Equipamento público para idosos habitação e integração

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EQUIPAMENTO PÚBLICO VOLTADO PARA IDOSOS: HABITAÇÃO E INTEGRAÇÃO

LAURA JUNQUEIRA NAPOLITANO NOGUEIRA

RIBEIRÃO PRETO - 2015



CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA ARQUITETURA E URBANISMO

LAURA JUNQUEIRA NAPOLITANO NOGUEIRA

EQUIPAMENTO PÚBLICO VOLTADO PARA A TERCEIRA IDADE: HABITAÇÃO E LAZER. Projeto apresentado ao Centro Universitário

Moura

Lacerda

para

cumprimento das exigências parciais para obtenção do título de bacharel em Arquitetura

e

Urbanismo,

sob

orientação do Prof. Francisco Gimenes.

RIBEIRÃO PRETO 2015



CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA ARQUITETURA E URBANISMO

LAURA JUNQUEIRA NAPOLITANO NOGUEIRA

ORIENTADOR: _____________________________________________ NOME

EXAMINADOR 1: ___________________________________________ NOME

EXAMINADOR 2: ___________________________________________ NOME

RIBEIRÃO PRETO ___/___/___



AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais Nilton e Vera pela confiança em mim depositada, por todo ensinamento que me transmitiram e por todo amor que sempre me deram. Ao meu irmão Mateus por estar ao meu lado e me proteger desde nosso nascimento. Às minhas avós Florípedes “in memoriam” e Carmem por todo carinho e tantas orações. Aos meus avôs Antônio “in memoriam” e Sebastião por serem meus maiores exemplos na vida. Ao meu querido orientador Chiquinho “in memoriam” pelos ensinamentos sobre a Arquitetura, o Urbanismo e principalmente sobre a vida. À minha orientadora Alexandra pelos conselhos e ensinamentos, mas sobretudo por ter me acolhido com tanto carinho. Aos meus amigos da faculdade por tantos momentos inesquecíveis que vivenciamos e à todos os que contribuíram para a realização deste sonho.



INTRODUÇÃO

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cap 1. TEORIAS 17 cap 2. PROJETOS 29 cap 3. PROJETOS DE REFERÊNCIA INTERNACIONAIS 45 cap 4. REALIDADE EM RIBEIRÃO PRETO 85 cap 5. ÁREA DE INTERVENÇÃO

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cap 6. PROJETO ARQUITETÔNICO

117

REFERÊNCIAS 150

SUMÁRIO



INTRODUÇÃO


De acordo com o IBGE (2000), do ponto de vista demográfico, no plano individual envelhecer significa aumentar o número de anos vividos, mas paralelamente à evolução cronológica, coexistem fenômenos de natureza biopsíquica e social, importantes para a percepção da idade e do envelhecimento. São considerados velhos aqueles que alcançam 60 anos de idade, apesar de os diferenciais por sexo, educação e renda serem bastante expressivos para este diagnóstico.

Considerando a continuidade das tendências verificadas para as taxas de fecundidade e longevidade da população brasileira, as estimativas para os próximos 20 anos indicam que a população idosa poderá exceder 30 milhões de pessoas ao final deste período, chegando a representar quase 13% da população. Assim, embora a fecundidade ainda seja a principal componente da dinâmica demográfica brasileira, em relação à população idosa é a longevidade que vem progressivamente definindo seus traços de evolução. IBGE (2000)

O impacto do envelhecimento pode vir acompanhado de algumas limitações 12

físicas e até mesmo de doenças que levam os idosos a alterarem seus hábitos de vida e rotinas diárias, aproximando-se do sedentarismo por ocupações pouco ativas. Os efeitos dessa falta de atividade não comprometem apenas o desempenho físico ou a habilidade motora, mas também a capacidade de concentração, de reação e de coordenação, gerando processos de autodesvalorização, apatia, insegurança, perda da motivação, isolamento social e a solidão. Por outro lado, atualmente, é crescente o número de pessoas da terceira idade em ótimas condições de saúde que, quando incentivadas a serem independentes e autônomas, tornam-se referências e exemplos a seguir. A proposta é uma resposta ao paradigma convencional das casas de repouso. Esse tipo ultrapassado de moradia reúne os idosos mais debilitados, pois, como afirma Rebeschini (2009, p.2) “Idosos ativos e saudáveis, quando tratados como os portadores de doenças, que necessitam de acompanhamento médico constante, podem sentir uma falta de privacidade e independência”. É necessário então, distinguir o


idoso independente (necessita de auxílio mínimo para realizar suas atividades diárias), o idoso semi dependente (necessita de alguns cuidados com a saúde e acompanhamento médico periódico) e o idoso dependente (portadores de doenças que necessitam de acompanhamento médico constante). Assim, cria-se um projeto voltado àqueles que possuem autonomia para administrar uma residência, e aqueles que não a possuem (idosos dependentes) são encaminhados à clínicas especializadas que disponham deste serviço. Existem evidências consideráveis sugerindo que os idosos não gostam de dividir espaço com aqueles mais frágeis do que eles mesmos, especialmente quando estas deficiências são manifestas, aparentes, irreversíveis e afetam a imagem do conjunto. (REBESCHINI; IVY, 2009, p.3 apud GOLANT, 1992, tradução)

Com essa divisão de categorias pode-se preservar o espírito ativo daqueles que se sentem independentes, criando apartamentos que prezem a privacidade dos residentes, e estes se comunicam com a equipe de prestadores de serviços ape-

nas quando acham conveniente ou quando tenham alguma emergência. Esse estímulo à autonomia só traz benefícios aos usuários Os estigmas de menos valia que cercam os idosos são decorrentes do corpo envelhecido e associam-se às representações de improdutividade e de sua incapacidade operacional. Nessa direção, os estudos de Moragas (1997), Veras (1994), Maria (1999), sobre a longevidade, realizados pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), demonstram a importância da autonomia para os idosos, destacando que o envelhecimento saudável está diretamente relacionado com a capacidade de “fazer”. Esse fazer abrange cuidados como a higiene pessoal, cuidados com aparência, atividades da vida diária (AVD) como comer, vestir-se, comunicar-se, locomover-se, dentre outras, estendendo-se até as atividades da vida prática (AVP) como telefonar, fazer compras, passear, pegar transporte e ir ao banco. (FLORES; ANGELA, 2010, p. 24-25)

Com base nestes dados, o objetivo geral da pesquisa é projetar um equipamento público com unidades habitacionais 13


que respeitem as normas de acessibilidade e os aspectos afetivos do idoso, priorizando sua independência. Além de propor espaços de permanência agradáveis e espaços abertos ao público em geral, possibilitando sua integração com a sociedade; propor áreas destinadas ao bem estar fisiológico (setor para atendimento médico e setor para atividades físicas) e ao bem estar psicológico (setor de atividades terapêuticas e ligadas ao lazer); e defender a importância do vínculo dos residentes com a natureza, a partir da criação de jardins internos e do incentivo ao uso de espaços abertos. O agente de intervenção responsável pela captação de recursos para a construção da proposta é a iniciativa pública. O Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03) considera pelo menos 3% das moradias reservadas para compra por idosos em programas habitacionais públicos ou subsidiados, mas esse número pode subir para 5% a partir de um projeto aprovado pela Comissão de Desenvolvimento Urbano e em análise pelas Comissões de Seguridade Social e Família e de Constituição e Justiça. A proposta vai valer também para os imóveis do Programa Minha Casa, Minha 14

Vida, desde que o idoso se enquadre nas faixas de renda previstas. É uma tentativa de proporcionar mais qualidade de vida e atender às necessidades da população carente de terceira idade, que enfrenta dificuldades em obter condições dignas de moradia, justamente na fase de sua vida em que se encontram mais vulneráveis. Assim, a pesquisa se atenta em despertar o interesse da população como um todo, e principalmente de arquitetos e urbanistas, em propiciar aos idosos que acessem com segurança os mecanismos que lhes garantem igualdade de cidadania e mais independência para uma vida normal na utilização das edificações, apesar das limitações impostas pela velhice.




cap 1. TEORIAS


1.1 DEFINIÇÕES GERAIS: O conceito de idoso é diferenciado para países em desenvolvimento e para países desenvolvidos. Nos primeiros, são consideradas idosas aquelas pessoas com 60 anos e mais; nos segundos são idosas as pessoas com 65 anos e mais. Essa definição foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas, por meio da Resolução 39/125, durante a Primeira Assembleia Mundial das Nações Unidas sobre o Envelhecimento da População, relacionando-se com a expectativa de vida ao nascer e com a qualidade de vida que as nações propiciam aos seus cidadãos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera pessoas com mais de 60 anos como idosas, mesmo sabendo que para os países desenvolvidos esta quantidade de anos seja pouca. No Brasil, criou-se uma uniformização do ser humano idoso com base cronológica, apesar de se constatar que outras condições, tais como físicas, funcionais, mentais e de saúde, podem influenciar diretamente na determinação de quem seja idoso. Assim, considera-se idoso aquele 18

que tem 60 anos e mais, e para estas são dispensados alguns direitos como gratuidade no transporte, prioridade de atendimento em serviços públicos e estabelecimentos comerciais, entre outras medidas que estão dispostas no Estatuto do Idoso.


