Identidade visual do Eurovision Song Contest: aplicações em um concurso de música para a televisão Leonardo Vaz Couto Pereira
Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) São Paulo/SP 2011
Identidade visual do Eurovision Song Contest: aplicações em um concurso de música para a televisão Leonardo Vaz Couto Pereira Professora Orientadora Profa. Marlise Orio Toni
Professores de Projeto Profa. Me. Maria Cecília CONSOLO e Prof. Me. Carlos Eduardo Leite Perrone
7º semestre / Pré-banca Monografia de pesquisa como parte do Trabalho de Conclusão de Curso de Desenho Industrial com Habilitação em Design Gráfico (Programação Visual)
Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) Faculdade de Artes Plásticas São Paulo/SP 2011
Sumário Abstract Introdução 1. O que é o Eurovision? 1.1 História 1.2 As regras 1.3 Importância 1.4 O público 1.5 Eurovision e o Brasil
6 7 8 10 11 12 14 16
2. O Eurovision como marca 18 2.1 Retrospecto 20 2.2 A marca atual 22 2006: Feel The Rhythm 28 2007: True Fantasy 34 2008: Confluence of Sound 40 2009: Fantasy Bird 46 2010: Share The Moment 52
3. Trabalhos assemelhados 3.1 Al Jazeera Children 3.2 Comedy Central 3.3 France 1ère
58 60 62 64
4. Referências gráficas 4.1 As escolhas 4.2 Mirsaal 4.3 Reza Abedini 4.4 Design Suíço 4.5 Paul Klee 4.6 Beatriz Milhazes 4.7 Design na tevê brasileira
66 68 70 72 74 76 78 80
Conclusão O projeto
82 83
Referências e créditos Artigos, livros e vídeos Índice de imagens
84 86
Abstract
T
his research has the main objective of compiling relevant information for the making of the final graduation project, whether related to the case study of the Eurovision Song Contest visual identity, or to the observation of alike phenomena. Also included in this work are some graphic references, which may be used later, besides from historical contextualization and the solutions adopted in Eurovision. From the observation of these facts and phenomena, an specific analysis will be made, guiding the creation of the project: a new graphic environment for the Eurovision Song Contest brand.
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Introdução
A
indústria televisiva é altamente diversificada: hoje, a tendência é segmentar cada vez mais as abordagens, atendendo a públicos mais específicos com a criação de programas e até canais novos. Assim, torna-se necessário criar identidades consistentes e coerentes com as diferentes propostas de cada produto. É nesse momento que o design entra em ação: ele é o responsável por materializar as características de um programa ou canal e por marcá-lo na cabeça do telespectador. A atividade de criar e manipular gráficos para vídeos na televisão é comumente denominada Motion design:
O Eurovision Song Contest é um festival e concurso de música voltado para a televisão: acontece anualmente e é transmitido a vários países do mundo todo, através de muitas emissoras locais. Como sendo um programa televisivo, tem uma identidade visual que sofre mudanças a cada novo ano para se manter competitiva, mantendo uma base única. Este festival traz uma cultura muito própria: continua como um dos programas de tevê mais longevos da atualidade, e durante sua existência vem construindo um grupo imenso de fãs e entusiastas deste que é um encontro de línguas, costumes, pessoas e bandeiras, com o objetivo principal de celebrar e fomentar a criação musical europeia.
Motion design ou design gráfico animado é um subcon-
junto do design gráfico que usa os seus princípios em um filme ou vídeo (ou outro meio visual) através do uso de animação ou técnicas cinematográficas. Exemplos incluem a tipografia e elementos gráficos que você vê como os títulos de um filme, as sequências de abertura para a televisão, ou o logo de algum canal.
WIKIPÉDIA, Motion design.
Este trabalho de pesquisa traz a intersecção do Eurovision como programa de TV e como objeto de design gráfico, com a análise detalhada de todos os aspectos das últimas identidades adotadas por ele. Além disso, constam neste caderno referências visuais, alguns exemplos de outras construções de identidades visuais para a televisão, e informações históricas do Eurovision.
7
Popularíssimo na Europa, o Eurovision é um mero desconhecido na maioria dos países fora do Velho Continente. Este capítulo visa explicar do que se trata o Eurovision Song Contest e falar sobre sua importância no espaço-tempo.
1.1 História 1.2 As regras 1.3 Importância 1.4 O público 1.5 Eurovision e o Brasil
1.
O que ĂŠ o
Eurovision
1.1
História
O
Eurovision Song Contest, também conhecido em como Festival Eurovisão da Canção, pela sigla ESC ou apenas como Eurovision, é um concurso musical televisionado produzido todo ano no mês de maio, sob o controle da European Broadcasting Union (EBU) – um órgão que reúne diversas emissoras de rádio e televisão da Europa e países próximos. Cada país membro ativo da EBU tem direito a enviar um representante para o concurso. Durante uma reunião no principado de Mônaco, em 1955, o diretor da EBU, Marcel Bezençon, lançou a ideia de juntar os países da Europa numa competição musical pan-europeia televisionada nos moldes do Festival de San Remo, realizado pela emissora de rádio e tevê italiana RAI. Ao mesmo tempo, a ideia de Marcel tinha o intuito de ser um experimento tecnológico, ao emitir ao vivo para vários países, simultaneamente, o mesmo programa de televisão. A ideia foi posta em prática pela primeira vez em 24 de maio de 1956, data em que aconteceu a primeira edição do concurso, então chamado Grand Prix Eurovision de la Chanson Européenne, produzido pela emissora pública suíça RTSI na cidade de Luga-
10
no, reunindo 14 países. A estreia do concurso foi um programa predominantemente radiofônico, pela quantidade reduzida de televisores em funcionamento na Europa da época. Desde então, já foram realizadas 55 edições do festival, que hoje tem o status de ser o maior evento televisionado não-esportivo do mundo e a atrai entre 120 e 125 milhões de telespectadores, em mais de 45 países. Vários artistas hoje consagrados lançaram-se no Eurovision, como Julio Iglesias, Olivia Newton-John, Céline Dion, ABBA, Secret Garden, Gigliola Cinquetti, Nana Moskouri, Domenico Modugno, entre outros. Hoje, o festival ainda ajuda a carreira de muitos novos cantores e bandas, como a dupla russa t.A.T.u, que emplacou diversos hits em paradas do mundo todo após sua participação no Eurovision 2003.
1.2
As regras
H
oje em dia, os países são divididos em duas semifinais – de cada uma, 10 se classificam para a grande final. Tradicionalmente, os países do Big-5 (grupo composto por Reino Unido, Espanha, Alemanha, França e Itália, países que mais contribuem financeiramente com a organização do festival) têm vaga cativa na final. A votação de um país é dividida igualmente entre o voto de um júri profissional e o voto do público, e é convertida em pontos, de 1 a 8, 10 e 12 pontos, seguindo o modelo matemático criado por Jean-Charles Borda. Não é permitido que um país vote em si mesmo, e se houver um empate, vence aquele que acumular maior quantidade de pontuações máximas, os famosos douze points.
As músicas têm duração obrigatória de três minutos, e há o limite de seis pessoas em palco, todas com pelo menos 16 anos de idade completos (a presença de seres vivos não-humanos é vetada). Todas as vozes devem ser cantadas ao vivo, enquanto todos os instrumentos musicais têm que ser previamente gravados. O escolha do idioma é livre, mas a letra jamais pode ter conteúdo político ou religioso – a música ucraniana de 2005, por exemplo, tinha originalmente uma letra que exaltava o presidente Viktor
Yuchenko, e por isso foi modificada para poder concorrer. Os georgianos pretendiam levar uma canção intitulada We Don’t Wanna Put In em 2009, mas foram advertidos pela EBU por um suposto trocadilho com o nome do então primeiro-ministro russo Vladimir Putin – a delegação georgiana se recusou a mudar a letra da música, e foi desclassificada em seguida. O fim da Guerra Fria trouxe no começo da década de 1990 um crescimento considerável no número de países participantes, decorrente dos processos de separatismo da União Soviética e da Iugoslávia. Com isso, se intensificou o block-voting, que é o voto trocado entre países vizinhos ou culturalmente próximos – prática que ocorria principalmente na época em que não era obrigatória a presença do júri profissional na votação. Há também o chamado voto de diáspora, que é a manifestação em massa de uma colônia de imigrantes de um determinado país – a Alemanha, por exemplo, é reduto de uma grande população de turcos, e é comum que os alemães deem 12 pontos à Turquia.
1. O que é o Eurovision | 11
1. Apresentadora do Eurovision 1996 no cenário chroma-key. 2. Vinheta do Eurovision 1996, mostrando barco navegando no país-sede (Noruega).
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3. Festa organizada pela delegação russa na semana do Eurovision 2011. 4. Palco do Eurovision 2009, com várias telas móveis de LED.
