Trilhas Urbanas: Minhocão. O nível da rua como protagonista. ( TFG FAUUSP )

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TRILHAS URBANAS: MINHOCÃO O NÍVEL DA RUA COMO PROTAGONISTA

Leila de Lacerda Pankoski Orientadora: Marta Bogéa

Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação Dezembro 2017



AGRADECIMENTOS

Obrigada, Marta Bogéa. Este trabalho não existiria sem todo o seu apoio, a sua presença, os seus elogios e suas críticas. Agradeço por toda a atenção e por cada palavra dita. O crescimento que tive é imensurável e é fruto de toda sua dedicação; Obrigada, mãe e pai, pelo esforço que me fizeram chegar até aqui e por acreditarem em todos os meus sonhos; Obrigada, Juliana. São Paulo é resistência. Obrigada, Nathalia, por compartilhar esse e tantos outros momentos comigo. Obrigada por me ouvir, por me aconselhar, por me confortar;

Obrigada, Andreia, por todas as manhãs deste ano e por todos os cafés e conversas que elas trouxeram; Obrigada a todos os meus amigos da FAUUSP que viveram esse tempo comigo; Obrigada aos meus queridos Renan, Letícia, Mirele, Clara, Priscila, Lívia, Izadora, Gabrielle e Ricardo. Vocês me ensinaram a voar; Obrigada, Felipe, pelo acolhimento. À todos da casinha, vocês tem na janela o cenário deste trabalho.



SUMÁRIO

Prólogo

9

Primeiros movimentos Parque x Demolição Mapa Narrativo

13 22

Trilhas Urbanas Intervenção física Trilhas Urbanas

47 49 62

Projeto

73

27

Conclusão 109 Bibliografia 113



PRÓLOGO



Este trabalho final de graduação é uma reflexão sobre o Minhocão, seu baixio e seu entorno. Atraída pelas ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social) que estão próximas ao Minhocão, a discussão aqui promovida questiona a dualidade colocada em lei quanto ao destino do elevado, parque ou demolição, e é destrinçada de maneira propositiva, conceituando as Trilhas Urbanas enquanto futuro para o viaduto e expondo, ao fim, um projeto para essas ZEIS, reafirmando a ideia das trilhas. Foi um ano intenso. O resultado aqui exposto é decorrente de muitos pensamentos e muitas caminhadas pelo território. Assim, a melhor forma de apresentar o trabalho é levando o leitor para traçar o mesmo caminho que me trouxe até aqui. Durante o percurso, construiremos, passo a passo, o pensamento que foi formulado. Comecemos.

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PRIMEIROS MOVIMENTOS



Sempre houve algo entre mim e o Minhocão. Os vidros sempre se fechavam quando a paisagem escurecia. O carro ia por baixo e meus olhos permaneciam vidrados à tudo aquilo que me era - e deveria ser - intocável - para sempre. Quando a luz chegasse de novo, fosse zona oeste ou centro, os vidros se abriríam e voltaríamos a pertencer à São Paulo. Escuro, barulhento, sujo, desigualdade exposta: o baixio é abrigo de tudo aquilo que não queremos ver na cidade. Mas enquanto a cultura do medo procurava seu lugar em mim, os protagonistas sob o viaduto me encantavam por evidenciarem a normalidade das relações ali espacializadas: as pessoas chegavam, trabalhavam, moravam, iam ao supermercado, descansavam, partiam, de ônibus, de metrô, a pé. Quando íamos por cima, tudo o que meus olhos viam eram as janelas fechadas daqueles prédios que flutuavam. Eu gostava mesmo era de ir por baixo, deixando tudo além-vidro questionar o medo posto. As pessoas ali me deixavam segura.

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Essa relação de paulistana com o Elevado deixou de ser passiva durante minha graduação pela importância urbanística do tema. A situação do Minhocão vem sendo debatida há anos. Publicado em 2008, o livro “Caminhos do Elevado - Memória e Projetos” é uma importante coletânea de textos que exploram a história local e os debates envolvidos, além de trazer os projetos apresentados para o 2º Prêmio Prestes Maia, 2007, que esquadrinhou o viaduto à procura de soluções. Outro grande marco para o tema veio em 2014, com as discussões promovidas em torno do novo Plano Diretor Estratégico de São Paulo (PDE), lei 16.050/14. Assumindo como obsoleta a solução para mobilidade oferecida pelo elevado, o artigo 375 transformou em lei o fim do Minhocão como conhecemos, incentivando novas discussões que pudessem indicar o melhor entre dois caminhos: a transformação do viaduto em parque ou sua demolição. Nesse contexto, tive dois momentos oportunos, anteriores ao TFG, para explorar o assunto. O primeiro

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foi em 2014, pela disciplina “História do Urbanismo Contemporâneo”, na qual, sob a orientação do Professor Leandro Medrano e com meus colegas Ibrahim Borba e Mariana Del Moro, escrevemos um artigo intitulado “A Obsolescência do Urbanismo Rodoviarista: O Caso do Elevado Costa e Silva” figura 1. Nele, discutimos as relações espaciais evidenciadas nos projetos apresentados no 2º Prêmio Prestes Maia; o segundo momento foi em 2016, durante meu intercâmbio na França, pela disciplina “Le No-Limit du Projet” (O NãoLimite do Projeto), sob a orientação do professor JeanMarie Beslou. Com uma abordagem mais lúdica, que superasse as obviedades postas pela problemática, eu e minhas colegas brasileiras, Letícia Conde e Clara Alvares, elucidamos o Minhocão de forma a fragmentá-lo, questionando, com maquetes figura 2, as relações de vazio e cheio do elevado com a cidade e vice-versa. Essas leituras me revelaram 3 funções exercidas pelo Minhocão. A primeira é a mobilidade: o viaduto se construiu como ligação expressa entre as zonas leste e


A OBSOLESCÊNCIA DO URBANISMO RODOVIARISTA: O CASO DO ELEVADO COSTA E SILVA RESUMO A decadência do Elevado Costa e Silva e do seu entorno, associada a uma nova política de planejamento urbano que prioriza o transporte coletivo sobre o individual, levou à proposta, contida no novo plano diretor de São Paulo lançado em 2014, de sua desativação como via exclusiva de automóveis. Essa decisão é reflexo da crise do urbanismo rodoviarista e traz à tona a necessidade de análises das causas da decadência de seu uso como solução para a mobilidade urbana. Tendo em vista a atualidade desses questionamentos, o artigo explorará as relações espaciais, sociais e ambientais das propostas levantadas diante da desativação do Elevado. Essa exploração será feita pela análise de algumas soluções, de projeto e legislativas, levantadas por projetos apresentados no 2º Prêmio Prestes Maia, por urbanistas e pela prefeitura, procurando entender suas consequências para o Elevado e seu entorno. PALAVRAS-CHAVE Elevado Costa e Silva; minhocão; viaduto; urbanismo rodoviarista; decadência; decadência do entorno urbano; São Paulo; legislação urbana; meio ambiente e cidade. ARTIGO DECADÊNCIA DO SISTEMA RODOVIARISTA: A NECESSIDADE DE NOVOS DEBATES Políticas urbanas regem a economia de uma cidade. Os investimentos urbanos sempre foram símbolos que retratam níveis de desenvolvimento de cada cidade e refletem seus pensamentos contemporâneos, de forma a revelar as questões econômicas de cada

