Lauraindo

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Distribuição gratuita

Projeto selecionado pelo Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura – Edição 2021, executado com recursos do Estado de Santa Catarina por meio da Fundação Catarinense da Cultura

Laura V Malmegrin

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160 p.: il.; 30cm ISBN: 978-65-00-47676-7

Claudio Moreira

Bibliotecária responsável Arlete Ferreira da Silva (CRB 14º/1493)

Laura V Malmegrin

700TiragemLuizaRevisãoDiasexemplaresEstelivronasceu

DiagramaçãoRaquelPrefácioStolf e finalização

M2561 Malmegrin, Laura V. Lauraindo / Laura V. Malmegrin; ilustrações da autora. Florianópolis: Da autora, 2022.

de um trabalho de conclusão de curso apresentado para obtenção de título de Bacharel em Artes Visuais pela Universidade do Estado de Santa Catarina sob orientação de Raquel Stolf

1. Artes gráficas 2. Publicação de artista 3. Arte contemporânea 4. Literatura brasileira I. Título.

CDD: 760

ProjetoLauraLauraindoVMalmegringráfico,desenhos e fotografias

a todos que sorriram de volta para mim

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................. 55 no

............. 111 Prefácio ........................... 137

................. 23

................... 149

laura(v)indo Prefácio por Raquel Stolf pela estrada afora aqui era tudo mato fim da servidão sombra desta aroeira baú de tesouros guia das imagens companheiros de caminhada Pósfácio

..... 8 instruções ......................... 18 equipamentos ....................... 20

.......... 152 sumário

................. 85 à

.................... 140

8 RaquelPrefácioStolf

sob o efeito da Lagoa e seus arredores espraiados entre mata, campo, lagoa, praia (e suas complexas conjunturas ambientais), Laura sonda e caminha num trecho de um trevo – Y.

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escuto:

desde essa pergunta, relembro quando o projeto Laur(a)indo começou a tramar suas movimentações, redemoinhos e flexões. a tentativa de construção desse buraco na cerca envolveu um processo de ações miúdas, cultivadas como um diário enviesado, gerador de conversas a partir das andanças de Laura na rua Laurindo Januário da Silveira, localizada na região do Porto da Lagoa, no bairro Lagoa da Conceição, na ilha de Santa Catarina, levando consigo caderno e caneta.

uma pequena placa-bilhete no ar, indicando esta publicação de artista. suas pistas ressoam como trilhas entreabertas, incluindo tesouros (encontros), sonhos (esboços), textos e memórias incorporadas, recados desencontrados, microrrelatos, desenhos, fotografias, vídeos e anotações que tentam ativar com afinco uma pergunta que pulsa, durante a leitura: como fazer um buraco na cerca?

Laura(v)indo

enquanto caminha na Laurindo e/ou mesmo quando caminha dentro de casa, inscrevendo pistas de uma rua, como microrrelatos de uma moradoracaminhante. como aponta Thierry Davila, caminhar constitui uma maneira de fazer um gesto, envolvendo um movimento oscilatório que articula interior e exterior, relacionando os processos mentais e físicos. caminhar como gesto é uma espécie de dobradiça corporal e psíquica, sensitiva aos arredores, mas que também neles incide e se dobra. Hildegard Westerkamp propõe que “falamos” com nosso entorno tanto com nossa voz como com nossos passos. aqui não tinha portão aqui viviam corujas buraqueiras aqui era uma videolocadora aqui era tudo mato aqui tinha coelhos quem é maria? quem a adora? algumas dessas pistas e perguntas reaparecem ao longo da publicação, solicitando outras visitas, mudanças de curso e investigações. de vez em quando, também acontece um MORMAÇO imponderável:

o que passa despercebido? que laços deixamos de criar? quem é o meu Laura(v)indovizinho?avizinha-se

ao longo da publicação, a rua e as servidões que dela brotam são habitadas por acontecimentos minuciosos, experiências prospectivas e retrospectivas, desde outras perguntas.

