Jornal brasil atual limeira 25

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limeira

www.redebrasilatual.com.br

Jornal Regional de Limeira

jornal brasil atual

Distrib

jorbrasilatual

Gratuuiição ta

nº 25

segurança

Março de 2014

mídia

uma nova polícia Sociedade debate mudanças no modelo autoritário; PEC tramita no Senado

violência Apresentadora do SBT propaga discursos de ódio e vingança

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cidadania

animais Conselho de Defesa está funcionando e apresenta desafios para 2014

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acessibilidade perfil

Dona Therezinha, a nossa primeira prefeita obstáculos

Conheça um pouco da história da empresária, política, avó Maria Thereza Silveira: uma mulher pioneira

Políticas e ações ainda são insuficientes para portadores de deficiência

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Limeira

2 MÍDIA

Violência na bancada de telejornal

editorial Um assunto frequente entre jornalistas e pessoas que se preocupam com a cidadania é a blindagem que os jornais do interior paulista fazem à gestão do PSDB e do governador Geraldo Alckmin. Blindagem significa que os noticiários escondem ou esfriam as notícias desfavoráveis à gestão tucana. Um exemplo: São Paulo está em segundo lugar em quantidade de pessoas inscritas no programa Bolsa Família – atrás apenas da Bahia. Como o Estado mais rico do país tem tal carência e dissemina tanto ódio ao programa que atende os mais pobres da população? Essa é uma contradição exemplar. A riqueza aqui é da elite, esta é a verdade que deveria estar nos noticiários. Outro exemplo: o Brasil vive, hoje, quase a pleno emprego. Em 12 anos, foram criados cerca de 22 milhões de empregos com carteira assinada. E qual noticiário tem coragem de dar essa notícia muito positiva para os brasileiros? O que se vê é o contrário, com os noticiários destilando pessimismo, fazendo voz aos bancos e aos empresários. Vários observadores de comunicação concordam que a notícia está longe da verdade dos fatos e distante dos interesses da imensa parcela da população trabalhadora. Com a circulação desta edição e com um temário voltado ao povo e ao trabalho, o jornal Brasil Atual caminha no sentido inverso, que é o de aumentar a qualidade do jornalismo popular e consciente.

Na primeira semana de fevereiro, um adolescente foi espancado, torturado e acorrentado a um poste após ser acusado de furto por um grupo de jovens da zona sul do Rio de Janeiro (região nobre) – autointitulados “justiceiros do Flamengo”. O caso ganhou ainda mais repercussão quando a apresentadora Rachel Sheherazade, do telejornal SBT Brasil, emitiu opinião em defesa da ação. “A atitude dos vingadores é até compreensível (...). O contra-ataque aos bandidos é o que eu chamo de legítima defesa coletiva de uma sociedade sem Estado, contra um estado de violência sem limite”. Sheherazade foi alvo de críticas nas redes sociais. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e a Comissão de Ética da entidade se manifestaram contra a declaração e a classificaram como “grave violação dos direitos humanos e do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros”. Eles também solicitaram a investigação da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), pois consideram ser algo “que ocorre de forma rotineira em programas de radiodifusão em nosso país”. A senadora Ana Rita (PT-ES), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado,

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Apresentadora do SBT prega justiça com as próprias mãos

encaminhou à Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo um ofício cobrando providências em relação à jornalista. O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) também entrou com uma representação no Ministério Público contra Sheherazade por apologia à tortura. No dia seguinte à polêmica, a jornalista se defendeu na bancada do SBT Brasil, afirmando ser contra a violência. “Eu defendo as pessoas de bem deste País, que foram abandonadas à própria sorte (...). O que eu fiz não foi defender a atitude dos justiceiros. O que eu defendi foi o direito da população de se defender quando o Estado é omisso.” Para o sociólogo e jornalista Lalo Leal, o episódio é um “caso gravíssimo de atentado aos direitos humanos e à democracia”. Segundo ele,

