. Em meados de 1970, o BNH foi fortalecido como o principal fomentador, em âmbito federal, de moradias populares e nessa mesma época ocorreu o fortalecimento das COHABs na escala municipal, com a construção de grandes conjuntos habitacionais nas periferias das cidades, os quais foram introduzidos, também, por programas de apoio e incentivo à autoconstrução. Após a extinção do BNH, em 1986, e principalmente no início da década de 1990, foi introduzido um sistema que visava inovações para a ampliação da participação do capital financeiro no mercado imobiliário, criando produtos financeiros novos e construindo um ambiente conveniente para conectar o mercado de títulos ao mercado imobiliário. Entre as novidades estavam: o Certificado de Recebíveis

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Imobiliários (CRI), o Fundo de Investimento Imobiliário (FII), as regras para o estabelecimento de companhias securitizadoras de créditos imobiliários e a introdução do regime de alienação fiduciária. Sobre esta questão, afirma Rolnik (2015, p.287): A introdução de operações de securitização foi recomendada pelos entusiastas dessas reformas regulatórias como meio de captar recursos para a produção financeira imobiliária no longo prazo. Ou seja, as operações securitizadoras possuíam, como objetivo principal, fazer com que os beneficiados dividissem a dívida por mais tempo, garantindo assim que os recursos para a produção imobiliária nunca se esgotassem. Já a introdução do regime de alienação fiduciária tinha como objetivo utilizar bens dos devedores como seguro ao pagamento da dívida adquirida na compra da casa própria, já que a lei não permitia, até então, a penhora de nenhum bem da família em caso de dívida se, no caso, ele representasse a única propriedade da família ou quando era unicamente utilizado para fins de moradia dessa família.

A respeito desta questão, Rolnik (2015, p.288) ainda diz que: Essa restrição foi superada com o advento da possibilidade da venda de unidades habitacionais por meio de contratos de alienação fiduciária, que mantêm a propriedade jurídica da unidade habitacional com o credor até o pagamento total da dívida, momento em que o tomador do empréstimo obtém o título de propriedade. Essa mudança foi um passo importante, pois liberou a possibilidade de mobilizar residências como garantia de operações financeiras, partindo na direção de um ambiente regulatório, ou seja, mesmo sendo a única moradia da família, o não pagamento da dívida imobiliária conduziria a perda de seu imóvel – o que é, no mínimo, cruel para a família endividada, mas funciona como seguro para as empresas envolvidas na transação econômica. No governo de Fernando Henrique Cardoso, 2 programas ligados à promoção de habitação social foram apresentados em pequena escala, ainda. Em um deles, o Programa de Arrendamento Residencial (PAR), o empreendedor ou empresa

privada eram responsáveis por toda a operação da construção dessas habitações – compra do terreno até a construção das moradias – , já pelo outro, o Programa Social de Habitação (PSH), o Estado leiloava subsídios e os bancos das regiões correspondentes podiam obtê-los e, em parceria com os municípios, construiriam as residências. Em 2002, Luiz Inácio Lula da Silva venceu a eleição presidencial, e uma de suas primeiras criações foi o Ministério das Cidades – encarregado de elaborar a política urbana em âmbito nacional. Segundo Rolnik (2015, p.295296), uma das maiores propostas da política habitacional apresentada na campanha eleitoral de Lula foi o Projeto Moradia, o qual possuía como objetivo principal a formulação de uma política de progresso para o país que associasse o enfrentamento da questão social ao crescimento econômico e à geração de empregos, e esse projeto também enfatizava a necessidade de aprovação do Estatuto da Cidade – para facilitar e baratear as terras a serem utilizadas na implementação dos novos conjuntos habitacionais a

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serem executados. Após o lançamento desse projeto, Lula também propôs a criação do Sistema Nacional de Habitação, em que seu controle social seria responsabilidade do Conselho Nacional das Cidades e órgãos semelhantes inseridos nos estados e municípios, com o intuito de organizar e gerir fundos de habitação que deveriam concentrar recursos em seu orçamento para o subsídio de moradias para a população de baixa renda. Esse projeto contava com um mix de recursos não custosos, em que estavam inclusos o orçamento Geral da União (OGU) e do FGTS para a viabilização de créditos e acesso a moradias dignas para a população de baixa renda. Em 2005, Lula anunciou a criação do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), com seu próprio fundo, o FNHIS – possuindo o Ministério das Cidades como gestor e como agente operador o banco público Caixa Econômica Federal –, além de um conselho. Neste sistema, é priorizado o atendimento a famílias de baixa renda através da permissão de subsídios, com características distintas por regiões do país. De acordo com análises de Rolnik (2015, p. 298-299), em

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2005, com a mudança de ministro e a saída da maior parte da equipe do ministério, a execução do SNHIS e a agenda de reforma do Ministério das Cidades sofreram um golpe maior. Em 2011, Dilma Rousseff foi eleita a presidenta do Brasil, dando sequência ao governo Lula, e apresentou como medida mais importante de sua candidatura o programa Minha Casa Minha Vida – analisado mais enfaticamente nos capítulos anteriores do presente trabalho. Após o governo Dilma – ressaltando que este fora interrompido em 2016 dadas as instabilidades políticas que acometeram o país na época – subiu ao poder o governo de Michel Temer, vice-presidente que ascendeu à presidência do país após Dilma ter sido impeachmada e que permaneceu na presidência do país até as eleições de 2018, pelas quais Jair Messias Bolsonaro se tornou o candidato vencedor e, desde ambas as ascensões descritas percebe-se uma desaceleração do programa MCMV. Dentre estas baixas, encontram-se menores números efetivos de construções edificadas para a população de baixa renda,

sobretudo para a faixa de renda 1, que corresponde ao extrato populacional mais carente. Ou seja, são construídos ainda menos unidades habitacionais e conjuntos do que nos governos anteriores, voltando a aumentar o índice de déficit habitacional quantitativo – talvez uma das poucas questões que o MCMV teria colaborado para diminuir, salvo raras exceções de conjuntos que foram por este programa edificados e que dialogaram com uma qualidade espacial inerente. Conforme todas as informações citadas e abordadas no presente trabalho, percebe-se que independente da época – seja na década de 1960 ou na situação atual – os equívocos dos programas governamentais em termos de produção de moradias para a população de baixa renda, ou o suporte posterior à sua ocupação, permanecem semelhantes, ou, ao menos, dialogam com a ideia de que o solo citadino é uma mercadoria: sobrepondo ao direto à moradia, ao direito à cidade e à função social da propriedade, questões que geram a proliferação do lucro e do capital. As habitações de interesse social, em sua maioria, ainda

são dispostas em periferias, em áreas afastadas da região central das cidades, suas tipologias são quase sempre as mesmas, impondo um padrão do “tipo” de família que ali irá residir, dificultando e impossibilitando os usos variados e diversificados dessas residências. Conclui-se que a finalidade principal das políticas públicas e programas ligados à implementação de moradias, desde a ditadura militar e com raras exceções ou expoentes (tais como no caso dos projetos implementados pelos IAPs entre as décadas de 1930 e 1950) sempre foi a construção de residências em larga escala, com o intuito de abater o déficit habitacional em termos numéricos, sem, contudo, pensar-se na qualidade projetual de tais conjuntos habitacionais. Salienta-se, assim, o quanto é importante o objetivo principal do trabalho: a criação de um conjunto que vá na contracorrente desse pensamento.

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1.4 CONCLUSÃO Como conclusão do presente trabalho, é possível perceber que o direito à moradia digna e com qualidade de vida necessita de maior assistência do Estado para se concretizar e para se impor como um direito social. Temos redes de saúde, justiça e educação pública para a população de baixa renda, mas quando falamos de habitação, o direito parece não ter a mesma lógica. Não existe uma rede de engenheiros, arquitetos e urbanistas no sistema público para dar assistência técnica para a construção de uma moradia, e é por isso que mais de 80% das moradias no Brasil foram construídas em condições impróprias e inadequadas, o que pode ser comprovado cruzando qualquer grande cidade brasileira e analisando sua paisagem, confirmando os fatos de que as habitações acabam sendo “obra do improviso”. A habitação social no Brasil passou por um caminho longo para chegar nos modelos atuais, consequência de uma sequência de governos, em que políticas públicas tem prioridades muito mais voltadas ao viés econômico do que, propriamente, o social.

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Essa questão da habitação é uma das faces mais complexas da urbanização, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil, no qual o acesso à moradia é uma necessidade urgente. A produção de habitações de interesse social existentes não atende toda a demanda da população carente existente no Brasil, neste sentido, existe uma urgência em atender o déficit habitacional da população de baixa renda, mas não apenas em quantidade e sim em qualidade. Esse tipo de habitação aqui, no Brasil, ainda não respeita os moradores, pois há notável insistência na priorização do enriquecimento das incorporadoras do mercado imobiliário e pouco se desenvolve enquanto alternativas às necessidades dos moradores das comunidades que usufruem dessas residências. E é a partir de todo este exposto que justifica-se e salienta-se o tema e o objeto escolhidos para o presente trabalho: uma Habitação de Interesse Social projetada para uma cidade de porte pequeno, Brodowski, para tentar criar-se uma alternativa possível aos

projetos implementados em larga escala e estabelecer um cuidado na produção de um projeto de habitação que inclui as necessidades básicas para os moradores, gerando assim uma melhor qualidade de vida a eles. Logo após todo este exposto, o trabalho irá debruçar-se sobre o levantamento do local com suas respectivas características, possuindo como intuito principal fornecer uma ligação e comprovação de fatos que foram apresentados em todo o repertório teórico.


02

CAPÍTULO DOIS

PESQUISAS EMPÍRICAS


2.1 LEVANTAMENTO Brodowski é uma cidade de porte pequeno, mas que vem reproduzindo uma lógica das cidades médias que, por sua vez, reproduziram questões de regiões metropolitanas. Assim é interessante percebemos que até a década de 1980 e 1990 os problemas da cidade contemporânea brasileira eram ligados a territórios das metrópoles, porém esses problemas já reverberaram nos tecidos das cidades médias nos anos de 1990 e 2000, e agora estão reverberando nos tecidos das cidades pequenas – parecem um modelo a ser seguido, pois aliam-se a uma lógica econômica de constituição do território urbano, mas resvalam em uma serie de questões de ordem social e ambiental que precisam de discussão de modo urgente.

Então, antes de atingir os mesmo limites negativos – com segregação socioespacial, problemas de engarrafamento, cidades não sustentáveis, a vitalidade urbana sendo esvaziada, ou seja, ao invés de reproduzirmos os mesmos problemas das cidades médias e grandes – de porte metropolitano – atacar essas questões nas cidades pequenas desde agora, já partiria como um alerta e uma discussão profícua no sentido de melhorar a qualidade urbana das cidades brasileira e a reprodução de problemas tão latentes. Nesse ínterim se encaixa a escolha da temática discutida pelo presente trabalho – habitação de interesse social – e seu locus de intervenção – uma cidade de pequeno porte do interior do estado de São Paulo.

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2.2 INTRODUÇÃO A cidade de Brodowski está situada na região nordeste do Estado de São Paulo e faz parte da Região Metropolitana de Ribeirão Preto, encontrando-se localizada a 26km do município. Segundo o site do IBGE (2020, não paginado) Brodowski possui uma área de

278,458km² e uma população estimada em 24.939 habitantes. A localidade possui uma densidade demográfica de 75,80 hab./km² e um PIB per capita de R$ 26.538,75. O IDH da cidade é de 0,755 considerado de médio desenvolvimento humano.

Segundo o Plano Diretor Municipal, a cidade de Brodowski é dividida em 5 setores distintos (centro, norte, sul, leste e oeste), onde os setores norte, sul e oeste encontram-se mais próximos ao centro da cidade, e o setor leste um pouco mais afastado dessa

localidade, o qual acabou tornando-se o espaço da população de baixa renda, imposto pelo próprio Plano Diretor do município, onde o mesmo indica que as habitações de interesse social podem ser construídas apenas neste setor.

Mapa 2: Divisão de setores de Brodowski Escala Gráfica 0m

2.000m 1.000m

3.000m

Figura 21: Estado de São Paulo

Brodowski Ribeirão Preto

NORTE LESTE CENTRO

São Paulo

OESTE

N SUL

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/ptBR/earth/. Acesso em: 09 mai. 2020.

N

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda: Limite de Setores

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Área de intervenção

55


A cidade pouco se desenvolveu ao longo dos anos, seu crescimento foi mínimo, mas segundo os mapas abaixo pode-se notar um maior

desenvolvimento no setor leste do município, pode-se observar uma maior quantidade de residências e também o surgimento de um grande loteamento no setor.

Figura 22: Brodowski em 2009

A área escolhida está situada no setor leste da cidade, setor este exclusivo para habitações de interesse social, segundo diretrizes do planejamento urbano da cidade. Esta área foi escolhida por estar localizada próximo a um subcentro de

apoio – bairro Vila Nossa Senhora das Graças, que possui restaurantes, comércios, serviços e UBS – e também por ser uma gleba muito grande e que não está cumprindo sua função social, podendo assim ser utilizada de várias maneiras diferentes.

Mapa 3: Cidade de Brodowski

N Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/ptBR/earth/. Acesso em: 02 set. 2020. Figura 23: Brodowski em 2020 Escala Gráfica 0m

500m

200m

1.000m

N Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda: Centro da cidade

N Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/ptBR/earth/. Acesso em: 02 set. 2020.

56

Subcentro de apoio

A área de intervenção é um resquício disfuncionalizado da Coonai e está possui um somatório de 61.061m², mas dada a essa dimensão avantajada, a ideia principal é

Área de intervenção

resguardar o projeto para 1/6 dessa área – que consiste em 10.176m² aproximadamente –, pensando em um possível parcelamento futuro, enquanto diretriz.

57


Outro motivo também que contribui para a escolha deste terreno, é o intuito de proporcionar um diálogo com o Plano Diretor de Brodowski. No qual, a escolha da área de intervenção se dá pois já existe uma população carente na área e o projeto da Habitação de Interesse Social, para além de levar mais para essa população, ele também possui outros usos que não residenciais, melhorando assim a qualidade urbana desse espaço. Onde não adianta realocar o projeto para o outro lado da rodovia – mais

próximo ao centro – sendo que grande maioria da população de baixa renda encontram-se na zona leste da cidade e também, outro motivo, é por essa área possuir condições de habitabilidade um pouco piores que a do centro. Então o projeto da Habitação de Interesse Social é uma maneira de levar esses equipamentos não só para os moradores do conjunto, mas também para quem lá já residi. No qual a própria comunicação visual e plástica do edifício irá tentar melhorar a qualidade urbana e embelezamento do espaço.

Figura 24: Residências do entorno do terreno escolhido

Figura 25: Residências do entorno do terreno escolhido

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/ptBR/earth/. Acesso em: 30 set. 2020.

Figura 26: Vista do resquício disfuncionalizado da Coonai para a Rodovia Cândido Portinari

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 30 set. 2020. Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/ptBR/earth/. Acesso em: 30 set. 2020.

58

59


2.3 MAPAS OFICIAIS

ZONEAMENTO INDUSTRIAL Mapa 5: Zoneamento Industrial da cidade de Brodowski

MACROZONEAMENTO Mapa 4: Macrozoneamento da cidade de Brodowski

Escala Gráfica 0m 2.000m

4.000m 6.000m

Área de Intervenção Legenda:

N

Zona Urbanizada ZUR Zona de Urbanização Preferencial - ZUP Zona de Expansão Urbana 1 – ZEU 1 Zona de Expansão Urbana 2 – ZEU 2 Zona de Expansão Urbana 3 – ZEU 3 Zona Rural – ZR

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

A partir do mapa de macrozoneamento observa-se a área urbanizada de Brodowski e logo em seguida pode-se observar também um ponto positivo, pois a cidade inteira está encaixada na zona de urbanização preferencial

60

(ZUP), ou seja, toda a cidade possui infraestrutura adequada para seus moradores. No mesmo mapa nota-se também que o município possui grandes zonas de expansão urbana, indicando assim o crescimento da cidade.

Escala Gráfica 0m

500m

200m

1.000m

N

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda: Área de uso residencial

Área de uso misto

Área de uso industrial

Área de intervenção

No mapa de zoneamento industrial nota-se que a maioria da cidade pertence a áreas de uso misto e as únicas áreas estritamente residências existentes estão situadas em condomínios fechados, apenas uma delas não está localizada nesses condomínios, sendo um

bairro exclusivo de uso residencial, próximo ao centro da cidade. A área industrial existente encontra-se na entrada da cidade, facilitando o acesso a essas industrias para pessoas que vem de fora, ou também para chegada e saída de cargas (matérias-primas e produtos).