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entre essa espécie de mormaço crítico e um desejo de disponibilidade, pode-se caminhar como devirvaranda. ou como um devir-duna (caminhada movediça). com hesitação e esperança, tentando andar devagar e atenta, rastreando-lendo uma “gramática expositiva do chão” (Manoel de Barros), sob uma escuta do “infraordinário” (Georges Perec).

Não caminho sob o sol Vou pela sombra das dúvidas Afundar os pés na areia Com hesitação e esperança

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De que ela me engula, movediça, Para ser digerida sob a grande duna Ser escasso alimento da restinga Espiar os lares das marias-farinhas E então ser a base instável

Em que enterrarão seus alicerces Os monstruosos prédios do amanhã Com suas áreas de lazer herméticas, Seus dutos submarinos, Com suas gentes frenéticas E suas varandas sumindo.

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o vírus pela primeira vez, ele era uma nota de rodapé no jornal

para percorrer Laur(a)indo é preciso estar disponível e atenta, pois as pistas por vezes são subterrâneas.

Laura(v)indo registra conversas com o contexto local em práticas de escrita-buraqueira, ou com uma escritaziguezagueante-andante, quase uma escrita-ímã de memórias e pequenas histórias. seja em fragmentos de textos manuscritos e outros desenhos, seja em breves vídeos (uma galinha esperando ônibus; um gato e sua microintervenção; o repouso num balanço na árvore, numa tarde aerada), com trechos apresentados também num sitepuxadinho da publicação, entre outros desdobramentos (postais, panfletos, uma placa e alguns tesouros).

o trevo – Y – acontece de modo embaralhado, em que ir e vir envolve também atravessar contextos antes y durante a Quandopandemia.lisobre

:

13 (outro aviso-bilhete) esta publicação atravessou o contexto inóspito da pandemia. e suas perguntas ressoam, durante y depois. o mato e o musgo ainda tomam conta das frestas da calçada (e da capa), sob a caminhada. algumas cercas estão ainda mais cortantes. mas Laur(a)indo torna-se um caderno-maria-farinha, que coleta, reinventa, sonha, rega todos os dias e indica pistas das vidas pedestres de um bairro. quando leio que o terreno no balanço é público, que o recado para Maria desdobrou questões e um outro gesto, que o Seu Manuel mora ali há 50 anos, que aconteceram conversas entre vizinhas pela janela da cozinha e trocas de mudas, num Talvezvaivém,não seja absolutamente impossível.

Leve uma, deixe uma. Te passo essa por cima da cerca. Planto outras ali no caminho.

Raquel Stolf

WESTERKAMP, Hildegard. Paseo Sonoro (1974). In: ESPEJO, José Luis (org.).

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Escucha, por favor (13 textos sobre sonido para el arte reciente). Madri: EXITPublicaciones de Arte y Pensamiento, 2019.

* os textos em itálico consistem em trechos de autoria de Laura V Malmegrin, publicados em Laur(a)indo.

DAVILA, Thierry. Marcher, Créer: Déplacements, flâneries, derives dans lárt de fin du XXe siècle. Paris: Éditions du Regard, 2002.

BARROS, Manuel de. Gramática expositiva do chão. Rio de Janeiro: Record, 1999.

PEREC, Georges. L’ infra-ordinaire. Paris: Éditions du Seuil, 1989.

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2. Registrar data e hora do início e do fim do percurso

3. Observar atentamente, não deixar o pensamento me levar para lugares alheios

INSTRUÇÕES

1. Não olhar o celular entre o início e o fim do percurso, a não ser para usar a câmera

8. Coletar dados, papéis e objetos (as melhores manhãs são as da coleta de lixo reciclável)

4. Anotar no caderno por meio de desenhos, listas, contabilizações

6. Sorrir, dizer bom dia… (como sempre)

5. Anotar com a câmera o que não puder anotar com a caneta

7. Entrar nas ruas, sem nenhum motivo além de conhecê-las, principalmente aquelas nas quais eu nunca entrei antes

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6. Garrafa d’água

4. Aquela caneta

5. Celular (ou combo relógio + câmera, preferível)

1. Mochila ou bolsa – para trazer comigo os itens subsequentes

3. Aquele caderno de capa dura –essencial para escrever sem apoios

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8. Bússola (opcional)

