Fetichicidade - Ensaio projetual sobre Arquitetura Homoerótica - TFG - Belas Artes

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CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO Curso de Arquitetura e Urbanismo

LEONARDO GALHARDO

FETICHICIDADE: ensaio projetual sobre arquitetura homoerótica

São Paulo 2019



CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO Curso de Arquitetura e Urbanismo

LEONARDO GALHARDO

FETICHICIDADE: ensaio projetual sobre arquitetura homoerótica

Trabalho Final de Graduação apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Belas Artes sob orientação do Professor Dr. Ademir Pereira dos Santos.

São Paulo 2019


DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais, Marcia e Marcelo, e irmã, Julia. Afinal, nada do que sou hoje, conseguiria ser sem vocês. Mãe, contigo aprendi a diferença entre ser um líder e ser apenas um chefe. Saiba que eu me espelho muito em você e no jeito como lida com o mundo, contigo aprendi que as pessoas fofas podem, e devem ser corajosas e fortes, e podem também se dar ao luxo de serem frágeis e cristalinas. Pai contigo aprendi a buscar uma explicação que permeia o racional e o espiritual, aprendi a lidar melhor com situações adversas, e também aprendi a ser precavido, e a pensar em todas as possibilidades antes de tomar uma decisão. Ju, eu nem sei o que escrever. Você já sabe que é linda, espontânea, alegre, divertida, talentosa, e todos os adjetivos bons que eu conseguiria pensar. Aprendi demais com você, e quero algum dia ser 10% do quão incrível você é; seu humor, seu senso de justiça, e inteligência emocional são lições enormes todos os dias, sinto muito orgulho de não ser apenas seu irmão, mas sim seu amigo. Nesta família aprendi as lições mais bonitas que um ser humano pode aprender, como humildade, altruísmo, compaixão e empatia.

Para todos os meus colegas e amigos da faculdade. Em especial à Layla, por sempre conseguir deixar o meu dia mais feliz. Á Clara, por ser a irmã mais velha que eu nunca tive - mas que sempre precisei - e por ser a minha melhor referência. Á Victória, por sempre se reinventar, por ter paciência comigo e ser meus pés no chão nos momentos que eu fico mais avoado. Á Isabella, por me ensinar mais sobre o tempo das pessoas e a ver mais beleza no artesanal. Ao Jose Guilherme, por me acalmar nas crises de ansiedade Ao Igor, por ser simplesmente como é, essa calmaria tempestuosa muito doida e serena ao mesmo tempo. Ao Vitor, por pirar comigo em projetos aleatórios e devagar sobre o universo. À Fayra por ser o gás que eu preciso e por ter sido a melhor representante de sala. Ao Gustavo, por se preocupar comigo, e por me apoiar em tudo sempre, por mais libertino e libidinoso que possa ser.


Dedico este trabalho, também, a todos os professores que cruzaram meu caminho durante essa jornada que foi o curso de arquitetura, todos que trabalham ou já trabalharam na Belas Artes, assim como nos cursos que fiz no meio tempo. Em especial, Joan Villà, por acender a paixão que tenho pela arquitetura; Vasco de Mello, por ser meu amigo, e por me dar confiança e dizer que eu seria um bom arquiteto; Ivanir, que com seus discursos mantém a minha esperança na arquitetura; Iraci, por me apresentar o paisagismo; Ênio, pela força que deu ao Centro Acadêmico, e por sempre nos apoiar. Aline, pela profissional que é, e pelas dicas e interesse no meu trabalho; Wagner, por se fazer disponível para conversar; e Ademir, por acreditar em mim e no meu tema, por comprar qualquer que fosse a briga, por ser meu orientador e amigo. Aos demais professores, Débora, Alzira, Laterza, Marcos Lopes, Luis Otávio, Luiza Naomi, Ed Luccini, Ricardo. Dedico este trabalho também à Marcia da OTIA, a cantina da faculdade, que considero demais, afinal já me ajudou e deu muitos conselhos, ao pessoal do toldo azul, que sempre foram engraçados e solícitos e já levaram um rim meu em impressões, e ao pessoal da tapioca e do nhoque.

Por fim dedico este trabalho ao meu processo de amadurecimento e de autodescoberta, mesmo que ainda tenha um trabalho gigantesco à minha frente.


AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu orientador, Ademir Pereira Santos, por ter acreditado em mim, se entusiasmado com a ideia e por estar disposto a me guiar nesta monografia, que além de um passo (ou vários) para fora da minha zona de conforto, também se caracteriza como uma jornada de autodescobrimento. Professor, obrigado pelas risadas, pelas conversas, viagens, bares e tudo mais, obrigado por se fazer presente e acessível, e acima de tudo um colega com quem posso contar. À Ana Buim, que me deu um norte, e se empolgou com a ideia toda, e que além de servir como uma referência gráfica, e metodológica, se mostrou uma jovem arquiteta extremamente inteligente e amiga. Agradeço ao Fernando Laterza, e ao Gustavo Massimino por completarem a banca avaliadora, por disporem de seu tempo e conhecimento. Agradeço ao Amodeo Wagner, por dispor de seu tempo e me ajudar durante este processo todo, trazendo referências, críticas, e indagações fundamentais; À Victória Novais, que me ajudou imensamente durante a etapa final do TFG.


Agradeço ao Professor Vasco de Mello, que viu algum potencial em mim - após eu levar uma maquete horrível, que tinha algum conceito. Vasco, obrigado por ser essa pessoa incrível que é tenho extremo orgulho de ter sido seu aluno, e durante o processo todo desse último ano foi ótimo te explicar mais sobre esse projeto depravado, e ganhar a fama de ‘’sexólogo’’, apelido que aceito com carinho. Agradeço também aos arquitetos entrevistados por mim, Igor de Vetyemy, e Renata Baronio Gaspar, por disporem de tempo e energia para responder às minhas questões extensas, quero dizer que suas respostas me ajudaram a ter um panorama melhor do tema que escolhi abordar, espero poder algum dia encontrá-los pessoalmente. Quero agradecer a todos que responderam a pesquisa online “O imaginário sexual coletivo, o fetiche e a arquitetura”, sendo esses amigos, colegas, parentes, ou mesmo completos estranhos.

Obrigado.


RESUMO Este trabalho contempla uma pesquisa de abordagem quantitativa de natureza opinativa baseada nas vivências sexuais e nos fetiches mais encontrados, a fim de se criar parâmetros que poderiam ser utilizados posteriormente como um norte projetual. A metodologia utilizada se fundamenta em pesquisas bibliográficas, visitas técnicas a campo, entrevistas a arquitetos e ao público, assim como a elaboração de gráficos e diagramas. O resultado final consiste em uma série de projetos esquemáticos de arquitetura e de design de interiores, tendo como partido o fetiche e a percepção humana como diretrizes projetuais com o intuito de mobilizar formas de interação sexual menos restritivas. Palavras-chave: Arquitetura, Design, Sexo, Sexualidade, Fetiche, Espaço, Cidade, Locais de Prática de Sexo, Sauna, Motel.


RESUMEN

ABSTRACT

Esto trabajo contempla una investigación de enfoque cuantitativo de naturaleza obstinada basada en las experiencias sexuales y los fetiches más encontrados, con el fin de crear parámetros que podrían usarse más tarde como un norte proyectual. La metodología utilizada se basa en la investigación bibliográfica, visitas técnicas de campo, entrevistas con arquitectos y el público, así como la elaboración de gráficos y diagramas. El resultado final es una serie de proyectos esquemáticos de arquitectura e interiorismo, basados en el fetiche y la percepción humana como pautas de diseño para movilizar formas menos restrictivas de interacción sexual.

This work contemplates a research of quantitative approach of opinionated nature based on the sexual experiences and the most found fetishes, in order to create parameters that could be used later as a projectual north. The methodology used is based on bibliographic research, technical field visits, interviews with architects and the public, as well as the elaboration of graphs and diagrams. The end result is a series of schematic architectural and interior design projects, based on fetish and human perception as design guidelines to mobilize less restrictive forms of sexual interaction.

Palabras clave: Arquitectura, diseño, sexo, sexualidad, fetiche, espacio, ciudad, lugares de sexo, sauna, motel.

Keywords: Architecture, Design, Sex, Sexuality, Fetish, Space, City, Sex Venues, Sauna, Motel.