Figura 1: Página do artigo escrito durante graduação Fonte: Autoria própria

cidade, nas suas carências e prioridades. Num mundo globalizado, essas políticas são base de competição entre cidades e de movimento do capital, tornando-se tendências mundiais, como a chamada “New Environmental Politics of Urban Development (NEPUD)” ou, numa tradução livre, Nova Política Ambiental de Desenvolvimento Urbano. Consequência de uma Era em que o planejamento urbano uniu-se ao desenvolvimento de uma economia rodoviarista, a NEPUD surge como necessidade diante das preocupações ambientais e de sustentabilidade, através do controle da emissão do carbono. Tal controle passa a ser usado como medida para o desempenho econômico de uma cidade, criando uma competição

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Figura 2: Maquetes sobre o Minhocão produzidas durante intercâmbio Fonte: Autoria própria

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oeste. As outras duas estão no âmbito da ocupação: a segunda por moradia e a terceira por espaço público. No quesito moradia, o nível da rua ganhou um teto de 3,5km com a instalação do viaduto numa região centralizada. Moradores de rua encontram, assim, um território para se estabelecer - até serem expulsos por ações contínuas do governo, ineficazes por culpabilizarem o morador pela situação, sem políticas públicas de combate à raíz do problema. Enquanto isso, os moradores de rua continuam como podem. Muitos conseguem criar verdadeiros ambientes sob o elevado, mas estão constantemente à mercê de terem seus bens tomados pela prefeitura figuras 3 e 4. Além da ocupação do baixio, os prédios do entorno, pela degradação decorrente da construção e utilização do viaduto, possibilitaram um habitar centralizado por uma população de baixa renda, numa região dotada de infraestrutura urbana, mas de intensa poluição sonora e do ar. Quanto a função de ocupação por espaço

Figura 3: Morador do baixio do viaduto em 20/04/2017 Fonte: Eduardo Anizelli/Folhapress

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Figura 4: Morador do baixio do viaduto em 24/04/2017, após ação da Prefeitura Fonte: Eduardo Anizelli/Folhapress

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público, o palco é a parte de cima do elevado. Pouco depois de sua construção, em 1970, as pessoas já dominavam o espaço quando fechado para carros figura 5. O fechamento se tornou lei em 1989, na gestão de Luiza Erundina, e os carros estavam impedidos de usar o viaduto durante o período noturno, em prol do sossego dos moradores do entorno. Logo, o espaço passou a ser símbolo de ocupação por pedestres, atraindo cada vez mais pessoas para o local, tornandose luta e evidenciando a demanda popular por espaços públicos. As propostas que serão apresentadas neste TFG são decorrentes das minhas reflexões diante a condição descrita em lei, contrapondo-a às funções acima descritas. Até então, minhas aproximações ao tema se esforçaram para encontrar respostas que me ajudassem a tomar um partido, com argumentos suficientes para defendê-lo com veemência. No entanto, diante os estudos, a dualidade Parque x Demolição se demonstrou cada vez mais frágil; os argumentos opostos às


Figura 5: MultidĂŁo de gente no elevado, em 1975 Fonte: Folhapress


propostas, por sua vez, se engrandeciam, e os apesares impediram qualquer convicção. Não pude, portanto, encarar outro desafio senão o Minhocão como trabalho final de graduação, com uma proposição na qual eu, de fato, acreditasse. Mas antes de expor minhas conclusões, devo esclarecer minhas reflexões. PARQUE X DEMOLIÇÃO

LEI 16.050/14 PLANO DIRETOR ESTRATÉGICO DE SÃO PAULO Art.375 Parágrafo Único. Lei específica deverá ser elaborada determinando a gradual restrição ao transporte individual motorizado no Elevado Costa e Silva, definindo prazos até sua completa desativação como via de tráfego, sua demolição ou transformação, parcial ou integral, em parque.

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Tornar lei a desativação do Minhocão para carros foi um importante passo conquistado para uma São Paulo que priorize menos o transporte individual e mais a qualidade de vida dos munícipes. O artigo, no entanto, comete, ao meu ver, um grave erro: a discussão quanto ao futuro do Minhocão é condicionada, determinando dois possíveis desfechos, seja qual for a argumentação. Dessa maneira, os debates pautados são impedidos de ter um caráter propositivo, se mantendo apenas na esfera de superação dos poréns de ser parque ou de ser demolido. Explicitarei alguns: A proposta de demolição se traduz com a retomada da paisagem da Av. São João e da R. Amaral Gurgel. Não há como falar em manutenção das suas funções de ocupação e mobilidade já que a demolição prevê o fim do Minhocão. Se por um lado a proposta reconhece as potencialidades que estão no nível da rua, por outro escolhe explorá-las a partir da higienização esperada pela eliminação completa do baixio. A demolição envolve o desmonte e a geração de entulho


- 3,5km de concreto -, impossível de ser feita sem alto custo de investimento. Assim, o aumento do custo da terra seria decorrência direta da implementação da proposta. Moradores de rua não encontrariam mais abrigo e os preços do território subiriam, tornando iminente a gentrificação local. O mesmo acontece com a proposta de parque, mas por outro viés. A ideia de parque surgiu com a ocupação por pessoas do elevado e luta para garantir o uso irrestrito do viaduto por pedestres. Atualmente, já recebe o nome de “Parque Minhocão” e, quando aberto, recebe sua vizinhança e munícipes que vem de mais longe para desfrutar da paisagem elevada. Os frequentadores vem para passear com seus cachorros, correr, andar de skate, repousar, etc. A simples implementação de um parque no elevado, no entanto, é capaz de aumentar o preço da terra em seu entorno pela melhoria da qualidade de vida na região. Sem políticas públicas efetivas, o destino para a região seria o mesmo que em caso de demolição: a gentrificação dos

habitantes, que não conseguiriam arcar com o custo de vida. Digamos, no entanto, que houvessem políticas públicas que garantissem a permanência da população na região: o “Parque Minhocão” tem como ideia central que os pedestres ocupem a parte de cima do elevado, efetivando o afastamento dos frequentadores do nível do solo. Fazendo aqui uma alusão a Jane Jacobs1, que afirma que é imprescindível para a segurança de uma rua a existência de olhos que a observem, tanto de moradores quanto de passantes, os frequentadores de um parque no local podem se sentir bastante seguros: os moradores dos prédios no entorno efetivam a segurança local. O mesmo, no entanto, não acontece com quem está no baixio, que, se já não é visto pelos moradores de suas bordas pela própria existência física do elevado, terá muito menos olhos caso a preferência do andar do pedestre seja pela parte de cima do viaduto. A ideia de parque, assim, não só perpetua a situação do baixio 1 Nas palavras de Jacobs: “[...] devem existir olhos para a rua, os olhos daqueles que podemos chamar de proprietários naturais da rua. Os edifícios de uma rua preparada para receber estranhos e garantir a segurança tanto deles quanto dos moradores devem estar voltados para a rua [...] a calçada deve ter usuários transitando ininterruptamente, tanto para aumentar o número de olhos atentos quanto para induzir um número suficiente de pessoas de dentro dos edifícios da rua a observar as calçadas.”. (JACOBS, Jane, 2000, p. 35)

