TFG - Residencial Ribeirão do Meio

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LARISSA COTRIM RIBEIRO

[ INTERVENÇÃO DE VAZIO URBANO ]

Ã

MEIO

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TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Orientadora Prof.ª MSC. Isabela Zani Donato Curso de Arquitetura e Urbanismo Centro Universitário Fundação de Ensino Octávio Bastos - Unifeob

[INTERVENÇÃO DE VAZIO URBANO]

RESIDENCIAL RIBEIRÃO DO MEIO LARISSA COTRIM RIBEIRO

SÃO JOÃO DA BOA VISTA – SP JUNHO / 2019

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[INTERVENÇÃO DE VAZIO URBANO]

RESIDENCIAL RIBEIRÃO DO MEIO BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________________ PROFESSORA MSC. ISABELA ZANI DONATO Centro Universitário Fundação de Ensino Octávio Bastos – Unifeob (Orientadora)

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SÃO JOÃO DA BOA VISTA – SP JUNHO / 2019

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Agradecimentos

Após estes anos de estudos, o sentimento é muito gratificante com uma linda sensação de conquista. Neste momento é indispensável o agradecimento ao meu marido que sempre me apoiou em todas as etapas da minha formação e me inspira a querer crescer na vida. Agradecer aos meus pais, Ana Lucia e Vitor, que me criaram com valores éticos e morais, definindo a pessoa que sou hoje. Além de meus pais, não posso deixar de agradecer minha tia/avó Maria Lucia, quem me inspira e sempre me deu apoio me mostrando quem eu queria ser, me fazendo ter objetivos na vida e ser uma pessoa melhor. E agradeço a minha amiga Julia que esteve ao meu lado nesta reta final por não me deixar desanimar e a todos meus amigos Antônio Fernando de Sá, Aparecido D. Vidal, Gabriela Damaglio, Gabriela Pella, Magno Batista e Marina Correia, professores e principalmente minha orientadora Isabela Donato por toda a contribuição para me tornar uma arquiteta urbanista. E agradeço infinitamente a Deus, que me deu muita paciência e resiliência em todos os momentos da minha vida. 10


O presente trabalho tem como ponto de partida a identificação de vazios urbanos na cidade de Mococa, localizada no interior do Estado de São Paulo. Foi identificado em Mococa um problema que tem sido muito recorrente nas cidades, entre eles: o espraiamento, a especulação imobiliária, a expansão desordenada da cidade e a falta de planejamento urbano. A partir dos terrenos vazios na área urbana de Mococa, foi escolhido um lote localizado no cruzamento da Rua Irmãos Nicola e a Avenida João Batista de Lima Figueiredo, pelo não cumprimento da função social da propriedade. A proposta pretendida nesse trabalho tem como finalidade principal ocupar um vazio urbano na cidade de Mococa, através do projeto de um novo conjunto habitacional, o “Residencial Ribeirão do Meio”;

Palavras-chave: Vazios Urbanos. Especulação Imobiliária. Conjunto Habitacional.

Resumo 11


Abstract The present work has as its starting point the identification of urban voids in the city of Mococa, located in the interior of the State of S達o Paulo. A problem has been identified in Mococa that has been very recurrent in the cities, among them: the spreading, the real estate speculation, the disorderly expansion of the city and the lack of urban planning. From the empty lots in the urban area of Mococa, a lot was chosen located at the intersection of Rua Irm達os Nicola and Avenida Jo達o Batista de Lima Figueredo, for the nonperformance of the social function of the property. The main purpose of this proposal is to occupy an urban void in the city of Mococa, through the project of a new housing complex, the Residencial Ribeir達o do Meio. Keywords: Urban Voids. Real estate speculation. Housing.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Espraiamento das vargens do município de Jacarepaguá ................................... 27 Figura 2. Charge ilustrativa do processo de espraiamento .............................................. 28 Figura 3. Ilustração da área de especulação imobiliária .................................................... 30 Figura 4. Inauguração da Igreja Matriz ............................................................................ 31 Figura 5. Município de Mococa em 1920 ....................................................................... 32 Figura 6. Concentrações de vazios urbanos significativos no município de Mococa ......... 33 Figura 7. Mapa de vazios urbanos de Mococa-SP ........................................................... 34 Figura 8. Brasão de Mococa .......................................................................................... 38 Figura 9. Imagem ilustrativa das possibilidades de ocupações dos vazios urbanos. ........... 41 Figura 10. Proposta de revitalização para vazios urbanos do concurso Iniciativas de Cidadania Europeia ....................................................................................................................... 42 Figura 11. Playgrounds de Aldo van Eyck, 1947. Foto tirada por Marcos Rosa ................ 42 Figura 12. Vila Operária da Gamboa, Rio de Janeiros. .................................................... 44 Figura 13. Conjunto Passo s'Areia, em Porto Alegre. Um dos mais completos conjuntos habitacionais implantados pelo IAPI. ............................................................................... 45 Figura 14. Edifício construído pelo programa CDHU ..................................................... 45 Figura 15. Mapa mostrando os tipos de bairros do município. ........................................ 47 Figura 16. Mapa localizando os Conjuntos Habitacionais e o centro do município8. ........ 48 Figura 17. Perspectiva do Tetrisi .................................................................................... 51 Figura 18. Implantação .................................................................................................. 51 Figura 19. Vista superior da localização do edifício. ......................................................... 52 Figura 20. Elevações volumétricas.................................................................................. 52 Figura 21. Estrutura de tópicos. ..................................................................................... 52 Figura 22. Volumetria espinha de peixe ......................................................................... 53 Figura 23. Elevações ...................................................................................................... 53 Figura 24. Circulação do vento e trajeto solar ................................................................ 53 Figura 25. Corte esquemático. ...................................................................................... 54 Figura 26. Tipologias. .................................................................................................... 54 Figura 27. Usos de pavimento térreo ............................................................................ 55 Figura 28. Usos do segundo pavimento ......................................................................... 55 Figura 29. Usos do primeiro e terceiro pavimento ......................................................... 55 Figura 30. Tipologia do térreo ....................................................................................... 55 Figura 31. Tipologia do segundo pavimento ................................................................... 56 Figura 32. Tipologia do primeiro e terceiro pavimento ................................................... 56 Figura 33. Acesso vertical e acesso horizontal ................................................................ 56 Figura 34. Acessos ........................................................................................................ 56 Figura 35. Edifício tetris em fase de construção .............................................................. 57 Figura 36. Estrutura do edifício ...................................................................................... 57 Figura 37. Interior do apartamento ................................................................................ 57 Figura 38. Fachada do edifício Tetris .............................................................................. 58 13


Figura 39. Relação planta-volumetria ............................................................................. 58 Figura 40. Entrada do edifício 2602 Broadway Housing ................................................. 59 Figura 41. Lateral do edifício Broadway Housing............................................................ 59 Figura 42. Vista do pátio interno do Broadway Housing ................................................. 60 Figura 43. Planta mostrando os usos de ocupação ......................................................... 60 Figura 44. Elevações Broadway Housing ....................................................................... 60 Figura 45. Detalha da membrana criada com a madeira ................................................. 61 Figura 46. Vista das passarelas. Fonte: Architectural Record ........................................... 62 Figura 47. Maquete eletrônica do projeto Broadway Housing ........................................ 62 Figura 48. Pátio interno do Center Village ..................................................................... 63 Figura 49. Cômodos internos. ...................................................................................... 63 Figura 50. Formas de ocupação .................................................................................... 64 Figura 51. Vista interna demonstrando os acessos verticais ............................................. 65 Figura 52. Plantas de pavimento do Center Village......................................................... 65 Figura 53. Vista noturna da vila cooperativa. .................................................................. 66 Figura 54. Perspectiva artística dos edifícios.................................................................... 66 Figura 55. Vista panorâmica da fachada. ......................................................................... 66 Figura 56. Apartamentos Tetris. .................................................................................... 67 Figura 57. Edifício 2602 Broadway Housing ................................................................... 67 Figura 58. Center Villagey ............................................................................................. 67 Figura 59. Recorte do mapa de vazios urbanos com a área pleiteada em destaque. ....... 71 Figura 60. Mapa topográfico da região da intervenção. .................................................. 72 Figura 61. Perfil AA traçado no município com elevação.. .............................................. 72 Figura 62. Imagem da esquerda ilustrando do efeito de canalização ou corredor dos ventos e a imagem à direita ilustrando o efeito de canto.. ......................................................... 73 Figura 63. imagem ilustrativa do sentido dos ventos predominantes. ............................. 73 Figura 64. Mapa com relevo criado no software Skechup.. ............................................ 74 Figura 65. Zoneamento Bioclimático Brasileiro. Fonte: NBR 15220-3:2005 – Desempenho térmico de edificações – Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social. ......................................... 74 Figura 66. Tabela de gabaritos e densidade populacional................................................ 75 Figura 67. Mapa de gabarito do recorte da intervenção. ................................................ 75 Figura 68. Mapa de Uso e Ocupação do Solo. .............................................................. 76 Figura 69. Mapa de mobilidade destacando vias arteriais, coletoras e locais. .................. 77 Figura 70. Vista nordeste do local da intervenção........................................................... 78 Figura 71. Vista noroeste do local da intervenção. ......................................................... 78 Figura 72. Estudo de implantação com o adensamento residencial.. ............................... 80 Figura 73. Análise da topografia original a esquerda e da modificada a direita. ................. 81 Figura 74. Programa de Necessidades.. ......................................................................... 83 Figura 75. Tipologia A e B.. ........................................................................................... 84 Figura 76. Tipologia C .................................................................................................. 84 Figura 77. Tipologia D. ................................................................................................. 84 Figura 78. A esquerda o pavimento "TIPO" e a direita o pavimento Térreo do Tipo A. .. 85 Figura 79. A esquerda o pavimento térreo do Tipo B. ................................................... 85 Figura 80. Vista evidenciando rampas sudeste do projeto............................................... 86 14


LISTA DE FIGURAS

Figura 81. Implantação. Fonte: Elaborado pela autora, 2019. ......................................... 86 Figura 82. Grama Esmeralda, Grama Amendoim e Rabinho de Gato ............................. 87 Figura 83.Arbustos Ixóra e Azaléia. ................................................................................ 87 Figura 84. Arbustos Dália e Agave-Dragão. .................................................................... 87 Figura 85. Palmeira Washingtonia e Coqueiro Jerivá. ..................................................... 87 Figura 86. Tipuana e Flamboyant. .................................................................................. 88 Figura 87. Manacá da Serra e Pitangueira. ...................................................................... 88 Figura 88. Ipê Rosa e Paineira Rosa ............................................................................... 88 Figura 89. Paineira Branca e Paineira Bombax ................................................................ 88 Figura 90. Acácia e Amoreira ......................................................................................... 88 Figura 91. Laranjeira e Limoeiro .................................................................................... 88 Figura 92. Desenho esquemático da montagem da parede de Drywall .......................... 89 Figura 93. Detalhe telha sanduiche ................................................................................ 89 Figura 94. Laje treliçada. ................................................................................................ 90 Figura 95.Planta de Pavimento evidenciando as estratégias bioclimáticas. ........................ 91 Figura 96.Vista com destaque nos cobogós e nos brises. ................................................ 91 Figura 97. Vista Oeste evidenciando a cobertura de vegetação e os brises dos edifícios. . 92 Figura 98. Vista geral do projeto. ................................................................................... 93 Figura 99. Vista do pátio interno entre os edifícios. ......................................................... 94 Figura 100. Vista externa do projeto. ............................................................................. 95 Figura 101. Vista externa do projeto. ............................................................................. 96 Figura 102. Vista externa do projeto mostrando a quadra poliesportiva. ......................... 97 Figura 103. Vista externa do projeto mostrando a pista de skate..................................... 98 Figura 104. Vista externa do projeto .............................................................................. 99 Figura 105. Vista externa do projeto. ........................................................................... 100 Figura 106. Vista externa do projeto. ........................................................................... 101 Figura 107. Vista externa do projeto. ........................................................................... 102 Figura 108. Planta de Implantação ............................................................................... 103 Figura 109. Planta de cortes da Implantação ................................................................. 104 Figura 110. Plantas de Pavimento Tipo A ..................................................................... 105 Figura 111. Plantas de Pavimento Tipo B ..................................................................... 106 Figura 112. Elevações e cortes tipo a. .......................................................................... 107 Figura 113. Elevações e cortes tipo B .......................................................................... 108 Figura 114. Desenhos Tecnicos - Casa Geminada ....................................................... 109

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 17 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 19 METODOLOGIA ........................................................................................................... 20 1 PROBLEMÁTICA ......................................................................................................... 23 Vazios Urbanos, Espraiamento e Adensamento Populacional |Especulação Imobiliária | Urbanização de Mococa | Segregação e Espraiamento em Mococa | Instrumentos Urbanísticos

2 HABITAÇÃO ............................................................................................................... 39 Formas de Ocupação dos Vazios Urbanos | Habitação | Habitação em Mococa

3 ESTUDOS DE CASO .................................................................................................. 49 Apartamentos Tetris | Broadway Housing | Center Village 4 O PROJETO ................................................................................................................ 69 Análise do Local | Diagnóstico do Entorno | Estudo de Impacto | Projeto

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 83 Referência Bibliográficas / Sites Consultados

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1. [ PROBLEMÁTICA ]

Vazio Urbano Espraiamento Adensamento Populacional Especulação Imobiliária Urbanização de Mococa Segregação e Espraiamento em Mococa Instrumentos Urbanísticos