Sheherazade utilizou o canal de televisão de forma criminal. “O comentário da jornalista fere a Constituição, a mesma que diz que a televisão deve promover informação, educação e entretenimento. Ela utilizou a concessão [pública do canal televisivo] para promover e instigar a barbárie, realizando apologia à violência como forma de resolver problemas sociais”, explica. Lalo ainda lembra que é responsabilidade do Estado decidir se uma pessoa é delinquente. E se assim o for, deverá puni-la de forma adequada. “Os órgãos de fiscalização precisam ficar de olho. Os agressores do adolescente são verdadeiros fascistas e devem ser presos e julgados. A jornalista e a emissora também devem ser punidos por violação à Constituição e ao Estatuto da Criança e do Adolescente.”

Expediente Rede Brasil Atual – Limeira Editora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de redação Paulo Salvador Secretário de Redação Enio Lourenço Redação Ana Lucia Ramos, Ivanice Santos, Lauany Rosa e William da Silva Revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman Telefone (19) 99264-6550 – (11) 3295-2820 Tiragem: 15 mil exemplares Distribuição Gratuita


Limeira

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perfil

Maria Thereza, uma mulher à frente do seu tempo Na década de 1930, as mulheres conquistaram o direito a votar nas eleições brasileiras. Mais do que o sufrágio, em 1934, Limeira teve uma das primeiras prefeitas do Brasil. Maria Thereza Silveira Barros Camargo nasceu no dia 2 de novembro de 1894, em Piracicaba, e era neta do ex-presidente da República Prudente de Morais (1894-1898). De família abastada, frequentou os melhores colégios da época e formou-se professora primária.

lauany rosa

Conheça um pouco da história da primeira prefeita de Limeira, respeitada em todo o Estado

A dona Therezinha, como ficou conhecida, casou-se com o engenheiro civil doutor Tra-

jano de Barros Camargo, em 1912, e tiveram nove filhos. Viveram por algum tempo no

Rio de Janeiro, mas retornaram a Limeira, onde o marido montou uma serralheria próximo à linha do trem. O estabelecimento serviu de base para a criação da indústria Machina São Paulo, que fabricava máquinas de beneficiamento do café (operações pós-colheita). Com a morte do marido, em 1930, Therezinha assumiu a presidência da empresa e se aventurou na política. Além de prefeita da cidade, também foi deputada estadual

pelo extinto Partido Constitucionalista. Na década de 1950, ela mudou-se para São Paulo, onde viveu até a sua morte, no dia 29 de julho de 1975 – devido ao mal de Alzheimer, Maria Thereza perdeu a lucidez. A ex-prefeita também chegou a ser homenageada com o título de cidadã limeirense, com o nome de uma escola estadual e de uma rua, que dá sequência à Rua Dr. Trajano de Barros Camargo.

De dona de casa e educadora a empresária industrial A Companhia Industrial Machina São Paulo desenvolveu-se rapidamente por fabricar máquinas catadoras, classificadoras e beneficiadoras do café. A morte do doutor Trajano colocou a dona de casa e educadora Maria The-

reza no controle da empresa. “Ela aproveitou a riqueza para doar um terreno para a construção do Nosso Clube. Therezinha também construiu escolas para os funcionários da companhia e fez outras ações”, conta o escritor Dom José Gaspar.

Ao lado dos funcionários, a nova empreendedora resolveu diversificar a produção: máquinas de beneficiamento de algodão e cacau, de fiação de seda, secadoras de café representaram a nova fase da Machina (que ex-portava para todo o mundo).

No início da década de 1940, a Machina foi convocada pelas Forças Armadas do Brasil a produzir material bélico para a Segunda Guerra Mundial. A empresa, então, precisou investir em adaptações de maquinários e na construção de galpões,

e as armas só ficaram prontas próximo ao final da guerra (1945). Uma crise financeira tomou conta da Machina, que não teve como cobrir o dinheiro investido. Em 1950, Maria Theresa vendeu a empresa para a Mercedes-Benz.