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como pode agravar a sensação de insegurança de quem está embaixo. GENTRIFICAÇÃO IMINENTE

Os pensamentos expostos anteriormente foram estruturados ao longo do trabalho. Independente do que eles se tornariam, fosse qual fosse o destino escolhido para o Minhocão, a simples publicação do artigo no PDE remete a uma melhora na qualidade de vida da região e é capaz de valorizar o território. Assim, se faz necessário que haja políticas públicas que garantam a permanência da população de baixa renda no entorno do elevado. Hoje, a lei procura garantir essa permanência através das Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS), que exigem porcentagem mínima de habitação de interesse social em novos empreendimentos onde estão demarcadas. O novo PDE recategorizou e ampliou as ZEIS para o território paulistano, incluindo áreas centralizadas que estão sendo redescobertas em suas

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potências e tendem a ver seus custos subirem. Dessa maneira, meu primeiro passo prático no território foi a identificação das ZEIS que existem no entorno do Minhocão. O resultado obtido se mostra no mapa ao lado, indicando, na região do largo Santa Cecília, a incidência de uma ZEIS 3 (terrenos ou imóveis subutilizados em áreas com infraestrutura urbana consolidada, com oferta de emprego e serviços). Minha vontade, então, foi de propor algo para essa região. Assim, parti para a exploração do local, contada com um mapa narrativo que apresento a seguir.


Legenda Legenda

Minhocão MINHOCÃO

ZEIS 2 MINHOCÃO ZEIS ZEIS 23 DRENAGEM Drenagem DRENAGEM ZEIS ZEIS 34 ZEIS 1 ZEIS 5 ZEIS 2 ZEIS 1 ZEIS 4 ZEIS 33 ZEIS LOTE ZEIS 4 ZEIS ZEIS 25 LOTE

genda

MINHOCÃO DRENAGEM ZEIS 1 O ZEIS 2 ZEIS 3 M ZEIS 4

ZEIS 5 ZEIS LOTE5 LOTE

ZEIS do entorno

N

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100

200

ZEIS no entorno do Minhocão

Legenda

Escala 1:50000 300

400 m

MINHOCÃO DRENAGEM ZEIS 1

ZEIS 2 ZEIS 3 ZEIS 4

ZEIS 5 LOTE

0

100

200

400m



MAPA NARRATIVO



Atraída pelas ZEIS existentes na região da Santa Cecília, comecei minha exploração pelo local com uma câmera na mão. Sem saber muito bem o que eu encontraria, me envolvi pelas ruas para traçar o caminho. Meus olhos estavam atentos para os potenciais da região, e minha intenção com a leitura era poder traçar um plano de intervenção para a área. Vamos:

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A primeira parada do trajeto é um estacionamento na Av. São João, nº 1465. Quem olha não consegue evidenciar os seus antigos usos: um bingo e, antes de tudo, um cinema, o Cinespacial. À direita, a foto mostra a fachada atual do lugar.

Figura 6: Fachada atual do Cinespacial Fonte: Autoria própria ANTIGO CINESPACIAL. AV. SÃO JOÃO, 1465


Figura 7: Interior do estacionamento Fonte: Autoria prรณpria


À esquerda, a fotografia do interior evidencia o uso atual como estacionamento. Já à direita, temos desenhos do projeto e fotos do antigo Cinespacial. Projetado pelo arquiteto Emílio Guedes Pinto, o Cinespacial foi revolucionário: a ideia central do projeto era fazer um cinema em que todos os espectadores pudessem ter o mesmo nível de visão do filme. Assim, o projeto se configurou como uma sala com 3 diferentes telas, posicionadas a 120º uma da outra. O projetor centralizado tinha 3 saídas e reproduzia o filme simultaneamente nas 3 telas. O projeto, que nunca foi tombado, sofreu com o mesmo processo de fechamento dos demais cinemas de rua de São Paulo, dando lugar a um bingo e, agora, a um estacionamento.

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11 Figuras 8 e 9: Desenhos do projeto do Cinespacial Figuras 10 e 11: Fotos da fachada e do interior do cinema Fonte: http://histormundi.blogspot.com.br


Seguimos subindo a Av. São João, direção centro até o número 1399. A atenção se volta para dois paredões que enclausuram 3 lotes mais baixos.

Figura 12 Fonte: Autoria própria AV. SÃO JOÃO, 1399


Virando à direita, saimos da Av. São João e entrando na Av. Duque de Caxias. A região tem edifícios já consolidados, com térreo comercial.

Figura 13: Avenida Duque de Caxias Fonte: Autoria Própria AV. DUQUE DE CAXIAS, 193


Terminando a Av. Duque de Caxias, chegamos ao Largo do Arouche. Virando à direita duas vezes, chegamos à Rua Dr. Frederico Steidel. Rua de caráter local, se encontra entre a Av. Duque de Caxias e o Minhocão. O território entre ela e o viaduto é demarcado como ZEIS e a tipologia predominante explica: a predominância de galpões e estacionamentos revela a subutilização do território. ESTACIONAMENTO LINDEIRO AO MINHOCÃO NA RUA DR FREDERICO STEIDEL 157

Figura 14: Estacionamento e Minhocão ao fundo Fonte: Autoria Própria


Continuando pela Frederico Steidel, encontramos os fundos do Cinespacial, registrado na foto à direita.

Figura 15: Fundos do antigo Cinespacial Fonte: Autoria Própria FUNDOS DO CINESPACIAL


À direita dos fundos do antigo cinema, encontramos a entrada para a Vila Adelaíde. É reconhecida por ser uma das únicas que sobrou próxima ao viaduto. Hoje é encortiçada, mas suas casas permanecem com suas características originais.

Figura 16: Vila Adelaíde Fonte: Autoria Própria VILA ADELAÍDE


Olhando para o outro lado da rua, uma travessa chama a atenção: quando você olha para ela, vê uma guarita aos fundos, com um muro verde que esconde um dos acessos ao Minhocão. À esquerda, um estacionamento. À direita, dois sobrados. A travessa em questão se chama Travessa dos Desenhistas. Figura 17: Vista para Travessa dos Desenhistas Fonte: Autoria Própria TRAVESSA DOS DESENHISTAS


Atraída pela guarita, fui explorar a rua sem saída. Antes de seguir por ela, olhei para trás. Ali, pude avistar o edifício da antiga sala do Cinespacial se sobressaindo na paisagem.