Libertinagem representa a possível experiência de liberdade; procede da desobediência à norma, ou à regra. Refúgios projetados para privacidade e prazer, fora do ambiente familiar, funcionam como bolhas, como interstícios de liberdade. [...] Eles também mostram como a arquitetura pode servir para construir e encenar o desejo. (FERRÉ, 2016 p. 176)1

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Tradução livre do Autor


INTRODUÇÃO

1. CONCEITUAÇÃO E DEFINIÇÕES 1.1. SEXO E SEXUALIDADE 1.2. FETICHE 1.3. LOCAIS DE PRÁTICA DE SEXO 1.4. PERCEPÇÃO E ESPAÇO

p. 14

p. 20

2. O NOSSO IMAGINÁRIO SEXUAL COLETIVO

p. 28

2.1. PESQUISA: O FETICHE, O IMAGINÁRIO SEXUAL COLETIVO E A ARQUITETURA

p. 29

2.1.1. SOBRE O INDIVÍDUO

p. 30

2.1.2. OS LOCAIS: ONDE E COMO SE PRATICA SEXO

p. 41

2.1.3. SOBRE FETICHE

p. 52

2.1.4. SOBRE O LOCAL IDEAL PARA O SEXO

p. 60

p. 20 p. 20 p. 21 p. 23


3. PROPOSTAS PROJETUAIS

p. 76

CONSIDERAÇÕES FINAIS

p. 149

REFERÊNCIAS

p. 150

APÊNDICE

p. 152

3.1. REFERÊNCIAS PROJETUAIS

p. 76

3.2. O PROJETO

p. 80

ANÁLISE - VISITA TÉCNICA EM SAUNA GAY NO AROUCHE

p. 152

3.2.1. TÉRREO - CONTATO

p. 85

RELATÓRIO - VISITA TÉCNICA EM SAUNA GAY NO AROUCHE

p. 155

3.2.2. PRIMEIRO PISO URBANO

p. 97

ENTREVISTA: CONVERSA SOBRE ARQUITETURA E SEXUALIDADE COM IGOR DE VETYEMY

p. 160

3.2.3. SEGUNDO PISO – ESTÚDIOS

p. 111

ENTREVISTA: CONVERSA SOBRE AMBIÊNCIAS E MATERIALIDADES COM RENATA BARONIO

p. 162

PESQUISA ONLINE - O FETICHE, O IMAGINÁRIO SEXUAL COLETIVO, E A ARQUITETURA . FICHA DO QUESTIONÁRIO

p. 164

3.2.4. TERCEIRO PISO PROFANO

p. 121

3.2.5. QUARTO PISO –

p. 139

THERMAS

p. 164


p. 16

INTRODUÇÃO O ser humano é produto do sexo e lida com ele em todos os momentos de sua vida, direta ou indiretamente, desde sua concepção até a morte. Ainda assim o sexo e a sexualidade são assuntos que pouco se discute, e continuam verdadeiros tabus. De certa forma, pior do que falar sobre sexo é falar sobre o sexo no espaço arquitetônico ou mesmo projetar espaços propícios para tais atividades. A relação entre arquitetura e sexo não parece ser tão óbvia, muito menos inerente à função do arquiteto, mas é de extrema importância discutirmos o tema, tanto no âmbito acadêmico como no âmbito profissional; afinal, um assunto vira tabu justamente por não ser discutido ou por ser estigmatizado como marginal, amoral e contra os bons costumes. Esta monografia, por meio de especulações projetuais, visa estudar a relação entre o espaço construído e o sexo, abordando a Arquitetura e a sua fetichização. [...] de fato, a sexualidade é determinante na antropologia de JeanJacques; ela não só define papéis distintos para homens e mulheres na história da humanidade, ela também conduz o homem da natureza para a própria história, seja qual for o impacto político que isso possa acarretar. (FERREIRA, 2012, p.329)

A sexualidade de modo geral é um agente definidor do ser humano e da sociedade na qual se insere. Por mais veladas que as relações sexuais possam ser, ainda são fundamentais para o entendimento de uma cultura, pois pode-se notar sua influência na sociabilidade, na economia, na religião, na distinção de papéis e classes sociais, e por fim na Arquitetura. Indiretamente, a arquitetura influencia o indivíduo no modo de lidar com um mundo exterior, reforça regras por muitas vezes não ditas, e molda padrões de comportamento de toda uma sociedade. Em meio às regras determinadas pelo espaço, existem as regras que regem a sexualidade. (MARAVOGLIA, 2017, s.p.)

A visão que se tem do sexo é fruto dos valores de uma sociedade que por sua vez modelam as práticas sexuais e os espaços projetados e utilizados pelos indivíduos. O arquiteto e pensado finlandês Juhani Pallasmaa cita a experiência do espaço como um intercâmbio entre o corpo e o lugar criando assim o que considera a consciência. A experiência de um lugar ou espaço sempre é uma troca curiosa: à medida que me assento em um espaço, o espaço se assenta em mim. Vivo em uma cidade, e a cidade vive em mim. Estamos em um constante intercâmbio com nossos entornos; internalizamos o entorno ao mesmo tempo que projetamos nossos próprios corpos - ou aspectos de nossos esquemas corporais - no entorno. [...] Uma obra de música, poesia ou arquitetura se torna parte da minha identidade física e moral. (PALLASMAA, 2018, p. 25)


p. 17

Já em sua tese de mestrado pela Universidade São Judas Tadeu, o arquiteto e urbanista Ricardo Mingareli Del Valle relaciona a Arquitetura e as práticas sexuais de modo direto: Relacionar as atividades derivadas das práticas sexuais à arquitetura parece uma operação desastrosa se não partirmos da investigação da significação do edifício. Contudo, se atentarmos que o significado arquitetural só fará sentido quando transmitir sua funcionalidade de maneira comunicativa e, com isto, tornar perceptível suas atribuições aos olhos humanos, veremos que a relação de um significado à arquitetura é uma questão de representação. (DEL VALLE, 2018, p. 17)

Acerca da Representação esclarecendo que:

Del

Valle

continua

Representação esta que, no caso das práticas sexuais, ganhará forças por intermédio simbólico, na intenção de transmitir de maneira representacional o significado proposto com a união desses dois elementos (a prática sexual e arquitetura); uma vez que o sexo não fala por si só, e tão pouco a arquitetura é capaz de conceber uma arquitetura fenomênica sexual, por se tratar de composições concretas, inanimadas e sem função biológica. Portanto, a aparição das práticas sexuais nos objetos arquitetônicos contará sempre com um signo qualitativo de seu significado representacional, podendo ser transmitido tanto de maneira simbólica quanto metafórica ou alegórica; de forma que a comunicação seja conduzida por representação e a significação por expressão, confluindo à uma linguagem não verbal e figurativa de uma arquitetura simbólica sexual. (DEL VALLE, 2018, p. 17)

Del Valle também cita Pallasmaa para explicitar o papel da Arquitetura neste processo: Segundo Pallasmaa, ‘a arquitetura sempre inventou a realidade a e cultura por meio da transformação dos contextos humanos em imagens e metáforas de vida e de ordem, idealizada em narrativas arquitetônicas fictícias.’ (PALLASMAA, 2013, apud Del Valle, 2018, p.17)

E conclui afirmando que: Por essa perspectiva, podemos seguir com a seguinte análise: se de um lado temos uma arquitetura que transforma a realidade e cultura por meio de imagens e metáforas narrativas, e, por outro lado, considerarmos a ação das práticas sexuais como fenômeno cultural, quando unificados estas duas questões, a arquitetura poderá apropriar-se livremente do tema sexual e, consequentemente, representálo em caráter figurativo, resultando na imagem representacional da arquitetura transmita pela ação cultural das práticas sexuais. (DEL VALLE, 2018, p.17)


p. 18

Esta pesquisa centra-se na investigação das relações entre o espaço construído e o fetiche inerente às relações homossexuais masculinas para exemplificar e propor uma série de ambiências e atmosferas. A metodologia utilizada contemplou a revisão bibliográfica, as visitas técnicas à diferentes tipologias arquitetônicas relacionadas ao sexo para se compreender os padrões de materialidade, programa de necessidades, espacialidade e vivenciar as regras não ditas, impostas pelo lugar e pelo público frequentador. Utilizou-se também de entrevistas com arquitetos que já abordaram o tema, assim como uma pesquisa de opinião feita junto ao público alvo. Usou-se a ferramenta Google Forms, via internet, que garante o anonimato aos participantes (Ver Anexo). Chegou-se à marca de 60 entrevistados, utilizando exclusivamente o suporte digital e amostragem foi feita por saturação. As perguntas foram organizadas a partir de quatro temáticas: 1) Sobre o indivíduo. 2) s experiências sexuais e 3) os fetiches e 4) o espaço idealizado para o sexo.

Como resultado apresenta-se além da revisão das referências bibliográficas utilizadas (capítulo 1), os resultados da pesquisa online (capítulo 2), devidamente comentados e propõe espaços esquemáticos para o sexo homossexual como exercício de prospecção projetual (capítulo 3) para criar uma série de diretrizes, traduzindo fetiche em arquitetura, considerando neste espaço formal de prática de sexo, o fetichismo em torno das relações sexuais informais urbanas, levando em consideração o desejo e os arquétipos relacionados com o intuito de mobilizar formas de interação sexual menos restritivas, buscando (nesses relações de espaço e usuário), proporcionar motivação e tesão.



capĂ­tulo 1


CONCEITUAÇÃO E DEFINIÇÕES


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1. CONCEITUAÇÃO E DEFINIÇÕES A seguir apresenta-se uma breve revisão bibliográfica, os conceitos utilizados no decorrer do trabalho. 1.1 Sexo e sexualidade Neste trabalho se refere a “sexo” como o ato sexual, e à “sexualidade” como a expressão de uma das faces da personalidade, se baseando na libido que dirige a atração sexual e afetiva de alguém.

Deve ser levada em conta a Libido, como a energia motriz de diversas ações humanas, não se contendo apenas ao sexo em si, mas movendo parte de nossos interesses, relações e percepções de mundo. “Introduzamos aqui dois termos: objeto sexual sendo a pessoa quem provém a atração sexual, e de alvo sexual a ação para a qual a pulsão impele. “ diz Freud (2006b, p. 128), em outras palavras, o objeto sexual é a pessoa que atrai sexualmente o indivíduo analisado, e o alvo sexual seria o objetivo desse indivíduo, que é o ato sexual em si, a fim de saciar a pulsão sexual como quem sacia a fome (pulsão de nutrição). 1.2 Fetiche

A sexualidade ainda não é completamente entendida, apesar de existirem vertentes de psicologia e psicanálise que a estudam particularmente. Acredita-se que o cerne da questão, não é um fator isolado e sim uma amálgama de fatores, tais como: genéticos, ambientais, gatilhos emocionais, fases e a relação a traumas, símbolos, necessidades e desejos. O fato da existência de necessidades sexuais no homem e no animal expressa-se na biologia pelo pressuposto de uma “pulsão sexual”. Segue-se nisso a analogia com a pulsão de nutrição: a fome. Falta à linguagem vulgar [no caso da pulsão sexual] uma designação equivalente à palavra “fome”; a ciência vale-se, para isso, de “libido”. (FREUD. 2006b. p. 128)

Fetiche pode significar, ou estar atrelado a um objeto, que é cultuado por ser atribuído a ele propriedades mágicas e/ou sobrenaturais, um objeto enfeitiçado, um amuleto. Para a psicologia, porém, a palavra tem outra conotação, representando um comportamento específico onde qualquer ação, objeto, ou parte do corpo possa ser erotizado, algo que ‘’encante’’ o indivíduo e que possa de algum modo satisfazer os seus desejos/pulsões sexuais, por transferência, ou como um gatilho que desperta excitação. Na maioria das vezes, durante o decorrer deste trabalho, ao citar ‘’Fetiche’’, a definição atribuída é referente ao termo oriundo da psicologia. Estabelecido isso, quando outros significados da palavra fetiche forem empregados no texto, estarão explícitos como: ‘’o fetiche em seu significado místico’’, ou ‘’o fetichismo da mercadoria’’.


