CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA
PROJETO DE ARQUITETURA HOSPITALAR: HOSPITAL DIA –PARA A CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO
Ribeirão Preto, 2018
CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA
PROJETO DE ARQUITETURA HOSPITALAR: HOSPITAL DIA PARA A CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO Projeto de pesquisa apresentado como requisito parcial à obtenção da aprovação do Trabalho Final de Graduação orientada pela prof. Alexandra Marinelli no curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Moura Lacerda
Ribeirão Preto, 2018
LAIS LACERDA RODRIGUES
PROJETO DE ARQUITETURA HOSPITALAR: HOSPITAL DIA PARA A CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO
BANCA EXAMINADORA:
____________________________________________________________ PROF. ALEXANDRA MARINELLI (ORIENTADORA)
_____________________________________________________________ PROF. REGINA ANGELINI (EXAMINADORA)
_____________________________________________________________ CONVIDADO (A)
Ribeirão Preto, 2018
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha professora e orientadora Alexandra Marinelli, pela orientação, apoio e confiança; À minha família, meus pais, irmãos e amigos, pelo amor, incentivo e apoio incondicional. A todos que direta ou indiretamente, fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado.
SUMÁRIO
Apresentação .......................................................................................................................................................................................01 Capítulo 01- Histórico da Arquitetura Hospitalar.................................................................................................................................03 Capítulo 02- Hospital Dia- Conceito.....................................................................................................................................................08
Capítulo 03- Conforto e humanização dos ambientes hospitalares...................................................................................................14 Capítulo 04- SUS- Sistema Único de Saúde.........................................................................................................................................19 Capítulo 05- Referências Projetuais.....................................................................................................................................................26
Capítulo 06- Leitura do Entorno..........................................................................................................................................................49 Capítulo 07- Programa de Necessidades.............................................................................................................................................61 Memorial...............................................................................................................................................................................................64 Projeto...................................................................................................................................................................................................65 Bibliografia............................................................................................................................................................................................71
APRESENTAÇÃO O tema da presente pesquisa, é a implantação de Equipamento Público com o projeto arquitetônico de um Hospital Dia, na cidade de Ribeirão Preto, voltado para pacientes do SUS. A escolha do tema, se deu por interesse pessoal e aprofundamento da área da saúde, em arquitetura hospitalar. Tendo como principal objetivo,
produzir um projeto que proporcionará aos pacientes desse hospital uma experiência de atendimento mais eficaz e inovadora, onde tudo pode ser resolvido dentro do mesmo lugar, proporcionando uma recuperação mais rápida. O tema também aborda, a importância da humanização nos ambientes hospitalares, esse novo processo é considerado fundamental para o bem estar não só físico, como psicológico dos pacientes, acompanhantes e funcionários.
A preocupação com a melhoria do espaço hospitalar, vem ocorrendo nos últimos anos de forma mais acentuada. “Isto provocou mudanças nas instalações e nos tratamentos de saúde. Agora a ênfase está na qualidade do ambiente hospitalar e na preocupação em afastar o
aspecto hostil e institucional que sempre predominou neste tipo de edificação.” (Vasconcelos, 2004.) A principal proposta do Hospital-Dia, vem junto com o conceito de desospitalização, que consiste em proporcionar ao paciente a redução de forma significativa da sua estadia no ambiente hospitalar. No Hospital- Dia temos um tempo limitado de internação, no caso de 48 horas, e quando ultrapassado esse prazo o paciente deve ser transferido para outro hospital, por isso a importância de um hospital de retaguarda. A localização do Hospital-Dia foi pensada a partir desse propósito. Perto do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, localizado no Campus da FMRPUSP, que atende pacientes da rede SUS de Ribeirão e Região, com o propósito de ao direcionar para o Hospital-Dia suas especialidades, aliviar o fluxo de pacientes no HC, proporcionando assim mais agilidade e eficácia no atendimento aos pacientes. As áreas de especialidades do Hospital-Dia são: GO, Oftalmologia, Ginecologia, Urologia, Cirurgia plástica reparadora, Dermatologia, Ortopedia, Gasta, Vascular e exames em geral. “O modelo de atendimento oferecido por essas unidades se enquadra na tendência de desospitalização, que toma conta do mercado de saúde, seja por questão de custo operacional das unidades ou perfil de doenças. Bitencourt acredita que o número de hospitais dia deve triplicar nos próximos anos, enquanto o crescimento
dos hospitais convencionais será menos significativo. Para Patrícia, a simplificação das tecnologias aplicadas às práticas assistenciais, da relação entre espaço e custo e de determinados procedimentos médicos proporcionará a recuperação do paciente em menor tempo, reduzindo também o risco de infecção. Isso permitirá a aplicação de uma arquitetura mais enxuta, simplificada e que priorize o fluxo de pessoas e a segurança do paciente em ambientes menores. “Esta lógica é o caminho para o futuro das instituições.” (BATIMARCHI, 2012).
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APRESENTAÇÃO A pesquisa tem como objetivo propor um projeto arquitetônico de Hospital-Dia- para pequenas intervenções cirúrgicas, com especialidades atendidas em GO, Oftalmologia, Ginecologia, Urologia, Cirurgia plástica reparadora, Dermatologia, Ortopedia, Gastroenterologia, Vascular e Exames em Geral. Com tempo máximo de internação de 48 horas. Voltado para atender os pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde), visando em sua proposta, a humanização dos
ambientes hospitalares, trazendo uma melhoria do conforto e do bem estar dos pacientes, acompanhantes e funcionários. O objetivo de propor um Hospital-Dia, voltado para a rede SUS, é com o intuito de proporcionar aos pacientes um atendimento mais rápido e eficaz, assim como nos Hospitais-Dia particulares. Com a implantação do Hospital-Dia, localizado próximo ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HC-RP) além de direcionar o serviço para as especialidades, trará alívio no fluxo no hospital, proporcionando assim melhora e eficácia no atendimento tanto para o HC-RP, quanto para o novo Hospital-Dia implantado. Além desses benefícios apresentados pelo modelo de atendimento proposto, podemos também contar com menor custo para o hospital, uma vez que o tempo de internação é menor, diminuindo dessa forma também o risco de infecção. Os procedimentos metodológicos que serão utilizados para a realização do trabalho serão: pesquisa científica descritiva, referências bibliográficas, entrevistas com profissionais da área da saúde, visitas a locais relacionados com o objeto e leitura projetual. Visitas e levantamentos foram realizados no lote escolhido para o desenvolvimento do projeto, a fim de conhecer o local, seu entorno, as pessoas que frequentam aquela área para busca de parâmetros reais para o desenvolvimento do projeto.
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HISTÓRICO DA ARQUITETURA HOSPITALAR
01- HISTÓRICO DA ARQUITETUA HOSPITALAR 1.1. Evolução histórica dos edifícios hospitalares Acreditava-se na antiguidade, na Idade Antiga e Idade- Média que a cura era um processo religioso, místico e impregnado de rituais e que somente a fé poderia curar. Naquela época, as consultas eram realizadas na própria residência, daqueles que possuíam condições para pagar um médico. Os mais pobres e os que contaminados por doença contagiosa eram encaminhados para os hospitais, onde esperariam a morte. (TOLEDO, 2006)
A expectativa dos seres humanos em relação à própria saúde e o papel dos hospitais como instrumento de melhoria de qualidade de vida, têm sofrido grandes mudanças nos últimos 100 anos. Na virada do primeiro milênio, as abadias localizadas nas trilhas cruzadas eram polos naturais de atração para ancestrais dos hospitais contemporâneos. A função inicial era oferecer abrigo e hospedagem para os peregrinos, doentes ou sadios. O elemento arquitetônico básico desses edifícios era a nave da igreja cristã, articulada em layouts que gerava um formato quadrado influenciado pelos claustros. (MIQUELIM, 1992). O edifício hospitalar, tinha naquela época o objetivo básico de abrigar e confinar as pessoas doentes, onde eram eventualmente preparadas para a morte. O termo
“pacientes” vem da função que o hospital tinha naquela época, onde o doente já em fase terminal, precisava de um local para aguardarem o curso dos acontecimentos. De aproximadamente 150 anos para cá, a conjunção de descobertas e avanços das ciências médicas tem transformado a imagem dos edifícios hospitalares, que, se ainda considerada longe de excelente, um dia já esteve bem pior. A função primária dos hospitais foi então lentamente mudando da simples custódia para intervenções mais ativas junto aos pacientes. Os hospitais passam gradativamente a serem vistos como locais onde a vida pode não somente ser salva, mas ter a qualidade melhorada. Dentro desse novo enfoque, as construções hospitalares tem se tornado cada vez mais complexas e incorporando técnicas e tecnologia numa velocidade diretamente proporcional aos recursos e nível de desenvolvimento das sociedades que as tem gerado. Se o hospital da idade média não tinha mais que dois elementos básicos- a hospedagem para os peregrinos sadios e doentes e as áreas de serviços-, um hospital universitário contemporâneo pode compreender mais cinquenta unidades funcionais. (MIQUELIM, 1992) A partir do século XVIII, já na Idade Contemporânea, surge o fenômeno da Medicina social, que passa a se preocupar com a saúde da população, trazendo a evolução da medicina e oferecendo aos hospitais melhores condições para o combate das doenças, tornando assim o hospital um local possível e
adequado ao tratamento das enfermidades. Tornou-se também assunto do Estado, que passa a dar mais importância para à saúde coletiva e colaborou para que o hospitais passassem a ter limpeza e manutenção adequadas, com o intuito de diminuir infecções hospitalares.
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01- HISTÓRICO DA ARQUITETUA HOSPITALAR Em 1859, uma enfermeira chamada Florence Nightingale realizou estudos sobre hospitais ao servir durante a guerra da Criméia. Idealizou que a saúde dos pacientes não dependia somente dos cuidados médicos, mas também da configuração espacial do edifício. De família nobre, e de uma opinião séria e consolidada, conseguiu com que as regras para construções dos hospitais ingleses fossem modificadas e rigorosamente respeitadas. Os hospitais da era Nightingale sofreram mudanças tanto na arquitetura como na administração. Baseadas em suas experiências da guerra, os principais defeitos notado por ela foram: área mínima para os leitos, onde havia superlotação; falta de iluminação e ventilação.