1.2 O IDOSO E O MUNDO:

A OMS afirma que as causas do aumento do envelhecimento são a redução nas taxas de fertilidade e o aumento da longevidade, devido aos aperfeiçoamentos da medicina moderna. As taxas de fertilidade têm caído abruptamente, e até 2025 a estimativa é que 120 países terão suas taxas abaixo do nível de reposição que é de 2,1 crianças por mulher. O papel do idoso precisa ser revisto e, para tanto, a ONU, em seu Plano de Ação Internacional de Envelhecimento, faz um alerta para a necessidade indispensável em se assumir compromissos de fortalecer políticas e programas com o objetivo de criar sociedades de inclusão e coesão para todos – homens, mulheres, idosos, jovens e crianças. Sejam quais forem as circunstâncias em que se encontram os idosos, todos têm o direito de viver num ambiente que realce suas qualidades. O envelhecimento ativo é outra recomendação da Organização das Nações Unidas – ONU, e esse conceito inclui a otimização da saúde, a qualidade e a motivação para a vida, fatores que pressupõem a boa

solução das necessidades habitacionais. Outro plano Internacional a ser citado é o Plano de ação sobre a saúde das pessoas idosas, incluindo o envelhecimento ativo e saudável (Organização Pan-Americana da Saúde, Washington, 2009) – Neste plano aborda-se as necessidades de saúde cada vez maiores da população que está envelhecendo rapidamente na América Latina e no Caribe. Incentiva-se que os países membros da OPAS e os organismos de cooperação internacional se concentram em melhorar as políticas públicas que afetam a saúde das pessoas idosas, equipando os sistemas de saúde e capacitando os recursos humanos para satisfazer suas necessidades especiais e melhorando as capacidades dos países de gerar a informação necessária a fim de apoiar e avaliar as medidas empreendidas nesse sentido. O Plano de Ação é uma resposta aos acordos internacionais e regionais, e nele são definidas prioridades para o período 2009-2018.

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1.3 O IDOSO E O BRASIL:

De acordo com dados do IBGE, o Brasil tinha 21 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos em 2012 (total de 11% da população). A estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que o País seja o sexto em número de idosos em 2025, chegando a 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais (total de 15% da população). Com esse grande crescimento da população idosa e a diminuição da população ativa, podemos observar sérias consequências socioeconômicas para o país. Abaixo serão listados os programas e políticas nacionais de saúde e direito de idoso: Estatuto do Idoso (Lei n° 10741, de 1° de Outubro de 2003) – Regula e reconhece os direitos das pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, sendo um instrumento para a realização da cidadania. O Estatuto dispõe sobre os direitos do idoso à vida, à liberdade, ao respeito, à dignidade, aos alimentos, à saúde, à convivência familiar e comunitária, entre outros direitos fundamentais (individuais, sociais, difusos e coleti20

vos), cabendo ao Estado, à comunidade, à sociedade e à família a responsabilidade pela asseguração desses direitos. Política Nacional do Idoso (Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994) - Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. A Política Nacional do Idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso (pessoas maiores de 60 anos de idade), criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. A Lei dispõe sobre os princípios, diretrizes, organização, ações governamentais e disposições gerais que deverão orientar a Política. Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (Portaria MS/GM n° 2528, de 20 de outubro de 2006) - Direciona medidas coletivas e individuais de saúde para população idosa em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde, a fim de promover a recuperação, a autonomia e a independência dos idosos. Normas de Funcionamento de Serviços de Atenção ao Idoso no Brasil (Portaria MPAS/SEAS nº 73, de 10 de maio 2001) - Estabelece normas de funciona-


mento de serviços de atenção ao idoso no Brasil. Essa portaria integra a regulamentação da Política Nacional do Idoso e propõe novas modalidades de atenção ao idoso, que poderão ser adequadas à realidade de cada município, entendendo que é fundamental a participação do idoso, da família, da sociedade, dos fóruns e dos conselhos nas formas de organização dos serviços de atenção ao idoso, a saber: família natural; família acolhedora; residência temporária; centro dia; centro de convivência; casa lar; república; atendimento integral institucional; assistência domiciliar/atendimento domiciliar. Normas para Cadastramento de Centros de Referência em Assistência à Saúde do Idoso (Portaria MS/SAS nº 249, de 16 de abril de 2002) - Aprova normas referentes ao cadastramento de Centros de Referência em Assistência à Saúde do Idoso. Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso (Portaria MS/GM nº 702, de 16 de abril de 2002) - Cria mecanismos para a organização e implantação de Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso. Essas redes são integradas por hospitais gerais e centros de refe-

rência em assistência à saúde do idoso. Programa Nacional de Cuidadores de Idosos (Portaria Interministerial MPAS/ MS nº 5.153, de 7 de abril de 1999) - Institui o Programa Nacional de Cuidadores de Idosos coordenado por Comissão Interministerial, constituída por representantes da Secretaria de Estado de Assistência Social do Ministério da Previdência e Assistência e da Secretaria de Políticas de Saúde do Ministério da Saúde. A Portaria leva em consideração o acelerado processo de envelhecimento da população brasileira; a necessidade de criar alternativas que proporcionem aos idosos melhor qualidade de vida; a diretriz de atender integralmente ao idoso e a sua família; o objetivo de reduzir o percentual de idosos institucionalizados; e a necessidade de habilitar recursos humanos para cuidar do idoso. Os cuidadores são divididos em diferentes modalidades: domiciliar (familiar e não-familiar) e institucional. Acompanhante Hospitalar de Pacientes (Portaria MS/GM nº 280, de 8 de abril de 1999) - Torna obrigatória nos hospitais públicos, contratados ou conveniados com o Sistema Único de Saúde 21


- SUS, a viabilização de meios que permitam a presença do acompanhante de pacientes maiores de 60 (sessenta) anos de idade, quando internados. Advertências e Recomendações sobre Usos de Medicamentos (Lei nº 8.926, de 9 de agosto de 1994) - Torna obrigatória a inclusão, nas bulas de medicamento, de advertências e recomendações sobre seu uso por pessoas com mais de 65 anos. Conselho Nacional dos Direitos do Idoso (Decreto nº 5.109, de 17 de junho de 2004) - Dispõe sobre a composição, estruturação, competências e funcionamento do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso (CNDI). Este é um órgão colegiado de caráter deliberativo, integrante da estrutura básica da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, que tem por finalidade elaborar as diretrizes para a formulação e implementação da Política Nacional do Idoso, observadas as linhas de ação e as diretrizes conforme dispõe o Estatuto do Idoso, bem como acompanhar e avaliar a sua execução. Fundo Nacional do Idoso (Lei nº 12.213, de 20 de janeiro de 2010) - Institui o Fundo Nacional do Idoso, destinado 22

a financiar os programas e as ações relativas ao idoso com vistas em assegurar os seus direitos sociais e criar condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. Além disso, autoriza as pessoas físicas e jurídicas a deduzirem do imposto de renda devido as doações efetuadas aos fundos municipais, estaduais e nacional do idoso. Plano de Ação para o Enfrentamento da Violência Contra a Pessoa Idosa (Subsecretaria de Direitos Humanos, 2005) – O Plano de Ação para o Enfrentamento da Violência Contra a Pessoa Idosa é resultado do esforço conjunto do governo federal, do Conselho Nacional dos Direitos dos Idosos (CNDI) e dos movimentos sociais. Pretende estabelecer as estratégias sistêmicas de ação, revelando, assim, sua importância, tendo em vista o resultado do planejamento, organização, coordenação, controle, acompanhamento e avaliação de todas as etapas da execução das ações de prevenção e enfrentamento da violência contra a pessoa idosa. Dia Nacional do Idoso (Lei nº 11.433, de 28 de dezembro de 2006) - Institui o dia 1º de outubro como o Dia Nacional do


Idoso. Também determina que os órgãos públicos responsáveis pela coordenação e implementação da Política Nacional do Idoso fiquem incumbidos de promover a realização e divulgação de eventos que valorizem a pessoa do idoso na sociedade. Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 2007) Regulamenta o Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social devido à pessoa com deficiência e ao idoso de que trata a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. O BPC, no valor de um salário mínimo mensal, é garantido à pessoa com deficiência e ao idoso, com idade de sessenta e cinco anos ou mais, que comprovem não possuir meios para prover a própria manutenção e nem de têla provida por sua família e que cumpram as condições determinadas no Decreto.