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O fetiche compõe uma das muitas faces e performances que se observa como personalidade. Ele pode revelar características intrínsecas a um indivíduo, pode criar barreiras como estratégia inconsciente de defesa e autopreservação. Pode se dar em forma destrutiva como a de patologia e ser considerada danosa ao convívio social, mas pode, também, ao desabrochar, ser uma forma de libertação, tanto pessoal como de paradigmas sociais. Ao dizer ‘’Porque o segredo do fetichismo é a multiplicidade do eu, e o seu método está no olho.’’’ o antropólogo e etnógrafo italiano Massimo Canevacci (2008) afirma que o sentido da visão é parte primordial para a criação e manutenção do fetichismo. De fato, somos bombardeados com imagens, filmes, novelas, propagandas e pornografia a todo o momento, sendo todos, ou ao menos a grande maioria, baseados em arquétipos do nosso inconsciente coletivo. Apesar da geração de imagens ser parte integral, sendo elas reais, fictícias ou idealizadas (como nos filmes) ou abstratas (como na imaginação e fantasia), o fetiche não se prende somente ao sentido da visão, e como Freud acredita. Pode, também, estar ligado à experiências que ocorreram na infância, fase onde a construção da percepção de mundo tem seu significado mais radical.

Deve-se considerar outros sentidos, sentimentos, signos e significados atrelados a fetichização (de algo ou alguém). O fetiche por ser um conceito ligado ao sexo e alvo de repressão de acordo com a sociedade na qual o indivíduo está inserido. Seus limites, assim como os da sexualidade de forma geral, se atrelam a permissividade, ou licenciosidade social, e é, além de uma busca pela expressão e satisfação sexual, um ato político denunciador das verdades ocultas inerentes a uma pessoa ou comunidade, muitas vezes, marginalizadas. 1.3 Locais de prática de sexo Neste trabalho refere-se a ‘’Local de sexo’’ ou ‘’Locais de prática de sexo’’ quaisquer lugares onde ocorram sistematicamente interações sexuais de qualquer natureza, podendo ser estes locais de acesso público, ou restrito, onde o sexo é tratado como fetiche ou como um commoditie. Estes locais são, em grande parte, fetichizados (positivamente) ou estigmatizados (negativamente), dependendo de uma série de fatores sociais, econômicos e culturais, diretamente relacionado a o que uma determinada sociedade acredita ser moral ou não. Também, leva-se em consideração o modo como é utilizado um espaço construído, assim como seus signos e significados, além de relações ligadas a conceitos e preconceitos baseados no inconsciente coletivo.


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Em ‘’Irrupção da Moral Sexual Repressiva’’ o psicanalista e cientista natural Wilhelm Reich reflete sobre como o ser humano tem duas pulsões/necessidades físicas básicas, a pulsão por nutrição - a fome - e a pulsão sexual - a libido (que se baseava nas afirmações de Freud). Embora tratemos apenas a fome como primordial para nossa existência, o sexo é parte fundamental para a manutenção do nosso ‘’eu individual’’ e do nosso ‘’eu social’’. Afinal, desde o princípio dos agrupamentos humanos, os laços sexuais e de sangue tem grande importância para a sociedade. Sobre o fetiche para além do indivíduo, já numa escala urbana, levando em consideração tanto a sociedade quanto suas mídias no espaço da cidade, Canevacci diz que o ‘’fetish’’ que se refere não é exatamente o de Marx ou o de Freud. [...] porque fetish é, sobretudo, estilo, um determinado estilo de vida que envolve alguns aspectos da comunicação metropolitana que se pratica nos cenários noturnos. Um mix de moda, arte pública, design, body-art, transgressão sexual. (CANEVACCI, M. 2008, p. 89)

Esses Locais de prática de sexo ocorrem em três diferentes instâncias: os locais formais, os informais e os ocasionais/ potenciais. Os formais são lugares projetados para suprir estes fins libidinosos, tipologicamente representados por motéis, bordéis, casas de swing, drive-ins, saunas e outros.

Já os locais informais seriam ruas, praças, parques, baladas, banheiros públicos, escadas de emergência, estabelecimentos como academias ou piscinas e clubes, bares, vizinhanças e mesmo bairros. Os locais de prática de sexo ocasional ou potencial, que têm um nome autoexplicativo, seria a categoria mais abrangente, afinal todos os lugares estão sujeitos a serem fetichizados e servir inusitadamente como um local de sexo. A diferença entre este e o segundo grupo (informal) é justamente a frequência em que ocorrem estas relações sexuais. É sabido, por exemplo, que já ocorreu sexo dentro de uma faculdade, mas mesmo que isso ocorra 3 ou 4 vezes ao ano, ainda tem caráter inusitado, diferentemente de um banheiro de shopping, que se localiza num andar pouco movimentado, e diariamente é testemunha de várias interações sexuais anônimas. Neste caso, a faculdade seria caracterizada como um local ocasional/potencial, e este banheiro público seria dado como um local informal de prática de sexo.


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Os locais formais são então espelhos de anos - ou séculos de construção e desconstrução social em torno da atividade sexual. Ficam atrelados a mentalidade, legislação e costumes das comunidades onde se inserem, materializando, muitas vezes, um estigma negativo perpetuado pelo preconceito, pudor, ou qualquer outra questão de cunho moral. Sobre esse assunto, Rosa Ferré, filóloga e chefa de exposições do Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona, afirma: Lugares semi-públicos para encontros sexuais - do resort de luxo ao prostíbulo, bordéis ao longo da estrada, saunas e as ‘’dark rooms’’ gay, discotecas e bares, calçadas e espaços BDSM, bem como sex shops - são sistemas sociais altamente ritualizados. São domínios nos quais a iniciação e a transgressão (e o próprio reconhecimento do espaço) atuam como força motriz do desejo: um tipo particular de iluminação, cheiros, música (e protocolos de higiene) fazem parte dessa arquitetura informal. Eles são projetados para práticas específicas e, ao mesmo tempo, as regulam. Todos eles são espaços de representação que refletem mitologias de grupo e se perpetuam incorporando novos recursos de tempos em tempos. (FERRÉ, 2016 p. 186)1

Já os locais informais de sexo, que representariam um viés de transgressão, são resultados da vazão gerada a partir da repressão sexual. Tangenciam as regras sociais impostas, denunciando assim a falta de locais formais que atendam suas demandas. Em geral, fatores como o “desconhecido”, o “misterioso”, o “abandonado”, o “sem fiscalização” e mesmo o “ilegal” são decisivos para a consolidação destes locais juntamente com a frequência e público recorrente. 1

Tradução livre do Autor

Os locais ocasionais/potenciais de prática de sexo são meramente reflexos de um sexo idealizado, fetichizado, que se baseia tanto na mídia que é consumida - como cinema, pornografia, propaganda - quanto num certo exibicionismo e anseio por adrenalina. Quando ocorrem, não são tratados como um simples ato mundano, mas sim como uma pequena (ou grande) vitória. 1.4 Percepção e espaço O ser humano, como indivíduo e como sociedade, é a questão comum entre arquitetura e a sexualidade, colocando em perspectiva a problemática, o sexo no espaço. A visão que se tem da sexualidade seria fruto dos espaços projetados pela sociedade, ou seria a sociedade influenciada pelo discurso arquitetônico de centenas de anos sobre os locais para se expressar e praticar o sexo? O homem e suas extensões constituem um sistema inter-relacionado. É um erro agir como se os homens fossem uma coisa e sua casa, suas cidades, sua tecnologia, ou sua língua, fossem algo diferente. Devido à inter-relação entre o homem e suas extensões é conveniente prestarmos uma atenção bem maior ao tipo de extensões que criamos. (HALL, 1966, apud ELALI, 2009, p. 350)


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Para projetar espaços para pessoas, é primordial ter conhecimento de seus costumes e cultura, observar como se comportam e analisar como se apropriam do lugar. Dessa forma, deve-se atentar aos modos que o ser humano tem de perceber o mundo, sendo estes modos físicos ou psíquicos. Embora arquitetura tenha sido (e continue sendo) considerada uma disciplina visual, os lugares e as edificações são abordados como experiências multissensoriais. Em vez de ver um prédio meramente como uma imagem na retina, o confrontamos com todos os nossos sentidos de uma só vez e o vivenciamos como parte de nós mesmos. (PALLASMAA, 2018, p. 57)

