Encontros socioambientais com
M煤sica e Sustentabilidade numa s贸 nota
Encontros Socioambientais com Lenine: Música e Sustentabilidade numa só nota www.encontrossocioambientais.com.br
Equipe técnica do projeto
© Copyright 2014: Mameluco Produções
Lenine
Robson de Cássia Concepção de iluminação e light designer
Autoria
Carlos “KK” Mamoni Junior
Henrique Vilhena
Mameluco Produções
Concepção do projeto
Engenheiro de som
Título
Carlos “KK” Mamoni Junior
João Bird
Encontros Socioambientais com Lenine:
Coordenação geral
Concepção de cenário
Geisa Behnen
Américo
Direção executiva
Assistente de cenografia
Música e Sustentabilidade numa só nota Ficha técnica do livro
Gisele Behnen
Carlos “KK” Mamoni Junior
Coordenação financeira
PETROBRAS
Maryá Lygia de Carvalho
Armando Ramos Tripodi
Assistente administrativo/financeiro
Gerente executivo de responsabilidade social
Paula Santos
Rosane Aguiar
Coordenação de comunicação e marketing
Gerente de investimentos sociais
Paula Gomes – Sol Maior Comunicação
Anna Carolina Braz – Sol Maior Comunicação
Gislaine Garbelini
Criação e edição de texto
Assessoria de imprensa e coordenação Local
Gerente setorial de programas ambientais
Adriano Gambarini (Instituto Terra Brasilis)
Ivy Morais
Leyla Maciel Botafogo
Athila Bertoncini (Meros do Brasil)
Assistente de marketing e divulgação
Gestora de projetos ambientais
Coordenação editorial Anna Carolina Braz – Sol Maior Comunicação Pesquisa de conteúdo Leonardo Lichote Anna Carolina Braz – Sol Maior Comunicação
Chico “Rasta” Brandão (Pesca Solidária) Dimas Gianuca (Albatroz)
Flora Pimentel Audiovisual
Douglas Trent (Bichos do Pantanal) Flora Pimentel (Encontros Socioambientais)
Maurício von Helde
Julio Cezar Vanderlei (Onda Verde)
Produção executiva
Leo Francini (Mantas do Brasil)
Bruno Giorgi
Randes Nunes (Força Atlética)
Diogo Guedes
Fotografia
Direção de palco
Paulica Santos Projeto gráfico, capa e editoração Ivy Morais Produção gráfica
Realização
Patrocínio
Encontros socioambientais com
M煤sica e Sustentabilidade numa s贸 nota
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Sumário Mensagem Lenine
................................................... 08
Mensagem Petrobras ............................................... 11 Apresentação ............................................................ 12 Locais visitados ............................................................ 13
1º encontro ................................................. 14 2º encontro ................................................. 20 3º encontro ................................................. 26 4º encontro ................................................. 32 5º encontro ................................................. 38 6º encontro ................................................. 44 7º encontro ................................................. 50 8º encontro ................................................. 56 9º encontro ................................................. 62 10º encontro .............................................. 68 11º encontro .............................................. 74 12º encontro .............................................. 80 Sobre o artista .........................................................
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Conclusão .................................................................
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Crédito das imagens ...............................................
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A
o longo desses 12 encontros, por 12 estados brasileiros, entre os extremos do Acre ao Rio Grande do Sul, pude conhecer vários projetos inspiradores e renovadores em
diversos aspectos. Mas, sobretudo e mais importante, é que tive acesso ao ideal por trás de cada um deles. Um trabalho desse tipo é sempre fruto do anseio de alguém ou de alguns. O objetivo desta publicação é iluminar, dar voz a esses portadores de sonhos. Por isso, em vez da visão macro, puramente institucional, preferimos tratar das histórias pessoais. Dar nome e rosto aos realizadores dessas façanhas que se espalham pelo Brasil.
A oportunidade de fazer isso vem com o lançamento do Programa
Petrobras Socioambiental, que unifica sob um mesmo conceito projetos sociais e ambientais. Uma aproximação mais que bem-vinda, já que não podemos tirar o homem do meio ambiente. O ambiente é inteiro, e o homem está incluído nele.
A cada encontro, se reafirmava para mim a importância desta série
que realizei entre março e julho de 2014. Muitas vezes, por estarem atuando dentro de um foco bem específico, esses projetos vivem um isolamento e uma invisibilidade. Nessas reuniões os representantes puderam se conhecer, se integrar, fazer um intercâmbio de experiências e descobrir que as soluções criadas por um podiam servir para todos. As iniciativas saíam dos encontros fortalecidas. Sinto que contribui emprestando a eles a exposição que a música me deu, chamando a atenção da imprensa para a grandeza daquilo que estavam realizando. O show em cada parada era nada mais que a celebração daquele encontro.
Lenine
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A
Petrobras acredita que fortalecer uma cultura de responsabilidade social integrada e cotidiana - que conjuga a segurança de nossas operações, o respeito aos nossos trabalhadores e o com-
promisso com a sociedade e o meio ambiente - é tão importante quanto produzir a energia que move o Brasil.
Uma parte importante da nossa política de responsabilidade so-
cial está estruturada no Programa Petrobras Socioambiental que apoia centenas de projetos em todas as regiões do país.
A parceria com o projeto Encontros Socioambientais com Lenine:
Música e Sustentabilidade numa só nota faz parte de um ciclo de atividades desse programa para mobilizar a sociedade em torno do tema e estimular a troca de experiências.
A realização desse projeto uniu a afinidade que o cantor e com-
positor Lenine tem com as causas sociais e ambientais ao esforço e dedicação de centenas de pessoas que atuam nos projetos patrocinados pela Petrobras. O resultado foram 12 encontros permeados por intensa troca de ideias, conhecimentos e melhores práticas. Com o diferencial da música de Lenine, também foi possível chamar a atenção de um grande público para a importância dos resultados que esses projetos trazem para toda a sociedade brasileira, tanto do ponto de vista da promoção do desenvolvimento sustentável quanto da inclusão social.
Neste livro, você vai encontrar um pouco da história de pessoas
que, como a Petrobras, acreditam que a tarefa de construir uma sociedade mais justa e sustentável é de todos nós.
Armando TripoDi Gerente Executivo de Responsabilidade Social da Petrobras
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O homem e a natureza. A música e a atuação social.
A ideia do projeto Encontros Socioambientais era lançar um
olhar agregador sobre universos que, apesar de tão próximos, são vistos por vezes como separados e independentes. Entre março e julho de 2014, Lenine visitou 12 estados brasileiros, e em cada um deles se reuniu com as comunidades locais, gestores e técnicos de projetos apoiados pela Petrobras.
As visitas se desdobravam em dois dias, nos quais Lenine visitava
os anfitriões, conhecia os vários projetos participantes e as pessoas que estavam por trás deles. Por fim, o encontro era celebrado com um show gratuito, em um cenário com sustentabilidade em cada detalhe, trançado de lonas de caminhão usadas, mangueiras de incêndio com validade vencida, todas recicladas, além de estruturas de bambu.
A iluminação veio de fontes de energia solar criadas por em-
preendimentos sociais voltados para famílias que vivem nas regiões mais vulneráveis do mundo, e usadas pela primeira vez em um show: a ”Waka Waka” e a “N222 Huron”, da Nokero. Ambas, como o próprio nome já diz, significa “non Kerosene”! Uma alternativa viável para substituir o querosene ou outros combustíveis nocivos que ainda são usados em lampiões.
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10º
5º
7º
12º
1º
11º
6º
8º 2º
>> locais visitados
9º 4º
1º - Praia do Forte (BA) 2º - Contagem (MG) 3º - Rio Grande (RS) 3º
4º - Santos (SP) 5º - Parintins (AM) 6º - Cáceres (MT) 7º - Jericoacoara (CE) 8º - São Mateus (ES) 9º - São Gonçalo (RJ) 10º - São Luis (MA) 11º - Goianésia (GO) 12º - Cruzeiro do Sul e Rio Branco (AC)
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ยบ 1 Encontro
Praia do Forte - BA
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“Me apaixonei tanto pelas belezas naturais, pela importância ecológica que esta floresta tem para a Bahia, quanto pelas pessoas que sempre se mostraram tão acolhedoras” Álvaro Meirelles Floresta Sustentável
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Projeto Anfitrião Floresta Sustentável - www.florestasustentavel.org.br Harmonizando homem e natureza, o projeto tem o objetivo de restaurar a Mata Atlântica na Área de Preservação Permanente do Rio Pojuca, na Bahia. Faz isso através de ações de educação ambiental, ecoturismo, reflorestamento e educação junto aos agricultores para que eles mantenham sua atividade sem prejudicar a mata.
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Coral Vivo www.coralvivo.org.br
1º encontro
Projetos Participantes
Conservação de recifes de coral através da educação ambiental e sensibilização da sociedade.
Ilê Ayiê www.ileaiyeoficial.com Desenvolvimento da cidadania étnico-cultural a partir da inclusão de jovens em atividades educativas e artísticas.
CO² Manguezal www.vovodomangue.org Produção de mudas de mangue em viveiro para recuperação e preservação de áreas degradadas.
