Caderno de Inquietações | AS Poetas do Pajeú

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caderno de

inquietações


Organização: Mariana de Matos Produção executiva: Rose Amora Lima Pesquisa: Projeto gráfico: Mariana de Matos e Laura Morgado Design gráfico: Laura Morgado Assessoria de imprensa:


índice 04

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O que se levanta dentro do rio?

Eixos | conto/lenda inicial; trovadores; mouros; poetas; repentistas; glosadores; ancestrais; memória; tradição e ruptura.

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Como se procura uma poeta?

Eixos | paisagens; território; deslocamentos e fluxos.

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Seguindo a ventania da poesia

Eixos | Escassez da presença da mulher; ressignificação do termo poeta e ausência de binarismos; poetas na ruas nos mercados, nas feiras, nas farmácias, nas escolas, poetas em todos os lugares.

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o canto de cada palavra cruzada

Eixos | Oralidade; escrita; improviso; métrica; rima; sonetos; sextilhas; décimas; construção dos versos; do canto a palavra.



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O que se levanta dentro do rio?


Pajeú voltarei daqui uns dias, Para rever o teu solo tua gente Tomar banho de rimas na vertente Dessas águas que jorram poesias. (Trecho do poema de Mariana Teles, de Tuparema)


I N Q U I E TAÇ Õ E S

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Um peixe pode ser tão imenso quanto as águas em que ele vive. Pajeú deriva do tupi antigo paîé’y, que significa “rio dos pajés”, através da composição de paîé (pajé) e ‘y (rio).

É possível um espaço nos alimentar? O que isso significa?

_ O Q U E S E L E VA N TA D E N T R O D O R I O ?

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A poesia veio antes Dos tempos coloniais Das lamparinas de azeite Das festas medievais Das mais lindas frases ternas Dos suspiros das cavernas Dos saudosos ancestrais (Trecho do poema Como veio a poesia, de Carmen Pedrosa, de Tabira)


I N Q U I E TAÇ Õ E S

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Quem bebe da água do rio Pajeú é contaminado pela poesia e torna-se poeta. (Lenda sobre a formação do Pajeú e sua herança poética dos trovadores, menestreis e cantadores, e sua ancestralidade moura1, de povos ameríndios e negrodescendentes).

Quantos corpos constroem um território? Quais os lastros desses movimentos? 1 Mouros, mauritanos, mauros ou sarracenos são considerados, originalmente, os povos oriundos do Norte de África, praticantes do Islão, nomeadamente Marrocos, Argélia, Mauritânia e Saara Ocidental, invasores da região da Península Ibérica, Sicília, Malta e parte de França, durante a Idade Média.

_ O Q U E S E L E VA N TA D E N T R O D O R I O ?

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Braçada de alfavaca na cerca do bacurim Que é bom pro banho de asseio, vovó fazia pra mim Já tamo do meio pro fim na luta de cada dia Vibrando a cada nascente do sol que sempre irradia E a vida do sertanejo, combina com a poesia. (Trecho do poema Sítio Lagoa, de Jéssica Caitano, de Triunfo)


I N Q U I E TAÇ Õ E S

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Crescer numa terra diante de versos. Nas 17 cidades que atravessam o Rio Pajeú, há uma pluralidade que distingue as cidades e as poetas. Algumas crescem com seu entorno ouvindo poesia como nas cidades de São José do Egito, Tabira e Afogados da Ingazeira, e outras sozinhas aprendem a ver poesia em tudo que as contorna como nos territórios que apresentam menor índice de poetas: Flores, Solidão e Brejinho.

Quem aprende a cultivar a poesia? A quem ela atinge?

_ O Q U E S E L E VA N TA D E N T R O D O R I O ?

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Terra da cana e do café Origem indígena na história Um povo que traz devoção Traz traços em sua memória Dos passos de Lampião (Trecho do poema Um olhar sobre Triunfo, de Erenice Barbosa, de Triunfo)


I N Q U I E TAÇ Õ E S

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A água sempre foi uma das principais formadoras de comunidades. Nas margens dos rios se criam identidades e também trocas culturais. O Pajeú, assim como a maior parte do território brasileiro advém de povos originários2 que permanecem hoje em uma luta constante por seu território.

O lugar que pisamos tem histórias? O que marca o solo que passamos? 2 Muitas foram as Identidades indígenas que constituem e constituíram o território do Pajeú. Entre elas estão os Pipipãs, Kawbiwás, Pankarás e Tuxás. Atualmente pelo processo diaspórico indigena essas comunidades estão alargadas pelo território e continuam em processos de retomada e luta por suas terras.

_ O Q U E S E L E VA N TA D E N T R O D O R I O ?

