ESPAÇO NOVA IGUAÇU DE
CINEMA Larissa Bacellar de Oliveira EAU - UFF - TFG - 2014/2
ESPAÇO NOVA IGUAÇU DE
CINEMA
acadêmica | Larissa Bacellar de Oliveira orientadora | Andréa da Rosa Sampaio surpevisor | Vinicius de Moraes Netto arquiteto convidado | Renato Gama-Rosa Costa Escola de Arquitetura e Urbanismo Universidade Federal Fluminense Trabalho Final de Graduação - 2014/2
Agradeço aos amigos e colegas que fiz durante a faculdade, sem os quais não poderia ter tido os melhores anos da minha vida. Agradeço aos professores, os quais me ensinaram não apenas a calcular uma escada ou uma rampa, mas a ver a arquitetura através de suas verdadeiras nuances. Agradeço à minha família, que sempre me apoiou a seguir meus sonhos e ser uma grande arquiteta. A todos que participaram da minha formação acadêmica e me ajudaram a crescer, pessoal e profissionalmente.
In Memoriam
O presente trabalho consiste no projeto do Espaço Nova Iguaçu de Cinema, na Baixada Fluminense. Constituído de 3 salas de exibição e espaço para projeção ao ar livre, conta também com uma livraria, espaços gastronômicos e uma praça central aberta. Levando cultura e lazer para a Baixada, o Espaço visa não apenas a exibição de filmes, mas o encontro e a socialização, o resgate da essência dos antigos cinemas de rua, famosos na década de 70, e que com o tempo foram perdendo Vista do Foyer para a Praça Central
espaço nas cidades.
1 | APRESENTAÇÃO Motivação Justificativa Objetivo Metodologia
10 15 16 17 17
2 | TEMÁTICA Breve história do cinema O cinema no Brasil A evolução do espaço: Das exibições itinerantes aos shoppings centers A imagem e o indivíduo
18 20 21 23 28
3 | O LUGAR Nova Iguaçu, Rio de Janeiro Contexto histórico Recepção social da cultura cinematográfica O terreno Legislação vigente
32 34 36 38 40 44
4 | A PROPOSTA Partido arquitetônico Estudo volumétrico Referências projetuais Programa de necessidades Perspectiva explodida Estudo de insolação
46 48 50 52 58 60 62
5 | O PROJETO Desenhos arquitetônicos Perspectivas
64 66 94
6 | ASPECTOS CONSTRUTIVOS Etapas de construção Detalhe Fachadas Detalhe Cobertura Detalhe Canteiro Sala de cinema
104 106 108 110 111 112
7 | REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Anexo - Fotos Maquete
118 122
SUMÁRIO SUMÁRIO |8 |8
Tempos Modernos - Charlie Chaplin Ilustração por: Federico Babina
1| APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO | 13
O Espaço Nova Iguaçu de Cinema surge como
encontrar com alguém especial, também pode
uma proposta que se insere no ambiente urbano da
marcar no Terraço e assistir a uma das projeções ao
cidade de Nova Iguaçu como um equipamento
ar livre oferecidas ou na Praça Central Aberta, local
cultural e social importante para a população.
que funciona como uma força centrípeta no espaço
Através de um conceito arquitetônico contemporâneo, o Espaço traz ideais como
Contextualizando a temática do projeto será
socialização, cultura e lazer em áreas livres e
abordado inicialmente como o filme surgiu, a
convidativas à qualquer pessoa, independente de
evolução dos espaços de exibição ao longo dos anos
gênero, raça, credo, classe social, idade ou
e a importância do filme e de hábitos de lazer para a
orientação sexual, a fim de usufruir as diversas
população. Em seguida, analisaremos o terreno e
atividades oferecidas pelo empreendimento,
seu entorno, a cidade de Nova Iguaçu e um pouco
ajudando na construção de identidade de cada um.
de sua história, a qual se envolve na produção de
O indivíduo pode assistir a um bom filme em
salas de cinemas e como a população recebe e
uma das 3 salas do complexo, escolhendo entre
produz a cultura hoje na cidade, através dos
películas de arte ou grandes lançamentos
cineclubes. Analisando os condicionantes e o
blockbusters. Logo em seguida, pode se aventurar
contexto, o projeto arquitetônico será apresentado
nos livros vendidos pela livraria, ou comprar um
através de desenhos técnicos, detalhes e imagens do
CD do seu artista preferido. Caso esteja com fome,
modelo 3D.
antes da sessão pode optar entre tomar um café no Café Bar, jantar em uma das mesinhas externas do Restaurante ou comprar um grande balde de pipoca Fachada principal com destaque para a rampa de acesso ao edifício
urbano da cidade.
e refrigerante no Foyer. Mas caso queira se
APRESENTAÇÃO | 15
MOTIVAÇÃO Ambos usos recriados no Espaço são considerados minhas paixões: a literatura e o
Ao longo da faculdade, produzi alguns trabalhos
cinema. Para mim, nada melhor que ler um bom
relacionados ao cinema, como em Viagem de
livro, pode ser de ficção, biografia, distopias ou até
Estudos 1, sobre o Cine Edgard, em Cataguases e o
infanto-juvenil, mergulho desde pequena nas
Concurso Cine Icaraí. Também tive a oportunidade
páginas, dividindo segredos e conhecendo novos
de fazer uma matéria eletiva no Departamento de
lugares e amigos.
Cinema e Audiovisual, a disciplina Estudos de
Com o cinema, compartilho uma paixão
Gêneros Cinematográficos, os quais pude elaborar
comedida, sutil e pessoal. Apaixonada por clássicos
um ensaio sobre a influência da cidade na formação
e filmes dos anos 80, tenho por muitas vezes
de identidade dos jovens, usando como objeto de
preferência em assistir filmes sozinha, vibrando ou
estudos o filme argentino Medianeras (Gustavo
me emocionando a cada cena. Mas como forma
Taretto, 2011).
egoísta, guardando para mim mesma esses momentos, como se cada fala fosse destinada para e só para mim. A questão dos espaços públicos e a noção de criação e transformação do indivíduo também me é um interesse peculiar, pois a psique do ser humano O filme Medianeras retrata a arquitetura, a modernidade e o crescimento desordenado da cidade. Afetando as relações das pessoas, transformando em tramas confusas e as afastando uma das outras. Fonte:http://www.play4movie.com/
sentimentos em cada um.
sempre me interessou de uma maneira em que eu tentasse espacializar em traços e rabiscos a essência de cada pessoa, ao mesmo tempo em que tentava lançar uma arquitetura que provocasse novos
16 | APRESENTAÇÃO
JUSTIFICATIVA A falta de interesse do poder público na região é
Assim, é vital o resgate de espaços voltados para
vista em diversos setores, como infraestrutura,
as pessoas e para os pedestres, trazendo áreas de
moradia e saúde. Os espaços públicos e de lazer
convívio, lazer e cultura, em um ambiente
também sofrem com a falta de intervenção das
agradável e convidativo para a permanência e
autoridades, fazendo com que os próprios
usufruto do mesmo.
moradores se mobilizem e fomentem a cultura na
Os cinemas de rua foram durante muito tempo
cidade, através de apresentações artísticas, ONGS e
importantes para a qualificação dos espaços
cineclubes.
públicos, rodando não apenas películas, mas
O crescimento das salas de exibição ocorreu de
proporcionando encontros, lazer e despertando o
forma concentrada ao longo dos anos, privilegiando
imaginário da população, formando críticos,
áreas de renda mais alta, ou seja, populações
indagadores e a identidade cultural e social de toda
inteiras ou foram excluídas dos cinemas ou
uma sociedade.
continuam mal atendidas, como é o caso de Nova Iguaçu, que possui cerca de 200.000 hab./sala de cinema. Hoje na cidade, encontramos apenas cinemas no principal shopping, o Top Shopping, o que caracteriza o distanciamento do público com a sétima arte, ao levar um espaço de lazer e cultura para uma ambiência comercial e tirar a vitalidade das ruas, fechando suas portas para o espaço público e segregado a população.
É necessário entender como os novos espaços de comunicação podem modificar nossa relação no mundo, nossa relação com terceiros, nossa maneira de viver. Essas três dimensões do nosso espaço vital: espaço geográfico, espaço relacional e espaço político, vão todas ser englobadas pelas mutações em curso. Porém, esses três espaços também definem, em sua interseção, uma cultura com vitalidade própria. É então legítimo e mesmo necessário interrogar-se sobre o futuro das identidades culturais. (Hervé Borges, então presidente do Conselho Superior do Audiovisual da França, em visita ao Brasil em 1998)
APRESENTAÇÃO | 17
OBJETIVOS
METODOLOGIA
Como objetivo, o Espaço Nova Iguaçu de Cinema visa resgatar valores que os
O desenvolvimento do projeto demandou diversas pesquisas conceituais e
cinemas de rua proporcionavam. Ao serem por muitos anos uma das poucas
projetuais. Através de leituras sobre o tema, com livros técnicos, psicanalíticos,
atividades de lazer nas cidades, era o local de encontro dos namorados, a saída do
teóricos e educacionais, entendeu-se mais não apenas sobre a arte do cinema,
final de semana das famílias, fomentavam cultura, lazer e convívio na sociedade e,
mas a arquitetura e a importância dos filmes e do lazer para a sociedade.
ao serem localizados na rua, “no meio-fio”, sua arquitetura ora convidava os
A vivência na cidade também foi importante para aprender mais sobre o
transeuntes à mágica do cinema, ora levava as pessoas às ruas, borbulhando
local onde o projeto está inserido, visto não ser minha cidade natal. Idas aos
vitalidade no tecido urbano.
locais de produção de cultura, passeios pela cidade, participação de reuniões e
Essa aproximação da rua, com áreas livres e abertas é um dos pontos chaves do
conversa com moradores, foram necessárias para se entender o porquê e como
projeto, é o que ajuda a qualificar o espaço urbano onde se encontra inserido. Seus
a cultura é vista e absorvida, a fim de se projetar com melhor precisão os
usos, como livraria e cinema ajudam a fomentar a cultura por toda a Baixada
espaços.
Fluminense, servindo como apoio aos Cineclubes locais e à Escola Livre de Cinema e todos os produtores e consumidores de cultura na cidade.