Foi com ela, que o interesse em ambientes hospitalares com mais salubridade e conforto ambiental ganhou espaço e passou a ser uma necessidade na hora de projetar um novo espaço hospitalar. No século XIX, a enfermeira Florence Nightingale questiona a Teoria dos Miasmas, onde acreditava-se que as infecções eram ocasionadas pelos gases oriundos do lixo orgânico e que elas poderiam ser evitadas através da melhoria dos sistemas de ventilação e iluminação natural, reduzindo-se os índices de umidade e impureza do ar (CAVALCANTI, 2011, p. 36).
A partir das observações sobre o sistema pavilhonar ela estabeleceu as bases e dimensões do que ficou posteriormente como “enfermaria Nightingale”. Era basicamente um salão longo e estreito com leitos dispostos perpendicularmente em relação as paredes perimetrais; um pé direito generoso, e janelas altas entre um leito e outro em ambos os lados do salão garantiam ventilação cruzada e iluminação natural (vide figura 1).(MIQUELIM, 1992)
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01- HISTÓRICO DA ARQUITETUA HOSPITALAR Os índices de insucesso ou de cura das unidades
Posteriormente, junto com o Movimento Moderno e o domínio de
hospitalares são, assim, pela primeira vez, avaliados a luz das questões
novas tecnologias, surge a necessidade de criar mais um bloco. Um bloco vertical
espaciais, relacionando-se a contaminação de pacientes à proximidade
voltado para internação, juntamente de um bloco horizontal, localizado no térreo,
excessiva de determinadas áreas funcionais, como por exemplo,
que continha os demais cômodos do programa de necessidades do edifício
enfermarias de feridos junto à de parturientes, ou, ainda à ocorrência de
hospitalar como apoio, administração, emergência, ambulatório, etc.
fluxos de materiais contaminados, como roupas, lençois e panos utilizados como bandagens. (TOLEDO,2006, p.20).
Essa tendência é reforçada com a adoção de uma atitude proativa no controle das infecções, como também, diante do questionamento, cada vez maior, da implantação de pavilhões isolados, que seriam perfeitamente,
Nas primeiras décadas do século XX, o modelo pavilhonar era referência na arquitetura hospitalar. Com a utilização dos
dispensáveis diante de uma nova compreensão dos processos de transmissão de doenças. (TOLEDO, 2006, p.24).
anestésicos permitia-se um melhor planejamento da cirurgia, que se tornou uma técnica praticada com mais frequência, fazendo assim surgir a necessidade do centro cirúrgico, que passou a ser obrigatório em um ambiente hospitalar. Ainda no século XX, o modelo pavilhonar cai em desuso, e é substituído pelo monobloco vertical, um edifício com distribuição típica de um hospital contendo:
SUBSOLO: serviço de apoio. TÉRREO: consultórios, pronto atendimento e raio -x. PRIMEIRO ANDAR: laboratório e administração INTERMEDIÁRIO: internação ULTIMO PAVIMENTO: centro cirúrgico
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Figura 01- Enfermaria “Nightingale” Fonte: Miquelim, 1992.
01- HISTÓRICO DA ARQUITETUA HOSPITALAR 1.2 Evolução das Formas Hospitalares
1. Antiguidade
Pórtico e Templos
2.Idade Média
Nave
3.Renascenças
Cruz e Clausto
4. Era Industrial
Pavilhões
5.Pré- Contemporânea
Blocos
Figura 03- Tipologia dos edifícios hospitalares – fonte: Miquelim,1992.
1-Torre Simples
6- Lâminas Independentes
2-Torre Complexa
7- Pente e Pavilhão
Figura 02- Evolução das formas hospitalares
3-Torre Radial
8- Pátio Estendido
Fonte: Le Mandat, apud Miquelin, 2012.
4-Lâminas Articuladas
9- Pátio Compacto
5-Monólito ou Monobloco Vertical
10- Monobloco Vertical
Nos anos 60 surge o racetrack plan, que trazia uma organização espacial, que se baseava no dormitório localizado no perímetro do estabelecimento de saúde e na centralização dos espaços de apoio. Tinha a circulação configurada através de dois corredores paralelos. O objetivo dessa forma de organização, era compactar ainda mais as Unidades de Internação. (LONGO, 2015)
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01- HISTÓRICO DA ARQUITETUA HOSPITALAR
Segundo Verderberer e Fine (2000 apud CAVALCANTI, 2011, p. 41), muitas dessas novas tipologias são apenas variações da concepção da “máquina de curar” Modernista, focadas na funcionalidade, na assepsia e na inclusão dos avanços tecnológicos, refletindo
isso em sua imagem. Os hospitais de partido “monobloco vertical” eram, segundo Miquelin, (1992, p.54) “nada mais que um empilhamento de enfermarias Nightingale, com um elevador ligando todos os andares”.
Dessa forma então, podemos observar que os “grandes hospitais com milhares de leitos, nos quais pacientes portadores de doenças infecciosas, os feridos e as mulheres grávidas ocupavam enfermarias contíguas, passam a ser condenados, suscitando novas propostas, dentre as quais a separação dos pacientes internados em um mesmo hospital, segundo suas patologias, e a construção de hospitais com menor número de leitos, voltados para um tratamento de um único tipo de enfermidade” (TOLEDO, 2006. P.20)
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Figura 4 - Planta-baixa de Unidade de Internação com racetrack plan (VERDERBERER e FINE, 2000 apud CAVALCANTI, 2011)
HOSPITAL DIACONCEITO
02- HOSPITAL DIA- CONCEITO Nos dias atuais, podemos dizer que a desospitalização se tornou um conceito cada vez mais presente no cotidiano do setor da saúde. A adoção de novos protocolos e tecnologias contribuem, consideravelmente, para que o tempo de internação seja cada vez menor. Um fator muito estimulante para este conceito é o Hospital Dia, que tem como sua grande aliada a arquitetura, para reduzir de forma significativa a permanência no ambiente hospitalar. (BITMARCHI, 2012)
O conceito surgiu na extinta União Soviética, na década de 30 e a princípio como hospital para tratamento específico de pacientes com enfermidades psiquiátricas. O número de Hospitais-Dia foi crescendo e se espalhando pelo mundo com o passar dos anos, e abrangendo outras especialidades, até chegar ao Brasil, na década de 90. Atualmente, temos um número que vem crescendo cada vez mais, de acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) até 2012, foram levantados 365 Hospitais-Dia, sendo 41 públicos, 7 filantrópicos e 317 privados. Os Hospitais- Dia tem como princípio essencial, reduzir o tempo que o paciente ou o acompanhante permanece dentro da unidade hospitalar,
proporcionando uma volta rápida para casa. Tendo então como objetivo reduzir ou eliminar o pernoite no hospital. Sendo assim, o paciente vai para unidade realizar seu procedimento e retorna para casa no mesmo dia, no mais tardar, 24hrs após o procedimento. Para uma melhor definição sobre o conceito de Hospital- Dia, primeiramente é preciso entender o termo “cirurgia ambulatorial” que Segundo a Resolução SS Nº 169 de 19 de Junho de 1996. Hospitais –Dia se enquadram em Cirurgia Ambulatorial, que pela definição é “todos os procedimentos médicocirúrgicos (com exceção daqueles que acompanham os partos), que pelo seu porte e pela não necessidade de cuidados especiais no pós-operatório, dispensam o pernoite do paciente. O pernoite do paciente poderá ocorrer em casos excepcionais, sendo que o tempo de permanência do paciente no estabelecimento não poderá ser superior a 24 horas. Os procedimentos médico -cirúrgicos ambulatoriais são aqueles constantes da Tabela de Procedimentos do SIA/SUS e a ressonância magnética.” Como complemento para o entendimento do conceito de Hospital- Dia temos também a definição segundo a Norma RDC 50 “Hospital-Dia (regime de) - modalidade de assistência à saúde, cuja finalidade é a prestação de cuidados durante a realização de procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos, que requeiram a permanência do paciente na unidade por um período de até 24 horas.”
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02- HOSPITAL DIA- CONCEITO Como grande aliada dessas instituições, cujo período de internação é de, no máximo, 24 horas, a arquitetura reúne conceitos de humanização do ambiente, organização do fluxo de pacientes e equipes assistenciais, além de tornar o edifício saúde uma construção atraente para a captação de clientes, sejam eles, médicos, operadoras ou pacientes. De acordo com o presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (ABDEH), Fábio Bitencourt, a “arquitetura tem a função de abrigar novas tecnologias e oferecer elementos de conforto necessários para a recuperação do paciente. O cuidar, o
tratar e o curar não se processam apenas com medicamentos. Outras características fazem parte deste processo e a arquitetura, certamente, é uma delas, além de simplificar fluxos e eliminar barreiras que possam dificultar o acesso do usuário.” (BATIMARCHI, 2012) Segundo Toledo, (2006), mesmo que todos sejam nomeados pela denominação genérica de hospital, há uma variação dos tipos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS). Estes, são classificados quanto ao porte, tipologia, resolubilidade e área; quando juntamos esses elementos temos o que chamamos de perfil de uma unidade hospitalar. O tamanho dos hospitais, geralmente medido pela sua capacidade de internação (número de leitos), vem se reduzindo, principalmente na última década, em decorrência de inúmeros fatores, entre os quais o risco crescente das infecções hospitalares, as dificuldades de gerenciamento e o alto custo de implantação e operação das unidades de grande porte (TOLEDO, 2006, p.47) Atualmente, um hospital, para ser considerado de grande porte precisa conter uma internação de no mínimo 200 leitos. As unidades que tem capacidade variando entre 40 e 200 leitos são consideradas as de médio porte e as unidades que contem menos de 40 leitos, são as consideradas de pequeno porte. Outro fator importante que deve ser levado em consideração além da resolubilidade e do porte é a tipologia de cada unidade também diferencia as
edificações hospitalares. (TOLEDO, 2006)
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02- HOSPITAL DIA- CONCEITO
Segundo Batimarchi (2012), os hospitais dia, que são direcionados a um curto período de internação, podem ser dispostos de duas maneiras: em unidades próprias ou dentro de centros médicos. É importante, independente do modelo que forem adotar, que as instituições tenham planejamento na hora de projetar e executar as obras de adequação e expansão. Nele são praticadas as ações básicas de saúde, bem como todo o tipo de assistência em regime de não internação. Dependendo de seu porte, além dos consultórios
(indiferenciados e diferenciados) e das salas de demonstração, inalação, aplicação de medicamentos, etc., poderão integrar o setor unidades de quimioterapia, radioterapia, diálise, oxigenoterapia hiperbárica, assim como os demais tipos de tratamento desenvolvidos em regime ambulatorial, inclusive o centro cirúrgico ambulatorial, com as respectivas áreas de observação. (TOLEDO, 2006, p. 63)
Para esse tipo de unidade operar com eficiência, planejar as obras pensando no ambiente como um todo é fundamental. Entre os pontos
contemplados pelo projeto, devem ser considerados: fluxo, acesso e humanização do ambiente. Para facilitar este fluxo, essas unidades devem ser alocadas na região térrea dos hospitais, vizinho aos ambulatórios, unidades diagnósticas e farmácias. Um dos serviços do hospital dia é a aplicação de medicamentos, como quimioterapia, por exemplo, além da localização próximas aos estacionamentos, para que não ocorra a necessidade de circulação por todo o edifício. (BATIMARCHI,2012) Na contramão do cenário brasileiro, os hospitais dia norte-americanos investem significativamente em arquitetura para tornar as instituições mais atraentes para o consumidor de saúde e aumentar o fluxo de pacientes. Segundo Batimarchi (2012), No Brasil, grande parte desses hospitais dia estão alocados em instituições públicas que não foram projetados para receber esse tipo de serviço, há problemas recorrentes com manutenção, disposição espacial e falta de ambientes para armazenagem de ensumo. Dentre esses problemas, o maior apontado pela arquiteta Patrícia Biasi, é a falta de dimensionamento do espaço hospitalar, que devido à falta de planejamento por parte das unidades, não comporta a crescente demanda para este tipo de serviço.