1.3
Importância
O
Eurovision teve um intuito inicial de testar os limites organizacionais e técnicos da produção televisiva ao vivo – ao longo do tempo, essa característica não se perdeu. O Eurovision começou a ser transmitido a cores em 1968, mesmo havendo poucos televisores que suportassem esse tipo de imagem. Na edição de 1996 do festival foi usado pela primeira vez o recurso então apelidado de “realidade virtual”: a apresentadora mostrou o placar das votações num cenário de fundo infinito azul (chroma-key), substituído pela tabela de pontuações e pelas imagens dos porta-vozes de cada país. Em 2005, o Eurovision foi transmitido pela primeira vez ao vivo via internet, graças à tecnologia de webstream. Hoje em dia, algumas redes de televisão têm aproveitado o Eurovision para testar e promover suas emissões em alta definição. Durante toda a história do festival, os países-sede, que são escolhidos seguindo-se o vencedor do ano precedente, têm usado o Eurovision como meio de se mostrar para o resto da Europa:
As expectativas dos turistas sobre um destino estrangeiro são
construídas a partir das diferenças de suas rotinas diárias. As ideias sobre a existência e a forma dessa diferença vêm de ‘práticas não-turísti-
cas’ encontradas na vida cotidiana, como cinema, televisão, literatura, revistas, discos e vídeos. Importantemente para o Eurovision, o olhar turístico não envolve viagem física, quando a mídia eletrônica proporciona sua próprio via de acesso a destinos estrangeiros.
BAKER, 2009:17-18.
Assim, é extremamente comum o uso do Eurovision como um meio de difusão de elementos de identidade nacional, a fim de construir a imagem de um país na mente de habitantes de outras nações. Ao hospedar o Eurovision, a emissora de tevê local tem a oportunidade de desenhar o palco, mostrar seus feitos tecnológicos, organizar espetáculos de abertura e intervalo, além de produzir vinhetas introdutórias que mostrem valores visuais de sua escolha – nesses momentos, é possível manipular diversos sinais que resumam a identidade de um local e de um povo. Os países participantes também podem realizar eventos como festas próprias na cidadesede do Eurovision. A Geórgia, por exemplo, tem feito festas anuais durante o festival, para as quais são convidados alguns fãs e membros da mídia especializada. Nelas, são servidas comidas típicas e vinhos regionais gratuitamente – o que está ajudando a construir uma imagem simpática e acolhedora do país na comunidade eurovisiva.
1. O que é o Eurovision | 13
1. Fã preparando bandeiras para sua festa eurovisiva em casa. 2. Eurofãs gregos torcendo na arena do Eurovision 2010, em Oslo.
14
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4
3. Apoiantes da Eslováquia, no Eurovision 2010. 4. Fãs suecos na plateia, também no show de 2010.
1.4
O público
T
radicionalmente, o Eurovision reúne famílias e grupos de amigos em frente à televisão para assisti-lo. Esse costume talvez tenha sido herdado da época em que televisões não eram facilmente encontradas nos lares. As reuniões muitas vezes são festas: ocasiões em que se prepara comidas especiais, decorações com bandeiras dos países, se promove apostas sobre quem vai vencer o festival. O rito de assistir ao Eurovision é semelhante ao de assistir à final de uma Copa do Mundo de futebol, por exemplo: um dia em que todos se juntam em torno de uma mesma disputa entre nações, que acontece num determinado lugar geográfico, e ao final alguns comemoram, outros lamentam os resultados de seus países.
festival. Há um fato que ajuda a entender a divisão do público do Eurovision: a maioria dos que votam (o público-alvo, comercialmente falando) não acompanha o festival fora dos dias em que ele é transmitido na televisão. Assim, os fãs que seguem todos os acontecimentos do festival durante o ano (os chamados eurofãs) não representam de fato o grande públicoalvo – então, toda a comunicação feita no Eurovision não tem os eurofãs como objetivo principal, e por isso ela não costuma refletir o estilo de vida e o perfil de um eurofã comum (cuja maioria é de homens entre 25 e 40 anos, com renda suficiente para acompanhar o festival na cidade-sede regularmente).
Por isso, o público mais tradicional é composto por famílias: há todas as faixas etárias, mas quem domina é a fatia com mais de 35 anos de idade. Porém, após a introdução do voto por telefone e a massificação do celular entre os mais jovens (que ajudaram a sedimentar a cultura do envio de mensagens SMS, hoje o principal meio de se votar num país no Eurovision), eles passaram a ser um dos públicos mais almejados pelos organizadores do festival: eles têm poder de escolha e influência, consomem muita música e movem a máquina comercial do
Ultimamente, reconhecendo a força comercial do jovem, o Eurovision tem tentado se aproximar desse público, através de identidades visuais mais afinadas com as últimas tendências e levando em consideração aspectos valorizados pelos mais novos, como o senso de grupo versus senso de individualidade. Musicalmente, o Eurovision tem também se rejuvenescido aos poucos, e a qualidade técnica dos concorrentes tem melhorado na última década, o que está contribuindo para firmar o nome Eurovision Song Contest no mercado da música e dos programas televisivos.
1. O que é o Eurovision | 15
1
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3
4
1. Elis Regina se apresentando no I Festival Brasileiro da Música Popular, em 1965. 2. Tela de apresentação de música concorrente no Festival da Música Brasileira, em 2000.
16
3. Letra da música durante apresentação no Festival Cultura – A Nova Música do Brasil, em 2005. 4. Marca do Festival Cultura.
1.5
O Eurovision e o Brasil
O
Eurovisão não é um acontecimento totalmente isolado do Brasil: a realização do Festival da Canção em 1964 – a seletiva de Portugal para o Eurovision, organizada pela emissora RTP – inspirou executivos do canal brasileiro TV Excelsior a realizarem um concurso semelhante. No ano seguinte, nasceu o I Festival Brasileiro da Música Popular, inaugurando a era dos grandes festivais musicais no Brasil. Logo em sua estreia, consagrou a cantora Elis Regina, que venceu com a música Arrastão, composta por Edu Lobo e Vinicius de Moraes. Desde então, seguiram-se dezenas de festivais no Brasil, que ganharam imensa importância graças às músicas ativistas, que pelo contexto político da ditadura militar eram um dos únicos meios de expressão e difusão de mensagens contra o regime. Após a queda do governo militar, ainda foram realizados vários festivais, mas sem o mesmo fascínio por parte do público – os últimos foram o Festival da Música Brasileira, pela TV Globo em 2000, e o Festival Cultura – A Nova Música do Brasil, que foi ao ar em 2005, na TV Cultura.
Com a transmissão no Brasil, por canais de tevê a cabo, de emissoras europeias como a TVE (da Espanha) e a RTP (de Portugal) que exibem o Eurovision, é possível que brasileiros assistam o festival em território nacional e pela televisão. Trocando os canais e passando por TVE e RTP durante os dias dos shows se formaram muitos fãs brasileiros do Eurovision, que se encontraram em grupos do Orkut em 2006, e assim fomentaram discussões e geraram uma comunidade brasileira de fãs. Atualmente, os vários núcleos de entusiastas espalhados pelo Brasil alimentam blogs sobre o assunto, e estão se aproximando dos grupos europeus de fãs, como o de Portugal, por exemplo.
1. O que é o Eurovision | 17
O Eurovision, no seu mais de meio século de vida, já teve muitas marcas. Este capítulo analisa as situações pelas quais o nome Eurovision Song Contest já passou, dos pontos de vista do design gráfico e do branding.
2.1 Retrospecto 2.2 A marca atual
2.
O Eurovision
como marca
1956 (Lugano, Suíça)
1966 (Luxemburgo, Luxemburgo)
1987 (Bruxelas, Bélgica)
1958 (Hilversum, Holanda)
1970 (Amsterdã, Holanda)
1990 (Zagreb, Iugoslávia)
1960 (Londres, Reino Unido)
1974 (Brighton, Reino Unido)
1996 (Oslo, Noruega)
1962 (Luxemburgo, Luxemburgo)
1975 (Estocolmo, Suécia)
2000 (Estocolmo, Suécia)
Em ordem cronológica, algumas marcas de maior destaque do Eurovision durante a época em que elas mudavam a cada ano.
20
1964 (Londres, Reino Unido)
1986 (Bergen, Noruega)
2001 (Copenhagen, Dinamarca)
2.1
Retrospecto
D
esde sua estreia em 1956 até a edição de 2003, o Eurovision não manteve uma unidade em sua comunicação: anualmente, a marca do festival era trocada por uma completamente nova, criada por designers locais do país-sede. Apesar da maior acuidade na aproximação das culturas nacionais proporcionada por esse sistema, ele não era eficiente para edificar uma marca forte e criar na cabeça do telespectador a impressão de que o concurso ultrapassa a dimensão de um ano e continua para os próximos carregando os mesmos valores.
Em geral, essa profusão de nomes e visualidades de marca fez a imagem do festival se perder: o Eurovision não tinha como crescer como marca, se ela mudava todos os anos. Às vezes, ela era excelente, e em outras, muito ruim – podia também haver a disparidade gráfica: umas marcas eram mais minimalistas, outras mais pretensiosas. Às vezes a marca era representativa, outras vezes abstrata. O telespectador e o fã pareciam reunirse todos os anos para assistir eventos diferentes, sem saber o que esperar deles.
