Jornal Brasil Atual - Zona Oeste 02

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www.redebrasilatual.com.br

Zona Oeste

Jornal Regional da Zona Oeste de São Paulo

nº 2

Agosto de 2010

eleições 2010

Dilma na frente Pesquisas dão vantagem à candidata do presidente Lula

Pág. 2

piritubão

sai ou não sai? A discussão continua, mas o estádio está mais longe do bairro

pico do jaraguá

Nova área de lazer da cidade Confirmado: Estrada Turística do Parque Estadual terá pista de cooper e ciclovia

Pág. 3

cultura

Pedágios

O custo de viajar nas estradas de São Paulo O negócio que dá bilhões de reais para empresas particulares Pág. 4-5

amor e cangaço A Luneta do Tempo, filme de estreia de Alceu Valença

Pág. 6-7


2 eleições 2010

A falha do Datafolha Instituto só considera opinião de quem tem telefone As últimas pesquisas dos institutos de opinião pública do Brasil trazem dados semelhantes sobre a intenção de voto dos eleitores para o primeiro turno da eleição presidencial no país: todos eles, com pequena diferença, apontam a liderança da candidata do presidente Lula, a petista Dilma Roussef, seguida de José Serra (PSDB), Marina Silva (PV), Plínio de Arruda

Sampaio (PSOL) e dos demais candidatos, a maioria deles sem a preferência sequer de 1% do eleitorado. A discrepância tem sido o Datafolha, instituto ligado ao jornal Folha de São Paulo. Ele não aponta a vantagem de Dilma e ainda a coloca um ponto atrás do presidenciável tucano. Isso tem explicação. É que na pesquisa do Datafolha só valem sensus

Ibope

41.6

vox populi

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As mensagens podem ser enviadas para jornalba@redebrasilatual. com.br ou para rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP: 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

Dilma

Serra

Dilma

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Serra

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Dilma

Serra

23/07

Dilma

Serra

25/07

Todos os institutos dão vantagem de Dilma, exceto o Datafolha

Jardim Nardini

Cara nova As obras de contenção nas ruas José Vaz Guerreiro, às margens do córrego Jardim Manacá, e Nicolas Bravo, além da pavimentação da Eduardo de Cápua (concluída recentemente), mudaram a cara do Jardim Nardini, região noroeste, e deixaram os moradores mais felizes. As obras foram incluídas no orçamento municipal de 2009 por iniciativa do vereador Francisco Chagas (PT). Mas, segundo o próprio vereador, a realização só foi possível graças à participação da população nas audiências públicas re-

givaldo cunha

espaço do leitor

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31.6

editorial

Caro leitor, o Jornal Brasil Atual - Zona Oeste está novamente em suas mãos. A gente espera ter a mesma acolhida da primeira edição, que nos encheu de orgulho. Os desejos de boas-vindas e vida longa soaram como um uníssono grito de felicidade. O trabalho já deu frutos. A reportagem do número passado, que mostrou o desejo da população preservar o pico do Jaraguá, destinando-o ao lazer e à recreação, foi um passo no rumo que desejamos sempre trilhar, de ser porta-voz das justas aspirações e reivindicações populares. Hoje podemos dizer que a nova Estrada Turística do Jaraguá, com pista de cooper e ciclovia, é, antes de tudo, obra da população da região. O Jornal Brasil Atual é gratuito e distribuído em toda a comunidade da zona oeste paulistana, por meio de associações de moradores, sindicatos e igrejas. Junte-se a nós, escrevendo para a rua São Bento, 365, 19º andar, CEP 01011-100.

datafolha

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Vamos em frente

as opiniões de quem possui telefone (fixo ou celular). Por que? Por economia, para ficar mais fácil checar os dados dos entrevistados, ainda que isso comprometa a reputação técnica do instituto. Além disso, não aparece no Datafolha a população rural brasileira, que representa 16% do eleitorado, e onde a diferença de Dilma representa 4 pontos no universo total de eleitores.

Obra no córrego Jardim Manacá

alizadas por ele na região. “As audiências são importantes porque obriga o poder público a debater os problemas da comunidade com a comunidade”

– diz o vereador, que apresentou outros projetos para o bairro em 2010: a reforma do asfalto da rua Orlando Villas Boas e trecho da Nicolas Bravos.

