Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Arquitetura
Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Arquitetura
LaboratóriodeInvestigaçãodeTecnologiasDigitais
Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo
Larissa Gonçalves Maia da Silva
Orientação:
Fernando Ferraz Ribeiro
Sergio Kopinski Ekerman
Banca Avaliadora/Examinadora:
Érica de Sousa Checcucci
Lídia Quièto Viana
Maria Emília Rodrigues Regina
Salvador, 2023.1
“[...] a vasta maioria dos desafios que nós agora enfrentamos no mundo requerem uma forma de educação muito mais interdisciplinar e integrativa, onde estudantes e faculdades trabalhem com outros colegas da universidade e da comunidade nos dilemas sociais, econômicos e ambientais que continuam a nos perturbar.”
— Thomas Fisher (tradução nossa)
A capacidade de desenvolvimento de tecnologias, tanto materiais – entre utensílios e ferramentas – como simbólicas –tais quais a linguagem, a escrita e outros sistemas de representação – é apontada por alguns autores como critério de diferenciação entre a espécie humana e outros seres vivos. No atual contexto histórico global, são notáveis a presença e os impactos socioeconômicos das tecnologias digitais. A difusão da computação e de máquinas de Controle Numérico por Computador (CNC) abriu possibilidades técnicas e, hoje, permite a disseminação de espaços para fabricação digital e prototipagem rápida (seguindo ou não o modelo internacional FabLab). No cenário brasileiro, é importante, principalmente partindo de instituições de ensino e pesquisa, a apropriação tecnológica crítica, através da valorização de processos, materiais e saberes locais e aliando-os às possibilidades trazidas por esse tipo de maquinário importado. A Universidade Federal da Bahia conta, hoje, com alguns núcleos de pesquisa difusos e periodicamente realiza atividades de extensão no campo da computação e da fabricação digital. Contudo, alguns conhecimentos técnicos ainda estão restritos a pequenos grupos. O objetivo deste trabalho é a proposta de um espaço físico que propicie a difusão desses saberes, além do intercâmbio de ideias e conhecimentos multidisciplinares. Para além do conceito, o projeto busca a aplicação de tecnologias onde nele é prevista a investigação, podendo operar como uma ferramenta de aprendizado.
Palavras-chave: Arquitetura Modular; Projeto e Simulação Computacional; Fabricação Digital; Tecnologias Digitais; Movimento Maker
Agradeço à minha família por todo o apoio que recebi.
A Antônio por me acompanhar nessa jornada.
Aos meus professores Fernando e Sérgio por todo o conhecimento e orientações recebidas
Enfim, agradeço a todas as pessoas que fizeram parte dessa etapa decisiva em minha vida.
Ao longo da história, os humanos recorreram às tecnologias e, na medida em que surgiram inovações nesse campo do conhecimento, os sistemas produtivos e os modos de vida passaram por mudanças e remodelações.
Importantes reestruturações socioeconômicas podem ser alinhadas com períodos históricos e suas inovações tecnológicas. As chamadas Revoluções Industriais surgem a partir dos eventos tecnológicos e socioeconômicos dos últimos séculos. Através de cada uma delas, é possível identificar a influência dessas transformações também no campo de Arquitetura e Urbanismo, e mais especificamente sobre o pensamento projetual e o segmento da construção. Dentre os resultados, estão novas soluções construtivas, além de utopias arquitetônicas e urbanísticas.
Durante a Primeira Revolução Industrial, no campo da engenharia, a produção industrial de ferro fundido permitiu a popularização do material e, por consequência, o seu emprego em estruturas metálicas, possibilitando maiores vãos na construção civil (CELANI; FRAJNDLICH, 2016) Tamanha importância pode ser observada quando os autores Celani e Frajndlich (2016) citam os planos Haussmann (1853-1871) e Cerdà (1860).