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1.4 O IDOSO E O ESTADO:

De acordo com o IBGE, no Estado de São Paulo, as estatísticas apontam para quase 4 milhões de paulistas acima dos 60 anos (total de 10,52% de idosos da população). Em São Paulo temos o Conselho Estadual do Idoso (CEI), que é integrado por representantes de secretarias estaduais e de organizações da sociedade civil e tem como função articular, mobilizar, estimular, apoiar e deliberar sobre questões relativas à Política Estadual do Idoso em todas as suas instâncias e em consonância com a Política Nacional do Idoso. Entre suas atribuições incluem-se ainda: a organização de campanhas de conscientização e programas educativos com vistas à valorização dos idosos, a mobilização das comunidades interessadas na problemática dos idosos, e o incentivo ao desenvolvimento de projetos que incrementem a participação dos idosos nos diversos setores da atividade social. A Universidade Aberta da Pessoa Idosa (UAPI) é uma iniciativa pioneira do município de São Paulo que tem por objeti24

vo a ampliação do conhecimento da pessoa que envelhece e de jovens que tenham interesse em trabalhar com a população idosa, criando um ambiente Inter geracional. O Trabalho Social com Idosos do Serviço Social do Comércio (Sesc) de São Paulo é considerado inovador e pioneiro em âmbito nacional. O Sesc investiu na qualidade dos serviços prestados, acompanhou as mudanças ocorridas e tornou-se uma referência nacional nas questões ligadas à pessoa idosa. Seu trabalho evoluiu significativamente, reformulando conceitos, ampliando programas, contribuindo para a mobilização da sociedade, sugerindo e gerando medidas concretas que colaboraram para a inserção social e a definição de uma política nacional do idoso brasileiro.


1.5 O IDOSO E O MUNICÍPIO: Na cidade de Ribeirão Preto – SP, onde este projeto será implementado, temos 12,17% do total da população com mais de 60 anos (IBGE). O Programa Municipal do Idoso propicia o atendimento ao idoso acima de 60 anos de ambos os sexos, com renda familiar de até três salários mínimos em situação de vulnerabilidade ou exclusão social, oferecendo-lhes oportunidades para o seu fortalecimento familiar, pessoal e social, com vista à sua inclusão, autonomia e independência, garantindo espaço de convivência e socialização, estimulando a participação e organização social do idoso e melhorando a qualidade de vida, tanto do idoso como de seus familiares. Esse programa é desenvolvido por meio do Núcleo da Terceira Idade, com gestão participativa e grupos localizados em diferentes bairros, oferecendo atividades ocupacionais, físicas adaptadas, de lazer, recreação, culturais e artísticas. O programa tem como parceiros os Governos Estadual e Federal, as Secretarias Municipais da Saúde, Esporte e Educação

e conta com a cooperação de voluntários: pessoas da comunidade, profissionais especializados e universitários no desenvolvimento de atividades diárias. (Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, 2015) Núcleo da Terceira Idade: local onde os idosos passam o dia, podendo realizar diversas atividades como alfabetização, informática, teatro, jogos de mesa, yoga, artesanato, vôlei adaptado, coral, entre outras. Também conta com um baile que é realizado duas vezes por semana. O Centro de Saúde Escola (CSE) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP propõe um atendimento mais integral e individualizado ao idoso, a partir do planejamento da assistência de enfermagem, para um enfoque na prevenção de necessidades do idoso e não apenas na “doença”. O PIC (Programa Integração Comunitária) tem em seus objetivos ampliar o papel das Unidades Básicas de Saúde UBS’s - através da prática de exercício físico, recreação, e fomentar a participação da população na UBS, como meio de torná-la um local onde trabalhadores e comunidade possam se transformar, apontando 25


para o auto cuidado, responsabilidade pela saúde individual e sócio ecológica. A Olimpic (Olimpíada do Programa de Integração Comunitária) é desenvolvida desde 1996 em Ribeirão Preto, defendendo a importância do esporte em todas as idades. Uma iniciativa do Fundo Social de Solidariedade com o apoio da Secretaria Municipal de Esportes e da Secretaria Municipal da Saúde, a Olimpic envolve participantes da 3ª Idade, de diversos bairros, entre as equipes esportivas dos PICs (Programas de Integração Comunitária). Participam também do torneio grupos de programas de hipertensão e diabetes, e times da 3ª Idade do Sesc e Sesi. O evento já se coloca como um dos mais expressivos encontros esportivos de atletas da 3ª Idade do Estado de São Paulo, reunindo cerca de 1.000 atletas todos os anos. A Coordenadoria Municipal do Idoso trabalha no combate às várias formas de violação, entre elas, a estrutural, envolvendo a questão social, velhice pobre, desprotegida e abandonada; institucional e familiar, desatenção, negligência e maus tratos; violência financeira, exploração e posse dos recursos dos idosos; estatal, descum26

primento das leis e ausência de políticas e ações; manifestações de violência física nos lares e nos meios urbanos; entre outras. O CECI (Centro Especializado de Convivência para o Idoso) acolhe a população idosa durante toda a semana, das 8h às 18h. Possui uma equipe multidisciplinar completa, com coordenador, psicólogo, assistente social, educadores, enfermeira, cozinheira, nutricionista, serviços gerais e vigilantes, ficará à disposição dos idosos. Os integrantes contarão com café da manhã, almoço e café da tarde. Entre as atividades disponíveis estão artesanato, ioga, música, filmes, teatro, passeios e festas comemorativas. Implantado com recursos municipais, o equipamento tem por objetivo atender idosos com 60 anos ou mais, em situação de vulnerabilidade social. Para a seleção dos idosos, equipe do Ceci avaliou a condição do idoso (suscetível a ser ferido ou ofendido), ou em condição de isolamento, pertencentes a famílias que trabalham e não conseguem prover os cuidados dos idosos durante o dia ou parte dele. Locais que oferecem atividades para terceira idade em Ribeirão Preto: – Núcleo da Terceira Idade (Av. Saudade


com Rua Aliados) : ginástica, teatro, coral, ioga e todas as sextas-feiras baile (13h-18h). – Sesc Ribeirão Preto (Rua Tibiriçá, 50 tel: 39774477): oficinas, esportes, coral, danças e cantigas de roda. – Centro de convivência para idosos (Rua Dina Sacci Stigall, 735 Jd. Juliana): atividades saúde, cultura e recreação. – Centro de Atividades SESI (Rua Dom Luís do Amaral Mousinho, 3465 – Castelo Branco tel: 3603-7300): cursos de pintura, culinária e atividades esportivas.

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cap 2. PROJETOS


2.1 PROJETOS E PEDAGOGIAS

O governo brasileiro também vem tomando certas medidas para melhorar a qualidade de vida dos idosos. Em 1988, a Constituição da Republica Fede rativa do Brasil determina que todos os cidadãos são iguais perante a lei, e tem direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Determina ainda alguns privilégios, aos idosos, como a desobrigação legal em votar após os 70 anos de idade, dispensa aposentados do pagamento de impostos de renda, traz gratuidade nos transportes coletivos, entre outros. A Lei 6.179 de 1974 institui amparo previdenciário para maiores de 70 anos e para inválidos e da outras providências. A Lei 8.842 de 1994, que dispõe sobre a política nacional do idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências cujo artigo primeiro explica o objetivo principal da política nacional do idoso “criar condições para promover sua autonomia, integração e participação na sociedade”. E a Lei 10.048 de 2000 da prioridade de atendimento a grupos de pessoas específicos, incluindo idosos. 30

O idoso, ao se aposentar, passa a ter seu tempo livre de obrigações, mas a falta de preparo para a transição de uma vida ativa, cheia de compromissos e relações sociais para uma vida inativa e basicamente dedicada ao lazer precisa de preparo e planejamento, para não ser tornar uma experiência difícil e traumática. Algumas iniciativas têm sido colocadas em prática, na tentativa de preparar as pessoas para essa nova fase de suas vidas. Grandes empresas como as estatais, as multinacionais e as do setor bancário, têm realizado programas de preparação para aposentadoria (PPAs), que tem caráter informativo e de formação. Neles as pessoas que estão prestes a se aposentar passam por um processo de adaptação e reflexão sobre o futuro que está por vir. Assim, deve-se pensar em um grupo de atividades relacionadas ao lazer que possam ser executadas pelo idoso que, ao se aposentar, evita a repetição de gestos diários. Atualmente existem muitas possibilidades de atividades de lazer às quais os idosos podem ser dedicar. Entre elas temos os cursos de formação, os cen-


tros de convivência, os grupos em postos de saúde, as comunidades da igreja, os grupos para pratica de exercícios ao ar livre, os grupos de terceira idade para realização de excursões, entre outras atividades que priorizam o lazer nas áreas de interesse social, intelectual e físico. A criação dos Núcleos de Estudos da Terceira Idade objetivam desenvolver estudos e pesquisas na área de gerontologia, para disponibilizar à comunidade mais conhecimento e envolvendo e inserindo os idosos no meio acadêmico. Já as Universidades Abertas da Terceira Idade têm objetivos mais amplos e estabeleceram um conjunto de metas para suas ações nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, como por exemplo promover estudos, debates, pesquisas e assistência à população idosa, prestar consultorias e serviços a órgãos governamentais e não governamentais em assuntos que envolvam a terceira idade, promover cursos para idosos visando atualizar seus conhecimentos e integrando-os à sociedade contemporânea, prestar assistência médica, jurídica e física lato sensu à população idosa, entre outros. A primeira universidade constituiu-se

formalmente em 1993 no Rio de Janeiro. Podemos citar também as atividades de voluntariado em creches e demais instituições, colaborando para a adaptação do idoso na medida em que continua prestando serviços, mas não existe a obrigação de quando trabalhava. A criação de espaços de lazer próprios para a terceira idade ainda é mínima e geralmente fazem parte de ações não governamentais que promovem centros-dias e clubes especializados nessa faixa etária. Os idosos devem se manter ativos física, psicológica e socialmente, independentemente da escolha de lazer que faça.