Cuidando da Vida com o Pé no Futuro www.apaesalvador.org.br Profissionalização de jovens em situação de vulnerabilidade, principalmente aqueles com deficiência intelectual.
Tamar www.tamar.org.br Manejo, pesquisa e conservação de cinco espécies de tartarugas marinhas ameaçadas de extinção.
Baleia Jubarte www.baleiajubarte.org.br Conservação e pesquisa de baleias jubartes e outros cetáceos.
Viver e Aprender: Pelo Direito de Ser Criança www.casadosol-salvador.org Educação infantil integral para crianças em situações de vulnerabilidade e risco social.
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“Visitei a Reserva da Sapiranga pela primeira vez em uma aula do curso de pós-graduação em Gestão Ambiental e, ao retornar para casa, a cabeça fervilhava de ideias para transformar aquele lugar em um ambiente ainda mais agradável e com maior segurança ambiental. Foi assim que motivei Thaise Costa, hoje minha esposa e coordenadora administrativa do Projeto, a me acompanhar a uma segunda, terceira, quarta e tantas outras visitas às paisagens que não saiam do meu pensamento. Ainda nesta primeira visita conheci o Cícero, hoje um dos meus “braços direitos”, que me apresentou o local e parte da sua biodiversidade” Álvaro Meirelles Coordenador do projeto Floresta Sustentável 18
V
endo do alto, o verde se refaz. Áreas antes isoladas pelo desmatamento se reconectam. Vendo aqui do chão, descobre-se que
1º encontro
Alegria e amor pela mata como filosofia de vida o arquiteto disso tudo é o ser humano. E que tem um algo mais do que um simples projeto de reflorestamento na Reserva de Sarapiranga, área tombada como patrimônio cultural da Casa da Torre de Garcia D´Ávila no litoral norte da Bahia. Em cada
detalhe uma convivência harmônica que sabe conservar e explorar os recursos naturais que possui.
Morador de Campinas de Açu da Torre, em Mata de São João (BA), Cícero Santana impressiona e emociona quem o vê an-
dando na mata. A forma como se movimenta e fala dela, reconhecendo plantas e animais pelo nome, num misto de conhecimento empírico e científico, demonstra a intimidade e o amor de quem vive não só NA floresta, mas sobretudo A floresta. Intimidade e amor que puderam ser melhor desenvolvidos quando o técnico em meio ambiente conheceu o Floresta Sustentável.
- Eu já trabalhava na Reserva da Sapiranga desde 1996, e com a chegada do Floresta Sustentável, comecei a me envolver com o projeto. No início foi um grande desafio, comecei a estudar mais e, aos poucos, me encantei pela botânica. Fiz o curso de técnico ambiental. A cada dia aprendo mais – avalia Cícero. - O curso que mais gostei foi o de agrofloresta, e continuo praticando o que aprendi na minha roça.
A rotina de Cícero abarca praticamente todas as áreas de atuação do Floresta Sustentável. Ele atende visitantes e turistas, tra-
balha no viveiro de mudas, auxilia nos cuidados com a fauna, orienta estagiários, acompanha pesquisadores e estudantes, dá palestras sobre serpentes, e faz trilhas com os visitantes que têm mais espírito de aventura. Um dia cheio, mas Cícero também sabe folgar.
- Minha família é bastante alegre, fazemos festas, todos nós gostamos de dançar. A minha mãe participa das aulas de artesanato do projeto e é boa de dança, principalmente samba de roda. Eu jogo futebol com meus sobrinhos. Alegria é a nossa filosofia de vida.
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ยบ 2 Encontro Contagem - MG
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“São tantos sonhos! Na verdade vou alcançando tudo aos poucos, e a cada realização vou me lembrar de como comecei e de como fui transformada” Pâmela Cristina Orquestra Jovem das Gerais 21
“O circo, uma arte milenar que através do imaginário, se transforma numa diversidade pedagógica capaz de provocar inclusão social, diálogos, novos saberes, emoções e sonhos” Maria Eneide Teixeira Circo de Todo Mundo
Projetos Anfitriões Orquestra Jovem das Gerais - www.orquestrajovemdecontagem.org A música emociona e faz sonhar. Mas, para a Orquestra Jovem das Gerais, quando aliada à promoção da cidadania, ela transforma vidas. Há quase 20 anos, os maestros Renato Almeida e Rosiane Reis ajudam jovens a descobrirem e desenvolverem seus talentos, e, tão importante quanto, a exercerem suas cidadanias.
Tecendo uma Rede Cidadania – www.circodetodomundo.org.br O Circo de Todo Mundo coordena o projeto Tecendo uma Rede de Cidadania, entre outras ações transformadoras. A lona do picadeiro se transforma em espaços para brincar, sonhar, inventar, investigar, socializar e aprender, com muito afeto e solidariedade. Uma metodologia que pode mobilizar e proporcionar novos rumos ao processo de cidadania da infância, sobretudo a mais desfavorecida.
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Pato aqui, água acolá
2º encontro
Projetos Participantes www.terrabrasilis.org.br Preservação e recuperação do habitat do pato-mergulhão.
FRED www.projetofred.org.br Capacitação profissional em comunidades carentes, presídios e locais de risco na sociedade.
Rede Jovem de Cidadania www.redejovemdecidadania.aic.org.br Rede de comunicação participativa que dá visibilidade a iniciativas nos campos da cultura e da cidadania protagonizadas pela juventude.
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“Sou filha de pais da Zona da Mata do Estado de Minas Gerais. Nasci e cresci na cidade grande, Belo Horizonte. Meu marido é pianista profissional. Eu adoro música e sempre que possível o acompanho nas suas apresentações. Desde minha formação estive ligada às questões relacionadas às espécies ameaçadas de extinção e o patomergulhão, pelas suas características de quase uma lenda, sempre me instigou. Iniciamos as pesquisas durante o trabalho de revisão do Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra da Canastra para o IBAMA. No início havia o registro de apenas seis casais da espécie na região e hoje, depois de muito esforço, conseguimos aumentar este número significativamente” Sônia Rigueira Presidente do Instituto Terra Brasilis 24
P
âmela Cristina acaba de passar na UFMG e lembra como foi redentor integrar a Orquestra Jovem das Gerais. Frederico
2º encontro
Lá vem o pato, e com ele Sônia Alves participou do Circo de Todo Mundo ainda criança e hoje é ele que transforma vidas como educador circense. Em comum, o mesmo brilho no olho, independente da atuação do projeto que move seus sonhos. É como se o mesmo tipo de
alma reluzisse em algumas pessoas: os objetivos são genuínos, a emoção transborda, todas flamejantes falando do que fazem.
A bióloga Sônia Rigueira, que criou o Instituto Terra Brasilis e atua na Serra da Canastra com o projeto Pato Aqui, Água
Acolá, é uma dessas pessoas.
- Quando menina, formávamos uma grande família pois a rua em que eu morava era repleta de crianças da mesma idade e frequentávamos mutuamente as casas dos amigos. Entre todos, existia uma amiga cujo tio era estudioso dos bichos. Na verdade se tratava de um naturalista que com seus livros de fotos e histórias maravilhosas, não poupava oportunidade para nos seduzir para o mundo da fauna, numa mistura de fantasia e realidade. A maior diversão era fazer pesquisa na casa do Tio Célio - conta Sônia, lembrando o impulso que a tornaria uma ambientalista.
Sônia reencontrou Tio Célio, na verdade o professor Célio Murilo de Carvalho Valle, aos 19 anos, já cursando Ciências Bioló-
gicas na UFMG – ele trabalhava no Departamento de Zoologia. Começou a estagiar com ele no segundo semestre, como voluntária, iniciando a trajetória que culminou na criação do Terra Brasilis, em 1998. Além da preservação do pato-mergulhão, o instituto comanda programas como Conservação da Biodiversidade, Sustentabilidade Rural, Ecoteca Digital, Prevenção e Combate a Incêndios em Áreas Naturais, Artesanato e Meio Ambiente – e em cada um deles diversos projetos. Saiba mais: Projeto Pato Aqui, Água Acolá: com estudos biológicos, ações de educação ambiental junto à comunidade local e diálogo com os produtores rurais, a iniciativa tem atuado na preservação do pato-mergulhão na Serra da Canastra. Metade da população global do animal (estimada em apenas 250 patos) vive na região.
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ยบ 3 Encontro Rio Grande - RS
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“O clube de futebol mais antigo do Brasil, o Sport Club Rio Grande, também abriga sonhos: jovens correm de um lado para o outro, entre as aulas de natação, boxe, taekwondo, basquete, futebol e vôlei” Carlos Patrício Centro de Referência de Esporte Educacional
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Projeto Anfitrião Centro de Referência de Esporte Educacional - www.funserg.org.br Desenvolvido pela Funserg, o Centro de Referência de Esporte Educacional visa o atendimento de 600 alunos da rede pública divididos em seis modalidades esportivas. Os beneficiados ainda recebem orientação psicopedagógica e aulas de reforço escolar.