As mudanças do período da Segunda Revolução Industrial, por sua vez, causaram significativos impactos na maneira como se pensava e produzia o espaço das edificações e das cidades (CORBUSIER). Surgiu o conceito de habitação produzida em massa a partir da integração de componentes préfabricados em larga escala, tendo como exemplos, a Maison Dom-ino de Le Corbusier e as experiências de pré-fabricação de Ernst May na Neue Frankfurt Ocorreram também alterações na concepção das cidades, a partir de utopias de tecido urbano contínuo, pensado para veículos também produzidos em massa, como a Ville Radieuse de Le Corbusier (1924) (CAÚLA
E SILVA, 2008) e as expansões urbanas infinitas na Broadacre City de Frank Lloyd Wright (1932) (GONÇALVES, 2014).
Na década de 1970, no contexto da Terceira Revolução Industrial, cortadoras a laser, impressoras 3D, fresadoras e outras máquinas de Controle Numérico por Computador (do inglês Computer Numerical Control ou CNC) eram capazes de executar formas geométricas contidas em um arquivo digital e dispensando o uso de fôrmas para produção de peças, abrindo caminho para novas possibilidades de design (CELANI, 2016).
A estratégia da “customização em massa ” , identificada ainda em 1987 por Stan Davis (como citado em CELANI, 2016), aparece no Museu Guggenheim de Frank Gehry em Bilbao Construído em 1997, o edifício possui, em sua fachada de titânio, milhares de trechos individualmente curvados por uma calandra controlada por computador, método capaz de otimizar o tempo de produção. A customização em massa é a possibilidade de produzir rapidamente bens ou serviços personalizados, em grandes volumes, com custos semelhantes aos de produtos padronizados e disponibilizados através da produção em massa.
Fonte: FISHER(2015)A Quarta Revolução Industrial, também chamada de Indústria 4.0, é marcada por sistemas ciberfísicos (do inglês cyber-physical systems - CPS), que são mecanismos controlados por algoritmos de computador e integrados à Internet que consistem em associações de elementos computacionais com processos físicos, unindo o mundo físico ao digital e possibilitando soluções diversas
No caso da aplicação de sistemas ciberfísicos em fábricas inteligentes (smart factories), onde peças produzidas são interconectadas a outras peças, esses componentes são capazes de identificar uns aos outros e registrar em que etapa da produção se encontram, formando uma rede. A interconexão pode conferir sustentabilidade e eficiência às aplicações da tecnologia conhecida como Internet of Things (IoT, ou Internet das Coisas, em tradução) (CELANI, 2016), que consiste na integração do mundo digital com o mundo real.
Inovações tecnológicas nas áreas de inteligência artificial, robótica, veículos autônomos, impressão 3D, nanotecnologia, biotecnologia, ciência de materiais, armazenamento de energia e computação quântica (SCHWAB op. cit. CELANI, 2016). Big Data, Business Inteligence, programações low code e no code também se apresentam como recursos tecnológicos avançados para a autonomia nos processos produtivos complexos.
Na esteira de avanços tecnológicos nos campos da Arquitetura, Engenharia e Construção e do Urbanismo, as tecnologias digitais ganharam protagonismo sobretudo no que diz respeito à área de projetos, cabendo especial destaque para ferramentas computacionais de desenvolvimento, modelagem e monitoramento de processos produtivos, que buscam facilitar todo o processo de concepção, implementação, acompanhamento e gerenciamento de ações ligadas ao projeto.
Atualmente ocupa especial destaque a tecnologia BIM (Building Information Modelling), que Succar descreve como um conjunto de políticas, processos e tecnologias que, interagindo, geram uma metodologia para a gestão, em formato digital, do projeto de uma edificação e de seus dados, durante todo seu ciclo de vida
Segundo Ekerman, ao lado das tecnologias BIM, as máquinas CNC são responsáveis por transformações ligadas à cadeia produtiva da arquitetura e da engenharia, tanto nos processos de projeto (CAD ou Computer Aided Design), como nos de construção (CAM ou Computer Aided Manufacturing). Esta simbiose entre máquinas e computadores teve sua origem em laboratórios do Massachussets Institute of Technology (MIT), em 1952, a partir de experiências ligadas a Aeronáutica americana (SCHODEK, 2004).