O ser humano é programado para voltar suas atenções ao exterior, afinal essa atenção era de grande valia aos nossos ancestrais pré-históricos. Segundo o psicólogo estadunidense Mathew Alpern (1971) e isso permanece como carga genética até os dias atuais, e por causa deste instinto, elevamos a visão ao seus status de importância. Pallasmaa (2018) dividiu os cinco sentidos aristotélicos em grupos, visão e audição como os sentidos sociais e tato, olfato e paladar como sentidos comandados pela cultura. As obras de arquitetura genuínas também evocam sensações multissensoriais que aprimoram nossa experiência do mundo e de nós mesmo. As sensações de toque, temperatura, peso, umidade, olfato, e movimento nas imagens visuais são tão reais quanto o percepto, o produto mental da percepção. (PALLASMAA, 2018, p. 58)

Já Steve Pile (1996) – cientista social e professor na Open University - cita em seu livro “The Body and the City” que Boulding sugere ser quase impossível se comunicar sem o uso de referências espaciais e - como Lowentahl fizera ligando tais referências espaciais aos limites dos sentidos corporais. Estes sentidos, todavia, são classificados por ordem da quantidade e qualidade de informação espacial que fornecem, sendo classificados da seguinte forma: visão, audição, toque, olfato e paladar – sendo este último o que fornece menos informação espacial. Pile (1996) continua apontando que, curiosamente, a imagem da cidade criada a partir da percepção dos sentidos não seria literalmente uma imagem mental, mas sim uma estrutura cognitiva, onde o processo intervém na relação entre o corpo e o mundo físico e social externo. Pallasmaa (2018) comenta sobre essa dualidade entre a percepção e experiência da seguinte forma: As percepções não são experiências, uma vez que são meros registros de estímulos sem contextualização, julgamento e significado. As percepções dos sentidos interagem com memória e a imaginação para construir uma experiência total integrada com distintas conexões e significados. Na atividade de projetar arquitetura, a habilidade mais árdua e valiosa é intuir ou simular a experiência da entidade nãoexistente em termos físicos. Mais uma vez, intuir a experiência de uma única forma ou objeto é relativamente simples, enquanto imaginar a atmosfera ou sensação total de uma entidade espacial ampla e complexa exige extraordinária capacidade de imaginação. A experiência de imaginar e intuir também requer a capacidade de sentir empatia. (PALLASMAA, 2018, p. 114)


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Seguindo esse raciocínio, o modo de entender o mundo externo é apenas parte a equação, afinal a psique exerce papel fundamental no que se refere a criação de significado no espaço, na fetichização, e na assimilação de regras não ditas. Parte-se do pressuposto, assim, de que a arquitetura trabalha no âmbito racional (consciente) e no âmbito sintomático (inconsciente), e leva-se em conta que existam valores morais relacionados ao sexo e sexualidade que são dilatados pelo desenho do espaço. Na opinião de (Alva) Noë - e acredito que ele esteja certo - a consciência é impossível de localizar, pois não é uma coisa, mas um fenômeno relacional que surge entre a mente humana e o mundo. [...] Eu sugiro que a experiência artística é um fenômeno relacional entre o objeto poético e a mente que a vivencia. A experiência atmosférica também é um fenômeno “difícil”, pois ela também é uma experiência relacional, não uma “coisa”ou um objeto difinível, nomeável e mensurável. Ela também advém de relações e interações de inúmeros fatores irreconciliáveis, como escala, materialidade, tatilidade, iluminação, temperatura, umidade, som, cor, cheiro etc., que, juntos, constituem a “atmosfera” ou, na verdade, a experiência que temos dela. [...] As experiências poéticas e artísticas também ativam nossas mais profundas memórias coletivas e biológicas. Nossas experimentações ressonam com nossas histórias pessoais. (PALLASMAA, 2018, p. 116)

Já Jung caracterizava 4 funções ectopsiquicas e 4 endopsiquicas, que determinavam como o individuo se relaciona com o mundo a sua volta. As funções ectopsiquicas são um sistema de relacionamento entre conteúdos da consciência e os fatos e dados originários do ambiente. Sendo elas: a Sensação, o Pensamento, o Sentimento, e a Intuição. As funções endopsiquicas são as que relacionam conteúdos da consciência com processos vindos do inconsciente: a Memória, os Componentes Subjetivos das funções conscientes, emoções e afetos, e a Invasão. “Coloco o inconsciente como um elemento inicial, do qual brotaria a condição consciente. As funções mais importantes de qualquer natureza instintiva são inconscientes. A consciência é um esforço quase que antinatural’’. (JUNG, 2017. p. 14)

Também, deve ser levada em conta a Libido, (FREUD, 2006a) energia motriz de diversas ações humanas, não se contendo apenas ao sexo em si, mas movendo parte de nossos interesses e percepções de mundo, que desde tão cedo na infância até o momento da morte molda as relações humanas. Para um desenho e projeto de espaço que exerça impacto real no indivíduo, deve-se pensar em estratégias que agucem as funções psíquicas, trabalhando neste lugar formas, cores, materiais, luzes e outros artifícios que pareçam não usuais, como fluxos, situações, e proporções espaciais não permitindo uma leitura clara e rápida do lugar, buscando proporcionar um senso de mistério, surrealidade, curiosidade e descoberta.


capĂ­tulo 2


NOSSO IMAGINÁRIO SEXUAL COLETIVO


p. 30

2. NOSSO IMAGINÁRIO SEXUAL COLETIVO

Tendo em vista os locais de prática de sexo, busca-se agora pistas de como o nosso imaginário sexual - individual e coletivo - se pauta no espaço construído vivenciado e no espaço idealizado, embasado em uma pesquisa anônima feita pelo autor. De acordo com Lacan, relações sexuais não existem (no sentido de que há um encontro ou mediação entre corpos, mas o prazer é sempre próprio de cada um). Ou, como Slavoj Zizek coloca, comentando sobre Lacan, ‘Nós nunca estamos sozinhos com nosso parceiro numa relação sexual, já que uma terceira entidade, a nossa imaginação/fantasia, sempre ‘’entra de fininho’’. [...] O ato sexual é vivenciado de maneira desapegada e, portanto, continua sendo um tipo de representação imaginária para cada um de nós, pois experimentamos uma divisão narrativa na qual somos simultaneamente parte de uma cena e observadores dessa cena. A cena, os lugares - no sentido do design físico do espaço ou da atmosfera - são uma parte substancial das fantasias que projetamos em nossas relações sexuais na nossa jornada entre desejo e prazer. (FERRÉ, 2016 p. 186)2

Sobre lugares semipúblicos para encontros sexuais os locais formais de prática de sexo, Ferré ainda acrescenta que: Visitamos pessoalmente todos esses lugares para sexo ou determinamos sua categoria e os incorporamos em nosso imaginário sexual por meio de imagens e cultura erótica e pornográfica: da literatura, revistas, cinema, publicidade, moda, gravuras, fotografias e cibersexo. Esses são lugares onde escapamos de nossas vidas cotidianas: uma ilha sexualizada onde o tempo permanece parado. (FERRÉ, 2016 p. 186) 3


p. 31

2.1. Pesquisa: O Fetiche, o Imaginário Sexual Coletivo e a Arquitetura. Desde o dia 18 de setembro de 2019, a pesquisa intitulada ‘’O Fetiche, o Imaginário Sexual Coletivo, e a Arquitetura’’4 está online disponível no QR Code ou no link abaixo. Os dados comentados a seguir são referentes ao intervalo entre os dias 18 de setembro de 2019 e 20 de novembro de 2019, contendo respostas de 60 entrevistados. 5 <https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScIWV QqNb9TPg64GLj59SbOX8dgpBc2utcRkT4WvZP3ASBc Wg/viewform?usp=sf_link>

parâmetros projetuais acerca de um espaço ideal para a prática de sexo - respeitando a visão dos entrevistados. Os resultados da pesquisa serão futuramente utilizados como diretrizes projetuais a fim de suprir a demanda e expectativa de uma maioria. A abordagem do tema se dá de forma descontraída, por muitas vezes os entrevistados disseram ter gostado de responder, dado o fator inusitado de algumas questões. As porcentagens citadas - assim como aferição de dados foram providos pelo Google Forms, uma ferramenta online onde é possível criar e responder a formulários e pesquisas de modo geral, em questões alternativas e/ou dissertativas. Para que seja melhor assimilada pelo entrevistado, a pesquisa foi dividida em 4 etapas: Etapa 1 - Sobre o Indivíduo; Etapa 2 - Os Locais: onde e como se pratica sexo; Etapa 3 - Sobre Fetiche; Etapa 4 - Sobre o Local Ideal do Sexo.

2.1.1. Etapa 1 - Sobre o Indivíduo

Com essa pesquisa, busca-se dados mais objetivos sobre as experiências sexuais e os fetiches mais comuns para criar

Primeiramente, colhe-se informações gerais sobre os participantes.


p. 32

Pergunta-se sua idade, para se entender melhor a relação ente faixa etária e fetiche. É sabido que dentre os entrevistados sua maioria tem entre 18 e 25 anos, mais de ¾ do total, respectivamente, de 18 a 21 anos sendo 30%, e entre 22 e 25 somando 49%. Também responderam o questionário pessoas menores de 18 anos (5%) e de 26 a 29 anos (10%), entre 30 e 39 anos (3%) e de 50 a 59 anos, (1%). Pessoas entre 40 e 49 anos, e entre 60 ou mais não responderam a esta pesquisa.