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Taramandahy
3º encontro
Projetos Participantes www.onganama.org.br Qualificação da gestão dos recursos hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí.
Tartarugas no Mar www.tartarugasnomar.com.br Pesquisa, gestão e envolvimento comunitário para redução da mortalidade das tartarugas marinhas pela captura incidental.
Criança Autista, Família Cidadã www.pandorgaautismo.org Melhora a qualidade de vida e fomenta a cidadania de jovens com autismo grave e síndromes associadas.
Albatroz www.projetoalbatroz.org.br Conservação de albatrozes e petréis através da redução da captura incidental nas pescarias oceânicas.
Lagoas Costeiras www.ucs.br Incentiva o uso sustentável dos recursos hídricos na Planície Costeira do Rio Grande do Sul.
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“A abundância das águas nos remete à responsabilidade com seu uso para que não falte. Agora, nem tampouco para as próximas gerações. Em última instância, é o lugar em que vivemos, gostamos de viver e queremos contribuir para um mundo melhor, tendo a água como fio condutor e indutor de ações e mudanças sociais” Dilton de Castro Coordenador geral do projeto Taramandahy
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O
dia do ecólogo Dilton de Castro em Maquiné (RS) começa com água – fervente, para o chimarrão sagrado de toda manhã. E segue
3º encontro
Dois ecólogos, espécies raras no mesmo local com água até o fim – no caso, a Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí. É ela que ocupa seu dia desde quando, em 2007, ele passou a representar a ONG Ação Nascente Maquiné (Anama) e a desenvolver ações de preservação do recurso - abundante, porém finito, o
que ficou mais claro depois de eventos climáticos entre 2007 e 2008 que causaram prejuízos enormes à região. Projetos como a recuperação do Rio Maquiné, de 2008, e, a partir de 2010, o Taramandahy, de gestão coletiva da Bacia, ambos patrocinados pela Petrobras. Mas sua atenção à natureza é bem anterior e remonta à graduação em Ecologia que cursou nos anos 1980, quando a profissão era bem menos prestigiada e sequer regulamentada.
Outro destaque do encontro foi o Tartarugas no Mar, iniciativa criada pelo ecólogo Sérgio Estima ao lado de Danielle Monteiro
(coordenadora científica), para reduzir a mortalidade das tartarugas marinhas no litoral do Rio Grande do Sul. Os bons resultados do trabalho vêm de um conceito presente em sua origem: entender a importância da participação da comunidade no projeto. Os pescadores (a principal causa de morte das tartarugas é a captura acidental) são os grandes parceiros.
– Foi curioso ter, juntos no mesmo encontro, dois ecólogos, essa espécie rara. Temos muito poucos no Brasil. No fim do encontro Sérgio chorou como uma criança, agradecendo a chance de estar ali, dizendo que seu trabalho nunca foi tão valorizado. Isso dá uma mostra da paixão dessas pessoas e de como seus projetos precisam ser mais conhecidos. - Nota Lenine, referindo-se a Sérgio e Dilton. Saiba mais: Projeto Tamarandahy: idealizado pela Ong Ação Nascente Maquiné, com o Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica e suas 40 entidades membros - atua na bacia hidrográfica do Rio Tramandaí, com ações diretas de recuperação e controle de erosão, monitoramento da qualidade da água, reflorestamento das margens dos rios, educação ambiental e assessoria técnica a agricultores para uso ecológico da terra na produção de alimentos. Tartarugas no Mar: o projeto foi criado para reduzir a mortalidade das tartarugas marinhas nas regiões costeira e oceânica do Rio Grande do Sul. Além dos pescadores, estudantes e turistas que participam das campanhas de soltura dos animais e visitam o Museu Oceanográfico são vistos como parte do processo. O projeto desenvolve pesquisas, gestão e divulgação da importância do sul do Brasil para as tartarugas.
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ยบ 4 Encontro Santos - SP
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“A manta é uma espécie que não encontra limites nas profundezas e que, apesar do tamanho e da força, traz a docilidade própria dos seres não predadores” Paula Romano Mantas do Brasil
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Projeto Anfitrião Mantas do Brasil - www.mantasdobrasil.org.br Através de iniciativas de educação, pesquisa e mapeamento do processo migratório das mantas (raias gigantes que podem chegar a sete metros de comprimento), o projeto baseado na Baixada Santista trabalha pela preservação da espécie.
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Albatroz
4º encontro
Projetos Participantes www.projetoalbatroz.org.br Conservação de albatrozes e petréis através da redução da captura incidental nas pescarias oceânicas.
Verde Esporte na Areia www.verdescola.org.br Promove a educação de crianças e adolescentes, estimulando sua conscientização socioambiental e atuação como cidadãos junto à comunidade.
Rede de empreendedorismo comunitário www.redecananeia.org.br Fortalecimento de grupos visando o desenvolvimento local sustentável e a valorização das identidades culturais.
Juçara www.projetojucara.org.br Divulgação e expansão da utilização dos frutos da palmeira juçara.
Juventude e Trabalho - Escola Cidade Sustentável www.agendapublica.org.br Redes de sociabilidade profissional para jovens em situação de vulnerabilidade social.
Pescador Amigo www.pescadoramigo.eco.br Ampliação do conhecimento sobre o impacto das atividades pesqueiras e educação ambiental.
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“Lenine veio se juntar à nossa paixão pelo gigante marinho que visita o litoral paulista todos os anos no inverno, seguindo rotas migratórias vindas do Sul. Estar na presença de uma raia manta é de tirar o fôlego, elas nos olham dentro dos olhos. Interagem curiosamente com os mergulhadores, o que torna os encontros com esses animais momentos únicos e inesquecíveis na vida de qualquer mergulhador. A pesquisa tem um valor fundamental para compreendermos o animal que desejamos proteger, mas é da educação ambiental que pode vir a única chance de sobrevivência das raias gigantes. Essa é a missão do projeto Mantas do Brasil” Ana Paula Balboni Coelho Coordenadora do Mantas do Brasil 36
D
e alguma forma, o caminho que levou Ana Paula Balboni Coelho a criar o projeto Mantas do Brasil estava definido desde a infância. Ela traça sua árvore genealógica: do avô Achilles, de quem ganhou livros e microscópios, herdou a curiosidade
4º4ºencontro encontro
Para quem é do mar, todos os caminhos levam a ele científica e a paixão pelo mar; do pai engenheiro, veio o raciocínio lógico; da mãe professora de biologia, o amor pelos
bichos. Vocações que ele usa em favor das raias gigantes, das quais fala com emoção, como quando lembra seu primeiro encontro com exemplares da espécie:
- Vi uma mancha escura no meio da coluna d’água. Imensa. Fui me aproximando, e a mancha crescendo. Quando meu cérebro conseguiu entender que eu estava vendo uma manta negra, raríssima em nossas águas, minha alma saiu pela boca. Saiu de mim um som que nunca mais produzi igual, como um canto lírico, uma voz que não é minha, um canto entoado enquanto minha alma saía e voltava. Inesquecível. Esse macho negro de uns 5 metros brincou conosco. Depois que ele se foi, chegaram juntas duas mantas de ventre branco, depois mais duas. Nós, mergulhadores, fomos para o barco chorar. Alguns choravam eufóricos, outros, mudos. - Lembra a coordenadora do projeto Mantas do Brasil.
Paula Romano, coordenadora administrativa do Mantas do Brasil, também chegou ali movida pela paixão – e pelo acaso.
Desde sempre apaixonada pelo mar e interessada em se dedicar de alguma forma a sua preservação, há alguns anos ela teve síndrome do pânico, ocasionada pelo estresse do trabalho como contadora. Seu terapeuta recomendou uma atividade prazerosa, e ela escolheu se inscrever numa escola de mergulho.
- Comecei a mergulhar, cada vez mais ativamente e me encantar ainda mais pela vida. Acabei conhecendo pessoas e me envolvendo de forma voluntária em projetos ambientais, foi onde me aproximei de pessoas que tinham a mesma paixão e a mesma necessidade de fazer alguma coisa a mais em prol da conservação. - Explica Paula, que se divide entre seu escritório (especializado em contabilidade do terceiro setor e em produtoras e projetos culturais, ambientais e esportivos) e o Mantas do Brasil.
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ยบ 5 Encontro Parintins - AM
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“Ver os milhares de filhotinhos sendo soltos, e a gratidão dos comunitários com nossa ajuda, é o que nos mantém nesse trabalho” Paulo Andrade Pé de Pincha
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Projetos Anfitriões Pé de Pincha – www.pedepincha.com.br Dedicado à preservação das tartarugas tracajás, o projeto desenvolve ações de treinamento junto às comunidades em Parintins visando o manejo racional e sustentável do quelônio, apelidado de pé-de-pincha pelas pegadas semelhantes a pinchas (tampinhas de garrafa).
Boi-Bumbá Caprichoso - www.boicaprichoso.com O projeto social da Fundação Boi-Bumbá Caprichoso, a Escola de Artes Irmão Miguel de Pascalle, realiza atividades lúdicas e esportivas em busca da cidadania e melhor qualidade de vida.