Tecnologias digitais inovadoras no setor de AEC e no Urbanismo
O modo dos sistemas ciberfísicos de compreender elementos físicos e virtuais como complementares envolve, dentre outros desdobramentos, o conceito de Smart Cities, surgido na primeira década do século XXI Elas são “lugares onde a tecnologia da informação é combinada com infraestrutura, arquitetura, objetos cotidianos e até nossos corpos, para resolver problemas sociais, econômicos e ambientais” (TOWNSEND op. cit. CELANI, 2016).
A utopia urbana da Smart City possui duas variantes com diferentes enfoques e abordagens. A primeira delas, que apresenta um caráter “de cima para baixo”, advém de grandes investimentos e planos de marketing realizados por grandes empresas para vender soluções estado da arte para gestores municipais (CELANI, 2016) A segunda, “de baixo para cima”, difere da primeira em foco e escala de desenvolvimento, a utopia FabCity.
Maxwell acredita que a Indústria 4.0 ainda tem por objetivo a concentração da produção nas fábricas e levanta a discussão sobre uma Indústria 5.0, onde o usuário final está envolvido na fabricação dos produtos, eliminando a fábrica como intermediária entre usuário e produtos (MAXWELL, XXXX)
A utopia FabCity levanta potencialidades acerca de valorização da construção coletiva de conhecimento, experimentação e produção local, mas não isolada - a ideia é que haja compartilhamento de informações e conhecimento
E é nesse ponto que os chamados Fab Labs e suas derivações desempenham um importante papel.
A fim de empoderar e dar ao usuário as ferramentas necessárias e certa autonomia para invenção e fabricação de produtos, surgiram, no Massachussets Institute of Technology em 2001, os Laboratórios de Fabricação Digital, também conhecidos como Fab Labs.
O incentivo à cultura do “faça-você-mesmo” é um dos grandes potenciais desses espaços. Ao capacitar o indivíduo e fornecer meios do universo industrial, com recursos robóticos e eletrônicos, aliados a técnicas mais rudimentares e populares como, por exemplo, marcenaria e artesanato, o ambiente se torna mais diverso e inclusivo Do mesmo modo, cursos e palestras podem acontecer no local, além da possibilidade de formação de grupos de estudos em torno de um assunto comum a vários usuários. As discussões, debates e pesquisas impulsionam a construção coletiva de saberes diversos, além de possibilitar, nesse espaço, o encontro e trocas de ideias com profissionais de diversas áreas, como robótica, design, arquitetura, engenharias, cultura digital e empreendedorismo.
Imagens do interior do MIT Media Lab - Center for Bits and Atoms Fonte: <http://mateomariscal com/about html> Acesso em 20 mar 2020Os Fab Labs são capazes de dar a usuários ao redor do mundo a habilidade de conceituar, desenhar, desenvolver, fabricar e testar diversos produtos em uma escala local. Se bem aceitos e utilizados pelas comunidades, os laboratórios possibilitam o desenvolvimento de soluções sustentáveis e com foco em problemas locais. E, por meio do compartilhamento de informações e projetos desenvolvidos nas unidades através da rede mundial, é possível consultar e adequar soluções existentes a diferentes realidades.
Os laboratórios podem estar classificados em três categorias quanto à sua origem e administração: acadêmico, público ou profissional. Os acadêmicos contam com o financiamento de unidades educacionais, sendo universidades ou escolas. Já os públicos podem ser sustentados por governos, institutos de desenvolvimento ou até por comunidades locais. E, por fim, os profissionais são aqueles que lucram pelo aluguel do espaço e das máquinas para empresas e makers desenvolverem seus produtos Esse último tipo costuma cobrar dos frequentadores com base no tempo de uso.