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2.2 EQUIPAMENTOS DE ACES- 2.2.1 CASA ACESSÍVEL SIBILIDADE O projeto se destina a atender pessoas da terceira idade que estão preocupadas em envelhecer com saúde e disposição, idosos independentes que precisam de pouco auxílio para suas atividades. O projeto irá considerar a Norma Brasileira de Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos – NBR 9050/94, uma vez que a execução das tarefas diárias se torna mais difícil com o passar dos anos. Assim, consideramos que a idade está relacionada a mudanças fisiológicas e psicológicas. As determinações da norma serão consultadas ao longo do desenvolvim ento do projeto, para que sejam determinadas dimensões mínimas, sinalizações e equipamentos adequados tanto para os ambientes comuns, como áreas de convivência e recepção, quanto para as unidades de habitação e seus equipamentos e instalações, como cozinha e sanitário.

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O Instituto Muito Especial, com apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia, criou o projeto Casa Acessível para Pessoas portadoras de necessidades especiais de Recife. A iniciativa foi promover e divulgar os conceitos de acessibilidade na construção de habitações, reunindo diversos produtos que facilitam a vida da pessoa com deficiência, mobilidade reduzida e dos idosos em Pernambuco.


Detalhes da SALA DE ESTAR E JANTAR: sofá sem um dos “braços” para transferência da cadeira de rodas para o sofá. A mesa tem proteção nas e é resistente ao peso de uma pessoa que pode, por exemplo, buscar apoio ao sentir tontura. 33


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Detalhes do DORMITÓRIO DE CASAL: cama retrátil, comandada por um controle remoto. Ao lado da cama é sempre bom ter um telefone com números grandes, principalmente para idosos. A porta do armário levanta com um simples toque.

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Detalhes do DORMITÓRIO DE SOLTEIRO: uma bancada única acomoda toda parte tecnológica do espaço. O que mais chamou atenção foi um aparelho que transmite para a tela do computador o que está no livro, só que em letras maiores para quem tem baixa visão. Tinha também uma impressora que fazia a leitura do livro e ao lado um aparelho que fazia a transposição das frases em Braille.

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Detalhes do BANHEIRO: vaso com barra de apoio retrátil com altura variável. A banheira ganhou um assento que “busca” a pessoa com deficiência e “afunda” na banheira junto com a pessoa, evitando mais uma transferência. Tudo isso com acionamento por um botão. A pia tem altura variada, ajustada por dois botões (com indicação em Braille) de sobe e desce. Assim os moradores da Casa fazem sua própria regulagem. O espelho é inclinado ou não e também depende da altura e da necessidade dos moradores. 39


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Detalhes da COZINHA: na bancada de “trabalho” da cozinha tem um fogão tipo “cooktop” que permite aproximação, a pia logo ao lado, máquina de lavar louça e microondas em posição agradável. O microondas tem etiquetas em Braille. A mesa da cozinha tem aproximação para uma ou duas cadeiras de rodas. Apertando um botão a prateleira do armário desce, a pessoa pega o que precisa e depois a prateleira sobe. 41


Detalhes da ÁREA DE SERVIÇO: a máquina de lavar roupa tem abertura frontal e o tanque é suspenso. O varal tem um acionamento eletrônico onde apertando um botão todo o varal desce e sobe.

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cap 3. PROJETOS DE REFERÊNCIA INTERNACIONAIS


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3.1 RESIDÊNCIA DE ANCIÃOS, Atelier Toyo Ito. Yatsushiro – Kumamoto – Japão (1992-1994).


RELAÇÃO COM A CIDADE: O edifício fica situado num lote que funciona como uma espécie de quarteirão, construído artificialmente numa zona anteriormente de mar, ao lado do porto de pesca em Hinagu, na costa do Mar de Shiranui, num meio urbano. Os espaços internos e externos se comunicam através de grandes planos de vidro como fechamento nos dormitórios e no refeitório permitindo que os idosos desfrutem do belo visual ao redor. 48


ESTRUTURA: Os espaços fragmentados se concentram embaixo de uma cobertura plana, constituída de pranchas metálicas, que é suportada por muros de concreto e também por delgados pilares de metal que se apoiam em vigas planas na altura da cobertura. 49


TÉRREO

1º PAVIMENTO

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PROGRAMA: O edifício baseia-se num corpo retangular, recortado por formas elípticas bem expressivas que definem espaços, entradas de luz, pátios interiores e zonas exteriores. O edifício possui dois pavimentos. Térreo - recortes que permitem a transposição do volume


e definem a zona da entrada principal, e que possibilitam espaços comuns exteriores. É composto por administração, serviços, convívio, refeitório, dormitórios e sala de banho de uso comum. Pavimento Superior - composto por dormitórios, sala de conferências e um jardim de cobertura.

UNIDADES: As unidades de 40m² tem características típicas orientais, como a simplicidade, o espaço amplo e os materiais. Quarto com dimensão de 6 tatames – 4,5 x 2,7 m = 12,15m². Estão organizados em pares direito/esquerdo; na entrada um pequeno hall, onde estão dispostos opostamente um lava mãos e um sanitário. Servindo os dois quartos, há apenas um armário para guardar objetos pessoais, e a cama.

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MATERIALIDADE INTERNA: Para os interiores do edifício, Toyo Ito preocupouse em recriar espaços e ambientes “caseiros”: quartos pintados de branco, suaves, com pisos de madeira que alternam o tatami; espaços com paredes em betão pintado a cores fortes com pisos em bambu; painéis de madeira clara “aquecem” o ambiente das salas e dos espaços de convivência ou meditação, que escondem os equipamentos nas paredes, cores nas paredes avivam os espaços e dão dinâmica ao edifício, grandes vãos de caixilharia de madeira que trazem a paisagem para o interior do edifício e a cobertura metálica com chapa ondulada, com perfurações elípticas, dão uma certa informalidade aos espaços de convívio e permitem ter perspectivas e movimentos de luz que variam com o passar do tempo.

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MATERIALDADE EXTERNA: Os materiais utilizados nos revestimentos exteriores procuram sublinhar a individualidade do edifício, contrastando com a envolvente de construções metálicas precárias de armazenamento das alfaias piscatórias, e assumir uma identidade própria. No alçado Sudeste (alçado principal), a rigidez da métrica dos vãos das células – intercalada pelo espaço da entrada e por uma zona exterior – é acentuada pela frieza do betão aparente (herança ocidental). Uma cinta horizontal que define os pisos desenha as varandas dos quartos e sublinha a horizontalidade do edifício. No alçado oposto, o edifício ganha uma plasticidade completamente diferente: a irregularidade dos vãos ditada por formas elípticas que perfuram as lajes verticalmente; a oscilação de volumes que permitem espaços cobertos e jardins na cobertura, a variação de alturas, grandes vãos de vidro, as cores, dão uma vida própria ao edifício, criando uma ligação direta aos espaços exteriores – zonas convívio, de jogos e de cultivo.

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INSOLAÇÃO E VENTILAÇÃO: A luz do sol e a ventilação penetram de maneira direta o interior do edifício, através de recortes feitos na cobertura do mesmo. Isso leva a um menor gasto com energia. CIRCULAÇÃO: Corredor central (circulação principal) onde estão distribuídos todos os ambientes do edifício, separando uso privado de uso coletivo. As áreas de uso privado, como os dormitórios, tem vista para a vila de pescadores (sul). Já as áreas de uso coletivo, como o refeitório, tem vista para o mar (norte). O hall de entrada, que atravessa o edifício, dá acesso ao prédio por ambos os lados.

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3.2 100 WoZoCoS, Atelier MVRDV. Amsterdã – Osdorp – Holanda. (1994-1997).