Além da marca gráfica, o próprio nome do concurso mudou algumas vezes, em geral seguindo o idioma falado no país onde era realizado. Começou na Suíça como Grand Prix Eurovision de la Chanson Européenne; em 1960 no Reino Unido, virou Eurovision Song Contest Grand Prix; em 1964 na Dinamarca, foi Grand Prix Eurovision; na Itália, em 1965, se chamou Gran Premio Eurovisione Della Canzone. A inconstância durou até 1992, quando o festival começou a ser nomeado apenas pela grafia em inglês, Eurovision Song Contest.
2. O Eurovision como marca | 21
3.7
The Eurovision Song Contest Brand Identity Su Logo do evento (promove o evento de cada ano)
3.7
The Eurovision Song Contest Brand Identity Summary
Event logo: Used to promote each year’s event
year’s event
Event logo: Used
/BUJPOBM MPHP 6TFE GPS BEEJOH B OBUJPOBM flavour to the identity
Event logo: Used to promote each year’s event
(FOFSJD MPHP 6TFE UP SFQSFTFOU UIF Logo genĂŠrico (representa concept of the show o conceito do show)
(FOFSJD MPHP 6TFE UP SFQSFTFOU UIF concept of the show
Logo nacional
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(FOFSJD MPHP 6TFE UP SFQSFTFOU UIF concept of the show �Flag heart logo�: Symbol to be used for a creative application of the brand
used for a rand
Logo bandeira-coração (para aplicaçþes criativas da marca)
22
�Flag heart logo�: Symbol to be used for a creative application of the brand
�Flag heart logo creative ap 10
2.2
A marca atual
E
m 2004, foi criada uma marca para o Eurovision com o propósito de servir o festival a longo prazo: flexível, representativa e forte, poderia se ajustar a várias edições do concurso, realizadas nos mais diversos países, durante um período indeterminado de tempo. A identidade da marca Eurovision Song Contest é definida por quatro elementos básicos com funções específicas, como demonstra o gráfico à esquerda e explica o manual Eurovision Song Contest 2011 Brand Guidelines: 1. Logo do evento: usado para promover o evento de cada ano, carrega a bandeira do país-sede e um logotipo auxiliar com o nome da cidade que receberá o evento e o ano; 2. Logo nacional: usado para dar um sabor de cada país à marca; 3. Logo genérico: sem nenhuma bandeira inserida e usando somente uma cor, é usado para representar o conceito do show; 4. Logo bandeira-coração: é um símbolo, usado para aplicações criativas da marca, composto somente pelo coração central com a inserção da uma bandeira de algum país participante.
A visão de marca definida pelos criadores é juntar os europeus criando o maior evento musical do ano. Como valores de marca para o Eurovision, foram definidos quatro pilares básicos: 1. Europeu – tradicional, clássico, culturalmente conectado; 2. Surpreendente – imaginativo, visionário, mágico; 3. Humano – emocional, entusiasmado, sensível; 4. Competitivo – ambicioso, interativo, competidor. Essas linhas de base são resultado de uma reflexão aparentemente originada da cultura dos fãs do festival – a bandeira e o coração, dois dos elementos-chave que compõem a marca, são signos referentes a características dos fãs mais fervorosos, que sempre ficam na área próxima ao palco (muito focada pelas câmeras) e hasteiam grandes bandeiras dos seus países durante as apresentações, acompanham os artistas em shows promocionais, etc. Também a abordagem humanizante, inclusiva e de pluralidade cultural está em voga na construção de marcas, e vem se mostrando eficiente.
2. O Eurovision como marca | 23
ntest Brand Identity Summary
Esta letra O tem um oco interno desproporcional ao resto do logotipo
Coração central é simbólico e equilibra o todo; bandeira agrega valores nacionais e cores à marca
Tipo caligráfico traz expressividade, dinamismo, humanização e arte
Tipos Eurostyle Bold/Light estendidos lembram a Europa e são contemporâneos
Event logo: Used to promote each year’s event
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A
marca principal do Eurovision usada hoje é um logotipo com uma tipografia inspirada na caligrafia feita com pinceis, carregando imperfeições propositais. A letra V, em posição central, é um elemento chave na composição: ela adquire a forma de um coração dentro do qual são inseridas as bandeiras dos países participantes, que também ajuda a equilibrar a forma total. Simbolicamente, é o elemento da identificação nacional – é como carregar o seu país no seu coração, o que cria uma relação emocional. A tipografia auxiliar Eurostyle (de largura estendida em espessuras bold e light) abaixo da marca traz uma mistura de traços arredondados e retos tipicamente europeia, e faz o conjunto tomar uma forma contemporânea, que expressa valores de humanidade, artisticidade, dinamismo e afetividade.
Vejo nela, porém, alguns problemas menores, mas que devem ser anotados: o V central é de leitura um tanto difícil (a leitura se dá mais pelo contexto das outras letras que formam a palavra, como num jogo de forca). A expressividade do tipo caligráfico feito com pincel é sem dúvida interessante, mas traz imperfeições em demasia: quando reproduzida em grandes formatos, a marca pode tomar um caráter esquisito, amador; quando reduzida, a marca também não se expressa com a mesma graça do seu tamanho natural, já que existem alguns problemas com contraformas irregulares, consequências das formas propositalmente imperfeitas.
Pode-se dizer que a marca tem personalidade e acima de tudo, funciona para o seu principal intuito, que é o de rejuvenescer o festival e dar a ele um aspecto mais atual, contribuindo para que o estigma carregado pelo Eurovision de ser um programa pouco atual se esvaia e dê lugar a um ambiente moderno, contemplativo, de união de nações, de expressão cultural/artística e claro, de competição saudável.
2. O Eurovision como marca | 25
dising products. The Event Design also needs (if wanted by the host broadcaster) os of the Official ESC Sponsors to be properly arly visible. The local theme’s design concept consists of 4 elements:
1.
The Eurovision Song Contest Logo, which is available on http://b2b.jmenternational.com/downloads/esc/
3.
Visual inclusion of the local theme as text
Design, which should be a simple, but visually oducible pattern which matches the local theme. Logo do evento (2006). to be customised for various purposes, e.g. to design concept consists of 4 elements: cs, event branding and print materials as well 4. A local icon to accompany the local theme me’s design concept The consists of 4 elements: dising products. Event Design also needs (if wanted the hostasbroadcaster) 3. Visual inclusion of the by local theme text vision Song Contest Logo, which is available on While the elements 1 to 3 are essential for the overall design os of the Official ESC Sponsors to be properly b.jmenternational.com/downloads/esc/ 3. Visual inclusion of the local theme as text Eurovision Song Contest Logo, which is available on concept the localbut theme, the inclusion of a local icon is not The Event Design, which should be of a simple, visually arly visible. 2. ://b2b.jmenternational.com/downloads/esc/ andthe haslocal not theme. always been used by the respective host effective, easily reproducible pattern mandatory which matches broadcaster in the past years. It needs to be able to be customised for various purposes, 5e.g. to fit on-screen graphics, event branding and print materials as well 4. A local icon to accompany the local theme 6 as official merchandising products. The Event Design also needs (if wanted by the host broadcaster) to allow for the logos of the Official ESC Sponsors to be properly represented and clearly visible.
nt Design, which should be a simple, but visually Event Design, whichwhich should be a simple, buttheme. visually producible pattern matches the local ily reproducible pattern which matches the local theme. ble to be customised for various purposes, e.g. to e able to be customised for various purposes, e.g. to phics, event branding and print materials as well graphics, event branding and print materials as well andising products. The Event Design also needs erchandising products. The Event Design also needs ogos of the Official ESC Sponsors to be properly the logos of the Official ESC Sponsors to be properly clearly visible. and clearly visible.
Tema local como texto (2008). 4.
4.
Designs do evento (de cima para baixo: 2006, 2007, 2008 e 2009).
A local icon to accompany the local theme A local icon to accompany the local theme
(if wanted by the host broadcaster) While theby elements 1 to 3 are essential for the overall design (if wanted the host broadcaster) concept of the local theme, the inclusion of a local icon is not mandatory and has not always been used by the respective host broadcaster in the past 5 years.
6
Tema local completo de 2006.
Ă?cone local (2006).
While the elements 1 to 3 are essential for the overall design concept of the local theme, the inclusion of a local icon is not mandatory and has not always been used by the respective host broadcaster in the past 5 years.