O Fab Lab acadêmico tem como principal objetivo atender demandas do meio educacional, como ensino, pesquisa e extensão das instituições onde estão hospedados. Em algumas situações atendem tanto o meio universitário, quanto o meio profissional, através de empresas incubadas nas instituições. (REVISTA DESIGN & TECNOLOGIA ISSN: 2178-1974 2020, Vol. 10, No. 21 DOI 10.23972/det2020iss21pp2232)
Para fomentar e apoiar a construção de uma rede mundial de conhecimentos, foi criada a organização FabFoundation Através do compartilhamento de princípios e ferramentas e da integração dos Fab Labs ao redor do mundo, a iniciativa, formada no ano de 2009, atualmente conta com um mais de 1750 de unidades cadastradas em mais de 100 países e está em contínua expansão (Figura 05). Esses laboratórios buscam seguir os princípios disseminados pela fundação, sejam unidades acadêmicas, públicas ou profissionais.
O conjunto de regras relativas à implantação, funcionamento e utilização de um Fab Lab é denominado Fab Charter. O conceito foi desenvolvido pela Fab Foundation em conjunto com o MIT, devendo todo Fab Lab publicá-la no seu sítio eletrônico na internet, bem como exibi-la em suas instalações.
A Fab Charter contém a seguinte formulação, segundo adaptação da Fab Charter para o português realizada por Fabien Eychenne e Heloísa Neves:
1. O QUE É UM FAB LAB?
Fab Labs são uma rede global de laboratórios locais, permitindo a invenção e fornecendo acesso a ferramentas de fabricação digital
2.
Fab Labs compartilham um inventário de máquinas e componentes em evolução que auxilia na capacidade básica de fazer (quase) qualquer coisa, permitindo também o compartilhamento de projetos desenvolvidos ali pelas pessoas.
O QUE CONTÉM UM FAB LAB?3. O QUE FORNECE A REDE FAB LAB?
Assistência operacional, educacional, técnica, financeira e logística, além do que está disponível dentro dos laboratórios.
4. QUEM PODE USAR UM FAB LAB?
Fab Labs estão disponíveis como um recurso da comunidade, oferecendo acesso livre para os indivíduos, bem como o acesso programado para programas específicos
5. QUAIS SÃO AS SUAS RESPONSABILIDADES DOS USUÁRIOS?
Segurança: não ferir as pessoas ou danar as máquinas operações Operações: ajudar com a limpeza, manutenção e melhoria do laboratório. Conhecimento: contribuir para a documentação e instrução.
6. QUEM É O DONO DAS INVENÇÕES REALIZADAS DENTRO DO FAB LAB?
Projetos e processos desenvolvidos no Fab Lab podem ser protegidos e vendidos. O inventor escolhe a maneira como seu projeto será realizado, porém, a documentação do projeto contendo os processos e as técnicas envolvidas deve permanecer disponível para que os outros usuários possam aprender com ela.
7. COMO AS EMPRESAS PODEM UTILIZAR UM FAB LAB?
As atividades comerciais podem ser prototipadas e incubadas em um Fab Lab, mas não devem entrar em conflito com outros usos. Elas devem crescer além do laboratório e beneficiar os inventores, os próprios laboratórios que lhes deram suporte e as redes que contribuíram para o seu sucesso.
O padrão Fab Lab conta com um kit básico de equipamentos e práticas:
Conter, no mínimo: uma impressora 3D, uma cortadora a laser, uma cortadora a lâmina, o uma fresadora de pequeno formato (CNC de precisão de pequeno porte) e uma fresadora de grande formato (CNC de grande porte).
Abrir as portas à comunidade pelo menos uma vez por semana, sem ônus;
Compartilhar ferramentas e processos com os outros laboratórios; Participar ativamente da rede por meio de videoconferências e encontros presenciais.
Contudo, quanto à sua operação, podem apoiar-se em programas e sistemas operacionais de código aberto, não sendo obrigatória a aquisição de software específico.