Figura 18: Vista da Travessa dos Desenhistas Fonte: Autoria Própria TRAVESSA DOS DESENHISTAS


No fim da travessa, passando a guarita, vazia, uma surpresa: um campinho de futebol.

Figura 19: Fim da Travessa dos Desenhistas Fonte: Autoria Prรณpria NO FIM DA TRAVESSA DOS DESENHISTAS


Atrás do campo, uma pequena praça. Ambos, vazios. Fazem divisa com a alça de acesso ao Minhocão da Santa Cecília, mas não existe acesso que nos ligue até lá. Como nosso caminho segue para o Minhocão, voltamos pela travessa e damos a volta para chegar até o elevado.

Figura 20: Fim da Travessa dos Desenhistas Fonte: Autoria Própria


Nesse ponto, mantemos o mesmo eixo da travessa dos desenhistas - na foto à direita, estamos olhando para ela. Aqui, estamos no terminal de ônibus Amaral Gurgel, que se abriga abaixo do Minhocão.

Figura 21: Olhando para Travessa dos Desenhistas do Terminal Amaral Gurgel Fonte: Autoria Própria TERMINAL AMARAL GURGEL, OLHANDO PARA A TRAVESSA DOS DESENHISTAS


Olhando para trás, temos um dos acessos para o metrô Santa Cecília, e temos também uma vista para a chamada Praça Santa Cecília, hoje gradeada. Como não nos é permitido atravessá-la, damos a volta para entender sua dinâmica territorial.

Figura 22: Entrada para Praça Santa Cecília fechada Fonte: Autoria Própria ACESSO AO METRÔ E PRAÇA SANTA CECÍLIA VISTA DO TERMINAL AMARAL GURGEL


A nossa última parada é o outro lado da Praça Santa Cecília, na R. Sebatião Pereira. A foto à esquerda mostra as grades que a cercam e a atual forma de utilização da praça: estacionamento para os funcionários do metrô.

Figura 23: Entrada para Praça Santa Cecília fechada Fonte: Autoria Própria PRAÇA SANTA CECÍLIA VISTA DA RUA SEBASTIÃO PEREIRA


Essa exploração foi a responsável pela estruturação do resto do trabalho pelas descobertas que trouxe. A região se revelou com muitas potências pouco exploradas. A primeira descoberta, o Cinespacial, não revela apenas um antigo cinema, como uma inovação no mundo cinematógrafico em termos de projeto; Os paredões de edifícios com pequenos lotes vizinhos nos coloca a pensar se um dia aquele vazio se completará e o que ele será; Os estacionamentos na Frederico Steidel e a inserção deles em ZEIS revela terrenos oportunos, de suma importância para a permanência da baixa renda numa região centralizada; A Vila Adelaíde também surpreende por resistir às dinâmicas territoriais que a circunda, desde de a ascenção ao abandono do centro de São Paulo. Ela deve ser capaz de resistir à mudança da dinâmica territorial que seguirá com o Minhocão, pois é parte viva da história local;

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Outra surpresa, a travessa dos desenhistas, que, mesmo fazendo divisa com um viaduto, permanece com seu caráter local com a pequena quadra de futebol e a pracinha, mesmo que pouco utilizadas. A travessa dá face à sobrados e um estacionamento; No eixo da travessa, mas sem ligação com ela, um acesso para o metrô e a entrada não utilizada para a praça Santa Cecília, já que hoje ela é gradeada. Assim, tentei seguir com um projeto para a área. Não consegui: já que o Minhocão corta o local, eu não podia propor nada aos terrenos sem me posicionar em relação ao futuro do viaduto. A intervenção projetual para as ZEIS se manteve, então, em repouso. O entorno do viaduto se mostrou para mim com muitas potências subutilizadas. Se neste trecho encontrei tanto, o que existe nos demais entornos do elevado? O que o chão é capaz de nos revelar? Essas perguntas são as bases da minha proposição para o viaduto. Mudando a escala, chegamos ao Minhocão.


TRILHAS URBANAS



O que o chão é capaz de nos revelar?

O que chamo de Trilhas Urbanas são decorrência das minhas reflexões sobre Minhocão e do devaneio que tive no território de ZEIS de seu entorno. As duas esferas me colocaram no nível do solo: enquanto me desligava da ideia de parque por sua negação do baixio, o caminhar nas ZEIS revelou um chão subutilizado, pronto para ser explorado. Somadas, são a base da intervenção que proponho para o Minhocão, que se divide em duas: a intervenção física e as trilhas urbanas. A pergunta posta acima foi destrinçada em outras que, respondidas, se transformaram nas trilhas. A apresentação, então, seguirá pela exposição da intervenção física proposta. Após, trarei as perguntas que, enfim, revelarão as trilhas.

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INTERVENÇÃO FÍSICA

A construção do elevado foi feita durante a gestão do então prefeito Paulo Maluf, em 1970, e é parte da cultura rodoviarista que pairou grandes obras em cidades ao redor do mundo. Sua existência passa a ser questionada junto com a queda desse ideal rodoviário, que se revelou problemático ao dar às cidades a prioridade pelo uso de transporte individual. O viaduto paulistano foi construído num ritmo acelerado, sendo finalizado após 14 meses de obra. A construção se estabeleceu numa região consolidada, mas os prédios no entorno não foram impeditivos para que o elevado fosse posto de pé, mantendo uma distância mínima das construções vizinhas. Com carros ao nível do segundo andar dos prédios, o novo vizinho deu aos moradores a intensa poluição e barulho que uma via expressa para carros é capaz de gerar. Sendo também um teto para quem está no chão, a existência do elevado impede o escape do Figuras 24 e 25: Construção do Minhocão Fonte: Folhapress

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som e da poluição causada pelos veículos que estão embaixo, principalmente dos ônibus que percorrem o corredor Centro-Oeste 24 horas por dia. Se os moradores do segundo andar para cima sofrem absurdamente com a presença de carros, os frequentadores do solo e moradores dos primeiros andares das edifícações são vítimas de um enclausuramento, convivendo insalubremente com toda a sujeira e barulho gerada pelos motores. Outro agravante do cenário é a visão que não se tem do céu, tornando o escuro parte do estar abaixo do elevado. Para que esse cenário mude, é necessária uma intervenção física que permita um alívio da poluição para pedestres e moradores. Essa intervenção deve ser mínima para que o custo se mantenha baixo e não seja motivo de valorização da terra, ao mesmo tempo que proporcione condições mais saudáveis de convivência com o nível do solo. Qual, então, deveria ser essa intervenção? O primeiro passo para responder essa pergunta foi