Boi-Bumbá Garantido - www.boigarantido.org O projeto Aldeia da Arte é desenvolvido pela Associação Folclórica Boi Bumbá Garantido, e a música e a dança são usadas como forma de expressão, resgate e valorização da cultura local.
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Mamíferos Aquáticos da Amazônia
5º encontro
Projetos Participantes www.amigosdopeixe-boi.org.br Pesquisas envolvendo o manejo participativo e a importância ecológica desses animais junto às comunidades ribeirinhas.
Centro de Referência Esportiva do Amazonas www.oela.org.br Esporte educacional, programa de geração de renda e conhecimentos de lutheria.
Peixes da Floresta www.piagacu.org.br Manutenção da biodiversidade dos peixes amazônicos, um dos pilares da economia de subsistência das comunidades ribeirinhas.
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“Na época em que criei a OELA, o desmatamento na Amazônia era da ordem de 28 mil km por ano, um desperdício absurdo de recursos, sem gerar benefícios para a população amazônica e nem para o país, muito menos para os povos das florestas. Assim nasce a OELA, promovendo o uso sustentável dos recursos florestais, oportunizando jovens amazônicas na profissionalização para a produção de instrumentos musicais de alta qualidade utilizando exclusivamente madeiras amazônicas certificadas, oriundas do manejo florestal de baixo impacto” Rubens Gomes Coordenador da Oficina Escola de Lutheria da Amazônia
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C
orriam os últimos anos da década de 1990. A leitura diária do noticiário local de Manaus chocava e entristecia Rubens Gomes
5º encontro
Violência transformada em música – manchetes com alto grau de violência e barbárie, sobre atos praticados por adolescentes e jovens do Zumbi dos Palmares, região da zona leste da cidade. Em vez de virar a página, como quase todos fazem, ele escolheu fazer algo para mudar aquilo.
- Diariamente, quando chegava à Universidade Federal do Amazonas (onde era professor de lutheria), ao ler os jornais, me deparava com crimes extremamente bárbaros, jovens mutilados por terçados (facões)... Era muito bruto – conta Rubens. - Um dia, resolvi conhecer a região. Fui por intermédio de um amigo que morava lá, porque era tão perigoso que alguém de bom senso não se arriscaria a entrar sozinho. Na época, diziam por lá que nem a polícia entrava. O que vi foi uma região totalmente desprovida da presença do Estado, de equipamentos sociais, saneamento básico, etc.
Rubens passou a visitar a região nos fins de semana e a formar amizades, notando que havia ali um rico material humano e
uma enorme carência de oportunidades. Juntou essa experiência à ideia que trazia de criar uma escola de lutheria que promovesse o uso racional de recursos florestais. Fundou assim a OELA (Oficina Escola de Lutheria da Amazônia), que reflete as preocupações e cuidados de quem nasceu e cresceu dentro da floresta, presenciando de perto diferentes lógicas de relação com ela. Hoje, além da lutheria, a escola realiza diversos projetos, como o Centro de Referência Esportiva do Amazonas, em parceria com a Petrobras.
- Sou filho de um seringueiro/castanheiro que depois tornou-se operário de uma mineradora de extração de manganês que atuava em Serra do Navio, no Amapá. Nasci no canteiro de obra da estrada de ferro da ICOMIna Vila Platon, em Porto Grande – detalha. Saiba mais OELA – Oficina Escola de Lutheria da Amazônia: uma associação que cresceu e agregou outras ações voltadas para a educação profissionalizante de adolescentes e jovens amazônidas, como o Centro de Referência Esportiva do Amazonas, esporte educacional, programa de geração de renda e, claro, conhecimentos de lutheria.
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ยบ 6 Encontro Cรกceres - MT
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“O nosso projeto nasceu do sonho de preservação do Pantanal através do tripé de ações: geração de renda local, pesquisas científicas e educação ambiental” Douglas trent Bichos do Pantanal 45
Projeto anfitrião Bichos do Pantanal - www.bichosdopantanal.org Do sonho de apoiar a população local no ordenamento do turismo e no desenvolvimento de outras atividades econômicas, que ocorram em equilíbrio com a conservação do patrimônio natural do município, nasceu o Bichos do Pantanal. O projeto atua para ampliar o conhecimento e a preservação de espécies como a ariranha, a lontra, aves, peixes e a onça-pintada.
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Pacto das Águas
6º encontro
Projetos Participantes www.pactodasaguas.org.br Construção de alternativas de desenvolvimento pautadas na manutenção da floresta.
Poço de Carbono Juruena www.carbonojuruena.org.br Alternativas sustentáveis que melhoram a condição de vida das pessoas e garantem a soberania e segurança alimentar.
Berço das Águas www.bercodasaguas.org.br Gestão territorial em terras indígenas e alternativas ao desmatamento para os povos do Cerrado.
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“Meu envolvimento com a sustentabilidade da floresta começou primeiro porque convivo e sempre convivi no meio dessas atividades. O povo Gavião sempre trabalhou mantendo e preservando a floresta em pé. Segundo, porque ficamos preocupados com as condições de trabalho que os indígenas tinham, até então precárias. Decidimos então que iríamos criar uma associação local para que ela pudesse ajudar as pessoas na organização desse trabalho. Me refiro às boas práticas e assessoria técnica, mas principalmente na busca do mercado justo. Mostrar para os indígenas que é possível viver dignamente mantendo a floresta em pé. Felizmente encontramos um excelente parceiro, que é o Pacto das Águas” Josias Cebirop da Silva Liderança do Povo Gavião 48
O
representante da tribo Gavião dentro do Pacto das Águas carrega um tanto da história e da dinâmica da região (Amazônia
6º encontro
O homem-rebanho matogrossense, no limite do Arco do Desmatamento) em seu nome:
- Me chamo Josias Cebirop da Silva. Esse nome herdei do meu pai, que foi registrado por um seringalista que acredito que tinha esse sobrenome. Govehj Pohv é o meu nome na minha língua, que significa rebanho.
Em seu depoimento, está a integração natural (apesar de muitas vezes conflituosa) entre índios e seringalistas. E seu nome
indígena traz - mais que uma síntese da estrutura social daquele local - a própria vocação que Josias viria a desenvolver, de arrebanhar e agrupar. Ele atua junto ao Pacto das Águas, numa ponte entre o conhecimento acadêmico (que ele detém) e o empírico (que carrega quase que entranhado na pele e no DNA).
- Vim de uma linhagem de caciques. Meus avós materno e paterno eram os líderes mais respeitados e admirados que o nosso povo Gavião já teve. Essa liderança durou ao longo dos anos, até que eles decidiram passar essa função ao meu pai, quando ainda era bem jovem. Ele tinha mais ou menos 15 anos de idade. - Conta Josias.
Inspirado em trajetórias como a do povo Gavião, o biólogo Plácido Costa identificou que era preciso um contato mais próximo
com os povos da floresta. Não somente pela necessidade dessas comunidades encontrarem alternativas de manejo e comercialização para produtos como a castanha-do-Brasil e o látex da seringueira nativa. Mas para que seus povos tenham o direito de viver da floresta, e principalmente na floresta. Saiba mais: Pacto das Águas: unindo povos indígenas, seringueiros e agricultores familiares (grupos antes inimigos dentro da lógica de disputa de terras), o projeto busca construir um modelo sustentável de uso das florestas no noroeste da Amazônia matogrossense, incluindo o estímulo à certificação orgânica e à comercialização dos produtos florestais pelos próprios produtores.
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ยบ 7 Encontro Jericoacora - CE
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“A conservação ambiental só será possível com a participação das comunidades, nós fazemos parte desse ambiente” Leandro Inakake Pesca Solidária
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Projeto anfitrião Pesca Solidária - www.pescasolidaria.org O projeto atua na divisa do Piauí com o Ceará, com o objetivo de ordenar a pesca (com a criação de áreas em que não se pode exercer a atividade, por exemplo), investindo na conservação de espécies e na própria organização social da comunidade pesqueira e criação de alternativas para geração de renda.
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De Olho na Água
7º encontro
Projetos Participantes www.deolhonaagua.org.br Promoção e práticas de uso racional de recursos hídricos.
No Clima da Caatinga www.acaatinga.org.br Promove a conservação das terras, florestas e águas da caatinga para garantir a permanência de todas as suas formas de vida.
Cacto www.fabricadeimagens.org.br Promoção da equidade de gênero, afirmação da diversidade sexual e fortalecimento das juventudes.
Esporte e educação: Essa é a nossa praia www.essaeanossapraia.blogspot.com.br Contribui para o desenvolvimento de crianças e adolescentes, que têm acesso ao esporte e educação.