9. Chapéu e óculos de sol ou capa de chuva (de acordo com a previsão do tempo)

10. Máscara [adição recente]

EQUIPAMENTOS

2. Tênis confortável

7. Binóculos (opcional)

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estradapelaafora

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+ o príncipe encantado + a chapeuzinho vermelho + outra bruxa, de caráter incerto + dois sapos alegres dançando um com o outro.

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Minha avó e eu cantávamos, saltitando de mãos dadas pelos quarteirões ao redor de sua casa, rumo ao Todamercado.vezfazíamos desvios, tínhamos nossos próprios pontos turísticos a visitar: a casa com dezenas de gatos, o jardim cheio de camas onde o mato dormia, e a fachada povoada pela+branca-de-neveossetesanões+abruxamá

No dia das bruxas, era uma fantasia diferente a cada ano. No natal, como era de se esperar, o jardim todo se cobria de luzes pisca-pisca, papai noel aparecia no telhado e uma cena de natividade era montada com os próprios personagens de conto-defadas (branca-de-neve era maria, o príncipe josé e dunga o menino jesus).

Na páscoa, todas as estátuas ganhavam orelhas de coelho e cestas com ovos coloridos.

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A maior farra era passar por ali em dias de festa:

Não que as decorações ficassem ali por apenas um dia... Chegávamos a setembro ainda com os chapéus de palha e bandeirolas da festa junina.

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Na encosta das dunas, sob a restinga alta, a congregação de bruxas se reúne nas noites de lua cheia

Eu comecei a escrever histórias quando era criança.

Uma das histórias se passava em um reino encantado, do qual eu era a princesa, povoado por seres fantásticos. Fiz vários mapas, alguns alfabetos e diários incompletos descrevendo sua fauna e flora. Registrei sua topografia, os rios que o cruzavam, as cidades, a população, os cultivos, os costumes.

[Antes de escrever eu desenhei e antes de desenhar eu sonhei]

E o reino era o bairro e o bairro era o reino:

Os morros na frente de casa são habitados por dragões, cujo bafo por vezes forma um anel de névoa nas maisáreasaltas

É preciso tomar muito cuidado ao pisar na trilha, pois entre os grãos de areia pode haver uma casinha de fada

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Eu caminhava procurando pistas, inventando pistas:

Brincar com a rua às vezes é brincar com fogo, e brincar com fogo pode ser encantador.

Brincar de faz de conta sozinha é se enganar de propósito, pregar uma peça em si mesma.

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* ônibus indo em direção ao Terminal de Integração da Lagoa (TILAG), ao Terminal de Integração do Rio Tavares (TIRIO) ou ao Terminal de Integração do Centro (TICEN)

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Com o minhastempo,andanças foram se tornando mais objetivas:

casa → ponto de ônibus casa → mercado casa → farmácia casa → padaria casa → academia casa → praia casa → casa de amigos casa → cabeleireiro casa → ciclovia casa → restaurante → →

(a pé quando não de bicicleta, de bicicleta quando não de carro)

→ → → →

então resolvi:

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Não existem acasos.

O mundo se vê pelas janelas.

Em _______________ cada pessoa tem um túnel particular que a leva a todos os lugares para onde precisa ir.

Todas as construções estão acima da terra, mas não possuem portas, já que não se pode acessá-las pela superfície.

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As distâncias entre os prédios variam para cada cidadão, pois cada túnel tem uma profundidade e um trajeto diferente (quanto mais novos são, mais desvios fazem para evitar os túneis pré-existentes).

Não existem mapas.