25 27 29 30 31 33 35

2. [ HABITAÇÃO ]

Formas de Ocupação dos Vazios Urbanos Habitação Habitação em Mococa

41 43 47

3. [ ESTUDO DE CASO ]

Apartamentos Tetris 2602 Broadway Housing Center Village

51 59 63

4. [ PROJETO ]

Análise da área escolhida Topografia Ventos Predominantes Insolação Gabarito x Densidade da Área Uso e Ocupação do Solo Mobilidade Estudo de Impacto Projeto Partido Arquitetônico Estudo Preliminar Processo Projetual Estudo Topográfico Garagens Programa de Necessidades e Tipologias Implantação Paisagismo Técnicas Construtivas Estruturas Estratégias Bioclimáticas Conclusão Imagens do Projeto Pranchas Técnicas

71 72 73 74 75 76 77 78 79 79 79 80 81 82 83 85 87 89 90 91 93 95 103

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Introdução

Considerando o crescimento demográfico e o processo de expansão urbana das cidades da região sudeste do Brasil, será analisada a cidade de Mococa,

Atualmente o país como um todo vem sofrendo um fenômeno denominado

cidade do interior do estado de São Paulo, que possui 66.290 habitantes,

“Urban Sprawl”, um termo utilizado para referenciar uma expansão

segundo os dados do IBGE (2010).

horizontal da cidade, ou seja, um espalhamento de áreas edificadas antes que o município atinja sua densidade demográfica ideal. E assim surgem os bairros periféricos, localizados literalmente nas periferias do município deixando a população mais carente, na maioria das vezes, distante dos centros urbanos

A cidade de Mococa não teve muito desenvolvimento em infraestruturas atualmente, diferente da década de 1950 onde o município pertencia ao circuito da fé e do café com leite além de ser o elo dos estados São Paulo e Minas Gerais.

e de seus locais de trabalho sem estruturas básicas, meios de transportes etc. Os anos se passaram e as melhores áreas do município ainda pertencem ao Essa população carente que migra para as periferias se vê obrigadas a fazerem isso devido à especulação imobiliária, onde lotes bem localizados

famosos “Barões do Café”, e a consequência disso é a alta valorização central.

são esquecidos por seus proprietários à espera da valorização da terra, tornando o valor por metro quadrado em regiões centrais ou bem localizadas elevadíssimas para a população citada acima.

Devido à alta valorização de áreas centrais, o mercado imobiliário tem transformado áreas rurais em loteamentos espraiados muito rapidamente. Bem preocupante para o município já que sua extensão territorial é de 854,1

Tanto o espraiamento quanto a verticalização são fenômenos que podem

km².

ser vantajosos ou onerosos, dependendo de como eles acontecem. O planejamento urbano e a mobilidade são fatores que interferem diretamente no funcionamento da cidade.

Muitos loteamentos têm sido criados para resolverem as carências de habitação social, e geralmente não oferecem uma qualidade de vida digna à população, faltando segurança, educação, saúde, transporte e áreas de lazer nestes novos bairros, colocando a população ali existente em risco. Pode-se dizer que o direito à cidade dessas pessoas tem sido negligenciado, pois, essas áreas de espraiamento não proporcionam o mínimo de condições básicas necessárias. 19


Existe uma resposta acadêmica e uma resposta de luta social para essa questão. O direito à cidade é um conceito francês que diz que seus moradores devem ter o direito à cidade enquanto festa urbana, ou seja, a cidade que expressa diversidade e que utiliza seus espaços

Utilizando como exemplo um lote urbano, sem benfeitorias e edificações,

mais valorizados para oferecer lazer, cultura e serviços à população.

na cidade de Mococa, será realizada uma análise do tema proposto,

Acontece que a ocupação desse chamado espaço urbano é alvo de

propondo uma intervenção em uma área atualmente sem uso, devolvendo-

uma eterna luta de classes dentro das cidades. Historicamente, as

a aos mocoquenses.

populações menos favorecidas ocupam as periferias das cidades,

Propõe-se neste local, como uma solução da problemática de vazios

onde o direito à cidade é mais negligenciado, pois falta, na maior

urbanos e o espraiamento do município uma edificação de uso misto, ou

parte das vezes, infraestrutura e urbanização. (MARICATO, 2014).

seja, no seu térreo ocorrerá o uso comercial e os demais pavimentos será direcionado ao uso residencial.

Contudo, ao observar-se os chamados “Vazios Urbanos”, nota-se as grandes

O objetivo primordial da solução da problemática deste trabalho é devolver

áreas centrais sem edificações, à espera da valorização imobiliária.

um espaço de qualidade, áreas arborizadas e com equipamentos urbanos

O objetivo deste Trabalho Final de Graduação é relatar sobre “Vazios

para a população tanto local como a população flutuante.

Urbanos” em áreas nobres e centrais da cidade, onde deveria ocorrer uma maior punição para especuladores imobiliários, aplicando o IPTU progressivo no tempo e outras maneiras legais do mau uso do espaço urbano e recomendar uma solução viável para estes vazios apresentando edificações congruentes a resolver este paradigma.

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Justificativa

O tema escolhido, vazios urbanos, se dá pela preocupação do crescente espraiamento horizontal do município. A cidade em questão está em uma fase de intenso crescimento, vários loteamentos sendo inaugurados, tanto populares quanto de classe média. A pergunta que deve ser realizada é: “A população está aumentando?”. Segundo dados do IBGE/2010, a densidade demográfica do município é de 77,55 hab./km². O que se nota de modo informal, é que a população migra do município para outras regiões e não o contrário e por isso a pergunta se há necessidade de deixar que ocorra uma expansão territorial, sendo que ainda existem muitos terrenos vagos na cidade. Pensando neste contexto, o objetivo será adensar uma área do município que se encontra com todas as infraestruturas completas e num repleto vazio urbano.

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Metodologia

PROBLEMÁTICA [ Vazios Urbanos | Espraiamento ]

A metodologia utilizada para o desenvolvimento dos objetivos deste

› ›

trabalho contempla o levantamento bibliográfico, focado na história da

Levantamento Bibliográfico Visita aos departamentos (Prefeitura) Contextualização

públicos

habitação social e no contexto de vazio urbano, espraiamento, especulação imobiliária e adensamento populacional. Em um segundo momento, foi feito um estudo acerca do tema em questão, através de uma fundamentação teórica, abordando conceitos mais gerais até chegar no nível municipal. É falado um pouco da história

PROPOSTA DE SOLUÇÃO [ Habitação | Adensamento Populacional ] › › ›

Análise da problemática x Proposta de Solução Levantamento Bibliográfico Contextualização

da habitação e as principais habitações sociais no município. Em seguida, foram estudadas algumas obras arquitetônicas que inspiram o conceito, a criação e a estética do projeto de habitação. E, posteriormente, foi desenvolvido o projeto propriamente dito, por meio

REFERÊNCIA PROJETUAL [ Estudo de Caso ]

de uma análise dos vazios urbanos no município foi contemplado uma área para a implantação com base em pesquisas de campo, ajuda do Google Earth e o Plano Diretor. Após essa pesquisa, tem-se o produto final, o Ribeirão do Meio, representado aqui com plantas de pavimento, cortes, fachadas e imagens

PROJETO [ Residencial Ribeirão do Meio ]

renderizadas para uma melhor compreensão dos materiais, do projeto e de como ele se insere na cidade.

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1. PROBLEMÁTICA

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1. Vazio Urbano, Espraiamento e Adensamento Populacional

1.1.

Vazio Urbano

Os vazios urbanos muitas vezes são uma miscelânea de lotes vazios, espaços

O diagnóstico de vazio urbano pode-se dar por diversos motivos, entre eles,

entre edificações, áreas verdes, praças deterioradas sem uso, novos

econômicos, fator histórico, político e geográfico. Porém, o plano diretor é

loteamentos e terras desocupadas. Os chamados vazios urbanos não são

um instrumento legal utilizado pelo município para conter este tipo de caos,

qualificados como áreas livres de preservação ou área de função social, são

e o vazio urbano como consequência a especulação imobiliária.

espaços localizados, em sua maioria, em pontos favoráveis do município, geralmente localizado na área central. Com este efeito surge a consequência alarmante da nossa atual realidade, a especulação imobiliária e assim gerando

O plano diretor é responsável por garantir o funcionamento das funções

valores elevadíssimos para a moradias nessa região.

sociais, planejamento, controle do uso e ocupação do solo e o bem-estar da população do município, prevista pela Lei Federal nº10.257/01, no Estatuto da Cidade.

Andréa Borde (2012) afirma que: As características de vazio urbano são predominantes nas novas cidades A expressão “vazios urbanos” remete ao sentido de ausência,

contemporâneas, existindo também em cidades mais antigas, porém mais

ausências de múltiplas ordens, associando-se, a princípio, às

visíveis nos novos municípios. Este talvez seja um problema cultural, onde a

descontinuidades, a espaços residuais no tecido urbano, atribuídos

população visa a terra como um poder monetário e não como um espaço

ao processo capitalista permanente de construção e reconstrução da

urbano social.

cidade, especializando, as contradições desse processo. (BORDE, 2012, p.115)

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Ao interferirmos num espaço de especulação imobiliária, muda-se o visual daquele local, tanto de forma física como cultural. Ao fazer intervenções culturais, mostra-se a sociedade que não devem ficarem presos em culturas errôneas onde valorizam o poder monetário e esquecem a valorização do indivíduo.

Para Lima (1994), área verde é qualquer espaço onde há um predomínio de vegetação arbórea e segundo Benini (2010), área verde é caracterizada por ser uma área de estado natural, sem intervenções. O que encontramos atualmente são áreas denominadas área verde / lazer sendo grandes glebas descampadas sem nenhuma utilidade, tornando-se depositários de lixo.

Outro aspecto importante do que é um vazio urbano, é não confundirmos à área de especulação imobiliária ou de abandono público como área verde. A área verde é algo previsto no artigo 22 da Lei de Parcelamento do Solo Urbano (Lei nº 9.785, de 29 de janeiro de 1999).

Área Verde: onde há o predomínio de vegetação arbórea; engloba as praças, os jardins públicos e os parques urbanos. Os canteiros centrais e trevos de vias públicas, que têm apenas funções estética e

De acordo com Sandra Medina Benini (2009), esta Lei Federal, que

ecológica, devem, também, conceituar-se como Área Verde.

regulamenta a produção do solo em todo o território brasileiro, determina

Entretanto, as árvores que acompanham o leito das vias públicas, não

em seu artigo 22, que os espaços destinados à implantação de vias e praças,

devem ser consideradas como tal. Como todo Espaço Livre, as

os espaços livres e as áreas destinadas a edifícios públicos e outros

Áreas Verdes também devem ser hierarquizadas, segundo sua

equipamentos urbanos, após o registro do loteamento, passam a integrar os

tipologia (privadas, potencialmente coletivas e públicas). (LIMA et al.,

bens de domínio público. Ao serem registradas, essas áreas passam a ser de

1994, p.549)

domínio público através da afetação, sendo então, classificadas como bens de uso comum ou bens de uso especial. Como bens públicos, os mesmos são regulados pelo regime jurídico administrativo, assumindo características de inalienabilidade, impenhorabilidade e imprescritibilidade.

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1.2.

Espraiamento

“conjuntos habitacionais levantados com dinheiro público situam-se quase invariavelmente nas periferias urbanas, a pretexto dos preços mais acessíveis dos terrenos. É desse modo que o BNH contribuiu

“Urban Sprawl” é o termo utilizado para identificar um espraiamento ou

para agravar a tendência ao espraiamento das cidades e para

espalhamento da cidade. Este efeito é caracterizado pela expansão horizontal

estimular a especulação imobiliária. Produzem-se novos vazios

do município e que, na maioria, não oferecem empregos locais, causando

urbanos, ao passo que a população necessitada de habitação, mas

diariamente uma locomoção em massa dos moradores para às áreas urbanas

sem poder pagar pelo seu preço nas áreas mais equipadas, deve

centrais.

deslocar-se para mais longe, ampliando o processo de periferização”.

Um intenso espraiamento dos centros urbanos brasileiros ocorreu por volta

O pobre se vê obrigado a sujeitar-se a essas condições de moradias por falta

das décadas de 1960 e 1970, causado principalmente pelas instalações dos

de políticas públicas eficientes. A periferização de baixa renda é um cenário

conjuntos habitacionais promovidos pelo poder público na época. Tal

lamentável, onde famílias vivem/sobrevivem em sua casa, em grande parte,

façanha realizada pela precariedade ou inexistência de legislações urbanísticas

sem o mínimo de qualidade de vida, como asfalto, iluminação, água, esgoto,

e as que possuíam como Uso e Ocupação do Solo, Zonas de expansão

etc.

Urbana entre outras eram alteradas de acordo com os interesses públicos. (Luís Patrício, 2008)

Este processo de espraiamento, além de contribuir para locomoção em massa diária dos trabalhadores, também agrava a problemática de serviços e infraestruturas públicas, ou seja, ocorre um aumento considerável do investimento. Milton Santos enfatiza essa temática: FIGURA 1. ESPRAIAMENTO DAS VARGENS DO MUNICÍPIO DE JACAREPAGUÁ. FONTE: DIÁRIO DE PEDRO DA LUZ MOREIRA

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Também existe a periferização da classe média/alta, pessoas mais abastadas se mudam para as margens do município à procura de fugir do caos urbano, em busca de uma maior tranquilidade. A inconformidade deste ato se dá com o investimento público que é fornecido, por serem considerados “bairros de alto padrão”, o custo para essa urbanização é maior, é eficiente e de qualidade superior.