Além do maquinário citado, é comum que, entre os equipamentos, estejam máquinas para pós-produção, como de furação ou costura. É possível incorporar outras máquinas e métodos, desde que mantidos os princípios de compartilhamento de aprendizados e projetos. Ademais, para um bom funcionamento, o laboratório deve contar com pessoal treinado para gerenciamento do uso do espaço e manuseio das máquinas, sistemas operacionais e processos, auxiliando os frequentadores conforme suas necessidades.
Impressora
Cortadora a Lâmina
Cortadora a Laser
Fresadora de Pequeno Formato
Fresadora de Grande Formato
Com o passar dos anos, variações e alternativas a esse modelo foram surgindo, muitos deles mantendo-o como referência, mas também procurando se fundamentar e se instituir de maneira mais contextualizada. Tais iniciativas vêm se orientando menos pelo reconhecimento de seus espaços, e mais pelo foco em atividades que possam ser desempenhadas, além de relações constituídas localmente.
De acordo com Troxler (2016), os Fab Labs são a fonte de ressurgimento de um movimento maker, que envolve o compartilhamento de conhecimentos, a criação de valores comuns e a inspiração para que as comunidades locais se integrem ao processo Na área da educação, os laboratórios podem prover um novo tipo de alfabetização, habilidades e capacidades intelectuais, por meio de fluência computacional e de fabricação (Blikstein & Krannich, 2013). Os espaços de fabricação podem também ser base para o fornecimento de competências para a inovação e até a oportunidade de oferecer recursos para o empreendedor individual (Mortara & Parisot, 2016).
Por meio de um espaço de inovação, a proximidade com outras disciplinas permite uma construção plural do conhecimento, ao mesmo tempo em que ensina aos estudantes autonomia para pesquisar e confeccionar protótipos. O aprendizado se torna multidisciplinar, a partir do momento em que o desenvolvimento do trabalho de forma colaborativa se dá num ambiente de troca de conhecimentos com usuários de diferentes realidades. A cooperação, aliada ao contato com novas soluções tecnológicas, possibilita ampliação da visão de mundo e o desenvolvimento de diferentes soluções
No contexto da Universidade e a relação com o curso de Arquitetura e Urbanismo, a prototipagem é capaz de aumentar o domínio e a compreensão espaciais por meio da confecção de modelos em escala reduzida. E, ainda, dá a oportunidade de experienciar testes construtivos e execução de obras, com o contato com a construção civil no canteiro de obras experimental.
A UFBA conta, hoje, com maquinário de fabricação digital e prototipagem rápida, contudo, se encontram pulverizados em diferentes unidades.
O meu contato com ferramentas digitais na Arquitetura se iniciou ainda em 2014, ao conceber uma cobertura com formas livres no início da faculdade. Deparei-me com o desafio projetual de estudar a aplicabilidade e exequibilidade de tal forma. Iniciei assim, uma busca pelas possibilidades de viabilização de tais geometrias, também conhecidas como formas livres. Ao participar de workshops de design computacional e prototipagem com o uso de fabricação digital, percebi a construção da imagem dessa Arquitetura de formas não usuais, que, por meio do trabalho de diversos arquitetos, ganhava força conceitual e valor de mercado agregado à aplicação de ferramentas digitais tanto de projeto, como de execução.
Participei também de cursos de extensão e assisti a palestras sobre o assunto, complementadas com a leitura de livros e publicações acadêmicas. Ao mesmo tempo em que comecei a perceber as limitações dessas tecnologias, também se tornaram claras as potencialidades de tais ferramentas digitais. Ao perceber conceitos de economia circular e as intenções do movimento maker e Fab Labs, notei que pequenas iniciativas locais relacionam-se com os princípios e ideais difundidos pelos usuários de redes de compartilhamento de informações e projetos.