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02- HOSPITAL DIA- CONCEITO
Outro fator que dificulta a criação de ambientes coletivos nos hospitais dia brasileiros é o comportamento de consumo do cliente de saúde. Para o
presidente do Hospital Paulista, especializado em otorrinolaringologia e hospital dia, Braz Nicodemo Neto, o cliente mede a qualidade da instituição de saúde de acordo com ambiente onde é internado, e valoriza muito mais quartos individuais do que salas coletivas. Há três anos, a entidade iniciou suas obras de adequação. Nicodemo explica que o principal objetivo do projeto arquitetônico foi a humanização do ambiente hospitalar, principalmente nos leitos de internação, e a criação da UTI como retaguarda para as equipes médicas. “Fizemos um esboço de uma sala coletiva, com diversos boxes, no entanto, achamos que a cultura do País ainda não está adequada a este padrão, pois o paciente quer conforto e um leito privativo”. No plano diretor, elaborado pelo hospital, ainda está previsto um terceiro andar, que mudará a configuração da unidade, transferindo todo o setor de diagnóstico e ambulatório para este novo ambiente e deixando as atuais instalações, no
térreo da unidade, para a construção de mais leitos. (BATIMARCHI, 2012). O modelo de atendimento oferecido por essas unidades se enquadra na tendência de desospitalização, que toma conta do mercado de saúde, seja por questão de custo operacional das unidades ou perfil de doenças. Bitencourt acredita que o número de hospitais dia deve triplicar nos próximos anos, enquanto o crescimento dos hospitais convencionais será menos significativo. Para Patrícia, a simplificação das tecnologias aplicadas às práticas assistenciais, da relação entre espaço e custo e de determinados procedimentos médicos proporcionará a recuperação do paciente em menor tempo, reduzindo também o risco de infecção. Isso
permitirá a aplicação de uma arquitetura mais enxuta, simplificada e que priorize o fluxo de pessoas e a segurança do paciente em ambientes menores. “Esta lógica é o caminho para o futuro das instituições.” (BATIMARCHI, 2012).
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02- HOSPITAL DIA- CONCEITO No caso da unidade que será desenvolvida, trata-se além de Hospital-Dia, de um Hospital de Apoio, para o HC Ribeirão Preto. Tem por finalidade maximizar o desempenho de hospitais de maior resolubilidade que possuem custo de internação elevado. O hospital de apoio aumenta a rotatividade de internação das unidades de maior complexidade, recebendo os pacientes que não demandem cuidados especiais. (TOLEDO, 2006, p. 49)
Os Hospitais-Dia além de funcionar como apoio, podem também ser uma unidade independente de um Hospital, e oferecer, além do atendimento ambulatorial, uma extensão permitindo a realização, com rapidez e eficácia, de algum procedimento de investigação ou tratamento na sequência a uma consulta médica que tenha acabado de ser realizada, no próprio hospital, oferecendo assim para o paciente maior comodidade e uma gama de serviços ainda maior e mais eficazes do que aconteceria em um hospital de grande porte. (LONGO, 2015) Sobre as vantagens do Hospital –Dia, em relação as demais tipologias, podemos ressaltar: eficácia no atendimento ao paciente; diminuição dos gastos, uma vez que a permanência no ambiente hospitalar é menor que em um hospital convencional; diminuição do risco de infecção hospitalar, novamente devido ao menor tempo que o paciente se instala na unidade; melhor direcionamento dos recursos financeiros e podendo chegar a uma diminuição de até 30% dos serviços, se compararmos a um hospital convencional. As cirurgias que são realizadas no Hospital-Dia, não costumam ser de longa duração (em torno de 1 hora de cirurgia) uma vez que para serem realizadas na unidade, devem ser de baixo risco e complexidade e pouco invasivas. Dessa forma, o paciente permanece no hospital apenas o tempo necessário para o preparo pré- cirúrgico, durante a operação propriamente dita e depois, para a recuperação anestésica. Portanto, o perfil do paciente que frequentará o Hospital-
Dia para realização de cirurgia, não deverá corresponder a casos críticos e graves, uma vez que a unidade é destinada a procedimentos de baixo risco, pouco invasivos e de curta duração. (LONGO, 2015) No que diz respeito a organização espacial e infraestrutura de um Hospital-Dia, as mesmas irão variar de acordo com a necessidade do programa médico proposto, o dimensionamento dos cômodos deve ser parecido ao das unidades convencionais.
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02- HOSPITAL DIA- CONCEITO Não existe uma normatização voltada exclusivamente para Hospitais-Dia, portanto, é denominada pela norma por Unidade ambulatorial de tipo III. Segundo a Resolução SS Nº 169, de 19 de Junho de 1996: 5.1.3 Da Unidade Ambulatorial tipo III:
5.1.3.1 É o estabelecimento de saúde, independente do hospital, destinado à realização de procedimentos médico-cirúrgicos, em nível ambulatorial, em salas cirúrgicas
adequadas a essa finalidade.
5.1.3.2 Deverá contar com equipamentos de apoio e de infraestrutura adequados para o atendimento do paciente.
5.1.3.3 Realiza cirurgias de pequeno e médio porte, sob anestesia locoregional com ou sem sedação e anestesia geral com agentes anestésicos de eliminação rápida.
5.1.3.4 Poderá ocorrer o pernoite do paciente, não devendo este permanecer no serviço por mais de 24 horas.
5.1.3.5 A internação do paciente, quando necessária, deverá ser feita no hospital de retaguarda.
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CONFORTO E HUMANIZAÇÃO DOS AMBIENTES HOSPITALARES
03-CONFORTO E HUMANIZAÇÃO DOS AMBIENTES HOSPITALARES Para humanizar é preciso entender o conceito de ser humano. É preciso ter consciência de que a pessoa que utiliza o espaço é a peça fundamental na definição de como deve ser o ambiente. É só conhecendo as necessidades e expectativas do usuário que será possível proporcionar-lhe um ambiente capaz de suprí-las e superá-las, tornando-o mais próximo de sua natureza, de seus sentimentos, pensamentos e valores pessoais. “Qualquer empreendimento humano, para ter sucesso, deve atingir a mente, o coração e o espírito”. (MEZZOMO, 2002, p. 42) Planejar um espaço bem resolvido, traz um impacto positivo na funcionalidade e na questão plástica do lugar, mas, no caso de um ambiente de saúde, que abrigará pacientes com doenças muitas vezes grave, tão importante quanto, é a forma que o usuário se sentirá psicologicamente naquele ambiente. Essa é a diferença entre humanizar um hospital e qualquer outra instituição pública, uma vez que sua principal finalidade é a cura e o bem-estar do paciente. Apesar de parecer um assunto relativamente recente, a questão da humanização nos ambientes hospitalares vem sendo parte da percepção das
pessoas relacionadas a esses ambientes desde muito antigamente. A enfermeira Florence Nightingale, ao escrever seu livro Notes on Nursing and Notes on Hospitals (1859), já enfatizava a importância de alguns atributos, que hoje, são essenciais como: ventilação de iluminação adequadas, saneamento, questões acústicas, dentre outras. O objetivo de seu livro, era mostrar que o requisito principal de um hospital era fazer com que o paciente não se sentisse mal neste ambiente. (VASCONCELOS, 2014) Um ambiente de qualidade é um ambiente que atende as necessidades de seus usuários garantindo-lhes segurança, conforto físico e psicológico na
realização de suas atividades. Essa qualidade é conferida ao ambiente através do processo de humanização que agrega ao espaço atributos físicos e estéticos para garantir ao homem, usuário e foco principal do projeto, além do conforto ambiental e funcional, o conforto psicológico de forma a satisfazer tanto suas necessidades físicas quanto psíquicas. (VASCONCELOS, 2014, P.11) Para TOLEDO (2006, p.96) Os estudos das percepções, expectativas, valores e comportamentos dos usuários não têm sido suficientemente considerados nas tentativas de humanização da edificação hospitalar no Brasil. Sem este conhecimento, as propostas de humanização, em sua maioria, se restringem à adoção de padrões projetuais já consagrados, fazendo-nos repetir as mesmas soluções arquitetônicas que nem sempre se revelam como as mais adequadas.
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03-CONFORTO E HUMANIZAÇÃO DOS AMBIENTES HOSPITALARES O fato de os arquitetos, muitas vezes se fixarem nesses padrões, faz com que ele se esqueça das reais necessidades e expectativas dos usuários, sendo eles pacientes ou não, especialmente aquelas de caráter psicológico. (TOLEDO, 2006)
O desconhecimento desses fatos, faz com que muitas vezes o arquiteto ou projetista, acredite que decoração de paredes e outros determinados ambientes (salas de espera, consultórios, etc) seja necessário para proporcionar um ambiente humanizado aos que frequentam a unidade de saúde. Segundo TOLEDO, (2006, p. 97) “apesar dessas limitações, que afetam a grande maioria dos arquitetos, nas últimas décadas podemos perceber um interesse crescente pelas tecnologias projetuais envolvendo os usuários”. Ao falarmos em humanização o conforto ambiental é sempre um dos aspectos mais importantes para definir esse conceito.