Laranja Mecânica - Stanley Kubrick Ilustração por: Federico Babina
2 | TEMÁTICA
20 | TEMÁTICA 22 | TEMÁTICA
BREVE HISTÓRIA DO CINEMA O cinema nasceu oficialmente em 28 dezembro de 1895, com a exibição dos irmãos Auguste e Louis Lumière, no Grand Café, no Boulevard des Capucines,
acidentalmente, a ilusão cinematográfica, efeitos especiais inéditos para a época, lançando o famoso filme Viagem à Lua, em 1902.
em Paris. Com o aperfeiçoamento da invenção de Thomas Edison, o
Com essas novas tipologias, ao longo do século XX cresce o chamado cinema
Cinetoscópio, os irmãos Lumière criaram o Cinematógrafo, um aparelho capaz
indústria, realizado por Hollywood, então recém criada. Filmes com produções
de registrar uma série de instantâneos fixos, criando a ilusão do movimento e
extravagantes, que podemos ver até hoje nas telonas.
reproduzindo tais imagens sobre uma tela. Entretanto, muitos atribuem o
Entretanto, os EUA e a França não foram os únicos a investirem. Entre 1920 e
nascimento do cinema ao ano de 1889, quando se projetou pela primeira vez um
1930, a Alemanha cria um movimento a fim de que o cinema passasse a ser visto
filme utilizando o aparelho de Edison.
como arte: o expressionismo alemão. Como podemos citar os filmes Nosferatu
Os filmes foram provocando a curiosidade das pessoas, transformando cenas comuns, como um passeio de trem, em imagens cinematográficas que encantavam e por muitas vezes assustavam os espectadores. No começo, eram
(Murnau, 1922) e Metrópolis (Fritz Lang, 1927). Outros movimentos surgiram, ganhando importância na cena cultura, como o Neorrealismo na Itália e a Avant-Garde e a Nouvelle Vague na França.
realizados filmes etnográficos, jornalísticos e documentais. No início do século XX, entretanto, o francês Georges Méliès revoluciona o cinema ao inventar, 12.000 A.C.
360 A.C.
Século XV
Século XVII
Século XIX
1890
1895
Primeiras imagens registradas nas paredes das cavernas
Difusão da Sombra Chinesa no Oriente, projeção de sombras de marionetes em telas de linho
Leonardo da Vinci estabelece o Princípio da Câmara Escura
Criação da precursora dos projetores atuais, a Lanterna Mágica
Criação do Fantascópio por Etienne Gaspar Robert e Paul Philidor
Criação do Cinetoscópio, por Thomas Edison
P r i m e i r a apresentação do Cinematógrafo
TEMÁTICA | 21
O CINEMA NO BRASIL Conquistado os europeus e os norte-americanos, é claro que os brasileiros não
e paixão pelo cinema nacional. Destaque desta época é o cineasta Humberto
poderiam ficar de fora do que viria a ser a nova febre entre a sociedade. Em 8 de
Mauro, considerado o "pai do cinema brasileiro", o qual produziu entre 1925 e
julho de 1896, é exibido pela primeira vez no Brasil oito filmetes de cerca de um
1974 centenas de filmes dentro do Ciclo Mineiro, em Cataguases.
minuto cada, em uma sala alugada no Jornal do Commercio, na Rua do Ouvidor,
Com os anos, diversos filmes nacionais e internacionais foram filmados. Os primeiros filmes eram mudos e acompanhados de orquestra, legendas e até
na capital do país, Rio de Janeiro. Logo em 1897 é filmado a primeira tomada em terras brasileiras, "Uma vista
mesmo narradores para explicar cada cena. Apenas na década de 20 que foi
da Baía de Guanabara" pelo cineasta italiano, Affonso Segretto, o qual, junto
criado o filme falado, O Cantor de Jazz, fazendo com que as salas de cinema se
com a Empresa Paschoal Segretto, viria a ser o precursor do cinema no país.
adaptassem ao isolamento acústico necessário para uma reprodução sonora. Após
Durante 1908 e 1911, o país produziu uma série de curtas e longa-metragens,
uma década, as cores iriam finalmente aparecer nos filmes.
mas com a importação de filmes estrangeiros, a produção nacional caiu e só se reergueu cerca de 10 anos depois. Surgiu, então, os Ciclos Regionais (1923-1930), um período de regionalização
1895
1897
Século XX
1902
1911
1920-1930
1920
Primeira exibição no Brasil, no Rio de Janeiro, após apenas 6 meses na Europa
Primeira tomada feita no Brasil pelo cineasta Affonso Segretto
Fundação de Hollywood e do chamado cinema indústria
Estreia do filme Viagem à Lua, pelo cineasta Georges Méliès
Fundação da C o m p a n h i a Cinematográfica Brasileira, dirigida por Francisco Serrador
Criação do expressionismo alemão. Cena d o fi l m e Nosferatu
Estreia O Cantor de Jazz, primeiro filme falado na história
22 | TEMÁTICA 22 | TEMÁTICA
O cinema foi também muito utilizado como meio de comunicação de massas,
Neste meio tempo, em 1937, Vargas cria o Instituto Nacional de Cinema
governos como o nazismo alemão, o socialismo russo e aqui no Brasil, durante o
Educativo (INCE), incentivando a produção e a exibição de filmes em temáticas
período Vargas. Entre 1896 e 1930, a produção cinematográfica era artesanal.
nacionais, demonstrando seu perfil nacionalista e populista. Ao longo dos anos,
Entre 1930 e 1945, Getúlio Vargas apresentou um conjunto de diretrizes para o
até hoje, diversas instituições foram criadas, como a Embrafilme, Concine e a
cinema, utilizava este meio de comunicação para propaganda de seu governo e
Ancine.
para fins pedagógicos e veiculação dos valores do nacionalismo e cultura
Atualmente, a Ancine lidera alguns programas voltados para a cultura cinematográfica, como o Cinema Perto de Você, que possui o intuito de
brasileira. (...) os meios de comunicação de massa se tornaram
modernizar salas e levar cinemas às cidades que ainda não possuem nenhuma
especialmente relevantes para difundir ideais, criar
sala de exibição. Cidades com mais de 500.000 habitantes e mal atendidas, como
estados emocionais coletivos e legitimar o projeto de
Nova Iguaçu, também são contempladas no programa.
cultura nacional dentro de um processo de modernização do país. O massivo representou uma nova forma de sociabilidade e novas condições de existência de lutas culturais pela hegemonia. (BAHIA, 2012, pág. 47)
1923-1930
1930-1945
1937
1950
1953
1980
2001
Período dos Ciclos Regionais no país
Investimento por parte de Vargas no cinema nacional
Criação do INCE
Ápice das salas de exibição pelo mundo
Estreia o primeiro filme em cores produzido no Brasil: "Destino em Apuros"
Os cinemas de rua e n t r a m e m declínio, nascendo o Multiplex
Criação da ANCINE
TEMÁTICA | 23
A EVOLUÇÃO DO ESPAÇO: Das exibições itinerantes aos shoppings centers A história do cinema anda em paralelo com a
começaram a surgir cinemas com características
evolução de seu espaço, não foi apenas os filmes
arquitetônicas próprias, em art déco: linhas sóbrias
que sofreram mudanças ao longo do tempo, mas
e geométricas. De acordo com Renato Gama-Rosa
também o parque exibidor. As primeiras exibições
Costa:
não eram fixas, o termo movie, tradução para filme
Exibições ao ar livre ainda são realizadas nos dias de hoje, principalmente em cidades pequenas. Tiradentes, 2010. Fonte:http://www.universoproducao.com.br/mostratiradentes/20 10/fotos-imprensa.php?fc=69&menu=imp&lg=&sub=fti
em inglês, por exemplo, vem da noção do
A conquista de uma identidade
movimento dos exibidores itinerantes, ambulantes
arquitetônica definitiva se dá no tratamento
que levavam seus filmes e projetavam em
p l á s t i c o re s e r v a d o à f a c h a d a e à
superfícies e lugares ao ar livre, como telas
decoração, ao absorver as expressões
montadas em praças e empenas de prédios.
formais do movimento art déco, uma vez
Além de exibições itinerantes, muitos filmes
que a divisão espacial interna repete por
passaram a ser exibidos em salas alugadas e
ingenuidade, inércia ou ainda
sobrados. Demorou-se anos para que o cinema
intencionalmente, o espaço teatral, com a
ganhasse uma identidade própria. Além de lugares
presença do palco, galerias, camarotes. Até
adaptados, suas primeiras exibições eram feitas em
mesmo porque a maior parte das primeiras
teatros, no entremeio de espetáculos, com
casas de cinema surgiram como
apresentações musicais e de danças, por exemplo.
cineteatros. (COSTA, 2012, pág. 29)
Apenas no século XX surgiriam locais próprios; no
Cinemas Pathé e Capitólio. Cinelândia, 1958. Fonte:http://www.eliomar.com.br/rio-antigo-cinelandia-a-terrado-cinema/
Rio de Janeiro, a Reforma Urbanística de Pereira
Diversas salas fixas foram surgindo, com sua
Passos trouxe a energia elétrica para a cidade,
característica própria, ganhando espaço na malha
possibilitando, enfim, como em todo o mundo, a
urbana das cidades. Os cinemas de ruas, como
implementação de salas fixas. Nos anos 25 a 30
passaram a ser conhecidos, se fixaram
24 | TEMÁTICA 22 | TEMÁTICA
primeiramente no centro das metrópoles. Eles não
diversas fatores. Com o advento do VHS e da
eram apenas exibidores, formavam novos espaços
televisão, as pessoas passaram a ficar mais em casa,
públicos que convidavam as pessoas a saírem de
desejo que se fortaleceu com o aumento da
casa, buscando opções de entretenimento para a
violência. Outro caso era o tamanho das salas, as
família e criando novos costumes, como o footing¹.
quais possuíam em média 800 lugares, não
Eram novos pontos de encontro para as pessoas de
comportando os lançamentos. A especulação
todas as idades. A pipoca vendida na porta, a espera
imobiliária também foi forte para que os cinemas de
no foyer, o encontro com o namorado, eram
rua se transformassem em mercados,
detalhes e rituais especiais, que passaram a fazer
estacionamentos e igrejas, ou fossem derrubados
parte dos novos hábitos da sociedade.
para a construção de edifícios, já que a maioria se
Continuando a utilizar o Rio de Janeiro como
localizava nos centros urbanos.
exemplo, podemos citar a Praça Floriano Peixoto, a
Entretanto, apesar de tantas questões, a chegada
conhecida Cinelândia, nome popularizado a partir
no final da década de 80, começo da década de 90,
dos anos 30 devido às inúmeras salas de cinema no
dos Multiplex, um conjunto de salas de exibição
local, como o Capitólio, o Glória, o Império, o Cine
dentro de centros comerciais, foi o ponto chave para
Odeon, o Cinea Trianon e o Pathé.
o fim. Ao trazer mais segurança para a população e
Algumas décadas mais tarde, vemos que ainda é
proporcionar outras atividades, os shoppings centers
grande o número de salas. Dados da ANCINE
se tornaram uma nova ordem social, transformando
mostram que em 1975 existiam 3.276 salas de
a ida ao cinema não mais num local de encontro,
exibição no país. Entretanto, esse número entrou em
mas em um ato de consumo.
declínio, levando o país a ter 1.033 salas, duas décadas depois. Essa diminuição em grandes proporções vem de
Fachada do Cine Odeon, fundado em 1934. Hoje, em reforma, deixou de fazer parte do Grupo Estação e voltou a ser propriedade da Empresa de cinema São Luiz. Fonte:http://oriodeantigamente.blogspot.com.br/2011_01_30_ar chive.html
O cinema de rua era o programa em si, era sair de casa para ir ao cinema, frequentar
A Praça Sáenz Peña reuniu um grande número de cinemas, sendo chamada de "Segunda Cinelândia", superando seu número de salas, como podemos ver na imagem, o Cine Metro Tijuca. Fonte:http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=88679 104 ¹ Footing: passeio a pé para espairecer, caminhar sem compromisso.
