Jornal brasil atual campinas 06

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campinas

www.redebrasilatual.com.br

Jornal Regional de Campinas

jornal brasil atual

jorbrasilatual

nº 06

segurança

Distrib

Gratuuiição ta

Fevereiro de 2014

mídia

uma nova polícia Sociedade debate mudanças no modelo autoritário; PEC tramita no Senado

violência Apresentadora do SBT propaga discursos de ódio e vingança

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POLÍTICA

Plebiscito Foi criado o primeiro comitê regional para debater reforma política

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carnaval educação

rede estadual: nova roupagem, velhas feridas Alckmin cria novos ciclos, mas progressão continuada se transforma em aprovação automática Pág. 3

Programação Confira as datas e os horários dos blocos carnavalescos

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Campinas

2 MÍDIA

Violência na bancada de telejornal

editorial Um assunto frequente entre jornalistas e pessoas que se preocupam com a cidadania é a blindagem que os jornais do interior paulista fazem à gestão do PSDB e do governador Geraldo Alckmin. Blindagem significa que os noticiários escondem ou esfriam as notícias desfavoráveis à gestão tucana. Um exemplo: São Paulo está em segundo lugar em quantidade de pessoas inscritas no programa Bolsa Família – atrás apenas da Bahia. Como o Estado mais rico do país tem tal carência e dissemina tanto ódio ao programa que atende os mais pobres da população? Essa é uma contradição exemplar. A riqueza aqui é da elite, esta é a verdade que deveria estar nos noticiários. Outro exemplo: o Brasil vive, hoje, quase a pleno emprego. Em 12 anos, foram criados cerca de 22 milhões de empregos com carteira assinada. E qual noticiário tem coragem de dar essa notícia muito positiva para os brasileiros? O que se vê é o contrário, com os noticiários destilando pessimismo, fazendo voz aos bancos e aos empresários. Vários observadores de comunicação concordam que a notícia está longe da verdade dos fatos e distante dos interesses da imensa parcela da população trabalhadora. Com a circulação desta edição e com um temário voltado ao povo e ao trabalho, o jornal Brasil Atual caminha no sentido inverso, que é o de aumentar a qualidade do jornalismo popular e consciente.

Na primeira semana de fevereiro, um adolescente foi espancado, torturado e acorrentado a um poste após ser acusado de furto por um grupo de jovens da zona sul do Rio de Janeiro (região nobre) – autointitulados “justiceiros do Flamengo”. O caso ganhou ainda mais repercussão quando a apresentadora Rachel Sheherazade, do telejornal SBT Brasil, emitiu opinião em defesa da ação. “A atitude dos vingadores é até compreensível (...). O contra-ataque aos bandidos é o que eu chamo de legítima defesa coletiva de uma sociedade sem Estado, contra um estado de violência sem limite”. Sheherazade foi alvo de críticas nas redes sociais. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e a Comissão de Ética da entidade se manifestaram contra a declaração e a classificaram como “grave violação dos direitos humanos e do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros”. Eles também solicitaram a investigação da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), pois consideram ser algo “que ocorre de forma rotineira em programas de radiodifusão em nosso país”. A senadora Ana Rita (PT-ES), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado,

divulgação

Apresentadora do SBT prega justiça com as próprias mãos

encaminhou à Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo um ofício cobrando providências em relação à jornalista. O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) também entrou com uma representação no Ministério Público contra Sheherazade por apologia à tortura. No dia seguinte à polêmica, a jornalista se defendeu na bancada do SBT Brasil, afirmando ser contra a violência. “Eu defendo as pessoas de bem deste País, que foram abandonadas à própria sorte (...). O que eu fiz não foi defender a atitude dos justiceiros. O que eu defendi foi o direito da população de se defender quando o Estado é omisso.” Para o sociólogo e jornalista Lalo Leal, o episódio é um “caso gravíssimo de atentado aos direitos humanos e à democracia”. Segundo ele,

Sheherazade utilizou o canal de televisão de forma criminal. “O comentário da jornalista fere a Constituição, a mesma que diz que a televisão deve promover informação, educação e entretenimento. Ela utilizou a concessão [pública do canal televisivo] para promover e instigar a barbárie, realizando apologia à violência como forma de resolver problemas sociais”, explica. Lalo ainda lembra que é responsabilidade do Estado decidir se uma pessoa é delinquente. E se assim o for, deverá puni-la de forma adequada. “Os órgãos de fiscalização precisam ficar de olho. Os agressores do adolescente são verdadeiros fascistas e devem ser presos e julgados. A jornalista e a emissora também devem ser punidos por violação à Constituição e ao Estatuto da Criança e do Adolescente.”

