Jornal Brasil Atual - Zona Sul 06

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Zona SUL

www.redebrasilatual.com.br

Jornal Regional da Zona Sul de São Paulo

nº 6

Setembro de 2010

eleições 2010

Educação em são paulo

divulgação

aprovação automática Jovens chegam à universidade com dificuldade de ler, escrever e fazer contas Dilma na frente Pesquisas dão vantagem à candidata do presidente Lula

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jailton garcia

perfil

líder da sul A vida de Francesca, a senhora saúde de Vargem Grande

sxc.hu

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mídia

rap

divulgação

walter mesquita

Guetto Latino, o grupo dos trintões Favela on-line

Os manos que fazem um novo Retrato do Brasil

A periferia mostra a cara para o mundo

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2 eleições 2010

Dilma na frente Candidata de Lula vence em todos os institutos de opinião As últimas pesquisas dos institutos de opinião pública do Brasil trazem dados semelhantes sobre a intenção de voto dos eleitores para o primeiro turno da eleição presidencial no País: todos eles, com pequena diferença, apontam a liderança da candidata do presidente Lula, a petista Dilma Roussef, seguida de José Serra (PSDB), Marina Silva (PV), Plínio de Arruda ibope

editorial

espaço do leitor As mensagens podem ser enviadas para jornalba@redebrasilatual. com.br ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP: 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

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erro que havia na técnica de pesquisa que, por economia, só considerava as opiniões de quem tinha telefone (fixo ou celular), para ficar mais fácil checar os dados dos entrevistados. Além disso, não aparecia no Datafolha a população rural brasileira, que representa 16% do eleitorado, onde a diferença de Dilma representa 4 pontos no universo total de eleitores. vox populi

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Todos os institutos dão vantagem a Dilma

trânsito

Congestionamento de gente A cena de pessoas descendo dos ônibus parados no trânsito e caminhando pelas ruas já se tornou corriqueira em duas avenidas da Zona Sul: na Belmira Marin, que corta o Grajaú de ponta a ponta; e na M’Boi Mirim, que corta o extremo Sul em direção a Embu-Guaçu e Itapecerica da Serra. O problema torna-se insuportável nos horários de pico – entre 4h30 e 6 h da manhã

divulgação

Olá, O jornal Brasil Atual - Zona Sul está cada vez mais instigante. Nossa reportagem descobriu que aqui moram pessoas como a Francesca, nordestina arretada, que não faz outra coisa na vida senão cuidar da saúde de outras pessoas. Ela está na página três e – por que não? – faz coro aos protestos das avenidas Belmira Marin e M’ Boi Mirim, contra o descaso que se vê no trânsito. Mais adiante, lá nas páginas cinco e seis, vê-se como a periferia anda atuante, seja numa nova mídia capaz de colocar as nossas favelas on-line – chic, né? –, seja no novo som do Guetto Latino, o grupo do Parque Cocaia que não desiste do sonho de mudar a realidade da periferia. Realidade, aliás, que convive com uma vergonha na educação. Depois de anos na escola, constata-se: os jovens da rede pública – principalmente estadual – mal sabem ler e escrever, e a esmagadora maioria tem dificuldade de resolver contas simples. Mas mesmo assim eles passam de ano e, semi-analfabetos, concluem o primeiro grau. Todos os anos uma legião de analfabetos funcionais ganha um diploma. Uma pena. A realidade podia ser bem diferente.

Sampaio (PSOL) e dos demais candidatos, a maioria deles sem a preferência sequer de 1% do eleitorado. A discrepância ficava com o Datafolha, instituto ligado ao jornal Folha de São Paulo, que não apontava a vantagem de Dilma e ainda a colocava um ponto atrás do presidenciável tucano. Mas a última sondagem do instituto reparou um

Protestos: povo quer metrô

e das 17 h às 20 h. As vias têm buracos e as calçadas são irregulares, forçando a caminhada a ocorrer no meio dos carros, sendo comuns os atropelamentos.

A CET prometeu maior fiscalização nos locais, mas não disse quando isso acontecerá. O pessoal da Belmira Marin criou um twitter com informações do trânsito – twitter.com/avbelmiramarin – e os usuários da Avenida M’Boi Mirim, depois de protestar na rua, conseguiram a implantação de uma faixa adicional das 6 h às 8 h da manhã, o que ainda não resolve o problema.