Expediente Jornal Brasil Atual – Zona Oeste Editora Gráfica Atitude Ltda – Diretor de redação Paulo Salvador Editor João de Barros Repórter José Américo Revisão Betto Ferreira Diagramação Leandro Siman Redação (11) 3241-0008 Tiragem: 15 mil exemplares Distribuição Gratuita


3 Turística em Movimento II

primeiro apoio

Estrada Turística vai sair do papel Projeto prevê a construção de pista de cooper e ciclovia

A gente nunca esquece

Marcolino (de listrado) participou da paseata Integrantes do Turística em Movimento: enfim, a conquista

Moradores da região do Pico do Jaraguá e amantes de práticas esportivas receberam com entusiasmo a notícia de que, finalmente, a Estrada Turística do Jaraguá, que dá acesso ao Parque Estadual do Jaraguá, será adaptada para espaço de lazer e recreação. O projeto anunciado pela subprefeita de Pirituba e Jaraguá, Andréa Pelizaro, prevê a construção de uma

pista de Cooper e uma ciclovia de 2,5 km de extensão. Em fevereiro, moradores, esportistas e defensores do Parque promoveram uma grande manifestação em defesa do Pico do Jaraguá e cobraram das autoridades as benfeitorias. Organizada pelo Turística em Movimento, entidade criada por ambientalistas da região, o evento

contou com o apoio do vereador Francisco Chagas (PT) e do ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino, que intermediaram as negociações com a Secretaria Municipal do Verde e do Meioambiente. Na ocasião, foram recolhidas mais de 2 mil assinaturas em defesa do projeto.

Em entrevista ao Brasil Atual, o ex-presidente do Sindicato dos Bancários, Luiz Cláudio Marcolino, exaltou a conquista dos moradores. “As obras representam um aumento na qualidade de vida das pessoas, em especial, porque muitos não precisarão se deslocar de carro para fazer exercícios físicos em outro

local; e carro na garagem significa menos poluição” – disse o sindicalista, que fez questão de lembrar o esforço dos integrantes do Turística em Movimento, dos membros da paróquia São João Gualberto e do grupo Jovens Unidos pelo Amor em Cristo – JUPAC. “Todos estão de parabéns por esta conquista” – finalizou.

Copa 2014

A construção de um novo estádio na cidade de São Paulo para a Copa de 2014 está quase descartada. À imprensa, o governador Alberto Goldman (PSDB) disse que a prefeitura não teria condições de cumprir com o prazo estabelecido pelo Comitê Organizador do evento. Um dos motivos, segundo o governador, é que a área onde deveria ser erguido o Piritubão – como ficou conhecido o novo estádio – prevê apenas construções residenciais. “Seria preciso aprovar um projeto que alterasse

a lei de zoneamento na região, o que levaria muito tempo para ser feito” – disse ele. Além disso, o Ministério Público denuncia que existe ali uma vala de 1.200 metros contaminada por resíduos químicos. O órgão solicitou à Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), responsável pelo monitoramento, mais informações sobre o grau de contaminação no local. Segundo a Cetesb, há metais pesado com prejuízo do lençol freático, o que di-

ficulta ainda mais a realização de obras. Edson Domingos, do Movimento em Defesa do Pico do Jaraguá, entidade contrária ao projeto do estádio, comemorou a decisão e disse que, se for necessário, a entidade entrará com ação civil para impedir as obras: “As duas últimas Copas já tiveram uma forte conotação ambiental, não achamos conveniente, portanto, que justamente no Brasil, em 2014, construa-se um estádio numa área contaminada” – disse o ambientalista.

givaldo cunha

Piritubão, uma ideia (quase) descartada

Local do estádio: contaminado


4 Ação antipedágio

Cresce movimentação contra pedágios paulistas Em julho, houve aumento de até 5,22% no preço da tarifa Por Suzana Vier ção” – ironiza Acir Mezzadri, coordenador do Fórum Nacional Contra o Pedágio. “Por trás da conversa mole de rodovias boas, as concessionárias querem é um contrato fantástico de 30 anos, sem risco algum” – sustenta. Mezzadri planeja manifestações públicas contra os pedágios, coleta de assinaturas nas rodovias e um compromisso, por escrito, com registro em cartório, dos políticos que assumirem uma política antipedágio. A ação contra os pedágios começou no Paraná e já chegou em São Paulo. Um produto paulista é onerado pelos pedágios, mas quem paga a conta é o consumidor do Brasil inteiro.