Através da monitoria da disciplina de Práticas em Tecnologias inovadoras, a bibliografia indicada e discussões promovidas no espaço da sala de aula, percebi de perto a importância da proximidade do estudante de Arquitetura e Urbanismo da prototipagem e execução. A compreensão das singularidades e do comportamento dos materiais é crucial para uma boa concepção de projeto. Muitas vezes, nós discentes ficamos distantes da realidade das construções, a menos que realizemos visitas a obras ou participemos de oficinas construtivas. As práticas manuais são tão importantes quanto o ensino teórico das salas de aula, no sentido de formar profissionais com uma visão mais ampla Ainda que haja disciplinas capazes de suprir algumas das necessidades de compreensão dos estudantes como o estudo de detalhamentos, a prototipagem em escalas próximas a real ou a própria construção transmitem informações sobre características de sistemas e métodos construtivos de modo material e tangível.
Sendo assim, além da motivação de devolver à comunidade acadêmica e sugerir um complemento à produção de conhecimento de estudantes de diversos cursos, surge a ideia de conceber um laboratório que permita a investigação de tecnologias digitais e suas aplicações na Universidade Federal da Bahia
Estrutura de seis andares que contém laboratórios, escritórios e espaços de reunião que foi desenhada por Maki e Associados. Em conjunto com o Wiesener Building, o complexo é uma referencia em exposição de novos conceitos de design e comunicação de sistemas
O Fab Lab de Harvard conta com equipamentos como uma Fresa CNC, Cortadora a laser e Scanner 3D. Sendo possível trabalhar marcenaria e robótica através de impressões 3D. A parte de serralheria fica por conta de uma cortadora a lâmina.
Fonte : Blog housevarietyO Laboratório de Fabricação Digital do Museu da Ciência e Indústria (do inglês Museum of Science and Industry) em Chicago, nos Estados Unidos, é uma oficina de pequena escala e
fornece dados para dimensionamento e projeto de outros Fab Labs. Foi aberto em 2007 e também batizado de Wanger Family Fab Lab
Echo UNStudio
Edifício educacional multiuso com espaços amplos e flexíveis Materialidade serviu de referência para o projeto.
Projeto de um laboratório para uma escola primária emprega processos digitais a ser investigados pelos estudantes.
Laboratório de Experiência Digital da Universidade Federal do Ceará, referência pelo pioneirismo no Nordeste. É a referência utilizada para entender as estruturas que funcionam e não funcionam em um Fab Lab.
Implantação otimizada, com poucos cortes no terreno e adotando uma cobertura destacada, de maneira a maximizar a ventilaçãoponto forte para diminuição do consumo de energia A implantação desta maneira também permite cobertura vegetal bem próxima e abaixo das áreas edificadas.
Instituto Nacional de Matemática Pura e AplicadaAndrade Morettin
https://www.andrademorettin .com.br/projetos/impa/
O terreno escolhido está localizado na Rua Barão de Jeremoabo, no Campus Universitário de Ondina da Universidade Federal da Bahia
ZUE - Zona de Uso Especial
8 - UFBA Canela e UFBA Federação
Zonas de Centralidade Linear Municipal
15 - Avenida Anita Garibaldi
56 - Avenida Adhemar de Barros
É um ponto relevante a proximidade à Faculdade de Arquitetura e à Escola Politécnica, seguindo a diretriz apontada no Plano Diretor de Desenvolvimento Físico e Ambiental da Universidade.
Nesse caso, a estratégia adotada busca implantar o Laboratório de Fabricação Digital da UFBA na Zona I (Ondina/Federação), onde devem se concentrar as áreas de Ciência e Tecnologia.
Enquadramento possível em duas categorias para edificações multidisciplinares:
f Pavilhões de Ensino com Recursos Computacionais
g. Laboratórios Multi-uso para Ensino (Tipo I)
Google Maps e Google EarthPosiçãoapontadacomopossíveláreadeexpansãoemestudospreliminares realizadospelaCPPOdaSUMAIemmaiode2013
Simulação de incidência de ventos Simulação de incidência solar
Simulação do fluxo de águas pluviais no terreno escolhido.
Solstício de Verão Equinócio de Primavera Solstício de InvernoO Laboratório de Investigação de Tecnologias Digitais é uma proposta de espaço acadêmico, que busca integrar e promover discussões acerca de aplicações de tecnologiasdigitaisnoespaçodaUniversidade.