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Te mando como lembrança Este sofrimento meu Um dia quando souberes Que tua mãe faleceu Pega este papel e diz Foi mamãe quem escreveu (Resposta à seu filho caçula, Severino Louro, de Ana Caetano, de Itapetim)


I N Q U I E TAÇ Õ E S

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“Quanto mais perto da cabeça do rio, mais poetas irão existir“. Próxima de Brejinho, onde se localiza a nascente do rio Pajeú, encontramos Itapetim, conhecida como a terra-mãe do improviso cantado - arte do repente. Há uma tradição da poesia que acontece de geração-em-geração, reverberação da proximidade do rio.

O que nos transporta para outro tempo? Como revisitamos algo?

_ O Q U E S E L E VA N TA D E N T R O D O R I O ?

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Como se procura uma poeta?


Eu verso sem interesse, Mas se acaso acontecesse, Desse meu nome crescesse... Seria a mesma pessoa! Não queria ser melhor, Muito menos ser maior, Porque esse meu suor, Caiu igual à garoa. (Trecho do cordel Nas asas da poesia, de Milena Augusto, de Solidão)


I N Q U I E TAÇ Õ E S

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A agricultura é uma das principais fontes de renda de famílias nas cidades que percorrem o Pajeú, assim como Solidão e Flores. Para combater violências ligadas ao gêneros, mulheres de diferentes faixas etárias se organizaram em cooperativas para estudar feminismo e agroecologia como maneira de fortalecimento entre si.

Existe uma única maneira de ser? Quais padrões seu olhar cria? _ C O M O S E P R O C U R A U M A P O E TA ?

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Meu corpo é minha agonia Traduz a dor e a alegria Induz movimentos de salvação Me faz sentir que tenho mão (Trecho do poema Meu corpo, de Maria das Graças do Nascimento, de Canhotinho)


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Na cidade de Serra Talhada foi criado em 2015 o Coletivo FUÁH. A inserção de propostas como essas em contextos fora do eixo de capitais, se tornam cada vez mais estratégicas para formação de discussões sobre violências que permeiam uma concepção patriarcalista, ampliando noções sobre gênero, corpo e racialidade. Assim, coletivos como estes permitem também uma vivência de saberes híbridos que muitas vezes se conectam com atividades que permeiam tanto a saúde, quanto a arte.

O que é dito sobre seu corpo? Isso te limita? _ C O M O S E P R O C U R A U M A P O E TA ?

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Cansei de não ser ouvida Silenciada Questionada Ignorada Ser mulher sem valer nada Chega dá uma fadiga (Trecho do poema Fadiga, de Emmanuelle Karla de Lima Silva, de Serra Talhada)


I N Q U I E TAÇ Õ E S

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Como desejo, a língua rebenta, se recusa a estar contida em fronteiras¹. Como em um convite, as palavras, conduzem as poetas a refletirem sobre seu meio. Através de narrativas muitas vezes autoreflexivas, elas se põem em investigação questionando relações de dominação e poder. Diluem assim fronteiras, construindo possíveis caminhos para andanças ainda não conhecidas.

O que dizem ser determinante te afeta? Qual seu desejo de ir além? 1 Hooks, Bell. “Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade.” São Paulo: Editora WMF Martins Fontes (2013) - pág. 223.

_ C O M O S E P R O C U R A U M A P O E TA ?

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Pra depois minh’alma, então, rasgar-se E, em verso, o tecido costurar-se, - Torno-me, eu mesma, minha escrita... (Trecho de poema do livro O que é poesia?, coletânea poética com Rosa Maria Freitas, de Tuparetama).


I N Q U I E TAÇ Õ E S

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A mesa de glosa é uma tradição oral em algumas cidades como Triunfo, Tabira, São José do Egito, entre outras que circundam o Pajeú. Herança cultural advinda de glosadores,a mesa de glosa ou simplesmente glosa, consiste em uma reunião de poetas que se juntam para recitar seus improvisos. Por muito tempo, foi vista como uma atividade masculina, em que corpos distintos a estes permaneciam em silêncio como um demarcador de autoridade. Porém, as vozes daquelas que criaram os poetas começaram a ser ouvidas também como poetas, criando hoje uma ciranda de presenças femininas que ajudam a reinventar o curso da poesia.

O que nos faz não enxergar algo que sempre existiu? _ C O M O S E P R O C U R A U M A P O E TA ?

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O inimigo não é invisível Sentar na varanda Reclamar da vida Lembrar da luta de classes Sujar as mãos de terra É preciso escutar a língua fora do poder (Poema de Paula Santana, residiu entre Recife e Serra Talhada)


I N Q U I E TAÇ Õ E S

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A língua portuguesa, assim como outras neolatinas, se desenvolveu a partir de uma organização binária, reconhecendo apenas os gêneros feminino e masculino. Essa característica da língua exprime um pensamento cultural que nasce em uma concepção classificatória que expõe, também, uma forma de entender o mundo. Será que este processo consegue abranger todas as identidades? Como estruturas de uma língua podem revelar ou alimentar desigualdades?