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RELAÇÃO COM A CIDADE: As áreas suburbanas de Osdorp procuravam meios inovadores e eficientes para lidar com o significante crescimento da população local, enquanto preservava ao máximo as grandes e abertas áreas verdes do bairro. Assim, os apartamentos fora uma resposta direta dos arquitetos para equilibrar as metas. O edifício está interligado entre a rua, os prédios e o paisagismo: fica em uma praça coberta por lajetas de betão, que regulam o quarteirão delimitado por árvores de médio porte. Suas alternâncias de cheio/vazio formam pequenos canteiros de vegetação, de dimensão irregular e orientadas com volume. O edifício torna-se imponente em relação aos outros que o rodeiam (tanto por sua altura, como por sua dimensão). 61


ESTRUTURA: Os blocos suspensos foram estruturados com perfis de aço fixados na estrutura de concreto do bloco principal e revestidos com madeira. Esses blocos suspensos são organizados em dois pavimentos separados por lajes duplas préfabricadas de concreto para evitar ruídos entre os apartamentos. A estrutura é ocultada dentro do bloco principal sob um revestimento em madeira que cria um senso de instabilidade entre as conexões das finas paredes da fachada norte. Além disso, foram utilizadas treliças modificadas nos apartamentos externos.

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TÉRREO

1º PAVIMENTTO

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PROGRAMA: Limitado pelas regulamentações do zoneamento da área, o MVRDV calculou que apenas 87 das 100 unidades propostas caberiam na área determinada seguindo as normas de iluminação natural. A partir disso surgiu a ideia de suspender em balanço as unidades restantes na fachada norte para conectar-se a galeria transpa-


4º PAVIMENTTO

5º PAVIMENTTO

rente do bloco principal encontrada abaixo, criando ainda espaços no restante do terreno. A função inicial deste edifício previa a habitação para idosos, mas também permitia albergar pessoas de outras idades. É uma arquitectura arrojada, mas livre de qualquer tipo de compromisso com os utilizadores idosos. Seu programa é comum a muitas outras unidades de habitação: a galeria num extremo (Norte) e os apartamentos virados para outro extremo (Sul). Podemos verificar através das manchas em planta que a área mais significativa destina-se a habitação. O corredor/galeria, com cerca de 1,20m de largura, tem apenas a função de distribuição, estando a única área comum situada na zona da entrada, no piso térreo. 65



MATERIALIDADE EXTERNA: Os corredores de circulação horizontal estão localizados na fachada norte do bloco principal, sendo apenas parcialmente vedados, com panos de vidro posicionados “aleatoriamente”, de modo a proporcionar uma dinâmica visual – alternando vazios, reflexos, transparências e semi-transparências – como pano de fundo aos monumentais blocos suspensos. A utilização dos panos de vidro também é útil para a protecção das intempéries naturais, embora não protejam, na totalidade, a circulação dos moradores. Os volumes em balanço possuem revestimento exterior em madeira de pinho que, juntamente com as paredes, cobrem toda a estrutura do edifício – uma consequência da necessidade do isolamento térmico/acústico das habitações e das normas de protecção contra incêndio (uma vez que o sistema estrutural do edifício é todo metálico). Pode-se observar o contraste entre a textura “quente” da madeira dos blocos suspensos e a “frieza” do vidro ao fundo. A fachada Sul é toda revestida em madeira (excepto o andar térreo, revestido de placas de alumínio), onde se destacam as janelas e terraços irregulares em formas, cores e tamanho. MATERIALIDADE INTERNA: Os materiais utilizados nos interiores são materiais leves e económicos, estrategicamente escolhidos de modo a compensar assim o custo adicional da construção dos volumes suspensos: apenas o gesso cartonado, alumínio na caixilharia e a madeira utilizada nas portas e chão, permitindo também assim alguma versatilidade de espaços.

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UNIDADES: Todos os apartamentos possuem a mesma área útil de aproximadamente 80 m2; são habitações de apenas um quarto, mas algumas delas contêm um pequeno espaço que também pode ser utilizado como quarto adicional. A distribuição destas habitações é bastante simples: o quarto principal e a sala estão virados a sul, deixando a cozinha e os serviços voltados para o corredor de circulação a norte; os sanitários são ventilados por ductos e iluminados artificialmente. As divisões internas, sem função estrutural, são leves e susceptíveis de flexibilização.

CIRCULAÇÃO: Os corredores de circulação horizontal estão localizados na fachada norte. No sudoeste do edifício cria-se um espaço exterior térreo com pilotis, ampliando a área de convívio e diversificando ainda mais o caráter monolítico da construção. Ao norte do edifício há uma pequena faixa elevada que permite o estacionamento.

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3.3 MORNINGTON CENTRE, Atelier Lyon. Victoria – Mornigton – Austrália (2007)


RELAÇÃO COM A CIDADE: Situado muito perto do litoral, têm-se o edifício como uma grande casa de praia ou um hotel costeiro - e não um hospital. É cercado por vegetação e por isso não se relaciona com as residências que se encontram em suas proximidades.

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PROGRAMA: O edifício possui uma nova linguagem para descrever o programa. Através de sua especialidade integrada às normas, o edifício torna-se um centro médico onde família e profissionais trabalham juntos no atendimento aos moradores. Ele conta com 90 quartos, além de áreas de convívio, recepção, salas de terapia, academia, áreas de leitura, setor administrativo, lounge e uma sala de jantar que é o centro social e foco na construção da família. Nela familiares, convidados e funcionários reúnem-se para comer, conversar e tomar uma xícara de chá. 75


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MATERIALIDADE EXTERNA: Tomando partido pela casa de praia, o edifício parece revestido em superdimensionadas tábuas de madeira, que são na verdade tijolos. Esta operação dá ao edifício uma escala familiar e atende aos requisitos de utilização como unidade hospitalar. Os tijolos são do tipo Nubrik Classic 230 - As cores ricas que possuem são tão naturais quanto os minerais de que são feitos. Seu carácter atemporal e apelo individual são provenientes de sua composição, formação e tempo de queima no forno. Estes sólidos tijolos exalam qualidade e irão manter o seu apelo e durabilidade para as futuras gerações. Foi desenvolvido um design digital estriado para criar o relevo dos tijolos.

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CIRCULAÇÃO: A circulação se dá por meio de espaçosos corredores que permitem a passagem de cadeirantes e favorecem a boa ventilação e iluminação.

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INSOLAÇÃO E VENTILAÇÃO: Cada quarto foi concebido realmente como quarto e não como ‘ala’. Cada um possui uma janela de baía, onde a natureza pode ser apreciada. O ritmo de repetição destas janelas articula formalmente o edifício ao longo do seu comprimento e trabalha para controlar o sol quente do verão.


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cap 4. SITUAÇÃO EM RIBEIRÃO PRETO



LAR PADRE EUCLÍDES Fundado em 1919 pelo padre Euclides Carneiro, é a entidade mais antiga no segmento em Ribeirão Preto e a única a atender apenas idosos carentes, já que estatutariamente não pode atender “particulares”. Está localizada na Avenida da Saudade 1.577, no Bairro Campos Elíseos e atualmente atende 56 idosos, proporcionando-lhes uma vida digna nas “casinhas” existentes dentro do lar (um espaço, inclusive, tombado pelo Condephat). Parte deles está na enfermaria e, alguns, infelizmente, sem chances de um dia retornarem às suas moradias. O atendimento da enfermaria, na maioria dos casos, substitui o próprio atendimento nos hospitais da rede pública, pois frequentemente, depois de um atendimento de emergência como uma fratura, o hospital simplesmente reencaminha o paciente para o Lar. A instituição oferece aos idosos: moradia, alimentação, atendimento médico e odontológico, medicamentos, recreação, laborterapia e, acima de tudo, carinho e atenção. Todos os 56 idosos ficam em quartos com banheiro, cama, guarda-roupa e

televisão. Na instituição, eles recebem café da manhã, almoço, lanche e jantar, além de roupas e todo o serviço de limpeza. Os idosos que chegam ao Lar Padre Euclides aparecem por indicação de amigos, vizinhos ou simplesmente vão para lá sozinhos, a procura de um lugar que ofereça cuidados. Os Aposentados ou pensionistas deixam 70% do que recebem para a entidade, mas quem não pode contribuir também é acolhido. O problema é que os repasses municipais e estaduais estão muito aquém do que o Lar necessita e a fila de espera para entrar na instituição só aumenta. O trabalho voluntário de pessoas que doam o tempo delas aos idosos da instituição leva alegria e esperança ao Lar Padre Euclides. Podem ser gestos simples, mas para quem está sentado em uma cadeira de rodas ou para quem nunca recebe uma visita vale muito. “As principais coisas que oferecemos aqui são amor e carinho. Mostramos aos idosos que eles ainda estão vivos”, diz a Irmã Maria Bernadete, de 51 anos. Ela é uma das irmãs de caridade que se dedicam ao cuidado dos assistidos pelo Lar Padre Euclides.


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Os idosos participam de atividades desenvolvidas por voluntários como roda de leitura e aulas de pintura em tecido, onde eles produzem panos de prato, toalhas e puxa-sacos que são vendidos na loja da instituição. Além de fazerem novas amizades, esse estímulo é muito importante pois a leitura de livros de todos os tipos, principalmente os infantis, faz com que os idosos resgatem causos do passado e contem suas experiências.