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26
6
6
6
A
identidade da marca Eurovision ganhou a partir de 2006 um novo elemento, o chamado tema local: é um ambiente de design gráfico específico para cada edição do festival, que dá um sabor especial e único a cada novo Eurovision e rodeia a marca principal. Ele é definido pela emissora que sedia o festival, e é composto por quatro elementos: 1. Logo do evento – a marca usada para promover o evento de cada ano, carregando a bandeira do país-sede e um logotipo auxiliar com o nome da cidade que receberá o evento e o ano; 2. Design do evento – um padrão simples, eficaz e de fácil reprodução, que retrate o tema local. Ele deve permitir a customização para diversos fins, como a aplicação de gráficos em tela, materiais impressos e produtos de merchandising, e a aplicação das marcas dos patrocinadores oficiais; 3. Inclusão do tema local como texto – o mote que define o tema local, de uma forma tipograficamente representativa; 4. Ícone local – um ícone que resuma os valores do tema local. É um item opcional, que depende da vontade da emissora-sede. Em geral, o tema local é expresso nas vinhetas postcard (que introduzem as apresentações dos países durante os shows), nos placares, na abertura, no site, em materiais impressos, em souvenirs, em sinais sonoros (audio branding) e no conceito geral a ser aplicado no show. Nas próximas páginas, confira a análise dos temas locais de 2006 a 2010 (o tema de 2011 não foi analisado aqui porque o festival não havia sido transmitido até a data de redação deste texto).
2. O Eurovision como marca | 27
2006
Atenas, GrĂŠcia
Feel The Rhythm
Capa do DVD do Eurovision 2006, demonstrando a totalidade grĂĄfica do tema local.
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O
Eurovision 2006 foi realizado em Atenas, Grécia. Para ele, foi composto o tema local intitulado Feel The Rhythm (“sinta o ritmo”), que trazia como elementos-chave splashes, gotas e bolhas d’água, representações gráficas de ondas sonoras que se movimentavam e tinham cores fortes e contrastantes, um logotipo Feel The Rhythm em caixa alta grafado num verde amarelado com uma tipografia bastonada sem serifa, e o ícone feito de várias formas próximas a quadrados, dispostas em vários círculos concêntricos. A marca Eurovision aparece em sua forma negativa, sobre o fundo azul-escuro. O tema local de Atenas 2006 tentava uma continuidade com os Jogos Olímpicos de 2004, que aconteceram na mesma cidade – por isso foram usados tantos ícones da cultura grega que estão presentes no imaginário do europeu. Na tela, o tema mostrouse bastante fresco e atual, com a bandeira-coração de cada país saindo de um mar na parte de baixo da tela para introduzir a apresentação de cada país, acompanhando um efeito sonoro de água – a intenção de mostrar o país como destino turístico de praia e sol no Mediterrâneo foi a base para a composição (o que é demonstrado também pelas vinhetas postcard, que mostravam cenas do “cotidiano” grego nas praias, em cenas de bem-estar com vários indivíduos protagonizando-as). Apesar de altamente promocional, esse tema trouxe uma atmosfera de jovialidade ao Eurovision, o que se mostrava bastante necessário para elevar o status do festival junto ao público jovem (que representa uma boa parte da atual audiência do Eurovision).
Apesar da eficiência na comunicação ao público jovem, alguns pontos são criticáveis. O uso do ícone local parece plenamente desnecessário: ele não funciona isoladamente para identificar o Eurovision de 2006, principalmente pela vasta quantidade de elementos gráficos que compõem o tema local e não foram felizmente condensados no ícone – que além disso, também tem uma ligação visual discutível e dificilmente compreendida como cultura grega (ele na verdade deriva de inscrições antigas em rochas). O ícone de 2006 talvez tivesse uma existência melhor justificada se fosse resumido a um logotipo melhor trabalhado e também representativo da cultura grega – que já é rica tipograficamente: na Grécia se usa o alfabeto grego, que foi a base da criação do alfabeto latino, usado na maioria das línguas faladas no mundo. De qualquer modo, o ícone foi pouco usado durante a transmissão do Eurovision na televisão, o que ressalta ainda mais a sua irrelevância para a construção de um tema local rico e interessante gráfica e culturalmente. Durante a apresentação da pontuação final, nota-se novamente a presença de um ambiente aquático submarino, onde aparecem os valores dos pontos inseridos em bolhas d’água, que vão flutuando até o país que ganhou aquela pontuação. Vê-se a presença das bandeiras-coração para representar os países na tabela do placar (o que traz pontos de cor e ajuda a identificar as nações no grande quadro) e de tipografia toda em caixa alta. Como sugestão, ela teria uma leitura ainda mais agradável se fosse usada caixa alta e baixa.
2. O Eurovision como marca | 29
1. Animação na abertura do Eurovision 2006. 2. Os apresentadores do show.
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3. Quadro com a ordem de apresentação dos países e o número para votação. 4. Legenda de abertura da apresentação da Ucrânia.
5. Uma das vinhetas postcard, retratando cenas turísticas na Grécia. 6. Reapresentação rápida das músicas com os números de telefone para votação.
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7. Placar durante a votação da Noruega. 8. Animação durante a votação, indicando no mapa o país que votaria a seguir.
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2 1. Voluntários da organização do festival com camisetas e crachás do Eurovision 2006. 2. Cartaz de rua em Atenas.
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omo peças auxiliares para o tema Feel The Rhythm, foram criados cartazes de rua, camisetas, crachás e fitas para crachás, diversos modelos de camisetas, bonés, CDs, DVDs, banners em aeroportos, entre outros. Em geral, as peças de uso pessoal e contato maior com o público (vestuário e cartazes de aeroporto, por exemplo) demonstraram uso mais extenso de cores chapadas, até para facilitar a produção gráfica, supõe-se. A quantidade de peças não foi muito grande, mas algumas trouxeram um valor criativo interessante, como o banner que se despedia dos turistas no aeroporto de Atenas ao término do Eurovision (foto 4, abaixo). O uso das cores vibrantes traz alegria e lembra valores do Mediterrâneo.
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3. Caixa dos DVDs oficiais do show. 4. Banner no aeroporto de Atenas, após o término do evento.
2. O Eurovision como marca | 33
2007
Helsinque, Finlândia
True Fantasy
GrĂĄfico demonstrativo do tema local do Eurovision 2007.
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P
ara a edição de 2007 do Eurovision, realizada na capital finlandesa Helsinque, foi composto o tema local True Fantasy (“fantasia real”): silhuetas coloridas de vírgulas, de mãos em sinal de indicação e de balões sobrepõem-se de forma translúcida, e junto a letras F (de Finlândia) se repetem, formando padrões caleidoscópicos. Sobre eles, ainda se justapõem tarjas pretas levemente rotacionadas, que carregam a marca do festival, e diversas outras marcas, como a da EBU, da emissora finlandesa YLE e às vezes de patrocinadores. Em 2007, já não mais apareceu o ícone local.
Em 2007, as vinhetas postcard foram documentais, mostrando cenas inusitadas protagonizadas por cidadãos finlandeses. A intenção era caricaturizar as ações do povo do país, e mostrá-lo pelo lado humorado. As vinhetas só mostravam cenas da Finlândia, mesmo introduzindo a apresentação de outros países – o que demonstra o intuito dessas vinhetas de serem a vitrine turística do país-sede para a Europa. Com bons roteiros, elas cumpriram seu papel de forma justa – no entanto, não foram marcantes. Poderiam ter incorporado melhor o tema local, com inserções dos elementos gráficos do tema durante a parte documental filmada, por exemplo.
O tema local de Helsinque trouxe uma visualidade bastante dinâmica: os elementos podem ser compostos e modulados de formas diversas. Bem resolvido, é um tema alegre, que representa metaforicamente a diversidade de culturas presentes no festival, e tem força visual, principalmente com as inserções das tarjas pretas. Os elementos que compõem o caleidoscópio (as vírgulas, os balões e as mãos indicadoras) também funcionam individualmente para criar movimentos diversos: os balões levam os pontos na tabela de pontuação final, as mãos indicam o país que dará os pontos, as vírgulas servem para conter as bandeiras dos países que votam – esta construção/desconstrução dos módulos faz parte da formação da imagem do caleidoscópio, e é um dos destaques compositivos. Etariamente genérico, o tema atingiu desde crianças até os mais idosos com sua visualidade mágica, e além disso ajudou a quebrar a imagem formal do finlandês (neste ponto, os apresentadores simpáticos e receptivos também foram fundamentais).
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1. Animação na abertura do Eurovision 2007. 2. Os apresentadores do show.
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3. Quadro com a ordem de apresentação dos países e o número para votação. 4. Legenda de abertura da apresentação da Bósnia Herzegovina.
5. Uma das vinhetas postcard. 6. Reapresentação rápida das músicas com os números de telefone para votação.
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7. Placar durante a votação da Armênia. 8. Animação com a mão indicando no mapa o país que votaria a seguir.
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3 1. Bandeira do lado de fora da arena onde aconteceram os shows. 2. Mesa com toalha do Eurovision 2007 e crachás de voluntários da organização. 3. Trem de Helsinque adesivado com o tema True Fantasy.
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tema local True Fantasy teve uma utilização extensa fora das telas de televisão: foi usado em grandes bandeiras do lado de fora da arena onde os shows aconteceram, trens e carros foram adesivados, um palco ao ar livre onde aconteciam shows diurnos de artistas do festival (a Eurovision Village) foi montado com diversas peças que expressavam a identidade de Helsinque. O uso das formas e cores caleidoscópicas tornou-as todas alegres, de forma que a tarja preta inclinada onde sempre foi inserida a marca permanente do Eurovision não interferiu negativamente: ela apenas interveio numa camada isolada, equilibrando o colorido e trazendo mais força às peças.