CIDADE SUBTERRÂNEA

Os túneis nunca se cruzam, só cabe uma pessoa em cada um (usar o túnel de outra pessoa, com ou sem sua autorização, é ILEGAL e punível com Caminha-seCADEIA).sempre sozinho.

Ouvi falar que tem gente que esconde pás (ILEGAL e punível com CADEIA) em casa, para conectar seus túneis e fazer reuniões Todoconfidenciais.lugaraoqual os túneis levam é Ummonitorado.diaentrei

Não sei quem cava os túneis.

ásperas, as unhas sujas, as digitais meio apagadas.

Quem não tem túnel para o bar não vai. Destino (azar).

no meu túnel e já tinha alguém (não era homem nem mulher, era Asgente).mãos

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Quando se vai tomar uma breja depois da aula com os amigos, primeiro despede-se na saída da sala e depois se cumprimenta a todos no bar.

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Quando estou com muita coisa na cabeça eu caminho. Dentro de casa mesmo, em círculos em volta da mesa de jantar, para cima e para baixo do corredor, ao redor da cama no meu quarto. Meus pais acham engraçado. Fora os momentos em que minhas pantufas soam como um chimbal ou quando as tábuas do corredor rangem alto. Pernas e cabeça, ambas a todo vapor.

Entro em outro estado de consciência, o mesmo de olhar pela janela do ônibus quando me esqueço de trazer um fone de ouvido para distrair o trajeto cotidiano e cansado (sou uma das amaldiçoadas pessoas que enjoam lendo em alta velocidade), pensando em tudo e todos, no passado e na hipótese. Me proibi de caminhar assim a Laurindo. Salvo em caso de chuva ou compromisso, era fundamental andar devagar e atenta. Nada de pensar no antes, no depois ou no nunca.

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matotudoaquiera

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Um muro aqui, uma cerca ali, arame farpado em cima do muro, concertina em cima da cerca.

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O Porto da Lagoa é um trevo:

Centros comerciais, prédios baixos, condomínios fechados. Cabeleireiro, farmácia, gelateria, açaiteria, cross fit, academia, academia para bebês, pilates, pet shop.

Y

Ele está no encontro entre três bairros e tecnicamente não é um bairro em si. “Quando alguém daqui ia lá no postinho do Rio Tavares os funcionários mandavam pro postinho do Canto da Lagoa, onde eram mandados de volta pro postinho do Rio Tavares. Nas associações de moradores a mesma coisa. Então criamos a Anossa.”paisagem muda rápido. Sobre os terrenos um dia baldios e selvagens crescem estruturas de concreto e madeira.

A área de preservação permanente não muda tanto, fora os incêndios ocasionais e os alagamentos sazonais. Restinga e areia para todo o sempre.

Laurindo Januário da Silveira Osni Ortiga Doutor Antônio Luiz Moura Gonzaga

é campo y lagoa y praia.

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Me disseram que, apenas 50 anos atrás, era tudo sítio e casa de pescador.

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“Todo dia a gente comia camarão e peixe aqui da lagoa. Nunca passava carro pra esses lados, só Aninhadocharrete.” na curva do Y tinha um porto. A única estrada vinha do sul da ilha e parava ali, e de barco a produção agrícola da região era escoada para a Freguesia da Lagoa.

Quando alguém precisava ir ao hospital à noite tinha que subir e descer a trilha íngreme do morro, seguindo um riacho.

Hoje a trilha está toda interrompida por cercas.

Hoje não se vê tão bem as estrelas.

“Quando chovia, o morro virava um lamaçal que ninguém passava e não tinha aula na escolinha.”

Me disseram que, apenas 30 anos atrás, as estradas eram todas de terra.

Os terrenos à venda eram compridos, faixas da lagoa à praia ou da lagoa ao morro. Compraram juntos, dividiram e cada um cedeu uma parte de seu terreno para que passasse uma rua.

Não havia postes, o caminho era iluminado pelo luar e por centenas de vagalumes.