A décadas existem os subúrbios, porém, antes formados aos redores dos terminais de transporte público (trem, bonde e ônibus) mas a preocupação do caos atual das periferias é devido ao sistema viário ineficiente que causa o espraiamento descontrolado.

De acordo com Raquel Rolnik, essa fuga poderia ser evitada se o espaço público urbano mais central fosse organizado de maneira mais racional, de

FIGURA 2. CHARGE ILUSTRATIVA DO PROCESSO DE ESPRAIAMENTO. FONTE: CHELFORD VILLAGE

forma mais democrática para que as pessoas se sintam à vontade para realizar mais atividades na cidade e em espaços públicos, em vez de passar boa parte do tempo dentro de casa ou demais locais privados, entre quatro paredes. Infelizmente, essa continua sendo a tendência dos nossos governantes.

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1.3.

Adensamento Populacional

“barracos” em áreas de grandes riscos naturais, por exemplo, em pé de morro, áreas de proteção permanente e entre outras. Além do fator de viverem em condições insalubres, sem o mínimo de infraestrutura pública

Quando falamos de vazios urbanos logo pensamos que a região em questão

como água, esgoto, energia, transporte público e ainda estarem localizados

deve estar com um índice de densidade demográfica um pouco baixa. A

nas periferias do município longe todo o comercio e serviços.

densidade demográfica também conhecida por densidade populacional é utilizada para demonstrar a população por quilômetro quadrado e é através deste parâmetro que podemos identificar se uma região é pouca ou muito

Sim, o adensamento é uma solução para os grandes centros urbanos,

povoada, ou seja seu adensamento populacional.

porém precisa haver qualidade nesse adensamento. Uma cidade

O adensamento populacional é diferente de adensamento urbano, enquanto o populacional é usado para indicar a quantidade de população existente o urbano retrata a concentração de edificações em uma determinada área. Tal fenômeno pode ser controlado pelo poder público através de leis urbanísticas, geralmente, descritas no Plano Diretor que também pode incentivar ou proibir que em uma determinada região aconteça o adensamento urbano.

compacta potencializa os investimentos realizados em infraestrutura, portanto mais gente pode desfrutar dos benefícios urbanos evitando desperdícios. Mas o desenvolvimento econômico global baseado na indústria automobilística inviabiliza o adensamento, pois exige cidades espalhadas

sob

pena

de

grandes

congestionamentos.

O

adensamento nas cidades pressupõe transporte coletivo de massas. O que fazer para obtermos uma cidade mais densa? Primeiro buscar qualidade urbana com bons projetos de arquitetura nos edifícios

Existem duas maneiras de adensamento populacional, sendo um positivo e

abertos para uma cidade com espaços públicos abundantes e,

outro negativo. De forma positiva são habitação adequadas para a população

principalmente, investir em transporte coletivo, objetivando

morar, contendo toda a infraestrutura pública apropriada, dessa maneira os

aumentar a fluidez urbana. (SOMEKH, 2012).

investimentos públicos tendem a se concentrar e oferecer uma qualidade melhor quando a população está concentrada em uma determinada área e assim pessoas, comércios e serviços estarão todos entrelaçados. De forma negativa podemos citar as várias favelas que são formadas em grandes municípios, onde a população bem mais pobre fazem a ocupação de 29


1.4.

Especulação Imobiliária

Terrenos ou grandes glebas com infraestrutura adequada, tem uma valorização muito maior que outros lotes que não possuem está

O significado da palavra “especular” nada mais é que uma aposta, um

infraestrutura.

risco que pode dar errado, analisando este sentido com o interesse imobiliário chegamos em um dos principais vilões do urbanismo no país. (CAMPOS FILHO, 2001)

Especular significa estocar algo na esperança de realizar uma transação vantajosa no futuro, quando, então, seu preço estaria superior ao preço atual. Este ativo, enquanto especulativo, se

A especulação imobiliária é caracterizada pela valorização de um imóvel em

assemelha ao capital, embora não o seja, pois ele “valoriza” ou, mais

áreas urbanas bem valorizadas ou até mesmo pela expectativa da valorização

propriamente, aumento de preço. (KANDIR, 1984, p. 109).

da terra através de alguma melhoria pública para o local ou então, como no caso de novos loteamentos, a construção nos demais lotes fazem com que o valor da terra seja valorizado. A maioria das melhorias nas cidades são realizadas pelo poder público, ou seja, pela prefeitura do município, por exemplo, infraestrutura de água, esgoto, energia; serviços urbanos como creches, escolas, hospitais; e outros equipamentos urbanos, melhorias realizadas nas condições de acessibilidade, abertura de vias, pavimentação e sistema de transporte. Outra forma de especulação é o acréscimo de novas edificações no entorno, tanto residencial ou comercial, que por si só torna sua acessibilidade melhor

FIGURA 3. ILUSTRAÇÃO DA ÁREA DE ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA. FONTE: HTTPS://URBE.ME/LAB/O-QUE-REALMENTE-E-ESPECULACAO-IMOBILIARIA

em relação ao conjunto da cidade.

30


1.5.

Urbanização de Mococa

O surgimento da urbanização de Mococa foi um processo que ocorreu progressivamente, tendo sua maior evolução no final do século XIX e com um ritmo mais acelerado nas duas primeiras décadas do século XX. Tal evolução ocorreu devido a “Era do Café”, o período com mais progresso da história de Mococa. O primeiro bairro que surgiu foi o “Mocoquinha” em 1839, através de uma doação de terra feito pelo lavrador Antônio José Gomes ao povoado de São Sebastião. Este bairro fica às margens do córrego Ribeirão do Meio, que cruza a cidade. Em 1844, o povoado se torna o município de Mococa.

FIGURA 4. INAUGURAÇÃO DA IGREJA MATRIZ. FONTE: MUSEU HISTÓRICO PEDAGÓGICO MARQUES DE TRÊS RIOS

Por volta de 1890, após a abolição da escravatura, o município recebeu muitos imigrantes e com a Era do Café, começou um intenso desenvolvimento urbanístico no município.

Com a cidade em plena ascensão, o surgimento de edifícios, grandes

Segundo Gustavo de Souza Pinto, professor de história na Unesp de Franca,

casarões e ruas sendo abertas e pavimentadas, eram noticiadas no jornal

o modelo urbanístico do município foi inspirado no modelo de higienização

local, pois, essas obras surgiam da noite para o dia. Neste período, Ribeirão

de Haussmann, ou seja, com grandes avenidas, quarteirões quadrangulares

Preto/SP era apontada como a Califórnia Brasileira e Mococa era chamada

e alguns boulevards. Porém, com um traçado mais abrasileirado e suas

de Nova Iorque Brasileira, conta o professor e historiador Carlos Alberto

praças e jardins geometricamente planejados.

Paladini.

31


Em 1905 inaugura os serviços de iluminação elétrica pela “Companhia luz e

Neste período o município já passava de 25 mil habitantes, e o município já

Força de Mococa” tornando a cidade parecida aos grandes centros urbanos

iniciavam algumas obras importantes como a construção do mercado

do país por ter as ruas iluminadas. Porém, os serviços prestados de

público, o Banco Regional de Mococa, a Câmara Municipal, Hotel terraço e

manutenção e distribuição de energia era algo ainda exclusivo da elite

a reforma do antigo colégio de freiras que se tornou o hospital, a Santa Casa

mocoquense, pois, os serviços eram caros.

de Misericórdia.

O serviço de água potável e esgoto foi implantado em 1908, através de uma

Os grandes casarões dos barões do café eram construídos ao redor da igreja

companhia privada criada pelos fazendeiros locais, mas os serviços também

Matriz, no centro do município. Com ruas bem iluminadas e construções de

eram somente prestados para a elite devido seu alto custo. Nos jornais da

imponência, neste período a população mais pobre nunca conseguiram

época, comparavam o município com Londres e Paris, devido aos serviços

residir na região central, pois, como citado, o primeiro bairro de Mococa, o

públicos prestados apenas aos mais afortunados.

Mocoquinha, localizava-se de um lado do córrego Ribeirão do Meio e o todo o centro foi desenvolvido do lado oposto do rio. Com o tempo muitos destes casarões sofreram transformações arquitetônicas, algumas reformas que os descaracterizara. Mas, atualmente, o centro de Mococa ainda é um museu ao céu aberto, com suas lindas arquiteturas tombadas como patrimônio histórico.

“A luta pela preservação é um papel de todos. Pois se este patrimônio vier a desaparecer. A culpa não será apenas de autoridades e órgão envolvidos com a preservação. Mas sim de toda a população. Como diria o historiador Zygmunt Bauman: Todos serão cúmplices por omissão.” (Gustavo de Souza Pinto, 2010) FIGURA 5. MUNICÍPIO DE MOCOCA EM 1920. FONTE: MUSEU HISTÓRICO PEDAGÓGICO MARQUES DE TRÊS RIOS

1.6.

Segregação e Espraiamento em Mococa

32


Observando o mapa de vazios urbanos no município de Mococa, nota-se uma quantidade significativa, de lotes sem edificações. Os lotes e até mesmo glebas inteiras em área bem localizadas e sem usos contribuindo a intensificação da especulação imobiliária. Analisando o contexto histórico da cidade e os métodos de aquisição destes lotes, nota-se no município a predominância de mesmos nomes como proprietários destas áreas para a especulação imobiliária. Os proprietários muitas vezes são os mesmos, até muitos deles donos de áreas comerciais importantes da cidade, que acabam restringindo os usos. Devido ao mal-uso do solo urbano e destes grandes vazios encontrados na cidade por causa dos especuladores imobiliários e da cultura local sobre o ponto de vista do lote urbano, a cidade está enfrentando um grande problema mais conhecido como espraiamento urbano. Na imagem ao lado, nota-se a concentração dos vazios urbanos e fica evidente o espraiamento destes. No canto superior direito, concentra-se loteamento fechado e os demais são lotes populares, mais conhecidos como Cohab.

Figura 6. Concentrações de vazios urbanos significativos no município de Mococa. Fonte: Google Earth, 2018 – Editado pela autora.

33


A região central do município de Mococa, é quase inexistente a presença dos vazios urbanos, porém ocorre a não ocupação de diversas áreas edificadas, na grande maioria, residências classificadas como patrimônio histórico. Portanto, além da problemática de vazios urbanos, a cidade enfrenta o “vazio de pessoas” na região central, que possui um grande fluxo de pessoas, mas apenas durante o dia pela a população denominada “flutuante”.

Percebe-se também os inúmeros especuladores da cidade, grandes áreas no perímetro urbano não são utilizadas. E ainda possui os grandes vazios de herança, terras passadas de gerações em gerações sem que ninguém da família execute nada no terreno. Legenda:

Grande parte da população local assemelha o uso do terreno a um bem de

Vazio Urbano

valorização ou uma poupança, não vendo o lote como algo pertencente ao

Área Edificada

contexto urbano e sim um bem de investimento.

Área Verde / Praça

Observando o grande número de lotes vagos na cidade percebemos que grande parte deles são de um grupo seleto de pessoas, que tem como o principal objetivo a valorização, sempre em parcerias uns com os outros e com grandes empresas especializadas em loteamentos.

Figura 7. Mapa de vazios urbanos de Mococa-SP. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2018.

34


1.7.

Instrumentos Urbanísticos

Ao falarmos de instrumentos legais para o aproveitamento do solo, encontramos duas formas básicas de intervir no local. O primeiro

1.7.1. Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsória

instrumento é o uso e ocupação do solo e o segundo instrumento é a intervenção sobre o espaço construído. Ambos os instrumentos são meios legais que o Estado encontra para o controle da urbanidade.

Este é um instrumento previsto por lei para penalizar os lotes que não cumprem a função social da terra, denominando vazios urbanos. Ele

Estes instrumentos aplicados no espaço urbano têm como o principal

geralmente é a primeira etapa do processo do mal-uso do solo, o

objetivo o controle da ocupação do solo e seu uso, tendo como exemplos

proprietário é notificado sobre o seu terreno recebendo um prazo para

as leis de zoneamento, normas de edificações, planos diretores e outros.

apresentar uma função ao lote, ou um projeto de edificação.

Para a intervenção do Residencial Ribeirão do Meio serão identificados

Uma problemática encontrada nesta etapa é aprovação de projeto para

métodos legais e as posições cabíveis do Estado para os proprietários que

denominados lotes onde o proprietário não tem a intenção de construir,

não dão um devido uso para o solo urbano gerando os vazios urbanos, este

apenas conquistando um maior tempo para especulação.

processo de intervenção pode ser divido em três seções legais.

Após esta etapa, caso o proprietário não cumpra no prazo ou não apresente

A primeira seção é o parcelamento, edificação ou utilização compulsória que

nenhum projeto diante à prefeitura, ocorre a punição pelo imposto

é a fase inicial para o processo de intervenção do mal-uso do lote. Caso o

progressivo no tempo.

proprietário não tome nenhuma iniciativa, o Estado poderá entrar com a segunda etapa que é a do Imposto Progressivo no tempo. Se, mesmo assim, não tiver nenhuma manifestação ou uso para o lote, inicia-se a terceira e última seção, a desapropriação pelo não cumprimento da função social da propriedade.