A construção utiliza peças desmontáveis, para facilitar a manutenção e adaptações de uso Foram priorizados métodos de construção seca, aplicando drywalls, esquadrias desmontáveis e painéis de fechamento nas fachadas
Construído com estrutura mista metálica com concreto, o laboratório utiliza divisórias internas adaptáveis em drywall empregando materiais como steel frame, gesso, placas de OSB, placas cimentícias, chapas e telhas de policarbonato e telhas metálicas tipo sanduíche com isolamento termoacústico.
Estrutura Chapa metálica perfurada Telha de policarbonato Compósito MadeiraPlastico (WPC) Telha metálica termoacústicaO nível -1 é composto dos seguintes ambientes:
Espaço de Trabalho Aberto
Sanitários
Vestiários
Laboratório de Maquinário Pesado
Administração
Depósitos
Primeiros Socorros
Apoio Elétrica
Apoio Marcenaria
Carga/Descarga e Gestão de Resíduos
Controle de Acesso
Sanitários
Nível - 1 ( 21.90m)
Nível - 1 ( 21 90m)
S/ EscalaO nível 0 é composto dos seguintes ambientes:
Acesso Inferior
Platô 1
Platô 2
Controle de Acesso
Cantina
Sanitários Acessíveis
Área de Convivência
Nível 0 ( 23 70m)
Nível 0 ( 23.70m)
S/ Escala
O nível 1 é composto dos seguintes ambientes:
Acesso Superior
Acesso Midiateca
Laboratório de Maquinário Leve
Controle de Acesso
Área de Convivência
Depósito
Data Center
Nível 1 ( 26.40m)
Administração
Laboratório de Informática
Área de Exposições
Midiateca
Salas de Trabalho
Sanitários
Copa
Nível 1 ( 26 40m) S/ EscalaBraço robótico pequeno;
Braço robótico grande;
Fresadora CNC de precisão;
Fresadora CNC de grande formato (3x2);
Calandra 3D;
Dobradora de chapas;
Grua móvel;
Betoneira;
Tanque de cura;
Cortadora a laser;
Fresadora 4 eixos;
2 Impressoras 3D;
2 Cortadoras a lâmina; Computadores.
Mobiliário de fabricação local, utilizando desenhos opensource ou customizados - a aplicação de princípios da utopia FabCity.
O design open-source, como o próprio nome sugere, envolve disponibilizar livremente os planos, esquemas e detalhes técnicos de um produto, permitindo que qualquer pessoa possa replicá-lo, modificá-lo e distribuí-lo. No caso do mobiliário fabricado digitalmente, o uso de tecnologias como a impressão 3D e o corte a laser permite que os projetos sejam reproduzidos com precisão, garantindo resultados consistentes e de alta qualidade.
A perpetuação do design open-source e a replicação de mobiliário fabricado digitalmente oferecem inúmeras vantagens, incluindo a democratização do design, a personalização dos produtos, a redução do desperdício e o fortalecimento da criatividade e da inovação. Esses conceitos impulsionam uma abordagem mais acessível, sustentável e colaborativa para o design de móveis, abrindo possibilidades fascinantes para a evolução do setor e a melhoria da qualidade de vida das pessoas
Conjunto Edie da Opendesk Repositório de mobiliário open-sourcePara a Área de Exposições, foi pensando um conjunto modular de expositores desmontáveis para adaptar o espaço a diferentes mídias.
Para as áreas públicas de convivência, é proposto o uso de mobiliário modular e fabricado em madeira, com a possibilidade de reposição das peças utilizando o próprio maquinário do laboratório
Tendo em vista a inexistência de um espaço deste porte com esta finalidade específica em Salvador, torna-se justificada a proposta de uma edificação com caráter agregador e multidisciplinar por parte da Universidade Federal da Bahia.
Um espaço que incentive a criatividade, facilite a troca de conhecimentos e democratize o acesso às tecnologias digitais é crucial para o avanço de suas aplicações na Universidade.
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