ME LHO RE.
Pequeno manual da propaganda diversa Foto: Peter Hershey | Unsplash
Oi, colega Este é o “Melhore: o pequeno manual da propaganda diversa”, um singelo material para esclarecer algumas dúvidas sobre o universo da diversidade de gênero, melhorar a qualidade dos nossos processos criativos e, consequentemente, das nossas campanhas publicitárias.
Vale lembrar que não basta estar afiado na cartilha LGBTQ. As agências, incluindo a nossa, devem estar abertas para receber profissionais diversos, briefings complexos, bancos de imagens com diferentes padrões e multiplicidade de pessoas nos nossos brainstorms. Assim, a gente voa mais alto e mais colorido!
Empatia começa com informação. Por isso, para comemorar o Dia do Orgulho LGBTQ, os colaboradores Gabriel Braga, Sosti Reis e Gustavo César elaboraram este guia, com nossas principais dúvidas. Um material para estar sempre à mão, na área de trabalho ou para quando surgir aquela duvidazinha no dia a dia das nossas agências.
Este pequeno manual é apenas o primeiro passo. Não temos a pretensão de dar conta de todos os termos que se referem à diversidade de gênero, mas é importante começar por algum lugar, para depois alçar novos voos. Vamos juntos?
GLOSSÁRIO
O que é
DIVERSIDADE?
Diversidade é a possibilidade de existência no planeta onde vivemos, com a infinidade de pessoas, gostos, gestos e expressões que o habitam. Diversidade é isso. Diversidade é baseada também em respeito. E o primeiro passo para o respeito é a INFORMAÇÃO.
O que é
SEXO BIOLÓGICO? Sexo biológico diz respeito aos órgãos e hormônios com que nascemos e/ou produzimos no corpo (homem, mulher, intersex). Isso não necessariamente diz respeito ao que somos. A ciência não dá conta da diversidade das pessoas e sempre procurou enquadrar todos em caixinhas. O fato é que a definição de homem e mulher (binarismo) já não nos cabe mais.
O que é
GÊNERO?
Gênero é uma construção social e cultural associada ao sexo biológico. É o que a sociedade espera do que é ser homem ou ser mulher. A gente é o que a gente quiser!
O que é
IDENTIDADE DE GÊNERO? Diz respeito a como cada pessoa se vê/identifica - como mulher, homem, queer, gênero fluido (gênero em trânsito, podendo ser feminino, masculino ou nenhum dos dois) e nãobinário. A pessoa cis é aquela que reivindica ter o mesmo gênero com o qual foi designada ao nascer. Já a pessoa trans é aquela que se reivindica um gênero diferente do que lhe designaram no nascimento.
O que é
EXPRESSÃO DE GÊNERO? Expressão de gênero ou performance de gênero é como mostramos ao mundo nossa identidade: nosso modo de ser, agir, vestir em relação aos estereótipos relacionados a cada gênero. Durante toda a vida nos ensinaram o que é ser homem e mulher, mas nunca nos perguntaram como gostaríamos de nos expressar.
O que é
ORIENTAÇÃO SEXUAL? Orientação sexual diz respeito ao tipo de pessoa que nos atrai sexualmente e/ou afetivamente. Quem sente atração por alguma pessoa de mesma identidade de gênero, tem orientação homossexual. Quem se atrai por uma pessoa com identidade de gênero diferente da sua, é heterosexual. Se a atração for por
pessoas de ambas identidades de gênero é bissexual. Agora, se a pessoa não sente atração sexual e/ou afetiva por ninguém, dizemos que é assexual. E não podemos esquecer das pessoas que sentem atração por indivíduos de todas as identidades de gênero, por isso as classificamos como pansexuais.
O que é
BINARISMO? Binarismo de gênero é a falsa ideia de que todos os indivíduos devem ser classificados como homens ou mulheres. Esse pensamento seguiu como verdadeiro por muitos anos, mas graças aos estudos de gênero e sociedade, percebeu-se que há uma infinidade muito maior de identidades.
BINARISM IS FOR COMPUTERS.
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O que é
QUEER? Queer (do inglês “estranho / esquisito”) surgiu como um termo pejorativo para designar os homossexuais nos Estados Unidos. Os próprios LGBTQs se apropriaram do termo e elevaram o verbete para um aspecto positivo. Hoje, o termo é usado para designar pessoas que questionam o binarismo e se expressam com elementos tidos como “femininos”, “masculinos” ou “nenhum dos dois”.
Foto: Igor Estulano
O que são
FOBIAS DE GÊNERO? Fobias de gênero são agressões/aversões/ violências físicas ou verbais contra indivíduos de identidades de gênero ou orientação sexual fora do binarismo (homem e mulher) e heteronormatividade. Transfobia ocorre quando pessoas trans são agredidas. Quando homossexuais são
agredidos, chamamos de homofobia. No caso de violência contra mulheres lésbicas, chamamos de lesbofobia. Bifobia é a agressão sofrida por bissexuais. Essas são as principais fobias de gênero.