35


1.7.2. Imposto progressivo sobre a propriedade predial e territorial no tempo

1.7.3. Desapropriação pelo não cumprimento da função social da propriedade

O Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) é

Previsto na Constituição Federal, ele possui dois meios: a desapropriação

referido na Constituição Federal de 1988, que determina uma taxa recolhido

por fins comuns e a desapropriação por fins extraordinários (ou

pelo governo municipal sobre qualquer propriedade no perímetro urbano,

sancionatória). A desapropriação comum está citada no artigo 5º, inciso

este tributo é equivalente ao tamanho da edificação ou do lote.

XXIV da CF/88, que determina que o lote pode ser desapropriado por

Considerado a segundo meio legal para a desapropriação de um imóvel que não está sendo utilizado ou que não cumpra sua função social dentro solo urbano. O município entra com a punição do Imposto Progressivo no Tempo, que é uma forma legal para aumentar progressivamente o imposto do imóvel, possuindo um período máximo de 5 anos.

necessidade do uso público ou por interesse social. E a desapropriação por fins extraordinários (ou sancionatória), que está citada na Constituição Federal, no artigo 182, § 2º: “A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.” (BRASIL, 1988). Para o projeto do Residencial Ribeirão do Meio, ambos os meios podem ser aplicados. O meio legal a ser utilizado é a desapropriação por fins comuns,

Se o proprietário não recorrer a nenhum meio para solucionar esta

pois este meio visa a desapropriação para uma necessidade pública ou social,

problemática, o município entra com a terceira e última etapa, a

a intervenção do mercadão é uma proposta para a sociedade, onde será um

desapropriação do imóvel

espaço público. Porém, também poderia utilizar a desapropriação extraordinária, pois, tem como fundamento o mau uso do lote urbano, pois este não cumpre a sua função social na cidade, ou seja, quando o lote não é usado devidamente onde já possui a infraestrutura oferecida pelo município, e o proprietário do imóvel tem como único interesse a sua valorização. 1.7.4. Plano Diretor de Mococa

36


TÍTULO II - DAS DIRETRIZES GERAIS DA POLÍTICA URBANA

TÍTULO III - DO ZONEAMENTO, DO USO E DA OCUPAÇÃO DO SOLO

CAPÍTULO I - DA FUNÇÃO SOCIAL DA CIDADE E DA PROPRIEDADE

CAPÍTULO I - DAS DIRETRIZES GERAIS Art. 5° - A cidade cumpre suas funções sociais na medida em que promove e garante os direitos de cidadania, neles incluídos: I - a

Art. 10º - A ordenação e o controle do uso do solo devem buscar:

moradia adequada; II - os serviços públicos como água, rede de

I - a garantia de utilização adequada de imóveis urbanos; II - a

esgotos, eletricidade e iluminação; e III - o atendimento à saúde,

proximidade de usos compatíveis ou convenientes, evitando

educação, transportes e demais benefícios e garantias constitucionais;

desconforto em face do interesse da coletividade; III - o adensamento compatível à infraestrutura urbana e aos equipamentos urbanos e comunitários existentes ou previstos; IV - o

Art. 6°- A propriedade, para que cumpra sua função social, deve: I -

aproveitamento do solo urbano edificável; e V - A preservação de

respeitar e garantir os objetivos sociais da cidade; II - ser utilizada e

áreas urbanizadas e não urbanizadas, evitando a especulação

aproveitada para atividades ou usos caracterizados como

imobiliária, bem como a ocorrência de desastres naturais e prejuízos

promotores da função social da cidade; III - respeitar os limites e

à qualidade de vida.

índices urbanísticos estabelecidos pelas normas legais; IV - Ter aproveitamento, uso e ocupação compatíveis com a manutenção ou melhoria da qualidade do meio ambiente, em especial dos

Art. 11º - Para aprovação pelos órgãos competentes do Poder

mananciais, dos cursos d'água, das áreas arborizadas, dos parques

Público nas atividades modificadoras do meio ambiente e naquelas

municipais e das áreas de convívio e lazer; V - respeitar o direito de

destacadas pela legislação federal, estadual ou municipal, em função

vizinhança; VI - respeitar o direito à mobilidade urbana; e VII -

de suas consequências ambientais, deverão ser apresentados: I -

preservar os patrimônios cultural, histórico e paisagístico.

Estudo de Impacto Ambiental- EIA; II - Relatório de Impacto Ambiental - RIMA; e III - Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança EPIV. TÍTULO XI - DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL 37


CAPÍTULO I - DA HABITAÇÃO

unidades habitacionais, para o atendimento aos idosos e aos portadores de necessidades especiais.

Art. 31º - São objetivos do Município em habitação: I.

Assegurar o direito à moradia adequada para a população;

II.

Promover projetas habitacionais em áreas com infraestrutura;

III.

Promover a regularização fundiária;

IV.

Articular iniciativas para habitação de interesse social, oferecendo

Como citado, o plano diretor de Mococa não colabora com a especulação imobiliária. A gleba escolhida para a área do projeto possui uma infraestrutura completa, está situada em uma região mais antiga do município, justificando a escolha da mesma.

casas populares, ou terrenos, e alugueres sociais, inclusive nos Distritos; V.

Coibir a instalação de loteamentos clandestinos e irregulares, e regularizar os existentes, possibilitando a ocupação legal dos lotes;

VI.

Buscar recursos financeiros para investimentos habitacionais, relacionados à aquisição de casa própria;

VII.

Utilização de instrumentos de política urbana prevista no Estatuto da Cidade, adotados nesta lei, para aumentar a oferta de áreas para a moradia social;

VIII.

Instituição de Zonas Especiais de Interesse Social - ZEIS, em terrenos grandes e desocupados do Município.

Figura 8. Brasão de Mococa. Fonte: Prefeitura de Mococa.

Art. 32 º - Os projetas habitacionais deverão considerar as características da população local, suas formas de organização, condições físicas e econômicas, os riscos da moradia atual, a recuperação da qualidade ambiental, a preservação do meio ambiente e a reserva de parcela das 38


39


2. HABITAÇÃO

40


2.

Formas de Ocupação dos Vazios Urbanos

Existem diversas formas de ocupação dos vazios urbanos, entre eles podemos citar moradias sociais para moradores de rua, hortas comunitárias, espaços de lazer para a população, etc.

Quando os vazios urbanos são ocupados, eles possuem uma grande utilidade para a malha urbana. Nestes vazios podem ser propostos uma infraestrutura pública como: praças, áreas de preservação, uso de interesse social (escolas, hospitais, habitação) e outros. O principal objetivo, é dar uma utilidade para o local, e não o utilizar apenas como um bem de valorização. (SPERANDIO, 2015)

Seguindo as ideias de Sperandio (2015), o presente trabalho tem o objetivo de proporcionar algo benéfico para a população. A arquitetura escolhida para ocupar o espaço urbano sem edificações é a construção de um “Residencial Ribeirão do Meio”, onde terá a ocupação residencial e no térreo a ocupação comercial.

Figura 9. Imagem ilustrativa das possibilidades de ocupações dos vazios urbanos. Fonte: Archdaily - Cortesia de Aula de Arquitectura Social AAS UCAM.

41


A gleba contemplada para esta intervenção é uma área relativamente grande, onde originará além de um conjunto habitacional, onde pretende-se propor moradias sociais, com uma área de lazer e sociabilidade.

Figura 10. Proposta de revitalização para vazios urbanos do concurso Iniciativas de Cidadania Europeia. Fonte: Valencia, 2014.

Figura 11. Playgrounds de Aldo van Eyck, 1947. Foto tirada por Marcos Rosa. Fonte: Rosa, 2011.

A imagem acima é uma proposta de intervenção de revitalização de um

E quando falamos de ocupação de vazios urbanos associados aos temas de

concurso na Europa, onde alunos de diversas instituições participaram. A

espraiamento e adensamento populacional, tão logo, fica evidente o tipo de

equipe ganhadora do concurso é da Aula de Arquitetura Social (AAS) da

ocupação a ser realizada em tal vazio estudado. Portanto, o vazio em

UCAM. A proposta do projeto era obter um uso programático temporal e

questão será ocupado com habitações com finalidade de adensar á região

altamente flexível na intervenção.

onde será inserido.

Essas iniciativas em geral visam converter estes espaços em lugares de encontro entre as pessoas; um exemplo disso são os playgrounds em terrenos abandonados da Holanda, de Aldo Van Eyck. 42


2.1.

Habitação No Brasil, os primeiros conflitos relacionados à habitação aconteceram em

Ao falar de habitação, leva-se em conta não só a unidade habitacional,

meados do século XIX com a chegada em dos imigrantes. Os cortiços

mas, também, os aspectos de integração dessa unidade na trama urbana,

começavam a se alastrar após a abolição da escravatura e, mais tarde, no

além do grau de atendimento e serviços de infraestrutura e equipamento

início do processo de urbanização e industrialização das cidades. Entretanto

social (Habitação e Saúde. Suzana Pasternak – 2016).

houve uma intensificação desse processo a partir da 1ª revolução industrial e uma alta demanda por mão de obra, propiciando a migração da população

A habitação compõe um direito fundamental humano, assim, a declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), em seu artigo 25, prevê que “toda pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar”, incluindo-se, a moradia, pois ela possibilita

que residia na zona rural, e em pequenas cidades, para os grandes centros em busca de empregos e também intensa imigração, “De acordo com Cano (1979), entraram na Província de São Paulo, entre 1986 e 1900, cerca de 900 mil estrangeiros.” (BONDUKI, 1998, p. 17)

aos indivíduos, e aos grupos sociais, desenvolverem suas capacidades, realizarem escolhas e se inserirem de forma ativa na sociedade. Nas lições

A baixíssima remuneração e a ausência de políticas urbanísticas ocasionaram

de Rodrigues, morar é uma necessidade fundamental:

um boom populacional de maneira desorganizada, resultando em novas construções de cortiços, precários, formados por vários quartos pequenos,

De alguma maneira é preciso morar. No campo, na pequena cidade, na metrópole, morar é como vestir, alimentar, é uma das necessidades básicas do indivíduo. Historicamente mudam as

sem cozinhas, com tanques e banheiros coletivos. Existia quatro categorias de cortiços, a casa de cômodos, cortiço-pátio, hotel-cortiço e o cortiço improvisado.

características da habitação, no entanto é sempre preciso morar. (RODRIGUES, 1990, p. 11).

Os cortiços, local de moradia de uma parcela da população carente, formavam em áreas ilegais nas cidades e eram vistos pelos higienistas como foco de pobreza, de violência, de epidemias e vícios.

43


Mais tarde surgiu as construções das Vilas Operárias, que eram pequenas Os cortiços também são forma irregular de ocupação, sendo “imóveis que têm como principal característica a precariedade das condições habitacionais que, em sua maioria, resultam em condições de vida e moradia subumanas”. (JUNIOR, 2004, p.439).

moradias unifamiliares construídas em série, contudo, o custo desta moradia ainda era elevado para a população de baixa renda e isso obrigou que muitas famílias permanecessem nos cortiços em condições insalubres e até mesmo com muita promiscuidade, “[...] existem aí nada menos de sessenta cortiços [...] onde agasalhava uma população de 1320 indivíduos [...]. (BONDUKI, 2002, P.23). Até 1930 surgiram diversas moradias para alojar a população de baixa renda, porém, todas eram construídas com incentivo privado e neste período era raro operários e trabalhadores ter a casa própria. A habitação operária é o primeiro modelo de residência para a proposta dos conjuntos habitacionais. A produção de conjuntos habitacionais, tem seu marco em 1937, com a criação das carteiras prediais dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) e seguida pela instituição da Fundação da Casa Popular em 1946. A partir deste período tem-se o reconhecimento da intervenção Estatal no setor habitacional, o que não ocorria antes de 1930, na Velha República, no qual setores privados julgava ser uma concorrência desleal o Estado intervir

Figura 12. Vila Operária da Gamboa, Rio de Janeiro. Fonte: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras.

para a construção de habitações sociais.

44


A Fundação da Casa Popular (FCP), criado em 1946 no governo de Eurico

mas, fracassou pela falta de planejamento orçamentário e contudo, as metas

Gaspar Dutra, e estendido até meados dos anos 1960, foi o pioneiro em

impostas pelo governo Collor não foram atingidas.

programas habitacionais popular que se conhecem. Esse programa não foi tão eficaz porque o governo priorizava famílias que tinham “contatos” políticos, deixando a maior parte da população carente sem o benefício.

Em 1949 fundou-se um dos programas mais conhecidos atualmente no estado de São Paulo, A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), que em 2010 foi colocada como um dos maiores programas habitacionais da América Latina. As pessoas beneficiadas neste programa não podem possuir uma renda superior a 10 salários mínimos, e ainda priorizando as pessoas que possuem a menor renda entre elas. O programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), criado no governo Lula, tem até os dias atuais grande destaque, pois beneficiou muitas famílias com a casa própria.

Figura 13. Conjunto Passo s'Areia, em Porto Alegre. Um dos mais completos conjuntos habitacionais implantados pelo IAPI. Fonte: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras.