Expediente Rede Brasil Atual – Campinas Editora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de Redação Paulo Salvador Secretário de Redação Enio Lourenço Redação Ana Paula Pereira, André Moraes, Alyson Oliveira, Edilson Damas, Flaviana Serafim, Juliano Ribeiro, Lauany Rosa, Lílian Parise, Marcos Álves, Nilceu Francisco, Vanessa Ramos, Vanessa Ribeiro e Wanderley Garcia Revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman Telefone (11) 3295-2820 Tiragem: 8 mil exemplares Distribuição Gratuita


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educação

Rede pública estadual se remodela, mas não muda Novos ciclos foram criados, mas progressão continuada se transformou em aprovação automática ciclo) e aumentou a possibilidade de reprovação do aluno que não estiver preparado para a próxima etapa. No entanto, pais, professores e estudantes ouvidos pelo Brasil Atual foram categóricos e unânimes em afirmar que a estrutura da rede pública de ensino estadual con-

Milton Michida/GovSP

No final de 2013, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou a reorganização do sistema: agora, são três ciclos no ensino fundamental (do 1º ao 3º ano; do 4º ao 6º ano; e do 7º ao 9º ano). A mudança fez crescer o número de avaliações (bimestrais, semestrais e ao final de cada

tinua com as mesmas deficiências. A progressão parcial, por exemplo, foi transformada em aprovação automática, o que faz com que o aluno avance de ano sem o conhecimento dos conteúdos ensinados e, pior, chegue à vida adulta com uma formação irregular.

Entenda o sistema de progressão continuada A progressão continuada surgiu de uma reflexão sobre os impactos negativos da repetência na vida dos estudantes, sobretudo dos mais pobres, que às vezes têm de escolher entre as aulas ou o trabalho. O sistema teve a sua primeira experiência quando o educador Paulo Freire foi secretário de Educação da capital paulista no governo Luiza Erundina (1988-1992). Na década de 1990, o ex-

A polêmica está na maneira como este sistema foi instalado e o modelo inadequado, que já atingiram duas gerações em 18 anos. Uma das consequências é o aumento do analfabetismo funcional – aquele em que a pessoa lê, mas não compreende o sentido. “Na minha época, a gente aprendia ou aprendia”, conta Kellen Possato, mãe de Isadora, 12, e Heloisa, 17, alunas da

-presidente Fernando Henrique Cardoso foi pressionado por órgãos internacionais, como o Banco Mundial e a Unesco, a melhorar os índices de educação no País. Era necessário reduzir as altas taxas de repetência, analfabetismo, evasão escolar, para que o governo brasileiro não perdesse milhões de dólares para a área. Em 1996, a progressão continuada entrou na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).

Para Alavarse, o problema maior não é aprovar ou reprovar. “O que defendo é um processo educacional que acompanhe a criança ao longo de nove anos. Como fazer com que ela aprenda o que é indispensável? O desafio é o acompanhamento”, explica. O professor da USP critica o excessivo número de professores temporários em São Paulo (cerca de 49.000) e defende a regularização das contratações como um dos caminhos para melhorar a progressão continuada no ensino público. “Outro ponto é a falta de diá-