Gráfico 1: Questão 1 - Idade De 30 a 39 anos De 50 a 59 anos

Menor de 18 anos

3%

1%

5%

De 26 a 29 anos

10% Entre 22 e 25 anos

49%

Entre 18 e 21 anos

30%

*

*

*

De 40 a 49 anos

De 60 a 69 anos

70 anos ou mais *nenhum participante dessa amostragem escolheu esta opção

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 33 Gráfico 2: Questão 2 - Gênero:

Não Binário Gênero Fluido

Na questão sobre gênero, mais da metade dos participantes respondeu ‹›masculino›› (61%), seguido por ‹›feminino›› (23.3%) - que ainda é maioria, se comparado com as porcentagens de pessoas que se identificam como ‘’queer’’ (8.5%), ‘’não binário’’ (3.3%) e ‘’gênero fluido’’ (3.4%). Ninguém apontou ser ou se identificar ‘’Transgênero’’, ou escolheu a opção ‘’Outro’’.

3.4% Queer

3.4%

8.5%

23.3% 61%

Feminino

* *

Masculino

Outro Transgênero *nenhum participante dessa amostragem escolheu esta opção Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 34 Gráfico 3: Questão 3 - Orientação sexual:

Sobre sexualidade, ou orientação sexual, 33.9% dos entrevistados respondeu ser ‘’homossexual’’, 28.8% respondeu “heterossexual” , seguido de pouco mais de 27% que afirmam ser bissexuais, e seguido por uma minoria que se considera Pansexual (6.8%) ou ‘’outro’’ (3.4%). Nenhum entrevistado se considera assexual.

Outro Pansexual 6.8%

3.4%

33.9%

Bissexual

27.1%

Homossexual

28.8% *

Heterossexual

Assexual *nenhum participante dessa amostragem escolheu esta opção

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 35 Gráfico 4: Questão 3b - Marque a opção que melhor se encaixa:

Sou Passivo - pessoa que é penetrando anal ou oralmente por outra pessoa 14.8%

Sou Versatil - pessoa que as vezes é ativa e as vezes é passiva 33.3%

16.7% Sou Versatil mais Passivo

16.7% 18.5% Sou Ativo - pessoa que faz sexo penetrando anal ou oralmente outra pessoa

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor

Sou Versatil mais Ativo

Na questão seguinte, é introduzido os conceitos de ativo, versátil e passivo. Para fins de convenção temos que: “Ativo” - pessoa que faz sexo penetrando anal, vaginal ou oralmente outra pessoa; “Versátil” - pessoa que às vezes é ativa e às vezes é passiva e; “Passivo” - pessoa que é penetrado anal, vaginal ou oralmente por outra pessoa. Conceitos muito presentes dentro da comunidade LGBTQ+, que também podem ser atrelados a relações heterossexuais convencionais. Dentre os entrevistados, 33.3% das pessoas se diz ‘’versátil’’, seguido de ‘’versátil mais ativo’’ (18.5%) e ‘’ativo’’ (16.7%) - o que pode ser reflexo direto de uma grande parte heterossexual masculina. Empatado com o número de “ativos” estão os “versáteis mais passivos” (16.7%) e por fim os ‘’passivos’’ (14.8%). Curiosamente, vale observar que, no entanto, dentro da comunidade gay existe um sentimento generalizado de que há mais passivos do que ativos.


p. 36

Na questão que trata do status de relacionamento, mostra-se um empate técnico entre “Amizade Colorida - Relacionamento Aberto’’ (33.9%) e “Sem parceiros fixos ou casuais”(32.2%), seguindo por “Namorando - Relacionamento Fechado”(30.5%). Apenas uma relação poliamorosa foi apontada (1.7%) assim como apenas uma relação matrimonial e monogâmica (1.7%).

Gráfico 5: Questão 4 - Status de relacionamento:

Casado em relação monogâmica

Relação de Poliamor 1.7%

30.5%

1.7%

33.9%

Namorando ou em Relacionamento Fechado

* *

Casado em relação poligâmica Outro *nenhum participante dessa amostragem escolheu esta opção

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor

32.2%

Amizade Colorida ou em Relacionamento Aberto


p. 37 Questão 6 - Com quantos anos iniciou sua vida sexual?

Quase 90% das pessoas entrevistadas dizem ter uma vida sexual ativa (87.7%). A maior parte iniciando suas atividades sexuais entre 15 e 17 anos (62.7%), alguns entre 18 e 21 anos (23.7%). Outros usuários relatam ter começado antes dos 14 anos (11.9%). Já o que respondeu a opção “Outro’’ nesse caso alega se satisfazer sexualmente apenas com masturbação.

Outro Antes dos 14 anos

1.7% 11.9%

Não Gráfico 6:

Questões 5

Você diria

12.3% Entre 18 e 21 anos

ter uma vida sexual ativa?

Entre 15 e 17 anos

23.7%

62.7%

*

87.7% * Sim Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor

Mais de 22 anos

Não iniciei minha vida sexual *nenhum participante dessa amostragem escolheu esta opção Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 38 Gráfico 7: Questão 7 - Com qual frequência mantém relações sexuais?

1 vez a cada 2 meses Outro

5.1%

1 vez por semana

10.2% 25.4%

1 vez por mês 18.6%

20.3% 1 vez a cada duas semanas 20.3%

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor

Mais de 1 vez por semana

Em relação a frequência com a qual os entrevistados matem relações sexuais, a maioria alegou praticar sexo uma vez por semana (25.4%). 20.3% alegou praticar mais de 1 vez por semana, empatado com os que se relacionam 1 vez a cada duas semanas; seguidos por 18.6% que alegaram praticar 1 vez por mês. As pessoas que marcaram a opção ‘’outro’’ (10.2%) alegaram não ter um padrão ou frequência determinada, indo de picos em algumas semanas a 8 meses sem ‘’reciprocidade’’.


p. 39

Ao perguntar sobre os parceiros, nota-se que os entrevistados responderam mais de uma opção, mostrando uma dinâmica interessante entre as relações. Assim, sobre manter parceiros “fixos-fixos (relação fechada)’’ houveram 25 votos, e “fixoscasuais (relação aberta)” 20 votos, seguido proximamente por ‘’casuais-casuais (sem relacionamento)’’ com 19 votos. Gráfico 8: Questão 8 - Costuma ter parceiros fixos ou parceiros casuais?

25

Fixos - Fixos - relação fechada Casuais - Casuais - sem relacionamento

20

Fixos - Casuais - relação aberta

19

0

05

10

15

20

25

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 40 Gráfico 9: Questão 9 - Geralmente quantos parceiros costuma mandar ao mesmo tempo?

3 ou mais 8.5% 2 e eventualmente 3 13.6%

40.7% 1 apenas

40.7% dos entrevistados respondeu que costuma manter relações, ao mesmo tempo, com apenas uma pessoa. Desconsiderando projetar questões de cunho moral acerca da natureza dessas relações, se tem as outras respostas como parte substancial alegando que metem relações com um e eventualmente dois parceiros (37.3%); dois e eventualmente três parceiros (13.6%); e três ou mais (8.5%).

1 e eventualmente 2 37.3%

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 41 Gráfico 10: Questão 9a – Já praticou sexo em grupo?

Para finalizar a primeira etapa da pesquisa, foi perguntado, também, sobre sexo em grupo, somando as respostas “Sim, 1 vez” e “Sim eventualmente” 30.5% e 15.3% respectivamente. Nota-se que uma parcela grande dos entrevistados já teve esta experiência, porém, outros 22% alegaram que “não mas gostariam”, e os outros 32.2% restantes responderam apenas “näo”, presumindo-se que não têm esta intenção.

Sim, 1 vez 15.3% Não 32.2%

Não, mas gostaria

22%

Sim, eventualmente 30.5%

*

Sim, sempre *nenhum participante dessa amostragem escolheu esta opção

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 42


p. 43 Gráfico 11: Questão 10 - Costuma praticar sexo em casa?

2.1.2. Etapa 2 - Os Locais: Onde e Como se Pratica Sexo;

Nesta etapa são mapeados os locais onde se costuma praticar sexo.

Não

25.4%

Num primeiro momento o sexo em casa, em seguida em um espaço arquitetônico formal de prática de sexo – e, para finalizar, o sexo no espaço informal urbano. Como parâmetro inicial, é perguntado se o entrevistado costuma praticar sexo em casa, 74.6% deles afirmam que sim. 74.6%

Sim

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 44

Ao perguntar sobre qual ambiente se tem o costume de praticar sexo em casa, a resposta disparada é sem dúvidas o quarto, com 56 dos 60 votos, seguido pela sala de estar com 30 votos, e pelo banheiro com 26. Outros ambientes recebem menos atenção nesse quesito, como a sala de jantar, cozinha, lavanderia, presumidamente por terem funções mais específicas. Porém, além do lazer ou descanso que o quarto e sala de estar representariam - e o banheiro como um apoio destes - uma resposta que pode gerar uma discussão interessante é da Varanda/quintal (com 9 votos), que se reflete na etapa 3 desta pesquisa, quanto se confronta o fetiche.

Gráfico 12: Questão 11 - Em qual ambiente costuma praticar sexo em casa?

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 45

Voltando à discussão, quando perguntados sobre quais lugares de casa gostariam de praticar sexo, 41 dos 60 entrevistados responde sobre a Varanda/quintal, desta vez ela quem lidera o gráfico, seguida pela sala de estar, que continua em segundo lugar, com 24 votos, já se nota que cozinha, lavanderia e sala de jantar ganham mais interesse, com 23, 19 e 15 votos respectivamente, banheiro fica empatado com a sala de estar, porêm ainda assim a frente do quarto, que tem 13 votos.

Gráfico 13: Questão 12 - Dada a oportunidade favorável, em quais outros ambientes de casa gostaria de transar?