Para VASCONCELOS (2014, p. 12) O uso de cores adequadas, o controle da iluminação, o contato com a natureza, a condição de orientabilidade e a personalização dos espaços, faz com que o ambiente hospitalar adquira um valor mais humano, aproximando-se da vida do paciente e afastando-se do caráter unicamente institucional. Os ambientes hospitalares têm a necessidade de serem adaptáveis e flexíveis devido a constante mudança e evolução das técnicas e equipamentos médicos, e, unir isso ao conceito de humanização é o desafio da arquitetura, pois é ela quem tem o poder de humanizar os espaços, e estes, consequentemente, influenciarão nos funcionários e pacientes. É considerado um bom projeto de estabelecimento de saúde aquele que olha pela perspectiva do paciente.(LONGO, 2015, p.31)
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03-CONFORTO E HUMANIZAÇÃO DOS AMBIENTES HOSPITALARES A integração do ambiente interior com o exterior, é extremamente importante para a questão da humanização, umas vez que incentiva o uso da iluminação e ventilação naturais, e também a presença de áreas verdes dentro do edifício. Essa relação, proporciona ao paciente experiências sensoriais diferentes do que somente estar acomodado em um ambiente fechado e com iluminação artificial. Essa experiência sensorial mais natural, traz maior conforto o que influência de forma positiva para o processo de cura e recuperação do paciente. O contato visual com o exterior, a disponibilidade de obras-de-arte, condições favoráveis de privacidade e conforto em geral foram os demais
aspectos apontados com maior frequência. Os entrevistados foram unânimes em afirmar que o ambiente de unidades clínicas de Hospital-Dia deveria ainda dar suporte a atividades de interesse dos pacientes, que pudessem ocorrer paralelamente à terapêutica, como assistir televisão ou utilizar um computador. (CAVALCANTI, 2009, p.01) Os profissionais responsáveis por essa arquitetura hospitalar, acreditam que a conscientização para a importância de que um ambiente humanizado deve ser oferecido aos usuários, está cada vez mais presente na hora de propor um projeto hospitalar. Está cada vez mais presente a importância em
oferecer um ambiente que dê todo suporte necessário, aos pacientes e funcionários, não somente físico, mas também psicológico. Segundo VASCONCELOS (2014, p. 15) evidências científicas mostram que projetos arquitetônicos sem nenhum atributo ambiental estimulante para o corpo humano, agem contra o bem-estar dos pacientes e têm efeitos negativos nos indicativos fisiológicos. O principal foco dessa humanização relacionada ao Hospital-Dia, consiste no fato de que, segundo Cavalcanti, 2009, p. 04, o atual modelo de saúde no qual se enfatiza a prevenção de doenças, e não apenas o tratamento; a busca pela redução de custos e pela maior rotatividade de pacientes, otimizando a utilização da infra-estrutura e da mão-de-obra hospitalar; e a humanização do atendimento, maximizando-se a permanência do indivíduo no ambiente residencial. Os Hospitais- Dia se encaixam com excelência nesse modelo, uma vez que são uma unidade intermediária entre atendimento ambulatorial e internação. Os pacientes vão até a unidade para realizar os procedimentos, e na grande maioria das vezes retornam para suas casas no mesmo dia, fazendo o repouso pós-cirurgico em sua própria casa. Acredita-se que nos Hospitais-Dia clínicos potencializa-se um vínculo consistente entre os usuários e o ambiente, tendo em vista a sua permanência prolongada. Porém, pouco se sabe sobre como deveria ser o seu projeto, já que esta modalidade de atendimento se consolidou apenas recentemente. Há pouca
informação disponível sobre o tema no âmbito da Arquitetura, especialmente no que se refere aos anseios e necessidades de seus usuários em relação a esses ambientes específicos.(CAVALCANTI, 2009, p.04)
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03-CONFORTO E HUMANIZAÇÃO DOS AMBIENTES HOSPITALARES Ao capacitarmos um ambiente de saúde para a vivência, e ao retirarmos dele a imagem fria que lhes é comum e lhes proporcionar um aparência
atraente, motivadora, agradável é uma das principais faces da humanização. Dessa forma, transformando a experiência de vivência do paciente na unidade e muitas vezes tornando até agradável os momentos em que ele passa ali. No caso dos Hospitais-Dia, algumas experiências negativas podem ser comuns, tendo-se em conta a escassez de possibilidades de expressão pessoal já que são poucas as ações que os pacientes podem desempenhar além do tratamento. Além disso, frequentemente o ambiente hospitalar é neutro de tal modo que a identificação do paciente com o local pode ser difícil. Por outro lado, atitudes mais extremas que reflitam a insatisfação do paciente em relação ao ambiente, como atos de vandalismo, tendem a ser reduzidas, já que a administração das instituições de saúde costuma exercer o controle e a manutenção dos
locais. (Cavalcanti, 2009, p.06) Itens como cor, mobiliário, iluminação, sinalização, conforto térmico e acústico são, hoje, tratados com o mesmo nível de prioridade e preocupação de qualquer outro componente necessários ao funcionamento do edifício hospitalar, como instalações elétricas, hidráulicas, etc. (GOES, 2004, p.105) Em ambientes hospitalares os pacientes podem apresentar limitações nos sistemas sensoriais devido ao seu estado de saúde, por isso os estímulos do ambiente devem possibilitar sua percepção através dos mais variados canais sensoriais. (VASCONCELOS, 2014, p. 17)
Dentre os atributos fundamentais para assegurar a humanização nos ambientes hospitalares estão elencados: - o conforto ambiental lumínico; acústico e térmico. Outro fator muito importante, é o contato interior-exterior que fazem com que os pacientes se sintam em locais mais aconchegantes, remetendo assim a uma estadia mais confortável, por isso a importância da presença de jardins e áreas-externas em ambientes de saúde. Resguardar a privacidade do paciente também faz parte de um aspecto fundamental da humanização. A presença de áreas verdes e jardins dentro do ambiente hospitalar, ou o contato com o espaço externo – direto ou indireto (contato visual) – traz ao paciente uma distração positiva, pois os elementos presentes nesta relação causam sentimentos bons, prendem a atenção e despertam o interesse dos pacientes, bloqueando ou reduzindo os pensamentos ruins (ULRICH, 1990, p. 88). Nos hospitais, onde as condições de trabalho são bastante estressantes, onde o atendimento é para pessoas com risco de morte ou em sofrimento profundo, não pode ter os fatores ambientais como um motivo a mais de estresse, seja para pacientes, familiares médicos e enfermeiros. (GÓES, 2004, p. 105)
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03-CONFORTO E HUMANIZAÇÃO DOS AMBIENTES HOSPITALARES Segundo CAVALCANTI (2009, p.10) os espaços de saúde, e em especial as unidades clínicas de Hospital-Dia deveriam possibilitar uma postura mais ativa para os usuários, de forma a favorecer a vivência e consequentemente a apropriação do local. No entanto, muito ainda se deve caminhar no sentido de compreender de fato qual é o perfil desses usuários, quais as atividades de tratamento que são desenvolvidas nesses ambientes, quais seriam as atividades de interesse dos pacientes, e como o espaço deveria ser planejado para acomodá-las.
Portanto, ao projetar um ambiente voltado para área da saúde, onde é de suma importância o bem-estar do paciente e dos que trabalham no local, deve-se evitar criar espaços com condições muito estáveis. O objetivo deve ser, sempre eliminar a monotonia, uma vez que é prejudicial ao bom desempenho das tarefas de trabalho. (GÓES, 2004) Dessa forma, podemos ver a importância e o cuidado que a arquitetura hospitalar deve ter na elaboração de um projeto, onde deve ser sempre priorizado proporcionar as condições físicas necessárias para o bem-estar dos pacientes, acompanhantes e funcionários, através de uma qualidade não somente espacial, mais também funcional dos ambientes hospitalares.
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SUS- SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
04- SUS- SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE De acordo com GÓES, 2004, p. 01 “Dentro da premissa de que o homem mora no município, zona rural ou urbana, e não no estado ou país, foram estabelecidas ações para o atendimento primário de saúde, ainda inspirado na conferência de Alma Ata, que envolvam educação, nutrição, atenção à família, imunização saneamento básico, controle de endemias, tratamento de doenças comuns e previsão de medicamentos essenciais.” A Constituição de 1988, define a criação no Brasil de um sistema de saúde pública e universal. A sessão II, art. 198, da nova Carta que trouxe claro que “as ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado” a partir de três pontos bases: descentralização (“com direção única em cada esfera de governo”), atendimento integral e participação da população. Importa assinalar, contudo, que a provisão privada de serviços era assegurada sob o conceito de “saúde suplementar”, a qual se integravam a rede hospitalar privada e os planos de saúde. (BOTARO, 2015, p.06) A criação do SUS é um processo que resulta fundamentalmente do engajamento dos movimentos sanitários, autoridades locais de saúde, correntes
progressistas da burocracia do Ministério da Saúde e do Inamps. Desde o final da década de 1970 até a promulgação da Carta de 1988, tais segmentos conseguiram ampliar sua perspectiva para outros atores sociais, criando as condições para a definição de um novo modelo de saúde pública, formalmente universal, descentralizado e gratuito. (BOTARO, 2014 P.161) O SUS foi criado para se fazer cumprir o mandamento constitucional do direito à saúde. É regulado pela Lei nº 8.080/1990 que regula o atendimento público da saúde no Brasil. O SUS possibilitou que todos os brasileiros tivessem acesso à saúde gratuita, financiada por recursos do governo (União,
Estado, Distrito Federal e Municípios). Fazem parte do Sistema Único de Sáude (SUS) os hospitais públicos, centros e postos de saúde. O setor hospitalar público do Brasil vem sofrendo um processo de sucateamento e também de absenteísmo por parte do corpo clínico, pois a falta de investimentos se reflete numa estrutura física e tecnológica decadente, sem condições de prestar suporte aos profissionais da saúde e aos pacientes hospitalizados. (VASCONCELOS, 2014, p.11) Embora o Sistema Único de Saúde opere com dificuldades, a criação do SUS garantiu mudanças significativas nas condições de assistência à saúde brasileira. Primeiramente, aumentou significativamente o acesso à atenção primaria e universalizou o acesso à atenção secundária e terciária à saúde. Em segundo lugar, o SUS garantiu o acesso da população, sem custos, a medicamentos e complexos tratamentos. Nessas situações a rede privada tem real interesse por esses tratamentos de alta atenção, já que o SUS paga valores elevados para a atenção quaternária. (BOTARO, 2014, p. 9)
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04- SUS- SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Além da democratização da saúde (antes acessível apenas para alguns grupos da sociedade), a implementação do SUS também representou uma mudança do conceito sobre o qual a saúde era interpretada no país. Até então, a saúde representava apenas um quadro de “não-doença”, fazendo com que os esforços e políticas implementadas se reduzissem ao tratamento de ocorrências de enfermidades. (LONGO, 2015, p. 53) Para facilitar, na hora do arquiteto projetar um hospital para o SUS, em 2007 foi criado o SomaSUS, um sistema de consulta online, disponibilizado a qualquer usuário, relacionado aos aspectos físicos dos EAS (Estabelecimentos Assistenciais de Saúde) e tem como objetivo dar auxílio aos técnicos e gestores responsáveis pela elaboração de projetos de infraestrutura na área da sáude. Os serviços são organizados por níveis de complexidade, apresentando fichas com orientações técnicas e margem de preço. Fornece também uma lista de resíduos gerados por cada ambiente e o tipo de tratamento adequado a cada um deles. Apesar desses avanços, segundo o site Ribeirão Preto Online e os dados da CFM – Conselho Federal de Medicina juntamente ao CNES – Cadastro
Nacional de Estabelecimentos de Saúde, de 2010 a 2014 o SUS perdeu cerca de 15 mil leitos de internação, o que corresponde a aproximadamente 10 leitos por dia. A região Sudeste foi a que mais sofreu com essa redução. (LONGO, 2015, p.55) O Ministério da Saúde justifica essa perda devido aos avanços tecnológicos e evolução dos medicamentos e equipamentos, diminuindo assim a necessidade de internação dos pacientes. Esse fator, é justificado pelo fenômeno da desospitalização.