Roberto Parizotti

Cultura de aprovação automática

logo da Secretaria Estadual de Educação com os professores, para a construção desse modelo. Houve um ‘divórcio’ entre as partes”, diz Alavarse. Douglas Izzo, diretor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp), questiona: “As avaliações são fundamentais

para ver se o estudante aprendeu ou não. Mas com a sala lotada e as piores condições de ensino, como o professor consegue fazer um diagnóstico, propor recuperação, reforço e ir trabalhando as dificuldades dos estudantes?”. Para o professor e sindicalista, ao longo dos últimos anos, a progressão continuada criou uma “falta de responsabilidade do próprio aluno com os seus estudos”. E alerta: “É uma situação difícil de mudar, porque a aprovação automática já se tornou uma cultura”.

rede pública estadual de Campinas. “Não aprovo o modelo, pois como o estudante é aprovado sem condição de passar de ano? Sem ler e escrever, não vai para a frente”, diz. Aumentar a competência em língua portuguesa é um dos principais desafios do sistema de progressão continuada.“A leitura é algo decisivo na escola para várias áreas do conhecimento”, afirma o professor Ocimar Mu-

nhoz Alavarse, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Ele também lembra que os índices de repetência e evasão escolar continuam elevados. “A progressão não só gerou um desastre em São Paulo, como também não mudou os patamares medidos pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb)”, complementa.

Falta de professores Na última semana de janeiro, mais de cinco milhões de estudantes voltaram às aulas na rede pública estadual de ensino. E, mais uma vez, a falta de professores está na ordem do dia em parte considerável das 5.300 escolas do Estado de São Paulo. Estima-se a necessidade de pelo menos mais 50.000 educadores para juntarem-se aos outros 230.000 docentes concursados. Contudo, o governador Geraldo Alckmin utiliza-se da contratação de professores temporários (chamados

de categoria “O”) para preencher essas lacunas, pois assim paga salários rebaixados e com direitos trabalhistas reduzidos. Para não caracterizar vínculo empregatício, Alckmin demite todos esses educadores ao final do ano letivo e os recontrata no ano seguinte – a assinatura do novo contrato só acontece após um período de “quarentena obrigatória”. Os aproximadamente 49.000 trabalhadores precarizados representam 21% dos professores da rede pública paulista de ensino.


Campinas

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Qual é o futuro das polícias brasileiras? Sociedade debate mudanças no paradigma autoritário que está em xeque

Fotógrafos ativistas

“Não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da Polícia Militar.” Desde as jornadas de junho, quando jovens (majoritariamente) saíram às ruas de todo o Brasil para barrar o reajuste das tarifas do transporte público e foram duramente reprimidos pela Polícia Militar, é comum ouvir essa palavra de ordem nas manifestações, tangenciando as pautas originais. Em São Paulo, no primeiro grande ato de rua do ano (com aproximadamente 4.000 pes-

Por Enio Lourenço

soas) – que contestava a realização da Copa do Mundo no Brasil diante da remoção de comunidades nas redondezas dos estádios, da morte de operários e do poderio da FIFA no país –, o estoquista Fabrício Proteus Nunes, de 22 anos, foi alvejado no tórax e na virilha pelas balas de três policiais enquanto tentava fugir da manifestação novamente reprimida pela PM, após caos generalizado no Centro da capital paulista.

A redemocratização do país assegurou as liberdades democráticas, o restabelecimento dos partidos políticos, o direito à livre organização sindical, entre outras garantias. Porém, trouxe consigo uma polícia carregada de métodos autoritários, que se utiliza dos mesmos expedientes repressivos da ditadura civil-militar: chacinas, desaparecimento de pessoas, truculência, em suma, observa e trata o cidadão como um potencial inimigo.

A tensão e a revolta com a Polícia Militar não são exclusividade dos manifestantes de junho. Os movimentos sociais sempre denunciaram as ações irregulares da PM contra os trabalhadores e estudantes, com especial atenção às periferias dos grandes centros urbanos. Para o dirigente da Central dos Movimentos Populares (CMP), Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, o tratamento dado pela polícia aos movimentos sociais e aos pobres sempre foi coerente com o tratamento dado pelo Estado: “com violência”. “A PM não protege a sociedade, ela persegue as pessoas, ameaça, reprime”, explica. Muitas vezes o militante foi perseguido devido a suas atividades políticas. Além das ameaças de morte, Gegê chegou a ser preso em 2004, quando o Estado lhe imputou um homicídio em uma ocupação disputada por traficantes e trabalhadores