Pedágio, um negócio que dá bilhões de reais para as empresas particulares

O protesto de 1º de Julho Durante todo o dia 1° de julho, manifestantes se reuniram nas rodovias Castelo Branco, Raposo Tavares, Anhanguera, Santos Dumont e na Estrada Velha de Campinas e realizaram passeatas e paralisações de corredores rodoviários, no Dia de Luta Contra os Pedágios Abusivos.

O movimento aproveitou o reajuste dos 227 pedágios em até 5,22% para alertar e mobilizar a sociedade sobre a política do governo estadual em favor das concessionárias. As tarifas abusivas estabelecem graves barreiras ao desenvolvimento econômico, social e cultural dos municípios.

Preços abusivos Este ano surgiu também o Movimento Estadual contra os Pedágios Abusivos de São Paulo. José Matos, morador de Indaiatuba, é o coordenador do movimento que reuniu grupos descontentes com as praças de pedágios do Estado. Segundo ele, de 1998 a 2009, o governo de São Paulo arrecadou R$ 8,4 bilhões de outorga, uma espécie de UM exemplo saída

marília

aluguel que as concessionárias pagam para o governo e que aumenta o valor das tarifas de pedagiamento. O movimento, afirma Matos, é a favor do modelo adotado pelo governo federal, em que não há outorga e as tarifas são menores porque o leilão dos trechos concedidos busca o menor preço e dispensa outorga. agudos R$

3,75

Rod. Marechal Rondon, km 314 - SP-300

“Pedágio é tarifa, não é imposto; e tarifa se paga pelo uso, como água, telefone” – propõe. Exemplo disso são os 20 km do trajeto Indaiatuba – Campinas. Cobram-se pelos 62 km disponíveis, ao custo de R$ 8,80. “O justo seria pagar R$ 2,80, não R$ 8,80” – avalia. E completa: “Sem a outorga, o valor seria ainda menor: R$ 0,40”. areiópolis

3,85

pedagiometro.com.br

Segundo estimativa do pedagiômetro, ao fechamento da matérias às 14h30min de 13 de agosto, os pedágios de São Paulo arrecadaram mais de R$ 3,2 bi.

Um pedagiômetro calcula, desde 1º de julho, a arrecadação das 227 praças de pedágio estaduais de São Paulo. A ferramenta virtual estima em tempo real a arrecadação dos pedágios paulistas com base nos relatórios das concessionárias. Os idealizadores do pedagiômetro, Eric Mantoani e Keffin Gracher, calculam que botucatu

3,45

R$

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Rod. Marechal Rondon, km 285 - SP-300

Rod. Marechal Rondon, km 259 - SP-300

pedagiometro.com.br

Um levantamento realizado pela agência classificadora de crédito Austin Rating para o jornal Monitor Mercantil mostra que a rentabilidade média de 15 concessionárias de rodovias paulistas atingiu média de 30%, em 2008. O estudo indica que as empresas responsáveis pelos pedágios lucram mais que os bancos. Em 2007, o subprocurador da República Aurélio Veiga Virgílio Rios comentara, numa reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), que essas empresas tinham “lucros exorbitantes”, comparáveis aos do “tráfico internacional de drogas”. “Só faltam pedágios no caminho da roça, é uma aberra-

os pedágios paulistas arrecadam R$ 168,08 por segundo ou R$ 605,1 mil por hora, chegando perto de R$ 435,6 milhões por mês. “Quisemos criar algo que impacte e sensibilize as pessoas para que elas percebam que os valores são realmente muito altos” – diz Gracher. E finaliza: “o pedágio não deveria servir para lucro”. itatinga