Como estamos reinventando as formas de falar?

_ C O M O S E P R O C U R A U M A P O E TA ?

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Seguindo a ventania da poesia


Deserto Tanto ódio neste país, Tanto amor na minha alma. Às vezes eu penso Eu estou falando no deserto.

Desert So much hate in this country, So much love in my soul. Sometimes I think I’m speaking in the desert.

(Desert/Deserto de Maria Clenice Viana Valadares, de São José do Egito)


I N Q U I E TAÇ Õ E S

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O território brasileiro é o quinto maior do mundo. Porém a noção de pátria como uma proposta de unificação do Brasil foi feita a partir de uma historicidade que desconsidera a pertença da terra pelos povos originários e que romantiza o deslocamento forçado dos povos oriundos de várias parte do continente africano. A maioria dos escritos que salvaguardam a história do país foram feitos por colonos. Quais as relações que estes tinham com esta terra no momento desta produção textual?

Quais ficções atravessam nossos territórios? Quais são as relações da verdade que nos constituem? _ S E G U I N D O A V E N TA N I A D A P O E S I A

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Você sabe por que, no Pajeú, As estrelas têm brilho diferente, E a fogueira do sol é bem mais quente, Mas não chega a queimar mandacaru? Você sabe por que o mulungu, No Sertão, representa nossa gente, E as abelhas, em forma de corrente, Fazem mel, tão perfeito, de uruçu? (Poema Alma de Poeta de Verônica Sobral, de Tabira)


I N Q U I E TAÇ Õ E S

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Existe, ainda hoje, uma invenção sobre o que é ser nordestino, que não corresponde aos fluxos e as mudanças que ocorrem neste território. O nordeste brasileiro é marcado por uma visão estereotipada de sua paisagem ligada aos grandes sertões e dos costumes que parecem estar intrínsecos a estes. São impressões que muitas vezes se relacionam com interesses políticos e econômicos que propõem divisões fronteiriças e distanciamentos entre diferenças culturais.

Quantos imaginários são possíveis sobre o mesmo lugar? Como construímos eles? _ S E G U I N D O A V E N TA N I A D A P O E S I A

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A saudade é muito ingrata E é muito companheira, Eu desisti do riacho E tenho subido ladeira, Porque a vida da gente, É coisa mais passageira. (Trecho de resposta à Zé Catota de Anita Catota, de São José do Egito)


I N Q U I E TAÇ Õ E S

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As migrações são importantes contribuintes para uma mudança de posições sociais em determinados contextos. Com o tempo os fluxos migratórios se tornam fatores estruturantes para a reorganização de paradigmas aparentemente rígidos em algumas comunidades. No Brasil nas décadas entre 50 e 70 houve um acúmulo de deslocamentos da região nordeste para a região sudeste do país por uma demanda econômica.

Porque alguns fluxos são mais comuns que outros? O que nos faz permanecer em um espaço? _ S E G U I N D O A V E N TA N I A D A P O E S I A

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As indústrias fecham gargantas, queimam olhos, bloqueiam pulmões operários. É o aço é a pedra é a porcelana é o vidro é o ácido. (Poema O Homem faz desertos, do livro Metade Sol, Metade Sombra de Maria Celeste Vidal, viveu entre Água Branca – PB, Tabira e Recife)


I N Q U I E TAÇ Õ E S

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“Fora de mim imagino na paisagem a imagem do que fui”. Alice Ruiz (1946 -, poeta haicaísta paranaense).

Quem pode modificar paisagens?

_ S E G U I N D O A V E N TA N I A D A P O E S I A

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Em tempos de trovoadas, Fica o caboclo contente. Muito alegre pela chuva, O campo é mais atraente. Folhas secas vão embora, Porque toda mata flora, Fica tudo diferente. (Trecho de poema de Cidinha Rodrigues [Maria Aparecida Rodrigues], de Tabira).


I N Q U I E TAÇ Õ E S

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A poesia para algumas poetas faz parte de sua rotina familiar, uma tradição que percorre hereditariamente as pessoas de uma cidade inteira. Para outras é um ato solitário. Uma descoberta sobre si que reflete sua vida cotidiana. Há uma heterogeneidade entre as poetas, cada contexto e cada história não deixam de revelar um Pajeú plural.