O Banco Nacional de Habitação (BNH), surgiu-se em 1960, porém, o programa fracassou devido seu objetivo ser voltado para a população de classe média já que o custo do financiamento era elevado e o país vivenciava uma crise financeira. Posteriormente, surgiu o Programa Ação Imediata para habitação,

Figura 14. Edifício construído pelo programa CDHU. Fonte: divercidade - Revista Eletrônica do Centro de Estudos da Metrópole

45


A falta de moradia no Brasil já é realidade á várias décadas e diariamente

Desde sempre o ser humano utiliza-se de abrigo para sua segurança e

podemos observar a mídia relatando o caos da população sem moradia ou que

sobrevivências, inicialmente nas cavernas e árvores e, posteriormente

vivem de maneiras arriscadas e insalubres, que se sujeitam a tais aspectos de

construindo seu abrigo com materiais da região. Assim, a casa expressa

moradia por não possuir outras oportunidades.

a necessidade do homem de proteger sua família, de se firmar em um

Milhares de brasileiros se enchem de esperanças de conquistar a casa própria a cada vez que avistam a construção de um novo conjunto habitacional, mas

determinado local, de socialização. (SCHWEIZER & PIZZA, 1998 apud PAIVA, 1998, p.39).

infelizmente a demanda é muito maior que a oferta, e para finalizar as próprias regras impostas pelos programas habitacionais excluem uma parcela da população necessitada, até mesmo as que realmente necessitam.

A Declaração dos Direitos Humanos de 1948 coloca no Artigo 17º. 1. Toda a pessoa, individual ou coletiva, tem direito à propriedade. 2. Ninguém pode ser

Ao longo da história pode-se observar que houve tentativas governamentais

arbitrariamente privado da sua propriedade; e a Constituição Federal de 1988

para tentar criar um planejamento habitacional eficiente, porem muitos

garante o direito à habitação como competência da União, dos Estados, do

fracassaram por diversos motivos. O mais recente, o MCMV, é o exemplo de

Distrito Federal e dos Municípios. Estes devem promover programas de

que ainda devem melhorar os programas habitacionais, já que o mesmo não

construção de moradias, melhoria das condições habitacionais e de saneamento

beneficia apenas a população de baixa renda, mas o programa contribuiu para o

básico, combaterem as causas da pobreza e os fatores de marginalização,

programa orçamentário de habitação.

promover à integração social dos setores desfavorecidos e o direito à moradia

Após este estudo,

e mobilidade pela pessoa com deficiência. (CF. 1988). Pode-se perceber que o direito à habitação não se restringe a moradia, para PAIVA (1988, p.50) “o direito a um pedaço de terra é o ponto de partida para

“[...] a urgente necessária articulação de um plano de habitação que possa

a transformação de um indivíduo sem direito a usufruir a cidade em cidadão”.

realmente atender as carências habitacionais da população brasileira, já que os programas habitacionais não são suficientes para suprir o déficit habitacional do país.” - Maria Eliete Rozeno de Lima, 2011.

46


2.2.

Habitação em Mococa

No município de Mococa os principais meios de habitação popular são através dos programas Minha Casa Minha Vida e pelo CDHU. No programa MCMV, em sua grande maioria, são pessoas de classe média que constroem e vende o imóvel pelo programa. A primeira impressão parece ser melhor que as residências do programa CDHU, que são construídas com dinheiro público, porém, o MCMV tem sido visto como fonte de renda e os investidores usam materiais e técnicas construtivas “mais em conta” e como consequência entregam imóveis, por vezes, inseguros. Conforme podemos notar na imagem ao lado, em Mococa predominam-se bairros populares, e que em sua maioria foi construído pelo CDHU. Neste programa ocorre os sorteios para contemplarem os ganhadores. Infelizmente ocorre algumas “trapaças” nas inscrições, como pessoas que já possuem a casa própria ou que possuem renda acima da permitida acabam sendo contemplados enquanto pessoas realmente necessitadas ficam de fora. No último sorteio, do Conjunto Habitacional Gildo Geraldo, obteve 4.890

Centro

Conj. Habitacional

Área Nobre

Área Histórica

Chácara

Distrito Industrial

Bairro Popular

inscrições e foram sorteadas 414 residências. Através do número de inscrições podemos notar que possui um déficit habitacional não suprido.

Figura 15. Mapa mostrando os tipos de bairros do município. Fonte: Google Earth 2018 – Editado pela autora.

Nota: A responsável pelo Setor de Habitação do município, Rosana Greghi, afirma que a prefeitura não possui um número e nem pesquisa relacionada ao déficit habitacional da cidade. 47


No mapa ao lado (Figura 16), identifica a localização exata dos bairros classificados como conjuntos habitacionais (na cor azul) e também identifica a localização do centro (na cor vermelha) em relação a estes bairros.

Na imagem anterior (Figura 15), apenas 10 bairros são classificados como

Localização de diversos bairros denominados como “Vila”.

conjunto habitacional (Conj. Hab. Jacinto Pisani ; Conj. Hab. Nenê Pereira Lima ; Conj. Hab. Dr. Gabriel do Ó, Conj. Hab. Nelson Niero ; Conj. Hab. Gilberto Rossetti ; Conj. Hab. Francisco Garofalo ; Conj. Hab. Luís Antônio Fernandes Dias ; Conj. Hab. Ary Estevão ; Conj. Hab. José Justi e o Conj. Hab. Gildo Geraldo) e os demais são bairros que surgiram ora pelo governo, ora naturalmente que são conhecidos como bairros populares e alguns como vila. Alguns surgiram como sorteio de lotes para a população construir e após isso seu desenvolvimento ocorreu de forma natural com o processo

Lote a ser implantado a intervenção de habitação.

de expansão do município.

Figura 16. Mapa localizando os Conjuntos Habitacionais e o centro do município. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2018.

48


49


3. ESTUDOS DE CASO

50


3. Estudos de Caso 3.1.

Apartamentos Tetris Localizado no sudoeste do município, na área mais periférica da cidade, numa região que já vinha sendo preparada para abrigar habitação social. A implantação do edifício está disposta linearmente, em um terreno alongado. A edificação está locada no centro do lote, de modo a permitir que o entorno esteja livre tanto para áreas verdes como circulação e estar.

Figura 17. Perspectiva do Tetris. Fonte: OFIS Arhitekti

O edifício Tetris é um projeto de habitação social elaborado pelo grupo OFIS Arhitekti (Spela Videcnik e Rock Oman), na Lubliana, Eslovénia. Sua obra concluiu-se em 2007 com um custo de 650 euros/m². Ao todo possui 60 apartamentos distribuídos em 4 pavimentos e mais 02 pavimentos subterrâneos para garagem.

Figura 18. Implantação. FONTE: OFIS Arhitekti

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Figura 19. Vista superior da localização do edifício. Fonte: Google Earth, 2018. Figura 20. Elevações volumétricas. Fonte: OFIS Arhitekti

O edifício Tetris tem 4 níveis de altura e está localizado em uma área de 58 metros de comprimento por 15 de largura. O bloco está voltado para a estrada e as sacadas se inclinam 30° para o sul, procurando um lado mais silencioso e tal forma que não permite visibilidade para a varanda vizinha e, assim, gerar uma maior privacidade geral. Outros dois blocos a mais serão

Segundo Simon Unwin, o Lugar é “onde a mente toca o mundo”, e o edifício “apartamentos Tetris” alia a arquitetura ao mundo imaginativo do jogos, (pois o jogo Tetris é um jogo de agilidade onde se utiliza cubos para eliminar ou ajuntar outros cubos), e a arquitetura foi inspirada nesses cubos, verificandose neste conjunto, pelos seus vazios que formam as peças do jogo.

construídos no futuro em cada lado em sua direção longitudinal, de modo que o edifício não foi projetado com vistas diretas para o leste e oeste. Os apartamentos têm tamanhos diferentes, são três tipologias distintas e de acordo com cada espaço está locado á uma maneira diferente, por exemplo, a tipologia 1 está diagramada de maneiras diversas, por isso a tipologia é por número de cômodos e não uma planta especifica. Os apartamentos maiores estão localizados em direção aos cantos para o aproveitamento melhor das vistas.

Figura 21. Estrutura de tópicos. Fonte: (https://wiki.ead.pucv.cl/index.php/S%C3%ADnteis_conjuntos_Habitacionales:_Espacio_y _Lugar_de_relaciones._Elementos_de_Vinculaci%C3%B3n_desde_la_Ciudad_hacia_el_ Departamento)

52


Neste projeto, parte de sua peculiaridade se dá pela mistura de materiais, resultando numa volumetria interessante. A madeira, a alvenaria e o metal promovem texturas distintas. A fachada é semelhante à organização do Tetris, e no seu interior, a caracterização é quase inexistente, com exceção às das varandas. Afim de proporcionar uma estética dinâmica e divertida, foi aplicado diversas

Figura 23. Elevações. Fonte: OFIS Arhitekti

cores na alvenaria. Além da aparência semelhante ao game, sua volumetria/planta é inspirada na espinha de um peixe.

Figura 24. Circulação do vento e trajeto solar. Fonte: Carool. - Blogger

No sentido Leste-Oeste estão orientadas as aberturas e a incidência direta da luz solar no período vespertino é amenizada pela disposição das sacadas. Figura 22. Volumetria espinha de peixe. Fonte: OFIS Arhitekti

As áreas de serviço e de circulação são reduzidas ao mínimo e a luz do dia é proporcionada no eixo longitudinal, através das aberturas zenitais. O custo mensal da energia é baixo, favorecendo aos moradores que são de baixa renda. 53


As regras urbanísticas da região estabelecem um gabarito máximo de 04 pavimentos e o espaço do lote é de 5 mil m² (58 m x 15 m), com dois pavimentos subterrâneos destinados a estacionamento. O edifício possui 62 apartamentos ao todo.

Figura 26. Tipologias. Fonte: Carool. - Blogger

Figura 25. Corte esquemático. Fonte: OFIS Arhitekti - Editado pela autora.

Cada apartamento tem vista para a sua própria varanda, por vezes, há também uma varanda envidraçada; cria uma sensação de intimidade. Também não haverá visões diretas dos apartamentos diretamente para os

Possuindo uma forma linear, com 18 apartamentos por andar (exceto o térreo com 16 unidades e 02 salas comerciais) parcialmente conectados, com circulação horizontal central e longitudinal.

outros no bloco oposto. Os apartamentos são de tamanhos diferentes desde apartamentos tipo quitinete de 30m² até apartamentos de 3 quartos de 70m². As unidades de apartamentos maiores são locadas nas fachadas frontais e têm vistas mais agradáveis.

54


Figura 27. Usos de pavimento térreo. Fonte: Ítalo Fernandes

Figura 28. Usos do segundo pavimento. Fonte: Ítalo Fernandes

Figura 29. Usos do primeiro e terceiro pavimento. Fonte: Ítalo Fernandes

Figura 30. Tipologia do térreo. Fonte: Ítalo Fernandes

55


Figura 33. Acesso vertical e acesso horizontal. Fonte: Luanny Souza

A circulação vertical é composta por duas torres, sendo cada uma delas contendo um elevador e escadas. E a circulação horizontal é feita através de dois corredores principais, onde ligam o acesso vertical à entrada de cada Figura 31. Tipologia do segundo pavimento. Fonte: ítalo Fernandes

apartamento.

Figura 34. Acessos. Fonte: Ítalo Fernandes

Figura 32. Tipologia do primeiro e terceiro pavimento. Fonte: Ítalo Fernandes

56


As tipologias possuem uma redução dos espaços, com áreas internas mínimas, porém, um espaço que atende as necessidades de uma habitação social. Além dos apartamentos apresentarem uma certa flexibilidade dos espaços, outra característica é ausência de abertura nas áreas molhadas dos

Figura 36. Estrutura do edifício. Fonte: Carool. – Blogger

apartamentos, uma vez que estas são voltadas para o corredor interno de circulação. Com exceção dos apartamentos de três cômodos que se

O conceito estrutural foi elaborado de modo que o projeto executivo seja

localizam nas extremidades da edificação, todos os outros apresentam

flexível, portanto, somente as paredes que separam os apartamentos e as

aberturas apenas na face da varanda.

áreas de circulação são estruturais; todas as outras paredes internas são não estruturais. Sendo de natureza social, estes apartamentos são construídos com materiais de baixo custo, mas de boa qualidade. Principalmente painéis de madeira, telhados de granito e persianas externas.

Figura 35. Edifício tetris em fase de construção. FONTE: LUANNY SOUZA

Figura 37. Interior do apartamento. Fonte: OFIS Arhitekti 57


O método construtivo da fachada interna estrutural é argamassa e a parede externa das varandas é vitrificada ou realizada em painéis de concreto prémoldado. Esses painéis são cobertos com madeira de três cores e formam um padrão vertical em ziguezague. Os guarda-corpos dos balcões são também compostos de painéis pré-fabricados ou de metal. Os elementos externos é o diferencial estético do projeto, já que o mesmo transforma aspecto rígido do concreto em uma forma mais plástica. Com a sobreposição das geometrias, resulta em espaços cheios e vazios que se alternam de um pavimento em relação ao outro, contemplando um equilíbrio à fachada.

Figura 38. Fachada do edifício Tetris. Fonte: OFIS Arhitekti

Figura 39. Relação planta-volumetria. Fonte: Carool. – Blogger

58


3.2.

2602 Broadway Housing

Broadway Housing é um edifício habitacional voltado para pessoas de baixa renda que seja ambiental e economicamente sustentável, com alugueis que variam de 560 a 1.300 dólares por mês. A região onde está inserido o projeto é uma área urbana atraente com acessos ao comércios, serviços e rotas de ônibus e bicicletas próximos, porém, a moradia social deseja a desejar.