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04- SUS- SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 4.1 SUS em Ribeirão Preto
O município de Ribeirão Preto é tido como polo regional de saúde, sendo referência para os demais municípios. A figura acima mostra como é grande a quantidade de municípios que de certa forma,
Decorridos 25 anos da implantação do Sistema Único de Saúde - SUS, na cidade de Ribeirão Preto, o Plano Municipal de Saúde de Ribeirão Preto 2014-2017, que foi criado buscando aperfeiçoar essa política para
proporcionar uma melhora nas condições de saúde dos municípios. De acordo com o Plano Municipal da Saúde (2014-2017, p. 06) No município, o setor saúde destaca-se com vários indicadores positivos, entre
dependem de Ribeirão Preto para contar com uma estrutura de saúde mais completa e organizada. Muitas cirurgias, internações, consultas e
atendimentos em geral tem que ser realizadas no município de Ribeirão Preto, pela falta de recursos nas cidades da região. A organização da rede municipal de saúde em Ribeirão Preto, é dividida da seguinte forma:
eles: a redução do coeficiente de mortalidade infantil, a redução do número de óbitos maternos, a redução de internações por causas sensíveis à atenção
básica, aumento da cobertura vacinal, aumento na proporção de cura dos casos novos de hanseníase e tuberculose, dentre outros de nível secundário e terciário que levou o município a terceira colocação em relação ao País e a primeira colocação em relação ao Estado, segundo o Índice de Desempenho de Saúde – IDSUS/MS. Figura 06- Distritos de Saúde em Ribeirão Preto Fonte: Site Prefeitura de Ribeirão Preto
O dimensionamento do mapa acima, foi feito para que houvesse um redimensionamento das áreas de abrangência das Unidades de Saúde do município levando em consideração os censos do IBGE. Foram feitos ajustes, para que cada Unidade tivesse conhecimento das Figura 05- Mapa dos municípios próximos a Ribeirão Preto
densidades demográficas de sua área de abrangência, com o intuito de
Fonte: Site Prefeitura de Ribeirão Preto
melhorar as ações e serviços a serem oferecidos.
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04- SUS- SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Dessa forma, foram gerados os seguintes quadros:
Quadro 01- População por unidades de saúde do Distrito Central, ano 2010.
Quadro 03- População por unidades de saúde do Distrito Sul, ano 2010.
Quadro 04- População por unidades de saúde do Distrito Leste, ano 2010.
Quadro 02- População por unidades de saúde do Distrito Norte, ano 2010.
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04- SUS- SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Quadro 05- População por unidades de saúde do Distrito Oeste, ano 2010.
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04- SUS- SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE A seguir, como funcionam os acessos à Rede de Saúde do Município.
Figura 06- Fluxograma de acesso à rede de atenção SUS em Ribeirão Preto.
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Fonte: Site Prefeitura de Ribeirão Preto
04- SUS- SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE De acordo com o Plano Municipal de Saúde (2014-2017) p. 33. A cidade de Ribeirão Preto conta com 48 estabelecimentos de atenção básica distribuídos pelos 5 distritos de saúde, das quais 5 são unidades básicas distritais de saúde das quais 4 com funcionamento 24 horas, 14 unidades de saúde da família com um total de 30 ESF e 18 unidades básicas tradicionais com 20 EACS. O município de Ribeirão Preto, conta com 15 unidades hospitalares, são elas:
Quadro 06: Leitos hospitalares existentes no município de Ribeirão
Preto, ano 2013.
Dessa forma, de acordo com o Plano Municipal de Saúde (2014-2017) p. 42. Dos leitos hospitalares existentes no município, 71 % estão disponibilizados para o SUS. De acordo com a Portaria GM nº 1101 de 12/06/2002, o parâmetro de necessidade de leitos hospitalares é de 2,5 a 3 leitos para cada 1.000 habitantes, o que, para o município de Ribeirão Preto, considerando a população estimada no ano 2013 de 649.556 habitantes, representaria a necessidade de 1.624 a 1.949 leitos. Sendo assim, o número de leitos existentes supriria as necessidades do município, em seu parâmetro inferior, porém, há falta de 27 leitos para suprir o parâmetro superior. Ainda ressaltando que, desse total de leitos 294 são leitos psiquiátricos (Hospital Psiquiátrico de Ribeirão Preto- Santa Tereza). Na avaliação dos leitos ofertados para o SUS, temos peculiaridades em virtude do tipo de cadastro de cada unidade Hospitalar, dessa forma, cada hospital disponibilizará leitos SUS para certos tipos de cuidados. O Plano Municipal de Saúde (2014-2017) p. 43 prevê que Com relação aos Procedimentos Eletivos (exceto os que necessitam de preparo prévio), um dos objetivos propostos é a redução do tempo de hospitalização, com programação por parte dos Hospitais, da internação no dia do procedimento, reduzindo os
custos hospitalares e otimizando a malha de leitos SUS. Ainda assim, há uma necessidade de aprimoramento no sistema de controle, que permita o pleno conhecimento daquilo que é liberado e tem seu procedimento realizado.
29
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS As referências projetuais foram escolhidas para fornecer auxÍlio na hora de projetar. Algumas estão na mesma escala do projeto a ser implantado, outras em escala maior, porém com o foco da leitura voltado para materialidade e soluções projetuais. 5.1. Referências Nacionais 5.1.2.Hospital e Maternidade São Luiz- Unidade Anália Franco Ficha Técnica: • Escritório: Zanettini Arquitetura • Local: São Paulo, Brasil • Início do projeto: 2003 • Conclusão da obra: 2007 • Área do terreno: 7.950 m² • Área Construída: 43.816 m² • Tipo de obra: Hospital • Tipologia: Saúde • Materiais predominantes: Alumínio, Cerâmica, Concreto e Dywall • Diferenciais Técnicos: Eficiência energética, Eficiência Térmica e Sustentabilidade. • Ambientes e Aplicações: - Fachadas de edifícios/ Recepção/Lounges e salas de espera/ Jardins internos É a terceira unidade da rede São Luiz na cidade de São Paulo. Ocupa uma quadra inteira no bairro de Tatuapé, zona leste de São Paulo.
Figura 07- As fachadas abertas são destinadas às internações que são avarandadas, e os fechados constituem os blocos cirúrgicos e UTI. Foto: Marcelo Scandaroli
Como estratégia projetual, devido ao extenso programa de necessidades do hospital, o arquiteto propôs um sistema de dois blocos independentes que se
unem por passarelas. Dessa forma ele evitaria que o edifício ficasse muito alto ou muito comprido, pois possui 7 andares e dispõe de 180 apartamentos e 279 leitos. O edifício é separado em dois blocos: maternal e geral.
O edifício se destaca logo pela fachada, que é marcada por dois grandes volumes escalonados e um grande vazio no meio formando uma praça, com jardins visíveis dos espaços de estar de cada pavimento. Com espaços internos bem fluidos, o arquiteto teve cuidado em proporcionar iluminação e ventilação naturais, garantindo assim melhora no bem estar dos pacientes e acompanhantes e também no consumo energético.
31
05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS A materialidade e as cores escolhidas, foram para garantir leveza ao edifício, que se configura um grande volume no meio urbano. Esse efeito de leveza também é transmitido BLOCO 01
BLOCO 02
por
causa
da
disposição
dos
volumes,
escalonados em balanço, porém um dos pontos críticos encontrados pelo arquiteto, foi a questão estrutural que foi resolvida da seguinte forma:
Figura 08- Vista lateral do hospital. Foto: Google. – autor desconhecido.
VAZIO
Caixa de escada externa, parte da sustentação do edifício.
Figura 09- Vista Geral – Externa Fonte: Finestra
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Figura 10- Esquema estrutural Fonte: Revista Pini Web
05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Escadas Laterais Escadas Centrais Elevadores
Acesso Principal
Acesso veículos Acesso Emergência (ambulância) Figura 11- Planta Térreo- circulação vertical e acessos. Fonte: Finestra
Neste pavimento, o acesso dos funcionários e dos usuários é feito de forma separada. O dos funcionários é restrito e feito pelas laterais do edifício. No segundo pavimento, estão localizados a enfermagem, chefia da enfermagem, centro obstétrico, apartamentos, sala de
pré- parto, secretaria, estacionamento de macas, farmácia, laboratório e centro cirúrgico. Em todos os pavimentos, os apartamentos ficam concentrados na “beirada” do bloco, para que tenham acesso as aberturas. No pavimento térreo estão concentrados todos os serviços que são acessíveis a todos os usuários: profissionais, pacientes e acompanhantes. Figura 12- Entrada principal do hospital- marquise atirantada. Foto: Gabriel Inamine
33
05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS Os pavimentos superiores são compostos por apartamentos. Um dos grandes diferenciais desse projeto, é que o arquiteto conseguiu garantir ao aos espaços iluminação e ventilação necessária, mesmo com sua presente verticalidade. No átrio central, que gera o grande vazio, a iluminação zenital é dada através de uma claraboia.