Existem camadas e densidades nos ambientes que transitamos, como nos sentimos em distintos lugares? É possível comunicar as sensações? _ S E G U I N D O A V E N TA N I A D A P O E S I A

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O canto de cada palavra cruzada


Gostava de ouvir cantar Passarinho fora da gaiola E de apreciar O repentista entre a poesia e a viola Pião lá no terreiro Roda pião, roda pião, roda pião Eu via o mundo inteiro Rodando na palma da minha mão (Trecho da composição Pião Lá No Terreiro de Maria da Paz Sousa, também conhecida como Paizinha, Afogados da Ingazeira)


I N Q U I E TAÇ Õ E S

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Comumente ao nos referirmos a poetas pensamos em grandes escritores, autores que se baseiam nas palavras escritas para compor seus versos. Este fato, é dado pela permanência que o arquivo escrito proporciona, ele pode ser lido e relido, guardado e reencontrado. Este processo não é o mesmo que ocorre nas poesia oral, onde o corpo trabalha a partir de voz e gestos que possibilitam um mergulho em diversos sentidos do fazer poético. Como se dá esta poesia atravessa a encenação e o ato performático. Como se aprende?

O que vem antes da escrita? Como memorizar ritmos?

_ O C A N T O D E C A D A PA L AV R A C R U Z A D A

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Sobre qualquer coisa fazer um poema? Possível: Qual teor nela desponta Como, da terra, uma flor quase pronta? O que nela é aspecto de um sistema? Em quantos versos cabe o teorema (Thaynnara Alice Queiroz Pessoa é de Afogados da Ingazeira)


I N Q U I E TAÇ Õ E S

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Na cultura Yorubá a palavra tem poder de ação, todo desenho discursivo se forma em uma prática cotidiana que é acionada em momentos sagrados. O culto ao léxico iorubano se faz necessário para a permanência de uma cultura, e o seu não esquecimento. Uma cosmologia que está intrinsecamente ligada ao seu contexto, ao território e a natureza. Cada entonação leva a um ritmo que se mescla o corpo de quem entoa e de quem escuta, um vocabulário que constitui as marcas de várias de histórias. Neste sentido de musicalidade, as poetas do Pajeú também encontram forças na oralidade para se colocarem presentes.

Qual a força do eco de uma palavra?

_ O C A N T O D E C A D A PA L AV R A C R U Z A D A

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Vento de ventilador Que não vence a maresia Moleque dentro da rede Fazendo ‘estripulia’ Gavião voando solto Ou brigando com galinha O matuto do sertão, Feijão, arroz e farinha A festa de fim de ano, Conversa do dia a dia (Isso tudo e um pouco mais é que se faz a poesia de Beatriz Eduarda, vive na comunidade quilombola Brejo de Dentro, em Carnaíba)


I N Q U I E TAÇ Õ E S

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Rimar também pode ser um tangir de forças, um agenciamento de ondas e radiações. O início de um risco em um espaço, atento aos acontecimentos para existir em quem versa.

Como desenhar em um terreno através de palavras?

_ O C A N T O D E C A D A PA L AV R A C R U Z A D A

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Venha ao céu dos meus sonhos quero vê-la Encantar-se na prece mais tranquila Porque posso rimar pra descrevê-la, Mas preciso sonhar pra descobri-la. Incendeie a esfera desses astros, Deixe meros sinais ou alguns rastros(...) (Trechos de poema do livro O que é poesia? de Francisca Araújo, de Afogados da Ingazeira)


I N Q U I E TAÇ Õ E S

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Habitualmente temos a falsa impressão de que uma língua é fixa, existem tantas regras nos estudos gramaticais que apesar de apresentarem pequenas mudanças, sua estrutura base permanece em longos períodos de tempo. No entanto, uma língua falada é elástica, se movimenta abrangendo novas expressões e também perpetuando camadas culturais específicas de cada território. A não recuperação de uma língua baseada na oralidade, que passou por tentativas epistemológicas de apagamentos, em que as recordações tornaram-se menos acessíveis, pode significar o fim de uma cultura inteira.

Quantas línguas existem/ existiram onde você vive? Quais permanecem esquecidas? _ O C A N T O D E C A D A PA L AV R A C R U Z A D A

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Minha escola foi muito diferente O meu livro foi feito de improviso De caneta, papel eu não preciso Meu caderno foi feito do repente (Trecho do poema de Luzia Batista Siqueira, de São José do Egito)


I N Q U I E TAÇ Õ E S

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A tradução pode significar a união entre diferentes mundos, ela pode contribuir para uma equidade, mas também apresentar disparidades em uma relação. Um poema traduzido pode voar para lugares longínquos, uma desterritorialização a partir de um encontro entre palavras. Como este processo poderia se desdobrar compondo mais imaginários sobre o Pajeú e seus contos?

Como se traduz um verso? O que isso afeta?

_ O C A N T O D E C A D A PA L AV R A C R U Z A D A

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ESTE CADERNO FOI COMPOSTO COM AS FONTES HK GROTESK E FIRA SANS, NO ANO DE 2020 EM RECIFE - PE.


aspoetasdopajeu.com.br


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