Há um acirramento de posições dentro das Polícias Militares quanto à desmilitarização da instituição. Segundo o tenente Cesário – que comanda 400 policiais no batalhão de área da região central de São Paulo – não existe consenso entre os praças (soldados e militares de baixa patente), que em sua maioria defendem internamente a desmilitarização, e o oficialato da PM paulista, contrário à proposta – tal divisão é própria do militarismo. “Eu perguntei para os homens que eu comando e vi que aproximadamente 70% são a favor da desmilitarização. A carreira única seria positiva para a sociedade. Seria muito melhor que o policial que chegasse a comandar a instituição tivesse passado por todas as posições. Sou favorável à unificação das Polícias (Civil e Militar), porque existe até um terrorismo interno na cultura militar.

sem-teto no Centro de São Paulo (em 2011, após quase oito anos de cárcere à espera de julgamento, Gegê foi inocentado por falta de provas). “Quando a laranja tá podre, não tem mais jeito. Não é uma aula de Direitos Humanos que vai mudar a PM. Para o policial, a farda é sinônimo de poder, não é apenas para ganhar o pão. Os caras assaltam e matam. O governador diz uma coisa e eles fazem outra”, conta Gegê, pouco crédulo em uma reforma das polícias: “Pode até amenizar [a violência policial] por um período, mas nos momentos críticos ela vai voltar às mesmas práticas de sempre”.

AAMEEP

Divergências internas nas PMs

enio lourenço

Movimentos sociais

As posições diferentes daquelas centralizadas sofrem sanções administrativas, como transferências. Eu mesmo fiquei quase um ano trabalhando a 650 km da capital, sendo que a minha esposa trabalha na cidade, porque tive divergências com o alto comando”, explica o oficial. Já o vereador paulistano e ex-capitão das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) Roberval Conte Lopes se diz favorável à desmilitarização, mas não acredita nessa reforma. “Eu duvido que alguém tenha coragem de desmilitarizar a PM, porque é ela que é chamada para acabar com as inva-

sões dos alunos na Reitoria da USP, ou com as greves, como aquelas que o Lula fazia nos anos 70.” Para o policial reformado, contraditoriamente, a estrutura militar é a forma de manter a disciplina nos quartéis da polícia. “Se não for hierarquizada, qual é o policial que vai obedecer ao comando? Não funcionaria [a desmilitarização], porque se eles puderem decidir ninguém iria acordar cedo para fazer essas reintegrações. Os policiais têm que atender ao comando.” Conte Lopes ainda propõe a valorização da Rota (tropa de elite da PM paulista, conhecida por muitas execuções e pouco diálogo) como uma solução para a segurança pública. “É a única polícia em que eu confio no Brasil. E eu já falei para o governador que ele deveria ampliá-la e expandi-la para todo o Estado de São Paulo.”


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Ao final de 2013, entidades promoveram a aula pública “Que polícia queremos?”, na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Lá, o pesquisador Renato Sérgio de Lima, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, lembrou que uma polícia forte é uma polícia diferente de violenta. “No Brasil, a estrutura autoritária da polícia não é herdeira apenas da ditadura militar. Desde o período colonial, a polícia está a serviço do Estado e não da sociedade.” A estrutura e a morosidade do Poder Judiciário, assim como as legislações criminais

enio lourenço

A reforma da polícia (para além da desmilitarização)

arcaicas, também agravam as arbitrariedades das polícias, como se observa na grande quantidade de presos provisórios à espera de um julgamento. “Existe um padrão operacional anacrônico. Com

base na Lei de Acesso à Informação, percebe-se que a polícia mata muito e morre muito. O evento “morte” é esperado pelo policial”, complementa. Lima acentua a urgência de o Congresso Nacional ampliar

litar tem por atribuição fazer o patrulhamento ostensivo, enquanto a Polícia Civil cuida da investigação. No entanto, as duas instituições pouco dialogam e apresentam divergências entre si. Uma das consequências é a incapacidade de resolução dos crimes. “Mais do que desmilitarizar a polícia, é preciso refundá-la. Nós temos o ciclo incompleto. Já temos a polícia civil, que não é militar, e está longe de ser eficiente. Prova disso é que apenas 8% dos homicídios são esclarecidos por ela”, afirmou Carolina Ricardo, do Instituto Sou da Paz.