Figura 40. Entrada do edifício 2602 Broadway Housing. Fonte: Architectural Record

O projeto Broadway foi elaborado por Kevin Daly Architects no município de Santa Mônica, na Califórnia, EUA. Concluído em 2012, o projeto é um investimento de 10,9 milhões de dólares nos 3086,7 m², dentro de um sitio de 1,5 há, é projeto que surge do esforço da Prefeitura de Santa Mônica e da organização sem fins lucrativos Community Corporation de Santa Mônica para adensar a área urbana com moradia popular. Figura 41. Lateral do edifício Broadway Housing. Fonte: Architectural Record

Antes do projeto, o local sediava um lar de idosos que estava vago. O projeto consiste em 04 blocos de 03 pavimentos cada, abrigando 33 unidades 59


habitacionais com apenas duas tipologias, o complexo oferece moradias de 02 e 03 quartos, além de abrigar sala de informática, lavanderia, áreas abertas com arvores de fruto e paisagismo para uso comum. As moradias maiores são distribuídas no nível do solo e as unidades de 02 dormitórios são locados nos demais níveis acima. Os blocos são interligados por pontes treliçadas, dando acesso ao pátio central assim como todas as unidades que são voltadas para o pátio.

Figura 43. Planta mostrando os usos de ocupação. Fonte: Architectural Record – Editado pela autora.

Figura 42. Vista do pátio interno do Broadway Housing. Fonte: Architectural Record

Figura 44. Elevações Broadway Housing. Fonte: Architectural Record 60


De forma ecológica, o projeto é elaborado ao redor de uma grande árvore já existente no local, possui um telhado verde, jardim vertical e uma cisterna de 15.000 litros para a coleta de água pluvial para utilizá-la na irrigação. Com quatro estruturas em L com uso residencial semelhantes, as aberturas diversas e um paisagismo um tanto diferente e expresso, torna o complexo notável e memorável. Queríamos manter a construção muito simples, mas permitir que uma fachada de cada edifício tivesse um nível mais alto de acabamento e desempenho: os capuzes projetados ao redor das janelas. Essa parece ser uma boa equação para habitação a preços acessíveis: 75% econômica. (Kevin Daly). Figura 45. Detalha da membrana criada com a madeira. Fonte: Architectural Record

Quininos, uma árvore já existente, foi referência inspirando no contexto luz e sombra projetados nas áreas de uso comum, integrando-se membrana criada com madeiras retorcidas que se assemelham á um bosque de bambus e servem como balaústres para as escadas e passarelas do edifício.

Promovendo a ventilação cruzada e favorecendo uma boa iluminação natural, os blocos dispensa o uso de ar condicionado ao longo de todo ano. As janelas expostas ao sol possuem uma borda de alumínio para os ângulos solares, contendo o ganho de calor.

"Para nós, esses projetos oferecem oportunidades para repensar a habitação em geral, e não apenas moradias acessíveis", diz Daly. "Eles podem se tornar modelos para pequenos desenvolvimentos de

Segundo Sarah Letts, os aspectos ecológicos aprimoram o ambiente

preenchimento de alto desempenho em cidades de todos os

ambiental e econômico. Com o custo menor de construção, o investimento

lugares."

pode proporcionar alugueis mais acessíveis para a população.

61


Tivemos que criar consenso para o projeto na comunidade mostrando que a escala era consistente com o tecido urbano existente e que árvores maduras significativas poderiam ser mantidas no local. Um dos maiores desafios foi desenvolver um plano de construção que permitisse o uso de pequenas massas de edifícios, em vez dos grandes blocos habitacionais típicos deste tipo de edifício. Quando os moradores da região começaram a ver a escala de construção em andamento, estavam convencidos de que o projeto era uma adição positiva ao bairro. (Kevin Daly).

Figura 46. Vista das passarelas. Fonte: Architectural Record

Para fins sustentáveis e de privacidade, o projeto loca os blocos de estruturas de aço e madeiras para os cantos do lote e assim posicionam as vistas para o interior do local, para o pátio interno que possui a forma de uma estrela do mar. Esta zona da comunidade intensifica o ambiente seguro e familiar, deixando as crianças e pais mais à vontade. A estrutura dos blocos é composta por aço e madeira de Tornillo, em algumas pareces exposta ao sol possuem placas de fibrocimento. As

Figura 47. Maquete eletrônica do projeto Broadway Housing. Fonte: Architectural Record

passarelas são compostas de estrutura de aço, deck de metal com concreto.

62


3.3.

Center Village

A grande gleba abandonada, com sua forma em “L”, tinha como projeto inicial abrigar apenas seis residências, ao invés disso, o grupo de arquitetos criou uma proposta mais elaborada e arrojada, abrigando 25 apartamentos distribuídos ao longo dos 06 blocos de 03 pavimentos cada. Projetado para obter o máximo de eficiência, tanto materiais como a luz natural, os apartamentos possuem uma distribuição e modulação mais desconstruída. O Center Village é construído com uma forma semelhante a blocos empilhados,

porém

interligados.

Com

apartamentos

de

35m²

(01dormitório) a 81m² (04 dormitórios), apesar de serem considerados “apertados”, todos os apartamentos tiveram como objetivo oferecer espaços com privacidade considerável, já que a grande parte dos inquilinos são famílias com várias gerações.

Figura 48. Pátio interno do Center Village. Fonte: Archdaily

O Center Village, uma vila de cooperativa é um projeto do grupo Cohlmeyer Architecture Limited. O residencial está localizado em Winnipeg, Canadá e sua construção foi concluída em 2010. Elaborado para abrigar famílias de baixa renda, a proposta central é a revitalização de uma área que se encontrava abandonada no centro da cidade, e ao mesmo tempo resgatando o sentimento de comunidade na região.

Figura 49. Cômodos internos. Fonte: Archdaily

63


Com o desafio de se viver condensado, já que o objetivo do Center Village

A densidade requerida para o projeto foi um desafio para os arquitetos pois

é trazer uma maior densidade para o lote, torna o projeto mais acessível e

adensar não é uma proposta muito inovadora, mas como adensar o espaço

de certa forma mais sustentável, já que o vilarejo consome menor energia e

é o que torna o projeto único. O que antes era para abrigar apenas seis

consequentemente geram menos resíduos, tornando a comunidade

residências, quadriplicou, tornando um espaço para acolher 25

consumidores mais inteligentes.

apartamentos, á pedido do investidor.

Figura 50. Formas de ocupação. Fonte: Archdaily

Porém, com essa densidade, era o suficiente para preencher toda a gleba, e

Com a nova diagramação dos blocos, o vilarejo se beneficia com um pátio

assim inexistindo áreas compartilhadas e em alguns pontos não seria possível

interno público, um local ajardinado que oferece aos moradores mais

ter ne janelas tornando o espaço mais inútil, tanto interno quanto externo.

tranquilidade podendo deixar as crianças brincarem sem preocupações.

Por isso a solução foi elaborar o projeto em forma de blocos.

64


Os acessos dos pavimentos superiores são feitos através de escadas externas, assim evitando circulação interna e conseguindo obter uma redução do espaço do edifício, já que o espaço era uma problemática a ser resolvida e ao mesmo tempo favorecem um maior encontro na vizinhança. Outro aspecto criativo do projeto são as aberturas e acessos posicionados em todas as faces, tornando um edifício sem face posterior e desta maneira deixando o ambiente com uma maior qualidade e segurança. Com suas aberturas envolvidas por uma moldura laranja vibrante modulam a privacidade e favorecem uma ventilação cruzada eficiente. Figura 51. Vista interna demonstrando os acessos verticais. Fonte: Archdaily

Pátio Interno

Figura 52. Plantas de pavimento do Center Village. Fonte: Archdaily 65


Figura 53. Vista noturna da vila cooperativa. Fonte: Archdaily Figura 54. Perspectiva artística dos edifícios. Fonte: Archdaily

Figura 55. Vista panorâmica da fachada.

66


3.4.

Conclusão Estudo de Caso

Figura 56. Apartamentos Tetris. Fonte: Ofis Arhitekti

Figura 57. Edifício 2602 Broadway Housing. Fonte: Architectural Record

Figura 58. Center Village. Fonte: Archdaily

O projeto dos Apartamentos Tetris o principal

No projeto da Broadway Housing, o visual fala

O Center Village chama a atenção por não saber

item a ser referenciado será sua estrutura

por si, onde suas aberturas diferenciadas causam

quais são as fachadas, porque no projeto foi

flexível, ou seja, apenas paredes estruturais

um impacto e funcionam como brises. O pátio

locado acessos aos apartamentos em todas as

serão fixas e outro detalhe é a varanda de cada

interno é outro detalhe que se destaca, pois, o

faces dos blocos, assim proporcionando um

apartamento, onde cada uma está posicionada

projeto realizado ao entorno de uma arvore

maior movimento dos moradores e lembrando

de uma maneira diferente afim de proporcionar

nativa proporcionou um excelente ponto de

o conceito de “Olhos da Rua” de Jane Jacobs.

maior privacidade.

encontro para os moradores.

67


Podemos notar que nos três projetos possuem uma certa desconstrução arquitetônica e ao mesmo tempo formas simples, mas todos com o mesmo objetivo, proporcionar o maior conforto e vivencia entre os moradores. Um outro aspecto que podemos notar é que nas três referências possuem soluções arquitetônicas espetaculares e cada um com seu detalhe chamativo para o projeto, mas também podemos notar uma

O motivo de não trazer para o projeto Residencial Ribeirão do Meio uma referência brasileira, é a questão dimensional, pois a maioria dos projetos habitacionais no brasil são de escalas verticais ou horizontais superiores das pretendida para o projeto.

falta de atenção para a área impermeável e área verde do projeto, onde acredito que sem essa atenção, a área destinada para o lazer dos moradores pode se tornar um local um pouco frio e monótono. No brasil também não é diferente, existem alguns conjuntos habitacionais que são referências no país, como o Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, conhecido como Pedregulho projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy em

"O projeto ideal não existe, a cada projeto existe a

1946 e o Conjunto Heliópolis projetado pelo escritório Biselli

oportunidade de realizar uma aproximação." - Paulo Mendes

Katchborian em 2011. Assim como os projetos do estudo de caso,

da Rocha

estes dois citados como referência brasileira, possui uma deficiência no projeto, na questão de arborização e áreas impermeáveis.

68


69


4. O PROJETO

70


4. A Proposta 4.1.

Análise da Área Escolhida Avenida João Batista de Lima Figueiredo às margens do córrego Ribeirão do Meio.

O vazio escolhido para a intervenção está localizado no cruzamento da Rua irmãos Nicola com a Avenida João Batista Lima Figueiredo, numa região central além de ser uma considerável gleba que está por anos sem nenhum tipo de projeto para ocupar o local. Por ser uma local de grande valorização mobiliária, é provável que este seja mais um tipo de vazio urbano causado pela especulação imobiliária. A área pleiteada, destacada na cor vermelha, possui 24.128 m² e as áreas ao lado, os demais lotes da quadra, possuem um total de 5.425 m².

Figura 59. Recorte do mapa de vazios urbanos com a área pleiteada em destaque. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2018. 71


4.1.1. Topografia

Mococa é um município que possui uma topografia mais suave, sem muitas “colinas”, é considerada uma cidade predominantemente plana. Ao lado, no mapa topográfico, com curvas de 5 metros em 5 metros, notase que a gleba onde acontecerá a intervenção está localizada em uma parte mais plana. O local está situado na parte mais baixa da cidade, mediando o córrego Ribeirão do Meio, que leva esse nome por estar cruzando a cidade ao meio. Abaixo está um perfil topográfico traçado pelo Google Earth, a linha amarela está cruzando o local da intervenção.

640...

....600

....595

Figura 61. Perfil AA traçado no município com elevação. Fonte: Google Earth 2018.

Figura 60. Mapa topográfico da região da intervenção. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2018.

72


4.1.2. Ventos Predominantes

O sentido dos ventos de uma determinada região depende da sua topografia e outros fatores sendo a arquitetura do seu entorno um dos agentes interferentes no meio natural. Cidades onde possuem muitos edifícios, é comum acontecer alguns efeitos como o efeito de canalização ou corredor, o efeito de canto, o efeito Venturi, etc.

Figura 63. imagem ilustrativa do sentido dos ventos predominantes. Fonte: Google Earth, 2018 - Editado pela autora.

No município de Mococa, seus ventos predominam no sentido Leste, entre os meses de janeiro a novembro e no período de dezembro seus ventos predominam no sentido Norte.

Figura 62. Imagem da esquerda ilustrando do efeito de canalização ou corredor dos ventos e a imagem à direita ilustrando o efeito de canto. Fonte: Carolina Pepitone <http://arq.ap1.com.br/conforto-termico-parte-5/> Acessado em: 05/06/2018.

73


4.1.3. Insolação

diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social, sugere as seguintes medidas de projeto: 12h

“Para a Zona Bioclimática 4, as recomendações construtivas são o uso de aberturas médias, sombreamento nas aberturas durante todo o ano, paredes pesadas e coberturas leve com isolamento térmico.

18h

As estratégias bioclimáticas são o resfriamento evaporativo, a inércia térmica para o resfriamento, a ventilação seletiva no verão, o 06h

aquecimento solar e grande inércia térmica nas vedações internas para o período de frio.”