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entender quais são as relações existentes entre o elevado e seus vizinhos. Para isso, dois dados foram cruzados: a distância do fim do elevado até o início dos edifícios e a altura desses prédios. À direita, vemos o resultado desse cruzamento. O rosa delimita o espaçamento entre o viaduto e os prédios e o azul desenha a linha do céu, evidenciando as alturas das edificações que encontramos hoje:



Essa leitura trouxe a identificação de 5 tipologias de relação entre os edifícios e o Minhocão figura 26. Elas foram categorizadas a partir do enclausuramento gerado no nível do chão. As duas primeira tipologias são as com maior necessidade de abertura pela forte aproximação com o viaduto. A primeira é a mais fechada de todas e acontece quando a edificação é baixa e suas janelas tem olhos apenas para o baixio. A situação dos primeiros andares da segunda tipologia é a mesma, porém os moradores do alto são privilegiados pela visão do céu. A terceira e a quarta tipologia se diferenciam das apresentadas por terem as edificações um pouco mais afastadas do elevado, permitindo a entrada de

luz na calçada. A terceira se caracteriza pela presença de edifícios mais altos, que são capazes de gerar mais sombra no chão, por isso, considerada mais fechada que a quarta, determinada pela baixa estatura de seus prédios. A última categoria se descreve pela ausência de edificações na lateral do viaduto. São o caso das praças e largos que se revelam ao longo do caminho. Assim, a intervenção foi definida pela necessidade de escape de poluição e de entrada de luz. Para que fosse mínima, o partido adotado foi a retirada do tabuleiro do viaduto de acordo com cada tipologia, apenas quando e quanto fosse necessário figura 27, criando respiros entre cima e baixo nas áreas entre vigas.

Figura 26, à esquerda Figura 27, à direita { 54 }


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O último passo da proposta de intervenção física foi a identificação das tipologias ao longo do elevado. Independente de qualquer projeto apresentado para o Minhocão e seu solo, a ideia é que essa intervenção seja respeitada. Assim, a categorização trecho a trecho se fez necessária e se apresenta como guia para qualquer proposta a ser realizada. O futuro das peças retiradas será explorado quando nosso retorno ao projeto proposto para as ZEIS. O conceito foi aplicado a partir da divisão do elevado em quatro trechos, elucidados à direita. O trecho 1 se inicia na ponta oeste do viaduto, na Barra Funda, e vai até a Rua Mário de Andrade. O trecho 2 segue até as proximidades da Santa Cecília, que passa a ser percorrida pelo trecho 3. O último trecho, 4, vai do largo do Arouche até a ponta centro do elevado. As tipologias foram identificadas pelas hachuras relacionadas a cada uma delas, evidenciadas na à direita.As páginas que seguem mostram os resultados obtidos e fecham a exposição da intervenção física proposta.

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1

12

2 3

3 4

4

1

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2 3

3 4

4 N

OCUPAÇÕES ATUAIS / DIRETRIZES DE PROJETO


TRECHO 1 { 57 }


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TRECHO 2 { 59 }


TRECHO 3 { 60 }


TRECHO 4 { 61 }


TRILHAS URBANAS

Quando o mapa narrativo evidenciou a existência de lugares subutilizados próximos ao Minhocão, como o estacionamento que já foi o Cinespacial e a Praça Santa Cecília que é gradeada, a pergunta que veio à tona foi “o que o chão é capaz de nos revelar?”. A resposta veio como outras perguntas. A primeira delas é: se o Minhocão é reivindicado como demanda de espaço público de lazer, as pessoas estão lá porque não há espaços embaixo? Ou eles existem e o motivo é outro? O mapa à direita mostra o resultado encontrado. A primeira situação que me chamou atenção foram os dois parques localizados cada um em uma das pontas do viaduto: o parque da Água Branca e o futuro parque Augusta. Seria, assim, necessário outro parque entre os dois, ou esse parque intermediário apenas reforçaria um caráter gentrificador para todo esse território? Como usar a existência do viaduto de forma mais consciente?

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Ele podia ser um elemento conectivo entre os parques? Além deles, praças e largos foram encontrados ao redor do elevado. Claro que não são do porte do Minhocão, nem poderiam ser: são parte do tecido urbano e não uma sobreposição. No entanto, percebe-se que as ocupações que dominaram o viaduto não são as mesmas debaixo. São poucos os cachorros levados para passear pelo largo do Arouche; poucas as crianças que desfrutam do parquinho que existe na praça Marechal Deodoro; poucos corredores tomando água de côco durante uma pausa no largo Santa Cecília. Parece haver uma relação de vizinhança maior com o elevado do que com esses locais. As praças acabam sendo uma extensão daquilo que o baixio revela: a desigualdade social da cidade. Os bancos das praças são locais de descanso e de trocas sociais majoritariamente entre a população em situação de rua, e aqueles que preferem usar o viaduto pode guardam em sua atitude um de dois vieses: ou se desconhece a existência dos espaços embaixo ou não há interesse em se criar uma relação cotidiana com a praça, seus frequentadores e a rua.


parque da água branca

praça olavo bilac

praça júlio prestes

praça marechal deodoro

praça princesa isabel

largo santa cecília praça santa cecília

largo do arouche

praça da república

praça roosevelt parque augusta




Decorrente desses pensamentos, transparece os conceito das trilhas: reconectar os pedestres do elevado com o nível do chão. Descobertos os espaços livres existentes, o passo seguinte procurou explicitar quais são outros espaços de interesse pelo território. À esquerda figura 28, podemos ver espacializados os pontos encontrados e suas relações com o elevado. Neles, estão espalhados os pontos de infraestrutura urbana - espaços de repouso, de transporte público e de acesso ao Minhocão-, e de cultura - com teatros, casas culturais, museus, salas de música. São todos, enfim, espaços de importância da população. Dessa espacialização, nascem as trilhas: caminhos que conectam esses espaços de interesse e promovem a reocupação e o estar nas ruas do viaduto e seu entorno. Em cima do elevado estão crianças e adultos andando de bicicleta, por diversão ou pela prática de esportes. Exercitam-se lá também corredores. Tem

Figura 28, à esquerda: Pontos de interesse encontrados Figura 29, à direita: Placa de trânsito indicando espaços culturais Fonte: Autoria própria { 66 }



os skatistas, tem piqueniques, tem água de côco e tem passeios com cachorros. Sabendo desses usos, acrescenta-se como diretriz aos trajetos o uso por diferentes públicos, tanto famílias, esportistas, donos de cachorros, em busca de lazer, cultura ou apenas caminhar. Outra importante premissa para o desenho das trilhas foi o cruzamento de cada uma com o baixio do elevado, trazendo olhos, movimento e vizinhança para o território. As trilhas debaixo se conectam pela trilha mais extensa, que cruza todas: a que vai de parque a parque, por cima do Minhocão. Essa trilha guarda em si a conquista do elevado pelos pedestres. Assim, surgem as trilhas urbanas figura 30. A pergunta final, enfim: como explorar as trilhas? Surge a ideia de um mapa, que expões todas as trilhas, junto com os lugares de interesse devidamente categorizados. Para o público que deseja se exercitar, o mapa é informativo e explicíta a distância, as inclinações e a dificuldade de cada trilha. Sem mais delongas, convido os leitores para explorarem o local através do mapa:

