(IN)SÓLIDA
proposta para um albergue noturno e habitações temporárias transformáveis
atelier de projeto 2A | prof. José Fernando Gonçalves | Lara de Barros Ramos Reis
atelier de projeto 2A | prof. José Fernando Gonçalves | Lara de Barros Ramos Reis
SUMÁRIO 03proposta urbanística: trabalho em grupo 1º SEM. | 2020/2021
09proposta idividual 2º SEM. | 2020/2021
público-alvo 11 conceito 13 complexo edificado 15 lavanderia + habitações temporárias 21 centro de estudo e coworking 23 oficinas 25
27desenvolvimento construtivo da proposta para albergue noturno + habitações temporárias + cafeteria 1º SEM. | 2021/2022
54considerações finais
PROPOSTA URBANÍSTICA 1º SEM. | 2020/2021 Equipe: Ana Morena Pinho, Charlotte Robic, Frederico Ribeiro e Lara Reis
O projeto urbanístico de grupo elaborado para as Fontainhas, no Porto, partiu da interpretação de que o local, mesmo localizando-se em um local privilegiado da cidade, perto do centro histórico e à margem do Rio Douro, se encontra desconexo, tendo sido historicamente marginalizado no desenvolvimento urbano. Assim, o projeto tem como premissa central:
(RE)CONECTAR AS FONTAINHAS: com o rio com o centro com ela mesma
04
plano geral de intervenção
Para efetivar as (re)conexões pretendidas, foram propostas a realização de intervenções na encosta com ligações mecânicas entre a cota alta e a cota baixa. Ademais, foram propostas intervenções em 3 nós centrais, avaliados pelo grupo como possuidores de um grande potencial para estimular a atratividade e revitalização da área, bem como foram projetadas as conexões entre os nós, de modo a estabelecer uma rede motora de um desenvolvimento sustentável.
nós centrais de intervenção conexões centrais de intervenção intervenções secundárias intervenções na encosta
06
16
3
1 - parque público 2 - centro cívico e cultural e/ou banhos públicos e/ou CNAIM 3 - albergue noturno 4 - antiga fábrica de cerâmica do carvalhinho 5 - estações de trem de baixa velocidade 6 - antigo lavadouro 7 - conexões mecânicas 8 - caminho pedonal 9 - pocket parques 10 - rua compartilhada 11 - habitação coletiva 12 - edifício comercial ou de serviço 13 - mercado 14 - praça 15 - caminho pedonal (ponte maria pia) 16 - praça da alegria
2
1
2
6
5 4
9
9 12 7
11 10 8
12
14 13
7
7 5
15
7
PROPOSTA INDIVIDUAL 2º SEM. | 2020/2021
O complexo proposto visa auxiliar a integração social de parcelas da populção usualmente marginalizadas, como sem-teto e refugiados, através do auxílio nas diversas esferas da vida. Assim, engloba programas que dão suporte tanto às atividades básicas do cotidiano, como à socialização e à inserção no mercado de trabalho.
(IN)SÓLIDA: proposta para um albergue noturno e habitações temporárias transformáveis
+ oficinas + centro de estudo e coworking + cafeteria + lavanderia
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REFUGIADOS EM PORTUGAL
SEM-TETO EM PORTUGAL
dados obtidos no data browser da Eurostat
dados obtidos no site da ENIPSSA
>64 35-64 gênero binário
Conselhos com mais pessoas sem-teto (2019)
<14 14-17
18-34
Maiores origens de pedidos de asilo (2019) 305 175 155
465
idade
Gambia Guinea-Bissau
Angola
Ílhavo
277 185
Porto
Proveniência e gênero das pessoas sem-teto na região norte (2019) 47% são do município atual 24% são de outro município do país 3,5% são de PALOPs 3% são de outros países da UE
gênero binário
Lisboa
PÚBLICO-ALVO Apesar do público-alvo ser refugiados e sem-teto, por não acreditar que faça sentido isolar uma parcela da populção que usualmente já é marginalizada, o projeto visa abranger um público mais amplo para além deste.
