Handmade Digital

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handmade ( feito usando as mĂŁos, em vez de uma mĂĄquina )


digital ( informações na forma de imagem eletrônica )


09 GLITH

19 DITHERING 31 OBJETO IMPOSSÍVEL


47 FROTTAGE

57 RECORTES

73 MAX ERNST


HANDMADE PUCPR - 2019 DIGITAL


EDITORIAL

O handmade já figurou como tendência desde o início da última década e cada vez mais se estabelece como uma forma de trabalho aceita tanto pelo público como os profissionais da área do design. Muito embora a amplitude técnica seja vasta, ainda é possível explorar de forma profunda os detalhes característicos dessa linguagem. Com o objetivo de estabelecer o handmade como um conceito, os trabalhos nesta revista buscam apresentar a mentalidade do fazer manual aplicada ao uso de ferramentas digitais. Essa justaposição de aspectos aparentemente opostos visa elucidar o papel do designer como um articulador de ferramentas e instrumentos, independente de estilos e tendências de linguagem. Ressaltando a importância dos computadores e seus mecanismos de produção gráfica, o handmade digital traz a espontaneidade e a singularidade do feito à mão e sua subsequente aura aos resultados, gerando inovação e registro único, aproximando dois aspectos que superficialmente parecem opostos.

Com essa abordagem centrada nos processos do designer, o conceito de handmade digital amplifica suas potencialidades focando resultados criativos que se sustentam acima de técnicas ou tendências. Nas próximas páginas é possível observar algumas formas de como é possível reinventar o handmade frente à aparente padronização digital, ilustrando o termo Neo Artisanal, citado pelo livro Pretty Ugly da editora alemã Gestalten. A abolição entre as diferenças de uso das ferramentas digitais e analógicas configuramse nessa abordagem como a nova produção contemporânea em design. PROFESSOR LEANDRO CATAPAM DISCIPLINA ELETIVA PUC-PR “HANDMADE DIGITAL” FEVEREIRO-JUNHO / 2019


GLITCH ( suffer a sudden malfunction or irregularity. )


09

pamela.valieri


> O glitch é o defeito, a falha

no funcionamento, a imperfeição da máquina que acontece de forma involuntária. O comportamento irregular das máquinas e o ruído anômalo proveniente dele cria uma atmosfera irrepetível no resultado gráfico, materializando a atmosfera do único. Além do resultado o processo de obtenção da imagem glitch também apresenta a despretensão e o acaso do feito à mão, misturando códigos de forma aleatória e sobrepondo erros digitais conseguidos de forma casual, parafraseando a concepção de acaso do artista Jean Arp como algo que é regido por leis irracionais. A inserção do erro nos processos digitais revelam a poesia do elemento industrial e sua possibilidade enquanto registro no design. andiara.hecke


lucas.josuĂŠ


nickolas.rosso

bianca.bernardi

kevin.pereira

julia.rockenbach


gabriele.swiszez


gabriel.correa


flavia.norberto M²²G³³E´´FµµHµµJ´´L³³M³³M²²M²²L²²L³³L´´M´´M´´M´´M´´Lµµ JµµIµµHµµGµµHµµH´´J³³K³³L³³N³³O³³O²²P±±Q°°R°°S°°R°°P±± L²²E² ?± 8°°/¯¯'¯¯¯°°°± ±± ± ±² ² ² ² ² ² ² ² ² ²²²²²²²²²²²²²²±J³³ ³³³³³³³³³³³³³ ÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÌÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ

marcelo.iida


franco.ferreira


gustavo.ubeda


DITHE


ER PONTILHISMO DIGITAL E PUNK DITHERING

Como alternativas ao Estilo Internacional, que começava a apresentar uma aridez formal, muitos designers voltaram-se ao Kitsch e à abordagem da Pop Art, como uma alternativa para novas soluções gráficas.

19

A estética pós-moderna é caracterizada por vários fatores em que se destacam a sobreposição e a fragmentação, aliada ao aspecto sujo e improvisado nas soluções. Com o movimento Punk tais aspectos ficaram aparentes devido às formas rudimentares de produção da imagem e seu teor de protesto contra o acabamento limpo e perfeito.