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MORMAÇO

Não caminho sob o sol Vou pela sombra das dúvidas Afundar os pés na areia Com hesitação e esperança De que ela me engula, movediça, Para ser digerida sob a grande duna Ser escasso alimento da restinga Espiar os lares das marias-farinhas

E então ser a base instável Em que enterrarão seus alicerces Os monstruosos prédios do amanhã Com suas áreas de lazer herméticas, Seus dutos submarinos, Com suas gentes frenéticas E suas varandas sumindo.

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servidãofimnoda

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Voltando para casa, à noite, me abaixo subitamente. Um grupo de morcegos dá rasantes sobre minha cabeça. Voam em círculos, desaparecendo brevemente em uma árvore para ressurgirem triunfantes segundos depois. Sorrio e corro, ainda abaixada, até sair do raio de voo.

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Caminho. Um pé após o outro. Um outro após o pé. Ouço um piado e levanto o olhar. Levando o olhar por todo o mato ao meu redor, procuro a origem desse som. Topo o pé numa pedra. A calçada é cheia delas.

Voltando para casa, à noite, avisto uma coruja buraqueira. No poste, no asfalto, na árvore. Pauso. Me curvo diante dela, respeitosamente. Sorrio e caminho devagar.

Divido a calçada com o mato, sempre presente. O mato é quase um pedestre por essas terras.

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Foi caminhando devagar e com atenção que descobri tantos tesouros.

O truque é saber parar. E olhar. E anotar. O truque é estar atento aos sinais. Pistas se escondem em cada buraquinho no muro. Algumas peças de quebra-cabeças espalhadas por aí. Aos poucos uma imagem vai se formando, muitas imagens possíveis, num caleidoscópio. Tento decifrar códigos que talvez não existam, deixo mensagens cifradas para os que vierem depois.

Mas os achados do trabalho de detetive solitário não se comparam aos de uma boa e velha conversa: é a diferença entre a especulação e a descoberta.

E ambas me interessam muito.

Se não havia um X marcando o local é porque o mapa eu estou fazendo agora. E porque os locais são muitos. Tenho certeza de que se poderia cobrir o mundo todo de xises.

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2. Olhar o relógio, tomar café, olhar o Estudorelógiopara o espaço:

ESTUDOS

1. Caminhar de A a B contando o número de passos

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3. Caminhar de A a B com o exato número de passos contados na proposição 1

4. Caminhar de A a B com o exato número de passos contados na proposição 2

Estudo para o espaço-tempo:

Estudo para o tempo:

2. Caminhar de A a B com um aplicativo que conta o número de passos

1. Tomar café olhando para um relógio

1. Não cancelar o alarme, apertar “soneca” o dia todo

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aroeirasombraàdesta

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Dois livros de esboços

acaso. Sinto falta de encontrar as pessoas por aí (aqui é terra de encontros/encantos, se/pra você andar a pé...), de passear e receber uma ideia de mão beijada. Agora só me resta redescobrir caminhos que já trilhei, visitá-los através dos registros que fiz e desconfiar na memória.

Sinto29/07/2020*faltado

Não sei se esse impulso pelo registro é um vestígio daquele instinto escolar de anotar tudo o que pode cair na prova. Acho que sempre fui uma boa aluna. Meus fichários do ensino médio não foram abertos nos últimos quatro anos, e seguem na mesma prateleira do armário. Eu escrevo para entregar e nunca mais ler?

Inúmeras folhas soltas, físicas e virtuais

Escrever para lembrar, e escrever para finalmente esvaziar a cabeça e poder esquecer.

Dez volumes de cadernos

Dois Trintadiáriosetrês zines

Escrevo para ter informações preservadas para consulta? Para memorizar no próprio ato?