A prefeita e deputada estadual

O legado da avó

Em 1931, Maria Thereza envolveu-se mais assiduamente com a política. Entusiasmada, ela criou uma gráfica, que imprimia folhetins para a Machina e boletins de apoio e incentivo à Revolução Constitucionalista. No ano seguinte, Therezinha tornou-se presidente do diretório municipal do Partido Constitucionalista. Em apoio à Revolução Constitucionalista – movimento liberal que pretendia derrubar o governo provisório de Getúlio Vargas e exigia nova

O rigor e a determinação de Therezinha lhe conferiam trânsito político. Ela recebia governadores, senadores e ministros na chácara Coronel Flamínio (atualmente, Jardim Mercedes e antigo zoológico). “Minha avó era muito culta, tinha o dom da palavra e opiniões fortes, isso com certeza chamou a atenção do Partido Constitucionalista.” A avó de Júlio César também era admiradora das artes. Silvio Caldas, Carmem Miranda e Procópio Ferreira estavam entre os seus artistas

Constituição para o país –, a empresária organizou grupos de enfermeiras para atender os feridos nas batalhas. “Therezinha participou ativamente socorrendo os soldados nas barracas, que ficavam na linha de frente da Revolução”, conta o veterinário Júlio César de Barros Camargo, 58, neto dela. Já em 1934, a influência industrial e política de Maria Thereza a fizeram ser nomeada prefeita de Limeira pelo governador Armando Salles de Oliveira. “Ela tinha uma influência muito grande por

conta da Machina”, comenta Júlio César. Em 1935, a prefeita foi eleita deputada estadual, com mandato até 1937. Na Assembleia Legislativa, a parlamentar criou o serviço estadual de sericultura e ampliou a rede estadual de educação. “Dona Therezinha trouxe muitos benefícios para Limeira, pois soube dar continuidade ao trabalho do marido. É uma figura marcante, que pensava no bem-estar da população, afirma o pesquisador José Heflinger.

preferidos e eram seus amigos íntimos. “O Procópio sempre participava de jantares, era muito brincalhão. Um dia, sem querer, flagrei os dois abraçados”, revela o veterinário e explica que a avó era discreta nos relacionamentos após a morte do dr. Trajano. “As lembranças são muito boas. Ela não admitia falta de respeito e de consideração. Minha avó fez Limeira crescer politicamente e se destacar no Brasil por conta da Machina e do seu trabalho como política”, conclui Júlio César.


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Qual é o futuro das polícias brasileiras? Sociedade debate mudanças no paradigma autoritário que está em xeque

Fotógrafos ativistas

“Não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da Polícia Militar.” Desde as jornadas de junho, quando jovens (majoritariamente) saíram às ruas de todo o Brasil para barrar o reajuste das tarifas do transporte público e foram duramente reprimidos pela Polícia Militar, é comum ouvir essa palavra de ordem nas manifestações, tangenciando as pautas originais. Em São Paulo, no primeiro grande ato de rua do ano (com aproximadamente 4.000 pes-

Por Enio Lourenço

soas) – que contestava a realização da Copa do Mundo no Brasil diante da remoção de comunidades nas redondezas dos estádios, da morte de operários e do poderio da FIFA no país –, o estoquista Fabrício Proteus Nunes, de 22 anos, foi alvejado no tórax e na virilha pelas balas de três policiais enquanto tentava fugir da manifestação novamente reprimida pela PM, após caos generalizado no Centro da capital paulista.

A redemocratização do país assegurou as liberdades democráticas, o restabelecimento dos partidos políticos, o direito à livre organização sindical, entre outras garantias. Porém, trouxe consigo uma polícia carregada de métodos autoritários, que se utiliza dos mesmos expedientes repressivos da ditadura civil-militar: chacinas, desaparecimento de pessoas, truculência, em suma, observa e trata o cidadão como um potencial inimigo.