61


As áreas especiais do município dividem-se em dois locais, no setor leste da cidade, onde é considerada uma área especial por encontrar-se no

ZONAS ESPECIAIS Mapa 6: Zonas Especiais da cidade de Brodowski Escala Gráfica 0m

2.000m 1.000m

3.000m

setor mais carente do local, considerado zona especial de interesse social (ZEI); já a outra localização das áreas especiais concentram-se nas áreas industriais do município.

Figura 27: Entrada principal do setor leste da cidade – ZEIS

Setor Leste Zona de Interesse Social – ZEI

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 20 nov. 2020. Figura 28: Área industrial do município, visto pela Rodovia Cândido Portinari ÁreasModificada Industriaispela autora do Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018. trabalho, 2020.

N

Legenda: Limites Zonas Especiais

Área de intervenção Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 20 nov. 2020.

62

63


2.4 ASPECTOS NATURAIS

DECLIVIDADE Mapa 8: Mapa Hipsométrico da área

TOPOGRAFIA, INSOLAÇÃO E DIREÇÃO DOS VENTOS Mapa 7: Curvas de nível da área e entorno e insolação

Área de Intervenção

Sol poente

Sol nascente

N Ventos predominantes

N

Caimento da água pluvial

100m

500m

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

500m

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

200m 100m

200m

0m

Escala Gráfica 0m

Escala Gráfica

Legenda: Região mais alta – 880,00

Região mais baixa – 835,00

Legenda: Área de Intervenção

Curvas de Nível

A face leste do terreno é favorecida com o sol da manhã, já na parte oeste do terreno o sol predominante é o da tarde – possuindo raios solares mais fortes –, com isso, serão realizados estudos de viabilidade, decidindo assim qual o melhor elemento para

64

impedir essa insolação, entre eles, cobogós, vegetação, brises, entre outros. Os ventos predominantes na maior parte do ano vem do leste, em 9,8 meses do ano – de fevereiro a novembro –, no restante do ano o vento vem do norte.

O mapa acima apresenta a diferença de altitude do local, onde as curvas de nível encontram-se de 5 em 5 metros, sendo definido pelo vermelho escuro como a região mais alta e a cor azul como região mais

baixa da área. Analisando a área apresentada percebe-se que a declividade não é tão acentuada até a cor amarela, após essa cor a declividade começa a se tornar mais íngreme.

65


Figura 29: Vegetação na parte frontal da área de intervenção

VEGETAÇÃO E CURSOS D’ÁGUA Mapa 9: Mapa com vegetação e curso d’água da área

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/ptBR/earth/. Acesso em: 10 mai. 2020.

N

Escala Gráfica 0m

Figura 31: Área verde na lateral da área de intervenção

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/ptBR/earth/. Acesso em: 10 mai. 2020.

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/ptBR/earth/. Acesso em: 10 mai. 2020.

Figura 32: Vegetação próxima ao curso d’água

200m 100m

Figura 30: Área verde próxima a área de intervenção

500m

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda:

Vegetação

Área de Intervenção

A partir da leitura do mapa de vegetação, percebe-se que o local todo possui muitas árvores, fornecendo assim conforto térmico, aos pedestres e às casas do entorno. No entorno do terreno existem muitas áreas verdes.

No geral a grande maioria das árvores são de pequeno e médio porte, as únicas de grande porte concentram-se na área escolhida em si e em torno do único curso d’água existente no local.

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/ptBR/earth/. Acesso em: 10 mai. 2020.

66

67


2.5 MOBILIDADE

HIERARQUIA FUNCIONAL Mapa 11: Mapa de hierarquia funcional do local

HIERARQUIA FÍSICA Mapa 10: Mapa de hierarquia física do local

Av. Dom Luís do Amaral Mousinho Rodovia Cândido Portinari Av. Papa João XXIII

Área de Intervenção

Área de Intervenção

N

Escala Gráfica 0m

N

Escala Gráfica 0m

100m

200m 100m

500m

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda: Rodovia

Arterial

Coletora

A partir do mapa de hierarquia física percebe-se que as únicas vias arteriais do local são as marginais, que passam pela cidade inteira, sendo elas, Av. Dom Luís do Amaral Mousinho e a Av. Papa João XXIII – via localizada na frente da área de intervenção. A cidade é cortada pela Rodovia Cândido Portinari, a qual inicia-se em um trecho da

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200m 500m

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda: Alto Fluxo

Médio Fluxo

Baixo Fluxo

Local

Rodovia Anhanguera, perpassando por Brodowski, Batatais, Franca, e encerrandose na divisa do Estado de Minas Gerais. As vias coletoras do local, em sua maioria, são as que possuem ligação direta com as marginais, e a partir delas surgem as vias locais – maioria das vias do entorno da área de intervenção.

A área possui muitas vias de baixo fluxo, por serem vias locais que perpassam apenas no interior de seus bairros. As vias de alto e médio fluxo possuem esse titulo por ligarem bairros da cidade, algumas das vias não suportam esse fluxo tão intenso e em horários de pico

enfrentam congestionamentos, atrapalhando o ir e vir de veículos. Por conta desse alto fluxo em certos horários, foram instalados semáforos nas marginais. Dados estes obtidos através de um estudo realizado pela autora do trabalho.

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MOBILIÁRIO URBANO Mapa 12: Mapa de Mobiliário Urbano

Área de Intervenção

Observa-se, a partir do mapa de mobiliário urbano, que a área possui iluminação boa, com grande quantidade de postes de energia e de iluminação. Os únicos semáforos presentes no local e também na cidade, se dão através das marginais – Av. Dom Luís do Amaral Mousinho e Av. Papa João XXIII –, semáforos estes que foram instalados por conta do grande movimento em horários de pico – que

atrapalhava a circulação da cidade em tais horários. Existem apenas dois pontos de ônibus na área inteira, assim, percebe-se uma escassez destes, e esta pouca oferta indica que as pessoas precisam locomoverse para longe de suas residências para conseguirem alcançar tais equipamentos. Ao longo da marginal Av. Papa João XXIII existe a disposição bancos para uso da população, favorecendo e buscando o convívio dos moradores.

Figura 33: Bancos na Av. Papa João XXIII

N

Escala Gráfica 0m

200m 100m

500m

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda: Poste

Caixa d’água

Semáforo

Banco

Ponto de Ônibus

Telefone Público

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/ptBR/earth/. Acesso em: 10 mai. 2020.

Figura 34: Postes na parte frontal da área de intervenção

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/ptBR/earth/. Acesso em: 10 mai. 2020.

70

71


2.6 USO DO SOLO USO DO SOLO Mapa 13: Mapa de Uso do Solo

Área de Intervenção

Bairro Vila Nossa Senhora das Graças

N

O mapa ao lado foi realizado através dos usos predominantes de cada quadra, e percebe-se que o uso predominante de praticamente todos os quarteirões da área é residencial. No entorno da área de intervenção há várias escolas e creches públicas e uma UBS, o que é um grande ponto positivo para o local, pois assim os moradores não irão precisar se deslocarem para longe de suas residências, diminuindo o uso de veículos na localidade e seu entorno. Após esses usos, o que predomina são os comércios, que estão localizados em sua

maioria no bairro Vila Nossa Senhora das Graças – subcentro citado anteriormente –, entre eles existem: restaurantes, lanchonetes, lojas, mercados, mercearias e farmácia, facilitando assim a vida dos moradores, cujo uso facilita o cotidiano dos moradores locais que, mais uma vez, não precisam utilizar seus automóveis, pois todos os equipamentos que necessitam para uma melhor qualidade de vida, estão próximos às suas residências. Os serviços encontrados na área são escassos, mas os existentes são, em sua maioria, escritórios de advocacia e contabilidade.

Figura 35: Escola mais próxima da área de intervenção Escala Gráfica 0m

200m 100m

500m

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda: Residencial

Sem uso

Institucional

Rodovia

Comércio

Áreas verdes

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/ptBR/earth/. Acesso em: 10 mai. 2020.

Figura 36: Rua com comércios do Bairro Vila Nossa Senhora das Graças

Serviço

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/ptBR/earth/. Acesso em: 10 mai. 2020.

72

73


Ao analisar o mapa pode-se perceber a grande quantidade de escolas e creches – no entorno imediato a área de intervenção -, com isso, nota-se que na escala de educação a cidade está bem suprida, mas aprofundando-se um pouco mais nessa leitura, percebe-se a grande escassez de equipamentos de lazer e

2.7 EQUIPAMENTOS EQUIPAMENTOS Mapa 14: Mapa de Equipamentos de Brodowski

Área de Intervenção

cultura, existem apenas duas praças – em bom estado – na cidade e o Museu Casa de Portinari, o qual fez a cidade tornar-se uma de interesse turístico e que gera grande influencia perante toda sua região – já que o artista é conhecido internacionalmente – trazendo turistas para o local, aumentando assim, sua fonte de renda e sua visibilidade.

Figura 37: Museu Casa de Portinari

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/. Acesso em: 10 mai. 2020. Figura 38: Praça Martim Moreira Escala Gráfica 0m

N

500m

200m

1.000m

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda: Rodoviária Escolas e Creches Públicas Praças Igreja Matriz

UBS

Prefeitura

Museu

Cemitério

Seminário

Unidade Mista Hospitalar

Lar da Fraternidade

74

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/. Acesso em: 20 nov. 2020.

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EQUIPAMENTOS Em questão à saúde da cidade, as UBS prestam serviços para seus bairros, e algumas ficam super lotadas, atrasando e dificultando seu funcionamento, já na unidade mista hospitalar ocorre o mesmo fenômeno, o local é pequeno, sua estrutura é precária, não possui médicos suficientes, assim, não suportando toda a população

de Brodowski, fazendo com que seus moradores tenham que buscar esse tipo de atendimento em Ribeirão Preto. Perante aos itens religiosos, existe uma igreja matriz – a maior da cidade – no centro da localidade, e um seminário que atende toda a região, o qual traz mais visibilidade e mais visitantes a Brodowski.

Figura 39: UBS próxima a área de intervenção

Figura 41: Escola Municipal de Ensino Fundamental Tiradentes

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 10 mai. 2020. Figura 42: Escola Estadual Coronel José Aleixo da Silva Passos

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 10 mai. 2020. Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 20 nov. 2020.

Figura 43: Unidade Mista Hospitalar

Figura 40: Creche Municipal Maria Otília Neix

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 10 mai. 2020. Fonte: Arquivo Pessoal, 2020.

76

77


2.8 OCUPAÇÃO DO SOLO

O mapa de gabarito apresenta o número de pavimentos das construções da área, e a partir dele é possível perceber que todas as edificações possuem do térreo a 2 pavimentos, mas, isso não acontece apenas no local, e sim

GABARITO Mapa 15: Mapa de Gabarito

Área de Intervenção

na cidade inteira, onde existe apenas um prédio inacabado – obra embargada – de 5 pavimentos. Esse fato mostra que a cidade segue um padrão, onde todas as residências – sem exceções – não ultrapassam a altura de 2 pavimentos.

Figura 44: Escola pública com 1 pavimento

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 10 mai. 2020. Figura 45: Residências térreas

N

Escala Gráfica 200m

0m 100m

500m

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda: Térreo a 1 pavimento Rodovia Áreas Verdes

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Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 10 mai. 2020.

79


Analisando o mapa, percebese que as quadras que encontram-se à frente do terreno – após a rodovia – estão com poucas edificações, isto se dá devido ao local ser um loteamento novo da cidade. Ao seu lado encontram-se as edificações mais próximas ao centro da cidade, onde pode-se perceber que a maioria possui o fundo de seus lotes livres. Na área mais próxima à área de intervenção, as edificações não possuem muita regularidade, no bairro Vila Nossa Senhora das Graças o

FIGURA FUNDO Mapa 16: Mapa de Figura Fundo

Área de Intervenção

espaço livre nos lotes é quase inexistente, trazendo problemas de ventilação, insolação, conforto térmico, conforto acústico, entre outros. No bairro onde encontra-se a área de intervenção está localizada uma Cohab, e a maioria das casas ainda seguem seu padrão original – edificação pequena com uma grande porção de um quintal (área livre) –, com exceção de algumas que foram modificadas e suas áreas livres originais foram retiradas devido a reformas e ampliações.

Figura 46: Implantação da área

N

Escala Gráfica 0m

200m 100m

Área de Intervenção

500m

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Legenda: Cheios Vazios Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 11 mai. 2020. Modificado pela autora do trabalho, 2020.

80

81


2.9 RESTRIÇÕES LEGAIS

2.10 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DA

RESTRIÇÕES LEGAIS

ÁREA

Tabela 1: Restrições Legais que deverão serem aplicadas na área de intervenção Restrição Legal

Legislação

Terreno : 10.784m²

Densidade Líquida Básica

650 hab/Ha

701 hab/176 un.

Densidade Líquida Máxima Taxa de Ocupação Solo Permeável

850 hab/Ha

917 hab/230 un.

Uso Misto: 85% 10%

9.166,40m² 1.078,40m²

Coeficiente de Aproveitamento

3

32.352m²

Recuos Mínimos

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DA ÁREA Mapa 17: Caracterização da área em planta Sol poente

Rodovia Cândido Portinari Av. Papa João XXIII

H/4

A área está enquadrada na ZUP e encontra-se na zona leste de Brodowski, e o quadro acima apresenta as restrições urbanísticas da área. Como não há um padrão definido em Brodowski

perante as densidades, foi realizado uma avaliação de aproximação com a legislação urbana de Ribeirão Preto – como é realizado comumente segundo arquitetos da prefeitura local.

Rua Rui Barbosa

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho,2020.

N Ventos predominantes Rua Carlos Chagas

Figura 47: Setor leste da cidade – ZUP

Sol nascente

Escala Gráfica

150m

50m

0m 25m

75m

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda: Postes

Caixas D’água

Vegetação

Telefone Público

Bancos

Projeção das construções

N

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 20 nov. 2020. Modificado pela autora do trabalho, 2020.

82

83


CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DA ÁREA

Figura 48: Av. Papa João XXIII

Mapa 18: Corte AA

Escala Gráfica 25m

0m 10m

100m 50m

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020. Mapa 19: Corte BB Escala Gráfica 25m

0m

10m

100m 50m

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 13 mai. 2020. Figura 49: Rua Pedro Grandi

Legenda: Coonai Edificações existentes Topografia original

A área em que localiza-se o lote de intervenção está delimitada pela Av. Papa João XXIII, Rua Pedro Grandi e Rua Carlos Chagas e a qualidade das ruas estão boas, asfaltadas, mas os passeios do entorno do terreno ainda não possuem calçada, apenas vegetação. Observa-se também, a partir do mapa apresentado, os postes de energia – vários que circundam o terreno – e a vegetação presente, onde duas laterais do

terreno possuem muitas árvores, na lateral da Rua Pedro Grandi elas são em sua maioria de médio e pequeno porte, e na parte frontal do terreno, localizada na Av. Papa João XXIII, as árvores presentes são todas de grande porte. Perante ao todo do levantamento apresentado, o que pode-se analisar como característica visual de seu entorno imediato é seu baixo gabarito, em que suas edificações possuem no máximo 2 pavimentos.

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 13 mai. 2020. Figura 50: Rua Carlos Chagas

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 13 mai. 2020.

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CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DA ÁREA A área de intervenção total possui 61.061m², mas perante o tamanho da área ser tão grande, o que será utilizado é apenas 1/6 dessa área – aproximadamente 10.176m² -, e no restante da área será realizado um parcelamento do solo futuro, enquanto diretriz.

O terreno consiste em uma área disfuncionalizada da empresa Coonai, e para que essa gleba cumpra com sua função social de acordo com os artigos 182 e 183 do Estatuto das Cidades, ela precisa ser subutilizada.

Figura 51: Construção da empresa Coonai – atualmente sem uso

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 13 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

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Logo após todo este levantamento de dados serem expostos, o presente trabalho irá debruçar-se sobre as leituras projetuais, com o intuito de ampliar o repertório, de modo que assim se confeccione uma conexão inversa – levantamento e depois leituras projetuais. Logo após as leituras projetuais, as premissas de projetos serão recuperadas no início do anteprojeto.


