TFG FAUUSP_Gleba do Lavapés, proposta de intervenção urbana

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GLEBA DO LAVAPÉS proposta de intervenção urbana




Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação Dezembro, 2016. Larissa Casemiro Fiorin orientação: Prof. Dr. Luiz Recamán


agradecimentos:

à USP e principalmente à FAU, pelas oportunidades ímpares e únicas; ao Luiz Recamán, pelos anos de orientações acadêmicas; aos meus pais, pelo apoio incondicional; ao Rafael, por nosso afeto umbilical; ao Marc, pelas conversas diárias.



1 Introdução, 07 2 Aproximação e distanciamento no Glicério, 11 3 Diretrizes da legislação urbana vigente, 29 4 Plano urbanístico proposto, 35 5 Eixo central, 44 6 Quadra predominantemente residencial, 60 7 Museu Alfredo Volpi, 72 8 Considerações finais, 79 9 Referências, 80



1 Introdução

O trabalho aqui apresentado constitui uma

contribuiu para tornar-se passagem obrigató-

proposta de plano urbanístico/ projeto ha-

ria do trajeto entre São Paulo e Santos (antigo

bitacional desenvolvida para uma gleba de

caminho do mar).

aproximadamente 10 hectares localizada na região da várzea do rio Tamanduateí, conti-

Ao longo de todo o século tais edificações

da entre os córregos do Cambuci e Lavapés

serviram sempre às atividades relacionadas

(afluentes hoje canalizados),

mais especi-

aos setores de transporte público/ produção

ficamente entre as atuais ruas do Lavapés,

e fornecimento de energia elétrica para São

Junqueira Freire e Otto de Alencar.

Paulo, mesmo com as mudanças programáticas diante da estatização destes serviços e

O terreno, hoje totalmente desocupado,

criação da Eletropaulo em 1981 e sua poste-

abrigou até 2014 as primeiras Oficinas e es-

rior privatização em 1999.

tábulos de bondes a tração animal da São Paulo Tramway, Light and Power Company,

O reconhecimento do valor cultural dessas

conhecidas como Oficinas do Cambuci. A

edificações por órgãos públicos de patri-

escolha desse local para as instalações fabris

mônio histórico assim como por setores de

da Cia Light, no início do século XX, pode ser

planejamento urbano torna-se publicamen-

compreendida como parte ativa do desen-

te visível na proposta da Operação Urbana

volvimento da estrutura urbana dessa região

Mooca Vila Carioca (antecessora da atual

enquanto bairro operário. Tal desenvolvimen-

Operação Urbana Bairros do Tamduateí), a

to foi impulsionado pela proximidade entre a

qual propunha a recuperação parcial dos

área e o centro urbanizado (em expansão)

edifícios e destinação da área para a cria-

> 1936 - vista interna da serraria

e por ela estar localizada em superfície que

ção de um parque de cultura e lazer. O reco-

fonte: Acervo Fundação Energia e Saneamento

escapava dos alagados permanentes, o que

nhecimento, diagnóstico e proposição não

< 1926 - novas oficinas da Light no Cambuci

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08


foram acompanhados por medidas legais de

plicações deste zoneamento compreendem

proteção deste patrimônio, o qual foi total-

a destinação obrigatória de no mínimo 40%

mente demolido entre agosto e outubro de

da área do terreno para HIS 1 ou 2 e de no

2014.

máximo 40% para uso Residencial ou Não Residencial, sendo HMP permitido.

A demolição sucedeu o anúncio de venda da gleba, em 2012, pela proprietária de en-

A Operação Urbana Bairros do Tamanduateí

tão, Eletropaulo, à empresa GTIS Cambuci

(lançada em dezembro de 2014) considera

empreendimentos - razão social da atuante brasileira da GTIS Partners, uma empresa de investimeto imobiliário global com sede em Nova York e com escritórios em Los Angeles, São Francisco, Atlanta, Paris, Munique e São Paulo. O acordo de venda, aparentemente, envolvia a entrega para a GTIS do terreno desocupado, limpo e descontaminado, sugerindo o desinteresse quanto ao patrimônio industrial que aqueles prédios representavam.

O Plano Diretor Estratégico de São Paulo, lançado no mesmo ano da demolição das antigas oficinas considerou a gleba ZEIS 5, zona referente à áreas vazias ou subutilizadas, dotadas de infraestrutura urbana onde há interesse privado na produção de empre< 2012, Comunicado da Eletropaulo aos seus investidores fonte: http://ri.aeseletropaulo.com.br

endimentos habitacionais do mercado popular (HMP) e de interesse social (HIS). As im-

uma proposta para a gleba desocupada, propõe adensamento populacional com a destinação de área para HIS e HMP e a criação de um parque.

Levando em conta os princípios do PDE e OUCBT, o projeto apresentado neste caderno teve como premissa o desenvolvimento de um estudo preliminar para um plano urbanístico que previsse o atendimento e conciliação de diversas necessidades urbanas da região em questão, como a produção de habitação de interesse social e do mercado popular integrada com comércios, serviços, áreas verdes e mobilidade urbana. Considerou-se não menos importante e apesar das demolições, salientar a formação da estrutura urbana, espacial e social deste bairro como forma de reinventá-lo.

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> vista da Rua do LavapĂŠs, em primeiro plano e das oficinas da Light ao fundo fonte: Acervo Casa da Imagem/DPH/SMC

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2 Aproximação e distanciamento no Glicério

A localização geográfica da região da Gle-

Para quem vinha de Santos, o riacho do Lava-

ba do Lavapés quanto ao acesso ao centro

pés (onde hoje encontra-se a rua de mesmo

da Vila de São Paulo aliada aos condicio-

nome) era o ponto de referência entre o final

nantes físicos que possibilitavam o desvio das

da zona rural e início da zona urbana. Nele,

margens alagadiças do Tamanduateí foram

os viajantes davam água para os animais,

fatores determinantes da configuração de

descansavam e lavavam os pés antes de

sua estrutura urbana entre o final do século

adentrarem na vila. Este hábito deu o nome

XIX e início do século XX.

ao riacho, o qual era afluente do córrego do Cambuci (hoje canalizado), que por sua vez

“Em 1948 eu era um menino que vivia na

rua do Lavapés, no Cambuci, em frente à Light e a aquelas poderosas instalações no estilo inglês. Na curva da rua, na altura do número 226, havia naquele momento pequenos sobrados, casas térreas geminadas, o armazém de alimentos do seu Perrone, a marcenaria do seu Cecchia. Tinha também a enorme fábrica de chapéus Ramenzoni e outras fábricas ali naquele pedaço. Mas o que impressionava mesmo eram as grandes ofici-

O trajeto que ligava São Paulo ao litoral de

desaguava no rio Tamanduateí. Tal percurso

Santos tinha início no antigo Largo da Forca

foi o principal “caminho do mar” nas épocas

(atual Praça da Liberdade) e passava pelas

de Brasil Colônia e Império e remonta trajetos

atuais Ruas da Glória, do Lavapés, da Inde-

indígenas, de antes da presença portuguesa

pendência, prosseguindo para o sul onde

no planalto paulista (Gonçalves,1988). Essa

cruzava os leitos do Lavapés, do Cambuci e

rota foi se tornando obsoleta com a constru-

do Ipiranga (Pires,2003). O traçado serpente-

ção da estrada de ferro que ligava Santos a

ante das ruas do Lavapés e da Independên-

Jundiaí com parada em São Paulo.

cia remete à escolha das áreas a salvo das inundações permanentes delineadas pelas

A chegada dos imigrantes, na época da

colinas que configuram a parte alta dos bair-

prosperidade do café no oeste paulista inten-

ros da Liberdade, Cambuci, Aclimação e es-

sificou a rota São Paulo-Santos, pelo caminho

tendem-se em direção ao espigão que divi-

do mar. A região adjacente ao terreno, com-

(Depoimento do historiador Carlos Guilherme

de os vales dos rios Tamanduateí e Pinheiros.

posta majoritariamente por chácaras com

Mota para a Folha em reportagem de Vanessa

(Pires; Tourinho 2016).

áreas de cultivo e locais de apoio às tropas

nas da Light & Co”

Correa, 2015)

de viajantes (pousos e pastagens), passou 11


12


< 1918 - portaria da entrada principal na Rua do Lavapés, 643

a ser loteada e a receber comércios, princi-

Light, principalmente quando da substituição

palmente ao longo da Estrada do Lavapés.

dos bondes movidos a tração animal pelos

> 1916 - obra de novas oficinas no Conjunto Oficinas do Cambuci

O desmembramento dessas grandes proprie-

que utilizavam a energia elétrica.

fonte: Acervo Fundação Energia e Saneamento

dades (como a Chácara da Glória, Sítio Tapanhoim) deu origem aos bairros do Cambu-

A criação da linha de bonde que interliga-

ci e Aclimação. (mapa 01)

va o centro ao Museu do Ipiranga e passava pela Rua do Lavapés reforçou ainda mais

A retificação do Rio Tamanduateí, no século

esse trajeto, tornando-o uma estrutura de

XIX e ao longo do XX, intensificou a ocupa-

mobilidade urbana e contribuindo para a ex-

ção de sua várzea e facilitou a ligação en-

pansão da malha urbanizada.

tre os bairros que surgiam ao seu redor, como Brás, Cambuci, Mooca.

