Quando temos o nosso amor traído, ameaçado pelo descaso do outro, nós nos revestimos de ódio e ressentimentos, mas a fonte é sempre o amor.
Ele é o referencial de onde parte a nossa reação. Nem sempre temos coragem de assumir isso.
A traição nos trava para a misericórdia. E, então, sentimos necessidade de devolver a ofensa com a mesma moeda. Por isso, dizemos que odiamos. Mas só o dizemos, porque o que nos falta é coragem para dizer que amamos.
Camuflados e infelizes.
Camuflar é o recurso que usamos com o objetivo de nos justificarmos diante dos outros. É uma forma que temos de nos sentir menos humilhados. Não raras vezes, dizer que temos ódio é uma maneira de tentar dar a volta por cima. Estranho isso, mas acontece.
Talvez seja por isso que as pessoas andam tão distantes dos seus verdadeiros sentimentos. Tememos a fraqueza. Tememos que o outro nos flagre no sofrimento que a gratuidade do amor nos trouxe.
Preferimos assumir uma postura marcada pela agressividade a outra que nos mostrasse em nossa fragilidade.
N
os dias de hoje, cada vez mais, acentua-se a necessidade
de ser forte. Mas não há uma fórmula mágica que nos faça chegar à força sem que antes tenhamos provado a fraqueza. E amar é experimentar a fraqueza. É provar o doloroso campo da necessidade, da carência e da fragilidade.
Amar é uma forma de depender, de carecer e de implorar. É uma forma de preenchimento de lacunas, visto que o amor é a melhor forma de complementar os espaços.
Quem ama sabe disso. Quem é amado, também.
A gratuidade do amor consiste nisso. Amar quando o outro não merece ser amado. Surpresa maior não há. Ser abraçado no momento em que sabemos não merecer ser perdoados.
O amor verdadeiro desconcerta. O perdão e a reconciliação são a prova disso. Somente depois de dizermos infinitas vezes "Eu te perdoo" , é que temos o direito de dizer "Eu te amo". Só amamos aqueles a quem perdoamos. E, geralmente, só odiamos aos que amamos, caso contrário seríamos indiferentes.
P
ena que tem sido cada vez mais difícil declarar amor no
momento em que o outro não merece. Não temos coragem de tomar essa atitude, porque ela é chamada de fraqueza, coração mole. E, por medo de sermos vistos assim, camuflamos o
amor com as roupas do ódio. Perdemos a oportunidade de atualizar a gratuidade do amor de Deus na precariedade do
u
amor humano e de surpreender o o tro com nosso gesto já
l
transformado pe a graça divina.
o
Na sua vida, não tenha medo de ser frac , já que a fraqueza representa capacidade de amar.
Quando o outro, pelas mais diversas razões esperar pelo seu ódio, surpreenda-o com o seu amor. Desconcerte-o e, assim, você ajudará a consertar o mundo.
∞ Lamg Fevº 2014