esse debate de forma menos corporativa. “Nas manifestações de junho, adotou-se [os governos e as polícias] táticas do exército para reprimir a população. Esse sistema é falido. As evidências também estão nas mortes dos jovens negros nas periferias. Debater segurança pública não é algo exclusivo das polícias. O debate político é diferente do debate técnico. É preciso gerar uma nova doutrina.” A existência de duas polícias (militar e civil) em cada Estado proporciona uma falha no trabalho da segurança pública, já que a Polícia Mi-

Proposta de Emenda à Constituição Nº 51/2013 Está em trâmite no Senado a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 51/2013, de autoria do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que prevê uma reforma profunda na segurança pública brasileira. A formação de polícias municipais, estaduais e federal

desmilitarizadas, de ciclo único (patrulhamento ostensivo e investigação); e a criação de ouvidorias externas e independentes são algumas das medidas. “Acreditamos oferecer uma solução de profunda reestruturação de nosso sistema de segurança pública, para a trans-

formação radical de nossas polícias. A partir da desmilitarização da Polícia Militar e da repactuação das responsabilidades federativas na área, bem como da garantia do ciclo policial completo e da exigência de carreira única por instituição policial, pretende-se criar condições para que a provisão

da segurança pública se dê de forma mais humanizada e mais isonômica em relação a todos os cidadãos, rompendo, assim, com o quadro dramático da segurança pública no País.”, justifica o documento. A PEC está na Comissão Temporária de Segurança, e vai seguir para a Comissão

de Constituição e Justiça do Senado. A expectativa da assessoria do senador Lindbergh é que a matéria vá ao plenário ainda neste ano. Caso seja aprovada, a União, os Estados e os Municípios têm até seis anos para fazer a readequação ao novo modelo.

O professor de Gestão de Políticas Públicas da USP Pablo Ortellado acredita que o contexto das manifestações contra a realização da Copa do Mundo é propício para dar início à transformação das polícias brasileiras. “Para esses protestos, não há mais demandas atendíveis, pois as remoções, a Lei da Copa e os estádios já foram feitos. Mas uma reforma da polícia pode mitigar o antagonismo crescente entre manifestantes e governos.”

Para o acadêmico – que enfatiza não ser especialista em segurança pública –, algumas providências podem ser tomadas imediatamente: acabar com os “autos de resistência”, expressão usada nos boletins de ocorrência após mortes ou lesões em decorrência da intervenção policial; a criação de corregedorias com o controle da sociedade civil; a regulamentação das armas menos letais (bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha, spray de pimenta) por meio de um protocolo disci-

Bruno Terribas

Protestos contra a Copa podem impulsionar mudanças

plinar do governo federal, que oriente as polícias estaduais. “Não houve reação por parte da presidenta Dilma Rousseff (PT) ou dos governadores

Geraldo Alckmin (PSDB) e Sérgio Cabral (PMDB) a essa reivindicação, que aparecia como transversal em junho. Atendê-la sinalizaria boa von-

tade por parte dos governos, uma nova disposição em tratar os movimentos sociais e da periferia, que sempre denunciaram o genocídio dos jovens negros e pobres. Representaria o diálogo”, disse Ortellado. E complementa: “Mas isso também implicaria o governo arriscar seu único instrumento de garantia da ordem: uma polícia violenta e assassina”. Em 2014, uma reposta a esse imbróglio deve começar a ser esboçada.


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6 POLÍTICA

Comitê do Plebiscito Popular é criado na RMC O primeiro Comitê do Plebiscito Popular da Região Metropolitana de Campinas (RMC) foi inaugurado no dia 28 de janeiro. Ele nasceu com o desafio de ampliar as ações pela reforma política no Brasil e massificar a participação do povo. A pergunta da consulta será: “Você é a favor de uma Constituinte Exclusiva e soberana sobre o sistema político?” O indicativo é que o plebiscito seja feito entre os dias 1º e 7 de setembro de 2014. Dezenas de entidades e organizações integrantes do comitê serão responsáveis por expandi-

divulgação

Ideia é fomentar o debate sobre a viabilidade de uma Constituinte Exclusiva sobre a reforma política

campanha pelo plebiscito popular”, afirma Arthur Ragusa, diretor do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP).