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Outro projeto voluntario é Ouvidores de Histórias para a Terceira Idade, promovido pelo Centro de Voluntariado de Ribeirão Preto. Ele surgiu em 2008 e é voltado para o atendimento ao idoso. “Percebemos que os idosos não queriam ouvir histórias, eles queriam contar a vida deles”, explica Verter Cortucci, 69 anos, coordenador do Ouvidores de Histórias. Arlete Monçalves, 66 anos, formouse como ouvidora há oito anos. Às sextas-

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feiras, ela vai ao Lar Padre Euclides, senta em uma roda com idosos e ouve o que eles têm a dizer. “O baú deles é riquíssimo de experiências e lembranças. Já ouvi coisas fantásticas, inclusive de pessoas que fazem parte da nossa história”. A ouvidora conta ainda que quando chega à instituição, muitos idosos estão chorando, pois não receberam nenhuma visita durante o fim de semana. “Nós não substituímos parentes, mas amenizamos a dor”.


Todo mês tem a festa dos aniversariantes. Ela é realizada no terceiro domingo de cada mês e tem doce, bolo recheado, música e quem quiser participar é só entrar em contato com a instituição. A instituição também realiza outras festas do nosso calendário como festa junina e festa de Natal.

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FALTA DINHEIRO PARA ATENDER MAIS PESSOAS Aproximadamente 50 idosos estão na fila de espera para viver no Lar Padre Euclides. A instituição, hoje com 56 assistidos, tem capacidade para 100 moradores. Porém, falta dinheiro para atender mais pessoas. Segundo o administrador da instituição, Luiz Carlos de Menezes, de 74 anos, mensalmente a entidade recebe da prefeitura R$ 9.750 e do governo do Estado R$ 2.900. “Nosso gasto total, por mês, é em torno de R$ 90 mil. Temos vagas, mas não podemos assumir porque estamos com deficiência financeira”, afirma Luiz.

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CANADÁ RESIDENCE Há 10 anos a Canadá Saúde oferece para Ribeirão Preto e região uma estrutura completa em hotelaria geriátrica, buscando o que a vida pode melhor oferecer em conforto, tranquilidade e segurança. Ela atende diversos tipos de clientes, desde o perfil totalmente ativo e independente que deseja residir no local, até aqueles que necessitam de assistência especial como no caso de portadores de limitações motoras ou patologias como Alzheimer, AVC, dentre outras. A unidade localizada na Av. Sumaré 834, no Bairro Alto da Boa Vista foi instituída em um casarão colonial dos anos 80, considerado por muitos um patrimônio da cidade de Ribeirão Preto, com amplas salas e quartos, além de dependências confortáveis e detalhadamente decoradas. Para melhor utilização, o andar inferior foi destinado à ala intensiva com suporte àqueles com maior dependência, o andar térreo possui salas e jardins de convivência além de estrutura de serviços, bem como confortáveis dormitórios, e no andar superior se localizam dormitórios aconche-

gantes e amplos. O residencial é totalmente acessível aos portadores de necessidades especiais, seguindo a premissa básica da integração. As áreas comuns são recantos para relaxar conversar ou simplesmente apreciar o amplo jardim interno que conta com piscina com deck de madeira, salas climatizadas e refeitório do sistema buffet onde os hóspedes e familiares que desfrutam de agradáveis locais para se encontrarem e viver além da varanda e espaço gourmet ideais para um cafezinho. Tudo é pensando de acordo com as necessidades de cada um: desde o serviço de hospedagem, até atividades de entretenimento, lazer, reabilitação, assistência e acompanhamento médico, fisioterápico, nutricional e psicológico. A unidade oferece atividades e oficinas para serem realizadas não só pelos usuários, mas também pelos familiares e visitantes, estimulando a integração entre as famílias e gerando uma grande energia positiva. Dentre elas podemos citar: oficina de memória, terapia ocupacional, tai chi chuan, oficina culinária, oficina psicológica, oficina de cinema, oficina de pintura, 95


terapia no piano, musicoterapia, fisioterapia e academia especializada, acupuntura, serviรงo leva e trรกs, aulas de informรกtica, dentre outras.

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As suítes podem ser de uso individual ou coletivo e possuem ar-condicionado, cama box, poltronas confortáveis, televisão e frigobar. Em todos os quartos são encontradas campainhas de emergência com painéis localizados na enfermagem de cada andar, direcionando e agilizando o atendimento, bem como câmeras de monitoramento às quais possuem acesso pela equipe de enfermagem para visualização do dia a dia, proporcionando segurança e agilidade no atendimento de emergência.

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A Canadá Residence oferece um spa terapêutico com banheira de hidromassagem, cromoterapia, shiatsu, cabeleireiro, manicure, maca migun para tratamento da coluna, poltrona de massagem dentre outros serviços opcionais. A área de fisioterapia e a academia são equipadas com o que há de melhor para prover tratamentos de reabilitação ou prevenção, inclusive com opção de personal trainer. 102


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DAY CARE Programa que inclui atividades culturais, sociais e físicas voltadas para a promoção da saúde e entretenimento. Os programas se iniciam às 7h e terminam às 18h30 e incluem refeições, troca de experiências com outras pessoas e exercícios em um ambiente extremamente agradável, além de avaliações periódicas com a equipe de saúde.

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CUIDADOS ESPECIAIS Os exames laboratoriais, quando necessários, serão realizados nos locais de confiança dos familiares ou laboratórios parceiros. Mas, estão disponíveis exames na própria unidade, como: eletrocardiograma, exame de capacidade pulmonar, dentre outros, proporcionando conforto e menos tempo de resposta nas condutas. Eles oferecem também uma opção de hotelaria para aqueles que necessitam de cuidados mais especiais, seja devido ao grau de dependência motora e alimentar, bem como para clientes que estão em fase

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pós-operatória e precisam de alguns cuidados. Para suprir tais demandas, criaram uma ala onde o cuidado é intensivo, com leitos hospitalares, colchão de ar para prevenção de ulcerações na pele, ar comprimido e oxigênio encanado, equipamentos de suporte como concentradores de ar, Bpap, monitoramento de sinais vitais, entre outros. Na Ala Intensiva, o usuário tem Fisioterapia específica, com equipe direcionada aos procedimentos necessários na área de enfermagem e médica. Possuem programas especiais para reabilitação pós operatório de próteses ortopédicas e pós AVC.


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cap 5. ÁREA DE INTERVENÇÃO


A ÁREA A escolha da área levou em consideração o índice de idosos presentes na mesma e também a proximidade com: - Parques e/ou praças: Favorecendo a prática de atividades físicas e seu contato com a natureza, além de incentivar a integração da terceira idade com as várias faixas etárias da população que faz uso destes espaços. - Centros de compra, shopping ou mercados: facilitando os passeios de lazer e compras e promovendo a independência dos usuários. - Unidades de saúde: para qualquer emergência mais grave, o pronto atendimento precisa ser rápido e eficiente. Além disso, a estrutura é necessária para realização de exames preventivos que se tornam mais frequentes nessa fase da vida. - Pontos de ônibus e taxi: facilitando a locomoção dos idosos e promovendo sua independência. Assim, a área escolhida está localizada no Bairro Campos Elíseos e é formada por 10 galpões que eram utilizados para a prestação de serviços automotivos, mas que atualmente estão sem uso. 110

DADOS DA ÁREA - SETOR -> Norte; Subsetor N-1 - ZONEAMENTO -> ZUP (Zona de Urbanização Preferencial) - ÁREA DO TERRENO -> 3.514,40m² - RECUOS MÍNIMOS -> Frontal: 4,0m Lateral: 1,5m - Fundos: 4,0m - ÁREA MÁXIMA EDIFICÁVEL-> 6 x área do terreno - 6 x 3.514,40 = 21.086,40m² ALTURA MÁXIMA -> 2,5 (L+R), onde L = largura da via pública e R = recuo de frente do edifício: 2,5 (13,3 + 4) = 43,25m² - TAXA DE OCUPAÇÃO -> 80% - COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO -> 5


Através do mapa de USO DO SOLO, podemos dizer que se trata de uma área mista, onde se desenvolvem atividades residenciais, comerciais e também serviços. O formato e tamanho das quadras interferem na atividade desenvolvida nos mesmos, uma vez que as quadras menores e as mais recortadas por travessas possuem geralmente uso residencial.

A partir da leitura do mapa de GABARITO, pode-se observar que as áreas não são verticalizadas, uma vez que percebemos o domínio de edificações com no máximo 2 pavimentos.

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O MAPA DE EQUIPAMENTOS nos mostra a proximidade com escolas e creches, além de uma UBS, um hospital e abrigos para idosos como o Asilo Padre Euclídes e o Abrigo Anna DIederischen. 112


O terreno possui apenas 1 curva de nテュvel, que serテ。 retirada tornando a TOPOGRAFIA completamente plana.

MAPA DE PONTOS DE テ年IBUS: grande quantidade de pontos nas proximidades.