{ 68 }

Figura 30, acima: Surgem as trilhas Figura 31, à direita: O mapa das Trilhas Urbanas


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Um pouco sobre as trilhas: A trilha 1, do paque da Água Branca, conecta o parque ao Memorial, passando pelo espaço cultural Mário de Andrade e chegando até ao baixio. Aqui, ele se torna elevado: está sobre a Av. Pacaembu e permite uma visão da avenida. Neste ponto, proponho a implantação de um mirante, o Mirante do Pacaembú; A trilha 2, cultural dos Campos Elíseos, explora espaços culturais e teatros que se mostraram abundantes na região, conectando o bairro à praça Marechal Deodoro; A trilha 3, da Praça Marechal e Largo Santa Cecília, conecta ambos os espaços explicitados ao outro lado do viaduto, quando encontra o emblemático Castelinho e o Complexo Cultural Funarte; A trilha 4 faz a conexão entre a estação Júlio Prestes e o Largo Santa Cecília. Nas proximidades da Júlio Prestes, passando a Praça Princisa Isabel, encontramos o Museu da Resistência e a Sala São Paulo; A trilha 5, do Largo do Arouche e da Praça da

República, evidencia espaços de repouso; (Tanto a trilha 4 quanto a trilha 5 passam pela região da Santa Cecília, a qual, ao final desse trabalho, receberá uma intervenção projetual. Assim, alguns dos espaços explicitados no mapa, bem como o próprio trajeto da trilha, é projetado. Estão no mapa como forma de evidenciar as potências encontradas pelas trilhas.) A trilha 6, que vai pela Roosevelt, conecta o elevado à praça e ao parque Augusta, explorando também espaços de cultura e estar que estão nas ruas da Vila Buarque; Por fim, a trilha 7 passa por todas as demais e vai por cima do Minhocão. Ela vai do parque da Água Branca até o parque Augusta. Como implementar essas trilhas? O partido é que tenham o menor custo de implantação possível. Dessa forma, a escolha foi por uma pintura de uma linha simples no chão em que passa, indicando o caminho e se evidenciando para os que desconhecem as trilhas. Como referência, trago a cidade de Nantes, na

{ 71 }


França. Durante o verão, a cidade promove diversas instalações e eventos culturais, o “Le Voyage à Nantes”, que se conectam a pontos de importância histórica e cultural através de uma linha verde que indica o trajeto. A linha é hoje um dos símbolos da cidade e é repintada a cada verão, de acordo com a nova programação figura 32. Assim, portanto, se configuram as Trilhas Urbanas. São decorrentes de toda reflexão até aqui apresentada e anseiam, com seu traçado, a reocupação da rua, incentivando a convivência da população com o baixio e com o entorno do Minhocão. Somada à intervenção física descrita, aqui fecho a minha proposição para o futuro do elevado. Neste ponto, retornamos à escala do ponto de partida. Os terrenos em ZEIS voltam à pauta. O desenho do projeto reafirmará as reflexões até agora postas e o conceito das trilhas, tendo como partido a evidenciação das potências que existem no nível do solo.

Figura 32: Linha pintada no chão para indicar o caminho do “Le Voyage à Nantes” Fonte: Izadora Armelin Czerpicki

{ 72 }


PROJETO



Após a consolidação das Trilhas Urbanas, o trabalho seguiu para sua última fase e retornou ao seu ponto de partida: as ZEIS demarcadas no entorno do Minhocão. O mapa narrativo apresentado no início deste trabalho explicitou as potências e ausências na região dessas ZEIS. Somando à leitura o conceito das trilhas, a diretriz do projeto foi se estabelecer em lugares oportunos, subutilizados, com a premissa de um desenho de fruição pública, aonde o movimento do pedestre fosse fluido pelas conexões permitidas, e nulo pela possibilidade de repouso. O projeto também se conceituou pela vontade de reviver o Cinespacial, trazendo um caráter cultural a ser explorado. Como partido, o projeto anseia por um espaço onde o solo é lugar de convivência, agradável e gentil com os passantes. O primeiro passo, então, foi a escolha dos terrenos de intervenção. Dada a forte ocorrência de estacionamentos no local, a preferência foi dada a

{ 75 }


ZEIS

esses territórios do que aqueles com usos e edificações consolidadas. Os terrenos escolhidos excederam as ZEIS, gerando uma implantação conjunta em que o potencial das ZEIS se mantivesse vivo. O mapa à direita mostra a situação local, os espaços de interesse revelados pelo mapa narrativo e os terrenos escolhidos. O primeiro conceito a ser aplicado é o da intervenção física proposta para o Minhocão e tem como resultado o explicitado na figura 33. A partir do Trecho 3 do guia de intervenção física mínima, foi proposta para a área a retiração dos tabuleiros de acordo com a relação entre a altura dos prédios vizinhos e o espaçamento entre eles e o viaduto. Assim se revela a configuração obtida para o elevado após a retirada. O partido adotado para as peças foi o seu reaproveitamento ao nível do solo, com a premissa de se tornarem mobiliários urbanos. Enquanto método construtivo, a proposta é a proximidade entre a retirada e a realocação, evitando a necessidade de grandes distâncias a se percorrer com as

{ 76 }

Saídas do metrô Santa Cecília Terminal de ônibus Amaral Gurgel Corredor de ônibus Centro-Oeste Pontos de ônibus do corredor Terrenos de intervenção, todos estacionamentos Territórios de referência 1. Largo Santa Cecília 2. Praça Santa Cecília 3. Teatro Galpão do Folias 4. Cinespacial 5. Vila Adelaíde 6. Largo do Arouche Minhocão e sua estrutura


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x Ca

ias

Se

erico S

R.