03

CAPÍTULO TRÊS

LEITURAS PROJETUAIS


Após todo o exposto no trabalho, percebe-se que toda a conceituação apresentada tem uma aplicabilidade prática no ramo da arquitetura e urbanismo, e para um atendimento mais profundo das aplicações práticas desses conceitos, iremos partir para análise de projetos de importante referência nesse ínterim. A sequência de leituras projetuais se dá para começarmos a perceber, na aplicabilidade prática da arquitetura e do urbanismo, os conceitos e problemáticas sobre o assunto em questão – habitação de interesse social e sua qualidade espacial –, e é a partir disto que as leituras projetuais irão debruçar-se sobre 4 projetos distintos. A intenção principal das leituras é fazer uma análise sobre a falta ou existência de espaços de qualidade em projetos de habitação de interesse social (HIS), falando também sobre a padronização e escala exagerada de alguns dos conjuntos brasileiros, pois padronizar é necessário para fins de barateamento de custos, mas tem que haver um equilíbrio para que a qualidade espacial sempre esteja presente, algo que é muito presado na

90

fundamentação teórica do presente trabalho. Então a primeira análise que será identificada em tais leituras, é justamente sobre a questão da qualidade espacial pensada por tais propostas, e em quais projetos ela está presente ou não. Por isso 3 das 4 leituras foram escolhidas por serem projetos que ganharam prêmios internacionais e nacionais, projetos reconhecidos na historiografia das cidades onde estão implantadas, na arquitetura nacional de seus países e mesmo na internacional, pela qual são reconhecidos como projetos de grande qualidade. E, em contraposição, há um projeto da cidade que é objeto de estudo do presente trabalho, Brodowski/SP, escolhido para apresentar os problemas presentes nas habitações de interesse social existentes nesta cidade. Tais projetos são: Condomínio Maria do Carmo Maciel Possos, Conjunto Residencial Prefeito Mendes De Moraes - Pedregulho, Conjunto Habitacional do Jardim Edite e Habitação Villa Verde. Entre esses 4 projetos, alguns se assemelham, sobretudo se levarmos em conta questões relativas à existência de

equipamentos urbanos em seu programa, ao seu partido e seu conceito. O Pedregulho e o Jardim Edite, por exemplo, possuem algumas características parecidas, dentre elas: não possuem um grau elevado de espraiamento, ambos estão no centro das cidades (ou em subcentralidades), em áreas que possuem infraestrutura urbana, neles existe uma ideia de cidade compacta, sendo assim, ambos são considerados complexos multifuncionais. O Condomínio Maria do Carmo Maciel Possos e o Villa

Verde também possuem algumas características parecidas, dentre elas: a tipologia das residências é mais compactada, as casas são, de certa forma, isoladas no lote. O Villa Verde não se espraia no lote, justificando o porquê dessa escolha. O condomínio Maria do Carmo Maciel Possos é apenas um padrão de casas idênticas espalhadas em uma gleba da cidade, sem outros programas que subsidiem o cotidiano dos moradores ou equipamentos urbanos que facilitem esse mesmo dia-a-dia.

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3.1 CONDOMÍNIO MARIA DO CARMO MACIEL POSSOS

CONTEXTO E LOCALIZAÇÃO Figura 53: Mapa em Satélite da Cidade de Brodowski/SP

Figura 52: Portaria de Acesso ao Condomínio Maria do Carmo Maciel Possos Condomínio Maria do Carmo Maciel Possos Posto de Saúde Centro da Cidade

N Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/maps. Acesso em: 27 abr. 2020. Modificada pela autora, 2020.

Fonte: Arquivo Pessoal, 2020.

FICHA TÉCNICA Nome do Projeto: Condomínio Maria do Carmo Maciel Possos Localização: Via Expressa Jair Felipe n° 590, no bairro Condomínio Contendas, Brodowski/SP Ano do projeto: 2016 Engenheiro civil: Valdeci Mazer Empresa responsável: W.P. Construtora e Incorporadora

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Tipo de projeto: Residencial Período da execução da obra: 18 meses Unidades Habitacionais: 154 unidades (x 4Hab./Un. = 616Hab). Área total do terreno: 22.943,71m² (Densidade = 268,48Hab/Há). Área total construída: 7.861,52m² (CA = 34,26% ou 0,3426).

Brodowski é uma cidade do interior do estado de São Paulo, que possui 24.939 habitantes. A cidade está situada há aproximadamente 26km do município de Ribeirão Preto. O condomínio Maria do Carmo Maciel Possos é um condomínio horizontal de residências unifamiliares, financiado pelo programa Minha Casa Minha Vida. Foi projetado para tentar suprir o déficit de habitações de interesse social na cidade de Brodowski, mas, de certa forma, apenas na questão de quantidade e não de qualidade. O local onde o condomínio está localizado consiste em um terreno que possui irregularidades quanto ao seu

formato e é ligeiramente inclinado em suas extremidades. O terreno onde o condomínio está localizado encontra-se em uma área periférica e afastada do centro da cidade, e não existe nenhum ponto de ônibus próximo ao condomínio. Equipamentos como escolas e creches não são encontrados próximos ao condomínio, apenas em alguns outros bairros da vizinhança. Existe um posto de saúde próximo ao local, mas que não possui fácil acesso a pé, pois encontra-se em uma avenida movimentada, oferecendo assim perigo à população. Os comércios existentes são apenas alguns comércios de bairro – mercearia, farmácia.

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VOLUMETRIA E PROGRAMA

IMPLANTAÇÃO Figura 54: Implantação das construções do Condomínio Maria do Carmo Maciel Possos e caminho do sol em relação às edificações

Sol poente

Figura 55: Volumetria das edificações do condomínio

Sol nascente

N Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2016. Modificado pela autora do trabalho, 2020.

O condomínio possui como área total do terreno 22.943,71m² e área total a ser construída 7.861,52m², sendo assim construídas 154 unidades de habitações térreas com 50,88m² e uma área em comum – guarita/portaria – de 26m². Sendo assim, percebe-se que o condomínio possui uma baixa

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densidade – 268,48Hab/Há. - e baixo coeficiente de aproveitamento – 34,26%. Outra característica notável do projeto, é de como ele auxilia no espraiamento das cidades, possuindo uma ampla gleba, mas com densidade muito baixa.

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 27 abr. 2020.

As residências possuem forma geométrica quadrada. O programa conta com 154 residências térreas divididas em duas tipologias distintas, sendo que uma dessas tipologias apresenta acessibilidade. As duas tipologias contam com 2 quartos, 1 banheiro, 1 cozinha, 1 sala de estar, 1 lavanderia e garagem descoberta. Essas 154 unidades são

divididas em 9 blocos e interligadas por 4 ruas internas do condomínio, e cada um desses blocos possui números distintos de residências. A área construída total é de 7.861,52m², sendo assim a média de área por residências é de 50,88m², encaixando-se assim no exemplo tradicional de habitações de interesse social exigido pelo Programa Minha Casa Minha Vida.

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Figura 56: Programa do Conjunto Habitacional – Escala Macro – Implantação

Figura 60: Programa Tipologia 2 Acessível

Figura 61: Programa Tipologia 2 – Corte AA

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2016. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Legenda: Residências Portaria

Figura 62: Programa Tipologia 2 – Corte BB

N Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2016. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Figura 57: Programa Tipologia 1

Figura 58: Programa Tipologia 1 – Corte AA

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2016. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Figura 59: Programa Tipologia 1 – Corte BB

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2016. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda:

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2016. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Dormitórios

Cozinha

Banheiro

Sala de Estar/TV

Área de Serviço

Garagem

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Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2016. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda:

Dormitórios

Cozinha

Banheiro

Sala de Estar/TV

Área de Serviço

Garagem

A partir das plantas e cortes apresentados, percebe-se que as residências seguem um exemplar de Habitações de Interesse social muito utilizado, sendo assim, nota-se que essas edificações não possuem grandes qualidades projetuais, por conta da reprodução de um padrão de unidade, não possuindo grandes inovações e deixando claro mais uma vez, de que o que é priorizado na construção são as quantidades e não a qualidade espacial das unidades, prezando na maioria

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2016. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Figura 63: Fachada Residência – Tipologia 1

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/. Acesso em: 01 jun. 2020.

das vezes pela padronização das unidades a fim de alcançar o barateamento dos custos na construção.

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ACESSOS E EIXOS DE CIRCULAÇÃO Figura 64: Esquema dos eixos de circulação horizontal do condomínio

Figura 67: Esquema do eixo de circulação da residência – Tipologia 2 - Acessível

Figura 66: Esquema do eixo de circulação da residência – Tipologia 1

circulação

Legenda: Acesso principal Acessos secundários Corredor de circulação

N

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2016. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2016. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Figura 69: Acesso à residência. Figura 68: Acessos à residência.

Figura 65: Acessos de veículos e pedestres Legenda: Acesso veículos Acesso pedestres Veículos Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 28 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Pedestres Acesso veículos Acesso pedestres Fonte: Arquivo Pessoal, 2020.

Os veículos acessam o condomínio pela fachada frontal, através de uma via (Via Expressa Jair Felipe) já existente, mas que foi prolongada para uso exclusivo do condomínio, e assim percorrem caminhos internos até chegar em suas residências.

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Os pedestres acessam o local pela mesma entrada que os veículos, e se deslocam para suas residências através de calçadas disponibilizadas, onde no local não existem faixas de pedestres exclusivas, oferecendo assim desconforto aos pedestres.

O acesso principal se dá através de uma porta localizada na fachada frontal da residência. Existem dois acessos secundários, um na lateral da residência, o qual oferece ligação a um corredor que leva à parte de trás da residência e o outro também no fundo da casa, onde o acesso é realizado

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 28 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

pela porta da cozinha – passando pela área de serviço. A circulação no interior da residência é simples, os cômodos são interligados por um corredor de circulação, que oferece acesso principalmente aos quartos e ao banheiro, em uma tentativa de segmentação entre as áreas coletivas e as áreas individualizadas da unidade autônoma.

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SISTEMA DE FECHAMENTOS E ABERTURAS Fechamentos As paredes de fechamento são constituídas de alvenaria de vedação, essas alvenarias são de tijolos cerâmicos furados, com dimensões de 11,5x19x29cm e foram assentados com argamassa mista com cimento, cal e areia.

O fato das paredes de vedação serem de tijolos cerâmicos é por conta do baixo custo do material, acarretando em alguns problemas, pois o elemento é muito frágil, sendo facilmente quebrado ou trincado.

Figura 70: Residências em fase de construção

As portas de entrada da sala e da cozinha – 0,80x2,10 – são de chapa fosfatizada. As janelas dos quartos também são de chapas fosfatizadas – dimensões de 1,50x1,00 . Já a janela do banheiro – 0,60x0,60 –, da cozinha – 1,20x1,00 – e da sala – 1,50x1,00 – possuem caixilho de chapa fosfatizada, mas suas folhas são de vidro 3mm. Materiais frágeis, de pouca qualidade e de baixo custo. As portas e janelas possuem Figura 72: Fachada Frontal da residência

Tijolos cerâmicos

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 28 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Figura 71: Residências em fase de construção

Reboco das paredes Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 28 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Aberturas As portas internas são de esquadrias de madeira. A do dormitório tem 0,80x2,10 e a do banheiro é de 0,70x2,10, ambas com espessuras de 35mm. As madeiras das portas são

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revestidas com eucatex e possuem padrão de acabamento mogno e os batentes são de chapa de aço pintada. Mais uma vez materiais utilizados por conta de seu baixo custo.

dimensões pequenas, com isso, a ventilação e insolação que incidem na residência são muito menores do que realmente deveriam ser, trazendo assim vários danos aos moradores. As janelas da sala e cozinha não trazem iluminação suficiente para os ambientes, pois são muito pequenas para o tamanho do espaço, levando em consideração que uma lateral da residência não possui janelas e portas por ser encostado no muro da unidade vizinha. Figura 73: Sala de estar e cozinha e suas respectivas aberturas

Janela Janela sala de cozinha estar Porta Janela cozinha quarto Porta Legenda: Iluminação entrada Natural sala Ventilação Fonte: Disponível em: Natural https://www.google.com/?hl= pt_br. Acesso em: 28 abr. Fonte: Disponível em: 2020. Modificada pela autora https://www.google.com/?hl=pt_br. do trabalho, 2020. Acesso em: 28 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Percebe-se que as residências

possuem aberturas frontais, e isso é um grande problema para os residentes, pois gera falta de privacidade, conectando o olhar de quem esta na rua (espaço coletivo do condomínio) ao interior das moradias (espaço privado), e na maioria dos casos, acaba existindo a

necessidade de fechamentos internos (cortinas, persianas, etc.) que diminuem a intensidade de iluminação e ventilação do espaço interno, além de auxiliar a aquecer estes ambientes (porque são compostos de tecidos, na maioria das vezes).

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SISTEMA ESTRUTURAL A terraplanagem do condomínio foi executada com transporte de terra da própria área, sendo compactada através de rolo mecânico. A fundação das casas do condomínio são do tipo radier, o concreto utilizado foi com resistência de 20 Mpa, com espessura de 8 cm, armado com tela soldada tipo Q-196 e calçada externa com largura de 60 cm. O solo da cidade de Brodowski é arenoso, ou seja, se movimenta facilmente e é altamente permeável; o solo arenoso requer fundações profundas com estacas, geralmente de aço ou concreto armado, para evitar qualquer tipo de efeito e garantir a segurança da estrutura, mas percebe-se que não é essa a fundação utilizada no condomínio. Há relatos dos moradores de que o piso de vários cômodos – na maioria das vezes o banheiro – de algumas residências cedeu, em alguns casos gerou até acidentes graves aos moradores. Como estrutura principal encontram-se as paredes estruturais, escolha esta ligada

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diretamente ao custo das construções. Mas apesar de possuir baixo custo, este tipo de estratégia limita a flexibilidade interna das unidades e a possibilidade de futuras modificações ou ampliações. A laje é nervurada moldada in loco, amarrada com barras de aço e lajotas de cerâmica, recoberta com camada de concreto usinado com resistência de 20 Mpa. A cobertura é composta por estrutura metálica com telhas cerâmicas. A estrutura metálica traz algumas vantagens e desvantagens ao projeto, como vantagem, as principais entre elas são a rapidez na execução – característica fundamental para o projeto ter sido concluído em 18 meses – e também seu peso leve, sobrecarregando menos a estrutura da residência; já como desvantagem, a principal entre elas é que em algumas casas os tratamentos contra corrosão não foram realizados corretamente, havendo varias residências com uma série de problemas em tais estruturas.

Figura 74: Fachada da residência em fase de construção Estrutura metálica

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 28 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Figura 75: Fachada da residência em fase de construção

Telhas cerâmicas Radier Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 28 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

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MATERIAIS Uma característica fundamental para o sucesso do projeto foi a escolha de materiais e objetos de fácil repetição e montagem – como a estrutura metálica. Como já abordado em textos anteriores, os materiais utilizados nas residências são: - As paredes estruturais são feitas de tijolos de concreto; - Nas paredes de vedação são utilizados tijolos cerâmicos; - No telhado são utilizadas estruturas metálicas com telhas cerâmicas; - A laje é nervurada e moldada in loco, amarrada com barras de aço e lajotas de cerâmica, recoberta com camada de concreto usinado; - Portas internas são de esquadrias de madeira revestidas com eucatex e possuem padrão de acabamento mogno e os batentes são de chapa de aço

Figura 76: Banheiro

pintada; - Portas de entrada e janelas dos quartos são de chapas fosfatizadas; - As demais janelas possuem caixilho de chapa fosfatizada e suas folhas são de vidro 3mm; Os azulejos são todos cerâmicos e assentados com cimento colante; - O piso e o rodapé do interior da residência são cerâmicos e assentados com pasta de cimento colante; - As soleiras da edificação são de ardósia, possuem 2 cm e são assentadas com argamassa. Em todos os materiais utilizados o aspecto priorizado é o custo. Sendo assim, a construção não possui estudo plástico-formal para o uso de tais materiais na composição do projeto das edificações residenciais e no todo do conjunto.

Porta de madeira Azulejos cerâmicos

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_ br. Acesso em: 28 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Figura 77: Entrada da residência

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 28 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Figura 78: Sala de estar

Pisos e rodapés cerâmicos

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 28 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

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RELEVÂNCIA PARA O PROJETO O maior problema localizado na habitação de interesse social Condomínio Maria do Carmo Maciel Possos é a padronização das casas, possuindo apenas duas tipologias, sendo uma delas para moradores que necessitam de acessibilidade. Independente do número de moradores da família e de suas necessidades, eles terão que residir em uma residência que possui apenas dois quartos, uma sala, uma cozinha e um banheiro, padrão seguido nas residências do programa MCMV; como já foi dito e abordado na fundamentação teórica, é pensado apenas na quantidade e não na qualidade do espaço e seus materiais. Outra característica negativa muito importante abordada na leitura

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foi o tipo de fundação utilizada, não sendo a fundação mais adequada para o projeto e para o tipo de solo da cidade, trazendo assim diversos problemas para os moradores. Outro ponto negativo é o afastamento do conjunto – zona periférica – do centro e subcentros da cidade, não possuindo equipamentos próximos, característica mais uma vez que atrapalha na qualidade de vida da população e que potencializa, por exemplo, o uso exacerbado do automóvel ou dos deslocamentos motorizados em uma cidade que ainda se configura por um porte pequeno, trazendo consigo todas as problemáticas inerentes ao uso demasiado destes modais de transporte.