Expediente Jornal Brasil Atual – Zona Sul Editora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de redação Paulo Salvador Editor João de Barros Repórter Marina Amaral Revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman Redação (11) 3241-0008 Tiragem: 15 mil exemplares Distribuição Gratuita


3 perfil

Cana dura

Francesca, a saúde em pessoa

A UBS (Unidade Básica de Saúde) Vargem Grande, a 35 km do centro de São Paulo, no extremo Sul da cidade, é um posto de saúde lotado, insuficiente para atender aos 56 mil habitantes do bairro, no subdistrito de Parelheiros, região com o pior indicador de saúde da capital – 0,34 contra 0,99 de Pinheiros, o melhor da cidade. Além de alta taxa de mortalidade infantil, isso significa morte precoce por doenças crônicas não transmissí-

vas (diabetes e hipertensão, por exemplo) e por causas externas (acidentes e homicídios) – quesitos que formam o Índice de Saúde reconhecido internacionalmente. Para melhorar o quadro é preciso investir em prevenção e acompanhar de perto a saúde da população. Pelas normas do SUS, o Sistema Único de Saúde, isso deve ser feito por meio das visitas de agentes comunitários sociais às famílias e do atendimento clínico – da consulta à marcação de exames.

Francesca, em casa: uma raridade

to e pedindo providências para localizar dois pacientes que esperam há mais de um ano por uma cirurgia urgente, de acordo com o pedido médico. “Para nós, da comunidade, eles são pessoas e não números, por isso a diferença” – explica a conselheira. Com sete equipes de saúde – formadas por um médico, um enfermeiro e dois auxiliares de enfermagem – e uma farmacêutica para a distribuição de remé-

dios, o posto funciona das 7 h às 17 horas, mas não dá conta de atender a todos os casos, principalmente quando é necessário encaminhar o paciente a um especialista. “As pessoas ficam meses, às vezes mais de ano, à espera de cirurgia. Embora a gente tenha excelentes médicos, há lacunas no atendimento”– diz, explicando que as pessoas chegam a esperar uma hora apenas para marcar uma consulta.

É fogo

O agente e a gente Cada agente comunitário de saúde é responsável pelo monitoramento de 150 a 200 famílias. Não dá. “Tem uma agente de saúde que mora na frente da minha casa e nunca apertou a campainha da gente” – conta Francesca Gomes. “O que se percebe é a falta de compro-

A informação é oficial: a Penitenciária Joaquim Fonseca Lopes, conhecida como Presídio de Parelheiros, está com superlotação de quase 100%. Em agosto, havia 1.480 presos para uma capacidade de 756 pessoas. Além do sofrimento humano, isso representa risco para o ambiente, pois o presídio fica numa área de preservação permanente e despeja o esgoto nas cabeceiras do Ribeirão Vermelho, um dos cursos d'água que formam a represa de Guarapiranga.

futura press

Uma UBS doente

Cadeia de Parelheiros

jailton garcia

Conferência de Saúde nas três esferas de governo, ela fiscaliza tudo o que se refere ao posto – das filas de atendimento aos estoques de remédio. Em 25 de agosto, por exemplo, ela ajudou uma mãe, cujo filho de cinco anos aguardava havia três meses por uma consulta com o dermatologista, a ser atendida imediatamente. “Era caso de emergência. A criança estava em carne viva de tanto se coçar. O posto tem que solucionar o problema na hora, de acordo com as diretrizes do SUS” – explica Francesca. Fran também verifica um a um os pedidos de exames e cirurgias empilhados na administração. “Os funcionários entram todos os dias no sistema Conexa em busca de vagas para os usuários que estão na espera, e são muitos os que ficam esquecidos na pilha” – diz, apontando para um centena de fichas que aguardam agendamen-

Incêndios em favelas: rotina

metimento de alguns membros das equipes da UBS” – diz ela. “Não se pode enrolar ou agir burocraticamente quando está em jogo a vida e a saúde de uma pessoa, uma criança, um idoso”– ensina Fran, que fez curso de capacitação para o cargo na Escola Técnica do SUS.