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“Foi algo muito generoso Lenine ter conhecido nossa realidade, o local e as pessoas cujas vidas desejamos melhorar com nosso projeto. Tem alguém muito especial, que pegou na nossa mão, abraçou a gente e mostrou que não estamos sozinhos. E que há outros seres humanos fazendo esse trabalho de formiguinha em outros lugares deste país. E sim: #TamoJuntos, nossa hashtag lema” Francisco das Chagas Machado Brandão Coordenador de comunicação do projeto Pesca Solidária
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S
eu nome é Francisco das Chagas Machado Brandão, mas se quiser encontrá-lo é melhor procurar por Chico Rasta. É assim que é
7º encontro
Olhar de beleza e contundência, como nas boas fotos conhecido o coordenador de comunicação do projeto Pesca Solidária, que desde 2004 uniu forças com entidades como ICMBio, Care Brasil, Aquasis, Embrapa, universidades Federal e Estadual do Piauí, além do Instituto Federal do Ceará, para a construção de
um “acordo de pesca” que vai incrementar as condições da atividade no estuário dos rios Timonha e Ubatuba, na divisa litorânea dos estados do Piauí e Ceará. O desafio hoje é fortalecer o saber tradicional a partir de pesquisas científicas e buscar alternativas de geração de renda e educação ambiental para as comunidades, tudo registrado pelo olhar sensível de Chico.
– Como repórter televisivo, sempre fiz questão de mostrar o trabalho de pessoas do terceiro setor ligadas às questões socioambientais. Depois, com a fotografia, me dediquei a mostrar o cotidiano dessas comunidades e os bichos que habitam esse ecossistema. Até que fui convidado pelo zootecnista Leandro Inakake, que é presidente da ONG Comissão Ilha Ativa, a assumir oficialmente a comunicação de projetos ambientais da entidade, e dentre eles veio de presente o Pesca Solidária o qual tenho um carinho especial pelo propósito de abraçar de fato natureza e comunidades. Sou muito grato ao Leandro, Francinalda, Kesley, Fátima, Liliana e demais membros da CIA, que são grandes companheiros de luta e me deram o carinho da oportunidade e confiança – conta Chico, que tem 32 anos. - Daí a paixão tomou conta e me envolvi de fato com essas populações, pude participar de seus costumes e principalmente documentar tudo isso através da fotografia, além de tentar levar esses registros para o conhecimento de mais pessoas, afinal é preciso conhecer para respeitar. Sempre tendo como foco principal a conservação do meio ambiente e a valorização da cultura local e as pessoas que a realizam.
Sua família (a mulher Gelma e os filhos Ramiro, 9, e Glauber, 25) esta com ele na missão e sempre divide com Chico muitos
momentos de seu trabalho na área da conservação. Para Ramiro, os encontros socioambientais tiveram um sabor especial, afinal, como diz Chico, o garoto é um apaixonado pelo som de Lenine.
Quando eles iam batizar um bar, Ramiro falou que tinha um nome, uma sugestão: “Candeeiro” (por ser admirador das histórias
do Cangaço que conheceu devido à canção Candeeiro Encantado de Lenine). E assim ficou.
– Chico é um apaixonado, foi criado nesse ambiente, é um conhecedor. - conta Lenine.
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ยบ 8 Encontro Sรฃo Mateus - ES
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“Que os meros vivam para sempre e continuem unindo esta legião de homens e mulheres que trabalham arduamente em favor da conservação do ambiente marinho de nosso planeta” Mauricio Hostim Meros do Brasil
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Projeto anfitrião Meros do Brasil - www.merosdobrasil.org Com ações de pesquisa e conservação em sete estados do país, o projeto trabalha pela proteção dos meros, peixes que vivem até 100 metros de profundidade e podem alcançar dois metros de comprimento. Atualmente, vem ampliando as pesquisas para além do mero, atuando na conservação de ambientes marinho-costeiros como manguezais e recifes de corais.
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Robalo
8º encontro
Projetos Participantes www.projetorobalo.org.br Atua na recuperação e conservação do Robalo.
EMPAO www.institutogoia.org Capacita jovens na arte da restauração do patrimônio cultural.
Mata Ciliar www.cscajosebahia.org.br Produção de mudas para o plantio e recuperação da mata ciliar.
APAE: Cria, Pinta, Canta e Encanta www.apaees.org.br Qualificação e inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
Peixe na Mesa, Planta na Mata www.incaper.es.gov.br Piscicultura sustentável de espécies nativas e agroecologia.
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“Durante estes últimos 12 anos dediquei minha vida a conhecer melhor o mero (ou ‘O Senhor das Pedras’), buscando formas de protegê-lo e de conservar o ambiente onde ele vive. Para a minha surpresa e felicidade, conheci muitas pessoas que tinham o mesmo objetivo e que se tornaram parceiras acadêmicas, amigas e algumas delas verdadeiras irmãs de luta!” Mauricio Hostim Silva Professor de Zoologia da Universidade Federal do Espírito Santo
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A
vida pessoal e a defesa do meio ambiente se confundem na história de Romulo de Araujo Primo. Sua relação com o
8º encontro
Conservando peixes e prédios projeto Meros do Brasil, por exemplo, foi se desenvolvendo ao mesmo tempo que o relacionamento com sua esposa, Flora Zauli. Na época, eles eram amigos e ela o convidou para acompanhá-la no trabalho com os peixes gigantes. Hoje, ele
chama a filha do casal de “peixinha”:
- Desde que tive oportunidade em relacionar minha rotina às pesquisas, meus dias se tornaram mais prazerosos. Minha mãe, minha esposa e minha filha, hoje me mostram o verdadeiro motivo de viver: a família. Todo homem que se preocupa com o meio ambiente, com toda certeza tem mulheres muito influentes em sua vida – diz, citando sua avó Izaura Brioschi. - Ela cuidou de mim a minha vida toda, me deu toda educação e carinho que uma vovó pode dar para um neto.
Na capital, Pedro Canal Filho, coordenador do Instituto Goia, atua com outro tipo de preservação: a de construções antigas do
Centro Histórico de Vitória. Ele batalha por elas desde que se formou em Arquitetura e Urbanismo e começou a trabalhar na Prefeitura de Vitória. Ali, desenvolveu Escola Multidisciplinar Profissionalizante de Artes e Ofícios (EMPAO).
- Esse olhar sobre as potencialidades do Centro Histórico, somado ao meu trabalho junto às Comunidades Eclesiais e movimentos sociais, levaram-me a pensar num projeto que aliasse a recuperação desse patrimônio com a promoção de qualidade de vida dos envolvidos – explica Pedro, que se descreve como um “descendente de italianos, que fala bastante e gesticula mais ainda”. - Sempre que o apresento acabo por recordar a grande responsabilidade de um projeto que se pretende sustentável e o quanto ele realmente interfere positivamente na vida das pessoas e na minha própria vida. Saiba mais: EMPAO do Brasil: o projeto une cidadania e valorização do patrimônio cultural e arquitetônico no Centro Histórico de Vitória. De um lado, a falta de mão-de-obra qualificada para as restaurações de edificações abandonadas da região. De outro, o enorme número de jovens sem oportunidade de emprego. Assim, restauraram edificações como Capela Santa Luzia, Museu de Artes do Espírito Santo e Mercado São Sebastião.
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ยบ 9 Encontro Sรฃo Gonรงalo - RJ
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“São 33 anos trabalhando incessantemente para proporcionar um padrão de vida mais digno e a plenitude dos direitos das pessoas com deficiência” Guilherme Meyer Ramalho Andef 63
Projetos anfitriões Caranguejo Uçá - www.guardioesdomar.org.br Com ações originais como o “álbum interativo” e a “moeda verde”, o projeto tem conseguido promover a limpeza do manguezal na Área de Proteção Ambiental de Guapimirim, oferecendo as condições para a sobrevivência e a multiplicação do caranguejo uçá, principal fonte de renda para centenas de catadores. Desde seu início já reflorestou quase 9 hectares e atingiu 28 mil pessoas com seu trabalho de educação ambiental.
Diferentes Talentos – www.andef.org.br Voltado para crianças e adolescentes que vivem em situação de vulnerabilidade social, nas cidades de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá, o projeto Diferentes Talentos promove a prática de esportes como bocha, basquete, capoeira, ballet, jazz e dança em cadeira de rodas, futebol, judô, natação, tênis de mesa e tênis em cadeira de rodas, além de acompanhar o desenvolvimento integral dos alunos.
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Ilhas do Rio
9º encontro
Projetos Participantes www.ilhasdorio.org.br Geração de conhecimento científico e envolvimento da sociedade para a conservação do Monumento Natural das Ilhas Cagarras.
Cuidando das Águas www.ondaverde.org.br Conservação da biodiversidade por meio de manutenção florestal e recomposição de mata ciliar.
Quem Ama Cuida www.quemamacuida-institutoama.com.br Oficinas de dança e luta unidas a educação no contraturno escolar.
Rede ECOSOL www.facebook.com/Mulheres-do-salgueiro Assistência social, formação cidadã, educativas e profissionalizantes.
CataSonhos www.guardioesdomar.org.br Ações de mobilização social e educação ambiental aliadas à geração de trabalho e renda.