Varanda / quintal

41

Sala de Estar

24

Cozinha

23

Lavanderia

19

Sala de Jantar

15

Banheiro

15

Quarto

13

Outro Nenhum

5 0

0

10

20

30

40

50

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 46

Após questioná-los sobre o sexo de forma geral, numa situação possivelmente fetichizada, pergunta-se quais desses ambientes já se praticou sexo e é considerado inusitado. Cozinha e varanda/quintal são os mais votados com 16 e 14 votos, aqui se marca a opção “outro” com 11 votos, como respostas os entrevistados citam escada de emergência, garagem, piscina, brise do Coapan, janela onde os vizinhos poderiam ver. Ainda com 11 votos se tem a sala de estar, banheiro com 7 votos, sala de jantar com 5 votos e lavanderia com 4 votos e justamente como um reflexo da questão “Em qual ambiente costuma praticar sexo em casa?”, o quarto é sem dúvidas o ambiente considerado menos inusitado.

Gráfico 14: Questão 13 - Onde já fez sexo em casa e que considera inusitado?

Cozinha

16

Varanda / quintal

14

Outro

11

Sala de Estar

11

Banheiro

7

Sala de Jantar

5

Lavanderia

4

Quarto

2

0

5

10

15

20

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 47

Para buscar entender quais fatores impedem os ambientes citados anteriormente de serem mais frequentemente utilizados para fins sexuais, pergunta-se sobre alguns fatores como “ter familiares convivendo na mesma casa” (com 42 votos), “falta de comodidade” (com 22 votos), “falta de interesse” em testar outros ambientes (9 votos), e “falta de interesse do parceiro” (2 votos). A opção “Outro” reflete-se nos comentários como falta de privacidade, ou por preferência em utilizar a cama, e fatores adversos como “chão frio” ou simplesmente por não estar num relacionamento com alguém. Privacidade, e questões como materialidade e temperatura serão discutidos no projeto proposto no próximo capítulo.

Gráfico 15: Questão 14 - O que impede de utilizar determinados ambientes domésticos para fazer sexo?

Familiares convivendo na mesma casa

42

Falta de comodidade

22

Falta de interesse

9

Outro

5

Falta de interesse do parceiro

2

0

10

20

30

40

50

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 48

Ao se perguntar sobre quais móveis funcionam como base/ apoio para praticar sexo, a resposta num contexto geral cria uma hierarquia - já esperada de certo modo- onde se tem a cama (com 59 votos), o sofá (51 votos), mesa (41 votos), e cadeira (36 votos). Foram citados na opção “Outros” locais como escadas, muretas, peitoril, chão, janela, aparador, cômoda, tampo de lavatório, batente de porta, parapeito, rede, até o brise do Copan não escapa. Houve um comentário que resume a intenção desta pergunta com: “Tudo é apoio se tiver imaginação”.

Gráfico 16: Questão 15 - Quais móveis funcionam como base/apoio para praticar sexo?

Cama

59

Sofá

51

Mesa

41

Cadeira

36

Outro

12

0

10

20

30

40

50

60

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 49

Agora chega a vez dos Locais formais de prática de sexo, locais edificados de uso público e acesso controlado, dos quais o Motel e o Hotel são os mais citados, com 48 e 42 votos. Não é claro se os hotéis citados são apenas motéis (que utilizam de um nome fantasia) ou se são mesmo hotéis de fato, a diferença e/ou similaridade entre o motel e o hotel não é abordada, afinal a tipologia arquitetônica dos dois é basicamente a mesma, salvo detalhes mais técnicos como fluxos e programa. O foco da questão é pautado na experiência do usuário, que em ambos é virtualmente parecida se levadas em conta as outras tipologias mencionadas posteriormente, como balada (21 votos), sauna (12 votos), drive in (7 votos), cinema pornô (7 votos), puteiro (6 votos), clube de striptease (4 votos), casa de dominatrix (1 voto), casa de swing (1 voto).

Gráfico 17: Questão 16 - Cite em quais desses locais já praticou sexo:

(locais edificados de uso

público e acesso controlado)

Motel

48

Hotel

42

Balada

21

Sauna

12

Outro

12

Drive in

7

Cinema Pornô

7

Puteiro

6

Clube de Striptease

4

Nenhum dos citados anteriormente

2

Casa de Dominatrix

1

Casa de Swing

1

0

10

20

30

40

50

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 50 Gráfico 18: Questão 17 - Com que frequência costuma ir a algum (alguns, ou todos) desses

Quando perguntados sobre a frequência que se costuma ir a algum destes lugares, uma parcela de 38.6% diz não ter uma especificidade de frequência. Outros 17.5% afirmam que vão “1 vez a cada 2 meses”, 14% “1 vez por mês”, 12.3% “1 vez a cada duas semanas”

locais?

Nunca

1 vez por semana 5.3%

3.5%

Outro 8.8% 38.6%

1 vez a cada duas semanas

12.3%

1 vez por mês 14% 17.5%

*

1 vez a cada 2 meses

Mais de 1 vez por semana

*nenhum participante dessa amostragem escolheu esta opção

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 51 Gráfico 19: Questão 18 - Costuma ir acompanhado ou sozinho?

No geral costumam frequentar estes locais acompanhados 76.4%, e apenas 7.3% alegam ir sozinhos. Como a variação de locais - em termos de propostas e tipologias - era muito grande, achou-se necessário colocar a opção “às vezes acompanhado, às vezes sozinho” e 16.4% dos entrevistados aderiu a esta resposta.

Sozinho 7.3% As vezes Acompanhado, as vezes Sozinho 16.4%

76.4%

Acompanhado

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 52

Para finalizar a questão dos lugares pergunta-se sobre situações mais urbanas e os espaços informais de prática de sexo. Nesta categoria, o carro tem 49 dos 60 votos, fazendo assim o mais comum entre os entrevistados; seguido da rua (35 votos), escada de emergência (33 votos), cinema (29 votos), banheiro público (26 votos), parque (21 votos), praça (20 votos), e local de trabalho (10 votos). Dando a opção de responderem “outro” (10 votos) ou “nenhum” (2 votos). Como exemplos de outros lugares ou situações são citados o metrô, faculdade, praia, rooftop, passarelas, pontes, centros culturais, galeria de arte, shopping center e até ruínas romanas de Arezzo. Gráfico 20: Questão 19 - Cite em quais desses locais já praticou sexo: (espaços urbanos e locais de uso público e acesso livre?)

Carro

49

Rua

35

Escada de Emergência

33

Cinema

29

Banheiro público

26

Parque

21

Praça

20

Local de trabalho

10

Outro

10

Nenhum dos citados anteriormente

0

2

10

20

30

40

50

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 53

52 dos 60 participantes afirmam ter ingerido álcool antes de uma relação sexual, 39 utilizaram maconha, 14 haxixe (subproduto da maconha), 18 ecstasy, 12 Lsd, 6 cocaína, 4 viagra (ou outros estimulantes), e 3 marcaram a opção “Outro”. Houve comentários dizendo que apesar de terem transado estando sob efeito de alguma das opções supracitadas, o intuito para utilizarem tais drogas não era praticar sexo em si, ou ao menos não foi a única intenção. Outra substância mencionada foi o “poppers”, relativamente comum na comunidade gay.

Gráfico 21: Questão 20 - Você já fez o uso de álcool ou drogas (lícitas ou ilícitas) para praticar sexo?

52

Alcool - Cerveja, Vinho, Cachaça e etc 39

Maconha - Erva - Cannabis 18

Ecstasy - Bala - Md Haxixe - Hash

14

Lsd - Doce - Ácido

12

Cocaina - Pó - Farinha

6

Estimulantes como Viagra, etc

4 3

0

10

20

30

40

50

60

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 54 Gráfico 22: Questão 21 - Você diria ter algum Fetiche?

2.1.3. Etapa 3 - Sobre Fetiche;

Para que seja possível usar o desejo sexual com parâmetro projetual, foram catalogados fetiches já praticados ou não pelos entrevistados, a fim de entender as vontades e os limites auto impostos. Tentou-se abranger uma boa quantidade de fetiches, mas logicamente não são os únicos possíveis, nem mesmo os únicos praticados ou desejados pelos entrevistados que citam diversos outros. Foram escolhidos fetiches considerados comuns, e fetiches que tem comunidades bem definidas, alguns deles específicos da comunidade gay.

Não

20.7%

Para iniciar a Etapa 3, é perguntado se a pessoa consideraria ter algum fetiche, quase 80% disseram que “sim” (79.3%), enquanto 20.7% marcaram “não”. A seguir se pergunta em quatro questões sobre esses determinados fetiches, quais já se experimentou e gostou; quais não se experimentou, mas gostaria; quais já se experimentou e não gostou; e quais nunca experimentou e não tem curiosidade.

Sim

79.3%

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 55

Os fetiches que mais já se experimentaram, e que tiveram respostas positivas foram respectivamente: Sexo em local público (41 votos), imobilização (31 votos), dominação (30 votos), vibradores e brinquedos eróticos (30 votos), BDSM (27 votos), submissão (26 votos), sadomasoquismo (15 votos), bear/ ursos (15 votos), exibicionismo (14 votos), sugar daddy (14 votos), sexo em local de trabalho (13 votos), fantasias temáticas (12 votos), couro - leather (12 votos), chicotes ou cintos (10 votos), golden shower (9 votos), chasers (9 votos), pés - podolatria (5 votos), fisting (5 votos), máscaras (4 votos); outros (7 votos), citado aqui o voyeurismo.