* trecho de diário escrito durante a pandemia de covid-19

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Relendo os cadernos das primeiras fases da faculdade, tudo parece muito distante. As referências modernistas, a atenção aos detalhes históricos (esse sim, vício de ex-vestibulanda que deixei para trás). E ainda assim, já pipocavam as inquietações que me seguem até hoje. Talvez meu trabalho de conclusão de curso* tenha que seguir por aí mesmo, atrás do que pipoca ao longo dos meus processos. Estive com um pé atrás de me comprometer com um TCC no meio de uma pandemia. A distância. Sem poder percorrer a rua Laurindo Januário da Silveira, a metodologia inicial do meu projeto impossibilitada. Vou lendo livros, teses de outras, mas me falta a conversa na cantina com um pão de queijo numa mão e o cafézinho na outra, tomando um sol e ouvindo os estudantes do curso de música tocarem um violão virtuoso acompanhado de uma voz desafinada.

Minha produção não está constante. Minha concentração é instável. Já desisti de fazer planos, por enquanto - quanto mais tempo passo entrincheirada, mais tempo me parece que ainda Estou12/08/2020falta.comsono.

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Hoje é um dia de chuva, frio. Não tenho vontade de sair da cama. Nos dias de sol, pelo menos, eu consigo ler no jardim e o ritmo da vida faz mais sentido.

* este livro nasceu como um trabalho de conclusão de curso (TCC) apresentado para obtenção de título de Bacharel em Artes Visuais pela Universidade do Estado de Santa Catarina

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seja absolutamente impossível.

Os calos que criei tocando cavaquinho me deixam muito consciente das letras que digito com minha mão esquerda. Gosto da sensação, embora me atrase.

Talvez11/11/2020não

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Não sei quando, se realmente entendi o que é espaço. Minha percepção não corresponde à realidade. Quando se viaja no espaço se viaja no tempo. Sempre se está viajando no tempo. E se está viajando no espaço, para oeste, todo o tempo. O tempo todo. No fim, tudo depende do seu referencial. Não temos escolha sobre nos mover ou não, o planeta nos obriga. Mesmo se corrermos 460 metros por segundo para leste (cancelando a rotação do planeta em torno de si), ainda assim a terra gira em torno do sol.

Tudo isso não explica a diferença entre duas cidades. Como uma deixa de existir no momento em que ponho os pés na outra. Como a viagem, a travessia, é delicada e turbulenta, mexe nas entranhas da gente. Revirou minhas tripas ontem, na estrada: um terço do tempo de rotação de si é o tamanho do tempo de estrada entre minhas duas cidades. Daqui, aí parece um sonho. Um sonho do qual despertei agora. Talvez nunca tenha existido. Mas no fundo eu sei que está dormente em algum cantinho. Os cheiros, as gentes, os bichos, os sons, a umidade. Não parece possível que ontem eu não estivesse aqui, que ontem eu estivesse tão distante. E lá (aí) tudo o que eu deixei continua cambiando, latindo, fotossintetizando, indiferente à minha ausência. O que eu não vejo não deixa de existir.

Será? Seis meses dentro, seis meses sem ver, sem encontrar, sem tocar. Ainda existe? Se fosse tudo um truque eu não saberia. Se no céu abriu uma portinhola por onde todos os atores saíram pra fazer greve e tudo isso foi uma desculpa pra eu não perceber, eu não saberia. Mas toda essa teoria conspiratória coloca meu umbigo no centro do universo. O que não deixa de ser coerente, já que tudo gira em torno de si, até eu e você.

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Quando eu voltar, depois de cruzar o limbo que nos separa, aqui não será mais tão concreto. Porque eu estarei aí. E quando aí for aqui, aqui será aí, e o aí é sempre meio apagado.

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A morte faz parte, disseram. Nem foram tantos, Mensagensdisseram.cifradas são a única escapatória, sussurros no vazio, esperando. Talvez um dia.

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Por vezes duvido de uma existência fora dessas quatro paredes. As estrelas continuam brilhando, posso ver. O vento eu só imagino. O passado está distante e nebuloso.

Escrevo assim minha história porque não tenho escolha. Preciso deixar algo para provar que estive viva. Sou de carne e osso, tenho o direito de sangrar.