Esses melhoramentos atraíram a instalação de estabelecimentos industriais no bairro,

A Gleba do Lavapés (objeto de projeto deste

como as fábricas da família Penteado, de

TFG) foi se conformando diante da aquisição

cigarros Sudan, Nadir Figueiredo, Ramenzoni,

pela Cia Light de terrenos que pertenciam

Vilares. Estas últimas foram inauguradas por

à Cia Viação Paulista e por outros menores

imigrantes italianos que não partiram para o

que foram sendo incorporados. No início do

oeste paulista (auge do café) e estabelece-

século XX as oficinas de bondes já funciona-

ram-se no Cambuci. Eles representaram enor-

vam naquele local e as atividades da Light

me influência na construção da sociedade/

se ampliavam de acordo com as inovações

cultura desse bairro que se constituía como

tecnológicas do ramo de transporte e forne-

um bairro operário.

cimento de energia. Os edifícios eram térreos, amplos e interligados por ruas internas,

Dentre estes imigrantes italianos que estabe-

características que possibilitaram sua ade-

leceram-se em São Paulo estava Alfredo Vol-

< 1927 - depósito de materiais inflamáveis, 1927

quação espacial quanto às modificações

pi. Em 1896, Volpi (ainda criança) e seus pais

> 1927 - bondes nas Oficinas da Light

programáticas advindas com a qualificação

imigraram de Lucca e instalaram-se no Cam-

tecnológica dos serviços prestados pela Cia

buci, bairro onde viveu a vida toda.

fonte: Acervo Fundação Energia e Saneamento

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< 1889 - mapa 01 - desmembramento das grandes propriedades. nota-se a presença de edificações na gleba do Lavapés neste fim do século XIX > 1897 - mapa 02 - planta geral de São Paulo. o curso do Rio Tamanduateí sugere o antigo caminho do mar. fonte: geosampa.prefeitura.sp.gov.br

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< 1930 - mapa 03 fonte: Sara Brasil > 2013 - mapa 04 - antes da demolição das Oficinas do Cambuci fonte: Habisp. consultado em 2016 >> 2016 - mapa 05 - após a demolição das Oficinas. fonte: google maps. consultado em 2016

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rua do Lavapés

rua Otto de Alencar

praça Nina Rodrigues

rua Junqueira Freire


A origem social humilde e o aprendizado

A partir das pinturas da Marinha de Itanhaém,

certos esquemas formais, construções bási-

operário o colocaram em posição distinta de

na virada para a década de 1940, pode-se

cas contidas dentro de famílias de signos que

seus contemporâneos. Na década de 1920,

considerar que Volpi transformava-se em um

analogicamente reconhece-se por “bandei-

enquanto Tarsila do Amaral ainda estudava

artista moderno, onde o tema de suas pintu-

rinhas”, “fachadas”, “mastros”, “marinhas”. A

na Europa e Di Cavalcanti, Mário e Oswald

ras era só um pretexto, o importante mesmo

cada quadro ele recriava tais construções,

de Andrade frequentavam o palacete de

era a pintura em si. Mais tarde, ele próprio

não muito pelas alterações em sua estrutura

Dona Olívia Guedes Penteado, Volpi se des-

afirmou que o problema central de sua obra

mas evidentemente pela intensa variação e

cobria como pintor-decorador de paredes,

era “forma, linha e cor”.

pesquisa cromática. Pintura, para Volpi, re-

um trabalho a meio caminho entre o operá-

lacionava-se com cor. Como já dizia Sérgio

rio e o artesão especializado. Quando essa

No decorrer dos anos 40 seus trabalhos ca-

profissão começou a entrar em decadência,

minhavam no sentido da geometrização. Ele

ele passou a fazer originais para estampas re-

deixa de pintar casarios (paisagens) e passa

“Ninguém melhor do que ele coloca uma nota

ligiosas, baseados em modelos estrangeiros.

a pintar fachadas (geometria). No fim des-

vibrante vermelha ou amarela num último plano

sa década, essas fachadas começam a ser

e aí a mantém presa, com segurança, dentro de

Assim, em meados de 1930 ele ainda vivia de

retratadas por quadrados, retângulos, triân-

uma barreira sabida de verdes frios pastosos ou

um ofício e não de sua criação. Até que co-

gulos, a serem pintados de imaginação, de

de terra amortecidos. Ninguém melhor do que

nheceu, nessa época, outros pintores, tam-

dentro de seu ateliê. O que o interessava no

ele baralha e abafa um primeiro plano em be-

bém filhos de imigrantes, e alugaram juntos

casario e, posteriormente, nas bandeirinhas,

nefício da luminosidade do segundo, contrarian-

uma sala no Edifício Santa Helena, na Praça

eram as formas geométricas. Volpi entendia

do com desenvoltura os cânones acadêmicos

da Sé. E daí o nome “Grupo Santa Helena”

esses elementos como um signo sobre o qual

da perspectiva aérea. Ninguém melhor do que

do qual faziam parte, além de Volpi, Fúl-

podia-se trabalhar, não como um objeto ou

ele desobedece expressivamente às regras acei-

vio Pennachi (único com formação artística

um assunto sobre o qual sua pintura se referia.

tas. E isso pela razão muito simples de que as co-

acadêmica), Francisco Rebolo (decorador),

E quando (1950) sua obra se tornou “geome-

nhece bem. Há muita malícia nessa sua atitude

Mário Zanini (ex-letrista da Antarctica), Clóvis

tria pura” as formas da bandeirinha sobrevi-

e profunda consciência do que se faz realmente

Graciano (ex-ferroviário), Aldo Bonadei (ex-

veram como módulo visual em suas abstra-

necessário considerar na pintura”.

-desenhista de modelos bordados). Eles se

ções.

reuniam sempre para pintar modelos vivos, assim dividiam o custo cobrado por eles.

18

Milliet, em 1944:

(Excerto retirado do livro Grandes artistas brasilei-

Desde a década de 1960 Volpi cristalizou

ros, edição dedicada a Alfredo Volpi)


feira do cambuci, década de 1920

fachada, década de 1950

paisagem do cambuci, década de 1930

casas e barcos, década de 1950

feira do cambuci, década de 1940

fachada, década de 1970

fachada, década de 1970

19


< 1942 - Vista do terreno onde seria implantado o Conjunto Residencial Várzea do Carmo com as oficinas da Light em primeiro plano. fonte: Revista Municipal de Engenharia. > 1942 - croqui do Conjunto Residencial Várzea do Carmo (IAPI) fonte: Revista Municipal de Engenharia. v vista do conjunto construído. fonte: Bonduki; Koury, 2014.

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Na década de 1940 o caráter do bairro do

preendimento habitacional para operários

viabilidade e importância do projeto, a mor-

Cambuci incitou e de certa forma viabilizou

de baixa renda. O programa proposto de-

te prematura de Lima provavelmente preju-

o desenvolvimento do projeto e construção

signava uma mescla de usos como forma de

dicou a efetividade do empreendimento, do

parcial do Conjunto Residencial Várzea do

compensação de rendimentos, englobando

qual foram construídos somente 22 blocos de

Carmo, pelo Instituto de Aposentadoria e

habitações aos associados de menor poder

4 pavimentos (552 unidades). (Fiorin, 2015)

Pensões dos Industriários (IAPI), em terreno vi-

aquisitivo, outras para classe média, um edi-

zinho ao da Light, na Avenida do Estado.

fício residencial de alto padrão, equipamen-

Ficou no papel um projeto que poderia ter

tos sociais de uso coletivo e, ineditamente

sido um “marco singular na paisagem de São

“A localização dos terrenos da Avenida do Esta-

nas atividades dos IAPs, equipamentos com

Paulo e uma referência na questão da habitação

do e a natureza dos bairros circunvizinhos, confe-

alcance urbano, como uma estação rodovi-

social no Brasil, com boa arquitetura, sem perder

rem aos terrenos do IAPI um valor elevado, sem

ária, um hotel, posto de gasolina, edifício de

de vista princípios de economia, qualidade, es-

que o local perca o caráter de zona industrial...

consultórios e escritórios.

cala, reprodutividade e integração à cidade, essenciais à concepção moderna de habitação”.

Com essas características, não se prestava o local para bairro residencial de categoria elevada.

O projeto era composto por 3 superquadras,

Por outro lado, a localização da residência estri-

4038 unidades dispostas em 43 blocos médios

tamente operária não era aconselhável em face

e 16 blocos altos (2 desses apresentavam

No âmbito habitacional, os IAPs tornaram-se

da valorização extrema do local, a menos que

lojas no térreo), cuja implantação contava

instituições autônomas de empreendimento

fosse realizado um grande empreendimento de

com a aquisição, pelo IAPI, de 2 áreas que

imobiliário, ocupavam-se da compra, nego-

população que no caso ultrapassaria os índices

ladeavam o seu terreno, uma ao norte (onde

ciação de terrenos e de edificações existen-

universalmente aceitos.” (Revista Municipal de

havia uma fábrica têxtil) e uma a sudeste

tes, do projeto, da construção, dos setores

Engenharia, 1942).

(constituída por uma vila de sobrados gemi-

administrativos e de aluguéis das unidades

nados). Uma implantação alternativa, que

habitacionais. A intervenção nessa área da

desconsiderava esses terrenos, foi desenvolvi-

cidade, em específico, evidencia o momen-

da, quantificando 2880 unidades. No entan-

to de formação daquele bairro e de seu ca-

to, nem mesmo essa última proposta foi cons-

ráter (operário) e investir ali, aparentemente,

truída. Considerando o papel decisivo que

era uma possibilidade de rentabilidade para

o arquiteto nesse contexto exercia a fim de

os institutos.

O autor, Attílio Corrêa Lima, e sua equipe consideravam a gleba de implantação elemento estruturador do programa proposto, uma vez que visava o desenvolvimento dessa região por meio de uma centralidade urbana criada a partir da construção de um em-

(Bonduki; Koury, 2014)

convencer a administração superior sobre a

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< imagem da rua do Lavapés. > imagem do entroncamento das Ruas Junqueira Freire, Otto de Alencar, Praça Nina Rodrigues. Identifica-se o muro da gleba à direita. fonte: google street view, 2016

Conclui-se então que a paisagem em forma-

até Glicérião.