Dentro disso, o movimento Punk com seu combo de atitude, moda e design guiou os resultados dessa experimentação viabilizando, por meio de pontos sobre imagens fílmicas, resultados de dispersão, concentração e saturação como nos trabalhos clássicos de composição. O aspecto digitalmente deteriorado de tais pontos revelou uma nova forma de volumetria nas imagens, chamada no processo de pontilhismo digital. A técnica de dither no photoshop, ajudou na redução de cores e na materialização de tons contínuos por meio de descontinuidade compositiva.


gabriel.correa

kevin.pereira


bianca.bernardi

gustavo.ubeda


lucas.josuĂŠ


julia.rockenbach

nickolas.rosso


flavia.norberto


franco.ferreira




marcelo.iida

gabriele.swiszez


(something that cannot be expected to happen or exist)

TRIDIMENSIONALIDADE E

M O V I M E N T O


31

O nonsense como forma de sentido e expressão foi articulado pelos artistas dadaístas com a finalidade paradoxal de destruir, fragmentar e chocar ao mesmo que tempo que buscava uma revitalização dos significados e das formas de expressão visual. Nas origens do pós-modernismo visual o Dadaísmo apresenta-se como um marco de atenção na Arte Moderna, em que a geometria da forma, a mecanização e a visão de futuro inseriram a poesia do elemento industrial, a atenção sobre os objetos fabricados e sua caracterização formal.

O processo dadaísta de criação denominado ready made evidenciou os objetos cotidianos como fonte de grande potencial de contemplação, enaltecendo aspectos emocionais dos mesmos, ou seja, um novo olhar sobre a produção do design. No que diz respeito ao handmade digital, a proposta foi a produção de objetos impossíveis ou reinventados por meio de registro em scanner e mimetizando a aparência de cópias xerocadas de alto contraste, junto a inserção de movimento durante a captação das mesmas. O registro da tridimensionalidade e do movimento foi extremamente expressivo descaracterizando os objetos originais e gerando uma reinstalação do status do objeto, como nos ready mades de Marcel Duchamp.



kevin.pereira

andiara.hecke


lucas.josuĂŠ


leandro.catapam


marcelo.iida

gabriele.swiszez


nickolas.rosso


pamela.valieri


bianca.bernardi


bianca.bernardi

julia.rockenbach


kevin.pereira


marcelo.iida


lucas.josuĂŠ



gustavo.ubeda


MÉTODO FROTTAGE


Para os surrealistas a imaginação só consegue se manifestar livremente quando o espírito crítico e racional é substituído pelo impulso psíquico. Dessa forma, adentrar no mundo irreal envolve a possibilidade de expressão da emoção mais profunda, no ponto em que a razão perde o controle. Com essa dimensão essencial artistas como Max Ernst investigaram métodos de produção imagética que valorizavam a improvisação e a liberdade gráfica.

47

TEXTURAS AUTOMÁTICAS E O MÉTODO FROTTAGE


bianca.bernardi

O método frottage traz a produção criativa de texturas automáticas, buscando o registro gráfico a partir de superfícies e objetos tridimensionais. Para essa experimentação, utilizouse esse método de descoberta textural, agregando a finalização digital como forma de delinear a concepção e gerar diferencial de acabamento. A montagem digital foi enriquecida pela forma de obtenção automática das texturas.


kevin.pereira


pamela.valieri

gabriele.swiszez


nickolas.rosso


flavia.norberto


andiara.hecke

gabriel.correa


marcelo.iida


julia.rockenbach


TIPOS DE RECORTES


57 E SUAS FORMAS DE EXPRESSÃO MANUAL E DIGITAL

As dinâmicas de recorte em colagem impactam diretamente o significado e a expressão do resultado por meio de efeitos plásticos que fortalecem a estrutura compositiva. Muito mais do que apenas técnicas, tais formas de corte trazem simbolismo e conceitualmente fortalecem uma mensagem. Nesse experimento visual, os estudo sobre o MERZ e sua proposta de novas maneiras de se ler o mundo e, consequentemente, representá-lo, tornam os resultados extremamente ricos em técnica e dimensão simbólica.