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O ENTORNO – LOTES VIZINHOS Pode-se observar que os antigos galpões e a igreja que formam a área estudada se destacam da vizinhança com relação ao seu tamanho e altura. As casas do entorno possuem em média apenas um pavimento (2,80m), enquanto os galpões existentes na Rua José de Alencar possuem altura de aproximadamente 2 pavimentos (5,0m) e a igreja situada na rua João Clapp possui altura de aproximadamente 3 pavimentos (8,0m)

Vistas Rua José de Alencar

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Vistas Rua Jo達o Clapp

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cap 6. PROJETO ARQUITETテ年ICO


PROGRAMA DE NECESSIDADES ÁREAS DE USO PÚBLICO ÁREA CULTURAL: 260m². É formada por ateliês e oficinas de arte, música, costura e culinária, que possuem fechamento em painéis modulares para reorganização do espaço. ÁREA DE DIVERSÃO E LAZER: 240m². O ambiente integra jogos de tabuleiro, videogames, pebolim e computadores conectados à internt, além de espaço para leitura e convívio. RESTAURANTE / BAR: 320m². Pode ser utilizado pelos moradores e visitantes para café da manhã, almoço e janta e também em momentos de descontração com amigos e familiares, pois conta com apoio para pequenas apresentações musicais. SALÃO DE FESTAS: 320m². Ambiente flexível e equipado para atender bailes, festas e comemorações em geral. 118

ÁREA DE CONVÍVIO INFERIOR: aproximadamente 670m². É coberta por um pergolado e promove a integração entre restaurante/bar e a área de diversão e lazer. ACADEMIA :130m². Equipada com aparelhos para fortalecimento muscular, auxiliando na fisioterapia. ÁREA VERDE: aproximadamente 150m². Composta por um pomar e horta integrados a áreas de convívio.

ÁREAS DE USO EXCLUSIVO DOS MORADORES RECEPÇÃO: 6m². Possui portaria 24 horas e sistema de identificação dos moradores, para maior segurança. ÁREA DA SAÚDE: 20m². Sala para atendimentos diversos: primeiro socorro, clínico geral, nutricionista, psicólogo e fisioterapeuta. ÁREA HABITACIONAL: 1890m². É formada por 33 unidades habitacionais, distribuídas em 4 pavimentos. Cada unidade


habitacional possui 40m² e é composta por sala e cozinha de apoio, quarto, banheiro e sacada. Os ambientes são divididos por painéis modulares, permitindo maior flexibilidade na organização espacial. Além disso tudo foi pensado para garantir maior conforto e segurança aos moradores: a cozinha de apoio possui cooktop elétrico para evitar acidentes como vazamento de gás e o quarto possui uma bancada que pode ser utilizada como “mini escritório”, incentivando sua produtividade.

QUADRO DE ÁREAS

LAVADERIA: 25m². Equipada para que os próprios moradores lavem seus pertences.

TERRENO

3.514,40 m²

TÉRREO

1.709,00 m²

1º PAVIMENTO

1.450,00 m²

2º PAVIMENTO

740,00 m²

3º PAVIMENTO

740,00 m²

CIRCULAÇÃO

631,80 m²

TOTAL

5.270,80 m²

ÁREA DE CONVÍVIO SUPERIOR COM PISCINA: 225m². Conta com churrasqueiras e áreas de descanso.

ÁREAS DE USO DOS FUNCIONÁRIOS ÁREA ADMINISTRATIVA: 140m². Sala para uso do departamento administrativo e financeiro. DML: 6m². Equipado com tanque. 119


MEMORIAL JUSTIFICATIVO Optou-se por um terreno de topografia plana e por circulações verticais acessíveis, como rampa e elevadores hidráulicos, além da escada, uma vez que o público alvo pode apresentar dificuldades de locomoção. Além disso, adotou-se a criação de 4 planos habitacionais para que as unidades recebam insolação e ventilação adequada. O Edifício foi concebido através da criação de dois eixos: o primeiro se utiliza da área mais estreita do lote para interligar as duas ruas de acesso ao edifício (Rua Joaão Clapp e Rua José de Alencar), delimitando assim, a circulação horizontal; o segundo é ocupado pelo bloco de integração e compreende o salão de jogos, o bar/ restaurante, o salão de festas e as oficinas de arte, além de uma extensa área de convívio. A área das habitações possui portaria 24 horas para maior controle do acesso ao bloco e assim, maior segurança dos moradores, evitando o acesso de estranhos às unidades habitacionais. Pretendeu-se então criar 2 setores distintos: o Setor Habitacional que conta 120

com 33 unidades habitacionais, além de piscina, lavanderia e um consultório para acompanhamentos de rotina e primeiros socorros; e o setor de Integração que conta com áreas de convívio e lazer para a população em geral, incluindo oficinas de arte, ateliês, além de um restaurante/bar, um salão de festas e uma academia. Todas as unidades habitacionais tem layout flexível para atender às necessidades dos idosos, como a criação de um ambiente integrado durante o dia e, a partir de paredes modulares, a criação de um ambiente com maior privacidade durante a noite, caso precise de uma acompanhante. Outro fato é que o fechamento de entrada da unidade e o fechamento entre as duas sacadas vizinhas também é feito com painéis modulares que permitem a abertura da unidade habitacional para a área de circulação, bem como a interligação entre duas unidades por meio da sacada. Optou-se por uma linguagem moder na e contemporânea com objetivo de contrastar o edifício com a realidade do bairro em questão, mas sem perder o clima e caráter de aconchego familiar.


MEMORIAL DESCRITIVO Tratam-se de 2 (dois) blocos de edifício, compostos por 4 pavimentos e por 2 pavimentos, simultaneamente:

BLOCO 1 – Integração TÉRREO Neste pavimento estarão localizadas as oficinas de artesanato que oferecerão cursos permitindo a troca de experiência entre as gerações. Teremos também uma sala de jogos que conta com computadores e wi-fi, video games, jogos de tabuleiro e baralho. A academia auxilia no fortalecimento muscular, bem como nos exercícios relacionados à fisioterapia e à prevenção de doenças. A horta/pomar permite a integração de idosos e comunidade com a natureza, além de fornecer alimentos livres de agrotóxicos para seu comsumo. O bar/restaurante é um espaço flexível que abriga famílias e amigos em uma ambiente agradável e descontraído. É equipado com banheiros acessíveis e cozinha de apoio, além de equipamento de som para pequenas apresentações. O mesmo ainda

possui fechamento em painéis deslizantes, permitino a integração com a área verde externa em dias de eventos maiores. 1º PAVIMENTO Onde se localiza o salão de festas do edifício, equipado com banheiros acessíveis e cozinha de apoio. O espaço é totalmente flexível, podendo ser utilizado para bailes, aniversários e eventos em geral, a partir de layouts diferentes. O acesso a este espaço se dá por meio de um elevador hidráulico e escada situados no térreo, próximos a entrada principal. 2º PAVIMENTO – ÁTICO Será composto pelas caixas d’água superiores, com capacidade condizente com o consumo do edifício (1/3 do volume; 2/3 nos reservatórios inferiores).

BLOCO 2 – Habitação TÉRREO Neste pavimento estarão localizadas 6 unidades habitacionais, 1 guarita, 1 sala para atendimentos de rotina (nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta) e tam121


bém primeiros socorros, 1 DML e 1 lavanderia de uso comum dos moradores. 1º PAVIMENTO Possui 7 unidades habitacionais e área de uso comum com piscina e churrasqueiras que podem ser utilizadas pelos moradores e suas famílias e amigos. O acesso se dá por meio de rampas e de elevador hidráulico. Todos os apartamentos serão flexíveis e adaptados para deficientes físicos. 2º PAVIMENTO Possui 10 unidades habitacionais. O acesso se dá por meio de rampas e de elevador hidráulico. Todos os apartamentos serão flexíveis e adaptados para deficientes físicos.

Será composto pelas caixas d’água superiores, com capacidade condizente com o consumo do edifício (1/3 do volume; 2/3 nos reservatórios inferiores).

MATERIALIDADE 1. SUPRA-ESTRUTURA 1.1. Lajes, Pilares e Vigas. Pensando no tempo de montagem e na economia, a estrutura se resolve em perfis de aço pré-montado, com estrutura da laje plana pré-moldada em concreto. A carga é distribuída pelas estruturas metálicas que possibilitam a execução de grandes balanços e transmitem leveza à edificação. 2. FECHAMENTOS

3º PAVIMENTO Possui 10 unidades habitacionais. O acesso se dá por meio de rampas e de elevador hidráulico. Todos os apartamentos serão flexíveis e adaptados para deficientes físicos. 122

4º PAVIMENTO – ÁTICO

2.1. Blocos Cerâmicos (Fechamento Externo) Os fechamentos externos serão executados em tijolos cerâmicos furados com dimensões, em centímetros, 12 x 19 x 29, assentados e revestidos com argamassa composta por areia fina lavada, cal


hidratada e cimento ou cola de alvenaria. As paredes revestidas terão espessuras finais de aproximadamente 15 centímetros. 2.2. Placas de Drywall (Fechamento Interno) Os fechamentos internos serão em placas de drywall, pois a montagem é rápida com obra limpa e seca; pode-se chegar a 4% de ganho de área útil em decorrência da menor espessura da parede; permite diversas opções de acabamento: pinturas, azulejos, mármores, fórmicas etc; possui menor peso por m2 otimizando o dimensionamento das estruturas e fundações. Foram utilizados 3 tipos, conforme a necessidade do local: 1. Verde (RU): com silicone e aditivos fungicidas misturados ao gesso, permite a aplicação em áreas úmidas (banheiro, cozinha e lavanderia). 2. Rosa (RF): resiste mais ao fogo por causa da presença de fibra de vidro na fórmula. 3. Branco (ST): é a variedade mais básica (Standard), amplamente empregada em forros e paredes de ambientes secos.