.
Figura 13- Panos de vidro vedam os corredores de acesso aos quartos. Foto: Site oficial Zanettini
Figura 16- Corte Transversal Fonte: AU
Figura 15- Quarto Piso- Internação Fonte: Finestra
Quartos Berçário Jardim
34
Estar
Escadas Laterais Escadas Centrais Elevadores
05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Escadas laterais
Figura 18- Vista lateral- pilates de sustentação do edifício e escalonamento. Fonte: Site Oficial Zanettini
Figura 17- Corte transversal com programa Fonte: Finestra
Posto de Enfermagem
Berçario
Figura 19- Maternidade- Interior
Figura 20- Recepção- Interior
Fonte: Site Oficial Zanettini
Fonte: Site Oficial Zanettini
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05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS 5.1.3 Hospital Rede Sarah – Salvador
Ficha Técnica: • Local: Salvador, Brasil • Arquiteto: João Filgueiras Lima- Lelé • Ano: 1994 • Tipo de obra: Hospital • Tipologia: Saúde
• Materiais predominantes: Metal; Aço;
Figura 21- Shed do Hospital da Rede Sarah- Salvador Foto: Nelson Kon
As aberturas dos Sheds estão posicionadas dessa forma, para evitar que os raios solares incidam diretamente no edifício, e ao mesmo tempo permitindo uma boa iluminação natural e também ventilação. O ponto forte desse projeto e da arquitetura de Lele, são os sheds utilizados em praticamente todo o edifício. Um shed metálico curvo, de grandes e
diferentes extensões, sustentados por uma estrutura de aço que repercute na maior dimensão do shed e outra estrutura que é utilizada para fecha-lo quando não necessita de ventilação, ajudando assim na sua sustentação.
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05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS O fechamento interno da abertura é feito por dois módulos verticais de esquadrias: uma veneziana metálica, e uma basculante de vidro. Porém, em certos ambientes, ambos módulos são basculantes de vidro, permitindo que a ventilação seja completamente interrompida, sem que prive o ambiente da iluminação natural.
Módulo basculante de vidro Módulo veneziana metálica Figura 22 – Corredor interno- efeito da iluminação natural, trazendo mais conforto sem incidência direta. Foto: Nelson Kon
Figura 23- Corredor interno- módulos do Shed. Foto: Nelson Kon
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05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS Outra característica importante e marcante deste projeto, é que os ambientes internos estão sempre conectados com o externo, através de um jardim que rodeia todo o edifício. Hora estão conectados pela abertura dos vidros, hora por varandas, mas sempre de alguma forma conectando o interiorexterior.
Figura 24- Jardins externos que rodeiam o edifício Foto: Nelson Kon
O edifício está rodeado por natureza, e além disso o edifício é permeado pela arte. Foram feitos painéis artísticos
multicoloridos de Athos Bulcão. Esses painéis não são somente decorativos, são utilizados como limites do terreno e são feitos de Figura 25- Varandas que fazem a conexão interno-externo Foto: Nelson Kon
38
argamassa armada.
05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Figura 26- Painel de argamassa colorido- Athos Bulcão Foto: Nelson Kon
Figura 27- Iluminação natural e integração exterior Foto: Nelson Kon
Apesar da escala extremamente grande do edifício em leitura, tem uma interessante solução de humanização, iluminação e ventilação natural, assim como integração interior-exterior.
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05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS
5.2 Referências Internacionais
5.2.1 Clínica Bellavista Ficha Técnica • Clínica Oftalmológica Bellavista
• Local: Speicher, Suiça • Arquiteto responsável: Carlos Martinez Architekten • Ano: 2016
Figura 28- Fachada Clínica Bellavista Foto: Petra Rainer
O partido do projeto, focado no patrimônio histórico do local, era fazer com que a clínica se parecesse com uma rocha implantada naquele local, que representasse a estabilidade de épocas anteriores.
O edifício possui uma área de 7.400m². A materialidade foi escolhida, para que tudo remetesse ao partido do projeto. Na parte que se eleva do terreno, foi utilizado o material concreto propositalmente para que sua base, se parecesse como uma rocha que foi solidamente implantada ali. A superfície de concreto de cor escura fortalece o caráter da forma. A grande quantidade de vidros da fachada, está presente para trazer leveza ao projeto e também proporcionar uma boa iluminação natural.
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05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS No interior da clínica, podemos reparar a presente clareza e leveza dos materiais utilizados. Para proporcionar uma iluminação natural, estão presentes as janelas de vidro, nas contém um dispositivo eletrônico, que quando acionado, atenuam a iluminação do ambiente.
Figura 30- Ambiente interno da clínica Foto: Petra Rainer
Figura 29- Vista Fachada Clínica Bellavista Foto: Daniel Ammann
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05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Consultórios Recuperação
Recepção Figura 31- Planta Baixa Térreo Fonte: Archdaily
Circulação Vertical (escadas e elevadores) Administração
Figura 32- Salas superequipadas Foto: Adrien Barakat
Na figura ao lado, em azul, observamos a localização dos muitos apartamentos de luxo presentes na clínica. Se encontram na parte superior do hospital, onde encontramos a mesma linguagem, que conta com uma paleta reduzida de materiais, trazendo assim leveza e forte relação entre interior-exterior. Os banheiros dos apartamentos, como
padrão em arquitetura hospitalar, estão localizados próximo ao corredor e não próximo as janelas, uma vez que é uma
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Quartos
área de pouca permanência do paciente, portanto não
Áreas molhadas
precisa de uma iluminação e ventilação natural, deixando esse
Figura 33- Planta Pavimento Superior
Espera
ponto positivo para o quarto.
Fonte: Archdaily
Circulação Vertical (escadas e elevadores)
05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Podemos observar que os materiais utilizados, o mobiliário é todo de uma leveza marcante, de forma que o principal atrativo do quarto é a vista, que oferece juntamente com o conforto lumínico, uma ótima relação com o exterior que conta com uma paisagem maravilhosa. A foto abaixo, mostra um pouco do ambiente exterior da clínica, um entorno com arborizado, com muito verde, transmitindo sentimento de paz e calma aos pacientes que ali que se recuperam.
Figura 34- Localização dos apartamentos Foto: Petra Rainer
Figura 35 - Interno dos apartamentos
Figura 35 - Interno dos apartamentos
Foto: Adrien Barakat
Foto: Adrien Barakat
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05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS Apesar de possuir uma área muito extensa, a materialidade e leveza deste projeto foi o que mais me chamou atenção e são os elementos que servirão de referência para o meu projeto. A grande presença de vidros, para proporcionar iluminação natural e relação interior-exterior com certeza é um dos pontos mais fortes do projeto.
Figura 37- Concreto utilizado
Figura 38- Materialidade
Foto: Petra Rainer
Foto: Petra Rainer
Na figura acima, notamos a forte presença dos poucos materiais utilizados: concreto aparente, aço e vidro.
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05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS
QUARTOS Serviço CONSULTÓRIOS
ADMINISTRAÇÃO
Administrativo Público
Figura 39- Corte Longitudinal Fonte: Archdaily
Figura 40- Corte Transversal Fonte: Archdaily
Serviço
Circulação vertical
Administrativo Figura 41- Indicação do programa e fachada externa Fonte: Archdaily
Público
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05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS
5.2.2 Centro Kathleen Kilgour Ficha Técnica: • Arquitetos: Wingate + Farquhar Architects • Localização: Tauranga, Nova Zelândia • Arquiteto Encarregado: Blair Farquhar
• Área: 3.000 m² • Ano do projeto: 2014
Figura 42: Fachada Foto: Simon Devitt
O Centro Kathleen Kilgour, é um edifício de 3 pavimentos, que abriga um centro de radioterapia uma pequena cidade na costa leste da Nova Zelândia. Com o total de 3.000m², em um terreno de 1000m². Está localizado dentro do campus do hospital Tauranga. O intuito dos arquitetos era garantir que este
edifício tivesse forte conexão com o tratamento oncológico do edifício adjacente.
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05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Figura 43 – imagem interna Foto: Simon Devitt
Figura 44- Fachada com pele de vidro Foto: Simon Devitt
A iluminação da recepção da clínica é dada através de uma grande pele de vidro, que se estende por grande parte da fachada, e estando presente em todos os pavimentos.
No extremo norte, há uma caixa translúcida facilmente reconhecível que, ao anoitecer, transforma-se em um farol que brilha intensamente para o distrito. É salpicada com duas grandes janelas alinhadas às vistas da paisagem com elementos chave na circulação interior. O objetivo dos arquitetos era dar total ênfase aos pacientes, proporcionando um espaço que fosse confortável, aconchegante e de fácil circulação e que fosse psicologicamente tranquila e acolhedora
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05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Figura 45- Corte Longitudinal Fonte: Archdaily
Com o corte longitudinal, conseguimos entender melhor a estrutura
utilizada pelos arquitetos. No esquema acima, as setas azuis, significam o caminho da água pluvial, uma vez que a clínica é dotada de um sistema de aproveitamento. As setas rosa, demonstrar a circulação da ventilação, que se dá por aberturas na cobertura, mesmas essas, que são responsáveis pela iluminação natural da clínica. São inclinadas em formas de “dentes de serra” propositalmente para melhor ventilação e entrada de luz. Em verde, demonstra uma parede verde que percorre todos os pavimentos.
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Figura 46- Imagem interna- Recepção Foto: Simon Devitt
05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Serviço Administrativo Público Circulação Vertical
Figura 47- Corte Longitudinal Fonte: Archdaily
Figura 48- Corte Transversal- mostrando estacionamento e suítes de tratamentoFoto: Simon Devitt
Figura 49- Cobertura em “dentes de serra” para melhor penetração da luz Foto: Simon Devitt
Nesse corte, podemos ver também, como é resolvido os acessos verticais do edifício. Através de escada e uma caixa de elevador que são localizadas um ao lado da outra. Na figura ao lado, podemos observar que a cobertura é toda em formato de “dentes de serra” para que ocorra uma melhor penetração da luz natural.
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05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS
As suítes de tratamento ficam locadas ao nível do solo, incluindo três "bunkers" de radioterapia com muros de concreto de 1200 mm de espessura e com 450 mm de aço na placa de alinhamento das três máquinas de tratamento. A geometria precisa destes ambientes foi projetada com ajuda de um físico. O peso dos “bunkers” que determinou
que essas suítes deveriam estar localizadas no nível do solo, para não comprometer a estrutura do edifício. O estacionamento para clientes ocupa o segundo nível do edifício. Isso proporciona um fácil acesso tanto às suítes de tratamento, quanto aos consultórios e salas administrativas.