R. Fred

5

ião re Pe

teidel

st ba ira

6

Planta de Situação 0

50

1 0 0m


MODULAÇÃO

{ 78 }

PEÇAS


peças. A racionalização da retirada acontece a partir da criação de uma modulação. Assim, o módulo se revela do comprimento do vão de pilar a pilar, variando entre 33 e 40m. O módulo passa a ser metade desse espaçamento quando a retirada mínima for menor do que essa metade. A altura da peça tem em torno de 40 cm. Ganha-se, assim, um conjunto de peças prontas para serem colocadas nas proximidades. O desenho do projeto segue, e logo essa realocação será explicitada. Feita a retirada, traça-se uma estratégia de ocupação para a intervenção. O mapa narrativo mostrou um eixo possível entre a praça Santa Cecília, o terminal Amaral Gurgel, a Travessa dos Desenhistas e a frente do Cinespacial, que chega ao corredor de ônibus CentroOeste na Av. São João. Assim, o primeiro movimento é a consolidação desse eixo, conectando a avenida São João ao largo Santa Cecília com passagem pelas

Figura 33, à esquerda: Aplicação da intervenção física ao trecho estudado Figura 34, à direita: Croqui de estratégia de ocupação para a área

{ 79 }


Estratégia de ocupação 0

50

1 0 0m


Saídas do metrô Santa Cecília Terminal de ônibus Amaral Gurgel Corredor de ônibus Centro-Oeste Pontos de ônibus do corredor Locais de cultura a preservar Locais de implantação das edificações Local de transposição para a trilha sobre o Minhocão Permeabilidade desejada Novos fluxos Trilha 3 Trilha 4 Trilha 5

estações de transporte público existentes. Considerando também que a região é abrigo de um dos acessos ao Minhocão, ela deve promover uma transposição entre a trilha de cima e as que passam ali por baixo, além de criar locais de repouso e estar ao nível do chão. Dessa forma, outro partido apontado pela estratégia são os espaços permeáveis que transbordam pelo eixo Largo São João, convidando à permanência ao mesmo tempo que permitem uma fruição pública. A preservação do teatro Galpão do Folias e a volta do Cinespacial são pontos de atração para o local. Como diretriz, devem manter um contato ativo com a permeabilidade gerada. O chão como local de estar também é incitado no projeto pela reabertura da Praça Santa Cecília, reforçando a dualidade movimento-permanência desejado pelas trilhas urbanas. Dessa estratégia de ocupação decorrem as trilhas 4 e 5, que se aproveitam da permeabilidade criada.

Trilha 7

{ 81 }


Quanto à volumetria desejada, o partido foi o respeito com as alturas vizinhas, mantendo a mesma linha do céu já desenhada pelos lotes de divisa figura 35. Assim, configura-se o partido de projeto. Ao lado, a implantação geral no nível do térreo mostra a permeabilidade conquistada. A reabertura da Praça Santa Cecília e a conexão entre a travessa dos desenhistas e o terminal Amaral Gurgel começam a traçar o eixo permeável, que transborda até a rampa de acesso ao Minhocão e a transposição proposta, continuando o caminho por debaixo da rampa. A escolha para o terreno do Cinespacial foi a continuade do eixo, configurando um espaço livre, em constante vigília pela implantação de um edifício de habitação ao seu lado. O espaço também recebe um campo de futebol, hoje encontrado no fim da Tv. dos Desenhistas, e mantém um piso livre para que skatistas, patinadores, etc, desfrutem do espaço. As edificações que abrigam as habitações

Praça Santa Cecília

2

Transposição para o Minhocão

3

Conjunto 1

4

Galpão do Folias Teatro Experimental

5

Cinema do Minhocão

6

Conjunto 2

7

Cinespacial Gramado Arbustos

Figura 35: Estudo volumétrico

{ 82 }

1


A

3 4

5

7

6

A

2 1

Implantação geral 0

25

50m


foram desenhadas como continuidade de um entorno preexistente, tanto para manter a mesma linguagem da paisagem construída como forma de evitar a criação de empenas cegas. Estipulado o espaço ocupado pelas habitações, o desenho se consolidou com as tipologias habitacionais. O desenho das tipologias surgiu com o tipo base de 54m², desenhado a partir do módulo de 1,5m, conquistando um espaço de 6 x 9m. Esse tipo é voltado para HIS. O partido foi a localização centralizada da área molhada, uma por apartamento. Dessa forma, os quartos e a sala ocuparam as laterais da área molhada. O desenho obtido permite janelas em todos os ambientes. Outras duas tipologias foram, então, geradas: uma de 36m², também HIS, e outra de 72m², desenhada tanto para ser acessível como para atender o mercado popular. Somado ao último apartamento desenhado, de 54m² com 1 quarto, dão um caráter misto às rendas dos moradores dos conjuntos. Esse último decorre da volumetria desejada para o conjunto 2, ocupando a extremidade do edifício.

0

1,5

5

10m

0

{ 84 }

1,5

5m


1,5

TIPOLOGIA 36 m² HIS 34 unidades (5 por andar) 20 no conjunto 1 14 no conjunto 2

TIPOLOGIA BASE 54 m² HIS 50 unidades (7 por andar) 26 no conjunto 1 24 no conjunto 2

TIPOLOGIA 72 m² Acessível/HMP 10 unidades (1 por andar) 10 no conjunto 2

TIPOLOGIA 54 m² 2 HMP 7 unidades (1 por andar) 7 no conjunto 2

0

1,5

5

10m

10m

0

1,5

NÚMEROS DO PROJETO: 84 unidades HIS 10 unidades acessíveis/HMP 7 unidades HMP METRAGEM TOTAL DE HABITAÇÃO

2700m² 720m² 378m² 3798m² 71% HIS 29% HMP

5m

5m

{ 85 }


Retornado ao espaço livre desenhado, o território recebeu as peças retiradas do Minhocão. Foram realocadas como longos bancos, se tornando um lugar de repouso. Mantém a memória do viaduto e simboliza a ocupação do elevado. Das peças disponíveis, a preferência foi dada por aquelas mais próximas do terreno para, como dito, evitar o transporte entre grandes distâncias. O diagrama ao lado mostra as peças usadas e a disposição adquirida. Uma das realocações a ser destacada é a da rampa de acesso. O tabuleiro que estava na rampa foi o mesmo utilizado para a transposição proposta, formando uma escadaria.

{ 86 }


{ 87 }


Largo Santa Cecília

R. Sebastião Pereira

Praça Santa Cecília

Terminal Amaral


Praça do Acesso

Conjunto 1

R. F. Steidel

Av. São João

Corte AA 0

5

10

20m


9

CONJUNTO 1 O conjunto 1 é desenhado a partir do contexto de seu entorno, incluindo o teatro Galpão do Folias. É formado por dois edifícios de habitação, por um térreo comercial, pela dupla cultural formada pelo teatro preexistente e por uma sala de cinema e um espaço livre, chamado de Praça do Acesso, já que se localiza ao lado de uma das alça de acesso ao Minhocão. A modificação proposta para o teatro é uma abertura para a praça, intencionando o uso do espaço livre como plateia, abrindo a cultura para a cidade. Ao mesmo tempo, o teatro, de caráter experimental, pode receber o público internamente. O foyer do teatro é compartilhado com o do cinema, que está ao seu lado. Enquanto as entradas para a sala de cinema e para o teatro são feitas pelo nível +1, o térreo do foyer abriga banheiros, a bilheteria e um café, que transborda para a praça.