8,95

R$

Rod. Marechal Rondon, km 208 - SP-280


5 Ação antipedágio

O custo de ir e vir nas estradas paulistas Pedro Otávio Silva quase mora em Franca. Quase, pois ele passa a maior parte do ano cruzando as estradas de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. Pedro é vendedor autônomo de sapatos masculinos e o contato direto com seus clientes é imprescindível. No final de junho, Pedro estava em Garça e fazia as contas. Entre Bau-

ru e Botucatu, ele desembolsaria pouco mais de R$ 10. Caso viajasse dia 1° de julho, a despesa seria mais salgada. Naquele dia, os pedágios foram reajustados e a viagem dele sairia por R$ 12,40 – lucro médio da venda de dois pares de sapatos populares. Ao longo dos governos de Alckmin e Serra, o Estado de São Paulo aumentou

também o número de locais de cobrança. Agora, mais 27 novas praças de pedágio entram em operação em 2010. Aqui, na região, elas estarão entre Bauru e a divisa com Mato Grosso do Sul, na rodovia Marechal Rondon, e serão implantadas em Pirajuí (km 401), Glicério (km 498), Lavínia (km 591) e Guaraçari (km 621).

Motorista agora tem de ter troco

vander fornazieri

Em 2010 entram em operação 27 novas praças de pedágio no Estado

Novas praças vão funcionar até o fim do ano

Rodovias gratuitas Acir Mezzadri, coordenador do Fórum Nacional Contra o Pedágio, conta que a entidade tem um projeto de lei com uma proposta ousada: a extinção da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e o fim da renovação das concessões de rodovias pedagiadas.

A escalada de praças e preços

Troco: transtorno adicional para os motoristas

O reajuste da tarifa de pedágios trouxe um transtorno adicional para os motoristas. Além de ter de pagar mais, o valor cobrado, em várias praças, é quebrado, o que aumen-

ta a necessidade de moedas de cinco centavos. Na rodovia Marechal Rondon, por exemplo, o pedágio de Agudos agora custa R$ 3,75, ao passo que o de Avaí tem

preço de R$ 3,55. Com isso, há perda maior de tempo para efetuar o pagamento e o risco de o arredondamento ser feito em prejuízo do motorista é mais que evidente.

O peso da nova tarifa Segundo Moacir Baldicera, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Urbanos de Marília e Região, o valor do pedágio afeta a vida dos motoristas – o sindicato quadra

8,95

A nova lei autorizaria apenas a existência de pedágios em rodovias particulares, desde que houvessem outras estradas paralelas, públicas e gratuitas. Os novos pedágios também não poderiam isolar vias, bairros ou lugarejos densamente habitados.

conta com 600 associados e dois mil trabalhadores na base. “Temos casos de pessoas que abandonaram a atividade, já que as cobranças dos pedágios passam do suportável” – boituva

6,55

diz ele. Baldicera lembra que uma viagem entre Marília e São Paulo de carro consome mais de R$ 90 apenas em pedágio – cerca de 15% do salário mínimo!

Em 1997, havia 40 praças de pedágio no estado, todas sob gestão estatal. Agora são 227, todas sob concessão privada. Ou seja: em 13 anos, o PSDB autorizou a operação de 187 novos postos de cobrança. Só o Governo Serra, em três anos, permitiu o funcionamento de 80 novas praças de pedágio. Para o usuário, o quilômetro das rodovias de São Paulo é o mais caro do mundo – o valor é oito vezes superior ao cobrado em estradas federais.

itú

7,90

barueri

2,90

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Rod. Marechal Rondon, km 158 - SP-280

Rod. Castello Branco, km 111 - SP-280

Rod. Castello Branco, km 74 - SP-280

Rod. Castello Branco, km 20 - SP-280

chegada

São Paulo Total:

R$

46,30


6 cultura

Sexagenário rebelde Alceu Valença sempre foi um inquieto militante da diversidade cultural brasileira. E da esperança, sentimento presente em muitas de suas letras

marcelo correa/divulgação

Por Maria Ester Costa

O pernambucano influenciou inúmeros artistas das gerações mais recentes como Chico Cesar e Zeca Baleiro e foi um divulgador do movimento manguebeat, de Chico Science e o Nação Zumbi

Com 38 anos de carreira, o cantor e compositor pernambucano Alceu Valença continua crítico da indústria cultural, da importação de modelos e da falta de divulgação dos artistas brasileiros. Aos 64 anos, com a vitalidade dos anos 1980, auge de sua carreira, ele ainda cativa o público jovem, que revisita suas canções, olha com curiosidade para seus novos trabalhos, suas misturas de sons e ritmos. Herdeiro musical de Luiz Gonzaga, de Jackson do Pandeiro e de Dorival Caymmi, Alceu deu novo brilho aos ritmos regionais, como baião, coco, toada, maracatu, frevo, caboclinhos, embolada, repentes. Em seu primeiro disco, lançado em 1972 em dobradinha com Geraldo Azevedo, já punha um tempero rock’n’roll nas batidas tradicionais nordestinas que continuaram m a rcando a sua história musical, inclusive nos clássicos como Coração Bobo, Espelho Cristalino, Morena Tropicana, La Belle d’Jour, entre outros.