3.2 CONJUNTO RESIDENCIAL PREFEITO MENDES DE MORAES PEDREGULHO

CONTEXTO E LOCALIZAÇÃO Figura 80: Conjunto Pedregulho e seu entorno imediato

BENFICA

VASCO DA GAMA

Estádio São Januário

Figura 79: Foto aérea do Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes

PEDREGULHO

SÃO CRISTÓVÃO

N

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 29 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 29 abr. 2020.

FICHA TÉCNICA Nome do Projeto: Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes Localização: Bairro de São Cristóvão, Rio de Janeiro/RJ Brasil Ano do projeto: 1947 Arquiteto: Affonso Eduardo Reidy Engenheira Estrutural: Carmem Portinho Cliente: Distrito Federal (na época; hoje cidade do Rio de Janeiro) Tipo de projeto: Residencial (com características de Complexo Multifuncional)

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Edifício Principal: 260 metros de comprimento (272 unidades) Programa de Apartamentos: 2 Tipologias Número de Dormitórios: De 1 e 2 dormitórios Área total do terreno: 52.142,00m² Equipamentos: Serviços Públicos, Centros Comerciais, Jardim-de-infância, Maternal, Berçário, Escola Primária, Quadras Esportivas, Ginásios, Piscina, Centro Sanitário Colaboradores: Carmem Portinho, Gabriel de Souza Aguiar, Roberto Burle Marx, Cândido Portinari, Anízio de Medeiros.

O Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, conhecido como Pedregulho, foi edificado no Morro do Pedregulho, e encontra-se localizado entre os bairros São Cristóvão e Benfica. Próximo ao conjunto estão localizadas as Av. Brasil e a Av. Capitão Félix, onde essa mesma avenida faz a ligação do conjunto. Pedregulho foi planejado e edificado entre os anos de 1946 a 1952, projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy – um dos arquitetos pioneiros na introdução da arquitetura moderna no Brasil – e possuía como intenção principal, alojar funcionários públicos do, na época, Distrito Federal. No projeto do Pedregulho, o arquiteto deixa claro sua preocupação com o homem,

defendendo sempre que habitar não se resume à vida no interior de uma casa, abordando sempre o contexto da arquitetura com a paisagem natural, presente e clara na harmonia do edifício. O arquiteto propõe a composição entre a moradia e o espaço externo, instalando diversos serviços e equipamentos aos moradores na mesma área que encontra-se o edifício principal. Percebe-se que a qualidade do meio físico exterior também é refletida junto ao âmbito artístico, traduzido pelos painéis elaborados por Portinari e que, simbolicamente, significam a elevação do espírito dos moradores do conjunto e o acesso democrático deles ao universo das artes.

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IMPLANTAÇÃO Figura 81: Implantação e caminho do sol em relação ao conjunto Sol nascente

A implantação das edificações e ocupação do terreno visou aproveitar a parte mais acidentada com a edificação que abrigaria o maior número de unidades habitacionais. O bloco A foi implantado de maneira a acompanhar o

desenho natural feito pelas curvas de nível do terreno, foi instalado de certo modo para otimizar o acesso às moradias e configurar-se como um corpo edificado escultórico no topo da paisagem, se destacando em meio ao entorno.

Figura 82: Corte do terreno Ventos predominantes

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 29 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

N

Sol poente Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 29 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

O terreno onde o conjunto foi implantado possui área total de 52.142,00 m2 e a taxa de ocupação final do projeto ficou em 17,3%. Demostrando um cuidado em se manter áreas externas livres e verdes e cuja qualidade é proposta pelo paisagista Burle Marx na definição de percursos e atividades de lazer aos moradores do local, na oferta de atividade de recreação e área de contemplação.

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O local também sofre com uma grande insolação na parte da tarde, mas isso foi equilibrado com a vista para a baía de Guanabara e com elementos, como brises e cobogós de madeira e cerâmicos, respectivamente. Possibilitando assim a limitação da insolação direta e a ventilação cruzada, proporcionando, então, um conforto térmico.

Legenda: Uso de pilotis (onde a topografia é mais íngreme, diminuindo assim as manipulações de terra)

A topografia do terreno é irregular e acidentada, e cruzando a extensão transversal do terreno, em certo ponto é alcançado um desnível de 50m. Tal característica dificulta o deslocamento entre os dois grandes planos horizontais,

aumentando a segregação do espaço, e também sobrecarregando qualquer tipo de trabalho de movimentação de terra. A solução empregada para tentar resolver os grandes desníveis do terreno foram os pilotis de alturas variáveis.

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Legenda:

VOLUMETRIA E PROGRAMA Figura 83: Programa do Conjunto Habitacional – Escala Macro – Implantação

1

15

1 16 1

2

3

7 8

11

6 9

5

N

10

12

18 4 17

19

1- Bloco de Apartamentos A 2- Bloco de Apartamentos B1 3- Bloco de Apartamentos B2 4- Bloco de Apartamentos C 5- Escola Primária 6- Ginásio 7- Vestiários 8- Piscina 9- Campo de Basquete 10- Lago

A volumetria e o programa do local são definidos por cada obra possuir um volume simples, onde a forma indica a diferença de funções: o paralelepípedo é destinado aos prédios residenciais; o prisma trapezoidal aos edifícios públicos; e as abóbadas, às construções desportivas.

11- Playground 12- Centro de Saúde 13- Lavanderia 14- Mercado 15- Creche 16- Escola Maternal 17- Jardim de Infância 18- Passagem Subterrânea 19- Galpões

O programa do conjunto tem como principal característica integrar moradia a outros serviços de usos cotidianos. Esse programa foi elaborado a partir de um censo dos futuros moradores, combinando assim essas necessidades com um levantamento das condições existentes.

Figura 84: Programa do Conjunto Habitacional

13 14

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 29 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda: Blocos habitacionais Blocos comunitários Blocos didáticos Blocos de serviço Blocos de lazer Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 20 nov. 2020.

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Figura 85: Programa do Conjunto Habitacional e Edificações de Moradia – Escala Macro e Meso

Devido ao levantamento realizado no local, verificou-se a necessidade de projetar diversas tipologias de

apartamentos, por conta das diferenças existentes entre cada composição de famílias.

Figura 86: Programa da Edificação A de Moradia – Escala Meso

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 29 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 29 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

- O Bloco A possui 7 pavimentos (1 intermediário de acesso aos apartamentos) Apartamentos dos pavimentos 1 e 2: quitinete. Apartamentos dos pavimentos 4, 5, 6 e 7: duplex. 58 apartamentos por andar, totalizando 272 apartamentos. - Os blocos B1 e B2 possuem 28 apartamentos duplex de 1 a 4 dormitórios.

Legenda:

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- Hoje em dia o posto de saúde e o mercado/ lavanderia, estão desativados. - O acesso via passarela ao bloco A se dá pelo 3° pavimento, pela rua Marechal Jardim. - O térreo não é restrito apenas aos moradores, pois contém atividades educacionais, equipamentos e áreas de convívio.

Semipúblico

Figura 87: Conjunto Habitacional Pedregulho

Privado Público

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 20 nov. 2020.

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Figura 89: Programa e tipologia – Bloco A – Escala Meso

Unidades Habitacionais BLOCO A O bloco A conta com 272 unidades habitacionais, segmentados em 7 pavimentos distintos, tal bloco possui formato curvo e estendido. Os pilotis utilizados no projeto encontram-se nesse bloco, tal característica foi muito empregada na edificação, com o intuito principal de suspender os blocos do solo, não alterando assim as curvas originais existentes no terreno. Essa sua composição feita sobre pilotis valoriza a vista da Baía de Guanabara. O acesso principal ao Bloco A acontece pelo terceiro pavimento, sendo este todo

aberto, possuindo assim a característica relevante de ser convidativo ao público. O terceiro pavimento foi elaborado com o intuito de tornar-se um espaço semipúblico, onde nele existem áreas de convívio, habitação, saúde e lazer, mas a intenção principal deste andar, é fornecer uma vista panorâmica, oferecendo assim um embelezamento visual diferente dos que os modelos comuns de habitações oferecem. Os pilotis foram empregados para proporcionar essa vista livre da paisagem.

Figura 88: Bloco A do conjunto habitacional Pedregulho

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 20 nov. 2020.

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Legenda: Apartamentos Duplex (1 a 4 dormitórios) Apartamentos Simples (1 dormitório)

Vista da Baía de Guanabara

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_ br. Acesso em: 29 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Figura 90: 3° pavimento com vista panorâmica

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 29 abr. 2020.

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Tipologias dos apartamentos do Bloco A

Figura 93: Apartamento duplex - Pavimentos 4,5,6 e 7

Figura 91: Apartamento simples - Pavimentos 1 e 2

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 29 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 29 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda:

Figura 92: Apartamento duplex - Pavimentos 4,5,6 e 7

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 29 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

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Corredor externo

Sala de estar

Cozinha

Dormitório

Banheiro

Circulação vertical

A planta das tipologias pode ser considerada uma planta livre, pois seu sistema estrutural é autônomo, sendo assim, essa estrutura não depende dos fechamentos. Por conta disso, foi possível utilizar de elementos diversificados em suas fachadas. A flexibilidade de todo o conjunto habitacional, é pensada no sentido do

cotidiano do morador, ou seja, foram disponibilizados serviços e equipamentos que facilitam a rotina do morador. A flexibilidade interna dos apartamentos é quase inexistente, mas mesmo assim foi levado em consideração tipologias distintas, introduzindo plantas diferentes para que possa atender vários tipos de famílias.

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Tipologias dos apartamentos dos Blocos B e C Figura 94: Apartamento duplex – Pavimentos 1 e 2

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 29 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Figura 95: Apartamento duplex – Pavimentos 2 e 4

Legenda: Corredor externo

Sala de estar

Cozinha

Dormitório

Banheiro

Circulação vertical

Os edifícios do bloco B possuem 80m de comprimento e 20m de largura, aproximadamente; cada edifício conta com 224 apartamentos ao todo. As tipologias são todas duplex e apresentam pouca flexibilidade de uso na planta, podendo conter variedades na quantidade de quartos. A diferença plástica entre os blocos acabou gerando uma discriminação dos moradores do bloco A para os moradores dos blocos B, tais moradores são considerados excluídos e desprivilegiados, mesmo com o ganho de espaço que os

apartamentos dos blocos B possuem. Essa discriminação existe por conta que o Bloco A acabou tornando-se referência do conjunto e de uma arquitetura moderna. Um dos pontos principais e mais importantes do conjunto Pedregulho é a incorporação de tantas tipologias distintas nas unidades, além disso, comparando o projeto do conjunto com alguns outros de habitações de interesse social da atualidade, a diferença é espantosa, principalmente pela ousadia que Reidy apresentou de projetar algo tão diferente dos padrões da época.

Figura 96: Blocos B1 e B2 do Conjunto Habitacional

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 29 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

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Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 20 nov. 2020.

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ACESSOS E EIXOS DE CIRCULAÇÃO Figura 97: Esquema dos eixos de circulação horizontal do conjunto

O Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes é circundado por uma via que possui fluxo intenso, que é a Avenida Capitão Félix – via onde está localizado a lavanderia e o mercado. As demais vias, sendo elas Rua Marechal Jardim, Rua Ferreira de Araújo e a Rua Lopes Trovão, são de baixo fluxo. No interior do conjunto foram empregadas vias

periféricas para a circulação de carros e também vias de pedestres que ligam todas as edificações – o que demonstra um equilíbrio (ou mesmo uma hierarquia) entre a circulação de pedestres em relação a de veículos. As edificações são afastadas das vias que os carros circulam, mas mesmo assim, as construções possuem ligações com elas.

Figura 98: Esquema dos eixos de circulação horizontal do condomínio

N Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 30 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda: Via de automóveis – fluxo intenso Via de automóveis – baixo fluxo Circulação de pedestres

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 30 abr. 2020.

Passagem subterrânea Acessos

122

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Figura 99: Esquema dos eixos de circulação dos pavimentos do bloco A

Os corredores auxiliam nas trocas de ventos no sentido transversal do edifício, até mesmo por isso que são recobertos verticalmente por elementos vazados. Os mesmos são considerados locais de permanência coletiva, e não apenas simples espaços de fluxo e passagem. Potencializando

assim o morar coletivo e as trocas e parcerias que o programa do conjunto estabelece entre as pessoas – trabalhando, assim, para a composição de um pensamento do morar do homem novo, moderno: um morar coletivo, democrático, em que todos se auxiliam mutuamente.

Figura 100: 3° pavimento

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 30 abr. 2020.

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 30 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Figura 101: Corredores de circulação do bloco A

Legenda:

Circulação horizontal Circulação vertical

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.co m.br/br. Acesso em: 30 abr. 2020.

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SISTEMA DE FECHAMENTOS E ABERTURAS As fachadas dos blocos B1 e B2 possuem vedações diferentes entre eles, criando diversidade para o edifício. Assim como também acontece no Bloco A, que por sua vez também possui uma fachada abstrata. Reidy optou por aberturas de tamanhos variados de acordo com cada espaço interno, mas não existia uma identificação sobre o programa interno com a padronização das aberturas. As vedações escolhidas são: brises,

Figura 103: Cobogós na fachada do bloco A

venezianas, cobogós, materiais que quebram a entrada direta da luz solar e, em contrapartida, possibilitam a entrada de ar, garantindo assim um conforto térmico e proteção solar para os apartamentos. As vedações do bloco A também são independentes da estrutura, possibilitando a utilização de elementos não estruturais em toda a fachada (brises, cobogós).

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl =pt_br. Acesso em: 30 abr. 2020. Figura 104: Cobogós na fachada do bloco A

Figura 102: Cobogós na fachada do bloco A

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl =pt_br. Acesso em: 30 abr. 2020. Figura 105: Brises de madeira na fachada do bloco A

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 30 abr. 2020.

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Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl =pt_br. Acesso em: 30 abr. 2020.

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SISTEMA ESTRUTURAL Figura 106: Estrutura do edifício do Bloco A

Legenda: Eixo dos pilares Lajes nervuradas

distância entre eles é de 7m. Pilares robustos recebem os dutos de encanamentos e instalações, recebendo acabamento redondo para esconder esses encanamentos e como composição plástica de um elemento que não está embutido em vedações.

A estrutura do bloco A acontece por uma malha estrutural organizada sobre pilares, vigas e lajes. Estes pilares são constituídos de concreto armado e sua seção retangular possui cerca de 1,5 m de largura. Tais pilares são distribuídos seguindo a horizontalidade do edifício e a Figura 108: Pilares do bloco A

Conjunto de pilares do bloco A

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 30 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.co m.br/br. Acesso em: 30 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Figura 107: Estrutura do edifício do Bloco A

Figura 109: Pilares do bloco A

Andares que recebem maior carga Laje nervurada de maior dimensão

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 30 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

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Fonte: Disponível em: https://www.archdaily. com.br/br. Acesso em: 30 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

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MATERIAIS A materialidade do conjunto como um todo é formada basicamente e predominantemente por concreto e aço. Uma das características mais importante do projeto são as tecnologias aplicadas na construção, na economia de meios utilizados e nas preocupações funcionais estreitamente relacionadas às soluções formais: controle da luz e da ventilação e na facilidade da circulação. O edifício recebe muita insolação na parte da tarde – ponto muito ruim para o projeto, pois é construído em uma cidade de clima tropical –, e como solução para estabilizar o conforto térmico das edificações, Reidy experimentou diversas possibilidades para o controle da insolação, assegurando a ventilação cruzada dos ambientes. A permeabilidade das superfícies foi explorada com uso de blocos vazados de diversos tipos e formatos. Houve, também, o emprego de brises em diversos ambientes.

Figura 110: Painéis de azulejos de Burle Marx

Conforme já citado ao longo da leitura projetual, o arquiteto utiliza elementos como brises e cobogós com o intuito de diminuir a passagem direta da luz. Os cobogós implantados ao longo do projeto são de cerâmica vermelha. Os painéis de madeira regulam entrada de luz nas unidades e controlam a ventilação, e foram colocados ao longo da fachada do bloco e se dividem em peitoris com o intuito de gerar um efeito de opacidade e transparência. Ao longo do conjunto existe a implantação de alguns painéis artísticos compostos de azulejos, desenhados por artistas famosos. Percebe-se que a qualidade do meio físico exterior também é refletida junto ao âmbito artístico, traduzido pelos painéis elaborados por Portinari e que, simbolicamente, significam a elevação do espírito dos moradores do conjunto e o acesso democrático deles ao universo das artes.