A tensão e a revolta com a Polícia Militar não são exclusividade dos manifestantes de junho. Os movimentos sociais sempre denunciaram as ações irregulares da PM contra os trabalhadores e estudantes, com especial atenção às periferias dos grandes centros urbanos. Para o dirigente da Central dos Movimentos Populares (CMP), Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, o tratamento dado pela polícia aos movimentos sociais e aos pobres sempre foi coerente com o tratamento dado pelo Estado: “com violência”. “A PM não protege a sociedade, ela persegue as pessoas, ameaça, reprime”, explica. Muitas vezes o militante foi perseguido devido a suas atividades políticas. Além das ameaças de morte, Gegê chegou a ser preso em 2004, quando o Estado lhe imputou um homicídio em uma ocupação disputada por traficantes e trabalhadores

Há um acirramento de posições dentro das Polícias Militares quanto à desmilitarização da instituição. Segundo o tenente Cesário – que comanda 400 policiais no batalhão de área da região central de São Paulo – não existe consenso entre os praças (soldados e militares de baixa patente), que em sua maioria defendem internamente a desmilitarização, e o oficialato da PM paulista, contrário à proposta – tal divisão é própria do militarismo. “Eu perguntei para os homens que eu comando e vi que aproximadamente 70% são a favor da desmilitarização. A carreira única seria positiva para a sociedade. Seria muito melhor que o policial que chegasse a comandar a instituição tivesse passado por todas as posições. Sou favorável à unificação das Polícias (Civil e Militar), porque existe até um terrorismo interno na cultura militar.

sem-teto no Centro de São Paulo (em 2011, após quase oito anos de cárcere à espera de julgamento, Gegê foi inocentado por falta de provas). “Quando a laranja tá podre, não tem mais jeito. Não é uma aula de Direitos Humanos que vai mudar a PM. Para o policial, a farda é sinônimo de poder, não é apenas para ganhar o pão. Os caras assaltam e matam. O governador diz uma coisa e eles fazem outra”, conta Gegê, pouco crédulo em uma reforma das polícias: “Pode até amenizar [a violência policial] por um período, mas nos momentos críticos ela vai voltar às mesmas práticas de sempre”.

AAMEEP

Divergências internas nas PMs

enio lourenço

Movimentos sociais

As posições diferentes daquelas centralizadas sofrem sanções administrativas, como transferências. Eu mesmo fiquei quase um ano trabalhando a 650 km da capital, sendo que a minha esposa trabalha na cidade, porque tive divergências com o alto comando”, explica o oficial. Já o vereador paulistano e ex-capitão das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) Roberval Conte Lopes se diz favorável à desmilitarização, mas não acredita nessa reforma. “Eu duvido que alguém tenha coragem de desmilitarizar a PM, porque é ela que é chamada para acabar com as inva-

sões dos alunos na Reitoria da USP, ou com as greves, como aquelas que o Lula fazia nos anos 70.” Para o policial reformado, contraditoriamente, a estrutura militar é a forma de manter a disciplina nos quartéis da polícia. “Se não for hierarquizada, qual é o policial que vai obedecer ao comando? Não funcionaria [a desmilitarização], porque se eles puderem decidir ninguém iria acordar cedo para fazer essas reintegrações. Os policiais têm que atender ao comando.” Conte Lopes ainda propõe a valorização da Rota (tropa de elite da PM paulista, conhecida por muitas execuções e pouco diálogo) como uma solução para a segurança pública. “É a única polícia em que eu confio no Brasil. E eu já falei para o governador que ele deveria ampliá-la e expandi-la para todo o Estado de São Paulo.”


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Ao final de 2013, entidades promoveram a aula pública “Que polícia queremos?”, na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Lá, o pesquisador Renato Sérgio de Lima, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, lembrou que uma polícia forte é uma polícia diferente de violenta. “No Brasil, a estrutura autoritária da polícia não é herdeira apenas da ditadura militar. Desde o período colonial, a polícia está a serviço do Estado e não da sociedade.” A estrutura e a morosidade do Poder Judiciário, assim como as legislações criminais

enio lourenço

A reforma da polícia (para além da desmilitarização)

arcaicas, também agravam as arbitrariedades das polícias, como se observa na grande quantidade de presos provisórios à espera de um julgamento. “Existe um padrão operacional anacrônico. Com