ção e a sociabilidade que lá se conformava

Em tal área, compreendida nas partes bai-

eram consoantes. Dessa maneira, no come-

xas, de várzea do Tamanduateí, restou-se

ço do século XX as inúmeras fábricas tinham

a estrutura fundiária, configurada por lotes

vínculo intrínseco com a urbanidade da-

estreitos e compridos e em muitos deles os

quele bairro operário, ou seja, os habitantes

resíduos construtivos de casas térreas ou as-

trabalhavam em alguma fábrica ou tinham

sobradadas da época da conformação da

parentes que o faziam; as sirenes de início e

região. Muitas dessas construções modestas,

término das atividades diárias, de alguma for-

as quais na época eram habitações unifami-

ma, interferiam na noção de tempo de quem

liares, hoje servem a comércios, serviços ge-

as ouviam; os muros ao redor do terreno da

rais e cortiços. O vínculo entre o caráter do

Light resguardavam a vivacidade daquelas

bairro e a sociabilidade passou de uníssomo

atividades e de turno em turno abria-se o por-

à indefinido.

tão para a rua do Lavapés, 463, por onde os operários saíam e encontravam a urbanida-

Além da dissolução dos inúmeros estabeleci-

de deste importante eixo que se reforçava a

mentos industriais, a construção de grandes

cada dia, com os bondes passando em mão

vias de trânsito rápido que interromperam li-

dupla ligando o centro histórico ao recém

gações cotidianas entre o bairro e o centro

inaugurado museu do Ipiranga.

da cidade contribuíram para a marginalização dessas áreas. A avenida do Estado cons-

< transposição da Avenida Radial Leste-Oeste, na sua parte elevada. fonte: google street view, 2016.

Atualmente, a maioria das fábricas ao redor

truída sobre o rio consiste de uma barreira en-

do eixo da Lavapés não existe mais. Este tre-

tre os bairros do Cambuci, Mooca e o centro

cho, que na época (meados do século XX)

de São Paulo, de forma análoga às dificul-

conformava os limites do novo bairro chama-

dades de transposição do rio Tamanduateí

do Cambuci, hoje compõe uma parcela da

antes de ser retificado. A construção da via

cidade conhecida informalmente por Glicé-

expressa Radial Leste - Oeste, em meados de

rio, Várzea do Glicério, Baixada do Glicério e

1970, secionou quadras inteiras ao meio e as

23


Subprefeituras

Subprefeituras

Variação (%), por área de ponderação

Variação (%), por área de ponderação Até 0,00 De 0,01 a 50,00 De 50,01 a 100,00 De 100,01 a 200,00 200,01 e mais Sem informação

Até 0,00 De 0,01 a 50,00 De 50,01 a 100,00 De 100,01 a 200,00 200,01 e mais Sem informação

0

6

12

18

0

6

Quilômetros

12

18

Quilômetros

Mapa 6

Uso do solo predominante 2005

6

Parques e áreas municipais

Predominância de uso

Represas

Residencial horizontal de baixo padrão

Cemitérios

Residencial horizontal de médio/alto padrão

Shopping centers

Residencial vertical de baixo padrão

Referências urbanas

Residencial vertical de médio/alto padrão

Estações de metrô

Comércio e serviços

Estações de trem

Indústria e armazéns

Subprefeituras

Residencial + comércio/serviços Residencial + indústria/armazéns Comércio/serviços + indústria/armazéns

0

1,3

2,6

Quilômetros

3,9

Garagens Equipamentos públicos Escolas Terrenos vagos Outros Sem predominância Sem informação

24

Subprefeituras

Índice (área construída/área do terreno), por área de ponderação

Fonte: Secretaria Municipal de Finanças/Departamento de Rendas Imobiliárias – PGV-2005 agregação por quadra fiscal e TPCL 2005; IBGE. Censo Demográfico 2000. Projeção Estatística da Amostra.

rie pôster: Panorama

mento residencial


transposições por vias de pedestres são ínfi-

hectare.

mas.

Verifica-se a presença predominante, em al-

Apesar disso, a área apresenta bom atendi-

gumas quadras, do residencial com comér-

mento quanto ao transporte público, via ôni-

cios e serviços. Essa classificação refere-se

bus e metrô. Há linhas de ônibus que contor-

principalmente às edificações remanescen-

nam o terreno de projeto e as estações de

tes de meados do século XX, sobrados ou edi-

metrô São Joaquim e Liberdade estão a me-

fícios com menos de 4 pavimentos, estreitos

nos de 1km de distância.

e compridos, como os localizados na Rua do Lavapés. Essas edificações apresentam uso

mapa 06 - densidade demográfica fonte: IBGE sinopse por setores, censo 2010 v

v 2014 - mapa 07 - uso do solo predominante por quadra fonte: Secretaria Municipal de Finanças/ Departamento de arrecadação e cobrança elaboração: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano

O uso predominante do solo por quadra e

comercial ou de prestação de serviços no

a densidade demográfica da região cons-

térreo e residencial nos andares superiores.

tatam, de certa forma, como ela está sen-

Os estabelecimentos no nível do pedestre, de

do apropriada nos dias atuais. A região re-

modo geral, não contribuem para a criação

presentada em amarelo claro no mapa 06,

ou manutenção de certa vivacidade na rua

com densidade entre 0,5 -106 habitantes por

e também não dependem de um local mo-

hectare corresponde às áreas de uso predo-

vimentado para sobreviverem. Encontram-se

minantemente não residencial. Entre elas, o

nessas quadras sapatarias, marcenarias, ta-

terreno de projeto, o qual em 2014 (data do

peçarias, serralherias, funilarias, despachan-

mapa de uso do solo) ainda era classificado

tes, mecânicas, papelaria, empresas de esto-

na categoria de comércios e serviços. À su-

que e logística e muito dificilmente depara-se

doeste, área de maior densidade retratada

com algum mercadinho, padaria, restauran-

no mapa, encontram-se a maioria dos corti-

te ou farmácia. Esta última, somente regista-

ços e os empreendimentos de classe média/

da como parte do Núcleo de Gestão Assis-

alta, geralmente “condomínios-clube”. Estas

têncial da Várzea do Carmo (NGA).

grandes torres são identificadas no mapa com a cor correspondente às máximas densi-

O NGA é uma instituição pública de saúde,

dades, faixa entre 752 -10.000 habitantes por

onde realiza-se exames, pequenas cirurgias,

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dá assistência a portadores de HIV e contém

operglicério e Recifran e o Ecoponto (sob o

uma farmácia que fornece medicamentos

viaduto Leste-Oeste).

de alto custo. Outros equipamentos de saú-

Os equipamentos culturais concentram-se

> 2016 - mapa 09 - equipamentos urbanos

de são encontrados nas proximidades, como

na parte noroeste do mapa, em direção ao

a UBS Cambuci e o Hospital das Clínicas Pro-

centro da cidade. Próximo ao terreno, na rua

fonte: autoria própria com dados da PMSP, disponíveis na plataforma geosampa.

fessor Dr Zeferino Vaz.

Otto de Allencar, encontra-se o Espaço Cul-

< 2016 - mapa 08 - linhas de ônibus, pontos de ônibus e estações de metrô

tural Cambuci, estabelecido nas dependênA região também é bem servida de Equipa-

cias de uma Incubadora de projetos sociais

mentos educacionais, no entanto, quando

da PMSP. Constitui-se de um espaço multiuso,

considera-se escolas públicas o número cai

com auditório e cozinha para eventos, semi-

notavelmente. O mapa de equipamentos

nários, cursos. Nesse local também funciona-

educacionais ao lado indica mais de 30 cen-

va o Pólo Cultural Cambuci, o qual promovia

tros em um raio de menos de 2km, dentre

oficinas de arte para idosos, no entanto, es-

eles, somente uma EMEI (ensino infantil), três

sas atividades foram cessadas há mais de um

CEI (educação infantil), duas EEEFM (ensino

ano.

fundamental e médio) e uma EMEF (ensino fundamental). Com relação às escolas tradicionais da área, próximo ao terreno de projeto encontra-se o colégio dos irmãos Maristas, fundado na época de constituição do bairro e que existe até hoje.

Outros equipamentos públicos são notáveis como o INSS (localiza-se em frente ao NGA e ao lado do Conjunto residencial Várzea do Carmo), as cooperativas de reciclagem Co-

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> 2016 - mapa 10 - cortiços fonte: autoria própria com dados do HABISP


linhas de ônibus

equipamento educacional

pontos de ônibus

equipamento de saúde

estações de metrô

equipamento cultural eco ponto

0

100

200

400

cortiços

27


GLEBA DO LAVAPÉS Macroárea de Estruturação Metropolitana Macroárea de Qualificação da Urbanização Consolidada Macroárea de Redução da Vulnerabilidade Urbana Macroárea de Recuperação Urbana e Ambiental Macroárea de Contenção Urbana e Uso Sustentável Macroárea de Preservação de Ecossistemas Naturais Trem: Linha e Estação Existentes Metrô: Linha e Estação Existentes

< 2014 - mapa 11 - Macroáreas - Plano Diretor Estraté-

Corredor de Ônibus Existente Via Estrutural de Nível 1 Rodoanel Planejado Limite Macrozonas

gico da PMSP

Macroárea de Estruturação Metropolitana Macroárea de Qualificação da Urbanização Consolidada Macroárea de Redução da Vulnerabilidade Urbana Macroárea de Recuperação Urbana e Ambiental

fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP)

Macroárea de Contenção Urbana e Uso Sustentável Macroárea de Preservação de Ecossistemas Naturais Trem: Linha e Estação Existentes Metrô: Linha e Estação Existentes Corredor de Ônibus Existente

Área de Proteção e Recuperação de Mananciais Via Estrutural de Nível 1 Rodoanel Planejado

Município de São Paulo

> 2014 - mapa 12 - Perímetro da Operação Urbana

Limite Macrozonas Área de Proteção e Recuperação de Mananciais Município de São Paulo Demais Municípios da Região Metropolitana de São Paulo

Demais Municípios da Região Metropolitana de São Paulo

Bairros do Tamanduateí, contida na Macroárea de Es-

Região Metropolitana de São Paulo

Mancha Urbana da Região Metropolitana de São Paulo Hidrografia

Região Metropolitana de São Paulo 0

1

2.5

5 Km

ESCALA 1:70.000

truturação Metropolitana Setor Arco do Tamanduateí

N

Mancha Urbana da Região Metropolitana de São Paulo Base cartográfica: PMSP. Mapa Digital de São Paulo, 2004. Projeção UTM/23S. Datum horizontal SAD69.