Com 28 álbuns lançados, Alceu Valença surgiu para o grande público na apresentação ao vivo no 7º Festival Internacional da Canção – tido como o último dos grandes –, com Papagaio do Futuro. Era 1972, o clima de ebulição dos episódios anteriores não era mais tolerado pela ditadura, a Globo cedia a todas as pressões e as caras começaram a mudar. Despontavam nomes como Belchior, Ednardo, Fagner, Walter Franco, Raul Seixas, Sérgio Sampaio. A fase nacional foi vencida por Fio Maravilha (de Jorge Ben, com Maria Alcina), e Diálogo, samba de Baden Powel e Paulo César Pinheiro. Nos anos 1980 emplacou um clássico que fez história, o disco Cavalo de Pau, e nos anos 1990 outro, O Grande Encontro, na companhia de Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Elba Ramalho. Alceu é um entusiasta dos Pontos de Cultura, programa criado pelo Ministério da Cultura em 2005 que, por meio de convênios, fortalece iniciativas artísticas desenvolvidas pela sociedade civil nas comunidades. Atualmente, existem mais de 650 deles espalhados pelo país: “Esse projeto favorece os mais carentes, mas a barreira ainda está na mídia, na imprensa. Precisamos aprofundar a discussão e a divulgação da


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Cinema de cordel A estreia de Alceu Valença como diretor de cinema em A Luneta do Tempo, uma viagem musical embalada pela diversidade da arte popular nordestina

Por Guilherme Bryan Primeiro filme do cantor e compositor Alceu Valença, A Luneta do Tempo foi realizado durante quase uma década, principalmente em São Bento do Una, terra natal do artista no sertão de Pernambuco. E tem previsão para estrear este ano. “Não é a minha história. Mas sempre criamos obras em cima de bases que possuímos”, explica Alceu. No blog Papagaio do Futuro ele revela: “É um mergulho que faço em minha infância, no meu passado, e esse passado tem a trilha sonora das ruas do Nordeste, dos cantadores anônimos, coquistas, violeiros, emboladores, cegos arautos de feira, da música de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, do samba-canção dos anos 50, da música contemporânea brasileira. Um documento para pensar a cultura do Brasil e do Nordeste”. O filme começa com Lampião (Irandhir Santos, de Besouro) e seu comparsa Severo Brilhante (Bahia, caseiro de Alceu Valença) perseguidos pelos policiais de Antero Tenente (Aramis Trindade). Severo Brilhante chega a capturar o tenente e a torturá-lo. Tempos depois leva o troco e é morto por Antero. Lampião, junto com Maria Bonita (Hermila Guedes, de O Céu de Suely), tem o mesmo destino. No Purgatório, Maria Bonita tenta convencê-lo de que morreram, mas ele não aceita. Encontra

uma luneta com a qual consegue ver o passado e o futuro. E toma conta do pedaço. A história começou a ser escrita em 1999, ano da morte do pai de Alceu Valença, Décio de Souza Valença, advogado, deputado constituinte de 1946 e proprietário da fazenda Riachão, onde foram rodadas algumas cenas do filme. O texto girava em torno da história de Lampião, que rodeou a sua infância – em 1997, Alceu Valença interpretou o cangaceiro na telenovela Mandacaru, da Rede Manchete, com Daniela Mercury de Maria Bonita. Quando começou a rabiscar A Luneta do Tempo, o autor de Tropicana escrevia textos aleatoriamente. Um dia os mostrou ao paraibano Walter Carvalho,