No último pavimento, estão localizados a área de espera e os consultórios, e também a administração. Figura 50- Estacionamento para clientes Foto: Simon Devitt
50
05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Em azul estão localizadas as caixas de elevador e em verde caixa de escadas. 1-
Salas de consultas e exames
2-
Espera e recepção
3-
Lobby
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Sala de funcionários
5-
Escritório aberto
6-
Escritório
7-
Sala de reunião
8-
Banheiros
9-
Workshop
Figura 51- Planta Segundo Pavimento Foto: Simon Devitt
Elevadores Áreas molhadas
Escadas
51
05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Em azul estão localizadas as caixas de elevador e em verde caixa de escadas. 1-
Suítes de tratamento
2-
Controle dos quartos
3-
Lobby
4-
Sala de espera
5-
Sala de impressão
6-
Banheiros
7-
Sala de anotações
8-
Vestiários
9-
Enfermaria
10-
Recuperação
11-
Consultórios Figura 51- Planta Pavimento Térreo Foto: Simon Devitt
Elevadores Áreas molhadas Escadas
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05- REFERÊNCIAS PROJETUAIS Em azul estão localizadas as caixas de elevador e em verde caixa de escadas. 1-
Estacionamento
2-
Faixa de pedestres
3-
Lobby
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Entrada de veículos
Figura 52- Planta Primeiro Pavimento Foto: Simon Devitt
Elevadores Escadas
Foram retirados das leituras, como principais pontos de projeto: - Integração interior x exterior; -
grandes panos de vidro para trazer melhor iluminação natural;
Figura 53- Sala de espera consultórios- 3º Pavimento Foto: Simon Devitt
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LEITURA DO ENTORNO E ÁREA DE ESTUDO
06- LEITURA DO ENTORNO E ÁREA DE ESTUDO
Ribeirão Preto é um município brasileiro no interior do estado de São Paulo, região sudeste do país. A cidade está localizada a noroeste da capital do Estado de São Paulo, está à 315 Km distante da mesma. Ocupa uma área de 650,916 km², sendo que 127,309 km² estão em perímetro urbano. É a cidade sede da Região Metropolitana de Ribeirão Preto (RMRP) e está entre os 30 maiores municípios brasileiros.
Figura 54- Localização de Ribeirão Preto no estado de São Paulo Fonte: SaoPaulo MesoMicroMunicip.svg
Além da importância econômica, o município de Ribeirão Preto é relevante centro de saúde, educação, pesquisas, turismo, negócios e
cultura. Uma das principais é a saúde. A população das cidades localizadas no entorno de Ribeirão Preto, fazem grande uso dos hospitais e clínicas do município para suprir as necessidades, que não encontram em sua própria cidade. Figura 55- Principais Rodovias de Acesso à Ribeirão Preto
Fonte: Plano Diretor USP Ribeirão Preto
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06- LEITURA DO ENTORNO E ÁREA DE ESTUDO
6.1. Localização A proposta do projeto de arquitetura de Hospital-Dia, é no município de Ribeirão Preto, região Oeste, mais precisamente, dentro do Campus da USP, localizado na Av. dos Bandeirantes, 3900, Bairro Monte Alegre (entrada B).
Figura 56- Foto Aérea- Centro- Campus USP Fonte: Google Earth
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1-Centro 2-Campus USP
Figura 57- Foto Aérea- Recorte área escolhida Fonte: Google Earth
06- LEITURA DO ENTORNO E ÁREA DE ESTUDO
6.2. Terreno e Lote De acordo com o Plano Diretor da USP- Ribeirão Preto, existe uma grande área para expansão e sendo
assim os eixos norte e sul foram os que mais cresceram nos últimos anos. A escolha do terreno foi pensada de forma que o Hospital-Dia ficasse localizado próximo ao Hospital das Clínicas, sendo esse o hospital de retaguarda em casos de emergência. O terreno fica localizado ao no eixo norte, ao lado do novo conjunto de moradias da USP, a Vila Estudantil; do restaurante conhecido como Bandejão e dos bancos Santander, Bradesco e Banco do Brasil. O terreno fica compreendido entra as seguintes ruas e avenidas: Tenente Capitão Roxo, Professor Hélio
Lourenço, Av. Governador Lucas Garcês e Av. Luigi Rosiello. Os bairros que fazem divisa com a área são: Parque Cidade Universitária e Monte Alegre.
Figura 58- Foto Aérea- Campus USP Fonte: Google Earth
Legenda: 1- Quadra do lote 2- HC 3-Bancos e Vila estudantil
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Figura 59- Localização Terreno e Ruas Fonte mapa: Google Mapas Fotos: Lais Lacerda Rodrigues
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Figura 60- Mapa Levantamento- Topografia Terreno Fonte: Mapa de curvas de nível - prefeitura Ribeirão Preto
06- LEITURA DO ENTORNO E ÁREA DE ESTUDO 6.3. Legislação De acordo com a Lei Complementar, 2505 de 17 de Janeiro de 2012, que discorre sobre o Parcelamento, Uso e Ocupação do solo no município de Ribeirão Preto, determina que a área escolhida para a implantação do projeto, de acordo com o capítulo II Divisão Territorial e da Seção I do Macrozoneamento,
trata-se de uma ZUP (Zona de Urbanização Preferencial), composta por áreas dotadas de infraestrutura e condições geomorfológicas propícias para urbanização, nos quais são permitidas densidades demográficas médias e altas. 6.3.1. Taxa de Ocupação, Coeficiente de aproveitamento do solo e Área Permeável Segundo o Art. 47 da Lei citada acima, a taxa de ocupação máxima do solo para edificações residenciais será de 75% (setenta e cinco por cento) e para as edificações não residenciais e mistas será de 80% (oitenta por cento), exceto nos parcelamentos que tiverem restrições maiores registradas em cartório, as quais prevalecerão os recuos e a taxa de solo natural desta lei. Já o Coeficiente de Aproveitamento Máximo, segundo o Art. 49, I- na ZUC e ZUP será de até 5 (cinco) vezes a área do terreno. Ao tratar-se da Área Permeável o Art. 53 descreve que: I- na ZUP (Zona de Urbanização Preferencial) e na ZUR (Zona de Urbanização Restrita): a)
5% (cinco por cento) para lotes até 400 (quatrocentos) metros quadrados;
b)
10% (dez por cento) para lotes com área acima de 400 (quatrocentos) metros quadrados;
c)
15% (quinze por cento) para lotes com área maior que 1000 (mil) metros quadrados.
6.3.2. Normas e Diretrizes Gerais da USP A USP possui suas próprias normas e não segue a legislação da cidade. Essas normas são estabelecidas pela Superintendência do Espaço Físico da Universidade de São Paulo (SEF) e são obrigatórias para implantação de edificações dentro do Campus. I-
RECUOS- os seguintes recuos mínimos devem ser respeitados:
- em relação as vias principais de tráfego de veículos, deverá ser considerado o mínimo de 15 metros até o edifício;
- em relação às vias locais, deverá ser considerado o mínimo de 10 metros até o edifício; - em relação ao estacionamento, deverá ser considerado recuo mínimo de 5 metros até o edifício; - para conjuntos arquitetônicos deverá ser considerado um espaço livre frontal dado pela expressão: f > ou = 3h; sendo f= recuo frontal h= altura do edifício. Portanto o recuo tem que ser maior ou igual ao valor que seja equivalente à 3vezes a altura do edifício.
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06- LEITURA DO ENTORNO E ÁREA DE ESTUDO
6.4. Levantamento do Entorno 6.4.1. Uso do Solo O uso do solo predominante na área de estudo,
fora do campus da USP, é predominantemente residencial. Com alguns pontos de comércio e serviço. Quanto a tipologia, no bairro Monte Alegre, que é um bairro mais antigo, o padrão das habitações segue pela mesma linguagem, abrigando assim habitações mais antigas. Já no Pq. Residencial Cidade universitária por se tratar de um bairro mais novo, ainda há grande número de terrenos vazios e o padrão das habitações é mais novo. As áreas verdes existentes são as praças espalhadas pelos bairros, canteiros centrais de avenidas e rotatórias.
Legenda: comércio residencial institucional serviço vazios área verde Figura 61- Mapa Levantamento- Uso do Solo Fonte: Levantamento da autora
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06- LEITURA DO ENTORNO E ÁREA DE ESTUDO
6.4.2. Ocupação do Solo 6.4.2.1. Gabarito De acordo com a Legislação Municipal, o gabarito no entorno da área escolhida é de até dez metros de altura para todas as edificações. Dessa forma, podemos notar a predominância de gabarito térreo, em poucos lotes gabaritos com a presença de 2 e 3 pavimentos. Como ponto positivo para a qualidade de vida local, podemos destacar uma boa ventilação e insolação para as edificações. Legenda: térreo 1 pavimento 2 pavimentos 3 pavimentos ou mais
Figura 62- Mapa Levantamento- Gabarito Fonte: Levantamento da autora
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06- LEITURA DO ENTORNO E ÁREA DE ESTUDO
PQ. CIDADE UNIVERSITÁRIA
6.4.2.2. Figura Fundo Pelo mapa do levantamento, podemos ver a diferença de adensamento nos dois bairros. O bairro Monte Alegre, por se tratar de um bairro mais antigo, tem maior número de lotes edificados. O bairro Pq. Residencial Cidade Universitária, por se tratar de um bairro mais novo, possui muitos lotes ainda vazios, e os que estão edificados podemos ver maior recuo frontal, lateral e nos fundos, diferente do que acontece no bairro Monte Alegre. Legenda: lote edificado lote vazio
Figura 63- Mapa Levantamento- Figura Fundo Fonte: Levantamento da autora
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MONTE ALEGRE
06- LEITURA DO ENTORNO E ÁREA DE ESTUDO
6.4.3. Equipamentos Urbanos No entorno imediato da área escolhida (raio de 500m) encontramos apenas a Clínica Civil da USP. Aumentando o raio do
entorno
para
1km,
podemos
identificar
outros
equipamentos, como escolas municipais, estaduais de ensino superior
e
infantil,
IML/SVOI,
Hemocentro,
Escola
de
Enfermagem e também o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, localizado dentro do Campus da USP.