2.3. Painéis Modulares. As oficinas de arte, a academia e

as ha-bitações receberão fechamentos em painéis modulares que permitirão flexibilidade e adequarão-se à todos os layouts dos ambientes propostos, adaptando-se as mais diversas situações com agilidade, eficiência, conforto acústico e beleza. Serão compostos de placas duplas de MDF de 15mm de espessura com revestimento melamínico termo fundido à baixa pressão, tecido, laminado de alta pressão ou conforme especificação do projeto e podem ser instalados vidros simples ou duplos que podem ser comuns, laminados de segurança ou temperados, conforme necessidade do ambiente. 2.4. Brises de Madeira Verticais Serão utilizadas palhetas de madeira na fachada oeste do bloco habitacional, permitindo maior privacidade e melhor aproveitamento da iluminação natural, além do bloqueio da incidência direta dos raios solares, preservando a passagem da ventilação. Por proteger a circulação de acesso das habitações, forma um ambiente com tempura mais amena e uma agradável sombra para um momento de descanso. As palhetas de madeira são de 123


extrema resistência a impacto e intempéries. 3. ESQUADRIAS 3.1. Esquadrias externas. Os portões de acesso social, bem como os guarda corpos, serão executados em ferro e posteriormente receberão tratamento e pintura. 3.2. Esquadrias internas. Os caixilho internos em geral serão de alumínio anodizado colorido. 3.3. Esquadrias de madeira. As portas dos banheiros em geral (academia, restaurante/bar, salão de festas, oficinas de arte e piscina) serão de abrir (1 folha), do tipo prancheta, folhadas em madeira com dimensão de 0,90m x 2,10m.

3.4 Vidros. As paredes modulares das oficinas de arte, lavanderia, academia e salão de festas receberão vidro laminado pré-moldado. Os caixilhos das oficinas de arte, 124

sala de jogos, restaurante/bar, salão de festas, consultório para primeiros socorros e banheiros (apartamentos, academia, restaurante/bar, oficinas de arte) receberão vidro liso nacional com espessura variável de acordo com os vãos. 4. COBERTURAS E PROTEÇÕES 4.1. Será feita a impermeabilização das lajes com impermeabilizantes Viaplus, Bianco ou fabricantes similares, pois além da durabilidade da edificação, as lajes impermeabilizadas ainda necessitam de menos manutenção e ainda oferecem, além de temperaturas agradáveis dentro dos ambientes, maior isolamento acústico. 5. ACABAMENTOS 5.1. Piso. Cerâmica Esmaltada Extra PEI 4, Incepa, Eliane, Portinari ou fabricante similar. 5.2. Revestimento. Cerâmica Esmaltada Extra PEI 4, Incepa, Eliane, Portinari ou fabricante simi-


lar.

5.3. Pintura. Tinta Látex sobre Massa PVA

5.4. Aparelhos Sanitários As louças serão brancas, com acabamento vitrificado, das marcas Deca, Incepa, Celite ou fabricante similar. 5.5. Metais Sanitários Os metais sanitários terão acabamento cromado e serão das marcas Celite, Deca, Meber, Celfix ou fabricante similar.

bém, já que é possível utilizar um sistema alimentado apenas por um no-break comum que possibilite utilizar o elevador hidráulico na descida em caso de queda de energia. O elevador hidráulico é mais econômico do que o tradicional, já que o motor só é acionado na subida da cabine, na descida o consumo de energia é menor do que o de uma lâmpada. A maior parte da carga em um elevador hidráulico é aplicado sobre o fundo do poço, assim não é necessária a construção de lajes reforçadas sobre a caixa de corrida, reduzindo os custos de obra civis.

6. ELEVADORES 6.1. Elevadores Hidráulicos. O elevador hidráulico possui um processo de instalação mais simples que os elevadores convencionais, sendo uma alternativa rentável e indicada para prédios menores. Ele é acionado através de um cilindro hidráulico instalado abaixo da cabina, acionando a cabina diretamente. O elevador hidráulico apresenta funcionamento suave e muito confortável para os passageiros, além de muito seguro tam125


E-01 C-03

C-01

E-04

C-02

E-03

C-02

C-03 E-02

N

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E-01 C-03

B. F.

B. M. B. M.

COZ. 10

C-01

9 8 7 6 5 4 3 2 1

11 12 13 14 15 16 17

B. F.

RESTAURANTE / BAR

OFICINAS DE ARTE

ACADEMIA

HORTA

UNIDIDADES HABITACIONAIS C-02

C-02

CONSULT.

B. F.

B. M. E-04

E-03

DML

LAVANDERIA GUAR.

N

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Escala 1:250

1 C-03 E-02


E-01 C-03

txt

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B. F.

B. M.

COZ. 10

C-01

9 8 7 6 5 4 3 2 1

11 12 13 14 15 16 17

PISCINA

B. F.

C-02

C-02

E-04

E-03

B. M.

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N

Escala 1:250

2 C-03 E-02


E-01 C-03

C-01

UNIDIDADES HABITACIONAIS

UNIDIDADES HABITACIONAIS

E-04

C-02

E-03

C-02

N

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Escala 1:250

3 C-03 E-02


E-01 C-03

C-01

UNIDIDADES HABITACIONAIS

UNIDIDADES HABITACIONAIS

E-04

C-02

E-03

C-02

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N

Escala 1:250

4 C-03 E-02


E-01 C-03

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C-02

Planta Baixa - Cobertura Escala 1:250

N

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5 C-03

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+9.15

+7.80 +7.20

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Corte 01 - Escala 1:250

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Corte 02 - Escala 1:250

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Corte 03 - Escala 1:250

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REFERÊNCIAS FLORES, Angela R.B. Interferência da afetividade no projeto de habitação da terceira idade. 2010. 95 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Centro Tecnológico da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2010. OLIVEIRA, Christine O. Condomínio planejado para a terceira idade. 2012. 28 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012. REBESCHINI, Ivy, Espaço de convivência para a terceira idade. 2009. 28 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009. HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura, 2ª ed. São Paulo, 1999. CAVALCANTI, Patrícia Biasi; AZEVEDO, Giselle Arteiro Nielsen; ELY, Vera Helena Moro Bins. Indicadores de qualidade ambiental para hospitais-dia. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 9, n. 2, 2009. IBGE. Perfil dos idosos responsáveis pelos domicílios no Brasil. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/perfilidoso/perfidosos2000.pdf>. Acesso em 08 de novembro de 2014 IBGE. Sobre a condição de saúde dos idosos: indicadores selecionados. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/indic_sociosaude/2009/com_ sobre.pdf>. Acesso em 08 de novembro de 2014


O Lar de Idosos dos Aires Mateus, finalista do Mies. Disponível em: <http://www. publico.pt/culturaipsilon/noticia/imagens-do-projecto-dos-arquitectos-aires-mateusnomeado-para-o-premio-mies-van-der-rohe-1589062>. Acesso em 06 de novembro de 2014. AGÊNCIA CÂMARA NOTÍCIAS. Proposta aumenta reserva de moradias para idosos em programas habitacionais. Disponível em: http://www2.camara.leg. br/camaranoticias/noticias/DIREITOS-HUMANOS/473934-PROPOSTA-AUMENTARESERVA-DE-MORADIAS-PARA-IDOSOS-EM-PROGRAMAS-HABITACIONAIS.html. Acesso em 13 de março de 2015 SISAP IDOSO. Políticas e programas nacionais de saúde e direito dos idosos. Disponível em: http://www.saudeidoso.icict.fiocruz.br/index.php?pag=td_mu. Acesso em 10 de abril de 2015. PMRP. Programa Municipal do Idoso. Disponível em: http://www.ribeiraopreto. sp.gov.br/scidadania/programas/i27pgm_idoso.php. Acessado em 10 de abril de 2015 Mornington Centre : By Lyons. Disponível em: http://www.archdaily.com/93191/ mornington-centre-lyons/5013239f28ba0d0ef00001be-mornington-centre-lyons-plan. Acessado em 15 de junho de 2015 Canadá Residence. Disponível Acessado em 04 de maio de 2015

em:

http://www.hotelariageriatrica.com.br.



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