Figura 111: Painel de azulejo do ginásio de Cândido Portinari Fonte: Disponível em: https://www.maxwell.vrac.pucrio.br/30637/30637_2.PDF. Acesso em: 30 abr. 2020.

Figura 112: Detalhe dos cobogós Fonte: Disponível em: https://www.maxwell.vrac.pu c-rio.br/30637/30637_2.PDF. Acesso em: 30 abr. 2020.

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 30 abr. 2020.

Figura 113: Brises de madeira na fachada do bloco A

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 30 abr. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

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EQUIPAMENTOS DO CONJUNTO PEDREGULHO A finalidade do projeto sempre foi oferecer aos moradores qualidade de vida, integrando moradia, serviços e ações do cotidiano, sem que as pessoas que ali residem precisem deslocar-se para concluir suas tarefas e necessidades do dia-a-dia. Foram projetados locais didáticos, locais de serviço, locais de recreação, grandes pátios, com o intuito de gerar socialização entre os moradores, não sendo apenas um local de passagem e sim de permanência, criando vínculos entre a comunidade e o espaço de morar, o qual perdeu o sentido com as construções de interesse social que são projetadas apenas para suprir

uma necessidade de quantidade de moradias, esquecendo sempre da qualidade de vida e necessidades dos seus moradores. O projeto do conjunto conta com uma vasta disponibilidade de equipamentos, o qual o torna semipúblico, criando espaços de permanência e interação. Alguns equipamentos existentes no projeto são: jardim de infância, maternal, escola primária, berçário, lavanderia, posto de saúde, abastecimento de alimentos, quadras esportivas, piscina, vestiário e o ginásio – de todos esses serviços existentes no projeto os únicos que ainda preservam seu uso original são o ginásio e a escola.

Figura 115: Fachada do antigo mercado/lavanderia

Fonte: Disponível em: https://www.maxwell.vrac.pucrio.br/30637/30637_2.PDF. Acesso em: 30 abr. 2020.

Figura 117: Fachada do atual mercado/lavanderia

Figura 116: Fachada do atual posto de saúde

Fonte: Disponível em: https://www.maxwell.vrac.pucrio.br/30637/30637_2.PDF. Acesso em: 30 abr. 2020.

Figura 114: Fachada do antigo posto de saúde

Fonte: Disponível em: https://www.maxwell.vrac.pucrio.br/30637/30637_2.PDF. Acesso em: 30 abr. 2020.

Fonte: Disponível em: https://www.maxwell.vrac.pucrio.br/30637/30637_2.PDF. Acesso em: 30 abr. 2020.

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Figura 118: Fachada da atual escola

Fonte: Disponível em: https://www.maxwell.vrac.pucrio.br/30637/30637_2.PDF. Acesso em: 30 abr. 2020.

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RELEVÂNCIA PARA O PROJETO O projeto Pedregulho chama atenção para sua arquitetura moderna e suas novas tecnologias – que permitem a visão desobstruída da paisagem através do uso de pilotis –, levando em consideração que ele foi projetado e construído nos anos 1950. Outro motivo, pelo qual o projeto é reconhecido internacionalmente, é a preocupação que o arquiteto tem perante ao homem, defendendo sempre que habitar não se resume à vida no interior de uma casa, abordando sempre o contexto da arquitetura com a paisagem natural – muita vegetação e vista para a Baía de

134

Guanabara –, presente e clara na harmonia do edifício. O arquiteto propõe a composição entre a moradia e o espaço externo, instalando diversos serviços e equipamentos aos moradores na mesma área que encontra-se o edifício principal (de moradia), possuindo o cuidado de criar equipamentos para seus moradores não terem que deixar suas residências e irem longe de suas casas procurarem por escolas, creches, entre outros. A criação desses equipamentos fortalece as relações interpessoais e cria uma ligação de identidade e pertencimento entre o espaço de morar e seu morador.


3.3 CONJUNTO HABITACIONAL DO JARDIM EDITE Figura 119: Conjunto Habitacional do Jardim Edite

CONTEXTO E LOCALIZAÇÃO Figura 120: Conjunto do Jardim Edite e seu entorno imediato

CIDADE MONÇÕES JARDIM PRAINHA JARDIM EDITE

BROOKLYN

N

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 01 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020.

FICHA TÉCNICA Nome do Projeto: Conjunto Habitacional do Jardim Edite Localização: Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, São Paulo/ SP – Brasil Ano do projeto: 2010 Arquiteto: H+F Arquitetos e MMBB Arquitetos Cliente: Prefeitura Municipal de São Paulo Tipo de projeto: Residencial Unidades Habitacionais: 252 unidades Área total do terreno: 18.000m² Área total construída: 25.714m² (CA = 147,85% ou 1,48)

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Colaboradores: Eduardo Martini, Marina Sabino, Giovanni Meirelles, Cecilia Góes, Gleuson Pinheiro Silva, Adriano Bergemann, André Rodrigues Costa, Maria João Figueiredo, Martin Benavidez, Naná Rocha, Tiago Girao, Guilherme Pianca, Giselle Mendonça, Eduardo Pompeo, Rafael Monteiro, Lucas Vieira, Tammy Almeida, Joel Bages, Natália Tanaka, Diogo Pereira, Gabriel Rocchetti, Danilo Hideki, Thiago Benucci, Mariana Puglisi, Luca Mirandola, Thiago Moretti, Luisa Fecchio, Bruno Nicoliello, Renan Kadomoto e Carolina Domshcke.

O Conjunto Habitacional do Jardim Edite está localizado no cruzamento entre duas avenidas movimentadas da cidade, a Av. Jornalista Roberto Marinho e a Av. Engenheiro Luís Carlos Berrini, juntamente à ponte estaiada, o novo cartão postal de São Paulo. O conjunto foi projetado para ocupar o lugar da favela Jardim Edite que encontrava-se no local, sendo este um dos pontos mais significativos para o recente crescimento do setor

financeiro e de serviços da cidade de São Paulo. O conjunto é definido como um projeto de habitações de interesse social, indo além da proposta de melhoria da condição de vida dos exmoradores da antiga favela. Trata-se, também, de um projeto de integração social – com uso de equipamentos variados – entre as habitações construídas e a rica vizinhança do seu entorno. Figura 121: Conjunto Jardim Edite e sua proximidade com a ponte estaiada

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/. Acesso em: 02 jun. 2020.

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IMPLANTAÇÃO Figura 122: Implantação e caminho do sol em relação ao conjunto Habitação – Torre 1

Habitação – Lâmina 1

Habitação – Habitação Torre 2 – Torre 3

Creche

N

Restaurante Unidade Básica de – Escola Saúde - UBS

Habitação – Lâmina 2

O projeto possui uma área total construída de 25.500m², com 252 Unidades Habitacionais de 50m². O Restaurante-Escola tem 850m², a Unidade Básica de Saúde (UBS) compõe 1.300 m² e a Creche possui 1.400 m². Alguns fatos existentes no Jardim Edite, que não aconteciam em conjuntos habitacionais em São Paulo desde 2001, começa com o adensamento, onde a partir do estudo dele foi possível a verticalização das torres

residências – utilizam elevadores gerando diversidade para a região e suas áreas –, outra característica também é o conjunto habitacional ser livre de grades e possuir calçadas largas; estas foram possíveis através da integração dos recuos laterais e frontais com a calçada da quadra, formando um só elemento, totalizando 20 metros para o uso da população e possibilitando diversos usos para a calçada, além de potencializar os deslocamentos a pé.

Figura 124: Conjunto Habitacional do Jardim Edite

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 01 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Figura 123: Corte Longitudinal

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 01 mai. 2020.

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Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 20 nov. 2020.

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VOLUMETRIA E PROGRAMA Figura 125: Programa implantação

Legenda:

N

Blocos habitacionais Blocos mistos Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 01 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Figura 126: Conjunto Habitacional do Jardim Edite

Percebe-se que a forma de todos os edifícios são retangulares, alterando apenas o seu tamanho – altura e comprimento, sobretudo, a largura mantem-se praticamente a mesma nas torres e lâminas. As 3 torres possuem 17 pavimentos cada e os 2 blocos laminares possuem 4 pavimentos cada, sendo o último dúplex. Esses 2 blocos laminares não possuem elevadores, para atender às famílias de renda mais baixa, pois assim a taxa do condomínio é mais barata, no pós-ocupação. Os blocos mistos citados na implantação ao lado são constituídos pela creche, unidade básica de saúde e restaurante-escola, na parte térrea das edificações; os demais pavimentos são todos constituídos por habitações. Esse trabalho das sobreposições dos usos dos equipamentos compartilharem a mesma área que as habitações é fundamental para o projeto, pois são os programas coletivos do térreo que delimitam os limites físicos entre o público

da cidade e o privado das unidades de moradia, funcionando como um filtro. Para garantir a integração do conjunto de habitação social à vizinhança, o conceito do projeto é a verticalização do programa de moradia unido a um principio (térreo) constituído por três equipamentos públicos – Restaurante Escola, Unidade Básica de Saúde e Creche – destinados para a comunidade que ali reside e também para o público das grandes empresas próximas, inserindo o conjunto na economia e no cotidiano da região. O restaurante-escola é o principal exemplo da integração do conjunto habitacional com a região. Esse edifício é aberto tanto para a comunidade do conjunto quanto para os frequentadores das grandes empresas localizadas no entorno. O pavimento de cobertura desses equipamentos públicos, interliga ao térreo de todos os edifícios habitacionais em cada quadra, priorizando a convivência dos moradores.

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 20 nov. 2020.

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Figura 127: Distribuição dos programas Habitação Habitação – Torre 2 – Torre 3

Habitação – Lâmina 2

Creche

Habitação – Torre 1

Habitação – Lâmina 1

Unidade Básica de Saúde - UBS

Restaurante – Escola

O desejo dos arquitetos, desde o início, era de desenhar uma situação urbana de beleza e vínculo com o entorno imediato. Desde o inicio propuseram um programa que evitasse a volta da favela no futuro, ou até mesmo a transformação do conjunto em uma área de habitação precária, que as pessoas não gostam de frequentar – que é o que acontece com alguns conjuntos habitacionais de interesse social

na contemporaneidade. E é com esse pensamento que surge o conjunto com uma volumetria parecida a dos prédios do entorno. Os arquitetos optaram pela inserção dos equipamentos públicos no projeto devido à situação precária que se encontravam tais equipamentos no bairro, trazendo assim um conforto para os moradores e também para as pessoas que moram próximas ao conjunto.

Figura 129: Relação dos edifícios com o entorno

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Figura 128: Passarela ligando o térreo à cobertura

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020.

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Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020.

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Unidades Habitacionais Figura 130: Tipologia dos apartamentos das lâminas

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Figura 131: Tipologia dos apartamentos das torres

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda:

Todos os apartamentos medem 50m² e a maior parte deles possui 2 dormitórios, as unidades que possuem 3 dormitórios (apenas 20) estão espalhadas pelas torres. As unidades localizadas nos limites das torres podem possuir 3 faces de aberturas para com o meio físico exterior e, assim, as mesmas possuem

uma distribuição mais efetiva das áreas de alta permanência. As unidades localizadas no miolo das torres sempre precisam conectar as áreas de alta permanência (salas e dormitórios) na face oposta ao corredor, para ter contato direto (janelas) com o meio externo e assim receber insolação e ventilação adequadas.

Figura 132: Interior dos apartamentos

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020. Figura 133: Interior dos apartamentos

Corredor externo Cozinha Banheiro Lavanderia Sala de estar / TV / jantar Dormitório Circulação vertical Núcleos Hidráulicos Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020.

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ACESSOS E EIXOS DE CIRCULAÇÃO Figura 134: Esquema dos eixos de circulação horizontal e acesos do conjunto

N

A organização definida do Jardim Edite acontece através do posicionamento das edificações e espaços públicos. A hierarquia é criada pelas praças públicas, que dão acesso aos prédios institucionais e às entradas dos moradores. Na maioria desses acessos, os arquitetos trabalham com as cores para definir os espaços — como o azul, laranja, roxo, rosa,

verde, vermelho e amarelo — proporcionando a essas áreas uma forma de comunicação visual. A circulação horizontal acontece ao longo de todo o conjunto, sendo uma circulação livre, não possuindo formas e limites. Pelo fato do conjunto não possuir muros, a circulação da calçada estende-se para o interior do Jardim Edite.

Figura 136: Acessos

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda: Via de automóveis – fluxo intenso Via de automóveis – médio fluxo Via de automóveis – baixo fluxo Via de automóveis implantada Acessos

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.co m.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020.

146

Figura 135: Acessos

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020.

147


Figura 139: Rampas de ligação Figura 137: Corte longitudinal com o eixo das circulações – horizontal e vertical

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Figura 140: Corredores amplos Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/b r. Acesso em: 01 mai. 2020.

Legenda: Circulação horizontal Circulação vertical

Figura 138: Passagem elevada

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020.

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020.

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Figura 141: Corredores de acesso aos apartamentos

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020.

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SISTEMA DE FECHAMENTOS E ABERTURAS Ao longo de todas as fachadas, há diversidades em seus fechamentos e aberturas. Nas torres 1 e 2, nas fachadas do lado noroeste; e na torre 3, na fachada do lado suldeste; são dispostas janelas largas e amplas, fornecendo aos apartamentos grande luminosidade e ventilação. Já nas fachadas do lado suldeste, nas torres 1 e 2; e na fachada do lado noroeste, da torre 3 – onde encontram-se as portas para adentrar aos apartamentos –, os fechamentos são diferentes, é disposta uma malha ortogonal de aço e logo a frente dela existe uma parede de vedação – concreto moldado in loco com alvenaria revestida –, que possui formatos de retângulos onde é possível também a entrada de luz e ventilação. Nas lâminas, as características citadas acima, encontradas nas torres, são um pouco diferentes, pois em ambos os lados das fachadas o padrão é o mesmo, na fachada do lado sudoeste – onde

encontram-se as portas para adentrar aos apartamentos – são feitas aberturas longitudinais, que passam pela lâmina inteira, acima dos guarda-corpos/peitoris. Já na fachada do lado nordeste, o padrão é o mesmo do lado noroeste das torres, as aberturas se dão através de janelas largas e amplas (horizontalmente). Ambas as aberturas – da lâmina e da torre – garantem às residências muita luz e ventilação, possuindo uma ventilação cruzada, característica positiva importante do projeto. As aberturas compõem os prismas puros das lâminas e das torres, e evitam que o programa interno seja identificado internamente, constituindo elevações abstratas – preceito modernista. Além disso, como todas as elevações são projetadas, não há hierarquia entre elas, todas são igualmente importantes.

Figura 142: Aberturas lado suldeste

Figura 143: Aberturas lado noroeste Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020.

Figura 144: Aberturas retangulares internamente

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020.

Figura 145: Aberturas retangulares externamente Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020.

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/b r. Acesso em: 01 mai. 2020.

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SISTEMA ESTRUTURAL A estrutura do conjunto como um todo se dá através de uma malha ortogonal, distribuída em formato linear. Todas os blocos e construções do conjunto foram construídos com concreto moldado in loco, mas a intenção inicial dos arquitetos sempre foi aderir a materiais pré-fabricados. A vantagem dos materiais préfabricados para esse projeto em especifico, era a produção em grande escala, tornando-se assim uma construção mais rápida e de alta qualidade, mas isso infelizmente não foi possível pela questão do custo

Figura 147: Diversidades nos revestimentos

ser muito alto, e, com isso, foi utilizado o concreto moldado in loco na estrutura e, nos fechamentos, alvenaria revestida. Para usufruir ainda mais da economia no projeto, a aplicação do concreto aparente restringe-se às lajes de cobertura dos equipamentos. A ideia inicial era usar o concreto aparente em todo o conjunto, mas isso não foi implementado por conta que essa técnica exige uma quantidade maior de formas – aumentando ainda mais o custo – para oferecer um bom acabamento.

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020.

Figura 148: Laje de cobertura do equipamento público

Concreto aparente

Figura 146: Pilares

Figura 149: Pilares

Pilares de sustentação

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

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Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br /br. Acesso em: 01 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Pilares de sustentação Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

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MATERIAIS

Figura 151: Grades

Basicamente os materiais utilizados no projeto são: concreto, aço e vidro. Não considerado um material, mas a característica que mais chama atenção visual para o projeto são as cores diversas, alegres e vivas. Alinhando assim design e funcionalidade. Tais fachadas são demarcadas com grafismo, ressaltando faixas e sombras. O concreto moldado in loco é utilizado em todo o conjunto,

tanto na estrutura, quanto em todas as vedações do conjunto. O aço é utilizado também na estrutura, mas onde ele mais chama atenção é na grade disposta nas fachadas das torres, atrás das paredes de vedação, onde é criado uma textura gráfica. O vidro é utilizado nas aberturas e fechamentos, como portas e janelas de todo o conjunto.

