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ESPORTE

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TURISMO

TURISMO

AINDA SONHAMOS

MARILENE DE BATISTA DEPES

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É ESCRITORA, MEMBRO DA ACADEMIA CACHOEIRENSE DE LETRAS

Me dirijo ao trabalho a cada manhã rezando e agradecendo a Deus pela vida, minha e de todos que vou me lembrando, pedindo pela saúde dos doentes, e sonhando enquanto organizo mentalmente meu dia. Não tenho sonhos complexos ou a alcançar, estou satisfeita com o que sou e com o que tenho, mas só seria feliz se todos pudessem usufruir de possibilidades idênticas as minhas. Há sempre um sentimento de remorso ao contemplar a comida na mesa, ao me enrolar no cobertor quentinho, ao caminhar pela vida e me perguntar por que tanta desigualdade e tanta miséria. Tento ajudar através da minha igreja, e percebo que está difícil cobrir todas as brechas, que são inúmeras e que só vão se ampliando.

Estamos afundados numa crise de proporções descomunais, o povo desempregado e cada vez mais miserável, sem condições de comer dignamente, e com os preços dos alimentos que se elevam a cada dia. Se compram comida não sobra para o gás, se tapam a cabeça destampam os pés. E o auxílio emergencial do governo não cobre nem uma cesta básica para uma família pequena. A chamada classe média está desaparecendo, perdendo o poder de compra, de usufruir do mínimo de conforto e até o direito de ir e vir. Quem possui um veículo tem que mantê-lo parado devido ao alto preço do combustível. Famílias estão se sustentando com os benefícios de seus idosos, tirando deles a possibilidade de ter um fi nal de vida com algum conforto. E cito apenas as necessidades básicas, porque a maioria do povo brasileiro já não cuida nem da saúde, quando o problema extrapola a abrangência do SUS. E a pandemia veio para amplifi car o quadro aterrorizante. Penso que não exista nenhum brasileiro que não perdeu um paren-

NÃO TENHO te ou amigo, penso nas viúvas, nos órfãos, nos pais e no sofrimento de um contingente absurdo de pessoas

SONHOS imersas em sua dor, e não vi até hoje o governo federal COMPLEXOS OU A ALCANÇAR, ESTOU apresentar um plano concreto e efetivo para acabar com tanto martírio. No início da pandemia havia um ministro que vestia a camisa do SUS e se comunicava com o SATISFEITA COM O povo diariamente trazendo um certo alento, porém foi QUE SOU E COM O destituído e as informações só nos chegam graças a um consórcio organizado pelos veículos de imprensa. E a

QUE TENHO... população de duas Cachoeiro já foi exterminada, nem as bombas de Hiroshima e Nagasaki dizimaram tantos. Meu amigo Wilson foi enfático ao afi rmar que, não podemos ser negacionistas e nem omissos diante do quadro de inoperância e inércia que estamos assistindo. Temos que reagir se não somos cegos nem coniventes, e se ainda sonhamos com um país em que haja liberdade e oportunidades para todos, e vida para usufrui-las.

ESPORTE

ESTRELA DO NORTE FC VAI REABRIR ESCOLINHA DE FUTEBOL

QUEM VAI COORDENAR ESSE PROJETO É ANDERSON GRASSELI, PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E NETO DE UM DOS ÍCONES DO ESTRELA, SEU ZEZINHO

O Estrela do Norte FC vai reabrir a Escolinha de Futebol para as categorias de base, para crianças entre 6 e 13 anos de idade. A data marcada para início dos trabalhos é 6 de julho. Os treinos serão sempre as terças e quintas-feiras, com duas turmas: manhã, às 8h; e à tarde, as 15h.

O responsável pelas aulas será Ricardo Zanotelli, professor de educação física experiente, com 10 anos de atuação no SESI. O valor da mensalidade será de R$80. Maiores informações e matrículas através do WhatsApp 28 98811-0413.

LOUCURA

SERGIO DAMIÃO SANT´ANNA

MORAES, É MÉDICO E MEMBRO DA ACADEMIA CACHOEIRENSE DE LETRAS

A sociedade ocidental sempre afastou do seu convívio os inconvenientes. Afastava o que via: criou na Idade Média os leprosários. Afastou o que não entendia: a loucura (manicômios - hospícios). O francês Michel Foucault descreve na História da Loucura um barco: Nau dos Loucos. Uma das primeiras formas de exclusão dos insanos. Machado de Assis em O Alienista utiliza o médico Simão Bacamarte e seus critérios de normalidade para justifi car as internações hospitalares e com isso subjugar toda uma cidade. Erasmo de Rotterdam, em o Elogio da Loucura, descreve um personagem grego para relatar a importância das ilusões para se afastar das loucuras diárias, o personagem utiliza-se das fantasias do Teatro para se curar da alienação. Shakespeare e Miguel de Cervantes revelam a complexidade humana e os confl itos de suas relações com comportamentos de riscos e intolerâncias, rejeição e enclausuramento dos diferentes. Com a moderna terapêutica psiquiátrica o paciente é incentivado a conviver com seus familiares. Ainda assim, permanecem os que necessitam de internação. Na atualidade, o perfi l do transtorno mental modifi cou-se, gradativamente são substituídos pelos dependentes químicos - álcool e drogas ilícitas, depressivos e personalidades atípicas: loucura social. Algo do desarranjo pessoal e coletivo. A loucura atual, agravada pelo distanciamento social da pandemia do Covid -19, SARS CoV-2, encontra-se evidenciada nas redes sociais, inviabilizando os diálogos civilizados. Um caminho do pensamento único e

COM A MODERNA para a banalidade da intolerância e o mal. Para o

TERAPÊUTICA PSIQUIÁTRICA O dependente químico, mais ainda para as drogas ilícitas, além do social, o agravante é a falta de instalações públicas adequadas para a recuperaPACIENTE É INCENTIVADO ção. Falta local público adequado para os cuidaA CONVIVER COM SEUS dos dessas pessoas. Falta acompanhamento ambulatorial (ampliação do CAPS – AD – Centro de FAMILIARES Atendimento Psicossocial para Álcool e Drogas). Falta aos Estados e Municípios o entendimento da gravidade do problema. Falta o despertar da sociedade para a loucura em que nos encontramos. Falta à sociedade despertar, e entender, que: “Navegar é preciso; viver não é preciso.” Na verdade: “Viver é perigoso.” Neste barco social à deriva, precisamos de marinheiros com bom senso.

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