TEMÁTICA | 25
A Cinemark hoje é a maior rede de cinemas no país, com 433 salas. Fonte:http://tapdigital.com.br/feriasdecinema/img/perguntas/ 02.jpg
o templo da imagem, o templo do cinema.
possibilitou a separação do mundo interior
As pessoas se preparavam, se organizavam,
do exterior, com muitas oportunidades de
iam acompanhadas, tinha uma socialização
recriar a natureza por meio de temas e
que o shopping não promove. Acho que é
fantasias ambientais, aliado à concepção de
uma perda enorme em termos culturais
espaços urbanos sem os aspectos negativos
(Pedro Olivotto, diretor do cinema
da cidade, como sujeira, congestionamentos
Usiminas Belas Artes em Belo Horizonte,
e pobreza. (ALEX, 2008, pág. 99)
2012 ). De acordo com a tabela 1, vemos que hoje existe O lado democrático que o cinema foi adquirindo ao
uma discrepância muito grande entre o total de
longo do tempo, ao unir pessoas da mesma classe
shoppings centers e cinemas de rua e que o número de
social, se perdeu. O shopping center ao se fechar para
salas de cinema no Brasil diminuiu
as ruas, forma um público seletivo, cada shopping é
exponencialmente, com 55.520 habitantes por sala de
construído para determinado tipo de público, já as
exibição, as quais se localizam apenas em 7,0% dos
salas ao nível da rua valorizavam o espaço urbano,
municípios brasileiros, correspondendo a 392
integrando a cidade e o ato de ir ver um bom filme.
cidades e 107 milhões de habitantes, ou seja, apenas
Sun Alex mostra a necessidade de um espaço
53% da população tem acesso direto ao cinema.
público ter ênfase no usuário, em sua participação em um processo aberto e democrático, com qualidades Entrada principal do Top Shopping, em Nova Iguaçu. Fonte:http://www.panoramio.com/photo/12840364
SALAS DE EXIBIÇÃO NO BRASIL
como: necessidades, direitos, significados e
SHOPPING CENTERS
2.343
conexões. Para o autor:
CINEMAS DE RUA
335
TOTAL
2.678
O shopping center fechado e climatizado Tabela 1: Quantidade de salas de exibição no Brasil. Fonte:
26 | TEMÁTICA 22 | TEMÁTICA
De acordo com o gráfico 1, vemos que apesar do
política, qualificação institucional e
baixo número de salas no país hoje, há um aumento
recursos. (Gilberto Gil, então ministro da
gradativo nos últimos anos. Em 2013, houve 206
cultura - Palestra no Instituto Rio Branco,
inaugurações e 23 novas salas em complexos já
2009)
existentes, mas por outro lado, houve 36 fechamentos e 26 reformas, mostrando, assim, uma instabilidade.
Lia Bahia fala ainda que não é apenas o Estado
Essa instabilidade pode ser justificada pela falta
responsável pela cultura e sua manutenção, mas a
de intervenção do poder público e falta de visão
articulação entre o Estado, a política, a economia e
com relação à importância do cinema na
o mercado, "com atuações e pesos diferenciados".
estruturação da cultura do povo.
Há também uma defasagem quanto ao consumo cinematográfico, como cita Alessandra Meleiro:
O Estado tem um papel vital no fortalecimento da economia da cultura, seja no levantamento do potencial, seja no planejamento das ações, na articulação dos agentes econômicos e criativos, na mobilização da energia social disponível, no fomento direto, na regulação das relações entre agentes econômicos e na mediação dos interesses dos agentes econômicos e dos interesses da sociedade, assim como na fiscalização das atividades. É um papel múltiplo, que exige vontade
Gráfico 1: Número de salas de exibição entre os períodos de 1971-2013. Fonte: ANCINE, 2013
TEMÁTICA | 27
Cinema Cine Estação Botafogo, possui 3 salas com 280, 41 e 66 lugares. Sua fachada relembra aos antigos cinemas de rua, com o letreiro com nomes dos filmes, a bilheteria voltada para a rua e o carrinho de pipoca. Fonte:http://www.timeout.com.br/rio-dejaneiro/cinema/venues/241/estacao-botafogo02.jpg
Quanto ao consumo cinematográfico, apesar do
cinemas, aquelas localizadas dentro de centros
crescimento experimentado nos últimos anos por
c o m e r c i a i s , e v i t a m p a s s a r, p o i s o l u c r o é
parte de alguns setores sociais médios e médio-
considerado menor se comparado aos blockbusters.
altos em determinados espaços territoriais,
Com sua arquitetura típica de cinema de rua:
continua se observando uma forte defasagem não
letreiro com os horários dos filmes encimando a
só na dimensão econômica comparativa entre os
fachada e posters pendurados, atrai um grupo
mercados, como também no que tange à cultura. A
diferente, mas não menos importante em número e
oferta de filmes é entre 300 e 400 maior na
qualidade, conseguem manter as salas cheias,
televisão do que nas salas tradicionais.
mesmo em horários alternativos, demonstrando
(MELEIRO, 2007, pág. 33)
ainda mais que o cinema de rua não morreu, ou melhor, o filme não morreu. Um dos problemas
Porém, como os dados mostraram, alguns cinemas de rua ainda existem, indo contra esse fluxo. Entretanto, houve a necessidade de modernização dos espaços, as grandes salas de 800 lugares deram espaço a pequenas salas para cerca de 200 espectadores, afinal, para se sustentar, ele precisa de um tripé: bilheteria, patrocinador e dos anexos, os cafés, livrarias, restaurantes etc. Foyer do Cine Estação Gávea, localizado dentro do Shopping da Gávea, com decoração moderna, lugares para conversar e um Café. Fonte:http://www.grupoestacao.com.br/grupoestacao/salas/ga vea.php
Na cidade do Rio de Janeiro, o conhecido grupo Estação vem lutando para se manter entre a cena cultural, com 5 espaços espalhados pela cidade, traz em cartaz filmes de artes que as outras redes de
enfrentados no país hoje é a falta de parque exibidor, e não de produção.
28 | TEMÁTICA 22 | TEMÁTICA
A IMAGEM E O INDIVÍDUO Para analisarmos melhor o porquê do cinema ter
no país, não só como recreação, mas como
assumido grande destaque na sociedade, assim
equilíbrio emocional, integrando os trabalhadores
como diversas práticas sociais, podemos analisar a
em clima de espontaneidade e alegria, remetendo a
história de luta ao longo dos últimos séculos a favor
seus países de origem¹. De acordo com Ethel:
de horas livres de recreação para os trabalhadores. Ethel Bauzer Medeiros explica que no fim do
A recreação representa, portanto, para a
século XVIII a jornada de trabalho semanal girava
sociedade não apenas fator de bem-estar
em torno de 84 horas, o horário livre que o
social, mas também ponderável força
trabalhador possuía era apenas para descanso, não
econômica, elementos que bem
existia tempo para lazer ou outra atividade. Tal fato
a p ro v e i t a d o s re s u l t a m e m : m e l h o r
perdurou até o século XX, quando, finalmente, após
integração no grupo, maior produtividade
a implantação de sindicatos e lutas, o homem teve
individual, melhor aproveitamento de dotes
seu direito garantido. Em 1919, a jornada de
pessoais (o que auxilia o ajustamento do
trabalho foi reduzida para 8 horas por dia,
homem), redução de gastos com acidentes e
promovendo não só a legislação sobre descanso
transgressões da ordem, expansão de
semanal, mas também aposentadoria, férias
indústria e comércio, diversificação de
remuneradas e regulamentação de menores e
ocupações profissionais, fomento do
mulheres.
turismo, estimulo à conservação dos
Diversos meios de diversão foram crescendo,
recursos naturais, e prosperidade para a
como rádio, revistas, jornais, e o cinema. No Brasil,
comunidade inteira. (MEDEIROS, 1975,
vemos também clubes e locais para imigrantes,
pág. 137)
demonstrando que o lazer ajudava em seu recomeço
¹ Sobre tal fato, podemos remeter à época da escravidão, em que os negros foram levados de seus países de origem e se juntavam para jogar capoeira ou dançar jongo, por exemplo.
TEMÁTICA | 29
Ele consegue canalizar tensões do dia-a-dia,
pessoas. Ao se assemelharem ao sonho, as imagens
fazendo-o se conhecer melhor e ser mais produtivo
cinematográficas trazem à tona a posição do eu ao
para a sociedade. Tania Rivera relembra uma
apresentarem para o indivíduo ideias abstratas ou
passagem biográfica do escritor italiano Italo
pensamentos, através de um mundo ilusório,
Calvino, o qual afirma em sua adolescência que "o
despertando, assim, sentimentos e questões até então
cinema era, para ele, o mundo. Um mundo pleno e
desconhecidos.
coerente, ao contrário de sua vida, que não era mais
Assistir a filmes, se torna, portanto, uma prática
do que um amontoado de elementos heterogêneos,
social que ajuda na formação das pessoas,
sem forma, 'como que juntados ao acaso'” (RIVERA,
contribuindo para sua identidade cultural e social.