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“O bom de trabalhar com projetos socioambientais e com a questão ambiental é que praticamente não há rotina. Cada dia é diferente do outro com problemas e vitórias novas. Mas, existem tarefas que se repetem. Todos os dias têm documentos a assinar, reuniões a fazer e saídas de campo. Esta última, com certeza a melhor parte. Estar em contato direto com o ambiente seja a parte bela onde paisagem, animais, rios, céus e árvores te encantam sem cansar, seja quando se descobre um problema, um impacto qualquer e, a mente trabalha sem parar para tentar solucionar. Ter um ecossistema como principal escritório é muito maior do que simplesmente um trabalho. É um privilégio” Pedro Belga Presidente da Guardiões do Mar 66
N
ascido em Cabo Frio, filho de pescador, Pedro Belga sempre teve o mar em seu horizonte. Aos 15, já morando em São Gon-
9º encontro
Um ecossistema como escritório çalo, passou a frequentar Itaoca, uma ilha na região, às margens da Baía de Guanabara. Ali, naquela idade, começou a prestar atenção no lixo exposto e na dificuldade da vida dos catadores de caranguejo.
- Passei a me questionar como poderia ajudar aquela gente e aquele ambiente. Cresci, entrei para o Exército e fiquei lá por nove anos e meio. Antes de completar 10 anos, quando eu seria estabilizado na vida militar, abandonei tudo e fui fazer a faculdade que sempre quis desde menino: Biologia – lembra Pedro. - Na faculdade, conheci a Biologia Marinha. Apaixonei-me de imediato. Cursei, e percebi que dispunha do conhecimento necessário para ajudar efetivamente. Mas somente conhecimento técnico não me serviria de muita coisa. Elaborei uma exposição sobre os oceanos, sua importância e as comunidades que dele tiram seu sustento, em março de 1998. A intenção era levar informações ao publico leigo. Este evento aconteceu em um shopping de Niterói/RJ e o sucesso foi tão grande que ali resolvemos instituir uma organização que atuaria com estes princípios. Assim nasceu Guardiões do Mar, que me envolveu ainda mais e profissionalmente com os manguezais.
Na ONG, Pedro desenvolveu o projeto Caranguejo Uçá. O belo trabalho de recuperação do manguezal, sonho de infância,
acabou tendo efeitos em outro sonho – o de conhecer Lenine. Impactado pelo encontro, Pedro escreveu um texto, “Cometa Lenine”, que enviou para a produção do cantor e publicou no blog da instituição.
- Meus ídolos funcionaram como bússolas me mostrando o caminho a seguir. O Lenine e alguns poucos outros tiveram este papel na minha vida. Logo, estar lado a lado de um ídolo, em condições de trocar ideias ouvir e ser ouvido é um momento mágico para qualquer ser humano. - Define Pedro.
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ยบ Encontro Sรฃo Luis - MA
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“Esta proximidade solidária tem nos ensinado que pequenas iniciativas podem se transformar em algo grandioso, justo e ambientalmente sustentável, capaz de romper extremas desigualdades” Sônia Mota CESE 69
Projeto anfitrião Comunidade produção e renda – CESE - www.cese.org.br AMRT – Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais Lago do Junco Com apoio da CESE, a AMTR apoia as quebradeiras do coco na comercialização de sabonete e papel reciclado com fibras de babaçu, além de lutar pela conservação do babaçu, pela valorização da atividade e pelo livre acesso delas aos babaçuais.
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Biomade - Biodiversidade Marinha do Delta www.biomade.org.br
10º encontro
Projetos Participantes
Levantamento da biodiversidade marinha encontrada na Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba.
Mara Kizomba: Promovendo a cultura ancestral www.mandingueirosdoamanha.com.br Garantir a formação ética, política e cultural de jovens por meio de atividades sócio-educativas.
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“A oportunidade dada pelo projeto Encontros Socioambientais nos deu um momento de festa, e também foi motivo para nos unirmos a outros povos de outras lutas e categorias. Foi maravilhoso porque mais uma vez pudemos contar a nossa história, que teve inicio a partir da conservação do babaçu. Ampliamos assim a noção da importância de não desistirmos da nossa missão. Além disso, outro ponto positivo é a abertura de novos mercados para nossos produtos” Maria Alaides da Silva Quebradeira de coco
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A
beleza do trabalho das quebradeiras de coco babaçu no povoado maranhense de Ludovico, a 320km de São Luís, é descrita por Lenine quase como uma cena de filme, um poema, uma canção:
10º encontro
Cânticos, trabalho e consciência
- As quebradeiras vão para os babaçuais com seus “maridos”, que é o nome que elas dão a seus machados, que usam só a lâmina, sem cabo – explica o compositor. Enquanto quebram o coco, elas cantam no ritmo, sempre melodias menores, de uma tristeza, mas tudo é também muito celebrativo. Elas ritualizaram aquele trabalho. Vão se espalhando pelos babaçuais, ficam distantes umas das outras, com aquele coro reverberando num território enorme. Há uma exuberância impressionante na vida dessas mulheres.
“Ei, não derrube essas palmeiras. Ei, não devore os palmeirais. Tú não sabes que não pode derrubar, precisamos preservar as riquezas naturais”, diz o hino das quebradeiras. Maria Alaides da Silva, de 56 anos, é uma delas. Mãe de sete filhos e quatro netos, ela sempre trabalhou, assim como sua mãe, no extrativismo do coco babaçu e em roça de agricultura familiar.
- A minha rotina sempre foi: café da manhã, lavar roupa, fazer comida, quebrar coco babaçu. E, após casada, também cuidar dos filhos. - Resume Maria Alaides. A história de Maria Alaides reflete a de muitas de suas colegas, que lutaram para que pudessem exercer sua profissão e melhorar suas condições de vida. Em 1987, ela se aproximou de movimentos sociais como o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde e Pastoral da Criança (“Esses trabalhos nos deram suporte para levantar a bandeira da luta por qualidade de vida para todas as quebradeiras, pela saúde, educação, acesso livre para a coleta e quebra de coco babaçu, e em seguida a luta por terra”, explica).
- Instituições como a Assema e a AMTR nos oferecem vários tipos de formação e capacitação, além de promover intercâmbios e ajudar com ações como os Encontros Socioambientais, que fez com que pessoas como Lenine pudessem conhecer nossas experiências de vida.
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º 11 Encontro Goianésia - GO
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“Acredito que nas pequenas ações, seja qual for a sua área de atuação, é possível contribuir com a construção de um país mais justo, solidário e menos desigual, onde todos sejam cidadãos” Fernando Corso Verde Vida 75
Projeto anfitrião Verde Vida - www.verdevida.org O projeto Verde Vida promove a recuperação de áreas degradadas (por queimadas, desmatamento e pecuária extensiva) do cerrado no Assentamento Vitória, em Goianésia, propondo sistemas alternativos de uso do solo e da água, com a participação da comunidade.
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Semeando Bioma Cerrado www.rsc.org.br
11º encontro
Projetos Participantes
Fomento do comércio e a melhoria da qualidade das sementes e mudas de espécies nativas do Cerrado.
Cerrado Vivo www.cerradovivo.com.br Ações voltadas à conservação dos recursos hídricos e do solo do Assentamento Presente de Deus.
Atendimento Odontológico de Pessoas Especiais www.napeo.com.br Referência no atendimento odontológico a pacientes com necessidades especiais.
Handebol – Inclusão e Cidadania www.forcaatletica.com.br Desenvolvimento e inclusão social através do esporte.
Pé de Cerrado www.pedecerrado.org Reversão da degradação ambiental em Ceres, protegendo a biodiversidade e integrando tecnologias sustentáveis.
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“Minha rotina de trabalho é dedicada à execução das atividades do projeto Verde Vida no Assentamento Vitória. Nos finais de semana, permaneço próximo da natureza: desfruto de belas caminhadas pelo cerrado e perfeitos banhos de cachoeira, meu hobbie. Venho de família simples, com o dedo na agricultura familiar, que gosta de comer o que planta. Pretendo carregar isso por muito tempo” Thiago Neves Equipe técnica do Verde Vida
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A
experiência veio antes da consciência para Thiago Neves. Quando era criança, o hoje técnico em Meio Ambiente do projeto Verde Vida, conheceu e começou a amar o cerrado com os pais, em acampamentos que eles promoviam. Neles, o casal
11º encontro
O menino do dedo verde falava “sobre as maravilhas da natureza, de um rio sadio, de um fruto nativo apanhado no pé e da beleza de se observar
os bichos”. Ali definia seu destino. Mais tarde, Thiago até tentou seguir outro rumo na carreira, com a profissão de cabeleireiro, mas desistiu para se dedicar exclusivamente à área ambiental.
- Logo de cara me tornei um ambientalista que lutou e luta pela preservação do Rio das Almas, que corta a cidade de Ceres – lembra Thiago, de 33 anos. - Em 2009 comecei a desenvolver projetos de educação ambiental que visavam a preservação do cerrado, por ele ser berço das águas e também porque naquele período o cerrado estava sendo devastado pela monocultura. Vi a minha região ser transformada de cerrado pra cana.