divulgação

Francesca Gomes nasceu há cinquenta anos no Ceará, migrou para o Rio de Janeiro no colo dos pais e cresceu em São Paulo, na Vila São José, no Sabará, zona sul da cidade. Casada há 24 anos com João – aposentado, ex-metalúrgico da Indústria Villares, onde conheceu o presidente Lula –, Fran, como é conhecida entre os amigos, tem um filho de 17 anos, Gabriel, e dedica as 24 horas de seu dia ao trabalho comunitário. Ela chega à Unidade Básica de Saúde (UBS) Vargem Grande às 6h30 e só vai para casa depois que ela fecha, às 17 h. “Ela fica mais no posto do que em casa” – revela o marido. Quando alguém tem qualquer problema de saúde por lá, já sabe a quem recorrer, à Fran, a figura querida que mora numa casinha na Cratera de Colônia, à beira da Mata Atlântica, desde 1992. Eleita delegada da II

divulgação

A história da líder comunitária que dedica a sua vida a ajudar a vida dos outros

Um incêndio destruiu dezenas de barracos da favela Beira Rio, no Parque do Jabaquara, no fim de agosto. A favela começou a arder às oito da manhã, por razões desconhecidas. À tarde, o fogo foi a favela na Rocinha, na Avenida Jornalista Roberto Marinho. Ambas as favelas estão localizadas em áreas nobres da cidade. Antes de ser transferida, a favela JK também passou por vários incêndios. Triste sina: esse fogo é fogo!


4 Educação em São Paulo

Passar a qualquer custo forma aluno analfabeto Sem saber ler, escrever e fazer contas, nossos jovens ganham diploma e despreparo Por Suzana Vier

Lousa, giz e apagador, armas de combate ao analfabetismo

médio sem ter o conhecimento mínimo necessário. "A educação virou dado

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Paula é professora de Português em escola do Estado há 21 anos. Ela conta que 30% de seus alunos da sexta série não sabem ler nem escrever. Por isso, ela faz um ditado nos primeiros dias de aula. “Tem aluno que entrega em branco, não sabe nada. Se vai escrever ‘bala’, por exemplo, ele coloca qualquer letra” – resume. Na progressão continuada o estudante é aprovado automaticamente. No máximo, ele é retido na quarta série, por um ano; depois segue, mesmo sem o conhecimento necessário. A aprovação certa, sem avaliação do conteúdo dominado pelo aluno, permite ao estudante terminar o ensino

estatístico. É porcentagem pra lá, porcentagem pra cá, mas não se analisa como o

aluno conclui o ensino médio. Ele é só mais um diploma" – alerta Tomé Ferraz, professor

de física e matemática das redes municipal e estadual de São Paulo. Cristina leciona Biologia e se esforça para alfabetizar quem vai mal. Ela cita que os alunos têm enorme dificuldade com sílabas complexas como tra e pla. "Eles conhecem somente formações silábicas básicas" – acentua. Na hora de avaliar alunos que não leem nem escrevem com fluência, Cristina usa métodos diferenciados na classe. "Uma avaliação escrita requer habilidade de leitura e escrita. Mas quem não compreende o teor da prova, não consegue responder; aí, a saída é uma prova oral.”

Analfabetismo funcional

Confusão

Uma parcela significativa de alunos chega ao ensino médio sem estar alfabetizada. Rosana Almeida é uma professora do estado que enfrenta essa dificuldade. Na sala em que está, superlotada, há alunos que não sabem ler e escrever. São os analfabetos funcionais, que até constroem palavras, mas não formam frases. Enfim, o jovem entende a explicação, mas não sabe escrever. Quando a professora pede para ele produzir um texto, surge a resistência. Como não participa da aula, o aluno é mais indisciplinado, faz muita bagunça" – na oitava série o índice de indisciplina é altíssimo.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura (Unesco), o analfabeto funcional escreve o próprio nome, lê e escreve frases simples, efetua cálculos básicos, mas é incapaz de interpretar o que lê e de usar a leitura e a escrita em atividades cotidianas. Isso dificulta seu desenvolvimento pessoal e profissional.

Eduardo, professor universitário, afirma que os estudantes são vítimas de um círculo vicioso fatal para a vida profissional futura. “Se o aluno não compreende frases da língua, tudo vira uma enorme confusão. Como ele vai resolver questões de matemática?” – questiona. “Eles até sabem que 3 vezes 5 é 15, mas se você colocar na prova quanto é o triplo de 5 mais o dobro de 20, eles não vão saber” – exemplifica. “Se questões básicas não estão resolvidas, a estrutura fica afetada e o conhecimento que vem depois não se concretiza” – alerta Eduardo.