2008, pág. 8).
Identidade esta que não é uma forma fixa, mas sim
Entretanto, ir ao cinema não significa apenas
um processo dinâmico e que possui um papel
diversão, afinal, desde sempre, as pessoas contam
complexo, pois o sujeito ao se deparar com uma
histórias, de geração para geração, transmitindo
imagem se vê com dois caminhos a seguir, ou ele
sabedoria e valores aos mais jovens. Durante um
assume a imagem para si, ou a rejeita. Ambas as
tempo, os filmes tiveram importância como
opções resultam na transformação, total ou parcial,
comunicação em massa, um instrumento ideológico
do seu ser, como citado por Ana Mae Barbosa:
utilizado por diversos governos. Ao serem inseridos cada vez mais nos hábitos da
(...) a identidade cultural é o interesse
sociedade, os filmes transcenderam a noção do
central e significa necessidade de ser capaz
visível, fazendo com que uma ida ao cinema
de reconhecer a si próprio, ou, finalmente,
possuísse uma rede de significados. Assim como a
uma necessidade básica de sobrevivência e
literatura e outras formas de arte, possuem um papel
de construção de sua própria realidade.
importante na formação cultural e educacional das
(BARBOSA, e-book , posição 12-13)
30 | TEMÁTICA 22 | TEMÁTICA
Essa construção se dá através de diversos fatores. Ao apreciar qualquer vertente da arte, seja ela uma
possui diversos significados, sendo para Georg Simmel²:
pintura, uma dança ou um filme, o indivíduo desenvolve a imaginação, a percepção, a capacidade
(...) um processo no qual o indivíduo
crítica, aprende a realidade do meio em que está
socializado tem participação ativa, interfere
inserido, o reconhecimento perante os outros,
nas condições em que ela acontece e
superando o estado de despersonalização, inserindo
modifica o mundo social. Desse ponto de
o homem no local a qual ele realmente pertence,
vista, a socialização é algo em permanente
como reforça Rivera:
construção, em que os protagonistas são, ao
Te m p o s m o d e r n o s d e C h a r l i e Chaplin, de 1936, critica o capitalismo e as stiuações em que os trabalhadores eram forçados a trabalhar. Fonte:http://musicaecinema.com/te mpos-modernos/
mesmo tempo, agentes e produtos da A arte, podemos dizer de uma forma geral –
interação social. (DUARTE, 2009, pág. 15)
e, portanto, sempre um tanto grosseira -, desperta no homem o que há nele de mais
Há aqueles que acreditam que as imagens
agudo e essencial, trazendo à tona, numa
possuem uma influência tão grande ao ponto de
brecha fulgurante, o que faz dele um sujeito.
modificarem o espectad ao invés de proporcionarem
(RIVERA, 2008, pág. 9)
questionamentos. Entretanto, todo sujeito possui uma bagagem de vida, com crenças, valores e
O espaço do cinema em si, principalmente os
saberes próprios, fazendo com que ele codifique as
cinemas de rua, também tem um forte apelo à noção
mensagens recebidas pelas imagens e as interprete
da identidade. Pessoas presentes em um mesmo
de acordo com sua visão de mundo. Essas
local, de diversas culturas, gêneros e classes sociais,
mensagens fazem com que haja uma aproximação
passam por trocas e experiências, adquirindo
entre as imagens e o receptor, uma identificação
conhecimento. Essa socialização para a Sociologia
com determinados elementos.
² Sociólogo alemão, contribui para o estudo da Sociologia em seu país no começo do século XX.
Star StarWars Wars- -George GeorgeLucas Lucas Ilustração Ilustraçãopor: por:Federico FedericoBabina Babina
3 | O LUGAR
34 | O22 LUGAR | TEMÁTICA
Rio de Janeiro
Região Metropolitana
Baixada Fluminense
Nova Iguaçu
Centro
Vista aérea do Centro da cidade de Nova Iguaçu. Fonte:http://www.skyscrapercity.com/showthread. php?t=211579&page=643
O LUGAR | 35
NOVA IGUAÇU, RIO DE JANEIRO DADOS: (Fonte: IBGE 2010) População: 795.212 hab. Área: 521,2 km² Densidade Demográfica: 1.527,6 hab/km² IDH: 0,762 (médio)
A cidade escolhida como objeto de estudo foi Nova Iguaçu, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Possui 795.212 habitantes em 521,2km². Localizada na Baixada Fluminense, juntamente com Japeri, Queimados, Duque de Caxias, Belford Roxo, Mesquita, Nilópolis e São João de Meriti. Interessante destacar que a cidade possui 66% de sua área cobertos de florestas do tipo Mata Atlântica, formando duas importantes áreas de preservação ecológica: a reserva biológica de Tinguá e a área de proteção ambiental da Serra da Madureira. No entanto, seu centro, onde se localiza o terreno é um local carente de espaços verdes livres. Sua temperatura média é de 23,4 ºC, mas devido à sua geografia, chega a sensações térmicas de mais de 50 ºC.
36 | O22 LUGAR | TEMÁTICA
CONTEXTO HISTÓRICO Nova Iguaçu teve sua ocupação iniciada no
posteriormente. Datado de 1924, ficava localizado
século XVI pelos franceses e posteriormente, pelos
na Praça da Liberdade e possuía não só a sala de
portugueses. Estes iniciaram o cultivo agrícola na
exibição, mas um café, bastante frequentado pela
região, erguendo-se grandes fazendas policultoras,
elite iguaçuana. Justamente o primeiro, foi o último
lavouras e engenhos de açúcar e depois café. No
cinema de rua a ter seu edifício modificado.
final do século XIX, porém, começa-se a
Com o tempo, como consequência da crise das
implantação da citricultura, tornando a cidade
plantações, a cidade teve que ser reestruturada
influente política e economicamente.
economicamente, fazendo com que a elite local
Entretanto, com o fim da escravatura, muitas
mudasse de atividade econômica. Sem outros
dessas fazendas foram vendidas e loteadas a
equipamentos culturais, nas décadas de 1940 e
famílias, provocando uma imigração à área, que,
1950, Nova Iguaçu ampliou o número de cinemas,
junto a periferização consequente das Reforma
chegando a 26 salas espalhadas por toda a cidade.
Urbanística de Pereira Passos e a inauguração da
Podemos citar diversos nomes de salas, como o
linha de ferro, inchou a cidade, provocando assim a
“Cine Iguaçu”, “Cine Santa Rosa”, “Cine
crise da citricultura. Em 1904, com a instalação da
Pavilhão”, “Cinema Nilópolis”. o “Cine Teatro
"Rio de Janeiro Tramway, Light and Power", há a
Imperial” e o "Cine Center".
chegada da energia elétrica, possibilitando a implantação de salas fixas na cidade.
Cine Iguaçu atualmente. Existem projetos para transformá-lo em centro comercial. Fonte:http://jovemreporter.blogspot.com.br/2008/04/cad-oscinemas-de-praa-de-nova-iguau.html
Entre tantas salas de cinema, Nova Iguaçu hoje apenas possui 4 salas no Top Shopping, o qual
O primeiro cinema foi fundado em 1920, mas não
promete em sua expansão modernizar o cinema e
existem dados mais certos sobre a data e o local. O
aumentar para 6 salas. Todos os cinemas de ruas
mais antigo conhecido, portanto, é o "Cine
não funcionam mais, mas podemos encontrar alguns
Verderosa", mais conhecido como "Cine Verde"
edifícios em pé, mas com outros usos,
Cine Verde em 2008. Fonte:http://jovemreporter.blogspot.com.br/2008/04/cad-oscinemas-de-praa-de-nova-iguau.html
O LUGAR | 37
como grandes magazines ou até casa de show, como
analisado o processo de desaparecimento
aconteceu com o “Cine Iguaçu”.
desses cinemas de locais como a Baixada
A cidade perdeu não apenas em números, mas em
Fluminense onde, em alguns municípios,
qualidade de vida, cultura e lazer. A importância
estes eram os únicos aparatos culturais e
desses espaços é vital para o funcionamento da
opção de lazer, fica exposta a importância
sociedade, como escrito no artigo "Dos cinemas de
desses espaços em determinadas regiões,
rua à produção: memorial do documentário de curta
agora deficientes em dois campos
metragem 'Tempo de Projeção'":
importantíssimos na qualidade de vida de u m a p o p u l a ç ã o , a c u l t u r a e o l a z e r.
Fachada do "Cine Center" atualmente, funcionou até 2013 com exibições de filmes pornôs. Fonte: Google Maps
A discussão acerca dos cinemas de rua vai além do saudosismo de uma época em que ir ao cinema era um ritual. Quando
Tabela com dados sobre os antigos cinemas de Nova Iguaçu. Fonte: MONTEIRO; SOUZA, 2013
(MONTEIRO; SOUZA, 2013, pág. 11)
38 | O22 LUGAR | TEMÁTICA
RECEPÇÃO SOCIAL DA CULTURA CINEMATOGRÁFICA De acordo com dados da ANCINE, a cidade
abrindo espaço para qualquer artista, agregando
estabelece a proporção de 265.071 habitantes por
anda mais valor à cultura da cidade. Uma de suas
sala de exibição, ou seja, valor sete vezes maior que
metas em 2015 é ocupar o espaço público, com
a capital do Estado e cinco vezes do que a média
atividades ao ar livre.
nacional (ver tabela 2). Como citado, a cidade
O Buraco do Getúlio ajuda na gestão colaborativa
possui apenas salas no Top Shopping, demonstrando
da Escola Livre de Cinema, junto com a ONG
a tendência mundial.
Laboratório Cultural, o Cineclube Mate com Angu,
Apesar disso, a cidade possui agentes ativos que
um dos mais velhos da Baixada, localizado em
lutam pela cinematografia. Como é o caso do
Duque de Caxias e o departamento de cinema e
Cineclube Buraco do Getúlio e da Escola Livre de
vídeo da Universidade Federal Fluminense (UFF),
Cinema. Ambas instituições atuam diretamente na
exibindo mensalmente filmes nacionais no local.
formação do jovem iguaçuano, não apenas em
Voltada para os jovens, podemos ver em sua
forma de instruir e ensinar, mas como fundamental
grade curricular oficinas de dublagem, videoclipes e
importância na socialização e formação de público
audiovisuais. Além de aprender, os alunos também
dos cinemas, desempenhando grande papel no
participam de curtas, exposições, intervenções
cenário cultural da cidade.
urbanas e outras atividades.