base na Lei de Acesso à Informação, percebe-se que a polícia mata muito e morre muito. O evento “morte” é esperado pelo policial”, complementa. Lima acentua a urgência de o Congresso Nacional ampliar

litar tem por atribuição fazer o patrulhamento ostensivo, enquanto a Polícia Civil cuida da investigação. No entanto, as duas instituições pouco dialogam e apresentam divergências entre si. Uma das consequências é a incapacidade de resolução dos crimes. “Mais do que desmilitarizar a polícia, é preciso refundá-la. Nós temos o ciclo incompleto. Já temos a polícia civil, que não é militar, e está longe de ser eficiente. Prova disso é que apenas 8% dos homicídios são esclarecidos por ela”, afirmou Carolina Ricardo, do Instituto Sou da Paz.

esse debate de forma menos corporativa. “Nas manifestações de junho, adotou-se [os governos e as polícias] táticas do exército para reprimir a população. Esse sistema é falido. As evidências também estão nas mortes dos jovens negros nas periferias. Debater segurança pública não é algo exclusivo das polícias. O debate político é diferente do debate técnico. É preciso gerar uma nova doutrina.” A existência de duas polícias (militar e civil) em cada Estado proporciona uma falha no trabalho da segurança pública, já que a Polícia Mi-

Proposta de Emenda à Constituição Nº 51/2013 Está em trâmite no Senado a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 51/2013, de autoria do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que prevê uma reforma profunda na segurança pública brasileira. A formação de polícias municipais, estaduais e federal

desmilitarizadas, de ciclo único (patrulhamento ostensivo e investigação); e a criação de ouvidorias externas e independentes são algumas das medidas. “Acreditamos oferecer uma solução de profunda reestruturação de nosso sistema de segurança pública, para a trans-

formação radical de nossas polícias. A partir da desmilitarização da Polícia Militar e da repactuação das responsabilidades federativas na área, bem como da garantia do ciclo policial completo e da exigência de carreira única por instituição policial, pretende-se criar condições para que a provisão

da segurança pública se dê de forma mais humanizada e mais isonômica em relação a todos os cidadãos, rompendo, assim, com o quadro dramático da segurança pública no País.”, justifica o documento. A PEC está na Comissão Temporária de Segurança, e vai seguir para a Comissão

de Constituição e Justiça do Senado. A expectativa da assessoria do senador Lindbergh é que a matéria vá ao plenário ainda neste ano. Caso seja aprovada, a União, os Estados e os Municípios têm até seis anos para fazer a readequação ao novo modelo.

O professor de Gestão de Políticas Públicas da USP Pablo Ortellado acredita que o contexto das manifestações contra a realização da Copa do Mundo é propício para dar início à transformação das polícias brasileiras. “Para esses protestos, não há mais demandas atendíveis, pois as remoções, a Lei da Copa e os estádios já foram feitos. Mas uma reforma da polícia pode mitigar o antagonismo crescente entre manifestantes e governos.”

Para o acadêmico – que enfatiza não ser especialista em segurança pública –, algumas providências podem ser tomadas imediatamente: acabar com os “autos de resistência”, expressão usada nos boletins de ocorrência após mortes ou lesões em decorrência da intervenção policial; a criação de corregedorias com o controle da sociedade civil; a regulamentação das armas menos letais (bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha, spray de pimenta) por meio de um protocolo disci-

Bruno Terribas

Protestos contra a Copa podem impulsionar mudanças

plinar do governo federal, que oriente as polícias estaduais. “Não houve reação por parte da presidenta Dilma Rousseff (PT) ou dos governadores

Geraldo Alckmin (PSDB) e Sérgio Cabral (PMDB) a essa reivindicação, que aparecia como transversal em junho. Atendê-la sinalizaria boa von-

tade por parte dos governos, uma nova disposição em tratar os movimentos sociais e da periferia, que sempre denunciaram o genocídio dos jovens negros e pobres. Representaria o diálogo”, disse Ortellado. E complementa: “Mas isso também implicaria o governo arriscar seu único instrumento de garantia da ordem: uma polícia violenta e assassina”. Em 2014, uma reposta a esse imbróglio deve começar a ser esboçada.