Figura 64. Mapa com relevo criado no software Skechup. Fonte: Criado pela autora 2018.

O município de Mococa, é caracterizado por ser uma região tipicamente quente por isso tem de ter uma preocupação na elaboração do projeto. O município está inserido na Z4 da carta de Zoneamento Bioclimático Brasileiro. Para esta classificação, a NBR 15220-3:2005 – Desempenho térmico de edificações – Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e

Figura 65. Zoneamento Bioclimático Brasileiro. Fonte: NBR 15220-3:2005 – Desempenho térmico de edificações – Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social. 74


4.2.

Diagnóstico do Entorno

4.2.1. Gabaritos x Densidade da Área Gabarito é o número máximos de pisos numa edificação, permitidos pela legislação. Conforme o mapa de gabaritos demonstra, no centro da região de estudo predomina-se construções de 1pavimento e no restante da área destaca-se as construções térreas. O recorte selecionado da região possui uma área de 128 hectares e após analisar o mapa de gabaritos, obteve-se o número de residências, 1308 unidades, sendo arquiteturas de 1 pavimento (845 residências), 2 pavimentos (451 residências) e 3 ou mais pavimentos (12 residências). Após essa análise, definiu-se a densidade populacional de 35 hab/há. Lembrando que não foi levado em conta locais de comércios e foi utilizado uma média 3,5 habitantes por pavimento.

Gabarito x Densidade Populacional 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0

Legenda:

1 Pavimento

2 Pavimentos Habitação

3 / + Pavimentos

Nº Populacional

Figura 66. Tabela de gabaritos e densidade populacional. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2018.

1 Pavimento

2 Pavimentos

Área Verde

Lote sem Edificação

3 ou + Pavimentos

Figura 67. Mapa de gabarito do recorte da intervenção. Fonte: Acervo pessoal da autora, 2018.

75


4.2.2. Uso e Ocupação do Solo

Apesar do local estar inserido próximo a zona central, através do mapa de usos e ocupação do solo é possível notar que a área residencial ainda é predominante na área, uma característica positiva para não ocorrer o aumento da população flutuante. A região da intervenção predomina-se o uso residencial na face sul e oeste e na face norte a leste predomina-se o uso comercial e de serviços. O centro do município de Mococa é caracterizado pela população flutuante, ou seja, a população que ali frequentam durante o dia, porém a noite as ruas ficam desertas, tornando o ambiente “menos seguros”, seguindo o conceito de “Olhos da Rua” por Jacobs (2000). No setor de lazer, não somente a área de estudo como todo o município é carente de espaços para a população se divertir. É comumente encontrar no município canteiros que são denominados como área verde de lazer para a população, este método é utilizado para surrupiar a população de seus espaços públicos e os investidores lucrarem mais. A duas áreas listadas como lazer no recorte ao lado, na verdade é um estádio abandonada sem nenhum uso para a população e outro é o clube privado do município, tão logo, a região pode ser caracterizada por não haver um lazer “público” para a

Legenda: Residencial

Comercial

Serviços

Lazer

Área Verde

Lote sem Edificação

Institucional

sociedade.

Figura 68. Mapa de Uso e Ocupação do Solo. Fonte: Criado pela autora, 2018. 76


4.2.3. Mobilidade Avenida João Batista de Lima Figueiredo

Na área central o fluxo do arruamento é bem caótico principalmente próximo da gleba da intervenção. Nesta área de estudo identificamos quatro vias arteriais, algumas das características dessa via é a velocidade permitida em lei para a circulação é de no máximo 60km/h. Possui a presença de interseções em nível e algumas são auxiliadas por semáforos. Além disso, existe as vias coletoras e as vias locais. Por meio destas vias é possível ter acesso a bairros de qualquer cidade. A velocidade das vias coletoras é ainda mais baixa, sendo de no máximo 40 km/h. Sua finalidade é coletar e distribuir o trânsito, cuja finalidade é ingressar ou mudar para outra via, como a de trânsito rápido ou arterial, por exemplo. Através de sua existência, o deslocamento fica mais fácil de uma região para outra. No recorte do levantamento possui 10 vias coletoras e algumas possuem semáforos. Legenda: Via Arterial Via Coletora

Por fim, as vias locais são as que possuem o menor valor de velocidade, já que sua no máximo 30 km/h. É comum a ausência de semáforos nesta via. Geralmente a via local está destinada a acessos locais e a áreas restritas.

Via Local

Figura 69. Mapa de mobilidade destacando vias arteriais, coletoras e locais. Fonte: Google Earth 2018 - Editado pela autora. 77


4.3.

Estudo de Impacto

O local de escolha foi ao longo de muitos anos uma zona morta do munícipio, apenas abrigando eventualmente circos e parques itinerantes e ficando o resto dos dias sem uso. Próximo à escolas, comércios e clube

O vazio escolhido para ser ocupado pela proposta de um novo conjunto

esportivo da cidade, é uma área bem localizada que por anos não beneficiou

habitacional se localiza em uma de intenso fluxo por pertencer a rota de

a população local e flutuante e com a construção de um residencial junto à

acesso entre bairros além de ficar localizado em uma avenida, onde tem seu

um espaço de lazer, o impacto desta edificação tende a ser benéfico, pois o

início na entrada da cidade e liga a parte inferior do centro urbano por

projeto trará vida para o local onde atualmente é apenas uma rota de

completo.

veículos.

O local possui sua frente para a região comercial, da avenida João Batista de Lima Figueiredo e as costas do lote faz divisas com os bairros Vila Quintino e Jardim Chico Piscina, onde seu uso é residencial.

Figura 71. Vista noroeste do local da intervenção. Fonte: Google Maps 2018.

Figura 70. Vista nordeste do local da intervenção. Fonte: Google Maps 2018.

A região possui eixos de ligação entre os bairros, sendo eles de classe média alta à bairros populares, popularmente conhecido como Cohab.

78


4.4.

Projeto

O Residencial Ribeirão do Meio trata-se de um conjunto de moradias definidas HIS (Habitação de Interesse Social). Tais habitações são destinadas a população mais carente que não conseguem adquirir a moradia própria sem um incentivo do governo.

4.4.2. Estudo Preliminar

A decisão de como implantar as habitações foi escolhida de acordo com o adensamento e a criação de uma área de convívio, ou seja, se implantar lotes de aproximadamente 240m² com residências térreas, teremos um total de 78 habitações e sem espaços de encontros para seus moradores, porém, se implantarmos 12 habitações de estilo geminadas, 3 blocos de edifícios

O residencial surge como uma solução a problemática identificada dentro do

contendo 24 apartamentos em cada e 3 blocos de edifícios com 16

município de Mococa/SP, o vazio urbano e consequentemente o

apartamentos em cada, teremos um total de 132 residências e diversas

espraiamento urbano. O adensamento populacional é a forma mais positiva

“praças” parque seus moradores e vizinhança possam desfrutarem.

para solucionar o Urban Sprawl.

Possui diversas maneiras de fazer a implantação, tudo depende dos objetivos a serem alcançados.

4.4.1. Partido Arquitetônico

Como podemos ver na imagem ao lado (Figura 72), se considerarmos apenas o objetivo de adensamento populacional, a implantação mais viável

Habitações sociais assim como toda moradia devemos enxergá-las além do espaço de se habitar, deve haver identidade neste espaço para se chamar de lar, além do conforto para seus moradores e flexibilidade para acompanhar as transformações vindas com o tempo a partir das necessidades de cada indivíduo.

seria a segunda proposta onde abriga 240 residências. Mas, o projeto não possui apenas o intuito de adensamento, mas também propor aos seus moradores espaços de lazer que seja receptivo e que possua além de simples equipamentos de parque infantil caracterizando área de lazer ou apenas um simples gramado e caracterizado como área verde.

Portanto, o projeto possui 04 tipologias (1 (estúdio), 2 e 3 dormitórios e um modelo de residência geminada) que possuem apenas paredes externas e paredes de área molhadas são estruturais (fixas). 79


4.4.2.1.

Processo Projetual

78 residências

240 residências

130 residências

136 residências

132 residências

FIGURA 72. ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO COM O ADENSAMENTO RESIDENCIAL. FONTE: ELABORADO PELA AUTORA, 2018.

O processo projetual foi um caminho meio longo onde o primeiro estudo de implantação é analisar quantas habitações poderiam ser abrigadas naquele local se sua implantação fosse de modo convencional. A primeira ideia de implantação de edifícios surgiu quando ainda estava analisando a problemática, que consistia na implantação de diversos blocos de apartamentos por toda a área. Mas claramente essa proposta de implantação não condiz com os objetivos de um projeto residencial voltado para as pessoas de forma a maximizar os espaços de convívio.

A terceira proposta de implantação tomou forma com o objetivo de criar espaços de convívios ao longo do lote e passou a consistir a implantação de residências em lotes isolados. A quarta proposta surgiu após analisar a ventilação que havia dentro projeto, criando corredores e um espaço central. A quinta proposta, e pôr fim a definitiva, apareceu com a desconstrução da quarta proposta de implantação, seguindo o conceito de implantação do Edifício Tetris, nessa implantação os blocos estão dispostos como se fossem se encaixarem. 80


4.4.3. Estudo Topográfico

O projeto buscou respeitar e fazer alterações que não fossem bruscas para o local. Desta maneira trazendo a sensação de algo mais natural e com a modificação da linha tipográfica surgiram diversos espaços destinado à criação de pequenas praças, uma interligando a outra.

4.4.4. Diretrizes

Como principal diretriz, além de ser um melhoramento da solução (habitação), o adensamento contribui positivamente para a população e para o meio urbano. As quatros tipologias distintas e com a flexibilidade em seu interior é devido ao ser humano ser único, onde cada um tem suas necessidades diferentes um do outro e a proposta da creche e ponto de Figura 73. Análise da topografia original a esquerda e da modificada a direita. Fonte: Elaborado pela autora.

A topografia do local é bem simples e por ser uma área de um pouco mais de 24 mil m² com apenas 05 metros de desníveis, o local é pouco acentuado

ônibus é para facilitar o cotidiano da população local.

A creche é uma diretriz do projeto, apenas uma proposta onde haverá o espaço destinada a ela, mas não será projetada junto do conjunto residencial.

e por este motivo implantou-se todas as habitações no nível 591, essa modificação foi possível porque não houve grande alterações em corte e aterro.

81


4.4.4.1.

Garagens

A garagem é um espaço relevante dentro de um projeto. Nota-se uma

Na atual legislação do município de Mococa, aponta que deve possuir 1 vaga

“grande” área destinada apenas para abrigar veículos. A cada 4 vagas de

de garagem por apartamento, mas, dentro do Código de Obras da cidade

garagem, aproximadamente, é o espaço de um apartamento de 50m².

também afirma que a Habitação de Interesse Social (HIS) pode possuir

Atualmente, há uma grande procura na cidade de São Paulo por apartamentos sem garagem, pois, para quem não possui o veículo é um espaço relativamente caro.

normas técnicas especiais diversas das adotadas atualmente. Firmando-se neste item e nas diretrizes de adensamento populacional e áreas de convívios públicos, o projeto possuirá este diferencial que já vem se tornando mais procurado em áreas centrais.

“Segundo o levantamento da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), a quantidade de lançamentos de unidades sem vagas aumentou 1500% entre 2012 e 2017. A maior alta foi no

No projeto Residencial Ribeirão do Meio, optou-se por possuir apenas

centro. No ano passado, dos 420 novos apartamentos na região

algumas vagas de garagens, mais bruscamente, apenas 3 blocos de

central, 398 não tinham garagem. Cinco anos atrás, eram 68, de um

apartamentos possuirão garagens no seu térreo. Esse diferencial foi possível

total de 200 unidades.” (Rosana Zakabi – Revista Veja São Paulo.

porque o projeto está localizado na região central do município.

Fev./2018). Geralmente estes tipos de apartamentos sem garagem são localizados em áreas próximas a ponto de ônibus e metro, ou próximo ao centro urbano. Além de incentivar o uso de transportes coletivos, nos grandes centros, ou incentivar o uso de bicicletas, geralmente em cidades menores, os edifícios

O espaço que seria destinado a garagem nos demais blocos, foi destinado á uma área comercial dentro do projeto e desta maneira trazendo mais vida ao espaço que antes seria apenas concreto vazio.

sem garagem colaboram para um maior adensamento em áreas privilegias, pois, áreas próximas à transporte coletivo ou no centro, ainda são consideradas locais “privilegiados”. 82


4.4.5. Programa de Necessidades e Tipologia

Programa de Necessidades

Habitação Tipologia A Quantidade

Setor / Função

1 1 1 1 1

Dormitório Sala Cozinha Banheiro Lavanderia

Tipologia B Área Un. (m²) Área (m²) 9 8 10 3 2

9 8 10 3 2 Total

Quantidade

Setor / Função

2 1 1 1 1

Dormitório Sala Cozinha/Lavanderia Banheiro Circulação

Setor / Função

1 2 1 1 1 1

Suíte Dormitório Sala Cozinha/Lavanderia Banheiro Circulação

9 10 20 3,5 1,5

32

18 10 20 3,5 1,5 Total

Tipologia C Quantidade

Área Un. (m²) Área (m²)

53

Tipologia D Área Un. (m²) Área (m²) 16 8,4 14 20,07 3 4,5 Total

16 16,8 14 20,07 3 4,5 75

Quantidade

Setor / Função

1 1 1 1 1

Dormitório A Dormitório B Cozinha/Lavanderia Banheiro Circulação

Área Un. (m²) Área (m²) 10 7 15 4 19

10 7 15 4 19 Total

55

FIGURA 74. PROGRAMA DE NECESSIDADES. FONTE: ELABORADO PELA AUTORA,2019.