O Cineclube Buraco do Getúlio foi criado em
UF
CIDADES
POPULAÇÃO
2006 a partir de um grupo de estudantes de audiovisual. Com exibições realizadas no Bar do
Intervenção urbana realizada no mesmo bairro da Escola Livre de Cinema, em Austin. A intervenção fez com que os alunos pensassem sobre o corpo e o território como produtores artísticos. Fonte:http://escolalivredecinemani.com.br/qu ero-ser-uma-intervencao-urbana/
Tabela 2: Comparativo entre os números de habitantes entre salas e complexos. Fonte: ANCINE, 2013
TOTAL COMPLEXOS
HAB/COMP LEXO
SALA HAB/SALA S S
RJ
NOVA IGUAÇU
795.212
1
795.212
3
265.071
RJ
RIO DE JANEIRO
6.323.037
39
162.129
175
36.132
107.200.302
721
148.682
2.678
55.520
Ananias, no centro da cidade, passam filmes independentes uma vez por mês e junto são feitas apresentações artísticas, com shows e saraus,
MÉDIA NACIONAL
40 | O22 LUGAR | TEMÁTICA
O TERRENO A escolha do terreno é essencial para o sucesso do empreendimento. Localizado no centro da cidade, o Espaço Nova Iguaçu de Cinema se encontra
andarmos pelo centro. No terreno também existe uma quadra de jogos, mas atualmente desativada.
em uma região de uso misto, com bares, padarias, escritórios e também casas e
No mapa a seguir, vemos a falta de equipamentos culturais em seu entorno,
prédios residenciais, o que demonstra o fluxo constante de transeuntes em
contando apenas com a Casa de Cultura e as exibições do Cineclube Buraco do
diversas horas do dia.
Getúlio. Vale ressaltar a presença de praças na área central, existente em grande
Como o Espaço visa atender não somente aos moradores locais, foi necessário
número, mas pouco frequentadas. O Top Shopping, único local com salas de
escolher um terreno com grande oferta de transporte público. Em seus arredores
cinema na cidade hoje, se tornou o ponto de encontro dos moradores da região,
estão localizados a Estação Ferroviária de Nova Iguaçu, a Rodoviária
devido principalmente à falta de lugares para lazer e descanso na cidade.
Interestadual e a Via Light, importante para acesso à cidade e outros bairros. Logo em frente ao local, encontramos também o ponto final de diversas linhas de ônibus Municipais e Intermunicipais e a Passarela em Caracol, necessária para a travessia entre os lados do trilho do trem. O atual uso do terreno é um estacionamento, uso bastante frequente ao
DADOS: Endereço: Rua Dr. Tibau, 28 Centro - Nova Iguaçu Dimensões: 44x75m Área: 3.210m²
O LUGAR | 41
42 | O22 LUGAR | TEMÁTICA
LEGENDA Rodovia Presidente Dutra Via Light Linha Férrea Viadutos Passarelas Espaço Nova Iguaçu de Cinema (Projeto) Estação Ferroviária de Nova Iguaçu Terminal Rodoviária de Nova Iguaçu Pontos Finais de Ônibus
O LUGAR | 43
LEGENDA Espaço Nova Iguaçu de Cinema (Projeto) Top Shopping Casa de Cultura Cineclube Buraco do Getulho Vila Olímpica Praças
44 | O22 LUGAR | TEMÁTICA
LEGISLAÇÃO VIGENTE O terreno fica localizado na área de comercial e prestação de serviços, mais precisamente no Centro de Comércio e Serviços Metropolitanos CCSM-1. 1) Centro de Comércio e Serviços Metropolitanos - 1 (CCSM-1): correspondente a parcela do núcleo central da cidade de Nova Iguaçu, onde se observa os níveis mais elevados de densidade construtiva e demográfica e a predominância de atividades econômicas e institucionais de caráter regional-metropolitano.
De acordo com a tabela acima, a área CCSM-1 possui uso adequado para cinemas e grandes lojas.
O LUGAR | 45
Para lojas e cinemas, é necessária uma vaga a cada 80m² edificada e área para bicicletário de 1% em relação a sua área útil com acesso público, levando a 120 vagas e 96m² de bicicletário. Por se tratar de um edifício de Uso de Reunião de Público, é necessário atender a normas de pânico e incêndio do Estado do Rio de Janeiro. Para isso, foi implantando saídas de emergência em escadas enclausuradas, dimensionadas, assim como as portas e corredores de acesso às saídas, de acordo com a ABNT em relação ao número de usuários do edifício.
Dados do projeto: Taxa de ocupação: 68% Área edificada: 16.556m² Área do terreno: 3.210m²
Tudo Sobre Minha Mãe - Pedro Almodóvar Ilustração por: Federico Babina
4 | A PROPOSTA
48 | A PROPOSTA
Sévag+Tina
Socialização Espaço propício para conversas e encontros, promovendo interação e troca de conhecimentos e valores entre pessoas de diversos gêneros, idades e classe social.
Cultura Cinema e literatura ajudam a fomentar a cultura n a cidade, trazendo conhecimento e aguçando a imaginação d o indíviduo; os espaços também oferecem encontros para grupos de diversas culturas da Baixada Fluminense.
Lazer
Áreas livres
Lugar propício para momentos de lazer e descanso, ideal para fugir das tensões do diaa-dia nos finais de semana, ou até mesmo para relaxar na hora do almoço.
Integração arquiteturaespaço público, promovendo vitalidade urbana e qualificação da área central, com uma escala humana e uma arquitetura pensada no indivíduo.
A PROPOSTA | 49
PARTIDO ARQUITETÔNICO O empreendimento visa, junto aos através dos usos e oportunidades
com 50 lugares, para eventos literários, noite de autógrafos ou clubes da leitura.
oferecidos, atrair a população, não apenas de Nova Iguaçu, mas das outras
Servindo de apoio ao cinema, a livraria ajuda a fomentar a cultura na região,
cidades da Baixada Fluminense, também carentes em infraestrutura deste porte,
criando junto aos outros espaços do empreendimento, oportunidades para
com uma arquitetura convidativa em beleza e funcionalidade.
socialização, assim como vistos nos antigos cinemas de rua.
Com 3 salas de exibição, sendo duas telas Cinemascope e uma IMAX, o
A solução formal forma do Espaço Nova Iguaçu de Cinema se deu a partir de
Espaço também traz a oportunidade de exibições e apresentações artísticas ao ar
uma evolução volumétrica e nos remete aos antigos rolos de fita, mas com
livre, realizadas na praça central aberta e no terraço. As salas com a tela menor
características próprias marcantes, com ângulos e linhas mais retas. Como
possuem capacidade para 166 e 235 lugares, ideais para exibir filmes clássicos e
resultado, vemos uma arquitetura contemporânea, que dialoga com seus vizinhos
de arte, já a sala em IMAX, com capacidade de 398 lugares, traz a tecnologia 3D
imediatos e propõe um convite aos transeuntes, através de uma grande rampa
e a experiência de imersão total no filme, ao aproximar o espectador, ideais para
que funciona como uma extensão do espaço público e que conecta todos os
os lançamentos e blockbusters.
acessos do edifício e oferece uma área livre aberta para descanso e lazer, mas
A livraria e os espaços gastronômicos, como o café e o restaurante, trazem um
tudo isso, sem deixar o protagonista de fora da cena: o cinema.
perfil de auto-financiabilidade para o empreendimento, ajudando na economia e
Assim, os dois volumes, um mais horizontal, outro mais vertical, se conectam
manutenção do espaço, além de serem parte do tripé para a sobrevivência dos
através da circulação principal e da praça central, atraindo as pessoas através de
cinemas de rua hoje em dia¹. Esta livraria se encontra distribui em dois andares,
sua forma fluida.
possuindo destinados ao comércio e fruição de livros, Cd's e DVD's e uma sala
Ideais centrais onde o projeto se pautou.
¹Como já citado anteriormente, o cinema de rua que quer interferir na cena cultural da cidade em que se encontra, deve viver em função de um tripé: bilheteria, patrocinadores e os anexos .
50 | A PROPOSTA
ESTUDO VOLUMÉTRICO
O ponto de partida do projeto foi a interação
conectando ambos os blocos, sendo feita apenas
entre dois blocos, um com salas de cinema e outro
modificações em relação ao seu acesso principal. O
com lojas, uma praça central aberta e o espaço
bloco frontal foi o que sofreu mais mudanças, seu
urbano. Mesmo com a evolução da volumetria e do
formato em diagonal integra os vizinhos imediatos,
programa, esta conexão foi mantida, servindo como
ao mesmo tempo em que fornece o afastamento
norteadora do partido arquitetônico.
necessário para a rampa do subsolo, visto que esta
Na pré-banca, a volumetria apresentada dividia
não poderia estar localizada do lado oposto, devido
os blocos em horizontal e vertical, o programa
à aproximação com uma esquina e o ponto final de
constava com lojas, salas multiusos e 4 salas de
ônibus, e faz com que a fachada fique voltada para
cinema, além da livraria e dos espaços
o Sudeste, provocando menos incidência solar
gastronômicos. Mas continha alguns problemas, o
dentro do edifício, além de servir como um portal
terreno de 3.210m² não comportava todos os usos e
de entrada para o Espaço.
a volumetria não favorecia a interação entre a circulação vertical, a praça e a rua. Para forma final foi-se mantido o bloco de cinemas, apenas aumentando sua lâmina, a fim de comportar todos os usos necessários, e a circulação,
Volumetria apresentada na pré-banca
Como resultado obtido, vemos uma arquitetura que funciona como extensão do espaço urbano e ao mesmo tempo proporciona vitalidade às ruas. Volumetria final
Vista aérea frontal do projeto
52 | A PROPOSTA
REFERÊNCIAS PROJETUAIS Cinema Étoile Lilas – Paris Arquitetos: Hardel et Le Bihan Architectes Área: 5,527 m² Ano: 2012 O cinema Étoile Lilas foi construído como um equipamento cultural no plano de autoridades locais em Paris, a fim de fortalecer a zona leste da cidade, junto com novas habitações, atividades e parques.