Gráfico 23: Questão 22 - Cite quais fetiches você já experimentou e gostou

Sexo em local público

41

Imobilização - por algemas, amarras, cordas, correntes e etc

31

Dominação

30

Vibradores e brinquedos eróticos num geral

30

BDSM - Bondage, Sado e Masoquismo

27

Submissão

26

Sadomasoquismo, sadismo ou masoquismo

15

Bear - Ursos

15

Exibicionismo - ter tesão pela possibilidade de alguém ver

14

Sugar Daddy

14

Sexo em local de trabalho

13

Fantasias temáticas

12

Couro - Leather

12

Chicotes ou Cintos

10

Golden Shower

9

Chaser - Pessoas que curtem Ursos

7

Outro

7

Pés - podolatria

5

Fisting

5

Máscaras

4

0

10

20

30

40

50

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 56

Já os fetiches ainda não realizados porém mais desejados são: Sexo em local de trabalho (18 votos), exibicionismo (16 votos), vibradores e brinquedos eróticos (15 votos), fantasias temáticas (15 votos), imobilização (14 votos), chicotes ou cintos (11 votos), sugar daddy (11 votos), dominação (9 votos), sadomasoquismo (9 votos), BDSM (8 votos), couro - leather (8 votos), sexo em local público (7 votos), submissão (5 votos), golden shower (5 votos), bear - ursos (4 votos), máscaras (4 votos), fisting (2 votos), pés - podolatria (2 votos), chasers (1 voto), e outros (2 votos). Citados também o shibari, fireplay, suruba.

Gráfico 24: Questão 23 - Cite quais fetiches você não experimentou mas gostaria

Sexo em local de trabalho

18

Exibicionismo - ter tesão pela possibilidade de alguém ver

16

Vibradores e brinquedos eróticos num geral

15

Fantasias temáticas

15

Imobilização - por algemas, amarras, cordas, correntes e etc

14

Chicotes ou Cintos

11

Sugar Daddy

11

Dominação

9

Sadomasoquismo, sadismo ou masoquismo

9

BDSM - Bondage, Sado e Masoquismo

8

Couro - Leather

8

Sexo em local público

7

Submissão

5

Golden Shower

5

Bear - Ursos

4

Máscaras

4

Fisting

2

Pés - podolatria

2

Outro

2

Chaser - Pessoas que curtem Ursos

1

0

5

10

15

20

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 57

A lista dos fetiches já experimentados que tiveram uma resposta negativa é a menor dentre as questões sobre fetiches, o que pode mostrar que afinal as pessoas estiveram abertas a testar experiências sexuais novas, e que na maioria das vezes essas experiências foram positivas. A seguir a lista dos fetiches testados mas com o maior indice de rejeição: Pés - podolatria (11 votos), golden shower (9 votos), submissão (6 votos), dominação (5 votos), outros (5 votos), fantasias temáticas (4 votos), sexo em local público (4 votos), exibicionismo (4 votos), fisting (3 votos), bear - ursos (3 votos), sadomasoquismo (2 votos), máscaras (2 votos), couro - leather (2 votos), sugar daddy (2 votos), vibradores e brinquedos eróticos (1 voto),chicotes ou cintos (1 voto), imobilização (0 voto), chasers (0 voto), BDSM (0 voto), sexo em local de trabalho (0 voto). Essa questão gerou uma série da comentário como “Gostei de todos que experimentei até agora”, “Não desgostei de nenhum”, e “Nenhum dos que experimentei foi ruim”.

Gráfico 25: Questão 24 - Cite quais fetiches você já experimentou mas não gostou Pés - podolatria

11

Golden Shower

7

Submissão

6

Dominação

5

Outro

5

Fantasias temáticas

4

Sexo em local público

4

Exibicionismo - ter tesão pela possibilidade de alguém ver

4

Fisting

3

Bear - Ursos

3

Sadomasoquismo, sadismo ou masoquismo

2

Máscaras

2

Couro - Leather

2

Sugar Daddy

2

Vibradores e brinquedos eróticos num geral

1

Chicotes ou Cintos

1

Imobilização - por algemas, amarras, cordas, correntes e etc

0

Chaser - Pessoas que curtem Ursos

0

BDSM - Bondage, Sado e Masoquismo

0

Sexo em local de trabalho

0

0

2

4

6

8

10

12

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 58

Para finalizar as 4 questões sobre a relação dos entrevistados e seus fetiche, se pergunta quais fetiches ainda não foram experimentados mas que se tem o minimo ou nenhum interesse ou curiosidade de experimentar, dentre eles: Fisting (30 votos), pés - podolatria (25 votos), golden shower (22 votos), chicotes ou cintos (21 votos), sadomasoquismo (21 votos), chasers (20 votos), bear - ursos (20 votos), máscaras (16 votos), couro - leather (15 votos), sugar daddy (15 votos), BDSM (14 votos), fantasias temáticas (13 votos), submissão (11 votos), dominação (9 votos), imobilização (9 votos), exibicionismo (7 votos), sexo em local de trabalho (5 votos), vibradores e brinquedos eróticos (3 votos), sexo em local público (2 votos), e outros (2 votos). Gráfico 26: Questão 25 - Cite quais fetiches você nunca experimentou mas não tem curiosidade

Fisting

30

Pés - podolatria

25

Golden Shower

23

Chicotes ou Cintos

21

Sadomasoquismo, sadismo ou masoquismo

21

Chaser - Pessoas que curtem Ursos

20

Bear - Ursos

20

Máscaras

18

Couro - Leather

15

Sugar Daddy

15

BDSM - Bondage, Sado e Masoquismo

14

Fantasias temáticas

13

Submissão

11

Dominação

9

Imobilização - por algemas, amarras, cordas, correntes e etc

9

Exibicionismo - ter tesão pela possibilidade de alguém ver

7

Sexo em local de trabalho

5

Vibradores e brinquedos eróticos num geral

3

Sexo em local público

2

Outro

2

0

5

10

15

20

25

30

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 59

Para fazer um paralelo rápido entre os locais nos quais já se praticou sexo e se obteve uma resposta positiva, e os locais nos quais as pessoas gostariam se praticar sexo, foram formuladas esta e a próxima questão. No que diz respeito aos lugares mais comuns, nomento o Quarto (57 votos) lidera a lista, seguido sem muita surpresa pela sala de estar (46 votos) e motel (41 votos), ainda são citados carro (39 votos), hotel (33 votos), banheiro (29 votos), escada de emergência (26 votos), rua (25 votos), cozinha (19 votos), sala de jantar (17 votos), varanda / quintal (17 votos), balada (17 votos), praça (15 votos), parque (14 votos), banheiro público (14 votos), e menos comumente a sauna (10 votos), o local de trabalho (9 votos), puteiro (5 votos), drive in (4 votos), cinema pornô (3 votos), lavanderia (2 votos), casa de swing (1 voto), clube de striptease (1 voto), casa de dominatrix (1 voto) e outros (1 voto).

Gráfico 27: Questão 26 - Cite os lugares que já praticou sexo e gostou da experiência Quarto

57

Sala de Estar

46

Motel

41

Carro

39

Hotel

33

Banheiro

29

Escada de Emergência

26

Rua

25

Cozinha

19

Sala de Jantar

17

Varanda / quintal

17

Balada

17

Praça

15

Parque

14

Banheiro público

14

Sauna

10

Local de trabalho

9

Puteiro

5

Drive in

4

Cinema Pornô

3

Lavanderia

2

Casa de Swing

1

Clube de Striptease

1

Casa de Dominatrix

1

Outro

1

0

10

20

30

40

50

60

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 60

Ao sinalizar quais locais as pessoas têm mais interesse ou curiosidade de praticar sexo, o local de trabalho (28 votos), sauna (26 votos), varanda / quintal (23 votos), e balada (21 votos) ficam a frente, mostrando que a situação, o contexto, a adrenalina e o novo fazem sim parte da fantasia que se constrói, também foram citados o hotel (18 votos), drive in (17 votos), parque (17 votos), cozinha (16 votos), casa de swing (16 votos), cinema pornô (14 votos), praça (14 votos), escada de emergência (14 votos), motel (13 votos), carro (13 votos), sala de estar (12 votos), rua (12 votos), quarto (11 votos), banheiro (11 votos), casa de dominatrix (11 votos), sala de jantar (10 votos), lavanderia (10 votos), banheiro público (9 votos), clube de striptease (8 votos), puteiro (6 votos) e outros (4 votos). Outros lugares que foram citados pelos entrevistados: Praia, cachoeira, lagoa, elevador, avião, ônibus, metrô, barco, palco, platéia, camarim, estúdio, festival de música, e qualquer outro lugar com a possibilidade de ser “pego”.

Gráfico 28: Questão 26a - Cite os lugares que gostaria de praticar sexo (que sentiria tesão, ou curiosidade de saber como é), dada a oportunidade

Local de trabalho

28

Sauna

26

Varanda / quintal

23

Balada

21

Hotel

18

Drive in

17

Parque

17

Cozinha

16

Casa de Swing

16

Cinema Pornô

14

Praça

14

Escada de Emergência

14

Motel

13

Carro

13

Sala de Estar

12

Rua

12

Quarto

11

Banheiro

11

Casa de Dominatrix

11

Sala de Jantar

10

Lavanderia

10

Banheiro público

9

Clube de Striptease

8

Outro

6

Puteiro

4

0

5

10

15

20

25

30

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 61

Uma grande maioria de pessoas optou por escolher o “Medo de contrair doenças (infecções) sexualmente transmissíveis” (37 votos) como algo que percebe ao pensar sobre sexo, apontam também a “Falta de locais descontraídos - menos estigmatizados “ (28 votos), a “Falta de naturalidade ao conversar sobre sexo com as pessoas” (22 votos), “Falta de locais apropriados na cidade” (21 votos), “Falta de flexibilidade para realizar algumas posições diferentes”(15 votos), “Não fazer parte de uma comunidade, ou não conhecer as pessoas com os mesmos fetiches”(15 votos), “Falta de comodidade, materiais têm texturas ou temperaturas ruins” (14 votos), “Falta de apoios ou pegadores nos locais, o que impossibilita manter certas posições por muito tempo”(12 votos), “Temor de ser julgado por algum fetiche” (10 votos), “Outro” (4 votos)

Gráfico 29: Questão 27 - Quais das alternativas costuma perceber sobre o tema “sexo” para você?

