IMPREVISIBILIDADE DA VIDA

Um casal se programou, nos feriados da Semana Santa, para visitar filha e neta que residem em outro Estado. Viagem toda planejada com passagens aéreas de ida e volta, passeios organizados pela filha, tudo perfeitamente orquestrado. Foram quatro dias perfeitos, harmoniosamente felizes, como acontece com pessoas que se amam e desfrutam da companhia recíproca.

Com a viagem de retorno programada para segunda cedo, já no domingo à noite as malas estavam devidamente arrumadas, e com toda bagagem adicional, com itens que vão surgindo inesperadamente, não se sabe de onde nem como, já incorporados à bagagem num passe de mágica. E dormir mais cedo é decisão coerente para quem não quer perder a hora do voo, principalmente porque o casal deixou trabalho e compromissos agendados.

No meio da noite a esposa é acordada com o chamado do marido, assustada logo imaginou que algo grave acontecera com alguém da família. Ele pede ajuda pois estava passando muito mal. Realmente ela se depara com um quadro angustiante, o marido sem cor e arfante. Ela busca auxílio com a filha que constata tratar-se de labirintite, uma forte crise, talvez ocasionada pelos excessos de comida e bebida que normalmente ocorre quando se sai da vida rotineira. Ele foi medicado, não melhorou, as passagens aéreas foram perdidas, os compromissos adiados, a melhora demorou a ocorrer. E o casal cancelou a viagem de retorno e a preciosa liberdade de ir e vir. Os familiares que ficaram foram tentando adequar as situações pendentes e ao casal restou a mudança de planos, uma longa viagem de volta, carro retido no aeroporto, entre outras mazelas. Porém a certeza de que, em comparação com casos graves que comumente ocorrem nos feriados, como acidentes nas estradas, desastres climáticos entre outros, a preservação da vida ainda os colocou numa condição confortável. Ficou a certeza de que a imprevisibilidade da vida pode surpreender qualquer um de nós.