-lo para as cidades da RMC através da atuação de grupos de trabalho. “É através do comitê que vamos articular a participação de Campinas e região na

Uma das primeiras resoluções do comitê é buscar apoio financeiro junto a sindicatos e entidades para a confecção de cartilhas e outros materiais de divulgação do plebiscito. Os organizadores também pretendem realizar uma plenária e um curso de formação regional. A próxima reunião está marcada para o dia 25 de fevereiro. “O sucesso do plebiscito no processo de organização e coleta de votos depende do quanto conseguiremos enraizar e ramificar comitês nas cidades da RMC”, lembra Lourdes

Andrade Simões, da Marcha Mundial das Mulheres. Segundo a militante, a existência do comitê local garante resultados mais eficientes no envolvimento das pessoas na campanha. “O comitê na cidade consegue atingir a população mais próxima e mobilizar associações, grupos de moradores, entidades, igrejas, estudantes, jovens e sindicatos em torno dessa pauta única: a alteração do atual sistema político, que poderá trazer grandes mudanças para o país e ao povo brasileiro”, declara Lourdes.

Sociedade em busca de um novo modelo de democracia Qualquer entidade ou organização interessada em participar da campanha pelo plebiscito popular pode montar um comitê em sua cidade ou integrar o comitê regional. “Os comitês estão abertos para adesão. Eles se estruturam através das enti-

dades, mas qualquer pessoa pode se incorporar”, explica Lourdes Andrade Simões, integrante do comitê regional. Para ela, é fundamental massificar a campanha pelo plebiscito na luta contra o atual modelo de Estado. “A campanha pelo plebiscito é muito importante

para formar a opinião da população e mostrar aos governantes o que não queremos desse sistema, que não inclui o povo, pelo contrário, nos exclui.” O petroleiro Arthur Ragusa, que também participa do comitê regional, considera o plebiscito popular uma das

pautas mais sérias e abrangentes da atualidade. “Essa campanha unifica movimentos, partidos políticos, entidades, centrais sindicais e a população em geral para o mesmo foco: o de mudar o nosso sistema para um modelo mais representativo e democrático.”

Mais informações sobre o plebiscito podem ser obtidas na página on-line: <www. plebiscitoconstituinte.org. br>. Para fazer parte do Comitê Campinas, ou criar um comitê municipal, envie um e-mail para <plebiscito.campinas@gmail.com>.

Social

Bairros aguardam regularização fundiária A luta pela regularização dos bairros Renascença e Vila Francisca dura 22 anos. A área pertencia à antiga Ferrovia Paulista S.A (Fepasa) e foi ocupada pelos atuais moradores, que desde então travam uma batalha com o poder municipal pelo direito à moradia. No dia 14 de fevereiro, uma reunião entre representantes da Prefeitura e das associações dos moradores dos

divulgação

Prefeitura vai fazer topografia e fala em seis meses para normalizar Renascença e Vila Francisca

dois bairros resultou na promessa de novas ações e prazos para a regularização fundiária

das duas áreas, onde vivem 565 famílias. De acordo com o presidente da Associação de Moradores da Vila Francisca, Valdino Santana, o Poder Executivo se comprometeu em realizar a topografia aérea da região e encaminhá-la à Secretaria de Habitação em até dois meses – segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, só é possível concluir o processo após esse levantamento.

Em setembro de 2013, os moradores dos dois bairros receberam um termo de cessão provisória dos terrenos. A transferência definitiva depende da transferência das terras da União para o município. O prazo da Prefeitura para a regularização é de seis meses. Porém, Santana afirma que o cadastramento das famílias e as obras de infraestrutura na região podem atrasar a regula-

rização. “A Prefeitura prometeu realizar a pavimentação apenas em 2015, quando receberá R$ 450 milhões do governo federal, para serem investidos em obras de infraestrutura nos bairros da cidade.” Outro problema é que nos dois bairros existem 101 famílias vivendo em áreas de risco, que aguardam, desde 2003, ser removidas e transferidas pela Prefeitura para um novo local.