Elaboração: Prefeitura do Município de São Paulo. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano.

Hidrografia

fonte: PMSP; SPUrbanismo

MAPA 02 MACROÁREAS PLANO DIRETOR ESTRATÉGICO

Parte integrante do Projeto de Lei n. _______, de __ de __________ de 2013.

0

1

2.5

5 Km

ESCALA 1:70.000

N

28 Base cartográfica: PMSP. Mapa Digital de São Paulo, 2004. Projeção UTM/23S. Datum horizontal SAD69. Elaboração: Prefeitura do Município de São Paulo. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano.


3 Diretrizes da legislação vigente

O novo Plano Diretor Estratégico da cidade

urbana embasam-se em definições da “cida-

moradia. Essa macroárea é dividida em seto-

de São Paulo foi aprovado no dia 30 de ju-

de compacta”, pautadas no adensamento

res: Central, Eixos de Desenvolvimento e Orla

nho de 2014 e sancionado pelo prefeito Fer-

populacional maior que o de empregos em

Ferroviária e Fluvial. A gleba do Lavapés per-

nando Haddad em 31 de julho segundo a lei

áreas centrais da cidade, visando o equilíbrio

tence a este último, o qual faz parte da Ope-

16.050/2014. Tem como base legal a constitui-

dessa relação. Atualmente, a região que en-

ração Urbana Bairros do Tamanduateí.

ção federal de 1988, a qual considera que a

volve o terreno de projeto apresenta uma re-

propriedade deve cumprir sua função social.

lação entre empregos/habitações de 1,6. O

Essa Operação Urbana estabelece, para o

Nesse sentido, o PDE estabelece as condi-

intuito da legislação vigente é diminuí-la para

perímetro delimitado no mapa 12, uma regu-

ções de cumprimento dessa função social e

0,8 com um adensamento populacional de

lamentação urbanística específica que prevê

salienta que o direito à moradia é um direito

180% e aumento de empregos em 45%.

o adensamento populacional e construtivo

constitucional (Secretaria Municipal de Licen-

Ainda, considera-se que a concentração po-

e diversificação dos serviços e comércios lo-

ciamento).

pulacional facilita a sustentabilidade de in-

cais, além de um plano urbanístico mais am-

vestimentos na infraestrutura e melhora a de-

plo de requalificação das orlas fluviais; cone-

Esse Plano orientará o desenvolvimento da ci-

seconomia causada por congestionamentos,

xões interbairros por abertura de novas ruas e

dade nos próximos anos (16 anos após a data

uma vez que possibilita deslocamentos a pé

transposições do rio Tamanduateí; qualifica-

de sancionamento da lei que o instituiu) por

ou de bicicleta.

ção das áreas verdes existentes e criação de

meio de diretrizes que prevêem maior equi-

novas; implementação de estratégias para

líbrio social, ambiental e econômico através

A cidade foi divida em macroáreas definidas

incrementar o sistema de drenagem nessas

da aproximação entre moradia e emprego,

por suas características urbanísticas e sociais

áreas de várzea.

melhorias na mobilidade urbana, crescimen-

que direcionam as diretrizes de intervenção.

A Operação Urbana Bairros do Tamanduateí

to urbano nas adjacências de eixos de trans-

O terreno de projeto está contido na macro-

lista uma série de problemas encontrados no

porte público e qualificação ambiental.

área de Estruturação Metropolitana, carac-

perímetro e propõe diretrizes urbanísticas que

terizada pela grande oferta de infraestrutura

seguirão à ações determinadas por um Proje-

De modo geral, as política públicas que vi-

urbana e eixos de mobilidade, porém com

to de Intervenção Urbana (PIU) para os bair-

sam orientar esse novo modelo de expansão

desequílíbrio entre a oferta de emprego e

ros do Tamanduateí. 29


PROBLEMÁTICA

mapa 13 - pontos de alagamento na confluência

v

dos córregos, com localicação da gleba de projeto. fonte: OUCBT, 2014

•Atendimento habitacional do deficit de 3.237 unidades

v 2014 - esquema do conceito das intervenções pro-

•Desequilíbrio entre moradia e emprego

postas

•Dificuldade de transposição da ferrovia, Av. do Estado e do rio Tamanduateí

fonte: OUCBT, 2014

•Poucas alternativas de ligação entre bairros •Pontos de alagamentos na confluência dos córregos da bacia com o rio Tamanduateí • Ilha de calor abrangendo grande parte do perímetro da área de intervenção

pontos de alagamento

PROPOSTAS •Provisão habitacional e qualificação do habitat •Destamponamento do rio Tamanduateí •Aberturas de ruas para novas ligações •Plano cicloviário •Implantação de sistema de canais de reservação e de parques inundáveis •Aumento de áreas verdes •Implantação de programa de arborização urbana

30

Zoneamento de atividades

Núcleo compacto

Distância que exige deslocamento de carro

Distância que permite ser percorrida de bicicleta ou a pé

•Redução do tempo de deslocamento e mais tempo livre para outras atividades • Maior diversidade dos serviços e comércio nos bairros favorecida pela densidade populacional • Redução da emissão de CO2 com a redução do deslocamento motorizado • Maior integração social


v

< mapa 14 - proposta de conexĂľes entre bairros

v

> mapa 15 - plano cicloviĂĄrio

v > mapa 16 - meio ambiente

fonte: OUCBT, 2014

31


A Gleba de projeto também é considerada

cial. No caso da ZEIS 5 deve-se, obrigatoria-

v 2014 - quadro de percentuais de área por uso

pelo PDE uma Zona Especial de Interesse So-

mente, destinar-se no mínimo 40% da área do

fonte: caderno da Operação Urbana Bairros do Ta-

cial, ou seja, sua área é predominantemen-

terreno para HIS 1* ou HIS 2** e no máximo

te destinada à moradias para população de

40% para uso residencial ou não residencial,

v v 2014 - quadro de percentuais de área por uso

baixa renda e é sujeita a regras específicas

sendo permitida a construção de HMP***. A

fonte: Plano Diretor EStratégico, PMSP

de parcelamento, uso e ocupação do solo

OUCBT exemplifica mais abrangentemente

(Lei Federal 11.977/09).

essa destinação de área, considerando os

manduateí.

*HIS1: renda familiar de até R$ 2.172,00 (3 SM) **HIS2: renda familiar entre R$ 2.172,00 a R$ 4.344,00 (6

20% restantes como destinados a HIS1, HIS 2 No entanto, há uma dissonância entre a de-

SM)

ou HMP.

***HMP: renda familiar maior que R$ 4.344,00 e menor

finição do Plano Diretor e a Lei de Zonea-

ou igual a R$ 7.240,00 (10 SM)

mento, a qual deveria legitimá-lo. Nos mapas do PDE e no caderno da Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí o terreno encontra-se como ZEIS 5, no entanto nos mapas referentes a lei de zoneamento é representado como ZEIS 3.

Para fins do projeto realizado neste TFG considerou-se o terreno como ZEIS 5, em consenso com as definições do PDE e considerando o fato de ser propriedade de uma empresa privada (GTIS), onde não há mais edifícios que podem ser tombados e apropriados para uso cultural e público.

32

PLANO DIRETOR ESTRATÉGICO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO Quadro 4. Percentuais de área construída total por usos residenciais e não residenciais em ZEIS Anexo à Lei nº

O quadro ao lado, divulgado pelo PDE, re-

Tipo de ZEIS

HIS 1

HIS 2

fere-se a destinação obrigatória de áreas

ZEIS 1, ZEIS 2, ZEIS 3, ZEIS 4

No mínimo 60%

permitido

construídas para habitação de interesse so-

ZEIS 5

Mínimo 40%

HMP

Usos R e nR No máximo 20%

Permitido

No máximo 40%


> mapa 17 - ZEIS

Muitas edificações no entorno da gleba do

fonte: OUCBT, 2014

Lavapés também foram classificadas como ZEIS. As construções que margeiam a cur-

v mapa 18 - zoneamento

va da rua do Lavapés, de certa forma, nos

fonte: autoria própria

remetem ao passado da área. Elas serão

dados da PMSP, 2016

provavelmente demolidas dando origem a edifícios mais altos, residenciais. O Conjunto ZEIS 3

Residencial Várzea do Carmo, ZEIS 3, deverá

ZEIS 5

ser adensado, recebendo novas construções

ZEIS 2

e novos moradores, aludindo, em uma situação totalmente diferente, aos anseios de Attílio Correa Lima de possibilitar o atendimento habitacional, em área central, para a classe mais desfavorecida dos trabalhadores.

As zonas adjacentes às ZEIS são consideradas Zona de Centralidade (ZC), Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana (ZEU), Zona Mista (ZM), ou seja, prevê-se o adensamento populacional, com densidades altas e com usos mistos, qualificação paisagística e dos espaços públicos de forma articulada com o sistema de transporte público e coletivo. ZEIS ZC ZEU ZM

33


34


4 Plano urbanístico proposto

Como já visto, as políticas públicas orientadas

5% para áreas institucionais e 10% de área

pelo novo PDE/2014 embasam-se em princí-

sem afetação previamente definida, poden-

pios da cidade compacta a fim de orientar a

do atender a quaisquer finalidades acima ci-

transição para um novo modelo de desenvol-

tadas e que deveria ser definida pelo órgão

vimento urbano, pautado em padrões mais

municipal competente de acordo com as

eficientes de uso do solo. Para a concreti-

necessidades da região onde a gleba está

zação desses preceitos, insitui-se legislações

localizada. Para fins de projeto, estes 10% de

epecíficas para setores da cidade, sendo a

área foram destinados para criação de uma

gleba de projeto uma zona especial de inte-

praça que concentra a maior parte das áre-

resse social cujo empreendimento é privado.

as verdes previstas para a gleba e os 5% para um museu dedicado a Alfredo Volpi.