Legenda: EM- Escola Municipal EE- Escola Estadual H- Hospital 1- Clínica Figura 64- Mapa Levantamento- Equipamentos Urbanos Fonte: Levantamento da autora
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06- LEITURA DO ENTORNO E ÁREA DE ESTUDO
6.4.4. Hierarquia Viária A composição de vias presentes na área de implantação do projeto, demonstra a variedade de acessos dos meios de transporte dentro do território
urbano. Estas são classificadas segundo o Plano Diretor de Ribeirão Preto, através das seguintes especificações: 1.
Vias Arteriais: são destinadas a interligação dos diversos subsetores que compõe a cidade, permitindo rápido deslocamento entre os mesmos e junto
às quais deverão estar localizados futuros sistemas de transporte coletivos de alta capacidade, cujo dimensionamento serão determinados na lei do Plano Viário. Destaque na área: Av. do Café e Av. dos Bandeirantes. 2.
Vias Principais: delimitam os subcentros, fazendo interligação entre os mesmos. São destinadas à circulação geral para velocidade média. Destaque na
área: Av. Governador Lucas Nogueira Garcês e Av. Luigi Rosiello. 3.
Vias Secundárias: são as vias de distribuição e coletoras, e são destinadas a circulação local, representadas pelas vias que distribuem e coletam os
fluxos. Destaque na área: Rua Tenente Capitão Roxo e ruas internas dos bairros, próximo ao terreno da implantação. Analisando as vias próximas a área de implantação do projeto, nas vias Arteriais: Av. do Café e Av. dos Bandeirantes, que são responsáveis pelo escoamento da população dos bairros localizados próximos a área de implantação, e tem como destino principal o Centro da cidade, e acesso ao Campus da USP. Possuem um fluxo alto e rápido (principalmente na Av. dos Bandeirantes) de veículos transitando dia e noite.
Vias com fluxo moderado, podemos destacas a Av. Gov. Lucas Nogueira Garcês e Ten. Capitão Roxo, apresentando um fluxo intenso apenas em horários de pico. Já as vias do entrono do terreno, são as ruas locais, que estão localizadas dentro dos bairros, com fluxo baixo de veículos, pois a maioria são para acesso às residências.
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TERRENO ESCOLHIDO
Figura 65- Mapa Hierarquia Viária Física Fonte: Plano Viário de Ribeirão Preto- 2006
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06- LEITURA DO ENTORNO E ÁREA DE ESTUDO 6.4.5. Mobiliário Urbano A área conta com um grande número de pontos de ônibus, o que é um ponto positivo, pois significa que a área é de fácil acesso, e também
muitas linhas de ônibus passam pelo local, como veremos abaixo através do diagrama das linhas de Ribeirão Preto. Zoom área de implantação:
Diagrama:
Legenda: Ponto de ônibus
Figura 67- Mapa Mobiliário Urbano
Legenda:
Fonte: Levantamento da autora
Figura 66- Diagrama da Rede RITMO
Fonte: Site Ritmo – Rede Integrada do Transporte Municipal por Ônibus
Como podemos observar no diagrama acima, grande parte das linhas de ônibus de Ribeirão Preto (estruturais e perimetras) passam pela área de implantação ou bem próximo. Para a implantação de um Hospital, esse é um dado de suma
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importância, uma vez que o acesso deve ser fácil e para todos.
Tipos de ponto de ônibus existentes no entorno.
Fotos: Lais Lacerda Rodrigues
PROGRAMA DE NECESSIDADES
07- PROGRAMA DE NECESSIDADES
Para o planejamento do programa de necessidades, e posterior projeto de arquitetura, é preciso observar as normas que regularizam esse tipo de edifício. Dentre elas temos: - RDC nº50, de 21 de Fevereiro de 2012 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária –ANVISA dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde de todo o país; assim como as áreas a serem ampliadas de estabelecimentos assistenciais de saúde já existentes. Todos os EAS (Estabelecimentos Assistenciais de Saúde) deverão ser elaborados conforme as disposições dessa norma.
- A Resolução SS-002, de 6 de janeiro de 2006, é uma norma técnica que disciplina as exigências para o funcionamento dos estabelecimentos que realizam procedimentos médico-cirúrgicos de curta permanência institucional no âmbito do Estado de São Paulo, aplicando-se a pessoas físicas e jurídicas, de direito privado e público. Além de classificar os estabelecimentos que realizam procedimentos médico-cirúrgicos ambulatoriais e aqueles cuja permanência institucional seja inferior a 60 (sessenta) horas de internação, segundo a complexidade e riscos dos procedimentos. Segundo esta Norma Técnica, são considerados estabelecimentos que realizam procedimentos médico-cirúrgico-ambulatoriais ou de curta permanência:
- consultório médico; - centro de saúde; - unidade básica de saúde; - ambulatório isolado; - clínica; - posto de assistência médica; - instituto; - hospital, e outros que executem os procedimentos médico-cirúrgicos propostos pela Tabela de Procedimentos do SIA e SIH / SUS e outros.
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07- PROGRAMA DE NECESSIDADES - A norma brasileira ABNT NBR 9050 regimentará sobre acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Essa Norma estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados do projeto como construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade. Visa proporcionar à maior quantidade possível de pessoas, independentemente de idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção, a utilização de maneira autônoma e segura do ambiente, edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos.
Todos os espaços, edificações, mobiliário e equipamentos urbanos que vierem a ser projetados, construídos, montados ou implantados, bem como as reformas e ampliações de edificações e equipamentos urbanos, devem atender ao disposto nessa Norma para serem considerados acessíveis. Programa: ENFERMAGEM:
CENTRO CIRURGICO
QUANTIDADE
- Sala de preparo paciente
01
- Sala de enfermagem e serviços
02
CONSULTÓRIOS: - 01 para cada especialidade - DIAGNOSTICO- IMAGEM: - - Raio X
01
- - Ultrassom
02
- - Sala de Recuperação pós-anestésica
01
LEITOS DE INTERNAÇÃO: - - Quartos de internação individual com banheiro 06 - - Quartos de internação dois leitos com banheiro 06 - -Utilidade
01
- -DML
01
- -Guarda de equipamentos
01
QUANTIDADE
- Salas de cirurgia
04
- Sala de guarda e preparo de anestésicos
01
- Sala de recuperação pós- anestésica
01
- Farmácia
01
-Vestiário de Barreira
02
-DML
01
-Utilidade
01
-Recepção do paciente
01
-Posto de enfermagem
01
-Conforto médico
01
- Colonoscopia e Endoscopia
01
NUTRIÇÃO E DIETÉTICA - Copa
01
-Copa de distribuição
01
69
07- PROGRAMA DE NECESSIDADES
Programa: CENTRAL DE MATERIAL ESTERELIZADO
LIMPEZA E ZELADORIA
- Sala para recepção e estoque
01
- Depósito de material de limpeza
01
- Sala para esterilização
01
- Chegada de roupas limpas
01
- Sala para separação material sujo
01
- Saída de roupas sujas
01
-Estoque
01
- Resíduos
01
-àrea para desinfecção química
01
- Gases
01
- Vestiários de barreira
01
- Gerador
01
-DML
-Abrigo de resíduos
01
APOIO ADMINISTRATIVO
ÁREA SERVIÇO
- Sala direção
01
-Vestiário funcionários
02
- Sala reuniões
01
- Descanso funcionários
01
- Sala administrativa
01
LAZER E DESCANSO
- Recepção- atendimento ao público
01
- Cafeteria
01
- Sala de espera e estar
02
- Área de estar e descanso para usuários
01
-Sanitário PNE
02
- Quarto plantão para funcionários
02
- Sanitários
06
CENTRAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
70
- Almoxarifado
01
-
Farmácia
01
-
Sala para guarda de macas
01
MEMORIAL
MEMORIAL
O Hospital Dia, tem como partido projetual, um conceito de desospitalização, juntamente com a humanização do ambiente hospitalar, onde os usuários, os acompanhantes e os funcionários não sintam a frieza e impessoalidade do ambiente habitual de um hospital, trazendo assim maior conforto e comodidade para todos os que frequentarem o local. No projeto, resolvi aproveitar o terreno e investir em grande área verde, esta que cerca o hospital, e através de sua materialidade gera grande integração visual com a natureza presente ao redor, criada justamente com esse intuito, sendo assim o ponto principal do projeto. Separado em blocos, o edifício faz movimento com essa natureza presente no local, além de fisicamente estar projetado para que os pacientes sejam facilmente direcionados àquilo que estão destinados a fazer no hospital. Os três grandes blocos, separam de acordo com as funções o edifício. O edifício conta com um café, localizado em meio a área verde do hospital.
Os acessos são feitos por duas entradas. São duas portarias interligadas, de forma que posso entrar por uma e sair pela outra. Uma tem acesso próximo ao edifício de serviço, onde é feita toda carga e descarga, acesso de ambulância e funcionários. A outra, é a portaria principal que tem estacionamento próximo ao café e ao bloco da recepção principal. A materialidade escolhida para o projeto, foi uma combinação de cinza e cobre. As paredes externas, serão todas em concreto aparente, com grandes panos de vidro, com película nano cerâmica que rejeita 50% da energia solar e transmite 70% de luz visível, trazendo assim iluminação natural para o
ambiente e integração com o exterior. Esse panos de vidro estão localizados em locais onde a permanência é maior, e não necessitam de privacidade (como é o caso das recepções e salas de espera). As paredes internas serão todas de drywall para maior flexibilidade projetual. Em algumas partes do edifício, será utilizado um brise metálico móvel para vedação solar e também suavização de repetidas pequenas aberturas na fachada. A estrutura é feita através de vigas e pilares de concreto. Os prédio são interligados através de uma marquise, que oferece abrigo de cobertura ao passar de um edifício a outro. Dois dos edifícios são térreos, e o bloco do centro cirúrgico e internação que tem dois pavimentos, tem sua circulação vertical feita através de escadas e elevadores. Sendo um elevador social e um de serviço com uso restrito de funcionários. Toda a parte de lavanderia, esterilização de materiais e alimentos do hospital será terceirizada.
72
PROJETO
PERSPECTIVAS FACHADA
74
PERSPECTIVAS VISTA LATERAL
ESTACIONAMENTO
75
PERSPECTIVAS VISTA CAFÉ
76
PERSPECTIVAS RECEPÇÃO PRINCIPAL
77
PERSPECTIVAS ESPERA CONSULTÓRIOS/ DIAGNÓSTICO IMAGEM/ INTERNAÇÃO
CONSULTÓRIOS
78
PERSPECTIVAS QUARTO INTERNAÇÃO
79
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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