Figura 150: Cores e vidro

Figura 152: Cores e vidro

Fonte: Disponível em: https://www.vitruvius.com.br/re vistas/read/projetos/13.152/4860. Acesso em: 01 mai. 2020. Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.c om.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020.

Figura 153: Cores variadas e vibrantes

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020.

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Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020.

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EQUIPAMENTOS DO CONJUNTO HABITACIONAL DO JARDIM EDITE Para a privacidade de cada equipamento público ser preservada, os edifícios exigiram um projeto especial, diferente e bem planejado. O restaurante-escola é mais aberto à cidade, pois sua intenção é atender aos moradores, trabalhadores e executivos dos bairros no entorno. A creche foi fechada

ao exterior, mas se abre para um pátio central, proporcionando um jardim interno para as crianças. A Unidade Básica de Saúde é reservada, e aproveitase da luz natural através de grandes tanques de iluminação zenitais que direcionam a luminosidade para o saguão central e alas de espera.

Figura 154: Planta do pavimento térreo do restaurante-escola

Figura 157: Fachada do restauranteescola

Fonte: Disponível em: https://www.vitruvius.com.br/revistas/re ad/arquiteturismo/10.114/6185. Acesso Figura 158: Pátio central da creche em: 01 mai. 2020.

N Figura 155: Planta do pavimento térreo da creche

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/b r. Acesso em: 01 mai. 2020.

Figura 159: Fachada da unidade básica de saúde Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020.

N Figura 156: Planta do pavimento térreo da unidade básica de saúde Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br /br. Acesso em: 01 mai. 2020.

N

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Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br /br. Acesso em: 01 mai. 2020.

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.co m.br/br. Acesso em: 01 mai. 2020.

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RELEVÂNCIA PARA O PROJETO O projeto do conjunto habitacional do Jardim Edite tem um significado diferente, significado este que representa a renovação dos pensamentos antigos, que insere a população de baixa renda na cidade formal, reformulando padrões antigos das habitações de interesse social, na contracorrente de muitos projetos de remanejamento em que se retiram os moradores de suas precárias residências e realocam em locais afastados da cidade, sem infraestrutura alguma e sem equipamentos próximos – um dos fenômenos que levam os moradores a voltarem para a moradia

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irregular –, mas isso não é o que acontece no Jardim Edite, pois eles oferecem aos moradores uma qualidade de vida elevada, os mantendo no local em que a antiga ocupação estava inserida e encaixando o projeto do conjunto habitacional em uma vizinhança de alto padrão e valor social, no centro da cidade e próximo de diversos equipamentos, e mesmo assim são criados alguns outros equipamentos – creche, escola e UBS – para facilitar a vida da população, como por exemplo potencializando o fato de não precisarem se deslocar para utilizarem esses equipamentos básicos.


3.4 HABITAÇÃO VILLA VERDE

CONTEXTO E LOCALIZAÇÃO Figura 162: Cidade de Constitución e demarcação da habitação

Figura 160: Vista aérea da Habitação Villa Verde

N Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/ intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Figura 163: Implantação da Habitação Villa Verde

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 02 mai. 2020. Figura 161: Habitação Villa Verde

N Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 02 mai. 2020.

FICHA TÉCNICA

Nome do Projeto: Habitação Villa Verde Localização: Cidade de Constitución, Região de Maule, Chile Ano do projeto: 2010 Arquiteto: Elemental Engenheiro Civil: Fernando Montoya Cliente: Arauco

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Tipo de projeto: Residencial Unidades Habitacionais: 484 unidades Área total do terreno: 8.5 hectares Área total construída inicial: 27.529m² Área total construída final (após expansão): 41.188m²

O conjunto habitacional está localizado na região oeste da cidade de Constitución, cercado por florestas e próximo à praia. O conjunto é composto por 484 unidades habitacionais e duas tipologias distintas, distribuídos em um terreno de 8,5 hectares, unidades essas construídas entre os anos de 2012 e 2013. A empresa cliente é a Arauco, uma empresa florestal que tinha como intuito desenvolver um plano para apoiar seus

trabalhadores no processo da conquista da casa própria. O projeto ganhou grande impacto mundial, por conta da escala da cidade, de nunca ter recebido nenhum tipo de habitação de interesse social, e é exatamente nessas cidades onde o pior padrão urbano é encontrado; está contribuição foi muito bem vinda, pela população, pela economia e trouxe grande reconhecimento ao local.

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IMPLANTAÇÃO Figura 164: Implantação e caminho do sol em relação ao conjunto

Como pode ser notado na implantação, a maioria das casas estão dispostas em unidades de vizinhanças acessadas por vias de acesso restrito (com cul de sac), uma espécie de vila, apenas com algumas exceções de algumas residências que são voltadas para as ruas externas ao conjunto e mais próximas dele. O conjunto trata-se de uma unidade embrionária com residências geminadas, com o incentivo de ampliações futuras

através da autoconstrução. O projeto pode possuir como área total construída dois valores distintos, sendo eles a área total construída inicial das casas, que computa cerca de 27.529m² e a área construída final destas – após a expansão ser realizada em todas as residências – de 41.188m². Se equiparado à dimensão da gleba (8,5Ha), percebe-se que há um espraiamento horizontal de tal conjunto.

Figura 165: Habitação Villa Verde

Sol nascente Sol poente

N

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

162

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 20 nov. 2020.

163


VOLUMETRIA E PROGRAMA Figura 166: Programa do conjunto habitacional – escala macro – implantação

N

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda: Blocos habitacionais Blocos de serviço Jardim de Infância

No projeto foram utilizados a construção incremental e priorização dos componentes mais complexos com padrões elevados, tanto para o inicial como para o cenário final. O diferencial desse projeto é que as casas possuem a área construída e uma área “sobrando” no terreno, para se você precisar e quiser realizar alguma ampliação, isso será possível de ser realizado. Hodiernamente, algumas residências já possuem essa extensão concluída, de acordo com as necessidades ou vontades dos moradores. É comum as famílias beneficiárias ampliarem suas unidades, mas isso na maioria das vezes prejudica a ventilação e a iluminação natural dos espaços abertos que antes eram existentes. A única crítica realizada pelo arquiteto Aravena perante a essas ampliações são que muitas vezes os projetos de ampliação são mais regressivos do que os existentes, ou seja, isso acaba dificultando e encarecendo os danos posteriores, pois na fase de construção são construídas paredes que podem ser

demolidas posteriormente para construção de novos ambientes, ou também, construção de coberturas incompatíveis com o projeto antigo. Diante dessas características negativas expostas pelo arquiteto, eles chegaram a conclusão de que seria melhor construir metade de uma casa, mas com qualidade, pois eles entendem que a maioria dessas famílias não conseguiriam conquistar suas casas próprias, e mesmo que conseguissem, para a população acaba sendo mais barato a ampliação – com a cobertura, fundação, instalações hidráulicas e sanitárias prontas – do que a construção de uma casa partindo do zero. Portanto, após todos esses pontos negativos e positivos, foram adotadas as tipologias de casas assistidas e geminadas, de forma que as futuras ampliações fossem executadas na parte lateral da unidade, através de alguns parâmetros precisos contidos em memorial disponível ao proprietário, o que evita ou não compromete a estética do conjunto.

Quadra

164

165


Unidades Habitacionais Figura 167: Planta do térreo sem ampliação

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Figura 168: Planta do térreo com ampliação

Figura 169: Planta 1° pavimento sem ampliação

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Figura 170: Planta 1° pavimento com ampliação

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda: Área de ampliação Cozinha/sala de jantar

Lavanderia

Dormitório

Banheiro

Sala de estar

Circulação vertical

166

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

167


O terreno das unidades possui 6,30 x 10,00 metros, totalizando assim 63m². Uma residência possui 56,88 m², com possibilidade de ampliação para até 85,10 m² distribuídos em dois pavimentos, na lateral das casas existe um espaço aberto – apenas coberto – destinado a futuras ampliações. O pavimento térreo é composto por dois ambientes, sendo um deles a cozinha e o outro um banheiro. No pavimento superior há dois dormitórios, com capacidade para duas pessoas cada. Com a ampliação sendo realizada, o morador tem a possibilidade de construir uma

sala de estar e jantar no pavimento térreo, e no pavimento superior é possível a construção de mais dois ambiente, possibilitando a ampliação de formas diferentes, considerando que a média das famílias chilenas é de menos de 4 pessoas por família. O projeto como um todo foi idealizado com o objetivo principal de facilitar as futuras ampliações, não apenas com o estudo das estruturas, mas também com o uso de painéis removíveis, que foi possível de ser realizado por conta do sistema construtivo adotado – com uso de painéis préfabricados de madeira.

Figura 171: Residências

Fonte: Disponível em: https://projetosimbiose.wordpress.com/2016/04/30/estudo-de-caso-3/. Acesso em: 02 mai. 2020.

168

Figura 172: Interior das residências

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 02 mai. 2020. Figura 173: Interior das residências

Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 02 mai. 2020.

169


ACESSOS E EIXOS DE CIRCULAÇÃO Figura 174: Esquema dos eixos de circulação horizontal e acessos da habitação

Os veículos acessam o conjunto por duas vias distintas, sendo elas a Río Loncomilla e a Río Maule, e a partir delas dá-se o acesso às ruas internas do conjunto que dão ligação á todas as residências. Não existe entradas distintas

de veículos e pedestres, a entrada de ambos acontece pelo mesmo local. Mas há um desenho específico para as vias de circulação de pedestres, que culminam em uma área central compartilhada entre as casas, uma espécie de praça central de cada unidade de vizinhança.

Figura 175: Vias internas de circulação de veículos

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 02 mai. 2020. Figura 176: Vias internas de circulação de pedestres

N

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda: Via de automóveis – médio fluxo Via interna de automóveis – baixo fluxo Circulação de pedestres Acessos

170

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 02 mai. 2020.

171


Figura 177: Planta do térreo sem ampliação com eixo de circulação horizontal e vertical

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Figura 178: Planta do térreo com ampliação com eixo de circulação horizontal e vertical

Figura 179: Planta 1° pavimento sem ampliação com eixo de circulação horizontal e vertical

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Figura 180: Planta 1° pavimento com ampliação com eixo de circulação horizontal e vertical

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Figura 181: Acesso as residências

Legenda: Circulação horizontal Circulação vertical Acessos

172

Portas de acesso às residências Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

173


SISTEMA DE FECHAMENTOS E ABERTURAS Os fechamentos das residências possuem algumas características que não são encontradas em outras habitações de interesse social. A principal delas dá-se através dos fechamentos das paredes, em que são utilizados placas cimentícias e de gesso acartonado. Outro tipo de fechamento também são as portas encontradas nos

Figura 183: Parede de vedação

projetos, que são de madeiras, seguindo toda a estética e materialidade do conjunto. As aberturas se dão através de janelas de duas folhas, janelas de vidro que trazem grande luminosidade e ventilação às habitações. Há também uma abertura na cobertura, criada com o intuito de ajudar na ventilação dos dormitórios por convecção de ventos.

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.co m.br/br. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Figura 184: Janelas das unidades

Figura 182: Paredes de vedação

Painel de gesso acartonado Placa cimentícia

Janelas de vidro em todos os cômodos Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.c om.br/br. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Figura 185: Portas das unidades

Porta de madeira

Fonte: Disponível em: https://www.academia.edu/15649287/. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

174

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily. com.br/br. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

175


SISTEMA ESTRUTURAL O sistema estrutural utilizado no projeto Villa Verde é a madeira, uma madeira classificada como estrutural mecânica, que possui secagem de câmara com 12% de umidade, tratada com um impermeabilizante aplicado sob pressão, a base de borato. Os arquitetos escolheram essa madeira em especial pela sua classificação, pois a madeira estrutural mecânica permite que o desempenho da peça seja mais preciso e definido, evitando assim, o gasto desnecessário de material. Apesar deste processo em especifico possuir um custo mais alto, os projetistas afirmam que no final do orçamento ele fica mais barato que as madeiras com classificação usual. A madeira utilizada em todo o projeto passa pelo processo de secagem, pois segundo os projetistas todas as peças que possuam como intuito o uso

definitivo tem que passar por esse processo. Outro motivo pela secagem da madeira ser essencial, é que a madeira seca apresenta uma série de benefícios comparados à madeira verde, entre eles: maior resistência estrutural, melhor estabilidade dimensional, maior resistência ao ataque de fungos, melhor retenção de peças e parafusos, maior absorção de impermeabilizantes aplicados com pressão, maior leveza, facilitando sua aplicação, entre outros. As habitações foram construídas através de painéis estruturados utilizados nas construções que usam como estrutura a madeira, sendo este o método mais comum para construções de habitações que se vinculam a este material, e também por ser o sistema mais vantajoso para edificações com até dois pavimentos, por

permitir a pré-fabricação de diversos elementos, que são transportados para a obra e instalados com facilidade, manualmente ou com sistemas mecânicos simples. Este sistema trata-se de um sistema estrutural de construções pequenas, em que paredes portantes, transmitem as cargas de cobertura e estruturas de

pisos para a fundação. A plataforma de piso, já citada, realiza e executa o apoio e faz o contraventamento horizontal da estrutura. Os principais subsistemas das unidades habitacionais são: fundação, painéis estruturados, estrutura horizontal do piso do 1º pavimento, e a estrutura da cobertura.

Figura 186: Sistema construtivo e painéis estruturados

Fonte: Disponível em: https://www.academia.edu/15649287/. Acesso em: 02 mai. 2020. Figura 187: Sistema construtivo e painéis estruturados

Fonte: Disponível em: https://www.academia.edu/15649287/. Acesso em: 02 mai. 2020.

176

177


Fundações: Como já citado anteriormente, uma das características do sistema construtivo em madeira é o baixo peso da sua estrutura, comparando com os sistemas construtivos tradicionais; outra característica também é que os carregamentos transmitidos ao solo são menores e com isso, podem ser utilizadas fundações mais superficiais, geralmente do tipo radier ou sapata corrida. No conjunto Villa Verde, é possível observar que foi executado uma viga no perímetro de toda a unidade, inclusive na área de ampliação, porém a laje de concreto foi executada somente na área da unidade embrionária. O autor do projeto classificou e definiu como as camadas abaixo do solo deveriam acontecer, o ideal seria que

Figura 188: Detalhe da fundação e parede externa

entre uma camada de cascalho e o radier deveria existir uma camada de areia com aproximadamente 3 cm de espessura, logo acima do cascalho, e depois deveria ser confeccionada uma barreira de polietileno. A camada de areia tem como finalidade evitar a perfuração da camada de polietileno, e também proteger as instalações hidráulicas e sanitárias.

Cobertura: A cobertura das unidades do conjunto é simples, possui duas águas com inclinação de 45%, com uma angulação de 30cm nas fachadas frontal e fundo. As águas são estruturadas com vigas inclinadas, com seção de 36,5 x 120 mm, apoiadas nas guias superiores dos painéis estruturados.

Legenda: 1 – Painel de gesso acartonado 2 – Placa cimentícia 3 – Radier 4 – Camada de cascalho 5 – Viga de fundação em concreto

1 2 3

4 5 Fonte: Disponível em: https://www.academia.edu/15649287/. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

Figura 189: Detalhe da cobertura 1

2 3

Legenda: 1 – Cumeeira 2 – Placa de compensado estrutural 3 – Travessa 4 – Painel de gesso acartonado 5 – Placa cimentícia

5 4

Fonte: Disponível em: https://www.academia.edu/15649287/. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

178

179


MATERIAIS O principal material utilizado no projeto é a madeira – usado na estrutura, nas portas e em mais alguns objetos dispostos no projeto. O fato da construção ser em madeira apresenta uma série de vantagens, como por exemplo: seu grau de rapidez, alto grau de industrialização, e além disso também é um ótimo isolante térmico e acústico, pois absorve o calor de forma lenta – apesar das unidades contarem com seu próprio sistema de aquecimento solar –, e possui capacidade de abafamento das vibrações sonoras, propriedades essas indispensáveis em projetos residenciais. Quanto aos materiais utilizados nos fechamento das paredes, foram usadas placas cimentícias e de gesso acartonado, contando com um material de isolamento térmico e acústico em celulose entre os montantes. Para fornecer o isolamento térmico, foram usados isolantes térmicos

Figura 190: Utilização de madeira em locais variados

em celulose aplicados entre as vigas inclinadas, espuma de poliuretano impregnada com betume asfáltico e barreiras de absorção. Nas divisões entre unidades geminadas, foram utilizados filtros duplos, dupla camada em celulose – para evitar a propagação do fogo entre as unidades no caso de um possível incêndio. A preocupação com incêndios era grande, pois todos os materiais utilizados nas residências – placas cimentícias, gesso acartonado e ou isolamento em celulose – são resistentes ao fogo, permitindo a proteção da madeira durante um tempo determinado. No piso acima do solo compactado foi utilizada uma camada de cascalho, e logo acima foi executada uma plataforma de concreto, com piso laminado instalado em caso de ambientes secos, e piso vinílico com espessura de 1,5mm nos ambientes úmidos.