Dessa forma, o projeto previsto para a área foi pensado como articulador dos interesses

Assim, os parâmetros de loteamento e uso

do público geral (evidenciados pelas diretri-

do solo propostos procuraram incorporar so-

zes da OUCBT) e do empreendimento priva-

luções que enfatizassem as potencialidades

do. Representa, também, uma possibilidade

e oportunidades identificadas na região. Ten-

de experimentação dessa nova legislação.

tou-se criar padrões de ocupação que misturassem usos residenciais, comerciais, culturais

A gleba apresenta dimensões consideráveis

e cívicos, a fim de atrair uma ampla gama de

(10 ha) e situa-se em local estratégico quanto

faixas etárias e estilos de vida para o local,

a novas conexões interbairros sugeridas pela

além de incorporar, sempre que possível, áre-

Operação Urbana. Um empreendimento

as verdes para criação de microclimas den-

dessa dimensão acarreta a destinação obri-

tro e fora das partes edificadas.

< plano ilustrado

gatória de área significativa para uso públi-

implantação do conjunto projetado

co, como no mínimo 10% para áreas verdes, 35


princípio de intervenção 1: conexões com o existente

A gleba foi loteada de forma a priorizar a

Cesário Ramalho, a qual foi continuada para

continuidade de eixos urbanos que eram

dentro do terreno de projeto.

interrompidos no muro que a circundava,

posto de gasolina imóvel ocioso murado

como a extensão das ruas que contornam a

As ruas de sentido leste-oeste encontram

praça Nina Rodrigues e a rua Cesário Rama-

esse eixo central e são consideradas locais,

lho. A rua do Lavapés ganhou uma alça que

nelas pode-se estacionar em ambos os lados.

adentra no terreno no ponto onde situava-se

Propôs-se vias de pedestre que reduzem as

a antiga portaria das Oficinas do Cambuci.

dimensões das quadras e conectam os seto-

A curva permite que o terreno se mostre aos

res habitacionais por percursos alternativos.

delimitação da área da gleba

poucos à quem nele adentra, até a linha de

Essas vias também permitem a convergência

demolição

visão ser alinhada ao longo e claro eixo cen-

das existências (serviços e comércios em “ca-

tral.

sinhas” remanescentes) em direção à elas,

edificações remanescentes

eliminando possíveis muros nesse local. Este eixo comporta-se como coletor, é formado pelas vias de maior conexão com a cidade, que cruzam o rio Tamanduateí. O leito carroçável apresenta 3 faixas de rolamento, sendo uma destinada ao tranporte coletivo por ônibus. Na via da direita (sentido norte-sul) encontra-se uma ciclovia de mão dupla, com separador, que se conecta à rede cicloviária proposta na OUBT: ao sul encontra a rua do Lavapés e a norte as ruas Junqueira Freire, Otto de Alencar, Praça Nina Rodrigues; a leste alcança a ciclovia já existente na rua 36

muro de divisa existências podem voltar-se para as vias de pedestre


r. J

es a Rodrigu praça Nin

praça Nina Rodrigues un

e qu

re

r. O

rei

F ira

tto

r. C

esá

rio

de

Ram

Ale

nc

ar

alh

o

DIAGRAMA DE HIERARQUIA DAS VIAS

vias principais, maior fluxo

r. do

és

Lavap

vias locais, menor fluxo vias de pedestre ciclovias transposições sugeridas pela OUCBT

37


princípio de intervenção 2: rede de áreas verdes

Pensou-se em uma rede de áreas verdes composta por:

• árvores nativas brasileiras, adaptadas ao clima de São Paulo (portanto com baixa necessidade de irrigação) dispostas de acordo com a hierarquia de cada via. • jardins de chuva, dispostos entre as calçadas e ruas locais e também no centro das vias de pedestre e das ruas Junqueira Freire e Otto de Alencar (onde hoje encontra-se o canteiro central). Os jardins de chuva auxiliam na contenção de alagamentos, muito comuns nessa área; • a praça no eixo central apresenta jardins de chuva nas duas extremidades e um lago que funciona como um retentor de água pluvial, podendo ter seu volume de águas aumentado até certo limite sem afetar a qualidade espacial do local. • nos miolos de quadra existem canteiros, que também auxiliam no aumento da porcentagem de solo pemeável, favorecendo para criar microclimas agradáveis aos condomínios residenciais. (mostrados adiante) 38

DIAGRAMA ÁREAS VERDES cambuci árvores existentes - manter jardins de chuva da praça lago de chuva jardins de chuva das vias árvores para vias estruturais árvores para vias locais


Exemplo de árvores para vias estruturais

Exemplo de jardim de chuva construído se-

porte: altura entre 12 e 14 m; copa entre 8 e10 m

gundo as especificações técnicas abaixo.

Jequitibá

Pau Ferro

Ipê roxo

Erythrina Falcata

Exemplo de árvores para vias locais

Árvores para praças: todas

porte: altura entre 6 e 8 m; copa entre 5 e 6 m

as anteriores + Cambuci

Ipê amarelo

Cambuci

Manacá da Serra

Dedaleiro

< diagrama de áreas verdes ao lado fonte: autoria própria > exemplo de projeto para jardim de chuva fonte: soluções para cidades

39


princípio de intervenção 3: uso do solo

O PDE/2014 classificou o terreno e seu entorno imediato como ZEIS, apontando para o futuro adensamento populacional de toda essa área sob um coeficiente de aproveitamento máximo igual a 4, podendo ser ultrapassado sem a cobrança de outorga onerosa.

O loteamento da Gleba Lavapés considerou esse fato e foi baseado na definição de pro-

FUTURA PREDOMINÂNCIA DE USOS POR QUADRA

uso misto predominância residencial - ZEIS

gramas que pudessem atender a região no geral e criar um senso de vizinhança, de es-

institucional - Museu Alfredo Volpi

cala local, porém com alcance urbano. Esses anseios, no entanto, deveriam ser conciliados com as exigências legislativas, como as do Quadro 2 da lei de zoneamento, que define os percentuais mínimos de destinação de área pública, as do Quadro 2A, o qual estabelece frente máxima do lote de 150 metros e principalmente as obrigações por ser ZEIS (já comentadas).

De modo geral, o plano urbanístico constitui-se pela definição de um eixo estruturador

DESTINAÇÃO DE ÁREA PÚBLICA/ PRIVADA privado sistema viário principal calçadas + leito carroçável sistema viário complementar vias exclusivas para pedestres institucional - Museu Alfredo Volpi

central norte-sul, composto por edifícios de uso misto e por uma praça linear que se mos40

praça + áreas verdes concentradas


ANEXO INTEGRANTE DA LEI Nº 16.402, DE 22 DE MARÇO DE 2016

ANEXO INTEGRANTE DA LEI Nº 16.402, DE 22 DE MARÇO DE 2016

Quadro 2 – Percentuais de destinação de área pública

na parte sul do terreno, próximo à rua do Lavapés, de onde a conexão visual entre ela, os transeuntes e os edifícios que a cercam nas quadras vizinhas acontece de forma direta. As ruas que ladeiam este eixo central ligam-

TRANSFORMAÇÃO TRANSFORMAÇÃO

alguns ângulos, ora mostrando-se totalmente

Notas: (a) lotes ou glebas com áreas superiores a

-se às vias de transposição do Rio Tamanduateí. As vias que saem transversalmente deste eixo, no sentido leste-oeste, são ruas locais e definem setores predominantemente residenciais, onde os comércios e serviços locais pretendem ser diversificados e pulverizados nos térreos. Vias destinadas a circulação de pedestres cortam essas ruas locais e recebem habitações desde o térreo, como se fossem vilas.

Considerou-se como principal o sistema viário constituído por calçada + leito carroçável (em azul escuro no mapa ao lado). Ele contabiliza aproximadamente 20% da área da gleba. Como parte complementar desse sistema, criou-se as vias destinadas a circulação exclusiva de pedestre, uma estratégia para diminuir as dimensões das quadras (as