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4. Tendas e banner na Eurovision Village. 5. Carro adesivado.
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2008
Belgrado, Sérvia
Confluence of Sound
Gráfico exemplificando o tema local de 2008.
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m 2008, os sérvios receberam o Eurovision com o Confluence of Sound (“confluência do som”): inspirado pela gráfica junção dos rios Sava e Danúbio, que acontece justamente na capital sérvia Belgrado, o tema do diretor de criação sérvio Boris Miljković trouxe a mistura de splashes de tintas coloridas como base, além da inserção do tema como texto na tipografia-padrão Eurostyle misturada com outro tipo fantasia, numa tarja preta levemente inclinada. A marca Eurovision aparece agora em versão positiva sobre fundo branco. O ícone local novamente não apareceu.
a sua experiência em Belgrado. Ao final, batia-se um carimbo por cima da carta no vídeo – exatamente como num cartão-postal. Às vezes, a caligrafia ficava ilegível, mas a intenção principal era fazer um trabalho experimental, brincando com a visualidade da escrita de um cartão postal e das diversas letras manuscritas de pessoas diferentes e de idiomas (e alfabetos) diferentes – o movimento da escrita, sobreposto à bagunça colorida das esquetes, dá ritmo e dinâmica ao vídeo e prende a atenção do telespectador. Como o diretor de criação descreveu, o tema tem um forte aspecto emocional, e se comunica através da sensorialidade.
De forma estática, o Confluence of Sound não é muito feliz: há algumas gotas pequenas e espalhadas, fazendo os splashes ficarem inexpressivos e com aspecto nada atraente – entretanto, os movimentos em câmera lenta das tintas voando na televisão trouxeram uma veia artística forte, e deram ao Eurovision uma característica de ateliê, de ambiente experimental que traz tendências musicais. As cores azul e vermelho representam a bandeira sérvia – nas vinhetas postcard as tintas ganhavam as cores de cada país participante. Aliás, é digno de nota que os postcards de 2008 tiveram essa característica marcante, de buscar a representação gráfica de cada país através de esquetes gravadas em estúdio e que possuíam algum elemento referente às cores do país que se apresentaria em seguida. A linha de pensamento ao criar os postcards deve ter sido a metalinguagem: durante a esquete, era sobreposta a escrita caligráfica de uma carta, onde um personagem do país em questão contava em sua língua nativa
Pela primeira vez, aparece um elemento interessante: durante o longo processo de votação (que demora metade da duração do programa), foi inserida uma barra que mostra quantos países já votaram. Isso ajuda a acompanhar a votação, e a prever se algum país já conquistou a vitória antes do término de todos os votantes. As tarjas de legenda na abertura das apresentações não se destacam, por trazerem os splashes de tinta de uma forma muito tímida e sem a mesma criatividade das vinhetas postcard que as antecedem. A Sérvia não se preocupou em usar o Eurovision como vitrine turística, e nem por isso o resultado ficou menos interessante: atingiu vários públicos com roteiros de esquetes variados, trouxe uma imagem atual ao festival, e arrematou com um conceito culturalmente inclusivo, representando assim uma das características-base do festival.
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1. Animação na abertura do Eurovision 2008. 2. Os apresentadores do show.
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3. Quadro com a ordem de apresentação dos países e o número para votação. 4. Legenda de abertura da apresentação da Polônia.
5. Vinheta postcard, introduzindo a apresentação da Suécia. 6. Reapresentação rápida das músicas com os números de telefone para votação.
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7. Placar durante a votação da Islândia. 8. Animação indicando no mapa o país que votaria a seguir.
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3 1. Moeda comemorativa à edição de 2008 do Eurovision. 2. Placa de porta nos bastidores da arena onde aconteceu o show. 3. Abertura do website.
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m 2008, uma quantidade pequena de peças auxiliares na identidade visual do Eurovision foi produzida: além dos tradicionais itens de merchandise (livros, camisetas, CDs e DVDs), foram feitos outdoors, placas e moedas. O site oficial, www.eurovision.tv, teve sua visualidade tomada por texturas e estrelas, e um sistema de cores que pouco lembrou o tema Confluence of Sound, com predominância de um rosa muito vibrante, preto e cinzas – em geral, a intenção parece ter sido a de glamourizar a página, mas ela acabou por destoar violentamente do resto das peças gráficas.
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4. Capa do livro oficial. 5. Outdoor do Eurovision, numa rua da cidade de Belgrado.
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2009
Moscou, Rússia
Fantasy Bird
Acima, imagem do tema local do Eurovision 2009, o Fantasy Bird. À esquerda, imagem do pássaro profético gamaun, parte do folclore russo que inspirou a criação do gráfico-base da identidade visual do Eurovision de Moscou.
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edição de 2009, na capital russa Moscou, teve o maior orçamento da história – e talvez por causa disso, o projeto de design mais ambicioso da história do festival. Foram contratadas os dois maiores escritórios de design russos especializadas em televisão, o Red Square Design e o N3. Eles criaram o batizado Fantasy Bird (“pássaro da fantasia”), um desenho estilizado inspirado no pássaro profético gamaun, que faz parte do folclore russo. Trazendo como base um degradê de cores que variam entre o vermelho e o azul (as cores nacionais da Rússia), tipografias bastonadas e formas muito fluidas, este tema local não exaltou o seu slogan, como foi feito nos outros anos. Optou-se, na comunicação do festival nas ruas (em outdoors e cartazes) e nas vinhetas postcard, pelo uso da imagem de Kseniya Sukhinova, a russa eleita Miss Mundo em 2008, usando diferentes penteados e roupas homenageando os países participantes.
so, acompanhada de sua tradução em inglês. Aqui, os designers preferiram não usar o alfabeto cirílico, no qual o idioma russo é escrito oficialmente – na minha opinião, foi uma manobra para universalizar o design, e não restringi-lo somente à Rússia e aos países que usam o cirílico em suas línguas. Aliás, esta é a sensação geral do tema: a Rússia e seus signos aparecem pouquíssimo nas aplicações da identidade visual. Apesar de radical, esta medida teve um efeito extremamente satisfatório: o festival ficou muito colorido, ganhando uma visualidade plural que combina com a proposta de acolher diversos países, culturas e estilos musicais. Seguiu o modelo menos auto-propagandístico que a Sérvia adotou em 2008, evoluindo esse conceito – que pode ser interpretado como um meio de focar na marca Eurovision como evento/marco anual, e desvinculá-lo da vocação turístico-comercial usada em 2007 e, principalmente, em 2006.
Mais do que nunca, o design do Eurovision quis aproximar-se do público jovem: além das formas e cores atuais, nas vinhetas postcard apareciam pessoas jovens praticando esportes e dançando, em atitudes bastante joviais. Elas eram recortadas de um fundo branco de forma reta e propositalmente imperfeita (uma linguagem que é hoje extensamente usada em materiais para esse público), e justapostas em caixas de som, grafismos e fotos de pontos turísticos tradicionais de cada país participante, o que deu um gosto diferente a cada vinheta. Essas justaposições ao final se tornavam chapéus exóticos, usados pela Miss Mundo, e depois havia uma inserção onde aparecia uma palavra em rus-
As inserções de elementos tipográficos imensos em vários pontos de Moscou durante a abertura do show ficou interessantíssima: conduz o olhar, fortalece a identidade visual e é uma intervenção inesperada. O placar e as legendas ao começo das apresentações, entretanto, não são um ponto alto: as tarjas usadas nesses momentos, de forma retangular com cantos arredondados, são monótonas, apesar de funcionais.
2. O Eurovision como marca | 47
1. Abertura do Eurovision 2009, mostrando a arena onde aconteceu o show. 2. Os apresentadores do show.
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3. Começo da vinheta postcard da França, mostrando alguns ícones de Paris. 4. Meio da vinheta da França, com Kseniya Sukhinova.
5. Final da vinheta postcard da França, com a inserção da palavra russa lublu. 6. Legenda de abertura da apresentação da França.
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7. Reapresentação rápida das músicas com os números de telefone para votação. 8. Placar durante a votação da Estônia.
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3 1. Modelo vestindo camiseta de merchandise. 2. Adesivo de chão no aeroporto de Moscou, indicando o quiosque de informações. 3. Outdoor em rua de Moscou com a miss Kseniya Sukhinova, homenageando a Noruega.
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o Eurovision de Moscou, o tema Fantasy Bird esteve presente em uma quantidade imensa de suportes: adesivações de veículos, quiosques de informação nos aeroportos, adesivos de sinalização no chão, em peças de merchandise, em outdoors. Especialmente na comunicação na rua, com os outdoors e cartazes, a expressão do tema foi especialmente trabalhada: foram feitas versões do tema para cada um dos 43 países participantes, com as cores das bandeiras trabalhadas dentro das formas onduladas orgânicas do pássaro que baseia o design desse ano, e produções de figurino diferentes para a modelo Kseniya Sukhinova. Foram necessários muitos cartazes e outdoors, e isso fez a marca estar criativamente presente em muitos lugares.