A expressão manual e espontânea do rasgo alia-se às simulações digitais dos tipos de corte em tesoura e estilete, agregando a referência de Kurt Schwitters, Matisse e Matthieu Bourel como representantes dessa expressão. Em consonância a esses pilares o trabalho de designers e artistas nacionais como Alan Amorim, Cintia Ribas, Jeca Paul e Adriano Catenzaro serviram de base às experimentações visuais dos resultados.


where is my mind

marcelo.iida

bianca.bernardi



julia.rockenbach


julia.rockenbach



nickolas.rosso


gabriele.swiszez


pamela.valieri

lucas.josuĂŠ


andiara.hecke

julia.rockenbach


brutal esse caldo

noite estranha

flavia.norberto

flavia.norberto


a cidade ĂŠ uma tela em greve

flavia.norberto


rasgo urbano

nickolas.rosso



kevin.pereira

franco.ferreira


MAX E R N ST


A colagem como técnica é vista metaforicamente em várias ações do meio digital, sendo copiar e colar, sobrepor e transformar as principais palavras que unem o meio digital ao analógico. E, paralelamente a isso, existe a dimensão conceitual da colagem definida por Max Ernst como algo que transcende o mero ato de cortar e colar fisicamente. Sendo assim, muito antes de existir o computador, Max Ernst aboliu as fronteiras entre o digital e o analógico.

73

TRIBUTO A MAX ERNST E O CONCEITO DE COLLAGE


“SE SÃO AS PLUMAS QUE FAZEM A PLUMAGEM, NÃO É A COLA QUE FAZ A COLAGEM”.

Com foco no conceito de encontro das imagens e nas possibilidades compositivas, Ernst traduz a essência das experimentações produzidas nessa revista. Sua liberdade criativa atrelada ao uso sem limite dos instrumentos revelam a tônica de um profissional de design contemporâneo: ter ao seu dispor um universo de ferramentas e instrumentos, mesclando seu uso de forma criativa e gerenciando sua aplicabilidade conforme as necessidades da produção. A mentalidade do handmade aplicada ao meio digital é representada pela frase icônica de Max Ernst: “se são as plumas que fazem a plumagem, não é a cola que faz a colagem”.


pamela.valieri


marĂŠ, mar e maresia

marcelo.iida


gabriele.swiszez


gabriel.correa to louca pro mundo acabar

flavia.norberto


a invasĂŁo

andiara.hecke


estudos da morte no cerne discorde

nickolas.rosso


implicit demand for proof

bianca.bernardi


passarinho

julia.rockenbach


chegada dos bandeirantes ao novo mundo

lucas.josuĂŠ


kevin.pereira


fim da imaginação


kevin.pereira


Agradecimentos: Um agradecimento especial a todos os alunos participantes da disciplina pelo entendimento ao conteúdo proposto e pelo engajamento na produção dos resultados. Aos coordenadores do curso de Design da PUC-PR Luis Fernando Fonseca Kasprzak e Leonardo Rodrigues por acreditarem e incentivarem a existência dessa disciplina. E finalmente a PUC-PR e ao curso de Design por oportunizarem esse momento.

Alunos participantes: Andiara Paffrath Hecke Bianca Cecilio Bernardi Flavia Aparecida Norberto Franco Ferreira Gabriel da Silva Correa Gabriele Louise Swiszez Gustavo Ubeda de Almeida Lopez Julia Masiero Rockenbach Kevin Franciosi Pereira Lucas Josué Siqueira Marcelo Yukio Iida Nickolas de Rosso Pâmela Belarmino Valieri

Handmade Digital . fevereiro-junho 2019 disciplina eletiva do curso de Design da PUC-PR Prof Leandro Catapam Projeto Gáfico: Gustavo Ubeda



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