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Conselho de Defesa dos Animais em funcionamento Órgão consultivo tem representantes da sociedade civil e do Poder Executivo mal há quase 10 anos. Entre as suas atribuições estão: atuar na defesa de animais abandonados e feridos; conscientizar a população sobre a posse responsável; e colaborar, desenvolver e executar a Política Municipal de Proteção e Monitoramento Animal. O conselho é formado por 14 integrantes. São sete conselheiros indicados pela Prefeitura – dois representantes da Secretaria de Meio Ambiente e um das Secretarias da Saúde,

divulgação

No dia 19 de julho de 2013, foi criado o Conselho Municipal de Defesa dos Animais (Comdda), para atuar na proteção de animais domésticos e da fauna silvestre. Em dezembro, os conselheiros foram empossados e ao final de janeiro ocorreu a primeira reunião para debater a mesa diretora e os regimentos internos. O órgão que garante a participação da população na gestão pública era requisitado pelos ativistas da causa ani-

Educação, Segurança Pública, Assuntos Jurídicos e Fazenda – e sete indicados pela sociedade civil – três cidadãos liga-

dos a entidades em defesa dos animais, um das associações de médicos veterinários, um da comunidade acadêmica, um da

Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e um do Conselho do Orçamento Participativo. Cabe aos conselheiros monitorar a situação dos animais na cidade, bem como planejar e propor ações de controle e bem-estar, como campanhas, propostas legislativas e projetos educativos. A cada dois anos, o Comdda deve realizar conferências para discutir o plano municipal e realizar a eleição de novos membros da sociedade civil.

Nos primeiros meses, os conselheiros pretendem se debruçar na estruturação e formulação do Regimento Interno. De acordo com a presidente do conselho, Milena Pacheco, uma das primeiras tarefas é auxiliar o poder público no desenvolvimento de

reprodução

Atividades do primeiro ano do conselho projetos que melhorem as condições dos animais em Limeira. “Nosso objetivo é desenvolver estudos e práticas para proteção e defesa dos direitos dos animais, associados à responsabilidade social da cidadania.” Milena ressalta que o conselho pretende mapear os prin-

cipais problemas dos animais no município, para propôr soluções imediatas ao poder público. “Não podemos esquecer que o conselho apenas sugere mudanças. É a administração pública que decide se vai executá-las ou não.” Uma das propostas iniciais

é a criação de um programa de conscientização, que visa acabar com eventos que utilizam a exploração e exibição de animais para o divertimento humano, como o rodeio. A campanha de castração para o controle da população animal também está na pauta.

política

Caravana com ex-ministro da Saúde esteve na cidade

divulgação

Alexandre Padilha se reuniu com prefeito e discutiu a vinda de uma faculdade de medicina No dia 11 de fevereiro, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha visitou Limeira. A ação faz parte da “Caravana Horizonte Paulista”, em que lideranças do Partido dos Trabalhadores (PT) percorreram o Estado de São Paulo, para conhecer as principais demandas dos prefeitos e lideranças municipais. Padilha e Paulo Hadich (PSB) encontraram-se no gabinete do prefeito e falaram

sobre ações voltadas para a área da saúde, como o programa Mais Médicos, do governo federal – que teve a adesão da Secretaria Municipal de Saúde – e a possibilidade da implantação de uma faculdade de medicina na cidade. Na Câmara Municipal, o ex-ministro ressaltou a importância da caravana a fim de descobrir as prioridades de cada região do Estado de São Paulo e montar uma platafor-

ma coletiva (Padilha é pré-candidato ao governo do Estado pelo PT). Alexandre Padilha ainda se reuniu com empresários e lideranças religiosas da cidade. A visita foi acompanhada pelos vereadores limeirenses Ronei Martins, Wilson Cerqueira, Érika Monteiro, Aloízio Andrade (ambos do PT); pelo deputado federal Newton Lima (PT-SP) e por outros militantes do partido na região.