Há meses que não saio de casa, passei equinócios e solstícios neste sótão, espiando pela janela e convivendo com os morcegos. Os rasantes já não me assustam. Os gritos lá fora são incômodos, mas suportáveis.

As ruas já não estão seguras, o mundo deixou de ser um lugar acolhedor. Não sei se foi incompetência ou malícia, mas os poderosos não moveram um dedo.

Nossa cultura tropical foi vulnerabilidade explorada: o beijar de desconhecidos, o mostrar da pele, o congelamento dos investimentos na saúde pública, tudo contribuindo para a acolhida deste hóspede Eindesejado.nãofoipor

Quando li sobre o vírus pela primeira vez, ele era uma nota de rodapé no jornal. De tempos em tempos aparece uma assustadora enfermidade exótica, que pouco respinga aqui nos confins do mundo. Não foi o caso.

falta de aviso. Foi pelo fechar dos olhos.

Outros não suportaram os meses de confinamento, preferiram se arriscar em busca do ar fresco e da luz solar.

Alguns nunca levaram a sério. Esse era o caso do patriarca, que fez birra e saiu para beijar seus súditos.

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127 Não parece que faz tanto tempo, mas não me lembro de ter outra rotina. Toco Bach em minha pianola para embalar os sonhos alheios. Lavo e guardo as sementes de todos os alimentos, rego religiosamente o canteiro no parapeito que fornece os únicos verdes frescos da minha dieta. Tomo sopa de feijão enlatado e como com voracidade os cogumelos que crescem no canto mais úmido da parede. A carne é escassa, mas não me faz falta.

Tento me comunicar, apesar de todos os empecilhos. É difícil saber se estou sendo bemsucedida, já que não tenho resposta. Mesmo assim, falar com as nuvens é melhor do que segurar as palavras aqui dentro.

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Lavando louça, eu vejo os quintais das vizinhas, as crianças correndo, brincando com a mangueira ou perseguindo o cachorro. Elas fazem planos através do muro, reclamam do tempo, comentam as últimas notícias do buraco que alguém mandou cavar no fim da rua para tentar evitar que as casas construídas em cima do banhado sigam alagando na época de Lavandochuva. louça, eu pauso minha música para ouvir melhor a vizinha, que agora fala comigo. “Minha neta chega na sexta-feira, toque piano com as janelas abertas que ela adora te ouvir”. No fim de semana ouço do meu quarto a neta cantando-gritando, alegre, uma canção inventada.

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Vou lendo na rede no cantinho do quintal. Ouço os galhos dançando acima de mim, eles se curvam ao vento. Um canário atravessa o céu, as rolinhas cavucam minha horta, os aracuãs saltam de árvore em árvore.

Estou aprendendo a identificar os piados. Entre um parágrafo e outro, levanto os olhos em busca da fonte desses sons. Sigo os dramas dos passarinhos por um tempo, até perder eles de vista ou me ver compelida a voltar a atenção para a leitura. Meu cachorro tenta (e às vezes consegue) lamber meu caderno de anotações. Ontem vi um par de tucanos.

É difícil escrever sobre o fora quando não se pode acessá-lo. Parece tudo tão longe. Raramente cruzo as cercas que delimitam minha casa hoje em dia. Voltei ao início.

Tenho grandes pés de hortelã e de manjericão. Corto alguns ramos e ponho na água. Em uma semana as raízes crescem e pedem terra, que eu logo providencio. É preciso regar todo dia, tornar a transição mais suave, até que a muda se adapte à sua nova realidade. Grito aos quatro ventos: tenho mudas! Troco mudas! Hortelã, manjericão, abacate, abacaxi e abóbora, por pepino, salsinha, rúcula, tomate, couve e ora-proLevenóbis.uma, deixe uma.

Planto outras ali no caminho.

Te passo essa por cima da cerca.

Por trás de tudo, ouço o mar.

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136 Pósfácio

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Andar pela rua também é um jeito de ler. Placas, sinais, avisos. Se deparar com histórias e conhecer seus personagens, aos poucos, ao longo do tempo. Investigar as entrelinhas.

