Os Bichos Insatisfeitos Os Bichos Insatisfeitos
MARILURDES NUNES
© Todos os direitos reservados à nonononononononon
Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem a autorização da editora.
As ideias contidas neste livro são de responsabilidade de seus organizadores e autores e não expressam necessariamente a posição da editora.
Copyright: Marilurdes Nunes
Produção executiva e comunicação: Ana Gusmão
Projeto gráfico e diagramação: Léo Camisão
Capa e Ilustrações: Débora Mini
ISBN
Certa vez, alguns bichos se reuniram e começaram a se queixar.
O sapo Leco reclamou que sua boca era muito grande. Gostaria de ter nascido com uma boca menor.
O caramujo Maneco disse que preferiria não ficar sempre carregando a casa nas costas. Achava que isto acabaria lhe trazendo um problema de coluna.
O elefante Grandino falou que sua trompa era muito longa, deselegante.
A coruja Sabinha se meteu na conversa. Contou que existia agora na floresta uma bruxa muito poderosa. Ela poderia certamente ajudar os bichos insatisfeitos.
Sabinha então aconselhou:
- Por que vocês não vão conversar com ela? Diante da sugestão, lá se foram Leco, Maneco e Grandino conversar com a bruxa. Ela morava bem no fundo da floresta. A casa da bruxa era sinistra, escura, cheia de morcegos e aranhas. Mesmo assim, os bichos resolveram bater a campainha.
A porta se abriu. Apareceu diante deles uma figura estranha.
Era toda coberta de pelos, inclusive a cara. No meio da testa, havia um grande olho vermelho.
Com uma voz aguda, a bruxa perguntou: - Que querem? Leco, Maneco e Grandino ficaram com medo.
Grandino criou coragem e disse:
- É que não estamos satisfeitos com a nossa aparência. A coruja Sabinha nos falou que a senhora poderia nos ajudar.
- Mas ela disse que eu cobro pelo serviço?
- Não, respondeu o caramujo Maneco. - É muito caro? Perguntou o elefante Grandino.
- Primeiro vou saber que tipo de serviço devo fazer, falou a bruxa.
- Quero uma boca menor! Disse Leco, mostrando sua bocona.
- Quero que retire esta casa das minhas costas, pediu Maneco.
- Quero ter uma trompa menor! Falou Gradino.
A bruxa deu o seu preço: - Fico com a casa do caracol e com o pedaço da tromba do elefante que eu retirar. Você, sapo, enquanto isto, trate de caçar meio quilo de moscas para mim.
E acrescentou: - Só tem um detalhe: não aceito reclamações. Combinado?
Os três disseram que sim. Trato feito, a bruxa começou o serviço.
Retirou a casa das costas do caracol.
Cortou um pedaço da trompa do elefante.
Enquanto isto, o sapo caçou rapidamente meio quilo de moscas que entregou para a bruxa.
Aí, a bruxa colou um pedaço da boca do sapo com uma super cola. Os bichos saíram contentes com a nova aparência.
Quando a noite caiu, Maneco já estava muito arrependido. - Onde irei dormir, pensou, se já não tenho casa?
Grandino, que agora tinha uma tromba curta, quase não conseguia beber água. Estava morrendo de sede! Leco, com aquela boquinha pequena, não podia mais caçar moscas e outros insetos. Tinha muita fome!
Os três bichos estavam, além de insatisfeitos, muito infelizes. Mas já sabiam que a bruxa não aceitava reclamações. Ela tinha avisado!
Foram, outra vez, até a casa da coruja Sabinha.
Perguntaram se ela poderia ajudá-los. A coruja escutou as queixas. Depois, disse: - Sei que no alto da montanha, bem perto das nuvens, mora uma fada. Ela tem uma varinha mágica. Contam que ela consegue realizar verdadeiros milagres.
Muito infelizes com a nova aparência, lá se foram os três amigos atrás da fada da montanha.
A caminhada foi bem longa. Chegaram lá em cima muito cansados. Maneco estava se queixando do sol. Sem a casa para protegê-lo, suas costas estavam ardendo por causa dos raios solares.
Grandino estava morto de sede. Com aquela tromba curta, era muito difícil beber água.
E Leco tinha tanta fome que subiu a montanha sem falar uma palavra.
A fada morava em um lindo castelo, todo amarelo, com flores vermelhas nas janelas. Os bichos bateram na porta. A fada veio atender. - O quê vocês desejam? Maneco contou a história. A fada ouviu tudo com muita atenção. Depois falou: - Posso dar um jeito nisso. E perguntou: - A coruja disse que o serviço tem um preço? - Não, responderam os três. - Mas estamos dispostos a pagar, completou Grandino.
A fada, usando a varinha mágica, devolveu a todos a sua forma original.
Agora Maneco desfila com sua casa nova.
Leco mostra, feliz, a sua boca grande.
Grandino gosta tanto da sua trompa nova, que agora faz questão de estica-la bastante para mostrar como ela é longa.
Depois do aperto que passaram, o trio está muito mais feliz.
Na opinião da coruja Sabinha, os três estão contentes porque somente agora eles aprenderam a valorizar suas formas originais.
O elefante Grandino não gosta de sua trompa.
O caramujo Maneco não quer mais carregar sua casa nas costas.
E o sapo Leco se sente infeliz com sua boca grande.
A coruja sabe onde os bichos poderão ir para conseguir as mudanças querem. Será que vale a pena mudar?
Novas experiências são importantes, mas nem sempre dão certo.
É preciso ter coragem para reconhecer erros e voltar atrás.