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CONCEITO Para uma melhor adaptação da arquitetura à heterogeneidade do público-alvo e do demais público que pretende-se que frequente o complexo, alguns dos espaços, especialmente as células de habitação e pernoite, adotam uma configuração flexível. Deste modo, a arquitetura se adequa às necessidades específicas de cada usuário, contribuindo com percepção de combatibilização entre o indivíduo e o espaço onde se encontra.
decisão
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produto tangível
produto tangível
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1. Processo de design convencional
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(esquematizado arquiteto
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Teoria
da
Comunicação Shannon-Weaver) 2. Processo de design convencional com futuro usuário indefinido
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3. Processo de design proposto para o projeto
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COMPLEXO EDIFICADO
lavanderia de auto-serviço + habitações temporárias
albergue noturno + habitações temporárias + cafeteria
centro de estudo e coworking
oficinas
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A
planta de rés-do-chão do complexo edificado
corte A
A
20
LAVANDERIA + HABITAÇÕES TEMPORÁRIAS A proposta da lavanderia e das habitações temporárias, por mais que sejam apresentados em conjunto, tratam-se de dois edifícios distintos: as habitações são reabilitações de casas projetadas no projeto do Bairro SAAL de São Vitor que nunca chegaram a ser utilizadas. Toda a base compositiva e estrutural
corte I
destas é mantida, adicionando-se apenas divisórias móveis que permitam alterações tipológicas, tal como ocorre no edifício central. Quanto à lavanderia, trata-se de um edifício de raiz, traçado de forma a arrematar a esquina e melhor delimitar o pátio das habitações.
I
I
J
J
planta do piso 0
corte J
22
CENTRO DE ESTUDO E COWORKING O centro de estudo e coworking, trata-se de um edifício de raiz, mas que é limitado devido à geometria comprida e estreita do terreno. Assim, os acessos verticais e as instalações são situadas ao centro, permitindo que as salas de
corte H
estudo/trabalho tenham sempre abertura para a rua ou para o pátio traseiro. Ademais, a composição volumétrica e do alçado leste são determinados a partir de regras estabelecidas pelos edifícios vizinhos.
H
H
H planta do piso 0
planta do piso 2
H planta do piso 1
H
H
H
H planta de cobertura
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OFICINAS O projeto para as oficinas trata-se da reabilitação de uma antiga fábrica. Desta forma, a proposta visa dar um segmento linear à história do edifício, incorporando aspectos da ruína,
corte G
como a marcação da memória da parcela do telhado que caiu a partir do estabelecimento de um pátio interior. Além disso, ambiciona reativar o antigo forno, que pasará a compor a oficina de cerâmica.
G
G
planta do piso 0 G
planta do piso 1
G
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ALBERGUE NOTURNO + HABITAÇÕES TEMPORÁRIAS + CAFETERIA circulação vertical
circulação horizontal
circulação vertical
O edifício do albergue noturno, habitações temporárias e cafeteria ocupa posição central no complexo proposto e foi o alvo de estudo do presente semestre, no qual o objetivo principal era o de trabalhar aspectos referentes à tectónica e à solução construtiva. Para além dos programas citados, é composto por um refeitório, cozinhas compartilhadas e uma série de salas polivalentes que se abrem para as plataformas do
edifício à frente: o Bairro SAAL de São Vitor, estendidas e redesenhadas de formas a configurarem um espaço público entre os dois volumes. Em oposição à parcela do rés-do-chão que faz frente com as plataformas, a leste, a faixa oeste concentra os espaços de serviço, tal como a recepção, a zona administrativa, a cozinha coletiva, a cozinha do refeitório e da cafeteria, situada na parte sul do edifício.