O prédio possui dois volumes, um com as salas e outro com as lojas e o terraço. Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-88110/etoile-lilas-cinemahardel-et-le-bihan-architectes
Considerado como um importante agente na renovação do XXº arrodissement, o edifício é dividido em dois volumes (cinemas e lojas). Além das 7 salas de cinemas dispostas uma em cima da outra, o edifício possui um terraço sobre o volume das lojas. O grande número de salas de exibição é um desafio funcional ao empreendimento. Seu hall de entrada serve como extensão do espaço público para o edifício, convidando os transeuntes a não apenas passar por ele, mas sim permanecer. Por estar em uma grande quadra aberta e possuir circulações externas, o cinema se torna moldura para o entorno imediato da cidade, com praças e vales.
Uma das salas de exibição. Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-88110/etoile-lilas-cinema-hardelet-le-bihan-architectes
O hall de entrada serve como extensão do espaço urbano. Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-88110/etoile-lilas-cinemahardel-et-le-bihan-architectes
Corte longitudinal mostrando as lojas, o terraço e as salas de cinema. Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-88110/etoile-lilas-cinemahardel-et-le-bihan-architectes
A PROPOSTA | 53
Praça das Artes – São Paulo Arquitetos: Brasil Arquitetura Área: 28500.0 m2 Ano: 2012 Junto a um projeto de restauro e reabilitação do Conservatório Dramático Musical de São Paulo, foi realizada a construção de novas instalações, abrigando a sede da das Orquestras Sinfônica Municipal e Experimental de Repertório, dos Corais Lírico e Paulistano, do Balé da Cidade e do Quarteto de Cordas, as Escolas Municipais de Música e de Dança, o Museu do Teatro e o Centro de Documentação Artística. Como anexo, existem os restaurantes, estacionamento subterrâneo e áreas de convivência. Espacialização dos usos. Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasilarquitetura
O projeto tem acesso a três ruas, Vale do Anhangabaú (Rua Formosa), Avenida São João e Rua Conselheiro Crispiniano, possuindo assim grande papel de importância na requalificação da área central da cidade de São Paulo, com novas conexões e valores profissionais, educacionais e sociais, provocando encontros e situações de convivência.
Escada externa chama a atenção por suas formas. Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasilarquitetura
Vista da Rua Conselheiro Crispiniano. Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artesbrasil-arquitetura
Integração entre o novo edifício e o Conservatório Musical e Dramático Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-dasartes-brasil-arquitetura
54 | A PROPOSTA
Casa FIRJAN da Indústria Criativa – Rio de Janeiro Arquitetos: Lompreta Nolte Arquitetos Área: 8.000m² Ano do concurso: 2012 Projeto vencedor do Concurso promovido pela FIRJAN (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), um centro cultural e de formação profissional para segmentos da indústria criativa inserido em um conjunto arquitetônico – o Palacete Lineu de Paula Machado e as Casas Geminadas.
Vista praça interna. Fonte:http://concursosdeprojeto.org/2012/10/06/resultadoconcurso-nacional-da-casa-firjan-da-industria-criativa/
O projeto estimula a interação entre as atividades de Moda, TV, Design, Teatro, Audiovisual, Cinema e Games ao abrir fluxos e conectar o interior com o exterior, com criatividade e aprendizagem. Sua praça interna conecta o novo com o antigo, ao deixar livre a fachada lateral do Palacete, preservando as árvores em seu entorno e formando uma ambiência agradável de permanência e usufruto.
Fachada do projeto, com cores e linhas sóbrias. Fonte:http://concursosdeprojeto.org/ 2012/10/06/resultado-concursonacional-da-casa-firjan-da-industriacriativa/
Integração entre o Palacete e o novo edifício. Fonte:http://concursosdeprojeto.org/2012/10/06/resultadoconcurso-nacional-da-casa-firjan-da-industria-criativa/
A PROPOSTA | 55
High Line - Nova York Arquitetos: Estúdio de paisagismo James Corner Field Operations e o escritório de arquitetura Diller Scofidio + Renfro Ano: 2004Entre 1929 e 1934 foi construída a Ferrovia Central de Nova York, durante quatro décadas ela funcionou servindo à cidade. Entretanto, com o advento dos caminhões, os trens deixaram de circular. Um trecho de uma das ferrovias, entretanto, não foi demolido, mas sim tomado pela vegetação. Com lutas de residentes da área, este trecho da ferrovia foi aos poucos sendo renovado até se transformar Convívio e uso dos equipamentos do local. Fonte:http://www.archdaily.com/554117/viewing-a-city-in-motionfrom-the-high-line-s-third-phase/
em um dos pontos mais conhecidos da cidade, o High Line. No novo jardim suspenso foi aproveitado a vegetação e instalado mobiliários. Sendo um grande espaço ao ar livre, traz à tona a criatividade do povo nova iorquino, através de exposições de arte e apresentações. Seu acesso é feito por 9 pontos ao longo do trecho, a cada duas ruas, conectando a cidade ao espaço público, fornecendo assim um local para convivência, conversas e para fugir do estresse característico de uma grande cidade.
Imagem de uma das últimas intervenções do projeto, com o acesso e área infantil. Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-38223/high-line-new-yorksao-reveladas-as-imagens-da-terceira-e-ultima-secao/
Paranorâmica do High Line. Fonte:http://ilovetravel.com.b r/america-do-norte/roteiro-de5-dias-em-new-york/
56 | A PROPOSTA
Biblioteca Parque Estadual - Rio de Janeiro Arquitetos: Renovação 2014 – Glauco Campelo, Bel Lobo (mobiliário) Área: 15.000m² Ano: 1980/1014 A Biblioteca Parque, localizada na Avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, é uma das bibliotecas parques do Estado, junto com a de Manguinhos, Rocinha, Niterói e em breve, no Alemão. Possui 200 mil títulos para empréstimo, estúdio de gravação de música, teatro para 195 lugares, 2.000m² de ecotelhado com terraço de acesso público e vista para o centro do Rio, auditório para 90 pessoas e área infantil com cores e objetos para estimular a leitura. Além disso, encontramos o espaço multimídia, com DVD's para serem assistidos na biblioteca e a área para leitura e impressão de livros em braile.
A praça interna forma um lugar de convívio tanto entre os frequentadores, quanto para quem está na rua. Fonte:http://www.rj.gov.br/
Reaberta em 2014, promove não apenas o empréstimo de livros e lugar de estudo, mas um lugar de socialização. Seus espaços lúdicos e abertos fomentam a cultura na cidade, atraindo pessoas de diversas idades, gêneros e classe social. É comum encontrar grupos fazendo reuniões na área aberta central, que conecta a biblioteca ao anexo, ou conversando no café, mesmo nos finais de semana, a biblioteca fica repleta de pessoas em busca de cultura e lazer.
A biblioteca também é lugar de exposições. Fonte:http://oglobo.globo.com/rio/a-nova-biblioteca-parque-estadual12025875
Fachada sóbria, com detalhe vermelho marcando a entrada. Fonte:http://biblioo.info/a-bibliotecaparque-do-estado-do-rio-de-janeiro/
Vista da praça interna da biblioteca. Fonte:http://viagemdoconhecer.blo gspot.com.br/
58 | A PROPOSTA
PROGRAMA DE NECESSIDADES O edifício é dividido em dois blocos, o Bloco 1 onde fica localizado o café, a livraria e o terraço e o Bloco 2, onde fica o restaurante, as salas de cinema, o foyer e a administração do empreendimento. Entre eles existe a circulação vertical principal, que dá acesso a ambos os blocos. No interior do edifício há a Praça Central, um local aberto direcionado pela entrada, servindo como extensão do espaço urbano e com abertura para os espaços gastronômicos e a circulação vertical.
Bloco 1 - Livraria
Circulação Vertical
Livraria
Bloco 2 - Cinema
Cinema
Praça Central e acesso
Praça Central e acesso
Circulação Principal
Circulação Principal
Subsolos
Subsolos Foyer Administração Café Restaurante
A PROPOSTA | 59
BLOCO 2
BLOCO 1
PAV.
AMBIENTE
ÁREA (m²)
PAV.
AMBIENTE
ÁREA (m²)
Térreo
Restaurante
321.06
1º Pav.
WC Feminino Salas
17.32
Térreo
WC Feminino Restaurante
21.82
1º Pav.
WC Masculino Salas
23.88
Térreo
WC Masculino Restaurante
18.48
1º Pav.
Sala 1
165.63
Térreo
WC Feminino
21.48
1º Pav.
Sala 2
190.12
Térreo
WC Masculino
25.08
2º Pav.
Sala de projeção
94.65
Térreo
Cozinha
176.04
3º Pav.
Foyer
278.58
Térreo
Recebimento/controle de mercadoria
29.73
3º Pav.
Bombonière
42.00
Térreo
Vasilhames vazios
13.65
3º Pav.
Bilheteria
5.60
Térreo
Depósito diário
17.00
3º Pav.
WC Feminino
32.50
Térreo
Depósito seco
17.00
3º Pav.
WC Masculino
37.79
Térreo
Depósito frio
17.00
3º Pav.
Sala 3
363.85
Térreo
Escritório
16.30
4º Pav.
Depósito
107.64
PAV. Térreo Térreo Térreo Térreo 1º Pav. 1º Pav.
AMBIENTE Café Bar Depósito Bar WC Masculino Café WC Feminino Café Livraria Área infantil livraria
ÁREA (m²) 136.87 15.80 16.25 19.53 249.55 39.18
1º Pav. 1º Pav. 1º Pav. 1º Pav. 2º Pav. 2º Pav.
Recebimento/controle de mercadoria Administração WC Feminino Livraria WC Masculino Livraria Livraria Sala de Eventos
10.60 7.15 16.75 13.47 229.45 39.18
2º Pav. 2º Pav. 2º Pav. 3º Pav. 4º Pav.
Recebimento/controle de mercadoria WC Feminino Livraria WC Masculino Livraria Terraço Reservatório d'água
29.73 19.53 16.25 358.62 42.00
Térreo
Apoio
26.13
4º Pav.
Administração
145.00
1º Pav.
Foyer
296.75
4º Pav.
Depósito
185.94
1º Pav.
Bombonière
33.44
4º Pav.
Sala de projeção
186.32
1º Pav.
Bilheteria
5.60
4º Pav.
Ar condicionado
85.64
1º Pav.
WC Feminino Foyer
21.48
4º Pav.
Reservatório d'água
104.40
1259.90
1º Pav.
WC Masculino Foyer
26.05
TOTAL
PAV.