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 02 mai. 2020.

Figura 191: Materiais utilizados na fundação e na parede externa

3 1 4 2

5

6

7

Legenda: 1 – Isolamento termoacústico em celulose 2 – Placa cimentícia escalonada 3 – Barreira de umidade 4 – Painel de gesso acartonado 5 – Placa cimentícia 6 – Rodapé 7 – Piso laminado 8 – Camada de cascalho

8

Fonte: Disponível em: https://www.academia.edu/15649287/. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

180

181


Vedação Vertical: As paredes das unidades são formadas por painéis de fixação, compostos por montantes verticais de madeira, além de um terceiro painel que faz o fechamento da cobertura. Vedação Horizontal: A base do pavimento térreo foi executada em concreto, e no 1º

pavimento não há estrutura horizontal de forro. Na cobertura foram instaladas placas de fixação de madeira compensada, com propósito de vedação e contraventamento da estrutura da cobertura, que serve como base de instalação de telhas metálicas.

Figura 192: Painéis de fixação/ estrutura

Figura 194: Materiais utilizados na cobertura 3 4

2

5 6

1

7

8 5

8

7

9

5

Legenda: 1 – Espuma de poliuretano impregnada com betume asfáltico 2 – Janela projetante para o teto 3 – Cumeeira 4 – Telhas de alumínio e zinco 5 – Barreiras de umidade 6 – Placa de compensado estrutural 7 – Isolamento termoacústico em celulose 8 – Painel de gesso acartonado 9 – Placa cimentícia

Fonte: Disponível em: https://www.academia.edu/15649287/. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Figura 195: Habitação Villa Verde

Fonte: Disponível em: https://www.academia.edu/15649287/. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Figura 193: Painéis de fixação/ estrutura Fonte: Disponível em: https://www.google.com/?hl=pt_br. Acesso em: 20 nov. 2020. Figura 196: Habitação Villa Verde

Fonte: Disponível em: https://www.academia.edu/15649287/. Acesso em: 02 mai. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

182

Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br. Acesso em: 02 mai. 2020.

183


RELEVÂNCIA PARA O PROJETO A Habitação Villa Verde é um conjunto que foi criado para funcionários da empresa Arauco, com o intuito principal de possuírem suas residências próprias – tudo facilitado pela empresa em que trabalham – pois estavam morando em residências provisórias devido a um dos terremotos ocorridos na cidade. O principio do projeto é a sustentabilidade – visando que a empresa Arauco é uma empresa florestal – e seu sistema construtivo foi pensado para diminuir os abalos sísmicos que poderão acontecer na cidade – visando o histórico

184

da cidade em relação aos terremotos. Nas construções foram empregadas novas tecnologias construtivas, uma delas foram os painéis estruturais, visando a rapidez e a qualidade executada nas residências. O conjunto Villa Verde é uma habitação reconhecida internacionalmente por suas unidades que possuem possibilidades múltiplas de ampliação e, assim, certa flexibilidade – ou ao menos a capacidade de adaptar-se à mutabilidade da vida das famílias e suas necessidades.

Logo após todo este exposto com o intuito de ampliar o repertório do projeto, virá o mapa síntese apresentando características da área de intervenção e do seu entorno, e em seguida será apresentado o anteprojeto da Habitação de Interesse Social em Brodowski.


04

CAPÍTULO QUATRO

MAPA SÍNTESE


4. MAPA SÍNTESE

Legenda: Diretriz Implantada Curso D’água

MAPA SÍNTESE

Árvores Mapa 20: Mapa Síntese

Semáforo Ponto de Ônibus Caixa d’água Banco Telefone Público Tráfico de Drogas

Sol poente

O mapa apresentado encontra-se na região leste da cidade de Brodowski, em sua parte mais periférica, próximo ao subcentro de apoio do município, ponto positivo para

1

Residencial Institucional Comércio Serviço Saúde Uso Misto Áreas verdes (Massa Vegetativa) Rodovia

o projeto, pois mesmo por estar em uma zona periférica, essa população possui um vasto acesso aos comércios e serviços presentes na área.

1 1 1

Figura 197: Subcentro de apoio próximo a área de intervenção

6

5

1 2

3

4

Área de Intervenção

1

Sol nascente

1

2 Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018. Modificada pela autora do Ventos trabalho, 2020. predominantes

7

N

Escala Gráfica 200m

0m 100m

Fonte: Prefeitura Municipal de Brodowski, 2018. Modificada pela autora do trabalho, 2020. Legenda: 5 - EMEF Prof. Elvira 1 - Mercearia Yolanda Ervas 2 - Farmácia 6 - EMEF Prof. Amélia da 3 - UBS Dr. Luiz Brisotti Silva Passos Macchetti 4 - Creche Municipal Maria 7 - EMEF de Tempo Otília Neix Integral Prof. José da Silva Passos

188

Subcentro de apoio

500m

N Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 20 nov. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

189


MAPA SÍNTESE

PONTOS NEGATIVOS

PONTOS POSITIVOS As ruas são muito bem arborizadas e a presença de áreas verdes é intensa, proporcionando assim conforto térmico as edificações e aos passeios, tornando-se um local agradável para a permanência e passagem. Esse fator também será considerado e implantado no projeto, onde o mesmo irá possuir muitos espaços com vegetação para a permanência dos residentes do conjunto e da população dos bairros próximos, suprindo a necessidade que a área possui de áreas verdes com infraestrutura adequada. O local possui diversas instituições de ensino, como creches e escolas, com destaque na escola de Tempo Integral presente na área, um fator importante para os pais que trabalham possuírem um local

para deixarem seus filhos ao longo do dia, sem se deslocarem para longe de suas residências, diminuindo o uso de automóveis e consequentemente estimulando o uso de bicicletas, o qual será um programa implantado no projeto da Habitação de Interesse Social, onde serão disponibilizados um grande número de vagas para as mesmas. O partido escolhido para o edifício é o da verticalidade, pois abrange uma maior quantidade de pessoas, possui menos espraiamento do térreo (oferecendo assim mais áreas livres, espaços públicos e praças publicas na horizontal) e oferece uma vista interessante da mata presente na área, localizada próximo a lateral do conjunto.

Figura 198: Área verde próximo a área de intervenção

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 20 nov. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

190

As áreas verdes presentes no local não oferecem infraestrutura adequada aos seus usuários – sem iluminação (tornando-se um local perigoso para a população), mobiliários em mal estado, vegetação sem corte atraindo a presença de animais e lixos e dentre outras características – e por este fator foram criadas praças públicas no projeto, suprindo assim essa necessidade. No local, existem poucos pontos de ônibus, sendo um ponto negativo para a população, pois isso atrapalha em sua locomoção e aumenta o uso de veículos particulares no local, gerando congestionamento em horários de pico – mesmo após a instalação dos semáforos. Por ser uma área localizada na zona periférica da cidade,

são encontrados locais de trafico de droga, causando violência e medo para os moradores. A saúde também é um grande problema no local, pois existe apenas um UBS pequena, para atender a uma vasta população, gerando assim conflitos e escassez no atendimento. Outro problema também, é que esta UBS abre apenas de segunda a sexta em horário comercial, onde em uma situação de emergência a população precisa procurar a unidade mista hospitalar de Brodowski, tornando-a superlotada e a qual encontrase do outro lado da cidade, necessitando de transporte adequado – ambulância – e este muitas das vezes não da conta de suprir essa demanda, deixando os pacientes sem atendimento.

Figura 199: Área verde próximo a área de intervenção sem infraestrutura adequada para uso

Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 20 nov. 2020. Modificada pela autora do trabalho, 2020.

191


05

CAPÍTULO CINCO

PROJETO


5.1 PARTIDO E CONCEITO Então após o exposto ao longo da parte teórica do trabalho objetiva-se fazer uma habitação de interesse social na cidade de Brodowski, cujo conceito é a construção dessa habitação na cidade, presando por todas as características que são inexistentes nos projetos de habitações de interesse social localizados em Brodowski, sendo a mais importante dessas características, a qualidade espacial das unidades habitacionais – principal conceito do trabalho. Como partido, foi adotado a verticalidade em 9 blocos distintos, onde 4 desses blocos possui 6 pavimentos, 3 blocos possui 5 pavimentos e os outros 2 blocos possuem 4 pavimentos. 3 dos blocos são de uso misto, onde no térreo ficam concentrados seus usos comerciais e de prestação de serviços, os pavimentos superiores vão desenrolando-se apenas com uso residencial de 4 tipologias distintas, com exceção do 3 pavimento em 4 dos blocos – os blocos do meio do terreno -, onde, o mesmo é um pavimento inteiro sobre pilotis que permanecerá enquanto diretriz, onde a mesma indicará o uso desse

194

pavimento como um local que possui como intuito trazer um espaço que gera interação e convívio dos moradores, um local onde os residentes do conjunto podem se reunirem para fazerem festas – aniversário, natal, ano novo, etc. -, ou mesmo um local onde pode haver reuniões entre os moradores, entre outros usos, e também possui como intuito criar um pavimento livre de construções facilitando na corrente de vento, trazendo conforto térmico para os moradores. A área escolhida para a construção dessa habitação de interesse social, é o terreno onde encontra-se a antiga empresa Coonai – terreno este que não está cumprindo com sua função social -, uma área localizada próximo ao subcentro da cidade. O antigo prédio da empresa será mantido, sem nenhuma interferência, mas no restante da gleba será realizado um parcelamento do solo. Essa empresa desocupou o local a aproximadamente 5 anos, e não está cumprindo com sua função social, que nada mais é, ela precisa ter um uso colocado – independente de

qual uso for. Esse terreno não pode estar vazio por diversos motivos, entre eles, problemas técnicos e de salubridade, violência urbana – ocupar o espaço indevidamente, ponto de drogas, área de estupro de pessoas, assalto –, insalubridade, proliferação de doenças – pois como o espaço está desocupado não sabe-se se o corte da vegetação é realizado, não sabe-se também os animais que ali encontram-se (animais peçonhentos, animais predatório, proliferação de insetos (Dengue, Chikungunya, Zika Vírus) – e também por uma questão de ordem

econômica e especulação imobiliária. Não foi encontrado nenhuma comprovação real, mas provavelmente toda essa ineficiência urbana do terreno pode estar ligada inclusive a uma não correspondência econômica, um não pagamento de IPTU, por exemplo. Então só pelo fato dela estar vazia a um tempo já nos mostra que ela não está cumprindo com sua função social, sendo assim, é uma propriedade ociosa que já está na área urbana da cidade, e possui um certo grau de proximidade com o centro.

Mapa 21: Implantação

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

195


5.2 PLANO GERAL DE OCUPAÇÃO A área escolhida é um terreno imenso – 61.061m² - que já está englobada em uma articulação com bairros pré-existentes. Será realizado um parcelamento do solo dessa grande gleba, que irá desdobrar-se em 5 quadras, oferecendo assim diretrizes para este. Para as 2 quadras já existentes, para não existir nenhuma interferência, o padrão seguirá o mesmo, um padrão residencial, de um ou dois pavimentos, oferecendo assim, uma continuidade visual, completando assim a quadra já existente. Para 2 quadras implantadas no centro, irão ser disponibilizadas áreas verdes, seguindo também o padrão existente e fornecendo qualidade de vida para a população do seu entorno. Para as outras 2 quadras implantadas no centro, ao lado da área de intervenção seguiram um padrão diferente dos bairros existentes, um padrão de usos mistos, onde irão contar com edifícios verticais – nada muito exacerbado -, pensando sempre

196

na ideia de cidade compacta. Nas bordas na parte térrea dos edifícios destas 2 quadras voltadas para a Av. Papa João XXIII e para a Rua Carlos Chagas - será indicado usos mistos ou mesmo comerciais e de prestação de serviços, pra suprir a deficiência encontrada de comércio local nos bairros próximos. Estes usos comerciais irão concentrar-se nas bordas e na parte térrea pois se existir algum barulho é melhor que esteja vinculado a comércios e prestação de serviços, do que as residências propriamente ditas. Nos miolos das quadras e nos pavimentos superiores irão concentrar-se as habitações de interesse social, onde a rua criada que corta essas quadras será uma rua de concreto intertravado e não de asfalto, com o intuito de ser uma rua de acesso local, diminuindo o movimento e o barulho. No edifício existente da Coonai, o uso indicado é um uso institucional, voltado para a saúde, por ser um galpão industrial e já possuir uma arquitetura hospitalar colocada como uma arquitetura pavilhonar.

O prolongamento das vias existentes deu origem a criação das quadras, e a quadra que foi escolhida para a implantação da Habitação de Interesse Social, foi a da esquina – entre as ruas Pedro Grandi e Carlos

Chagas - por possuir a face leste, pela pré-existência vegetativa, pelo fato também de estar mais isolada da rodovia – diminuindo os ruídos. Essa quadra irá possuir como tamanho a área de 10.784m².

Mapa 22: Mapa de Indicação – Manchas Urbanas

Escala Gráfica 50m 0m

N

25m

150m 75m

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020. Legenda: Uso Misto

Área Verde

Uso Residencial

Área de Intervenção (Quadra escolhida)

Uso Institucional

197


5.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES MEMORIAL JUSTIFICATIVO O programa de necessidades da Habitação de Interesse Social, foi pensado visando a qualidade de vida de seus moradores. O conjunto é distribuído em 9 blocos, onde 4 desses blocos possuem 6 pavimentos, 3 blocos possuem 5 pavimentos e os outros 2 blocos possuem 4 pavimentos. Os blocos mais altos são os do meio do terreno, e os mais baixos são os que ficam no entorno e que possui uma de suas faces voltadas para a rua,

tais blocos possuem altura máxima de 5 pavimentos para não ultrapassar a altura que é “visível aos olhos do homem”, proporcionando assim uma proximidade desses blocos com a rua e assim, não fornecendo tanta diferença de escala entre as residências do entorno do terreno e o conjunto habitacional. Todos os blocos/ edifícios possuem formatos lineares/laminares, esse formato de lâmina foi escolhido com o intuito de alocar vários

apartamentos com características distintas e com volumes mais puros, conseguindo assim distribuir esses blocos no terreno de forma que dialogue mais facilmente com a insolação e ventilação, permitindo que exista 2 faces de abertura – uma para fora e a outra para o corredor galeria – facilitando na ventilação cruzada. Sobre as posições que tais blocos se dispõem no terreno, tal característica possui como intuito alcançar espaços de qualidades, espaços que não seriam obtidos se estes estivessem perpendiculares ou paralelos uns aos outros. Tais posições para estes blocos trazem uma variabilidade

formal e os vazios que geram são mais acolhedores – pois se fossem muito estreitos pareceria um corredor de circulação – e é também por esse motivo que duas das lâminas estão na diagonal – diferenciando-se do restante – criando essa variabilidade formal e proporcionando um encurtamento de caminhos, constituindo um corte na diagonal do lote, onde os caminhos do conjunto também encontram-se na diagonal interligando as ruas do entorno, e transformando as fachadas do térreo em “fachadas ativas”, onde existe uma ligação do térreo com a calçada préexistente – por isso é onde estão dispostos os comércios -.