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4. Voluntários da organização em quiosque de informações no aeroporto de Moscou. 5. Ônibus adesivado.
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2010
Oslo, Noruega
Share The Moment
Grรกfico do Share The Moment, tema local do Eurovision 2010.
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N
o ano de 2010, o Eurovision aconteceu na capital da Noruega, Oslo, e o tema criado para essa edição do festival foi o Share The Moment (“compartilhe o momento”): o conceito era juntar os amigos e familiares para compartilhar o momento do Eurovision, dividir a alegria que a música e o show proporciona àqueles que o assistem. Como base, partiu-se de várias esferas/bolhas rosas, pretas e douradas, representando a efervescência de uma multidão. O logotipo Share The Moment foi escrito com uma tipografia bastonada de espessura média, em negativo: as bolhas são aglutinadas em volta dos contornos das letras, definindo-as. A marca do Eurovision aparece acima do logotipo do tema sobre uma bolha preta maior, distorcida para acompanhar a forma esférica – solução que passa uma certa estranheza, como solução de design.
a imagem aérea da multidão presente no show não funcionou: as pessoas constituíam muitos elementos de informação, que quando colocados sobre as milhares de bolhas formavam um todo bastante confuso na tela. Já na abertura, que foi uma linha do tempo de todas as edições do Eurovision, as correntes de bolhas mostraram-se bastante interessantes, conduzindo o olhar em diversos pontos de tipografia com os nomes das cidades-sede em ordem cronológica, associados a pontos turísticos de cada uma delas – ao final da abertura, as bolhas continuavam, levando o espectador até o interior da arena onde aconteceria o show ao vivo, gerando continuidade. Apesar de não comemorar nenhuma data histórica do festival (como aniversário de 50 ou 60 anos), esta abertura fez um retrospecto de ícones culturais de cada época, trazendo a memorabilia eurovisiva de uma maneira atraente.
De forma geral, o conceito do show (tanto visual quanto não-visual) foi muito bem amarrado: a criação do senso de coletividade esteve presente em muitos momentos, como no flashmob coreografado filmado em diversos países participantes (envolvendo milhares de fãs, também ao vivo durante o show da final), nas filmagens em tempo real de famílias que assistiam o Eurovision em cada um dos 39 países, e nas vinhetas postcard. Estas últimas consistiram em intervenções gráficas formadas por bolhas, que desenhavam a forma do país que se apresentaria a seguir, e depois a sua bandeira; aparecia também a imagem de fãs do país torcendo. Esses gráficos eram sobrepostos à filmagem ao vivo da plateia. Apesar de conceitualmente interessante, a ideia de usar
Este tema local agiu como um ponto intermediário: mostrou imagens de famílias reunidas assistindo o festival, e também reuniões de jovens – portanto, não se assumiu como um rejuvenescedor da imagem do Eurovision como o de 2009, mas se propôs como uma união entre o público jovem e o mais velho. Do ponto de vista do design gráfico, as inserções tipográficas funcionais e as formas que as acompanham (em placares, legendas, títulos) foram genéricas, trazendo movimentos simples. Poderiam ter ousado mais neste ponto, tornando a visualidade dessas informações menos burocrática.
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1. Abertura do show mostrando um retrospecto da história do Eurovision. 2. O trio de apresentadores do Eurovision 2010.
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3. Vinheta postcard, mostrando imagem dos fãs espanhóis com a plateia ao fundo. 4. Legenda ao início da apresentação islandesa, com os dados da música.
5. Fãs na capital eslovena Ljubljana, durante o flashmob. 6. Reapresentação rápida das músicas com os números para votação.
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7. Scoreboard durante a votação da Islândia 8. Delegação belga, enquanto estava no 2º lugar do ranking (mostrado na tela).
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3 1. Carro que serviu aos artistas participantes, adesivado com o tema local de 2010. 2. Cartaz em terminal do aeroporto de Oslo. 3. Banner pendente do teto, no aeroporto de Oslo.
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om sua vocação de juntar pessoas para compartilhar momentos, o Share The Moment esteve presente em muitas peças na cidade de Oslo: em diversos cartazes e banners no aeroporto, em fachadas de prédios, adesivado em ônibus e carros. De forma geral, o tema se adequou bem às diversas mídias e transmitiu o conceito de forma eficiente, mas apenas cumpridora. Não trouxe a mesma intensidade criativa de 2009 nem a mesma aficção pelos símbolos das mãos, vírgulas e balões de 2007 – só cumpriu a função de estar presente e afixar a marca e o conceito escolhido.
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4. Fachada de prédio em Oslo. 5. Traseira de ônibus adesivado.
2. O Eurovision como marca | 57
Para abrir o escopo de cobertura da compilação de referências e de observação do fenômeno, o terceiro capítulo deste volume traz a análise de alguns trabalhos semelhantes ao projeto final, que apresentam a construção de marcas no meio televisivo.
3.1 Al Jazeera Children 3.2 Comedy Central 3.3 France 1ère
3.
Trabalhos
assemelhados
1. Marca do Jazeera Children Channel. 2. Vinheta de intervalo.
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4
3. Abertura de um dos programas. 4. Abertura e logotipo de um dos programas do canal.
3.1
Al Jazeera Children
A 5
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agência francesa Gédéon criou a identidade visual do canal infantil da rede de televisão catarense Al Jazeera, muito popular nos países do Oriente Médio. O Jazeera Children Channel (JCC) nasceu em 2005 como o primeiro canal jovem voltado para a cultura e a língua árabe. Ele procura atingir a faixa etária entre 3 e 15 anos, com desenhos animados, programas de perguntas e respostas, musicais, educativos, entre outros. Interessante na identidade do Jazeera Children Channel é a diferença clara na comunicação em relação a similares ocidentais: a ênfase é grande na construção de ambientes gráficos com cores e grafismos que façam alusão ao público infantil, mas sem nunca retratá-lo. A retratação de figuras humanas por desenhos não é bem vista na cultura islâmica, que considera esse tipo de representação uma tentativa se aproximar da perfeição de Deus. Então, a comunicação é muito mais sutil e indireta, mas nem por isso menos eficiente: o resultado é curioso e harmônico, e mostra o mundo islâmico inserido completamente no contexto contemporâneo, sem perder sua individualidade característica e respeitando seus princípios ideológicos, em coexistência com outras culturas.
5. Logotipo de um programa musical do Jazeera Children Channel. 6. Sequência de abertura de um dos programas.
3. Trabalhos assemelhados | 61
1. Nova marca do Comedy Central. 2. Vinheta de intervalo.
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4
3. Chamada de intervalo, com carimbo da marca. 4. Grade horรกria do canal.
3.2
Comedy Central
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resente hoje em nove países, o canal de televisão a cabo norte-americano Comedy Central é um pioneiro no conceito de trazer somente programação humorística em sua grade. Nascido em 1991, transmite produções próprias e programas comprados de outras produtoras.
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Em 2011, a marca do Comedy Central sofreu uma reforma completa: para se adaptar a novas mídias como o iPad e os smartphones, a marca perdeu o tradicional desenho de prédios e adotou uma forma que parodia o símbolo de copyright, com duas letras C, uma dentro da outra. A marca aparece como um carimbo, estampando esquetes dos programas nas chamadas de intervalo. Essa abordagem irreverente faz parte da filosofia do canal, e está presente nos vários tipos de vinhetas do Comedy Central e nas páginas da emissora nas redes sociais. A aplicação ampla em vários tipos de mídia é um aspecto interessante na construção desta marca televisiva, que com certeza é bem coerente com a proposta conceitual, que constroi um vínculo com o espectador e se faz presente no seu dia-a-dia além da televisão.
5. Usuário de iPad utilizando o aplicativo do Comedy Central. 6. Cartaz em mobiliário urbano, com inserção da marca e horário de programa.
3. Trabalhos assemelhados | 63
1. Uma das vinhetas da France 1ère, com o slogan Tous première. 2. Outra vinheta mostrando o slogan da emissora.
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3. Vinheta do canal feita na região de Wallis et Faluna, com o gesto adotado pela marca. 4. Grade horária da France 1ère.
3.3
France 1ère
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escritório francês Gédéon criou a identidade do canal France 1ère – o trabalho incluiu além das peças para a televisão, várias aplicações em outras mídias, como cartazes e revistas, e a criação de uma marca sonora. O slogan Tous première (“todos primeiro”) também foi concebido pela Gédéon, juntamente com o gesto da marca, o sinal de positivo com o dedo polegar. Este caso de branding é especialmente interessante porque envolve diversos lugares geográficos: além da França, os canais da France 1ère estão em vários territórios franceses em outros continentes. São culturas diferentes, mas que foram unidas através de um gesto universal, uma língua comum e um ambiente gráfico versátil, que pode ser adaptado aos mais diversos programas, pelas diferentes aplicações possíveis de cores, formas e tipografia. As vinhetas com indivíduos inseridos em seus próprios cotidianos criam ligações afetivas com o telespectador. Essa abordagem dinâmica traz a pluralidade dos países francófonos e os inclui num mesmo ambiente, em condições igualitárias.