A partir dali, ele seguiu trabalhando em diversas iniciativas (Lenine diz que “Thiago movimenta todos os projetos da região
de Goianésia”), entre elas o Assentamento Vitória:
- Como eu, ele adora orquídeas. Ele está fazendo um orquidário lá – conta Lenine. - Ele sacou algo que eu sempre estive atento. Quando as árvores mais antigas caem, os ecossistemas na copa morrem. Ele organizou grupos para que fossem à cata desse manancial botânico, em beneficio do próprio parque. E também trabalha com soluções como um sistema de fossas secas, com tijolo, casca de coco e bananeiras, um filtro natural poderoso que protege os lençóis freáticos.
Até as galinhas burlam o sistema tradicional e são protagonistas no PAIS – Produção Agroecológica Integrada e Susten-
tável, instalado no projeto. Nos 42 hectares que Natal Mateus da Silva e Márcia Maria da Silva receberam sem nada, hoje já foram construídas duas casas, uma horta, um viveiro, eles criam o gado que dá o leite que consomem e Márcia ainda faz queijo e doce de leite deliciosos para vender na feira dominical com as hortaliças.
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ยบ 12 Encontro Rio Branco - AC
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“Eu entendo e celebro o trabalho da Apae, que na maioria das vezes são sonhadores trabalhando na área dos excluídos. Aqui o carinho e a dedicação são notórios” lenine
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Projetos anfitriões Apae em Ação - www.cruzeirodosul.apaebrasil.org.br O Apae em Ação trabalha pelo desenvolvimento das habilidades cognitivas de seus alunos a partir de projetos educacionais, culturais e desportivos.
Gestão indígena – www.cpiacre.org.br O Gestão Indígena incentiva o plantio de mudas e, ao todo, suas ações protegem cerca de 322 mil hectares de floresta com ajuda de povos indígenas.
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Vida Nova www.faeb.czs.com.br
12º encontro
Projetos Participantes
Acolhimento de adolescentes vítimas de violência e exploração sexual ou usuárias de drogas.
Território Indígena yakashawadawa@yahoo.com.br Fixação de carbono e emissões evitadas através da extensão agroflorestal.
Gestão Social e Desenvolvimento Local www.facebook.com/redeacreana Gera oportunidade para as mulheres ingressarem no mercado de trabalho.
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“Minha família é muito importante para mim, está sempre do meu lado. Em Rio Branco, só tenho meu esposo e meus três filhos, porque a minha família mesmo mora na minha Terra Indígena Arara do Igarapé Humaitá. Somos nove irmãos, só eu de mulher. Meu irmão mais velho é o cacique do meu povo. Os outros são professores e agentes indígenas de saúde. Somos uma família muito feliz e moramos numa terra muito rica, porque a riqueza para nós, Arara, é ter terra boa, ar bom para respirar, caça, pesca, viver feliz junto de nossas famílias fazendo o que gostamos, mantendo nossa cultura e valorizando nossos velhos” Francisca Oliveira de Lima Costa Associação Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre
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F
rancisca Oliveira de Lima Costa, a “índia Francisca”, nasceu e cresceu na Terra Indígena Arara do Igarapé Humaitá. Lá, aprendeu a lidar com a floresta com respeito, a partir da perspectiva de seu povo, além de ter contato com suas tradições. Mais tarde,
12º encontro
Com os pés na terra, sempre em cursos como o de Ciências da Natureza, na UFAC-Floresta, em Cruzeiro do Sul, ela desenvolveu bagagem acadêmica. Os
conhecimentos combinados permitem que ela exerça com segurança – além de muito vigor e bom humor, características marcantes que ela demonstra no instante em que chega – o trabalho de coordenadora do Território Indígena.
Criado pela Associação Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre (AMAAIAC), o projeto faz ações
voltadas à conservação e ao uso sustentável dos recursos naturais, e também à vigilância dos territórios indígenas. Seus agentes trabalham com manejo, educação ambiental, a questão do lixo nas aldeias, a criação de pequenos animais e sistemas agroflorestais.
- Quando o edital Petrobras Socioambiental foi publicado, tivemos a ideia de inscrever o projeto Território Indígena. Afinal, era uma ação que já fazíamos, e o apoio iria complementar o trabalho da AMAAIAC nas terras indígenas com relação à gestão territorial e ambiental. - Conta Francisca. A vida de gestora impõe uma série de compromissos à Francisca, mas ela nunca tira os pés da terra:
- Trabalho muito tanto na gestão política do escritório como nas terras indígenas – conta. - Ministro minicursos para os indígenas, cuido de meus três filhos... Enfim, defendo a política de educação escolar indígena em nosso Acre, e uma educação ambiental de qualidade, porque isso é o nosso bem viver. Saiba Mais: Território Indígena: Fortalecer a extensão agroflorestal diferenciada e o manejo dos recursos naturais voltados à autonomia organizacional e soberania alimentar de populações indígenas da Amazônia é o foco do projeto.
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“A arte é um instrumento de aproximação poderoso por uma sociedade mais justa. Gosto de acreditar que a minha música vai além do que meramente canto” lenine
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Canção sem fronteiras
Lenine é acima de tudo um cantautor: aquele que toca o que compõe. Recifense-
carioca, brasileiro do mundo, um criador inquieto por natureza, traz em suas composições influências de manifestações culturais de seu país e de inúmeros gêneros musicais, desconsiderando rótulos ou classificações.
Num mesmo ano, seu trabalho pode aparecer em diferentes palcos e formatos: ora com
uma grande orquestra internacional, ora com sua banda habitual ou somente com seu violão; num espetáculo de teatro ou dança, num filme ou seriado de TV.
A primeira tour socioambiental de Lenine tem precedentes. Ainda no ginásio, começou
a mergulhar com um colega chamado Cesar Coelho - que se tornaria um dos fundadores do Tamar e aproximaria o músico do projeto de proteção às tartarugas marinhas. “Acompanho tudo desde o começo, faço alguns vídeos promocionais e tenho uma certa culpa pela associação do Tamar com a música. Todo final de semana tem show nos principais polos do projeto, ideia maravilhosa do Guy Marcovaldi, totalmente apoiada por mim e por vários músicos”.
O cantautor é colaborador de grupos como o SOS Mata Atlântica, Projeto Albatroz
Brasil, WWF, Witness (ao lado do músico e defensor dos direitos humanos Peter Gabriel), Rain Forest Alliance, Movimento Pró Criança, Orquestra Sinfônica Heliópolis, campanha Ser Diferente é Normal, do Instituto Metasocial, entre outros projetos.
Ganhador de cinco prêmios Grammy Latino, dois APCA (Associação Paulista de Críticos
de Arte), nove Prêmios da Música Brasileira (chamado de Sharp e TIM em edições passadas), já se apresentou em dezenas de países da América, Europa e Ásia.
Com 31 anos de carreira, dez discos lançados e ousados projetos especiais, Lenine já foi
gravado por artistas como Elba Ramalho, Maria Bethânia, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Maria Rita, O Rappa, Zélia Duncan, entre tantos outros.