Divulgação

Bagunça

Bibliotecas: cada vez mais vazias

Dribles No caso do professor universitário Anselmo Büttner, a saída foi criar metodologias específicas. “Eu levo figuras e desenho no quadro o que é almoxarifado, por exemplo, para eles compreenderem” – relata. “Mas eles não juntam as informações, não montam uma sequência, não têm base de

gramática e ortografia. E não é só. Há limitações também na capacidade de raciocínio lógico e matemático” – alerta. O jovem com deficiência de leitura e escrita vai enfrentar sérios problemas no mercado de trabalho, não importa a área em que decida atuar. Büttner também é crítico em relação

aos colegas professores. Ele diz que os educadores devem se adequar às necessidades educacionais dos alunos, com estratégias que os auxiliem a compreender o conteúdo. “O problema existe e é grave com alunos da escola pública, mas eu tento levar o conhecimento ao patamar dos alunos”.


5 Educação em São Paulo

Progressão continuada ou aprovação automática? Adotada em 1988, ela permite ao aluno avançar nos estudos sem repetir de ano uma metodologia pedagógica avançada por propor uma avaliação constante, contínua e cumulativa, além de basear-se na ideia de que apenas reprovar o aluno não contribui para melhorar seu aprendizado. Sua aplicação, porém, transformou-se em sinôni-

mo de "aprovação automática", segundo professores e analistas. Essa ideia leva em conta que a progressão foi adotada, no Brasil, sem se mudarem as condições estruturais, pedagógicas, salariais e de formação dos professores.

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A progressão continuada – política educacional responsável pela aprovação automática dos alunos – é o principal problema educacional do Estado de São Paulo, segundo professores ouvidos pela Rede Brasil Atual. Para os especialistas, essa é

Computadores: cada vez mais presentes

Há crianças que nascem conectadas na informática e é difícil convencê-las a prestar atenção ou valorizar a educação da escola. “Parte das aulas é perdida em pedidos de atenção à aula ou para desligar o Ipod” – conta o professor Tomé Ferraz. “Eles não têm só celular, eles têm uma verdadeira tevê e levam para a sala de aula” – completa.

Lidar com essa nova face da infância e da adolescência é difícil sem a colaboração da família. “Sobra tudo para a escola” – reflete Tomé. “Eu vou ensinar a pensar, sou uma professora à antiga, comer com garfo e faca é responsabilidade de pai e mãe” – diz a professora Rosana Almeida. “Os pais, por mais simples que sejam, precisam ter consci-

As ‘novinhas’ e a vida na periferia

Fechou por quê?

jeanpaul.com.br/blog

As mães do Parque Cocaia estão preocupadas principalmente com as filhas em idade escolar. Primeiro foram os péssimos indicadores de qualidade de ensino da escola estadual que atende ao bairro, a E.E Washington Alves Natel: 513º colocada no Enem, em 572 escolas, e oito pontos abaixo da média do Saresp, medida de avaliação do ensino fundamental, em 2009. Agora são frequentes as denúncias de aliciamento de adolescentes, na porta da escola, para abuso e exploração sexual. No horário das aulas, meninas de dez a treze anos são levadas de carro ou moto por “funkeiros”

O “Pancadão”: novo embalo da moçada

mais velhos para os “pancadões” (bailes funks), onde é frequente o consumo de drogas e álcool, associado a relações sexuais com as “novinhas”, como são chamadas as adolescentes nas músicas.

A direção da escola diz que não é responsável pelo que ocorre no portão do colégio. Sem opção, as mães estão transferindo as filhas para escolas mais distantes, como as de Cidade Dutra.

ência de que é preciso valorizar a lição de casa, dar um abraço, acompanhar o filho.” Os professores reclamam: os pais não participam da vida escolar das crianças. Para alguns deles, a escola transformouse em depósito de crianças. “Somos “baby sitters” (babás) de luxo.”

Mais de 1,4 mil crianças estão sem escola no Grajaú e em Marsilac devido ao rompimento do convênio entre a Prefeitura e o Centro de Promoção Social Thiene. O Conselho Tutelar da região procurou o Ministério Público, que abriu inquérito civil contra a Secretaria Municipal de Educação. As mães procuram uma solução desde março. Algumas crianças foram transferidas para bairros vizinhos, mas as mães não têm como leválas. Em julho, elas pediram à Diretoria de Ensino da Capela

do Socorro a construção de novas unidades ou a realocação das crianças. Até agora, nada. No total, nove centros infantis (CEIs) foram fechados. Duzentos funcionários perderam seus empregos. E ninguém sabe o motivo.

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wordpress.com

A informática e as crianças

Carteiras: sem alunos por quê?


