Projeto Thomaz Farkas - Coleção (7 DVDs)

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Projeto Thomaz Farkas - Coleção (7 DVDs) (Projeto Thomaz Farkas)

Coleção com documentários produzidos por Thomaz Farkas nas décadas de 1960 e 1970, apresentando as diversas manifestações culturais do país ligadas à realidade especifica de cada região. O box contém 7 discos com entrevistas e curtas com a participação do renomado fotógrafo, produtor e documentarista, expondo um abrangente universo da cultura brasileira.


Paulo Gil Soares, documentários Memória do cangaço começou, lembrava Paulo Gil Soares, num encontro informal com Thomaz em 1964 num bar de Copacabana "numa avenida Atlântica do Rio ainda sem as reformas que levaram o mar para longe e alargaram a calçada" e apertada pelo clima da ditadura. "Uma semana depois ele aprovava o roteiro de meu primeiro filme pessoal e que terminou iniciando minha vida de cineasta e de carioca, abriu para mim os caminhos da profissionalização e terminou ganhando a única Gaivota de Ouro do Festival Internacional do Filme 1965". Paulo Gil lembra ainda que em 1969 Farkas voltou a produzir documentários culturais "e lá fomos nós para o Nordeste realizar um ciclo fantástico de filmes que retratava a cultura da região". Daí saíram Frei Damião, Jaramataia, O homem de couro, Erva bruxa, A mão do homem, Vaquejada, "um esforço de produção que nunca mais se repetiu e acredito ser difícil voltar a acontecer".


Geraldo Sarno - enciclopédia audiovisual da cultura popular. "A década de 1960 foi muito marcada pela urgência. Era preciso fazer e rápido, sem muito pensar o como nem por que", observou Geraldo Sarno numa reflexão sobre filmes como Os imaginários, Casa de farinha, A cantoria, O engenho, Pe. Cicero, documentários movidos pelo desejo urgente de compor um retrato crítico, de fazer um Jornal do sertão - ou mais exatamente, uma enciclopédia da cultura popular do sertão. "Thomaz Farkas, produtor, co-produtor, fotógrafo de vários destes filmes foi o catalisador desse momento no cinema documentário brasileiro".


Geraldo Sarno, documentários A década de 1960 foi marcada ainda pela preocupação de "fundar e consolidar uma linguagem documentária na cinematografia brasileira", preocupação presente em Viramundo, Viva Cariri! e Eu carrego um sertão dentro de mim. Sarno resume este processo criativo num ensaio do final da década de 1970. Diz que "o que um documentário documenta com veracidade é minha maneira de documentar", é "sua peculiar maneira de reagir às situações e questões concretas que surgem durante a realização" para "liberar a subjetividade e assimilar a invasão inesperada do real". E conclui que quando isto ocorre o realizador é o primeiro a colher os resultados "com a ampliação de seu espaço interior imagístico".


Sérgio Muniz, documentários Final de 1968, começo de 1969: trabalho intenso, lembra Sergio Muniz, "a pré-produção da segunda etapa de uma experiência - ainda única - na história do cinema brasileiro": A condição brasileira. Na primeira, em 1964, Sérgio diz ter feito seu "mestrado de produção no documentário Viramundo, em substituição a Vladimir Herzog que partiu para a BBC de Londres". Na segunda etapa fez seu "doutorado em produção". O orientador, diz, foi Edgardo Pallero, que fixou "um cronograma e orçamento para cumprir o compromisso assumido pela produção: com três meses de filmagens, traríamos material para montar 10 documentários. Resultado final: trouxemos material para montar 19 filmes". Foi nesta segunda etapa de trabalho que Muniz realizou Beste e rastejador, s.m., os dois primeiros de um conjunto de oito filmes que fez com produção de Thomaz Farkas entre eles um sobre a migração italiana (Andiamo in'merica), dois sobre a cultura do café (Um a um; e Cheiro / Gosto: o provador de café) e dois sobre música (O berimbau; e A cuíca).


Thomaz Farkas, documentários Thomaz Farkas disse certa vez que "o filme documentário, porque é uma interpretação e não simplesmente uma descrição do real, pode representar um papel importante no processo cultural. No Brasil, ele adquire um significado mais amplo ainda quando se pensa nas distâncias, não somente geográficas mas também culturais. Como apresentar as diferentes manifestações culturais, ligadas a uma realidade especifica em cada região do país, senão através do filme documentário?" Os filmes que produziu e fotografou na década de 1960, e os que realizou na década seguinte, como Hermeto Campeão ou Todomundo, obedecem a este impulso: percorrer mais rapidamente as distâncias culturais e geográficas do país.


Maurice Capovilla, Eduardo Escorel, Manuel Horácio Gimenez, documentários "Estávamos em plena ditadura militar, fortalecida desde o Ato Institucional no 5, em dezembro de 1968. Era um tempo de opções radicais", lembra Eduardo Escorel, "quando um pequeno grupo de documentaristas, apoiados por Thomaz Farkas, respondeu com o projeto de fazer conhecer o país". Para Manuel Gimenez foi "uma experiência iluminada, redescobrir a própria realidade: o homem do interior expulso da terra para a cidade grande, o cangaceiro, o futebolista e o sambista na favela". Thomaz formou um grupo e fez parte dele, como produtor e como fotógrafo, deu o exemplo de como tornar possível o sonho de cada um, não importa o momento em que se viva" acrescenta Maurice Capovilla. O projeto, iniciado em 1964, com Viramundo, Memória do cangaço e os dois filmes reunidos aqui, Subterraneos do futebol e Nossa escola de samba, ampliou-se em 1969: uma série de filmes sobre o Nordeste foi produzida por Thomaz Farkas. "Serei sempre devedor a ele e a Geraldo Sarno pela oportunidade de dirigir meu primeiro documentário solo, Visão de Juazeiro", conclui Eduardo Escorel.


Guido Araújo, Sérgio Muniz, Roberto Duarte, Miguel do Rio Branco, documentários Em 1971, num depoimento para o crítico Alex Viany sobre os 19 filmes da série A condição brasileira, sobre a região Nordeste, Thomaz Farkas diz que no cinema documentário prefere aqueles filmes em que "as coisas são ditas não pelas pessoas entrevistadas mas pela construção dramática do filme". Diz que gostaria de "embarcar no visual dramático, na conquista do tema pela sua natureza e essência e não pelo que se fala dele. A diferença é sutil mas básica e leva de novo o espectador a vibrar com a dramaticidade do filme do ponto de vista fílmico e não do falado". Como fotógrafo e produtor (De raízes & rezas, de Sergio Muniz; A morte das velas no recôncavo e Feira da banana, ambos de Guido Araújo; e Trio elétrico, de Miguel Rio Branco) ou como produtor (Ensaio, de Roberto Duarte) Farkas procurou estimular a livre invenção de diferentes modos de realizar filmes documentários em que a construção dramática revela para o espectador algo além do que dizem os entrevistados.


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