{ 90 }

Praça do Acesso

10 Galpão do Folias Teatro Experimental 10b Abertura do teatro para a praça 11 Foyer do teatro e cinema 12 Café 13 Bilheteria 14 Banheiros 15 Sala de cinema 16 Pátio interno 16b Parquinho 17 Térreo comercial 18 Salas internas


17

16b

B 18 16

10 10b

9

13 15

11 14 12

B

Conjunto 1 Térreo 0

5

10

20m


A ponte entre o cinema e o teatro no nível +1 gerou no térreo um pórtico de entrada para o conjunto habitacional. O térreo das habitações conta com um parquinho, para que as crianças brinquem com liberdade. A escolha foi por uma circulação vertical centralizada que dá acesso aos dois edifícios de habitação.

19 Ácesso cinema e teatro 20 Entrada da sala de cinema 21 Sala de projeção 22 Ponte de ligação cinemateatro 23 Entrada do teatro 24 Habitação

{ 92 }


B

24

23

22

19

20 21

B

Conjunto 1 Nível +1 0

5

10

20m


25 Recepção da circulação vertical 26 Varandas de uso comum 27 Escada de emergência 28 Edifício de habitação 01 29 Edifício de habitação 02

{ 94 }


26

B

25 26

28 29

27

B

Conjunto 1 Nível +2 0

5

10

20m


Andar-tipo do conjunto 01 { 96 }

0

1,5

5

10m



{ 98 }

CONJUNTO 2

30 Transposição para o Minhocão

O conjunto 2 se abre para a Av. São João propondo a volta do Cinespacial. As esquinas do edifício de habitação recebem curvas e dialogam com o a sala de cinema preexistente. Assim, são também convite para a praça desenhada, que determina o eixo Av. São João - Largo Santa Cecília. O caminho é indicado pela linearidade das peças ali postas, que permitem repouso entre o cinema e o edifício de habitação Quanto ao cinema, seu foyer abriga a bilheteria e um café. Aos fundos, o acesso à sala, com uma saída de emergência voltada para a praça. A praça se alarga após a sala, com um piso extendido para atividades como skate e patins e uma quadra poliesportiva, com peças do Minhocão ganhando caráter de arquibancada. Uma vez que a praça termina na entrada para a Vila Adelaíde, a escolha foi por um volume criado por árvores entre a praça e essa entrada com a intenção de proteger a vila.

31 Térreo comercial 32 Banheiros públicos da praça 33 Pátio Interno 34 Foyer do Cinespacial 35 Bilheteria 36 Café 37 Sala de cinema do Cinespacial 38 Quadra poliesportiva


D 33

C

34

32 35 32 37

36

31

D

C

38

30

Conjunto 2 Térreo 0

5

10

20m


O térreo se propõe como fachada ativa, abrigando uso comercial. É proposto, também, um par de banheiros de caráter público, voltado para os usuários da praça. A habitação tem seus olhos voltados para a praça. O desenho encosta nos lotes de divida pelas laterais. Ao centro, um afastamento dos vizinhos é proposto e o prédio ganha, assim, um pátio interno.

39 Transposição para o Minhocão 40 Escadas de emergência 41 Habitações

{ 100 }


D 40

41

D

40

39

Conjunto 2 Nível+2 0

5

10

20m


36

37

{ 102 }

Falando um pouco mais sobre o Cinespacial. Projetada pelo arquiteto Emílio Guedes Pinto, foi Inaugurado em 1971 e fechado em 1994. Não passou por nenhuma espécie de tombamento, o que desconfigurou completamente sua arquitetura após os usos que seguiram: um bingo e, hoje, um estacionamento. Perdido o caráter e a importância, não foram encontrados os desenhos arquitetônicos que poderiam descrever o espaço com maior clareza. Por isso, devo dizer que a espacialidade aqui desenhada decorre da leitura das poucas fotos e desenhos de seu interior que foram encontradas. Por esse motivo, trago aqui algumas delas que podem ajudar a entender como era a configuração original do cinema. A ideia é que se reative o projeto original, que conta com 3 setores de plateia, cada um voltado para uma das três telas dispostas ao alto. As cadeiras são inclinadas e a premissa do projeto é que todo o público tenha a mesma qualidade de visão do filme.

Figuras 36: Maquete da sala Figuras 37 e 38: Fotos do interior da sala Fonte: http://histormundi.blogspot.com.br

38



Andar-tipo do conjunto 02 { 104 }

0

1,5

5

10m



O desenho proposto pelo projeto, bem como os usos instaurados, procuram evidenciar a potência que o nível do chão pode proporcionar. Localizado no entorno do acesso da Santa Cecília ao Minhocão, a área guarda em si uma das entradas para a ocupação que foi conquistada para o elevado. E se essa ocupação se estendesse para o chão? Foi essa a pergunta que guiou o projeto e resultou nos desenhos aqui mostrados. A essência é a mesma das trilhas: o baixio e seu entorno enquanto local de troca e de vizinhança, onde o estar e o movimento são permitidos.

{ 106 }




CONCLUSÃO



O trabalho aqui exposto é uma grande reflexão. Os movimentos aqui colocados remontam os passos que foram dados na direção de respostas para perguntas que não cessavam em mim. As respostas que apareceram, por sua vez, foram traduzidas nas imagens aqui colocadas. O mapa narrativo, as trilhas urbanas, o projeto: todos tiveram seus conceitos sendo construídos juntos - e, juntos, formam um só conceito: o nível da rua como protagonista ao se pensar o Minhocão. Assim, esse trabalho também se configura como manifesto: o Minhocão ocupado por pedestres é uma grande conquista, mas não podemos deixar a discussão sobre seu futuro limitada a duas propostas tão opostas e tão gentrificadoras. A discussão deve se abrir, outras ideias devem vir à tona e não devem, de maneira nenhuma, se limitar à existência física do elevado. O Minhocão deve ser visto dentro do contexto urbano que pertence e que cria. A chance de discussão não deve ser anulada pelo ciclo vicioso formado pelos argumentos

dos defensores do parque e da demolição. Existem outros caminhos, e esse trabalho ambiciona ser uma dessas alternativas.

Em mesa de bar, dentro das escolas, em casa, em cima do Minhocão ou nos bancos das praças:

o convite é para que a discussão seja retomada.

{ 111 }



BIBLIOGRAFIA



TEXTOS JACOBS, Jane. Morte e Vida em Grandes Cidades. 3ª. ed.: Wmf Martins Fontes, 2011. SECRETARIA, M. DE P.; PRÊMIO, P. M. DE U. Caminhos do Elevado memória e projetos. São Paulo: SEMPLA, 2008. DOCUMENTÁRIOS ELEVADO 3.5. Direção: Maíra Santi Bühler, Paulo Pastorelo e João Sodré. Produção: Matias Mariani. São Paulo: 2010. PONTO DE VISTA. Direção: Ingrid Mabelle. Produção: Caroline Carvalho, Fábio Santana, Ingrid Mabelle. São Paulo: 2015. CINESPACIAL: Espetáculo em três telas. Produção: Mariana Guedes, Renata Santos. São Paulo: 2014.

{ 115 }



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