83


Para o projeto foi elaborado 04 tipologias diferentes, a fim de propor aos moradores maior conforto de acordo suas necessidades. Apesar que somente as paredes estruturais serão fixas a fim de proporcionar ao futuro morador uma escolha de um layout mais apropriado para si mesmo.

Figura 76. Tipologia C. Fonte: Elaborado pela autora, 2019,

Na tipologia C, abriga 03 dormitórios, sendo um deles uma suíte. Este tipo de planta geralmente é voltado para famílias maiores e também pode ser considerado o tipo de apartamento mais desejado da população.

Figura 75. Tipologia A e B. Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

A tipologia A é chamado de estúdio, geralmente mais destinado a pessoas que moram sozinhas e liberais, pois, as únicas paredes que são privativas são as do banheiro. Neste tipo de planta tudo acontece em um único espaço. Dentro da Tipologia B, possui 02 dormitórios, porém, contrária da tipologia A, nesta planta possui paredes que proporcionam maior privacidade para quem habita.

Figura 77. Tipologia D. Fonte: Elaborado pela Autora, 2019.

E por último, a tipologia D possui apenas 02 dormitórios, porém, esta tipologia será aplicada nas habitações destinadas aos lotes isolados. Esta tipologia é baseada no projeto Villa Verde de 2010 no Chile do arquiteto Alejandro Aravena. 84


4.4.6. A Implantação

O tipo A é composto por 04 pavimentos, sendo o térreo de garagem e os demais caracterizados pavimento” tipo” com 01 apartamento tipo estúdio de 32m², 05 apartamentos de 53m² e 02 apartamentos de 75m². Totalizando

Foram implantados 06 blocos de apartamentos, sendo 03 blocos do Tipo A,

24 apartamentos por bloco tipo A.

03 blocos do Tipo B, estes diferenciando-se apenas no térreo, na quantidade de pavimentos e no acesso vertical, onde o Tipo B possui elevador.

Figura 79. A esquerda o pavimento térreo do Tipo B. Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

Figura 78. A esquerda o pavimento "TIPO" e a direita o pavimento Térreo do Tipo A. Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

O tipo B é composto de 03 pavimentos, sendo o térreo composto inteiramente por área comercial e os demais são os pavimentos “tipo”. Neste

Legenda: Estacionamento de veículos

Tipologia A

Comércio

Estacionamento de motos

Tipologia B

Banheiros

Bicicletário

Tipologia C

modelo totaliza-se 16 apartamentos. Além dos apartamentos, foram implantadas 12 residências da tipologia D. 85


Dentro do projeto também foi criado uma área com pistas de skate, uma quadra poliesportiva, uma quadra de vôlei de areia, horta

Pista de Skate

comunitária, ponto de ônibus e uma área de exercícios com equipamentos de ginastica ao ar livre, pista de caminhada e um espaço de relaxamento. Á área ocupada com equipamentos de exercício é a área designada para a creche. Como a creche é uma diretriz, foi elaborado essa área de exercício até que ocorra a construção da creche. Toda a área externa do projeto é equipada com rampas de inclinação de 6% para tornar o local acessível á todos os moradores.

Ponto de ônibus Espaço destinado à creche. Horta Comunitária Figura 81. Implantação. Fonte: Elaborado pela autora, 2019. Figura 80. Vista evidenciando rampas sudeste do projeto. Fonte: Elaborado pela autora.

86


4.4.6.1.

Paisagismo

Para o paisagismo do projeto foi pensado desde as forrações, arbustos e árvores de modo que se interagisse com a população e assim criando espaço diversificados, além de contribuir na questão térmica. Como forrações, foi escolhida a grama esmeralda, grama amendoim e rabinho de gato.

Figura 84. Arbustos Dália e Agave-Dragão. Fonte: acervo pessoal da autora.

E para completar, foi pensado em 17 espécies arbóreas, sendo elas: Palmeira Washingtonia; Coqueiro Jerivá; Flamboyant; Tipuana; Manacá da Serra, Pitangueira; Ypê Rosa; Paineira Rosa; Paineira Bombax; Paineira Branca; Acácia; Amoreira; Limoeiro; Aceroleira; Goiabeira e Laranjeira. Figura 82. Grama Esmeralda, Grama Amendoim e Rabinho de Gato. Fonte: Acervo pessoal da autora.

Possui 04 espécies de arbustos, a Ixóra, Azaléia, Dália e Agave-Dragão.

Figura 83.Arbustos Ixóra e Azaléia. Fonte: acervo pessoal da autora.

Figura 85. Palmeira Washingtonia e Coqueiro Jerivá. Fonte: Viveira do Bagé 87


Figura 86. Tipuana e Flamboyant. Fonte: Sementes Caiçara

Figura 87. Manacá da Serra e Pitangueira. Fonte: HM Jardins

Figura 88. Ipê Rosa e Paineira Rosa. Fonte: Sementes Caiçara

Figura 89. Paineira Branca e Paineira Bombax. Fonte: Jardim Cor.

Figura 90. Acácia e Amoreira. Fonte: Sementes Caiçara.

Figura 91. Laranjeira e Limoeiro. Fonte: Revista Globo Rural

88


4.4.7. Técnicas Construtivas

Com o princípio de possuir apenas as paredes estruturais fixas, o projeto dos 06 edifícios é elaborado com paredes de alvenaria comum nas faces externas, onde foi utilizado tijolo cerâmico de 9 furos (19x19x29cm).

FIGURA 92. DESENHO ESQUEMÁTICO DA MONTAGEM DA PAREDE DE DRYWALL. (FONTE: HTTP://WWW.MONASTERIO.COM.BR/CLELIABLOG/2017/1OSEM2017/DA2/DA2-2017-1AULA4.PDF)

No interior do edifício, para ser um projeto mais flexível, foi utilizado alvenaria comum (tijolo cerâmico de 06 furos, 11,5x19x29cm) nas paredes

Existem várias formas de aplicação do Drywall e o aplicado no projeto é

que fazem divisa com cada apartamento e nos banheiros, e foi aplicado o

composto por montantes duplos ligados de 90mm, oferecendo maior

sistema de paredes de Drywall nas paredes internas de cada apartamento.

resistência à estrutura, com uma placa de gesso de cada lado de 12,5mm e

O Drywall é algo muito utilizado nos Estados Unidos e que atualmente vem

o uso de lã mineral no seu interior com o objetivo de conforto térmico e

sendo incorporados nos projetos brasileiros, antes em shoppings, edifícios

acústico.

multiusos e recentemente em paredes internas de novos apartamentos.

No projeto das residências geminadas foi aplicada a alvenaria comum, a

A parede drywall é constituída por uma estrutura de perfis de aço

mesma utilizada no interior do projeto dos edifícios (tijolo cerâmico de 06

galvanizado na qual são parafusadas, em ambos os lados, chapas de

furos, 11,5x19x29cm).

gesso para drywall. A forma de montagem e os componentes utilizados permitem que a parede seja configurada para atender a diferentes níveis de desempenho, de acordo com as exigências ou

O tipo de cobertura utilizada para o projeto foi a telha galvanizada, do tipo sanduiche, desta maneira trazendo um conforto térmico para a edificação.

necessidades de cada ambiente em termos mecânicos, acústicos, térmicos e de comportamento frente ao fogo. ( Clélia Monasterio – Aula Desenho de Arquitetura II - Professora do Curso de Arquitetura no Centro Universitário Christus.) Figura 93. Detalhe telha sanduiche. Fonte: Zaceli 89


4.4.7.1.

Estruturas

Para os blocos de edifícios foi definido pilares de concreto e vigas metálicas. Após os cálculos da área de influência, foram definidos pilares com seções de 20x60cm nas paredes estruturais e pilares de 40x15cm nas paredes internas.

No projeto foi utilizado vigas de aço, pois, elas suportam mais cargas com menores dimensões da peça. O aço também é considerado um material sustentável por ser 100% reciclável. A construção realizada em aço também

Figura 94. Laje treliçada. (Fonte: Neubern Pré Moldados)

possui outras vantagens como facilidades na utilização de materiais complementares pré-fabricados; condições para projetar economicamente

Para a laje foi definido a laje treliçada que é constituída por uma laje

grandes vãos livres; flexibilidade de utilização dos espaços construídos;

nervurada, unidirecional, onde as vigotas treliçadas são intercaladas com

liberdade de formas; e ampliação e reforma da edificação, com o mínimo de

elementos inertes em conjunto a uma capa de concreto. Os elementos

interferência e transtornos na utilização normal do edifício. Após o cálculo,

inertes podem ser blocos de cerâmica ou de EPS (isopor). Para o projeto foi

onde se analisa o maior vão entre os pilares, definiu-se vigas com 40cm de

adotado lajes de 20cm preenchidas com EPS, desta maneira deixando a

altura.

estrutura mais leve e aliviando o ganho térmico. Para as residências geminadas, foi adotado pilares de concreto de 15x15cm, disposto em média a cada 3 metros. Suas vigas em aço possuem 15cm de altura e a laje utilizada foi do tipo pré-moldada preenchida com EPS.

90


4.4.8. Estratégias Bioclimáticas

O município de Mococa tem uma temperatura mais quente e a forma como

A primeira estratégia foi criar algumas paredes de cobogós na face dos

foi implantado os blocos fez com que o projeto tivesse algumas estratégias

corredores, onde boqueia os raios solares intensos e circula a ventilação no

bioclimáticas.

edifício. Outra estratégia foi a criação dos brises de madeira tratada locada nas extremidades das janelas dos apartamentos onde filtram os raios solares de leste e oeste.

Brises

Além destas duas estratégias, o projeto conta com uma intensa arborização, que funciona com uma barreira solar, além de deixar o ambiente mais natural.

Parede de Cobogós

Figura 95.Planta de Pavimento evidenciando as estratégias bioclimáticas. Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 96.Vista com destaque nos cobogós e nos brises. Fonte: Elaborado pela autora. 91


Figura 97. Vista Oeste evidenciando a cobertura de vegetação e os brises dos edifícios. Fonte: Elaborado pela autora. 92


4.5.

Conclusão

O projeto Residencial Ribeirão do Meio iniciou através da análise de uma

um vazio esquecido para valorização e propor aos futuros moradores e a

problemática no município de Mococa, São Paulo. A problemática analisada

vizinhança diversas pequenas praças interativas.

é o crescente número de vazios urbanos dentro do município, na qual desencadeia outros fatores problemáticos para a cidade, sendo eles o espraiamento do município e a especulação imobiliária. Como já explicado anteriormente, uma solução para a contenção destas problemáticas seria o adensamento populacional, ou seja, ocuparmos estes vazios urbanos com moradias.

Como explicado na página 75, a densidade da área estudada era de 35hab/há e se analisarmos na escala geral da área estudada, após a intervenção, o local possui 39hab/há, mas se analisarmos apenas o local da intervenção, onde possui 2,4há, teremos uma densidade demográfica de 192hab/há. Este projeto é mais que a ocupação de um lugar, é revitalizar a vida local propondo laços de comunidade através da arquitetura. Um projeto de

O projeto do residencial consiste em 06 blocos de apartamentos, totalizando

habitação é mais que apenas uma moradia, é propor dignidade ao ser

120 apartamentos e 12 habitações geminadas. Com esta quantidade de

humano deixando-o seguro e confiante nas suas tarefas diária por saber que

habitações conseguimos o objetivo de adensamento populacional, ocupar

no final do dia ele terá onde ir e um lugar para se chamar de “Lar”.

Figura 98. Vista geral do projeto. Fonte: Elaborado pela autora.

93


Figura 99. Vista do pĂĄtio interno entre os edifĂ­cios. Fonte: Elaborado pela autora. 94


4.6.

Imagens do Projeto

Figura 100. Vista externa do projeto. Fonte: Elaborado pela autora. 95


Figura 101. Vista externa do projeto. Fonte: Elaborado pela autora. 96


Figura 102. Vista externa do projeto mostrando a quadra poliesportiva. Fonte: Elaborado pela autora. 97


Figura 103. Vista externa do projeto mostrando a pista de skate. Fonte: Elaborado pela autora. 98


Figura 104. Vista externa do projeto. Fonte: Elaborado pela autora. 99


Figura 105. Vista externa do projeto. Fonte: Elaborado pela autora. 100


Figura 106. Vista externa do projeto. Fonte: Elaborado pela autora. 101


Figura 107. Vista externa do projeto. Fonte: Elaborado pela autora. 102


4.7.

Pranchas Técnicas

Figura 108. Planta de Implantação. Fonte: Elaborado pela autora 103


Figura 109. Planta de cortes da Implantação. Fonte: Elaborado pela autora 104


Figura 110. Plantas de Pavimento Tipo A. Fonte: Elaborado pela autora 105


Figura 111. Plantas de Pavimento Tipo B. Fonte: Elaborado pela autora 106


Figura 112. Elevaçþes e cortes tipo a. Fonte: Elaborado pela autora.

107


Figura 113. Elevaçþes e cortes tipo B. Fonte: Elaborado pela autora. 108


Figura 114. Desenhos Tecnicos - Casa Geminada. Fonte: Elaborado pela autora. 109


110


111


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

112


Referência Bibliográfica

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