5
5. Cartaz de rua na região de St-Pierre et Miquelon mostrando a identidade do canal.
3. Trabalhos assemelhados | 65
Para a execução do projeto final, foi necessário reunir um repertório de informações para compor uma base de referências gráficas pertinentes. A seguir, confira os países, artistas e obras que serão usados como guias e inspirações.
4.1 As escolhas 4.2 Mirsaal 4.3 Reza Abedini 4.4 Design Suíço 4.5 Paul Klee 4.6 Beatriz Milhazes 4.7 Design na tevê brasileira
4.
Referências
gráficas
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4.1
As escolhas
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omo países-base para a execução do projeto final, a intenção é usar o Líbano, a Suíça e o Brasil. O Líbano é um país que mesmo não estando geograficamente no continente europeu, é filiado à organização do Eurovision e quase participou da edição de 2005, só desistindo por conflitos ideológicos com Israel (que participa tradicionalmente do evento, desde a década de 1960). O Líbano une a cultura árabe à universalidade proporcionada pelo uso da língua inglesa e também da francesa – as três línguas são consideradas oficiais no território libanês. A Suíça é o país mais tradicional no Eurovision: sediou a edição de estreia em 1956, e desde então só se ausentou quatro vezes. Os suíços são multiculturais por definição: recebem uma imensa quantidade de imigrantes europeus (principalmente da Alemanha, da Itália, de Portugal, da Sérvia e de Montenegro) e possuem quatro línguas oficiais – alemão, francês, italiano e romanche. Já o Brasil foi escolhido também por ser um país onde se celebra a pluralidade de culturas: o brasileiro de hoje tem raízes nos índios nativos, nos colonizadores portugueses e nos escravos africanos. Apesar de ser inelegível (dentro das atuais regras) para participar do Eurovision, a presença do Brasil
no projeto final agrega informações interessantes à mistura por ser um país localizado num continente mais distante da Europa, e isso pode ajudar o espectador a entender a proposta culturalmente inclusiva do trabalho. Este terceiro capítulo dedica-se a reunir algumas referências gráficas pertinentes ao projeto final, que provenham dos três países escolhidos.
4. Referências gráficas | 69
1
2
1. Capa do livro Cultural Connectives, de Rana Abou Rjeily, sobre a tipografia Mirsaal. 2. Vers達o regular da Mirsaal. 3. Variante bold da Mirsaal.
70
3
4.2
Mirsaal
R
ana Abou Rjeily é uma designer gráfica libanesa, que já trabalhou em Londres e em Beirute, com clientes locais e internacionais. Mestre em Comunicação Visual com ênfase em Tipografia e Linguagem, ela executou um trabalho tipográfico bastante específico, cujo objetivo foi desenvolver uma família de tipos de escrita árabe que pudesse facilitar a aprendizagem do idioma por estrangeiros. Ela descreve as maiores preocupações em seu trabalho:
tempo e assim mantêm um balanço visual entre si quando usadas na mesma página. A tipografia pode ser classificada como humanista sem serifa, com influências da escrita à mão. As letras árabes na Mirsaal passaram a adotar uma forma única, independente de sua posição na palavra, e abandonaram as ligaduras – uma característica que foi transportada da caligrafia árabe para os tipos móveis, que dificulta alguns processos de impressão e atrapalha o processo de aprendizado da língua.
Depois de muita pesquisa e deliberação, concluí que o maior
impedimento na leitura em árabe era seu estilo cursivo de escrita. A língua árabe é especialmente difícil porque a forma das letras muda, de acordo com a sua posição numa palavra. [...] A primeira parte do meu trabalho foi criar uma família tipográfica em que as formas das letras fossem menos desencorajantes para ler do que os tipos árabes comuns, desenvolvendo uma equivalência visual à tipografia latina.
RJEILY, 2011:12-15.
A tipografia criada por Rana, batizada de Mirsaal, tem versões para alfabeto árabe e latino, que foram desenvolvidas ao mesmo
A tipógrafa quis adaptar a escrita árabe ao mundo contemporâneo, evitando a reposição da escrita árabe por sistemas mais “eficientes”, como ocorreu na Turquia (que passou do alfabeto árabe para o latino), por exemplo. Segundo a autora, sua tipografia visa dissolver barreiras culturais e substituí-las por entendimento cultural e respeito mútuo. Em países como o Líbano, que utilizam tanto a escrita árabe como a latina em suas línguas oficiais (árabe, francês e inglês, no caso), uma mesma tipografia que sirva igualitariamente para ambas as situações é um meio interessante para equiparar e incluir todas as culturas envolvidas, tanto visual quanto simbolicamente.
4. Referências gráficas | 71
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1. Tipo Persa. Cartaz, 100 x 70 cm. Impressão offset. 2006. 2. Imaginação iraniana. Cartaz, 100 x 70 cm. Impressão serigráfica. 2006. 3. Complexão. Cartaz, 100 x 70 cm. Impressão offset. 2005. 4. POSTERAM. Cartaz, 100 x 70 cm. Impressão offset. 2007. 5. Bedoone Zendehrood. Cartaz, 100 x 70 cm. Impressão offset. 2005. 6. Família iraniana. Cartaz, 100 x 70 cm. Impressão offset. 2000. 7. Logotipo para produções audiovisuais da Fundação Revayat-E-Fath. 2005. 8. Logotipo para a empresa de papelaria Tiva Tahrir. 2004.
4.3
Reza Abedini
O
designer iraniano Reza Abedini é um dos mais influentes do seu meio no Oriente Médio. Formado em design gráfico pela Escola de Artes de Teerã em 1985, fundou seu próprio estúdio em 1993. Seus trabalhos já foram expostos e premiados em diversos lugares, e hoje ele se dedica principalmente a lecionar design e dar palestras em escolas no Irã, no Líbano, no Catar, na Turquia, na Holanda e na França. O designer, especializado na criação de cartazes e identidades visuais, acredita que as formas tradicionais de arte estão mortas, e que o design resolverá esta questão:
período de isolamento, e assim as referências eram apenas as da arte tradicional persa e dos livros encontrados localmente. Na tentativa de criar uma identidade para o design persa que honre as suas raízes culturais, Abedini despreza as regras do Estilo Internacional criadas pelos suíços e adotadas largamente no ocidente como “soluções universais” – entre elas, os grids construtivos. Nos cartazes do designer iraniano pode-se perceber sua liberdade compositiva, e que segundo ele é um meio de não diluir a ancestralidade das influências persas de seu trabalho em noções ocidentais, como os princípios do Estilo Internacional.
O design é a nova arte dos séculos XX e XXI.
(ABEDINI in RETINART, 2009).
A característica mais marcante dos designs de Abedini é a exaltação da cultura persa-iraniana tradicional, feita através da caligrafia baseada na escrita árabe que está presente em todos os seus trabalhos. Ao trabalho tipográfico-caligráfico, Reza acrescenta muitas vezes intervenções de silhuetas humanas, retratos, uso minimalista de cores e texturas de papel antigo – influências do repertório visual adquirido durante a sua infância, quando o país viveu um
O designer iraniano, na verdade, faz uma tradução do mundo árabe através do design, mostrando as particularidades dessa região do globo e provando que, apesar de toda a carga tradicional dessa cultura, ela pode exalar contemporaneidade e agregar um repertório de informações interessantes ao tão saturado mundo imagético ocidental do design gráfico.
4. Referências gráficas | 73
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4
3 74
1. Cartaz de conscientização pública, de Josef Müller-Brockmann. 1960. 2. Cartaz para a fabricante de móveis Herman Miller, de Armin Hofmann. 1962. 3. Demonstrativo das variações da família tipográfica Univers, de Adrian Frutiger. 1957. 4. Cartaz de demonstração da tipografia Helvetica, criação de Max Miedinger. 1957.
4.4
Design Suíço
O
Design Suíço, também conhecido como Estilo Internacional, é um movimento de design proveniente da Suíça e da Alemanha, que ganhou notoriedade entre as décadas de 1950 e 1960. Baseado em alguns preceitos do De Stijl e da Bauhaus, definiu o design como uma atividade socialmente importante e útil. De modo geral, as abordagens eram neutras e objetivas, enfatizando o planejamento racional do espaço e desprivilegiando expressões subjetivas individuais, representando uma tradução do modernismo para o design gráfico.
O Estilo Internacional traz uma característica muito interessante: a universalização. Apesar de ser também chamado Suíço, a proposta desse estilo era mais ampla, de criar uma estética global e que fosse aplicável a qualquer situação, em qualquer lugar e em qualquer tempo. Os preceitos criados pelos suíços são bastante restritivos mas, mesmo assim, hoje é possível perceber a vasta quantidade de soluções diferentes que essas regras proporcionam. De fato, as tipografias e os grids construtivos geometrizados criam layouts de impacto e harmonia, que são capazes de resistir ao tempo.