O QUE DEU CERTO:
Em 2005, a Unimed Blumenau apresentou o plano “para todo tipo de família”. Um casal de gays estampava peças offline. A campanha foi criada pela agência TAG.
https://revistaladoa.com.br/2006/09/noticias/unimed-elege-campanha-para-publico-gay-melhor-2005/
Em 2015, para o Dia do Beijo, a Sonho de Valsa lançou a campanha “Pense Menos, Ame Mais”, com um texto lindo e que movimentou a internet com a hashtag da ação.
https://www.youtube.com/watch?v=HYWyzYJhQyk
Ainda em 2015, a Boticário promoveu a linha com sete fragâncias do perfume Egeo em um vídeo incrível, que causou grande burburinho na época. Um casal de homens e outro de mulheres estão no comercial. A campanha é assinada pela AlmaBBDO.
https://www.youtube.com/watch?time_continue=30&v=p4b8BMnolDI
A Lola Cosmetics escolheu a ativista Maria Clara AraĂşjo para estampar campanhas e ser sua influenciadora digital. Ela se tornou a primeira mulher trans/travesti brasileira a ser o rosto de uma marca de uma maquiagem.
Em 2016, na campanha de Dia dos Pais da C&A, uma menina abraça um casal de pais durante o comercial. No vídeo, diferentes tipos de pais marcam presença, valorizando a diversidade.
https://www.youtube.com/watch?v=59Sgo7t3waQ
ERROS COMUNS
FORMAS CORRETAS
• Traveco: é pejorativo
• Travesti ou mulher trans
• Homossexualismo: (o movimento LGBTQ entende que, neste caso,
• Homossexualidade
o sufixo “ismo” está impregnado por uma conotação médica, de doença)
• A travesti foi vítima de transfobia
• O travesti foi vítima de homofobia
• Orientação sexual
• Preferência sexual / Escolha sexual / Opção sexual
“COMO VOCÊ PREFERE QUE EU TE CHAME?” Artigo A - para falar com mulheres trans, travestis e mulheres cis. Artigo O - para falar com homens trans, homens cis. E ou X - para falar com pessoas de gêneros não-binários. Na dúvida, pergunte! Se não tem certeza de qual pronome usar para alguém, pergunte à pessoa como ela prefere ser chamada. Simples assim. Respeite sempre o nome social das pessoas trans e nunca pergunte “qual o seu nome ‘verdadeiro’?”. Isso é indelicado e só causa um constrangimento desnecessário. Respeito é sempre fundamental! ;)
“É DRAG OU TRANS?”
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DRAG QUEEN Drag queen é um homem cis que se expressa artisticamente com símbolos do universo “feminino”. Exemplos: Pabllo Vittar, RuPaul. (Existem também mulheres cis que se expressam artisticamente com símbolos do universo “masculino”, e são chamadas de drag kings)
MULHER TRANS
Mulher trans é uma pessoa que se identifica com o gênero feminino, embora no nascimento tenha sido designada como do gênero masculino. Exemplos: Roberta Close, Laerte, Linn da Quebrada.
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DRAG DIZ RESPEITO AO QUE VOCÊ FAZ (É UMA PERFORMANCE ARTÍSTICA),
TRANS DIZ RESPEITO AO QUE VOCÊ É (É SUA IDENTIDADE).
Foto: Benjamin Huseby
“ TRANS É UMA PESSOA QUE NASCEU ‘NO CORPO ERRADO’?”
Não existem “corpos errados”: cada pessoa nasce com sua biologia própria. As pessoas trans não se identificam com o gênero que lhes foi designado ao nascer, mas isso não significa que necessariamente estejam insatisfeitas com seus corpos de nascimento. Elas podem ou não querer se submeter a intervenções cirúrgicas que lhes modifiquem o corpo, mas isso é mais uma forma
de expressão de gênero, não é o que define sua identidade. Bom lembrar também que modificações corporais não são exclusividade de pessoas trans, isso faz parte da cultura humana há muito tempo: veja quanta gente gente pinta os cabelos, faz tatuagens e piercings, aumenta ou diminui os seios. Isso não torna ninguém menos “normal” que os outros.
COMO SER UMA ALIADA OU ALIADO?
Aliado é uma pessoa que fortalece o movimento LGBTQ e não necessariamente é um LGBTQ. Esse material é o primeiro passo para vermos nossos públicos com um olhar mais diverso. Nós, da Lápis Raro, estamos em construção e nos colocamos no mesmo lugar que os demais colegas de profissão. Afinal, todos estamos aqui para aprender! Na dúvida? Pergunte, informe-se, tire dúvidas, faça amigos e seja um aliado. :)
VAMOS JUNTOS?
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QUER SABER MAIS ? Para ler: http://casadamaejoanna.com/eu-sou-intersexo/ https://www.instagram.com/p/BejG3Y7gRFa/?hl=pt-br&taken-by=jonasmariaa https://think-olga.s3.amazonaws.com/pdf/LGBT.pdf https://docgo.net/philosophy-of-money.html?utm_source=para-desaprender-o-queerdos-tropicos-desmontando-a-caravela-queer-ssex-bbox http://www.naomekahlo.com/single-post/2015/04/18/Cis-Trans-Travesti-o-que-significa Para assistir: https://www.youtube.com/watch?v=mLowZu61eCo https://www.youtube.com/watch?v=C0vzorTTHgw https://www.facebook.com/quebrandootabu/videos/1953219671401077/ https://www.facebook.com/MyTransLife/videos/164889654214102 https://www.youtube.com/channel/UCltspcCSKhWI19wO28rffQw https://www.instagram.com/afrotranscendente/ https://www.netflix.com/br/title/80189623
FICHA TÉCNICA Concepção: Cristina Cortez, Gabriela Silva, Gabriel Braga, Gustavo César, Juliana Sampaio, Márcia Lima, Saulo Guarise e Sosti Reis. Design: Gabriel Braga. Conteúdo: Gustavo César, Juliana Sampaio e Sosti Reis. Direção de Criação: Cristina Cortez e Márcia Lima
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