consagrado diretor de fotografia (Abril Despedaçado, Carandiru, Entreatos) e diretor de obras como Cazuza, Budapeste e o recém-acabado Raul – O Início, o Fim e o Meio, documentário sobre o mito do rock nacional. Ao ler o trabalho de Alceu, Carvalho decretou: “Isto é cinema!” Mas acabou não levando adiante o convite para trabalhar com a descoberta. O músico pernambucano decidiu então estudar roteiro e cinema e tocar o projeto. Enquanto o produtor Tuinho Schwartz o inscrevia na Agência Nacional de Cinema (Ancine), Alceu Valença cuidava da seleção dos atores. Antes de filmar, passou a realizar um “storyboard sonoro” (uma espécie de rascunho do que será efetivamente gravado), que teve

quatro versões, com todos os diálogos, músicas e efeitos como tiros e cavalo correndo e relinchando. “Apesar de achar que existem grandes atores no Brasil, eu queria um trabalho muito forte do ator, partindo do método que criei” – conta Alceu. Muitas das canções de Alceu Valença também são cinematográficas. “O que eu faço é cinema, mas só depois de A Luneta do Tempo é que comecei a observar essa característica em várias músicas”, diz. Como em Casaca de Couro: “Corte brusco para a avenida/ Os sinais estão fechados/ Uma égua campolina/ Galopava entre os carros/... Vinha em câmera lenta/ Projetada quadro a quadro”. No Purgatório, Maria Bonita (Hermila Guedes) tenta convencer Lampião (Irandhir Santos) de que morreram, mas ele não aceita. Encontra uma luneta com a qual consegue ver o passado e o futuro

divulgação

cultura brasileira, que têm de ser em escala bem maior”, disse numa entrevista. Em seu blog, o músico expressou assim a percepção de mudanças que vêm acontecendo no país: “Desde o início da minha carreira, botei o pé na estrada, me doía ver a miséria berrante da maior parte de nossa gente, quase sempre negros, caboclos, quase sempre nordestinos. Mês passado, ao viajar, em busca de locações para a Luneta do Tempo (veja boxe), pelo interior do agreste de Pernambuco (São Bento, Pesqueira, Alagoinha, Cimbres), me comovi vendo que os lugares por onde passei estão caminhando para um nível de vida mais digno. As cidades estão mais limpas, as casas bem pintadas, as praças ajardinadas, o povo mais feliz. Tenho consciência que precisamos avançar muito mais, sobretudo, na educação e na saúde. Cada vez mais acredito no Brasil e em nossa gente”. A esperança e a alegria que marcam sua poesia e sua música continuam firmes na sua forma de ver o Brasil: “Demorou, mas chegou um novo tempo. Conseguimos resistir, por décadas, a toda sorte de colonialismo, intempéries sociais, econômicas e políticas. Saímos fortalecidos, mais maduros, sabendo, inclusive, que o processo está no início e que, portanto, precisamos trilhar esse novo caminho. Não precisamos mais seguir a cartilha de ninguém. Agora negociamos com países africanos, árabes, europeus e asiáticos sem tutor e sem chancela de ninguém. Alegria, minha gente, alegria...”


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Respostas

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Vertical - 1. Fortaleza defensiva 2. Alma, espírito; Tempo de vida 3. Oxalá; Designa cólera 4. Associação Farmacêutica de Araraquara; Símbolo do rádio 5. Quadrúpede usado na alimentação humana; ardor 6. Alcoólicos & Neuróticos; Combinação da preposição a com o artigo o; Certo cumprimento; Escola Politécnica 7. Mosca africana; Áspera (ant.) 8. Formosos; Agência de Tecnologia da Informação 9. Iniciais de São Vicente; O que é impossível explicar 10. Roca; Cálice usado por Jesus na Última Ceia

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Horizontal - 1. Cachoeiras 2. Inócua 3. O santo conhecido como ‘Bom Ladrão’; Sufixo da 2ª conjugação verbal 4. Gostar muito; A menor quantidade de uma substância elementar 5. Sofrimento; Vestígio petrificado 6. Lavre; Um Volks cupê 7. Tomei conhecimento; Argola; Abreviatura de sargento, em inglês 8. Facção rival do Comando Vermelho; Reles; Nome de série americana de televisão 9. Segmento de uma curva; Mãe d’água 10. Observatório do Recife (abrev.); Feixe de luz 11. Observam; Depósito de pólvora

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