28
planta do piso 0
corte B
30
planta do piso 1
O piso seguinte é ocupado pelas habitações temporárias, tanto pelas células individuais/familiares, quanto por uma cozinha e uma sala de uso coletivo que visam prover aos usuários espaços mais amplos do que os das células de habitação mínima. Para tornar possível a adaptação das habitações a núcleos
familiares de dimensões diversas, foi desenhado um eixo central que permite a associação de células. Paralelamente, o acesso exterior às habitações realiza-se através de uma galeria no alçado oeste, conectada também aos eixos de circulação vertical e aos espaços coletivos situados na parcela sul.
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EXEMPLO DE ASSOCIAÇÃO ENTRE DUAS CÉLULAS INDIVIDUAIS DAS
T1
sala
cozinha
casa de banho
quarto
T1
sala
cozinha
casa de banho
quarto
HABITAÇÕES TEMPORÁRIAS
T2
sala de jantar + cozinha
sala
corredor
casa de banho
quarto
casa de banho
quarto
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planta do piso 2
O último piso, em contato com um grande terraço, encontram-se as células individuais, uma copa e uma sala compartilhada do albergue noturno, conectados através do eixo central do edifício. Neste segmento do projeto também pode ocorrer a associação entre células, sendo possível obter
desde uma configuração de camaratas até um espaço formado por células individuais. Ademais, a possibilidade de encerramento do espaço para além da cama permite que possam ser ocupadas para outros usos, funcionando como uma célula individual e não apenas como quarto.
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EXEMPLOS DE CONFIGURAÇÃO DO ALBERGUE NOTURNO
exemplo 1: camarata + casas de banho coletivas
exemplo 2: quartos quádruplos + casa de banho compartilhada
exemplo 3: quartos individuais + casas de banho coletivas
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aço
betão branco aparente
metal lacado
microcimento
azulejo safari
azulejos alfazema
tricapa em casquinha
madeira pintada
GRC
MATERIAIS E TECTÓNICA Como o programa do edifício, para além de visar dar resposta às atividades cotidianas básicas de parcelas da população usualmente marginalizadas, busca também prover espaços de convívio com demais agentes urbanos para uma reintegração social, apresenta um forte caráter nodal no local onde se insere. Desta forma, procurou-se que a tectónica traduzisse tal presença a partir de um invólucro de betão branco aparente. Além disso, devido à sua resistência, o material suporta um uso constante e intenso, o que se aplica também ao pavimento de betonilha com acabamento de microcimento. Em busca de possibilitar a leitura de natureza contínua deste invóluvro de betão no interior do edifício ao mesmo tempo que se assegura a viabilidade de manutenção do isolamento térmico e de condutas técnicas, foi adotado um revestimento em GRC (Glass
Fiber Reinforced Concrete) branco. Como no primeiro e no segundo piso, situam-se as células de habitação e pernoite, foi identificada também a necessidade da existência de um material que transmitissem uma maior sensação de conforto, para tal aplicou-se revestimentos de painéis de madeira nas paredes destes espaços. Ademais, para uma leitura mais intuitiva do edifício, visto que este receberá um público maioritariamente intermitente, adotou-se um sistema de cores no qual os espaços em azul indicam equipamentos de serviço, como elevador, cozinhas e casas de banhos; o verde aparece em elementos que conferem flexibilidade aos espaços, como as cortinas e as portadas que permitem a associação de células; e o vermelho apresenta-se em elementos metálicos que rompem os volumes paralelepipédicos de betão branco.