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Isso é só o começo (Lenine / Carlos Rennó)
Isso é só o começo É só o começo Isso é só o começo É só o começo Aqui chegamos, enfim A um ponto sem regresso Ao começo do fim De um longo e lento processo Que se apressa a cada ano Como um progresso insano Que marcha pro retrocesso E é só o começo Estranhos dias vivemos Dias de eventos extremos E de excessos em excesso Mas se com tudo que vemos Os olhos viram do avesso Outros eventos veremos Outros extremos virão Prepare seu coração Que isso é só o começo É só o começo Isso é só o começo É só o começo 88
Aqui chegamos, porém Num evento diferente Onde a gente se entretém Um ao outro, frente a frente Deixando um pouco ao fundo O ambiente do mundo Por esse aqui, entre a gente É só o começo Assim nesse clima quente No espaço e tempo presente Meu canto eu lanço, não meço Minha rima eu arremesso Pra que nada fique intacto E tudo sinta o impacto Da ação de cada canção Preparem-se irmã, irmão Que isso é só o começo É só o começo Isso é só o começo É só o começo Isso é só o começo É só o começo Isso é só o começo É só o começo
Lenine
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crédito das imagens Capa
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Foto 3: Leo Francini
Foto: Flora Pimentel
Foto: Flora Pimentel
Foto 1: Flora Pimentel
Projeto: Mantas do Brasil
Projeto: Verde Vida
Projeto: Circo de Todo Mundo
Projeto: Taramandahy
Local: Santos - SP
Local: Goainésia - GO
Local: Nova Lima - MG
Local: Rio Grande - RS
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Foto 2: Flora Pimentel
Foto 1: Flora Pimentel
Projeto: Pescador Amigo
Foto: Flora Pimentel
Projeto: Albatroz
Projeto: Circo de Todo Mundo
Local: Praia Grande - SP
Projeto: Circo de Todo Mundo
Local: Rio Grande - RS
Local: Nova Lima - MG
Local: Nova Lima - MG
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Fotos 2 e 3: Flora Pimentel Projeto: Orquestra Jovem das Gerais Local: Contagem - MG
Foto: Flora Pimentel Projeto: Bichos do Pantanal Local: Cáceres - MT
Página 13 Foto: Flora Pimentel
Foto: Flora Pimentel Projeto: Floresta Sustentável Local: Praia do Forte - BA
Projeto: Tartarugas no Mar Local: Rio Grande - RS
Local: Rio Grande - RS
Foto: Flora Pimentel
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Local: Parintins - AM
Local: Contagem - MG Foto 2: Adriano Gambarini Local: Canastra - MG
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Local: Santos - SP
Foto: Flora Pimentel Projeto: Boi Bumbá Garantido
Foto 3: Flora Pimentel Projeto: Orquestra Jovem das Gerais
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Local: Contagem - MG
Foto: Flora Pimentel
Local: Parintins - AM
Projeto: Mantas do Brasil
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Local: Santos - SP
Foto 1: Comunicação OELA
Local: Nova Lima - MG
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Foto 1: Dimas Gianuca
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Foto: Flora Pimentel
Projeto: Albatroz
Fotos 1, 2 e 3: Flora Pimentel
Projeto: Centro de Referência
Local: Santos - SP
Projeto: Floresta Sustentável
de Esporte Educacional
Local: Praia do Forte - BA
Local: Rio Grande - RS
Foto 2: Projeto Juçara Projeto: Juçara
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Projeto: Boi Bumbá Caprichoso
Projeto: Mantas do Brasil
Projeto: Floresta Sustentável
Local: Praia do Forte - BA
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Foto: Leo Francini
Projeto: Circo de Todo Mundo
Projeto: Floresta Sustentável
Local: Parintins - AM
Projeto: Instituto Terra Brasilis
Foto: Flora Pimentel
Fotos 1, 2, 3 e 4: Flora Pimentel
Projeto: Pé de Pincha
Projeto: Albatroz
Foto 4: Flora Pimentel
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Foto: Flora Pimentel
Foto 4: Flora Pimentel
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Local: Praia do Forte - BA
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Foto 1: Flora Pimentel
Projeto: Instituto Terra Brasilis
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Foto 3: Flora Pimentel
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Projeto: Pesca Solidária Local: Jericoacora - CE
Foto 4: Flora Pimentel
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Local: Ubatuba - SP
Foto: Flora Pimentel Projeto: Centro de Referência de Esporte Educacional Local: Rio Grande - RS
Foto 3: Flora Pimentel Projeto: Albatroz
Projeto: OELA Local: Manaus - AM Fotos 2, 3, 4: Flora Pimentel Projetos: Boi Bumbá Garantido, OELA e Boi Bumbá Caprichoso Local: Parintins - AM
Página 45 Foto: Flora Pimentel Projeto: Bichos do Pantanal
Local: Santos - SP
Local: Cåceres - MT
Página 21
Página 29
Foto: Flora Pimentel
Fotos 1, 2 e 3: Flora Pimentel
Página 36
Página 46
Projeto: Orquestra Jovem das Gerais
Projeto: Centro de Referência
Fotos 1 e 2: Flora Pimentel
Foto: Douglas Trent
Local: Contagem - MG
de Esporte Educacional
Projeto: Mantas do Brasil
Projeto: Bichos do Pantanal
Local: Rio Grande - RS
Local: Santos - SP
Local: Cåceres - MT
Página 47
Fotos 3: Chico “Rasta” Brandão
Foto 3: Julio Cezar Vanderlei
Página 78
Fotos 1: Douglas Trent
Projeto: Pesca Solidária
Projeto: Onda Verde
Fotos 1, 2 e 3: Flora Pimentel
Projeto: Bichos do Pantanal
Local: Chaval - CE
Local: Nova Iguaçu - RJ
Projeto: Verde Vida
Local: Cåceres - MT
Página 57
Fotos 2 e 3: Flora Pimentel
Foto: Athila Bertoncini
Projeto: Pacto das Águas
Projeto: Meros do Brasil
Local: Cåceres - MT
Local: São Mateus - ES
Página 48
Página 58
Local: Goianésia - GO
Página 66 Fotos 1, 3 e 4: Flora Pimentel Projeto: Caranguejo Ucá Local: Guapimirim - RJ Foto 2: Flora Pimentel
Projeto: Meros do Brasil
Projeto: Diferentes Talentos
Local: Cåceres - MT
Local: São Mateus - ES
Local: São Gonçalo - RJ
Foto 2: Douglas Trent
Página 59
Projeto: Pacto das Águas
Projeto: Bichos do Pantanal Local: Cåceres - MT Fotos 3 e 4: Flora Pimentel Projeto: Pacto das Águas Local: Cåceres - MT
Página 51 Foto: Flora Pimentel Projeto: Pesca Solidária Local: Chaval - CE
Página 52 Foto: Flora Pimentel Projeto: Pesca Solidária Local: Chaval - CE
Página 53 Foto 1: Flora Pimentel Projeto: Pesca Solidária Local: Jericoacora - CE
Fotos 1 e 3: Flora Pimentel Projeto: Meros do Brasil Local: São Mateus - ES Foto 2: Athila Bertoncini
Página 60
Projeto: Apae
Fotos: Flora Pimentel Projeto: Comunidade produção e renda Local: Lago do Junco - MA
Página 71
Página 82 Foto: Flora Pimentel Projeto: Gestão Indígena Local: Cruzeiro do Sul - AC
Página 83 Fotos 1 e 3: Flora Pimentel Projeto: Apae Cruzeiro do Sul Local: Cruzeiro do Sul - AC
Fotos 1 e 3: Flora Pimentel Projeto: Comunidade
Foto 2: Flora Pimentel
Fotos 1, 2, 3 e 4: Flora Pimentel
produção e renda
Projeto: Gestão Indígena
Projeto: Meros do Brasil
Local: Lago do Junco - MA
Local: Cruzeiro do Sul - AC
Foto 2: Biomade
Página 84
Projeto: Biomade
Foto 1: Flora Pimentel
Local: Luís Correia – PI
Projeto: Território Indígena
Local: São Mateus - ES
Página 63 Foto: Flora Pimentel Projeto: Diferentes Talentos
Local: Rio Branco- AC
Local: São Gonçalo - RJ
Página 64
Páginas 75 e 76 Foto: Flora Pimentel
Fotos 2 e 3: Flora Pimentel
Foto: Flora Pimentel
Projeto: Verde Vida
Projeto: Apae
Projeto: Caranguejo Ucá
Local: Goianésia - GO
Local: Cruzeiro do Sul - AC
Página 77
Foto 4: Flora Pimentel
Fotos 1 e 3: Flora Pimentel
Projeto: Gestão Indígena
Projeto: Verde Vida
Local: Cruzeiro do Sul - AC
Local: Guapimirim- RJ
Fotos 2 e 3: Chico “Rasta” Brandão
Página 65
Projeto: Pesca Solidária
Foto 1: Flora Pimentel
Local: Chaval - CE
Projeto: Diferentes Talentos
Página 54
Páginas 69 e 70
Projeto: Meros do Brasil Local: São Mateus - ES
Foto: Flora Pimentel Local: Cruzeiro do Sul - AC
Foto: Flora Pimentel
Foto 1: Flora Pimentel
Página 81
Local: São Gonçalo - RJ
Local: Goianésia - GO
Página 86
Fotos 1, 2 e 4: Flora Pimentel
Foto 2: Flora Pimentel
Foto 2: Randes Nunes
Foto: Flora Pimentel
Projeto: Pesca Solidária
Projeto: Caranguejo Ucá
Projeto: Força Atlética
Projeto: Encontros Socioambientais
Local: Guapimirm - RJ
Local: Goias- GO
Local: Contagem - MG
Local: Jericoacora - CE
91
www.encontrossocioambientais.com.br www.lenine.com.br
Com o apoio do programa Petrobras Socioambiental, entre março e julho de 2014, Lenine se lançou numa viagem
pelo Brasil , reunindo-se com pessoas que buscam – numa definição simples e nada fantasiosa – melhorar o mundo. Homens e mulheres que tocam projetos bastante específicos, que podem ser a proteção de uma espécie única de pato selvagem ou a geração de renda e a manutenção da herança cultural de quebradeiras de coco babaçu.
Esse livro traz a história de algumas dessas pessoas que passaram pelo Encontros Socioambientais com Lenine:
Música e Sustentabilidade numa só nota – nome da iniciativa que se desdobrou em 12 edições, sempre com um dia de reunião com os projetos sociais e ambientais do local e outro dia com um show do compositor, aberto para a população de cada comunidade. Pessoas que carregam sonhos e a paixão (pelo homem, pela natureza, aqui pensados juntos). E, mais que isso, se movimentam para torná-los reais.
Gente como Rubens Gomes, que escolheu instalar uma escola de lutheria na região de Manaus onde a violência
entre jovens era a mais brutal, atraindo-os para o ofício. Ou o matogrossense Josias Cebirop, descendente de uma linhagem de caciques da tribo Gavião que hoje trabalha em favor de modelos sustentáveis de uso da floresta. Ou Pedro Belga, filho de pescador que cresceu vendo o mangue às margens da Baía de Guanabara ser devastado e hoje comanda um projeto que já reflorestou quase 9 hectares de manguezal. Três dos muitos ideais materializados que se espalham por este livro.
Realização
Patrocínio
www.encontrossocioambientais.com.br www.lenine.com.br