6 mídia

Favela on-line

Site Viva Favela mostra a criatividade das periferias brasileiras

O Brasil é um grande usuário de internet no mundo. O país tem 70 milhões de “navegantes”, 36 milhões deles muito ativos, segundo relatório Ibope/Nielsen. E, à medida que a rede mundial de computadores se aproxima das periferias, aumentam a democratização do acesso ao conhecimento­e o uso que se faz dela. O site Viva Favela, criado no Rio de Janeiro, em 2001, pela ONG Viva Rio, é um belo exemplo. No início, sua principal atividade era promover cursos, oficinas e inclusão digital. Mas, como o uso da tecnologia permitia aos moradores das comunidades atuar como comunicadores e produtores de conteúdo informativo sobre a realidade que os cerca, logo essa rede rendeu frutos nas grandes favelas do Rio – Ro-

Por Maurício Thuswohl*

cinha, Cidade de Deus, Maré e Complexo do Alemão. O resultado foi a criação do site www.vivafavela.com.br. Depois do lançamento do Viva Favela 2.0, em abril, o projeto já tinha uma rede de 334 correspondentes comunitários em todo o país e 30 mil novos acessos. Para o jornalista Rodrigo Nogueira, que foi editor de conteúdo por três anos, o site é uma ponte virtual entre o asfalto e a favela. “A meta é transformá-lo num modelo de jornalismo­ cidadão, feito de dentro das favelas e dialogando com o mundo” – diz. A homepage é dividida em quatro seções (textos, fotos, vídeos e áudios), e sua atualização é permanente. As notícias em destaque na página inicial são selecionadas com base no número de votos que receberam nos últimos dois dias.

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A notícia sob um novo olhar

junte-se a nós Anuncie: (11) 3241-0008 jornalba@redebrasilatual.com.br

Correspondentes

comunitários Para se tornar um correspondente co­munitário do Viva Favela, cadastrese e participe dos Fóruns de Sugestões de Pauta, quando é possível­saber o que cada correspondente pretende produzir e também estabelecer formas de parceria e colaboração de diversos correspondentes em torno de uma mesma pauta. Os Fóruns de Sugestões de Pauta também definem publicações especiais em torno de um tema. Como revistas virtuais, essas publicações contam com a coor­denação de algum jornalista convidado. “Toda revista tem um editor especial para estimula-las. O primeiro editor convidado foi o Caco Barcellos. Imagina, um jovem comunicador recebendo dicas e elogios de um profissional consagrado como ele?” – diz Rodrigo.

walter mesquita/viva favela

Projeto de correspondentes comunitários se estende por todo o Brasil

www.redebrasilatual.com.br no celular: m.redebrasilatual.com.br no twitter: www.twitter.com/redebrasilatual

Informação que transforma

Vale até usar rodinho como tripé de câmera


7 rap

Guerreiros da Zona Sul “Nossas letras falam da comunidade sofrida e, se o rap parar de defender o povo com unhas e dentes, qual o estilo musical que vai fazer isso?” – pergunta o MC Banndog, 32 anos, do grupo Guetto Latino, do Parque Residencial do Cocaia, localizado no fundão do Grajaú, à beira da represa Billings. Com quatro CDs gravados – três deles “oficiais de fábrica”, com qualidade superior ao primeiro, “caseiro”, feito no computador –, os integrantes do Guetto Latino continuam “nos corres” para sobreviver. Nos dias úteis Banndog é Wagner

Ferreira, segurança; a backing vocal Lee Torres é Eliane Oliveira, metalúrgica, e o DJ Snoop foi batizado Fábio Cristiano, e trabalha como pintor. “A gente tem trampo paralelo; dá para contar nos dedos os rappers que vivem da sua música no Brasil: Racionais, Rappin’ Hood, Thaide, mais um ou outro. Mas eles também tiveram que lutar muito antes e a gente não desiste do sonho” – diz Banndog, que costuma realizar palestras em escolas e eventos com jovens para “abrir a cabeça da molecada e fazer com que eles não desistam de seus sonhos”.