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carnaval

Programação dos blocos carnavalescos de Campinas Conheça os dias e horários oficiais em que os foliões vão fazer a festa nos bairros da cidade Sábado (22/2)

Domingo (2/3)

Domingo (23/2)

• 13h: Nem Sangue, Nem Areia – Vila Industrial • 13h30: Vai Que Vira – São Bernardo • 16h: Bloco do Bob – Praça Santa Cruz no Cambuí • 17h: Pré-Carnaval – Estação Cultura

Sexta-feira (28/2)

• 15h: Ibaô – Vila Padre

divulgação

• 13h: City Banda – Concentração entre as ruas do Tênis Clube e do Regatas • 15h: Bloco Unidos do Candinho – Na sede do Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira, em Sousas • 17h: Pré-Carnaval – Estação Cultura • 23h: Berra Vaca – Praça do Coco, em Barão Geraldo Manoel de Nóbrega • 19h: Ibaô e Maracatucá – Vila Padre Manoel de Nóbrega • 22h: Maracatucá – Banca Central, em Barão Geraldo • 23h: Berra Vaca – Praça do Coco, em Barão Geraldo

Sábado (1/3)

• 12h30: Ferradura – Barão Geraldo • 14h: Unidos da Tribo –

Joaquim Egídio • 14h: Matinê da Banda Segura – Jardim Aeroporto/DIC I • 14h30 – Tomá na Banda – Centro de Convivência Cultural no Cambuí • 16h: As Caixeirosas – Praça do Coco, em Barão Geraldo • 17h: Nação Bantus de Savuru – CDHU da Vila Padre Anchieta • 17h: Pífanos Flautins Matuá – Barão Geraldo

• 14h: Unidos da Tribo – Joaquim Egídio • 14h: Bloco da Zocca – Vila Castelo Branco • 14h: Matinê da Banda Segura – Teatro Maria Monteiro, na Vila Padre Anchieta • 17h: Nação Bantus de Savuru – Vila Padre Anchieta • 17h: União Altaneira – Moradia da Unicamp, em Barão Geraldo • 19h: Ibaô Afoxé – Sambódromo • 20h: Urucungos, Puítas e Quijengues – Vila Teixeira • 22h: Maracatucá – Banca Central, em Barão Gealdo

Segunda-feira (3/3)

• 14h: Unidos da Tribo – Joaquim Egídio • 14h: Bloco Beeiro – Moradia da Unicamp, em Barão Geraldo • 14h: Bloco do Boi – Centro

(próximo ao Mercado Campineiro) • 14h: Bloco da Vó Tiana – Praça Getulio Vargas IAPI, na Vila Teixeira • 17h: Cupinzeiro – Praça do Coco, em Barão Geraldo • 19h: Afoxé Omi Alado – Sambódromo

Terça-feira (4/3)

• 14h: Unidos da Tribo – Joaquim Egídio • 14h: Matinê da Banda Segura – Lagoa do Mingone, no Jardim Capivari • 15h: Bloco Teia do Aranha – Casa de Cultura Tainã • 22h – Maracatucá – Banca Central, em Barão Geraldo • 23h: Berra Vaca – Praça do Coco, em Barão Geraldo *Programação sujeita a alteração.


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8 foto síntese – A seca no Rio Atibaia

Palavras Cruzadas diretas PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

© Revistas COQUETEL

Navio Licença usado por do taxista Cabral profis(Hist.) sional

Tigre, em inglês Cachaça (pop.) Condição da peça

Moeda corrente

em 17 paí- vazios Preencha os espaços 1 a 9. Ucom algarismos deencontrada ses (pl.) no museu Os algarismos não podemEscondese repetir nas linhas verticais e rijo de bandidos (p. ext.) horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). Cenário, sudoku Programa

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Escrevem a resenha de filmes

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C R I T I C O S

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C N H A N U E D A N E U C O R A N A I E V O L T A C H A R AÇ A R G A Ã O L U N R A C A R A L AN D R I D A

7

3

Trabalho; labuta

M R E E N T O V O C M A L

Raul (?): o Maluco Beleza (Mús.)