Figura 200: Perspectiva 1 – Implantação do conjunto Figura 201: Perspectiva 2 – vista pela lateral esquerda do conjunto

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020. Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

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Então, com essa variabilidade formal entre as lâminas - onde hora elas estão paralelas as maiores vias de circulação, hora elas estão perpendiculares, hora na diagonal - começam a existir vazios internos que dado o dimensionamento mais amplo do conjunto, geram espaços de permanência, colaborando para a fruição pública – praças internas – gerando assim vitalidade no intermeio das quadras – onde, ao invés de você circundar o terreno, você corta ele –proporcionando

convívio e interação da população, oferecendo maior qualidade de vida aos moradores. O térreo conta com 4 programas distintos, sendo eles: o comércio – que perante um estudo realizado na área foi possível encontrar quais eram os equipamentos mais precários e entre eles estão: mercearia, varejão, farmácia, salgaderia, cafeteria – onde alguns destes se voltam para a rua, trazendo assim maior circulação e visibilidade para estes, os

Figura 202: Perspectiva 3 – vista pela lateral direita do conjunto

equipamentos de prestação de serviços e também equipamentos comunitários da comunidade (centro comunitário, cabelereiro, barzinhos) encontram-se em 3 blocos do conjunto, gerando assim uma relação do interior com o exterior. Foram criadas residências em uma fração do térreo, onde a mesma possui um diferencial das outras, que é um ganho de quintal e o principal deles que parte do principio do térreo ser o mais livre possível, tornando-se

assim mais convidativo para o público. No térreo também irão existir dois parquinhos infantis, um deles será privado e o outro será público, irá existir também uma academia ao ar livre e uma quadra poliesportiva. Foram criadas 4 tipologias distintas de habitações unifamiliares – 40m², 50m², 60m² e 70m² - para melhor atender todos os tipos de família, alcançando uma gama maior de diversidades. Essas 4 tipologias distintas estão

Figura 203: Perspectiva 4 – parquinho infantil público e academia ao ar livre no fundo

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

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distribuídas ao longo dos pavimentos. Foram implantadas áreas de convivência e lazer ao longo de toda verticalidade do conjunto, onde estas irão oferecer salas de leitura, midiatecas, locais de descanso e entre outros equipamentos que terão como intenção principal a interação da população residente.

Em 4 blocos do conjunto, o 3° pavimento caracteriza-se em um andar livre, que permanecerá enquanto diretriz, onde o uso indicado irá se caracterizar em um pavimento que gera interação e convívio dos moradores, um local onde os residentes do conjunto podem se reunirem para fazerem festas –

aniversário, natal, ano novo, etc. -, ou mesmo um local onde pode haver reuniões entre os moradores, e também, outro motivo para este pavimento permanecer livre, é pelo fato dele receber iluminação e ventilação natural, fornecendo maior qualidade de vida e conforto térmico aos ambientes.

Existem dois blocos que a laje será utilizada também como um espaço de convivência aberto tornando-se um mirante, onde a partir destes pode-se ter uma visão do centro da cidade. Foi planejado uma grande quantidade de áreas verde/ área permeável ao longo de todo o terreno, com a disponibilização

Figura 204: Perspectiva 5 – mirante a esquerda (laje cinza) Figura 205: Perspectiva 6 – terceiro pavimento livre

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

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de bancos e alguns equipamentos, visando sempre a interação e socialização dos moradores. Sobre o estacionamento, parte-se do principio de que existe uma consciência de que a lei de Brodowski indica uma vaga por unidade habitacional, mas que isso não será aplicado ao conjunto, pois o conceito apresentado ao longo de todo o

trabalho é de uma cidade compacta, diminuindo o uso de automóveis e seus derivados. Mas em contrapartida também será apresentado que essa necessidade da lei não será suprida e sim reequilibrada entre as dimensões do vazio destinado ao carro e do vazio destinado ao pedestre, com isso, serão criadas 1/3 da quantidade de unidades

habitacionais de vagas para carros – 56 vagas implantadas – 1/3 de vagas para motos – 70 vagas implantadas – e 1/3 de vagas para bicicletas – 67 vagas implantadas. O todo do conjunto, consiste em dois princípios, um deles é o de tentar manter esta comunidade no local, sem eles precisarem buscar equipamentos necessários

longe de suas residências, sendo assim, o conjunto oferece os instrumentos necessários para seus moradores possuírem uma grande qualidade de vida. O outro principio é proporcionar a esses moradores um local agradável, com muitos espaços de socialização e interação, para esse conjunto não tornar-se apenas um espaço de morar.

Figura 206: Perspectiva 7 – residências (cor amarela) e comércios (cor verde)

Figura 207: Perspectiva 8 – residências com quintal

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

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Figura 208: Perspectiva 9 – vista pela parte dos fundos do terreno Figura 210: Perspectiva 11 – vista pela parte dos fundos do terreno

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020. Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Figura 209: Perspectiva 10 – vista pela lateral direita

Figura 211: Perspectiva 12 – vista pela frente do terreno

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020. Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

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LISTA DE PROGRAMA Tabela 2: Quadro de áreas do térreo Térreo Unidades Área 240m² 6 habitações Habitações de 40m² 4 habitações 200m² Habitações de 50m² Habitações de 60m² 2 habitações 120m² 3 habitações Habitações de 70m² 210m² Comércios 325,79m² Prestação de Serviços 124,01m² Área Verde 2.722,03m² Vagas 926,76m² Circulação horizontal 2.608,01m² Circulação Vertical 297,66m² Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Tabela 3: Quadro de áreas do 1° Pavimento 1° Pavimento Habitações de 40m² Habitações de 50m² Habitações de 60m² Habitações de 70m² Circulação horizontal

Circulação Vertical

Unidades 12 habitações 12 habitações

600m²

5 habitações 7 habitações

300m² 490m²

-

1.009,63m² 297,66m²

Área 480m²

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Tabela 4: Quadro de áreas do 2° Pavimento 2° Pavimento Habitações de 40m² Habitações de 50m² Habitações de 60m² Habitações de 70m² Circulação horizontal Circulação Vertical

Unidades 13 habitações 12 habitações 6 habitações 5 habitações -

Área 520m²

600m² 360m² 350m² 944,38m² 297,66m²

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

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Tabela 5: Quadro de áreas do 3° Pavimento 3° Pavimento Área Unidades 200m² 5 habitações Habitações de 40m² Habitações de 50m² Habitações de 60m² Habitações de 70m² Lazer e Convivência

9 habitações

450m²

4 habitações 4 habitações -

240m² 280m² 994m²

Circulação horizontal

-

587,65m² 297,66m²

Circulação Vertical

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Tabela 6: Quadro de áreas do 4° Pavimento 4° Pavimento Habitações de 40m² Habitações de 50m² Habitações de 60m² Habitações de 70m² Circulação horizontal Circulação Vertical

Unidades 7 habitações 8 habitações

400m²

9 habitações 3 habitações -

540m² 210m² 689,61m² 297,66m²

Área 280m²

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Tabela 7: Quadro de áreas do 5° Pavimento 5° Pavimento Habitações de 40m² Habitações de 50m² Habitações de 60m² Habitações de 70m² Circulação horizontal Circulação Vertical

Unidades 6 habitações

Área 240m²

4 habitações

200m²

3 habitações 1 habitações -

180m² 70m² 348,81m² 248,05m²

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

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Com todo o exposto, percebese que as tipologias que mais se repetem são as de 40m² (5mx8m) com 49 unidades no total e as de 50m² (5mx10m) com 49 unidades, depois a de 60m² (5mx12m) com 29 unidades e a de 70m² (5mx14m)

possui 23 unidades. Totalizando assim 150 unidades habitacionais em todo o conjunto. A área total do terreno é de 10.784m² e a área total construída é de 12.647,77m².

FLUXOGRAMA

Convivência

Figura 212: Perspectiva 13 – vista pela lateral direita

Bicicletário

Apartamentos

Serviços

Comércio

Habitação de Interesse Social

Estacionamento

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020. Figura 213: Perspectiva 14 – vista da frente do terreno

Circulação

Área Verde

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

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5.4 ACESSOS E EIXOS DE CIRCULAÇÃO Os acessos de veículos estão dispostos em todas as laterais do conjunto, facilitando no contato direto com as vagas de estacionamento. Na lateral da Rua Pedro Grandi, foi implantada uma via de acesso local constituída de concreto intertravado, onde a mesma auxilia na entrada e saída de veículos, pensando na facilidade de acesso ao conjunto, por conta do alto fluxo existente na via Pedro Grandi, contribuindo assim na melhor distribuição de veículos no entorno. Os acessos de pedestres ao conjunto são realizados através da Rua Carlos Chagas e da Rua implantada, se dão através da Rua Carlos Chagas por ser uma rua que possui médio fluxo, trazendo assim usuários para o comércio local, e esses acessos também acontecem pela Rua implantada, pela mesma ser uma rua local e de baixo fluxo, garantindo tranquilidade na entrada e saída dos moradores. O conjunto conta com um ponto de ônibus projetado para contribuir no acesso ao local e também facilitar no

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deslocamento dos moradores. Para auxiliar no acesso do ônibus no lugar, foi implantada também uma rua local de concreto intertravado, contribuindo assim em sua locomoção. A circulação horizontal externa do conjunto acontece por um praça central e também pela delimitação das áreas verdes as quais organizam tal circulação, onde estão presentes bancos para descanso e permanência, favorecendo e fornecendo um local agradável. Essa circulação externa fornece também acesso aos blocos, e possui como intuito também fornecer passagem entre a Rua implantada e a Rua Carlos Chagas. A circulação horizontal interna dos dois edifícios acontece por meio de corredores lineares, que fornece acesso a todas as unidades presentes em cada pavimento. Com o intuito de criar ainda mais uma aproximação dos moradores, foram criadas passarelas que fornecem ligação a circulação interna dentro de cada um dos blocos, essas

passarelas encontram-se no mesmo lugar em todos os pavimentos, para assim uma sombrear a outra. A circulação vertical acontece por um bloco – que possui como área total 49,61m² (4,24mx11,70m) - onde nele estão presentes escada e dois

elevadores. No todo do conjunto existem seis blocos de circulação vertical, quatro desses blocos estão presentes na parte central dos edifícios, atendendo assim a circulação de dois prédios, os outros dois blocos atendem somente um edifício.

Mapa 23: Planta Térreo com seus usos

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Legenda: Acessos pedestres Acessos veículos Circulação horizontal interna

Áreas Verdes

Circulação horizontal externa

Uso Residencial

Locais sem circulação pré-definida

Uso Comercial

Vagas (carro, moto e bicicleta)

Uso Misto (comércio e serviço)

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5.5 SISTEMA CONSTRUTIVO O sistema construtivo do edifício se dá através de estrutura metálica, e como elementos, são utilizados pilares (25cmx25cm) e vigas (25cmx60cm), onde o vão dos pilares estão dispostos de 10 em 10m. Esse sistema foi escolhido por alguns motivos, sendo eles: custo benefício – apesar da estrutura ser um pouco mais cara que a convencional, este sistema é vantajoso financeiramente devido a economia a longo prazo, fundação mais barata, gerando menos resíduos, tornando-se também mais sustentável -, rapidez na execução, padronização das peças facilitando na construção do conjunto devido a suas formas lineares e maior durabilidade. Os fechamentos serão realizados por blocos de concreto, pelo fato destes fornecerem isolamento acústico, rapidez da obra, variedades de suas formas e ótima durabilidade. Os fechamentos internos serão realizados por drywall, pois é uma vedação leve – fornecendo economia na estrutura e fundação do edíficio -, a espessura do material é

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pequena, favorecendo ganho de espaço interno e fornece também uma menor quantidade de resíduos, pela sua construção otimizada, onde possui menos mão-de-obra e desperdício de materiais. Os guarda-corpos presentes no local, serão de ferro, por sua boa resistência e diversidade nas formas. No térreo, onde existirão as residências, para criar uma certa privacidade, irão ser colocados cobogós, onde fornecem conforto térmico ligado a ventilação, visibilidade, e também favorecem e contribuem na harmonia e estética do edifício. Nos edifícios que ultrapassam a altura de 5 pavimentos, os cobogós serão utilizados também como fechamento nos corredores, seguindo assim a legislação. Em todo o térreo, foram utilizados pisos intertravados – variando apenas em suas cores para diferenciar os usos -, pois o mesmo possui fácil instalação, baixa manutenção e é sustentável, e além de tudo também fornece certo grau de permeabilidade.

O conceito de toda materialidade foi pensado no baixo custo – por se tratar de uma Habitação de Interesse Social – e também na

sustentabilidade, preocupandose com os impactos que cada material irão fornecer ao meio ambiente.

Figura 214: Perspectiva 15 – pilares e vigas de estrutura metálica

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020. Figura 215: Perspectiva 16 – guarda-corpos de ferro

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Figura 216: Perspectiva 17 – cobogós no térreo

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

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5.6 DESENHOS TÉCNICOS Mapa 24: Implantação

IMPLANTAÇÃO

Foram instalados 10 reservatórios de água de 8.000l cada um. Foram instalados 410 placas de captação de energia solar. Os mirantes (lajes acessíveis) são lajes impermeabilizadas com manta asfáltica . As lajes técnicas possuem como cobertura o material argila expandida, tal elemento foi escolhido pelo fato do mesmo possuir um peso leve – não sobrecarregando a estrutura-, durabilidade, isolamento acústico e térmico e também por ser um sustentável.

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Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.


PLANTAS Mapa 25: Planta Térreo

Tabela de Ambientes:

1 Tipologia 40m² 2 Tipologia 50m² 3 Tipologia 60m² 4 Tipologia 70m² 1 Vagas de Motos 2 Vagas de Carros 3 Vagas de Bicicletas Vagas Deficiente Físico Vagas Idoso Vagas Gestante

4 5 5 6 6 7

Área Infantil – pública

Academia ao ar livre Comércio Prestação de Serviços Área Infantil – privada Horta

8 Ponto de Ônibus 9 Quadra Poliesportiva 10 Vestiário Reservatório de Água – 6 reservatórios de 20.000l cada

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Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.


PLANTAS Mapa 26: Planta 1° Pavimento

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Tabela de Ambientes:

1 2 3 4

Tipologia 40m² Tipologia 50m² Tipologia 60m² Tipologia 70m²

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PLANTAS Mapa 27: Planta 2° Pavimento

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Tabela de Ambientes:

1 2 3 4

Tipologia 40m² Tipologia 50m² Tipologia 60m² Tipologia 70m²

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PLANTAS Mapa 28: Planta 3° Pavimento

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Tabela de Ambientes:

1 2 3 4

Tipologia 40m² Tipologia 50m² Tipologia 60m² Tipologia 70m²

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PLANTAS Mapa 29: Planta 4° Pavimento

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Tabela de Ambientes:

1 2 3 4

Tipologia 40m² Tipologia 50m² Tipologia 60m² Tipologia 70m²

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PLANTAS Mapa 30: Planta 5° Pavimento

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Tabela de Ambientes:

1 2 3 4

Tipologia 40m² Tipologia 50m² Tipologia 60m² Tipologia 70m²

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CORTES

Mapa 31: Corte AA

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Mapa 32: Corte BB

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

230


CORTES Mapa 33: Corte CC

Mapa 35: Corte EE

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Mapa 34: Corte DD

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

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Mapa 36: Corte FF

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.


ELEVAÇÕES

Mapa 37: Elevação 1

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Mapa 38: Elevação 2

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

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ELEVAÇÕES

Mapa 39: Elevação 3

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Mapa 40: Elevação 4

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

236


ELEVAÇÕES

Mapa 41: Elevação 5

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Mapa 42: Elevação 6

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

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Mapa 43: Elevação 7

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Mapa 44: Elevação 8

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.


5.7 UNIDADES HABITACIONAIS

Figura 217: Perspectiva 18 – unidade habitacional 40m²

PLANTAS Mapa 45: Planta Tipologia 40m²

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020. Figura 218: Perspectiva 19 – unidade habitacional 40m²

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

240

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

241


PLANTAS Figura 219: Perspectiva 20 – unidade habitacional 50m² Mapa 46: Planta Tipologia 50m²

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Figura 220: Perspectiva 21 – unidade habitacional 50m²

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

242

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

243


Figura 221: Perspectiva 22 – unidade habitacional 60m²

PLANTAS

Mapa 47: Planta Tipologia 60m²

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Figura 222: Perspectiva 23 – unidade habitacional 60m²

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

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Mapa 48: Planta Tipologia 70m²

PLANTAS

Figura 223: Perspectiva 24 – unidade habitacional 70m²

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

Figura 224: Perspectiva 25 – unidade habitacional 70m²

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020. Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

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PLANTAS ACESSÍVEIS As tipologias acessíveis não encontram-se com seus locais pré–destinados nas plantas do

conjunto, mas isso acontece por conta de que toda e qualquer tipologia pode ser transformada

em acessível sem muitas transformações no espaço interno das unidades, onde o

morador possui liberdade nessa escolha, proporcionando maior qualidade de vida a ele.

Mapa 50: Planta Tipologia Acessível 50m² Mapa 49: Planta Tipologia Acessível 40m²

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

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Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

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Mapa 52: Planta Tipologia Acessível 70m²

PLANTAS ACESSÍVEIS Mapa 51: Planta Tipologia Acessível 60m²

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

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Fonte: Elaborado pela autora do trabalho, 2020.

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