Divulgação

Eles têm mais de 30 anos, mas não desistem do sonho: viver de música e mudar a realidade da periferia

Banndog (de óculos escuros) e as mentes criativas do Guetto Latino: Retrato do Brasil

Vizinhos musicais

Espelho meu uma trilha no meio do mato” – diz. “Mas as coisas ficaram bem piores. Eu cresci subindo em árvore, nadando na represa. Violência e drogas quase não existiam” – explica. “Também houve recuos em algumas conquistas: os CEUs, por exemplo, eram bem mais acolhedores em outras gestões, agora é

Divulgação

“A molecada se espelha no que tem. A oportunidade de passar para o crime vem de mão beijada. Se você vive em um lugar sem saneamento básico, lazer, centro cultural, posto de saúde, transporte digno, escola que ensine e oriente, por que você vai acreditar que as coisas podem ser diferentes?” – pergunta Lee Torres, 32 anos, que nasceu no Jardim Eliana, bairro vizinho ao Cocaia, para onde se mudou aos 5 anos. “Algumas coisas evoluíram: minhas filhas estudam desde pequenas e eu fui pra escola aos 9 anos porque aqui não tinha nada, era só

Lee Torres, a segunda voz

difícil conseguir espaço para fazer um show” – conta. Banndog cresceu em Paraisópolis e aposta na organização do povo para melhorar a vida. “Nosso projeto é formar uma associação cultural para fazer oficinas com a molecada e mostrar que eles têm valor” – conta. “Por mais que Paraisópolis e Heliópolis, as duas maiores favelas de São Paulo, tenham problemas, elas conseguiram mudar muita coisa porque têm associações fortes. Aqui no nosso bairro é complicado”– diz, referindo-se à comunidade onde mora com a mulher e os tios desde os 19 anos.

Banndog e Lee moram na mesma rua – ela o conheceu aos 14 anos quando cantava com o grupo de rap do primo. O DJ Snoop mora perto, no Navegantes, antigo Morro da Macumba, em uma casinha avarandada que abriga enorme coleção de discos de vinil e um equipamento de som que usa para montar os bailes de fim de semana e criar as bases para o som do Guetto. “Sou solteiro, moro sozinho e aluguei essa casa para a gente ensaiar porque antes eu tinha que vir andando, não tinha dinheiro para vir todo o fim de semana para cá” – explica Snoop, que ganhou o apelido por sua semelhança física com o consagrado rapper americano, Snoop Dog. Já as gravações dos CDs são

feitas em estúdio profissional e custam caro: uma hora de estúdio sai em média 150 reais – gastam-se cinco horas para fazer a produção musical de cada faixa, o que os rappers chamam de “base” – e o mesmo tanto para colocar a voz no CD inteiro. Com a matriz pronta, eles reúnem a documentação necessária, fazem o encarte e mandam para a prensagem na fábrica que, dependendo da arte da capa, custa entre 3 mil e 3.500 reais. “A gente faz aos poucos, não dá pra entrar no estúdio e gravar. Mas o importante é conseguir fazer. Depois, a gente vende nos shows, dá outros tantos para divulgar nosso trabalho. Não nego, é difícil. Mas está no sangue, se a gente para fica maluco” – diz Banndong.

No dia 25 de setembro, o Guetto Latino se apresenta na Rua Rubens de Oliveira, em frente à Casas Bahia, no Parque Residencial Cocaia, para arrecadar alimentos (o público deve levar 1 kg de produto não perecível por pessoa) para o Ceprocig, entidade beneficente da região.


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Vertical – 1. Fortaleza defensiva 2. Alma, espírito; Tempo de vida 3. Oxalá; Designa cólera 4. Associação Farmacêutica de Araraquara; Símbolo do rádio 5. Quadrúpede usado na alimentação humana; ardor 6. Alcoólicos & Neuróticos; Combinação da preposição a com o artigo o; Certo cumprimento; Escola Politécnica 7. Mosca africana; Áspera (ant.) 8. Formosos; Agência de Tecnologia da Informação 9. Iniciais de São Vicente; O que é impossível explicar 10. Roca; Cálice usado por Jesus na Última Ceia

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Horizontal – 1. Cachoeiras 2. Inócua 3. O santo conhecido como ‘Bom Ladrão’; Sufixo da 2ª conjugação verbal 4. Gostar muito; A menor quantidade de uma substância elementar 5. Sofrimento; Vestígio petrificado 6. Lavre; Um Volks cupê 7. Tomei conhecimento; Argola; Abreviatura de sargento, em inglês 8. Facção rival do Comando Vermelho; Reles; Nome de série americana de televisão 9. Segmento de uma curva; Mãe d’água 10. Observatório do Recife (abrev.); Feixe de luz 11. Observam; Depósito de pólvora

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foto síntese


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