ZC-ZEIS ZEMP

Maior que 40.000m² 20.000m² (quarenta (vinte ZCOR-1 ZC 10 5 15 10 40 mil metros quadrados) (a) ZCOR-2 e ZC 5 125 150 20.000 ZCa ZCOR 10 250 100 10.000 5 20 30 5 NA ZCOR-3 menor ou igual a 40.000m² ZC-ZEIS ZCORa Quadro 2A - Parâmetros de parcelamento do solo (dimensões de lote) por zona (quarenta mil metros ZCOR-1 Notas: ZM ZCOR-2 quadrados) 10 100 10.000 (a) lotes ou glebas com áreas superiores a 40.000 m² (quarenta mil metros quadrados)ZCOR deverão ser loteados nos do artigomáximas 44 desta lei. Dimensões mínimas de250 lotetermos do §2º Dimensões de lote ZMaobrigatoriamente ZCOR-3 ZM 5 125 150 20.000 Maior que 40.000m² (quarenta TIPO DE ZONA ZONA Frente mínima Frente máxima ZMIS ZCORa Área mínima (m²) Área máxima 10 5 15 10 40 (m²) mil metros quadrados) (a) (m) (m) ZMISa TRANSFORMAÇÃO QUALIFICAÇÃO QUALIFICAÇÃO

meada entre edifícios, de onde revela-se por

ZM ZEU ZEIS-1 ZMa 20 1.000 150 20.000 5 125 150 20.000 ZEUa ZEIS-2 ZMIS ZEUP 5 125 150 20.000 ZEIS-3 20 150do artigo 44 desta 20.000 ZMISa 40.000 m² (quarenta mil metros quadrados) deverão ZEUPa ser obrigatoriamente loteados1.000 nos termos do §2º lei. ZEIS-4 ZEIS-1 ZEM ZEIS-5 ZEIS-2 ZEM 20 1.000 150 20.000 ZEMP ZDE-1 125 20 1.000 ZEIS 55 125 150 20.000 ZEIS-3 ZDE ZC ZDE-2 10 1.000 150 20.000 (a) ZEIS-4 ZC 5 125 150 20.000(a) ZPI-1 10 1.000 150 20.000 ZCa ZEIS-5 ZPI ZC-ZEIS ZPI-2 20 5.000 150 20.000 ZDE-1 5 125 20 1.000(a) ZDE ZCOR-1 ZPR ZPR 5 125 100 10.000(a) ZDE-2 10 1.000 150 20.000 ZCOR-2 ZER-1 10 250 100 10.000 ZPI-1 10 1.000 150 20.000 ZCOR 10 250 100 10.000(a) ZPI ZCOR-3 ZER ZER-2 5 125 100 10.000(a) ZPI-2 20 5.000 150 20.000 ZCORa ZERa 10 500 100 10.000 ZPR ZPR 5 125 100 10.000 ZM ZPDS 20 1.000 NA NA ZER-1 10 250 100 10.000 ZPDS ZMa ZPDSr NA 20.000 NA NA ZER ZM 150 20.000 ZER-2 5 125 100 10.000 ZMIS ZEPAM ZEPAM 20 5.000 (b) NA NA ZERa 10 500 100 10.000 ZMISa 1 ZPDS 20 1.000 NA NA ZPDS Notas: ZEIS-1 ZPDSr NA 20.000 NA NA NA = Não se aplica ZEIS-2 ZEPAM ZEPAM 20 5.000 (b) NA NA (a) Se aplica apenasZEIS aos usos que não se enquadrem nas subcategorias Ind-1a, Ind-1b e Ind-2. 5 125 150 20.000 ZEIS-3 (b) Nas ZEPAMs localizadas nas Macroáreas de Contenção Urbana e Uso Sustentável e de Preservação dos Ecossistemas Naturais a ZEIS-4 2 Notas: área do lote mínimo será de 20.000m (vinte mil metros quadrados). ZEIS-5 NA = Não se aplica ZDE-1 5 nas subcategorias 125Ind-1a, Ind-1b e Ind-2. 20 1.000 (a) Se aplica apenasZDE não se enquadrem 1aos usos que 10 20.000 (a) Naturais a (b) Nas ZEPAMs localizadas nasZDE-2 Macroáreas de Contenção Urbana e1.000 Uso Sustentável e de150 Preservação dos Ecossistemas 2 ZPI-1 1.000 150 20.000 (a) (vinte mil10 metros quadrados). área do lote mínimo será de 20.000m ZPI ZPI-2 20 5.000 150 20.000 (a) ZPR ZPR 5 125 100 10.000 ZER-1 10 250 100 10.000 ZER ZER-2 5 100 10.000 1 125 ZERa 10 500 100 10.000 ZPDS 20 1.000 NA NA ZPDS ZPDSr NA 20.000 NA NA 1 ZEPAM ZEPAM 20 5.000 (b) NA NA

quais ainda excediam 150 m de frente) e poder adensá-las construtivamente de modo a

“ganhar” uma nova fachada voltada para essa rua de pedestre. Assim, acredita-se que

QUALIFICAÇÃO PRESERVAÇÃO PRESERVAÇÃO

Ela apresenta escalas de visibilidade, ora per-

Dimensões mínimas de lote Dimensões máximas lote TOTALdeDO TIPO DE ZONA ZONA PERCENTUAL Frente mínima Frente máxima PERCENTUAL PERCENTUAL PERCENTUAL MÍNIMO DE 2ADE - Parâmetros de parcelamento do solo (dimensões de lote) por zona Área mínima (m²) Área máxima (m²) PERCENTUAL Quadro MÍNIMO ÁREA DO LOTE OU GLEBA (m) MÍNIMO DE ÁREA MÍNIMO DE SISTEMA ÁREA SEM AFETAÇÃO(m) MÍNIMO DE ÁREA INSTITUCIONAL (%) (m²) ZEU VERDEde(%) mínimas de lote DimensõesDESTINAÇÃO máximas 20.000 de loteDE 20 1.000 150 VIÁRIO (%)Dimensões PREVIAMENTE DEFINIDA Quadro 2 – Percentuais de destinação área pública ZEUa TIPO DE ZONA ZONA Frente mínima Frente máximaÁREA PÚBLICA (%) ZEU Área mínima (m²) Área máxima (m²) ZEUP (m) (m) 20 1.000 150 20.000 TOTAL DO ZEUPa Maior que 20.000m² (vinte ZEU 20 1.000 150 20.000 PERCENTUAL ZEM PERCENTUAL PERCENTUAL 20 PERCENTUAL MÍNIMO 150 DE mil metros e ZEUa 1.000 20.000 PERCENTUAL MÍNIMO DEZEM ÁREA DO quadrados) LOTE OU GLEBA ZEU ZEMP 5 20 30DE MÍNIMO DE ÁREA 5 NA MÍNIMO DE SISTEMA ÁREA SEM AFETAÇÃO MÍNIMO ZEUP menor ou igual a 40.000m² ÁREA INSTITUCIONAL (%) DA LEI Nº 16.402, ANEXO INTEGRANTE DE 22 DE20MARÇO DE 2016 1.000 (m²) 150 20.000 ZC VERDE (%) VIÁRIO (%) PREVIAMENTE DEFINIDA DESTINAÇÃO DE ZEUPa (quarenta mil metros ZC 5 125 150 20.000 ZCa ZEM ÁREA PÚBLICA quadrados) ZEM 20 1.000 150 20.000 (%)

ZM ZEU ZEIS

de áreas verdes concentradas no miolo central, juntamente com um pequeno lago.

O uso institucional foi atribuído ao projeto do

o acréscimo de aproximadamente 7% na

Museu Alfredo Volpi, que ocupa o correspon-

área destinada ao sistema viário (relativo a

dente a 6% da área da gleba e localiza-se

esses caminhos) possibilita uma ocupação

na alça criada pela continuação da rua do

de quadra com mais qualidade urbanística

e arquitetônica, mantendo o adensamento construtivo previsto.

PRESERVAÇÃO

tra a medida que o local é experienciado.

Quadro 2A - Parâmetros de parcelamento do solo (dimensões de lote) por zona

Lavapés que adentra no terreno (em rosa nos

mapas ao lado). Acredita-se que a criação

de um museu dedicado a um pintor de gran-

Notas: NA = Não se aplica (a) Se aplica apenas aos usos que não se enquadrem nas subcategorias Ind-1a, Ind-1b e Ind-2. (b) Nas ZEPAMs localizadas nas Macroáreas de Contenção Urbana e Uso Sustentável e de Preservação dos Ecossistemas Naturais a 2 área do lote mínimo será de 20.000m (vinte mil metros quadrados).

de importância para a história da arte brasi-

O eixo central ocupa o equivalente a 30% da

leira (e mundial), que retratava e era influen-

área da gleba, sendo que 7,5% corresponde

ciado pelas características do jovem Bairro

à projeção da área edificada, 12,5% às áreas

do Cambuci, pode reavivar de alguma for-

livres conformando a praça aberta ao sul do

ma a história desse antigo bairro operário e

terreno (possibilitada pela utilização da área

concomitantemente, criar uma centralidade

sem afetação previamente definida) e 10%

urbana capaz de atrair o público geral e re-

1

forçar ligações com a cidade. 41


centro comercial no embasamento de um condomínio residencial, com fachadas para a r. Otto de Alencar, para a continuação da rua Cesário Ramalho e a via coletora sentido norte-sul criada. Próximo ao conjunto residencial Várzea do carmo, do INSS e do NGA centro comercial ou de serviços previsto no embasamento de um conjunto residencial e com acessos para a rua Junqueira Freire, Lavapés e pela via de pedestre.

DIAGRAMA DE USO DO SOLO NO TÉRREO

comércio serviços comércios ou serviços locais habitacional no eixo central constitui-se de acesso às habitações museu

comércios ou serviços - existências

serviço existente - posto de gasolina

0

42

25

50

100


DIAGRAMA DE USO DO SOLO NOS PAVIMENTOS SUPERIORES

serviços habitacional museu previsão habitacional por ser ZEIS (existências)

0

25

50

100

43


5 Eixo Central, o compartilhamento dos usos no espaço

O Eixo central foi pensado como um elemen-

qual ela se insere, ou seja, da cidade de São

to articulador da gleba, tanto do ponto de

Paulo.

vista da conexão entre os dois setores predominantemente residenciais que o ladeiam,

Experimentando ainda mais essa interseção

quanto da ligação direta com o resto da ci-

de usos, propôs-se a continuação dessa pra-

dade.