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acessibilidade

A vida dos portadores de deficiência e os obstáculos Políticas e ações de acessibilidade estão muito distantes de se tornarem realidade

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A acessibilidade ao deficiente físico ou intelectual é assegurada pelo Decreto Federal 5.296/2004 – que dá prioridade de atendimento às pessoas e estabelece normas gerais e critérios básicos. Entretanto, essa é uma questão muitas vezes associada somente ao espaço físico ou a dimensões arquitetôni-

cas, um equívoco. A acessibilidade abrange fatores como a comunicação, a educação, o trabalho, o lazer, etc. A incompletude deste ciclo se apresenta na indiferença, rejeição e preconceito das pessoas. Embora Limeira tenha feito investimentos na área – como o Sistema de Sinalização Eletrônica de Embarque

Por Lauany Rosa

DPS 2000, que possibilita aos deficientes visuais saber o destino dos ônibus –, ainda há muito a ser feito. De acordo com o censo demográfico do IBGE, de 2010, dos 276.022 habitantes da cidade, 61.263 são portadores de algum tipo de deficiência – visual, auditiva, motora e intelectual, em diferentes graus.

Barreiras da cidade e os preconceitos arraigados te. No Centro, por exemplo, as calçadas rebaixadas possuem desníveis e buracos. “Falta conscientização de que a calçada é um passeio público destinado ao pedestre, sendo ele uma pessoa com deficiência ou não”, afirma Yara Andrade, se-

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A acessibilidade arquitetônica é quase nula para os cadeirantes. Nas ruas e estabelecimentos, os poucos locais “adaptados” apresentam curvas estreitas nas rampas de acesso, ou ainda não têm o piso antiderrapan-

cretária do Conselho Municipal de Pessoas com Deficiência, que é deficiente visual. Ela ainda lembra que a acessibilidade não se limita apenas à construção de rampas de acesso e rebaixamento de pisos. “É preciso forne-

cer acesso à tecnologia, ao lazer, ao emprego, aos estudos e à acessibilidade atitudinal, que nada mais é que as pessoas deixarem de tratar os deficientes como coitadinhos, sem estigmas ou estereótipos.”

Ao final de 2013, a Secretaria de Saúde de Limeira informou que pelo menos 30% das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e das unidades do Programa de Saúde da Família (PSFs) não são adaptadas para cadeirantes e não possuem qualquer tipo de dispositivo de auxílio para deficientes visuais e auditivos. No prédio da Prefeitura não é diferente. Diversos espaços são compostos por escadas e entradas estreitas, que impossibilitam a locomoção de pessoas com mobilidade reduzida. A dona de casa Dolaci

Moreira Carvalho, de 52 anos, passou a notar as dificuldades de acesso na cidade, após o marido sofrer um acidente vascular cerebral e virar cadeirante. “No dia da formatura da minha filha, precisamos voltar antes da festa terminar, porque o Nosso Clube não tem banheiro adaptado. Em outra oportunidade, queria levar meu marido ao Mercado Municipal para comprar roupa, mas não pude, porque lá não tem acesso e os degraus são imensos”, lembra. Para o deficiente motor Rogério Faustino, de 37 anos, o comércio precisa se adequar

a todos os consumidores. Ele sente falta de locais para frequentar à noite e fazer happy hour com os amigos. “A maioria dos barzinhos, lanchonetes e restaurantes não são adaptados. Tenho vontade de sair, mas fica difícil justamente por não ter opção”, conta Faustino, que também tem problemas para comprar roupas, pois as lojas não têm entrada adequada ou provadores para deficientes. Segundo Yara Andrade, o Conselho Municipal de Pessoas com Deficiências analisa e aponta os problemas encontrados na cidade que precisam de mudanças e adaptações.

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Democratização dos espaços públicos da cidade

Porém, cabe ao poder público e à população realizar as adequações. A secretária enfatiza que o principal é a conscientização de que todos devem ter o direito de frequentar os mesmos locais públicos e privados.