AMBIENTE
ÁREA (m²)
PAV.
Subsolo 2
Estacionamento 90 veículos
3011.01
Subsolo 1 Docas de carga e descarga
Subsolo 1
Estacionamento 31 veículos
1818.78
Subsolo 1 Depósito de lixo
67.90
Subsolo 1
Bicicletário
96.00
TOTAL
5678.86
TOTAL
PAV.
ÁREA (m²)
Térreo
258.10
1º Pav.
265.17
2º Pav.
262.52
3º Pav.
147.94
5º Pav.
144.63
6º Pav. TOTAL
3170.98
SUBSOLOS PAV.
ÁREA (m²)
Principal
1357.96
331.00
Emergência
219.28
1409.37
TOTAL
1577.24
AMBIENTE
ÁREA (m²)
60 | A PROPOSTA
PERSPECTIVA EXPLODIDA
A PROPOSTA | 61
62 | A PROPOSTA
ESTUDO DE INSOLAÇÃO A fachada principal do edifício é voltada para o Sudeste, recebendo pouca incidência solar ao longo do dia, mas mesmo assim, há a necessidade de proteção devido aos livros expostos na livraria. A fachada dos fundos do Bloco 1 é voltada para o Noroeste, recebendo os raios solares durante grande parte do dia, fazendo com que ela não possua aberturas e seja revestida com um sistema de fachada ventilada. Já a fachada do Bloco 2 também é voltada para o Sudeste, foi escolhido então a proteção com o sistema de fachada ventilada, a fim de proporcionar beleza estética e reduzir gastos com energia e vidros termoacústicos.
20 de março - Equinócio de Outono
08:00h
10:00h
12:00h
14:00h
16:00h
A PROPOSTA | 63
21 de junho - Solstício de Inverno
08:00h
10:00h
12:00h
14:00h
16:00h
10:00h
12:00h
14:00h
16:00h
10:00h
12:00h
14:00h
16:00h
22 de setembro - Equinócio de Primavera 08:00h
21 de dezembro - Solstício de Verão
08:00h
O Iluminado - Stanley Kubrick Ilustração por: Federico Babina
6 | O PROJETO
68 | O 22 PROJETO | TEMÁTICA
TÉRREO O térreo é a ligação entre o espaço urbano e o
lado oposto à Praça, o Restaurante oferece tanto
empreendimento. Devido ao desnível de 1.50m entre
refeições rápidas para o horário de almoço, quanto
o nível do pavimento e a rua, projetou-se uma grande
um jantar para uma comemoração especial.
rampa, a qual convida os transeuntes a entrar e circular pelo edifício.
Esta Praça Central funciona, portanto, como uma grande força centrípeta. Uma área aberta e rodeada
Esta rampa direciona as pessoas à Praça Central,
pelo próprio edifício, proporciona uma sensação de
mas também oferece outros caminhos. No lado
acolhimento e pertencimento, sendo um espaço de
esquerdo da entrada, vemos a circulação vertical que
convivência, encontros, apresentações artísticas e
liga aos outros pavimentos - as salas de cinema, a
gastronomia, visto que tanto o Café quanto o
livraria e o terraço -, já no lado direito há o Café Bar,
Restaurante se abrem para ela.
ideal para um café da tarde, bem acompanhado. No
Entrada principal
Praça Central Aberta
Circulação
70 | O 22 PROJETO | TEMÁTICA
SUBSOLO 2 O subsolo 2 é exclusivo para os frequentadores do empreendimento. Possui 90 vagas de veículos e acesso direto a todos os pavimentos acima, através
de elevadores e escada. Seu acesso é feito através da rampa com 20% localizada no Subsolo 1.
72 | O 22 PROJETO | TEMÁTICA
SUBSOLO 1 O subsolo 1 possui 31 vagas de veículos e 24
localizado ao lado do compartimento de lixo.
vagas para bicicletas para os frequentadores do
Por questões técnicas, precisou-se projetar uma
empreendimento. Nele podemos encontrar também
rampa de 12% de inclinação, devido aos caminhões,
as Docas de carga e descarga, localizada em espaço
fazendo com que o pavimento térreo fosse elevado
separado ao de uso público. As mercadorias
1.50m, a fim de diminuir o comprimento da rampa.
descarregadas são alocadas no depósito geral,
74 | O 22 PROJETO | TEMÁTICA
1º PAVIMENTO No primeiro pavimento as pessoas podem escolher entre assistir a um filme ou comprar um livro. Nele
contribuindo para uma grande experiência cinematográfica.
está localizado as Salas 1 e 2 de exibição, com 166 e
Já no lado oposto à circulação encontramos a
235 lugares, respectivamente e tela Cinemascope.
livraria, com grande acervo de livros e um espaço
Com vista para a Praça Central e pé-direito duplo, o
lúdico infantil. Além das escadas e elevadores, seu
foyer possui bilheteria, máquinas eletrônicas para
segundo andar pode ser acessado através de uma
compra fácil de ingressos e uma bombonière,
elegante escada.
Primeiro andar da Livraria
Área Infantil da Livraria
Foyer das Salas de Cinema
76 | O 22 PROJETO | TEMÁTICA
2º PAVIMENTO O segundo pavimento é de exclusividade da
espaço com 50 lugares para eventos, como noite de
livraria, visto que o foyer das salas do primeiro
autógrafos, clube de leituras e palestras. C o m e s t e
pavimento possui pé-direito duplo. Fica localizado
uso diferenciado, portanto, o empreendimento
também a sala de projeção das salas 1 e 2.
oferece um quiosque de lanches perto da circulação
Neste andar, a livraria oferece a venda não apenas
vertical.
de livros, mas de Cd’s e DVD’s, além de oferecer um
Circulação
Segundo andar da Livraria
78 | O 22 PROJETO | TEMÁTICA
3º PAVIMENTO No terceiro pavimento encontra-se a Sala 3 com
Também encontramos neste andar o Terraço, um
capacidade para 398 espectadores e com tela IMAX
espaço de convivência, conversas, apresentações
3D, de 22x16m, proporcionando uma sensação de
artísticas e projeção ao ar livre, feita na fachada do
imersão no filme, com qualidade superior à tela
Bloco 2, proporcionando uma nova experiência ao
Cinemascope das Salas 1 e 2, sendo ideal para
público. Como apoio, podemos encontrar um
exibições de lançamentos e blockbusters.
quiosque de lanches.
Terraço
Projeção ao ar livre
80 | O 22 PROJETO | TEMÁTICA
4º PAVIMENTO A partir do quarto pavimento, encontramos apenas
Neste andar, também vemos a administração do
o Bloco 2, mais verticalizado que o Bloco 1,
empreendimento, composta de copa, lavabo, 3 salas
portanto. Nele encontra-se o pé-direito duplo do
individuais e uma sala de reunião para 10 pessoas,
foyer e o vazio da Sala 3.
com vista para o foyer.
82 | O 22 PROJETO | TEMÁTICA
5º PAVIMENTO Pela Sala 3 ser em formato IMAX, é necessário um
projeção. Para exibir um filme em IMAX, é
pé-direito duas vezes maior do que as Salas 1 e 2,
necessário o uso de dois projetores ao mesmo tempo,
fazendo com que os próximos pavimentos sejam os
formando, assim, uma ótima resolução.
vazios. Neste andar fica localizado também a sala de
84 | O PROJETO
6º PAVIMENTO O último pavimento serve não apenas como último pavimento da Sala 3, mas também como área técnica, com 7 reservatórios de água e um ar
condicionado tipo Chiller, este alimentando todo o edifício.
86 | O 22 PROJETO | TEMÁTICA
COBERTURA A cobertura do edifício é de telha sanduíche, com inclinação de 5%, já o terraço possui uma cobertura de metalon e vidro, com brises embaixo para
proporcionar sombra e melhor conforto térmico.
31.50 m
4.80 m
Cobertura
17 26.70 m
4.20 m
6º Pavimento
16 22.50 m
15
4.20 m
5º Pavimento
18.30 m
4.20 m
4º Pavimento
9
12
14
10
14.10 m
4.20 m
3º Pavimento
12 13
9.90 m
15
4.20 m
2º Pavimento
12
14 9
5.70 m
10
4.20 m
1º Pavimento
7
8
9
10
12
11
1.50 m
6
0.00 m
Rua
5
4
3.15 m
4.20 m
Térreo
3 FREE
FREE
O WN L D O A D@ RE V I T C A R S . C O M
O WN L D O A D@ R E IV T C A R S . C O M
Subsolo 1
1 FREE
FREE
O WN L D O A D@ R E IV T C A R S . C O M
O WN L D O A D@ R E IV T C A R S . C O M
Corte A-A 1. Estacionamento com 90 vagas 2. Rampa de acesso ao subsolo 1 - 12% 3. Estacionamento com 31 veículos e 24 bicicletas 4. Docas de carga e descarga 5. Depósito Geral 6. Acesso principal - Rampa 8,33% 7. Apoio 8. Cozinha 9. W.C. Masculino 10. W.C. Feminino 11. Restaurante para 210 lugares 12. Acesso pavimentos superiores 13. Sala 1 - 166 lugares 14. Foyer 15. Sala de projeção 16. Sala 3 com 398 lugares 17. Ar Condicionado Chiller
0
5
10
-2.70 m
2
30
-5.85 m Subsolo 2
2001 - Uma Odisséia no Espaço - Stanley Kubrick Ilustração por: Federico Babina
6 | ASPECTOS CONSTRUTIVOS
106 | ASPECTOS CONSTRUTIVOS 22 | TEMÁTICA
ETAPAS DE CONSTRUÇÃO Sistema estrutural
vidros se utilizam de vidro isolante termo-acústico.
O sistema estrutural escolhido foi o Concreto Protendido, bastante utilizado nos últimos anos no conhecido sistema Laje-Viga-Pilar. A protensão confere ao
Revestimentos
concreto maior resistência à tração, possibilitando o uso em locais com esforços
Como proteção térmica foram empregados nas fachadas dois sistemas, placas
de flexão elevados e baixa manutenção ao longo dos anos. Sua escolha foi devido à elevada carga necessária para sustentação das salas de cinema e os grandes vãos necessários para vencer, além de seu sistema possibilitar dimensões 2 vezes menor que a do concreto armado, pois utiliza-se concreto e aço com maior resistência. Outras características são:
de metal perfurado funcionando como brises e o sistema de fachadas ventiladas, tecnologia que vem sendo bastante empregada ao longo dos anos em todo o mundo. A fachada Sudeste, principal do projeto, recebeu as placas de metal. Mesmo sendo uma fachada que não tem grande incidência solar, devemos nos atentar ao fato de ser uma livraria, o que faz com que a exposição permanente ao sol possa
·Controle e redução de deformações e da fissuração
acarretar danos aos livros. A praça central também recebe uma parede em
·Possibilidade de uso em ambientes agressivos
concreto polímero com o mesmo desenho perfurado, provocando sombras na
·Aplicação em peças pré-fabricadas
praça e diminuindo, assim, a sensação térmica no ambiente.