40
alçado leste
corte G
42
Tendo o betão um forte impacto climático mas uma longa estimativa de vida útil, traçou-se uma composição estrutural sistemática que, sob a possibilidade de eventualmente o programa proposto
não se mostrar pertinente no local onde se encontra, viabilizar o abrigo de outro programa sem que seja necessária a demolição do invóluvro. Este possibilita ainda a ocupação como um único edifício ou contar
convencional | inovador
feito em sítio | pré-fabricado
prazo curto | prazo longo
manual | mecanizado
margem de erro | precisão
1 - CONCEITO CONSTRUTIVO E TECTÓNICO
com acessos independentes e funcionar em três partes autónomas. Ao mesmo tempo, para dar resposta a tal intenção, bem como para uma melhor adaptação à heterogeniedade do público-alvo, as
divisórias internas adotam uma configuração leve e flexível, com materiais maioritariamente fixados mecanicamente para que possam ser reutilizadas no caso de desmontagem. 44
2 - DESMONTAGEM DO EQUIPAMENTO FIXO, REVESTIMENTOS E DIVISÓRIAS INTERIORES
4 - DESMONTAGEM DAS SUBESTRUTURAS METÁLICAS, DOS CAXILHOS, VIDROS E ESCADAS
3 - DESMONTAGEM DO ISOLAMENTO E IMPERMEABILIZAÇÕES
5 - MATERIAIS REMOVIDOS NA DESMONTAGEM DO EDIFÍCIO
convencional | inovador
feito em sítio | pré-fabricado
prazo curto | prazo longo
manual | mecanizado
margem de erro | precisão
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FASES DO CICLO DE VIDA DO EMPREENDIMENTO
do berço ao túmulo
C4 - descarte
C3 -processamento dos resíduos
C2 - transporte para descarte
B7 - água operacional
C1 - demolição
B5 - reabilitação
B6 - energia operacional
reuso | recuperação | reciclagem
D benefícios para além do ciclo de vida
C1-C4 fim de vida
B4 - substituição
B2 - manutenção
B1-B7 uso
B1 - uso
A5 - processo de construção
A4-A5 construção
A4 - transporte
A3 - fabricação
A2 - transporte
A1 - extração de matéria-prima
A1-A3 produção
fases não incluídas no estudo
B3 - reparo
fases incluídas no estudo
ANÁLISE DO IMPACTO CLIMÁTICO DO SETOR PORMENORIZADO fases do ciclo de vida:
A1-A3
A4
B2
IMPACTO CLIMÁTICO (kg CO₂) / TOTAL DO SETOR PORMENORIZADO (%) parcelas da obra que representam menos de 2% do impacto climático total do setor pormenorizado não são representados impacto climático total do setor pormenorizado: 34 CO2e/m2/ano
PESO (t) / TOTAL DO SETOR PORMENORIZADO (%) parcelas da obra que representam menos de 1,5% do peso total do setor pormenorizado não são representados peso total do setor pormenorizado: 70,86 t peso (t) / total do setor pormenorizado (%)
TEMPO DE SERVIÇO PREVISTO DO EDIFÍCIO: 100 anos
revestimentos exteriores
divisórias
vãos interiores
vãos exteriores
pinturas
contenção de terras
isolamentos
impermeabilizações
revestimentos interiores
fundações
superestrutura
estruturas metálicas
estrutura construção civil
>50% 50%
40%
30%
20%
10%
10%
20%
30%
40%
50%
>50%
50
local da obra
GEOGRAFIA MATERIAL De forma a reduzir o impácto climático do empreendimento ao máximo, dentro das premissas construtivas e tectónicas traçadas, procurou-se, sempre que possível, fazer o uso de materiais provenientes dos arredores do local de construção, reduzindo a poluição oriunda do transporte. Medida vantajosa também sob o âmbito de fortalecer o desenvolvimento da economia nacional.
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(IN)SÓLIDA: + oficinas + centro de estudo e coworking + cafeteria + lavanderia
proposta para um albergue noturno e habitações temporárias transformáveis
CONSIDERAÇÕES FINAIS Com as intervenções urbanísticas propostas, bem como com o complexo edificado desenvolvido em torno do albergue noturno, das habitações temporárias e do espaço público proposto, prevê-se o desenvolvimento das Fontaínhas e o apoio à reintegração social de parcelas usualmente marginalizadas da população. Para tal, as três fases do exercício de projeto apresentam premissas como a garantia de acessibilidade, de sustentabilidade ambiental e de um caráter flexível que permita uma adaptação da proposta a curto e longo prazo de acordo com as necessidades dos usuários e do local de intervenção.
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atelier de projeto 2A | prof. José Fernando Gonçalves | Lara de Barros Ramos Reis