ça no sentido da parte edificada, de forma a

localização do eixo central na gleba com indicação da vista da imagem ao lado

envolvê-la e ser por ela envolvida, resultando Nele, os programas sugeridos foram entendi-

em um eixo onde ora predomina a amplitude

dos como capazes de reforçar, evidenciar e

total de uma praça aberta, ora predomina

sustentar as conexões propostas - sejam elas

ambientes e situações que a observam mais

visuais ou por percursos - de forma a manter o

de perto, que apresentam proporções espa-

local com uma vivacidade permanente atra-

ciais semelhantes à dela. O pés direitos altos,

vés de atividades cotidianas.

principalmente no térreo, a harmonia entre

conexões urbanas

cheios e vazios nos edifícios e os percursos Nesse sentido, acreditou-se que a criação

criados tornam essa praça “interna” visível

de uma parte edificada (com usos mistos)

e acessível, de alguma maneira, para quem

ao lado de uma praça que mantém funções

passa pela calçada oposta, de automóvel

tradicionais (conexões visuais, percursos, cer-

na rua, ou até de alguns pontos das quadras

ta proporção volumétrica entre espaço livre

adjacentes.

e entorno edificado) poderia aproximar essas dinâmicas espaciais e visuais do contexto na

44

percursos

conexões visuais

permanência

lazer trabalho


45


O eixo apresenta, praticamente, três setores

cia dispostos nas pontas, e também lojas, bi-

uma academia, a qual pode ter uso exclusi-

bem definidos:

cicletário, farmácia, ocupando o miolo, por

vo aos hóspedes ou ser aberta ao público e

exemplo.

ter um acesso individualizado em alguma das

A praça aberta, a sul, onde encontra a rua

áreas demarcadas em laranja no diagrama

do Lavapés nos limites do terreno e as ruas

Por fim, à norte, no entroncamento das ruas

ao lado.

coletoras criadas à leste e oeste. No lado

Junqueira Freire, Otto de Alencar, Praça Nina

Na fachada norte do hotel localizam-se seus

oposto da rua do Lavapés concentram-se

Rodrigues, encontra-se um edifício hotelei-

acessos. Estão voltados para uma pequena

edificações remanescentes da época de

ro. Este uso proporciona um alcance urba-

praça, continuação da praça linear que vi-

constituição do bairro e futuramente prevê-

no mais abrangente e pode fomentar certa

sualmente encontra a praça Nina Rodrigues

-se adensamento populacional e constru-

movimentação da área (muito próxima do

(do outro lado do entroncamento das vias).

tivo; A direita (leste) da praça encontra-se

centro da cidade), contribuindo para a diver-

Para essa praça, abre-se o café do hotel,

um conjunto residencial com comércios no

sificação das pessoas que frequentam e usu-

que fica ao lado da recepção, servindo de

térreo, voltados para a praça, e a esquerda

fruem a região. Também pode impulsionar o

apoio a mesma.

(oeste) o museu Alfredo Volpi.

desenvolvimento social e econômico, gerando empregos nas atividades diretamente vin-

Os edifícios, de modo geral, ladeiam a qua-

Ao meio, localiza-se um edifício misto com

culadas ao hotel e estimular os comércios e

dra e são interligados por passarelas que

moradias e serviços nos andares superiores

serviço locais. Associado à esse uso, também

atravessam a área verde e ampliam o alcan-

e comércio, serviços e acessos no térreo. As

podem surgir iniciativas de criação de cursos

ce visual, principalmente em direção à praça

moradias intuem um uso permanente, que

profissionalizantes, como restaurante - escola.

ao sul e ao bairro do Cambuci. Há passare-

promove um senso de pertencimento, de

46

las que ligam áreas habitacionais, outras que

vizinhança; os serviços (como grandes salas

No térreo do hotel há locais abertos ao pú-

conectam as áreas destinadas aos serviços,

de uso compartilhado, fab labs, ateliês, sa-

blico geral, localizados nas pontas e voltados

além das de uso do hotel (no edifício mais se-

las para cursos e palestras) proporcionam

para percursos (em laranja no diagrama ao

parado ao norte). Essas passarelas se cruzam,

um uso diário, que envolve movimento pen-

lado), que podem abranger desde cafés e

se ladeiam, mas não se interligam fisicamen-

dular de pessoas para trabalhar/ estudar, as

restaurantes à lojas, salão de beleza, agência

te, mantendo a separação bem definida dos

quais podem usufruir dos serviços e comér-

de viagens.

usos, que ocupam o mesmo prédio, dividem

cios no térreo. Estes, podem abranger bares,

No pavimento 2 do hotel, mais especifica-

as mesmas visuais e proporcionam uma no-

restaurantes, sorveterias, cafés, de preferên-

mente no volume da esquerda foi prevista

ção de coexistência entre ambos.


No total, soma-se na parte residencial, 80 apartamentos, sendo 43 de 1 dormitório e 37 de 2 dormitórios. Considera-se que a presença de tipologias diferentes pode incentivar a mescla de tipos de família, com diferentes faixas etárias.

O hotel apresenta 154 quartos, divididos entre simples e conjugado. Os andares dos quartos possuem largos corredores de circulação, que servem como estar e locais onde pode-se mirar a área verde interna e a cidade. Os ambientes de uso comum estão posicionados no bloco da esquerda, nos pavimentos 2 e 3 e na cobertura, e os pavimentos 4 e 5 são dormitórios. No bloco da direita encontra-se o estacionamento, localizado no pavimento DIAGRAMA DE “PERMEABILIDADE” DOS USOS NO TÉRREO

uso do público geral (comércios/ serviços)

2 (cujo pé-direito foi divido em dois mais baixos) e o restante dos andares contém dormitórios e áreas de funcionários.

restrito aos moradores (acesso) restrito às salas compartilhadas (acesso) restrito ao hotel

0

25

50

100

47


48


localização da ampliação e da imagem ao lado térreo

< imagem da praça ao sul > ampliação planta do térreo - praça sul corte da praça acima

0

2.5 5

10

20

40

49


50


localização da ampliação e da imagem ao lado térreo

< imagem do edifício misto > ampliação planta do térreo - edifício misto

0

2.5 5

10

20

40

51


52


localização da ampliação e da imagem ao lado térreo

< imagem vista para o hotel

> ampliação planta do térreo - hotel

0

2.5 5

10

20

40

53


localização da ampliação pavimento 2

54


localização da ampliação pavimento 2

< ampliação planta do pavimento 2 - edifício misto

> ampliação planta do pavimento 2 - hotel

0

2.5 5

10

20

40

55


56


localização da ampliação e da imagem ao lado pavimento tipo

< imagem com exemplo de ambiente interno

> ampliação planta do pavimento tipo - edifício misto

0

2.5 5

10

20

40

57


58


localização da ampliação e da imagem ao lado pavimento tipo

< imagem da pequena praça em frente ao hotel

> ampliação planta do pavimento tipo - hotel

0

2.5 5

10

20

40

59


6 Quadra predominantemente residencial, um padrão de ocupação geral

Escolheu-se uma quadra do setor residen-

No geral, as quadras nesses setores foram

cial para desenvolvimento de um padrão de

pensadas como conjuntos residenciais, com

ocupação que poderia ser ampliado às ou-

comércios e serviços no térreo voltados para

tras quadras, como forma de contabilização

as ruas do sistema viário principal, onde os ve-

dos parâmetros de adensamento desejáveis,

ículos podem estacionar e usufruir dessa infra-

visando, basicamente, atingir o máximo co-

estrutura local e, habitações desde o térreo

eficiente de aproveitamento com qualidade

nas ruas destinadas exclusivamente a pedes-

espacial e de conforto ambiental. Os diagra-

tres, intentando criar um senso de vizinhança

mas de uso do solo e o plano ilustrado, mos-

naquele local.

localização da quadra na gleba com indicação da vista da imagem ao lado

trados anteriormente, exemplificam essa ocupação geral.

Os edifícios são dispostos de modo a delimitar um pátio central e elevado do nível da rua,

A quadra escolhida (localizada na imagem

que se abre em determinados lugares para

acima) representa um caso de quadra sec-

o exterior, como um grande terraço condo-

cionada por rua de pedestre. Ela apresenta-

minial. Assim, estende-se para essas áreas os

va 160 metros na maior dimensão e foi divida

princípios de conexões visuais esperados no

em duas partes de 68 e 65 metros cortadas

eixo central.

por uma rua de pedestre que liga duas ruas locais e conecta-se com outra rua de pedes-

níveis de vizinhança

conexões visuais

conexões espaciais serviços locais

tre, a qual leva à r. do Lavapés e à quadra do museu.

60

percusos locais


61


área técnica duplex recuado

rua interna garagem

duplex

via de pedestre

área técnica

piso do condomínio

lazer condomínio comércio ou serviço, com possibilidade de moradia no segundo andar.

62


e

ira

e qu

un

r. J

ir Fre

B

Na quadra de projeto, as duas partes criadas

edifício com fachada para rua de pedestre

pela rua de pedestre, ou seja, os dois condo-

(tipologia 1) apresenta apartamentos du-

mínios, foram ocupados de forma semelhan-

plex no térreo (elevados 50 cm do nível da

te, seguindo os mesmos princípios:

calçada) e na cobertura - no pavimento 7, onde são recuados conformando um jardim

A

localização dos cortes esquemáticos

Criou-se uma laje condominial a 5,9 m do ní-

frontal (como pode ser visto no corte esque-

vel da calçada. Sob ela, no alinhamento das

mático A). Nesses prédios, os apartamentos

calçadas das duas vias principais, foram dis-

dos andares 3, 4, 5 e 6 são apartamentos não

postos os serviços e comércios. Estes são in-

duplex. Eles são mais compridos para o inte-

terrompidos em locais específicos destinados

rior da quadra, o que possibilita a criação de

aos acessos residenciais. Na rua de pedestre,

uma rua interna, na garagem, nessa diferen-

a altura da laje condominial é venciada por

ça de distância.

apartamentos tipo duplex, com acesso direto por essa via ou por dentro da área do conjun-

Os edifícios que apresentam comércio e ser-

to residencial, onde localiza-se a garagem,

viços no térreo (tipologia 2) são mais altos e

no miolo da quadra. Em ambos condomínios

apresentam uma área comum para os mo-

a garagem apresenta 2 pavimentos e aten-

radores em um pavimento intermediário, que

moradias

de, aproximadamente, 50% dos apartamen-

é o último pavimento de encontro de todos

comércios ou serviços

tos.

os edifícios do conjunto, ou seja, último pavimento do edifício de tipologia 1.

corte esquemático A: edifícios voltados para rua

v

de pedestre - TIPOLOGIA 1

v corte esquemático B: edifícios voltados para o eixo viário principal, com comércio/ serviços no térreoTIPOLOGIA 2

0

2.5

5

10

Os edifícios são compostos por tipologias de 1 e 2 dormitórios, sendo as unidades das pontas

No total, soma-se 317 apartamentos, sendo

sempre maiores devido a irregularidade geo-

40 de 1 dormitório, 237 de 2 dormitórios e 40

métrica. Eles são interligados pelas passarelas

duplex de 2 dormitórios. O CA atingido no

de circulação, as quais apresentam jardinei-

condomínio próximo à R. J. Freire foi de 4,7 e

ras e bancos corridos, constituindo-se lugares

do próximo a rua coletora criada foi de 3,75.

para encontros, conversas cotidianas.