Percorrer as páginas de um livro é um jeito de caminhar. Transitar entre capítulos, se perder nas linhas de um longo parágrafo, fazer do índice um mapa e retraçar seus passos.

Levantei mais perguntas do que respostas. Espero que elas suscitem mais perguntas ainda - questionamentos, dúvidas, curiosidades, comichões que só se aquietam perambulando por aí (e depois ressurgem mais fortes quando, descansando numa rede ou num banquinho, se para e reflete). E assim o mundo gira sob nossos pés e os detalhes brotam sob nossos olhos. De conversa em conversa o passado se apresenta, laços se criam, rachaduras escalam os muros.

Já faz um ano que apresentei pela primeira vez uma versão de Lauraindo, ainda como um PDF, à Universidade. Cada vez que revisito este livro encontro novos detalhes, relações estabelecidas pelo acaso, tramas que só se fazem visíveis no repetir e repetir e repetir deste trajeto.

Minha avó, quando era criança, brincava com seus amigos de se perder pelas ruas de São Paulo. Por mais que fechassem os olhos e escolhessem por acaso os caminhos que tomariam, nunca eram bem sucedidos - o mapa da cidade estava entranhado neles. Hoje, minha avó se lembra de muito pouco, o que não inclui meu nome. Mas, quando ela está nervosa, nós caminhamos, e se eu puxo a canção da chapéuzinho vermelho ela canta junto comigo. Dedico este livro a ela.

Gostaria de agradecer a todos os vizinhos sem os quais este trabalho não existiria: ao seu Leonardo e à dona Ana, pelas conversas através da cerca, à Dona Valda e ao Dico, pelo cafézinho, o crochê e os papos sobre a história do bairro, à Rose, ao Edinho e a todo o pessoal da Ampola que se dedica incansavelmente à nossa comunidade, ao Tomaz, pela companhia e os registros, à Marilde, pela conversa generosa, ao Matheus e à Maria.

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Agradeço à minha orientadora Raquel, que me acompanhou nesse projeto desde o início, me indicando caminhos, escutas e leituras a percorrer. Às professoras Silvana, Fran e Sandra.

Agradeço à minha família, especialmente ao meu papou Nicolas, que sempre me incentivou nas artes e na vida.

Minha avó, quando era criança, brincava com seus amigos de se perder pelas ruas de São Paulo. Por mais que fechassem os olhos e escolhessem por acaso os caminhos que tomariam, nunca eram bem sucedidos - o mapa da cidade estava entranhado neles. Hoje, minha avó se lembra de muito pouco, o que não inclui meu nome. Mas, quando ela está nervosa, nós caminhamos, e se eu puxo a canção da chapéuzinho vermelho ela canta junto comigo. Dedico este livro a ela.

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Laura Vlavianos Malmegrin (Florianópolis/SC, 1999)

Raquel Stolf (Indaial/SC, 1975)

É artista, pesquisadora e professora nos cursos de graduação e pósgraduação em Artes Visuais da UDESC, em Florianópolis. Desenvolveu pesquisas de Mestrado (2002) e Doutorado (2011) em Artes Visuais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e cursou Licenciatura em Artes Plásticas (1999) na UDESC. Vem investigando em seus projetos relações entre processos de escrita, situações de escuta, experiências de silêncio e o procedimento da coleção.

É moradora do Porto da Lagoa desde pequena. Artista e bacharel em Artes Visuais (2021) pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), abriga em sua casa algumas centenas de minhocas e um número desconhecido de morcegos. Em seus projetos artísticos, explora as relações entre público e privado, lembranças pessoais e memória coletiva, arte relacional e publicações de artista.

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160 1a papelpapelimpressãoediçãodemiolopapeldecapadesobrecapatipografia Setembro de 2022 Elbert Editora Gráfica Pólen Soft 80g Triplex 250g Offset Acumin120gVariable Concept Source Code Variable

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