Uma das premissas básicas do Design Suíço é a organização assimétrica dos elementos em grades matematicamente construídas: havia a crença de que essa disposição era o meio mais legível e harmonioso de estruturar informações. Além disso, o Estilo Internacional inclui fotografias que apresentam o assunto de forma clara e factual, e usa extensamente tipografias sem serifa (principalmente as famílias Helvetica, de Max Miedinger, e Univers, criada por Adrian Frutiger) com alinhamentos à esquerda, além de apresentar grandes áreas brancas de respiro nas diagramações.
4. Referências gráficas | 75
1
3 2 76
1. Dupla de disputa. Óleo sobre juta. 1938. 2. Olhando para a planície. Óleo sobre musselina montada sobre compensado. 1932. 3. Chapeu cabeça, mão, pé e coração. Aquarela e caneta sobre tela colada em cartão. 1957.
4.5
Paul Klee
A
rtista nascido em 1879 na cidade suíça de Münchenbuchsee, Paul Klee ingressou na Academia de Belas Artes de Munique em 1900, e começou experimentando com gravuras, pena e tinta, retratando temas sinistros e satíricos. Teve seus trabalhos expostos pela primeira vez, individualmente, em 1910. Sua estética foi evoluindo principalmente pelo contato com os artistas do grupo alemão Der Blaue Reiter e por uma viagem que fez à Tunísia – logo, passou a pintar aquarelas de paisagens e motivos de arquitetura, em composições simples, ingênuas, infantis e bem-humoradas.
do de forma simples e ousada. O humor das obras anteriores já era menos evidente: o clima se tornara ameaçador, talvez reflexo do sentimento pela ditadura hitleriana. Mesmo partilhando as teorias de Kandinsky, Klee desenvolveu durante sua carreira um universo pictórico muito característico, fazendo uma arte subjetiva e poética por natureza.
Paul Klee lecionou na escola Bauhaus a convite de Walter Gropius, onde ensinou teoria da cor e da forma e métodos de encadernação. Ele tinha a crença de que a arte não tenta imitar o mundo real, e pode existir por si própria:
A arte não reproduz o visível, ela torna visível.
(PAUL KLEE in DEMPSEY, 2003).
Com a ascensão do regime de Hitler, Paul Klee retornou a Berna em 1933, e começou a pintar com linhas negras, grossas e compon
4. Referências gráficas | 77
1
2
3
4
1. Summer Love. 2010. 2. Autumn Love. 2010. 3. Winter Love. 2010. 4. Spring Love. 2010. Foto da exposição de Beatriz Milhazes na Fundação Beyeler, em 2011.
78
4.6
Beatriz Milhazes
N
ascida em 1960 na cidade do Rio de Janeiro (RJ), Beatriz Milhazes é uma das artistas plásticas mais respeitadas na cena internacional. Sua arte é caracterizada por composições vívidas de ornamentos abstratos, arabescos, florais, formas geométricas e padrões rítmicos, com cores fortes e luminosas. Num âmbito internacional, a artista foi influenciada por Henri Matisse, pelo uso de elementos decorativos em espaços planos, e por Piet Mondrian, por suas estruturas geométricas. Nacionalmente ligadas ao Modernismo brasileiro ao unirem elementos da cultura brasileira à europeia, as obras de Milhazes também são derivadas da diversidade das paisagens tropicais e da história cultural do Brasil.
Pode-se dizer que Milhazes é uma das artistas brasileiras mais influentes no mundo atualmente: carregada de características nacionais, a visualidade de suas obras transmite alegria e vivacidade típicos do brasileiro, e suas técnicas inovadoras ajudam a construir uma imagem vanguardista da arte contemporânea do país, levada a exposições na Fundação Beyeler em Basileia (Suíça), no Museu de Arte Moderna de Nova York, na Fundação Cartier em Paris e na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Além disso, a artista também foi convidada pelo renomado designer francês Philippe Starck a compor a decoração da livraria Taschen de Nova York com suas telas – o que mostra que a artista está logrando um intenso reconhecimento mundial, para si mesma e para a arte brasileira.
Fazendo principalmente pinturas e colagens, Beatriz Milhazes desenvolveu uma técnica bastante peculiar: na maioria das obras, a tinta é aplicada numa folha de plástico transparente, e depois da secagem do pigmento, o plástico é fixado na tela e retirado, deixando decalcada uma superfície suave de cor.
4. Referências gráficas | 79
3
1 80
2
1. Imagens demonstrativas da identidade visual da MTV Brasil. 2010. 2. Abertura da novela Passione, criação de Hans Donner com obras do artista plástico Vik Muniz. Rede Globo, 2010. 3. Marcas do Castelo Rá-Tim-Bum e do Metrópolis, programas da grade da TV Cultura. Década de 1990.
4.7
Design na tevê brasileira Entender que o design brasileiro pode ser o nosso diferencial
[...] é raciocínio essencial, neste mundo globalizado, especialmente para aqueles que trabalham com essa mídia incrível que é a televisão. Afinal, dados do Ministério das Comunicações estimam que atualmente haja por aqui cerca de 65 milhões de aparelhos de TV [...]. Daí a constatação de que nossas raízes, o sentimento e a criatividade dos brasileiros podem,
época com seus designs refinados e inventivos. Além da TV Cultura, outra emissora que emprega intensamente o design gráfico brasileiro em sua programação é a MTV Brasil: com identidades visuais renovadas frequentemente, a linguagem jovem, humorada e experimental se tornou uma marca do canal, que mesmo tendo origem nos Estados Unidos, contrata designers locais e se adapta claramente ao gosto do telespectador brasileiro.
através do design das vinhetas, da abertura dos programas, dos objetos utilizados nos cenários, atingir a cada um dos espectadores destes 65 milhões de aparelhos, uma informação que nos dá a dimensão e a amplitude do espaço que a televisão oferece ao design nacional. (MARCOS MENDONÇA in LEAL, 2005).
N
a acepção de Marcos Mendonça, ex-presidente da Fundação Padre Anchieta (Rádio e TV Cultura de São Paulo), o design está presente no meio televisivo e, pela sua ampla difusão nos lares brasileiros, pode ser um modo de construir uma identidade nacional de design. A própria TV Cultura, com sua grade de programação que valoriza a produção brasileira, contribui nessa empreitada há algum tempo: programas como Castelo Rá-Tim-Bum e Metrópolis marcaram
O design gráfico também foi fundamental para constituir uma das maiores emissoras de televisão do mundo, a Rede Globo: a atual marca do canal, cuja versão original foi criada por Hans Donner na década de 1970, quebrou paradigmas quando trouxe para a televisão o uso de representações tridimensionais, através do globo estilizado com diversos efeitos, como degradês e sombreamentos, que ajudaram a criar noções de volume e profundidade. O sistema tipográfico escolhido por Hans para vinhetas e aberturas se perpetua até hoje: a família VAG Rounded, desenvolvida pela Volkswagen em 1979, é facilmente associada à marca gráfica da Globo por suas hastes de extremidades arredondadas, e é um dos maiores símbolos da emissora, sendo largamente copiada pela concorrência.
4. Referências gráficas | 81
Conclusão
A
o final da coleta de todas as informações pertinentes para esta pesquisa, pude perceber que a televisão é um meio bastante utilizado para a difusão do design gráfico, e que através dela é possível construir e influenciar indivíduos. O Eurovision, como um dos programas televisivos mais assistidos do mundo, deve usar abordagens muito bem pensadas, para representarem de forma válida, honrosa e igualitária todas as culturas e povos nele presentes e ainda assim entreter o telespectador, em dezenas de países. Aliás, este é outro fator da marca Eurovision Song Contest: o festival é inserido no contexto de mais de 40 emissoras diferentes – isso significa que a identidade visual adotada por ele deve ter uma base de caráter universalizante, já que é impossível incorporar as nuances características da visualidade de cada um dos canais que transmitem os shows. Hoje em dia, uma identidade visual concebida para o meio televisivo deve ser pensada de modo muito mais amplo do que há dez ou vinte anos – a televisão não mais existe por si só, e agora o conteúdo transmitido por ela transita em outras mídias e interfaces como celulares, computadores e tablets, e deve ser representado em todos esses meios uniformemente. 82
Notei também que as construções de marcas para a televisão mais bem-sucedidas atualmente são aquelas que atingem o público estimulando vários de seus sentidos e não só a visão, de forma sutil mas gerando contato emocional. O telespectador espera do conteúdo produzido pelas emissoras uma abordagem menos comercial, como nas edições de 2008, 2009 e 2010 do Eurovision – que lograram muito mais sucesso que suas antecessoras, por ocultarem o aspecto propagandístico do turismo local de seus países-sede.
O projeto
A
proposta de projeto para o Trabalho de Conclusão de Curso consiste na construção de um tema local para o Eurovision: a partir da marca fixa desenvolvida em 2004, será construído um ambiente de identidade para uma edição hipotética do festival sediada na Suíça, com vinhetas e outros vídeos que utilizem elementos da cultura do Líbano, da Suíça e do Brasil, sempre considerando as informações levantadas nesta pesquisa.
83
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