Para o cálculo desconsiderou-se o térreo co-

Com relação às tipologias habitacionais, o

mercial, a garagem e o terraço-condomínio.

20

63


< pavimento térreo > pavimento terraço condominial comércios ou serviços

64


0

2.5 5

10

20

40

65


localização imagem ao lado

< imagem rua principal > pavimento tipo

66


0

1

5

10

67


68


localização imagem ao lado

< imagem da rua de pedestre

> elevação edifício para rua de pedestre - tipologia 1

0

1

5

10

69


70


edifício tipo 2 - voltado para rua principal edifício tipo 1 - voltado para rua de pedestre apartamento de 1dormitório: 35 m² + varanda

apartamento de 50 m² + varanda

apartamento de 2 dormitórios: 50 m² + varanda

edifício tipo 1 - voltado para rua de pedestre pavimento 2 do duplex - 27 m² + varanda

< elevação edifício para rua principal - tipologia 2

> plantas tipo

edifício tipo 1 - voltado para rua de pedestre 0

1

5

10

pavimento 1 do duplex - 27 m² + varanda

71


7 Museu Alfredo Volpi

A criação de uma instituição de uso cultural

cionadas diretamente ao funcionamento do

dedicada a este grande artista brasileiro foi

Museu, incluindo áreas restritas aos funcioná-

compreendida como uma maneira de tentar

rios. A entrada principal, de visitantes, encon-

restabelecer, de alguma forma, uma noção

tra-se sob o balanço, com vista para a rua do

de “pertencimento” na região, colocando à

Lavapés. A entrada exclusiva à funcionários

disposição da sociedade, uma história conta-

e carga e descarga localiza-se na fachada

da por meio da arte, onde o bairro do Cam-

com vista para a rua de pedestre, a norte.

buci se faz, nas entrelinhas, presente.

Essa rua poderia ser liberada para a entrada de veículos destinados ao atendimento do

Esse museu poderia englobar atividades não

localização da quadra na gleba com indicação da vista da imagem ao lado

museu.

somente relacionadas ao Volpi mas a toda uma geração, como o Grupo Santa Helena.

No volume menor foi previsto um restaurante/

Ademais, a existência de uma ala expositiva

café, que poderia também alojar uma loja

sobre a história da gleba me parece muito

de souvenirs. O acesso volta-se para a rua de

oportuna, podendo elucidar as edificações

pedestre localizada em frente às existências.

centenárias que foram demolidas.

Tal via, pode ser designada, também, para

habitação tipo 1

carga e descarga desse restaurante. Por isso Com relação ao projeto, apresenta-se aqui

a cozinha e despensa poderiam estar mais

uma proposição volumétrica preliminar do

próximas à essa empena. Há também a pos-

edifício, que consiste em uma composição

sibilidade de acesso à este estabelecimento

de volumes cúbicos, com a intenção de criar

pela fachada que se abre para um pequeno

planos e perspectivas que se relacionam visu-

caminho entre ele e o edifício do museu.

al e espacialmente, entre si e com o entorno.

O maior volume receberia as atividades rela-

72

existências

restaurante

museu

acessos ao museu e restaurante indicados pelas setas.

praça


73


localização da imagem ao lado

< implantação ilustrada

> imagem vista da rua do Lavapés

74


75


As fachada voltadas para a praça e para o conjunto residencial (a norte) apresentam fendas que mostram um pequeno pátio, em primeiro plano, e revelam espaços internos do museu (no térreo), em segundo plano e por certos ângulos.

As formas e cores expostas nestes e por es-

localização da imagem ao lado

tes ambientes, sejam por obras vistas para além do interior do museu, seja pelo próprio volume edificado que se sobressai, enfatizam e integram a noção de sobreposições, perspectivas e planos.

> imagem vista da praça ao sul do Eixo central

76


77



8 Considerações finais

Algum dia no final do ano passado (2015),

consideram a importância de patrimônios his-

Dessa maneira, eu não enxergo esse trabalho

caminhava em direção ao Conjunto Resi-

tóricos - e a aparente ineficiência de órgãos

como finalizado, pela razão de que pretendo

dencial Várzea do Carmo. Deparei com um

públicos em proteger efetivamente tais edi-

ainda acompanhar o processo que envolve

muro comprido, que parecia sem fim, que

ficações e tomar as medidas cabíveis para

a gleba e toda a região da Operação Urba-

me acompanhou por toda a Rua Junqueira

uma possível adaptação de usos.

na Bairros do Tamanduateí e também porque

Freire... e depois pela Otto de Alencar... aqui-

considero o projeto apresentado neste ca-

lo que eu não conseguia ver me intrigava. E

Muitos pontos envolvendo toda a situação

derno como um ponto de partida, um emba-

me fez aproximar.

da gleba, como os citados acima, me instiga-

samento para reflexões futuras.

ram, de modo que a aproximação e distanO muro esconde um vazio, que só pude ob-

ciamento de muitos deles foram inevitáveis.

servar por imagens aéreas. Uma terra arra-

A opção por fazer um projeto para a área,

sada que ainda guarda o negativo de um

considerando sobretudo as exigências legais

centenário complexo industrial. A destruição

determinadas pelas legislações urbanísticas

material dessas oficinas carrega consigo a

vigentes, pareceu-me interessante, uma vez

oportunidade perdida de aproximação da

que poderia ensaiar soluções projetuais para

história desse bairro através da experiencia-

uma situação real, a qual deveria ser enfren-

ção de um acervo arquitetônico industrial da

tada também pela atual proprietária da gle-

cidade, local de memórias dessas atividades.

ba, uma empresa privada.

Ainda, aponta para um desencontro entre di-

Assim, a curto prazo (talvez em menos de 5

nâmicas urbanas de construção da cidade,

anos), poderia ter um parâmetro compara-

sempre presentes e talvez muito distantes de

tivo sobre como estas novas diretrizes legais

serem ajustadas. Refiro-me aos anseios dos

(instauradas com o novo Plano Diretor Estra-

grandes empreendedores imobiliários como

tégico em 2014) podem influenciar na con-

a GTIS Cambuci Empreendimentos - que des-

cepção do desenho urbano. 79


9 Referências

BONDUKI, N. G. Os pioneiros da habitação social: volume 1. São Paulo: Editora Unesp, Edições Sesc, 2014 BONDUKI, N. G; KOURY, A. P. Os pioneiros da habitação social: volumes 2 e 3. São Paulo: Editora Unesp, Edições Sesc, 2014 BOTAS, N. C. A, Entre o progresso técnico e a ordem política: Arquitetura e Urbanismo na ação habitacional do IAPI. Dissertação (Doutorado –Planejamento Urbano e Regional) – FAUUSP. São Paulo, 2011 BRASIL. Decreto n° 24.615, de 8 de julho de 1934. Cria o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários. Rio de Janeiro, RJ, 9 jul. 1934. Disponível em: <http://www010.dataprev.gov.br/sislex/pagin as/24/1938/..%5C..%5C23%5C1934%5C24615. htm> BRUAND, Y. Arquitetura Contemporânea no Brasil. Perspectiva, 2010. BRUNA, P. Arquitetura, Industrialização e Desenvolvimento. São Paulo, 1973 BRUNA, P. Os Primerios Arquitetos Modernos: Habitação Social no Brasil 1930-1950. São Paulo: Edusp, 2013. GONÇALVES, Daniel Issa. O Peabirú: uma trilha indígena cruzando São Paulo. São Paulo, 1988 MARCONDES, M A. Grandes artistas brasileiros, A. Volpi. Art Editora Ltda. PIRES, W. Configuração territorial, Urbanização e Patrimônio: Colônica da Glória (1876-1904) PIRES, W; TOURINHO, A. Como anda a temperatura no Cambuci? Patrimonio, ano 17. jun 2016. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/17.193/6086. SIMONI, L. M. A planta da cidade de São Paulo de 1897, uma cartografia da cidade existente ou da cidade futura? Artigo apresentado no III simpósio luso-brasileiro de cartografia histórica. Outro Preto, 2009. SOMEKH, Nadia. A cidade vertical e o urbanismo modernizador: São Paulo, 1920 - 1939. São Paulo: Edusp, 1997.

Sites relevantes: Projeto técnico para jardins de chuva. Disponível em http://solucoesparacidades.com.br/saneamento/4-projetos-saneamento/jardins-de-chuva/ Imagens das Oficinas no começo do século XX. Disponível em http://acervo.energiaesaneamento.org.br/consulta/Galeria.aspx?id=3 Instituto Volpi. Disponível em http://www.institutovolpi.com.br

Projetos consultados: Almere Master Plan e PXP, shared city - OMA Complexo Cultutal Luz - Herzog & De Meuron Conjunto Residencial da Bouça e da Malagueira - Álvaro Siza Jardim Edite - MMBB arquitetos Projeto Urbanístico para Nova Luz - PMSP/ SPUrbanismo Projetos vencedores do Concurso Renova SP

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