2

4

Dia da (?): o Juízo Final

Dia da (?): o Juízo Final

S Ã O B R A S

42 39 9

84 5

6

Economizar; poupar E, em inglês

I G A R A

65 6

1

po do carioca boêmio

I X

71

www.coquetel.com.br Estereóti-

Marcar com um furo Gema translúcida

Marcar com um furo Gema translúcida

diretor de jornalismo da Globo

I

3

3

1 7 3 6 5 8 4 9 2

8

4

Cálcio (símbolo)

7

Revistas COQUETEL

8 6 5 4 9 2 3 1 7

BANCO

1

3

69

Canoa feita de tronco escavado

5

3/and — sun. 5/amore — décor — igara — tiger. 8/registro. 9/autonomia.

Trabalho; labuta

1

4

Instrumento de canções de Bob Dylan

E

4

Copo em que se serve o vinho

C R I T I C O S

8

8

1

4 2 9 3 7 1 8 5 6

9

6

12

Padroeiro protetor da saúde da garganta

Poema grego (pl.) Apelido de "Tatiana"

A dos filhos é disputada após o divórcio

Completamente molhada

Ceder

Caráter doa 9. com algarismos de 1 trabalho Canoa feito pelos de Os algarismos não podem sefeita repetir nas linhas verticais e ções de tronco Médicos escavado Bob Dylan Sem (?) Kamel, www.coquetel.com.br horizontais, nem nos quadrados menores Fronteiras (3x3).

4

Ceder Padroeiro protetor da saúde da garganta

O tempo passado

A dos filhos Preencha 9.Poema Comple- os espaços vazios com algarismos de 1 a grego (pl.) é disputatamente da após o Apelido dee molhada Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais Preencha os espaços vazios divórcio "Tatiana" Copo em Instrumenhorizontais, nem nos quadrados menores (3x3). que se to de canserve o vinho © Revistas COQUETEL Caráter do trabalho feito pelos Médicos Sem © (?) Kamel, Fronteiras diretor de Cálcio jornalismo (símbolo) da Globo EconomiEstereótizar; poupar po do carioca E, em boêmio inglês

O tempo passado

Escrevem a resenha de filmes

A R R A N C A R

8

"Per (?)", sucesso de Zizi Possi Extirpar

Inclinação do seminarista

G U A R D A

6

Programa de 12/6 Ambiente de "Lost"

www.coquetel.com.br

"Per (?)", sucesso de Zizi Possi Extirpar

1

Cenário, em francês Companhia (abrev.) Conflito comum no BrasilColônia

N

Inclinação do seminarista

Esconderijo de bandidos (p. ext.)

D

COQUETEL

Condição da peça encontrada no museu

U

A

9

de 12/6 Ambiente de "Lost"

Moeda corrente em 17 países (pl.)

Tigre, em inglês Cachaça (pop.)

3/and — sun. 5/amore — décor — igara — tiger. 8/registro. 9/autonomia.

em francês Companhia (abrev.) © Revistas Conflito comum no BrasilColônia

N A

Maior cidaQue é de do Vale do Ribeira relativo a árvores (SP)

A L I

N A

Maior cidade do Vale Que é do Ribeira relativo a árvores (SP)

Navio Licença usado por do taxista Cabral profis(Hist.) sional

M R E E N T O V O C M A L

Prática recomen- (?) escolar: Bandeirante que dada a profissionais marca a desbravou da música e locu- frequência do aluno Goiás tores Jamais A do preço do dólar prejudica os exportadores brasileiros Sol, em inglês

marcos aparecido alves

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

Prática recomen(?) escolar: Bandeirante que dada a profissionais marca a desbravou da música e locu- frequência do aluno Goiás tores Jamais A do preço do dólar prejudica os exportadores brasileiros Sol, em inglês


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