“A inclusão e as pequenas mudanças necessárias para que ela aconteça não garantem benefícios apenas para aqueles que possuem deficiência, mas para todos que integram e utilizam esses ambientes.”


Limeira

8 foto síntese – Fonte Luminosa

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Escrevem a resenha de filmes

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Dia da (?): o Juízo Final

C N H A N U E D A N E U C O R A N A I E V O L T A C H A R AÇ A R G A Ã O L U N R A C A R A L AN D R I D A

42 39 9

84 5

6

po do carioca boêmio

L R

65 6

1

M R E E N T O V O C M A L

71

www.coquetel.com.br Estereóti-

S Ã O B R A S

7

Marcar com um furo Gema translúcida

Marcar com um furo Gema translúcida

diretor de jornalismo da Globo

I G A R A

3

3

Cálcio (símbolo)

I X

4

8 6 5 4 9 2 3 1 7

8

69

Revistas COQUETEL

4 2 9 3 7 1 8 5 6

BANCO

1

3

3/and — sun. 5/amore — décor — igara — tiger. 8/registro. 9/autonomia.

Trabalho; labuta

1

5

I

4

4

Canoa feita de tronco escavado

E

8

8

1

Instrumento de canções de Bob Dylan

C R I T I C O S

4

9

Copo em que se serve o vinho

Caráter doa 9. com algarismos de 1 trabalho Canoa feito pelos de Os algarismos não podem sefeita repetir nas linhas verticais e ções de tronco Médicos escavado Bob Dylan Sem (?) Kamel, www.coquetel.com.br horizontais, nem nos quadrados menores Fronteiras (3x3).

serve o vinho © Revistas COQUETEL Caráter do trabalho feito pelos Médicos Sem © (?) Kamel, Fronteiras diretor de Cálcio jornalismo (símbolo) da Globo EconomiEstereótizar; poupar po do carioca E, em boêmio inglês

6

Padroeiro protetor da saúde da garganta

Poema grego (pl.) Apelido de "Tatiana"

A dos filhos é disputada após o divórcio

Completamente molhada

Ceder

A dos filhos Preencha 9.Poema Comple- os espaços vazios com algarismos de 1 a grego (pl.) é disputatamente da após o Apelido dee molhada Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais Preencha os espaços vazios divórcio "Tatiana" Copo em Instrumenhorizontais, nem nos quadrados menores (3x3). que se to de can-

12

Padroeiro protetor da saúde da garganta

A R R A N C A R

8

Ceder

G U A R D A

6

O tempo passado

Escrevem a resenha de filmes

www.coquetel.com.br

"Per (?)", sucesso de Zizi Possi Extirpar

1

"Per (?)", sucesso de Zizi Possi Extirpar

Inclinação do seminarista

N

Inclinação do seminarista

Programa de 12/6 Ambiente de "Lost"

D

COQUETEL

Cenário, em francês Companhia (abrev.) Conflito comum no BrasilColônia

A

9

de 12/6 Ambiente de "Lost"

Condição da peça encontrada no museu

U

3/and — sun. 5/amore — décor — igara — tiger. 8/registro. 9/autonomia.

em francês Companhia (abrev.) © Revistas Conflito comum no BrasilColônia

Tigre, em inglês Cachaça (pop.)

Esconderijo de bandidos (p. ext.) lauany rosa

Tigre, em inglês Cachaça (pop.)

N A

Maior cidaQue é de do Vale do Ribeira relativo a árvores (SP)

A L I

N A

Navio Licença usado por do taxista Cabral profis(Hist.) sional

M R E E N T O V O C M A L

Prática recomen- (?) escolar: Bandeirante que dada a profissionais marca a desbravou da música e locu- frequência do aluno Goiás tores Jamais A do preço do dólar prejudica os exportadores brasileiros Sol, em inglês

© Revistas COQUETEL

Prática recomen(?) escolar: Bandeirante que dada a profissionais marca a desbravou da música e locu- frequência do aluno Goiás tores Jamais A do preço do dólar prejudica os exportadores brasileiros Sol, em inglês


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