·Recuperação e reforço de estrutura
Já as outras duas fachadas, que recebem maior incidência solar ao longo do dia, recebem o sistema de fachada ventilada, com placas de concreto polímero,
Se compararmos com o Concreto Armado, o concreto resultado da protensão tem resistência de 2 a 3 vezes maior, e o aço, resistência de 3 a 5 vezes superior.
que ajuda não só na estética do edifício, mas ajuda bastante em seu desempenho térmico, reduzindo o uso de ar condicionado do edifício e servindo como capa protetora para a estrutura.
Fechamentos Os fechamentos são feitos em alvenaria tradicional, com exceção apenas das paredes em volta das salas de cinema, construídas em blocos de concreto autoclavado e a parede entre as salas 1 e 2, com placas de gesso. Já as peles de
ASPECTOS CONSTRUTIVOS | 107
Sistema Estrutural
Fechamentos e piso Revestimentos de fachada
108 | ASPECTOS CONSTRUTIVOS 22 | TEMÁTICA
DETALHES FACHADAS
Fachada em metal perfurado - Bloco 1 Placas em aço inox pintado na cor vermelha, remetendo à cor das poltronas de cinema e chamando atenção no espaço urbano. Seus furos personalizados foram desenhados a fim de instigar os transeuntes, provocando a imaginação e brincando com a iluminação interna. Sua forma orgânica se contrapõe às linhas retas do edifício, relembrando o movimento da imagem cinematográfica. Essas placas além de trazerem beleza ao edifício, oferecem uma proteção semelhante aos brises-soleils, protegendo os livros expostos nos andares da livraria.
ASPECTOS CONSTRUTIVOS | 109
Fachada ventilada - Bloco 2 e Bloco 1 Peças em concreto polímero que são aplicadas com 15cm de distância do fechamento, formando uma câmara ventilada e em consequência o “Efeito Estufa”, provocando ventilação contínua na fachada, fazendo com que o ar quente entre nos vãos entre as placas e suba ao invés de entrar no edifício. As placas protegem também da ação de chuvas, protegendo a estrutura e o fechamento de intempéries e aumentando sua vida útil.
110 | ASPECTOS CONSTRUTIVOS 22 | TEMÁTICA
DETALHE COBERTURA Cobertura
ideal que haja um isolamento térmico, a fim de se economizar em gastos de
A cobertura escolhida no projeto foi a telha termoacústica que funciona em um
energia.
sistema “sanduíche”, com duas placas de aço e núcleo com material isolante
Outra escolha deste tipo de telha foi devido à Sala 3, pois por estar no último
injetado. A escolha do Poliuretano Expandido foi devido à sua baixa
andar do edifício, pode ter sua acústica atrapalhada pela chuva e outras
condutibilidade térmica se comparado aos outros materiais isolantes empregados
intempéries, além da alta incidência solar. Assim, é utilizado para complementar
na construção civil, pois por Nova Iguaçu ser um local com altas temperaturas, é
esse sistema, uma outra camada isolante logo abaixo das telhas.
ASPECTOS CONSTRUTIVOS | 111
DETALHE CANTEIRO Canteiro
vegetação, além da implantação de ralos para drenagem da água, tanto sob os
Para que não seja necessário desnível no terreno e rebaixamento da laje para
canteiros como nas áreas de piso. A altura da porção de terra é de cerca de 85cm,
construção de jardins, foi escolhido o uso de canteiros. Devido ao subsolo abaixo do edifício, é necessário uma série de camadas para proteção da laje e da
ideal para arvoretas e árvores de pequeno porte.
112 | ASPECTOS CONSTRUTIVOS 22 | TEMÁTICA
SALAS DE CINEMA O Espaço Nova Iguaçu de Cinema contempla 3 salas de exibição, sendo duas salas com tela planta
largura e 1% para pessoas com mobilidade reduzida.
Cinemascope (proporção de 1:2,35), com 166 e 235
Suas poltronas são do tipo rocker, inclináveis,
lugares e uma sala com tela curva IMAX (proporção
com porta-copos e em couro sintético vermelho,
de 1:375), com capacidade para 398 lugares.
assim como a cortina permeável e o carpete
As salas menores oferecem filmes que possuem menor lotação, como os independentes e de artes, já
revestidos nas paredes, remetendo aos antigos cinemas.
a sala maior oferece filmes com qualidade IMAX e
As paredes serão construídas em dois materiais
3D, normalmente grandes lançamentos e
distintos. As paredes voltadas para fora da sala
blockbusters.
(corredores, banheiros, foyer etc), serão construídas
Todas as 3 salas atendem normas de incêndio e
em bloco de concreto autoclavado de 15cm,
pânico do Estado do Rio de Janeiro, com portas
revestido com uma placa de lã de vidro na face
corta-fogo de 1 m de largura a cada 100 pessoas,
interna, e a cortina e o carpete servirão como
escada enclausurada exclusiva e respeito ao limite
revestimentos acústicos e estéticos.
de 300 lugares juntos (15 fileiras e 20 colunas),
Já a parede entre as salas 1 e 2 é composta de um
além de todos os materiais serem incombustíveis.
sistema com três placas de gesso, isolamento em lã
Também atendem às normas de acessibilidade, com
de vidro, um espaço de 20 cm servindo como
2% dos lugares reservados para deficientes físicos,
bolsão de ar, isolamento de vidro e mais duas
com direito a um acompanhante cada e 1% dos
placas de gesso. Esse sistema impede que o som
lugares para obesos, com poltrona com dobro de
das salas transpasse para a outra.
ASPECTOS CONSTRUTIVOS | 113
Outros detalhes e medidas são importantes para o
pares tendo a primeira localizada entre a segunda e
melhor aproveitamento do espectador com o filme.
terceira fileira, destanciadas 3 metros entre si e do
Em salas de cinemas é opcional a colocação das
chão. Na sala 3, além das caixas nas paredes, são
luminárias na parede ou no forro. No projeto,
localizadas caixas de som atrás da tela IMAX.
optou-se por colocá-las na parede, evitando-se, assim, uma carga excessiva no forro. Junto às paredes, localizam-se as caixas de som surround, normalmente utilizadas em números
Comparativo entre o tamanho das telas Cinemascope e IMAX. Fonte:http://imagens.cana ltech.com.br/
114 | ASPECTOS CONSTRUTIVOS 22 | TEMÁTICA
ASPECTOS CONSTRUTIVOS | 115
116 | ASPECTOS CONSTRUTIVOS 22 | TEMÁTICA
Um Corpo que Cai - Alfred Hitchcock Ilustração por: Federico Babina
7 | REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
120 | REF. BIBLIOGRÁFICAS 22 | TEMÁTICA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Livros, artigos e teses: ABBUD, Benedito. Criando paisagens: guia de trabalho em arquitetura paisagística. [Ilustrações Hélio Yokomizo]. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2006. 207p. ALEX, Sun. Projeto da praça: convívio e exclusão no espaço público. São Paulo: Senac São Paulo, 2008. 291p. BAHIA, Lia. Discursos, políticas e ações: processos de industrialização do campo cinematográfico brasileiro / organização da coleção Lia Calabre. São Paulo: Itaú Cultural: Iluminuras, 2012. BARBOSA, Ana Mae. Arte, Educação e Cultura. [Kindle Edition]. ASIN: B00AGZI27W. COSTA, Renato Gama-Rosa. Salas de Cinema Art Déco no Rio de Janeiro. Rio de janeiro: Apicuri, 2012. DUARTE, Rosália. Cinema & Educação. 3.ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009. 104 p. FREIRE, Rafael de Luna. Cinematographo em Nictheroy: história das salas de cinema de Niterói. Niterói, RJ: Niterói Livros; Rio de Janeiro: INEPAC, 2012. 264 p.
LUCA, Luiz Gonzaga Assim de. Cinema digital e 35 mm: técnicas, equipamentos e instalação de salas de cinema. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 231 p. MEDEIROS, Ethel Bauzer. O lazer no planejamento urbano. 2.ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1975. 253 p. MELEIRO, Alessandra. CINEMA NO MUNDO: indústria, política e mercado América Latina, v.2. São Paulo: Escrituras, 2007. 229p. NEUFERT, P. Arte de Projetar em Arquitetura. 18ª ed. Barcelona: Ed. Gustavo Gili, 2009. 567p. RIVERA, Tania. Cinema, imagem e psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. 76p. ROSENFELD, Anatol; FERNANDES, Nanci. Cinema: arte & indústria. São Paulo: Perspectiva, 2009. 264p. MONTEIRO, Tiago José Lemos; SOUZA, Lívia Corrêa Pinto de. Dos cinemas de rua à produção: memorial do documentário de curta metragem “Tempo de Projeção”. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro. Nilópolis, RJ, 2013.
REF. BIBLIOGRÁFICAS | 121
Normas e decretos:
Endereços eletrônicos:
Decreto 897, de 21/09/1976 - Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico (COSCIP) do Estado do Rio de Janeiro
http://archdaily.com/ http://escolalivredecinemani.com.br/ http://buracodogetulio.blogspot.com.br/ http://www.ulmaarchitectural.com/br/ http://www.bauscher.com.br/ http://arcoweb.com.br/ .http://equipedeobra.pini.com.br/ http://techne.pini.com.br/ http://www.ancine.gov.br/ http://www.telabr.com.br/ http://architizer.com/ http://www.skygarden.com.br/br/ http://www.rudloff.com.br/ http://www.isover.com.br/
ABNT NBR 6120:1980 - Cargas para o cálculo de estruturas de edificações ABNT NBR 9050:2004 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos ABNT NBR 9077:2001 - Saídas de emergências em edifícios
122 | ANEXO 22 | TEMÁTICA
ANEXO | 123
124 | ANEXO 22 | TEMÁTICA
ANEXO | 125