Medo de contrair doenças sexualmente transmisíveis - DST

37

Falta de locais descontraídos ( menos estigmatizados, mais ''de boa'')

28

Falta de naturalidade ao conversar sobre sexo com as pessoas

22

Falta de locais apropriados na cidade

21 15

Não fazer parte de uma comunidade

15

Falta de comodidade, materiais tem texturas ou temperaturas ruins

14

Falta de apoios ou pegadores nos locais

12

Temor de ser julgado por algum fetiche Outro

0

10 4

5

10

15

20

25

30

35

40

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 62

2.1.4. Etapa 4 - Sobre o Local Ideal do Sexo

Na etapa 4 busca-se parâmetros relacionados à arquitetura e ao imaginário comum acerca dos locais de prática de sexo, a fim de (como exercício projetual) propor um local ideal de sexo, mesclando as informações colhidas nas etapas 1, 2, 3 e 4. Empate técnico no que se refere à iluminação deste local imaginário, afinal foram 37 votos para “Iluminação diferente e colorida”, e 36 votos para “Iluminação comum e acolhedora” (que se refere a luzes “quentes”, difusas, mais comuns como ambientes residenciais).

Gráfico 30: Questão 28 - Ao imaginar um local ideal para transar, que tipo de iluminação você escolheria?

Iluminação comum e acolhedora

37

Iluminação diferente e colorida

36

0

5

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor

10

15

20

25

30

35

40


p. 63

Sobre a iluminação colorida, precisa-se ainda aferir quais cores utilizar neste espaço idealizado, as respostas tem como sua maioria a “Iluminação vermelha” (33 votos), e muitas citações à “Iluminação azul” (25 votos), “Iluminação roxa” (25 votos), “Iluminação rosa” (23 votos), e “Luz negra” (19 votos), já os menos votados seriam a “Iluminação laranja” (14 votos), “Iluminação amarela” (10 votos), “Iluminação verde” (6 votos), Algumas pessoas mantiveram sua escolha pela iluminação comum e acolhedora” (13 votos) e presumidamente não escolheram outras cores, a diferença em votos desta para a mesma opção na questão anterior é a que julga-se ter escolhido outras cores de iluminação, manifestando assim uma preferência mas também mantendo opções em aberto.

Gráfico 31: Questão 28a - Se escolheu “iluminação diferente e colorida”, quais destas escolheria?

Iluminação Vermelha

33

Iluminação Azul

25

Iluminação Roxa

25

Iluminação Rosa

23

Luz negra

19

Iluminação Laranja

14

Eu escolhi iluminação comum e acolhedora

13

Iluminação Amarela

10

Iluminação Verde

6

0 Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor

5

10

15

20

25

30

35


p. 64

Ao perguntar quais tipos de iluminação seriam utilizados neste projeto, os entrevistados marcaram sua preferência pela iluminação”Indireta iluminando o chão ou paredes” (33 votos), “Dimerizável - ajustável” (30 votos), e “Em neon” (26 votos), diferentemente pela iluminação “Difusa - o ambiente todo iluminado por igual” (21 votos), e pela “Focal - iluminando pontos de interesse” (9 votos),

Gráfico 32: Questão 28b - Gostaria que essa iluminação fosse:

0

5

10

15

20

25

30

35

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 65

Sobre a temperatura ideal interna deste espaço seria “Temperatura do ambiente mais quente” (26 votos), ou “Temperatura do ambiente mais fria” (24 votos), com menor frequência seria uma “Temperatura do ambiente igual a exterior, indiferente se está quente ou frio” (16 votos).

Gráfico 33: Questão 29 - Ao imaginar um local ideal para transar, quais temperaturas você escolheria?

0

5

10

15

20

25

30

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 66

Acerca dos sons tocados pelos sistema de som deste projeto, a maioria dos entrevistado prefere um espaço “Com música ambiente - música mais baixa e atmosférica como instrumental” (34 votos), apesar disso, deverão existir ambientes “Sem sons ou música” (23 votos), e ambientes “Com música - com letra, algum intérprete cantando” (23 votos), a menor parcela aposta nos ambientes “Com sons - Leves ruídos como sons de vento, chuva, mar” (18 votos).

Gráfico 34: Questão 30 - Ao imaginar um local ideal para transar, quais sons você escolheria?

Com música ambiente - Música mais baixa e atmosférica como instrumental

34

Sem sons - Ou música

23

Com música - Com letra, algum intérprete cantando

23

Com sons - Leves ruídos como sons de vento, chuva, mar

18

0

5

10

15

20

25

30

35

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 67

Sobre a materialidade que se imagina compondo este espaço, os mais citados são respectivamente os “Tecidos” (40 votos), “Madeiras” (38 votos), “Textura aveludada” (38 votos), “Espelhados” (33 votos), “Textura lisa” (28 votos), “Transparentes” (27 votos), “Couro” (26 votos), “Materiais emborrachados” (21 votos), “Concreto ou Cimento” (18 votos), “Felpudos” (18 votos), “Metais” (11 votos), “Textura porosa ou áspera” (8 votos). Nota-se que as texturas ou materiais mais frios, ásperos, ou de dificil manutenção são os menos votados.

Gráfico 35: Questão 31 - Ao imaginar um local ideal para transar, quais materiais você escolheria?

Tecidos

40

Madeiras

38

Textura aveludada

38

Espelhados

33

Textura lisa

28

Transparentes

27

Couro

26

Materiais emborrachados

21

Concreto ou Cimento

18

Felpudos

18

Metais

11

Textura porosa ou áspera

8

0

5

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor

10

15

20

25

30

35

40


p. 68

Ao buscar entender uma relação de proporção entre espaços abertos e reservados, íntimos e amplos, perguntase quais seriam os preferidos, vê-se então “Espaço amplo e reservado” (37 votos), “Espaço intimista e aberto” (32 votos), “Espaço intimista e reservado” (29 votos), e por fim “Espaço amplo e aberto” (16 votos).

Gráfico 36: Questão 32 - Ao imaginar um local ideal para transar, quais tipos de espaço você escolheria?

Espaço amplo e reservado

37

Espaço intimista e aberto

32

Espaço intimista e reservado

29

Espaço amplo e aberto

16

0

5

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor

10

15

20

25

30

35

40


p. 69

Considera-se essenciais nesse espaço idealizado de prática de sexo se “Poder assegurar a intimidade entre o casal” (47 votos), a “Segurança” (42 votos), a “Limpeza constante” (40 votos), e a “Facilidade de expressar sua sexualidade de forma recreativa” (34 votos), “Organização e tecnologia” (25 votos), “Intimidade entre casais” (21 votos), “Facilidade de transar com pessoas desconhecidas” (16 votos), e por fim “Facilidade de expressar sua sexualidade de forma artística ou política” (14 votos). Nota-se então que existe uma pretensão de uso grande desse local por casais abertos a novas experiências e fetiches.

Gráfico 37: Questão 33 - Ao imaginar um local ideal para transar, quais fatores considera essenciais?

Poder assegurar a Intimidade entre o casal

47

Segurança

42

Limpeza constante

40

Facilidade de expressar sua sexualidade de forma recreativa

34

Organização e tecnologia

25

Intimidade entre casais

21

Facilidade de transar com pessoas desconhecidas

16

Facilidade de expressar sua sexualidade de forma artística ou política

14

0 Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor

10

20

30

40

50

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 70

A política de preços abordada pode ser também uma variável no que diz respeito à frequência de um público específico, a resposta mais comum é que se prefere um “Preço justo - afinal quero usufruir de um bom lugar, e ver investimento em novidades para poder ir sempre” (45 votos), e “Preço acessível partindo do pressuposto de que ‘quanto mais melhor’ “ (15 votos), já o “Preço elevado - como forma de ‘selecionar o público’ “ (4 votos) é a opção com menor número de votos, presumidamente por se preferir pela natureza do espaço que seja mais movimentado e acessível.

Gráfico 38: Questão 34 - Ao imaginar um local ideal para transar, qual abordagem de preços você preferiria?

Preço Justo

45

Preço acessível

15

Preço Elevado

4

0 Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor

10

20

30

40

50


p. 71

Sobre a localização deste local idealizado, se responde ser mais importante um “Local com uma boa localização” (42 votos), “Local com entrada discreta” (34 votos), “Local no centro da cidade” (24 votos), ao invés de acontecer às margens da cidade como muitos motéis (“Local mais longe do centro da cidade” com 6 votos).

Gráfico 39: Questão 35 - Ao imaginar um local ideal para transar, sobre a localização, o que você preferiria?

Local com uma boa localização

42

Local com entrada discreta

34

Local no centro da cidade

24

Local mais longe do centro da cidade

6

0

10

20

30

40

50

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 72

Sobre o partido arquitetônico as respostas se deram da seguinte forma: Primeiramente “Arquitetura com formas fluidas” (32 votos), e ao mesmo tempo uma “Arquitetura que revela seu interior” (24 votos), “Arquitetura que se move” (22 votos), e “Arquitetura que finge não ser um espaço de sexo” (22 votos), a opção menos votada é a da “Arquitetura com ângulos retos” (16 votos). Pode-se pensar neste conjunto de respostas por instintivamente o ser humano se atrair pela forma curva, afinal não existem ângulos retos na natureza, e um espaço mais orgânico, fluido, e não linear se mostrar mais interessante, e descontraído. Gráfico 40: Questão 36 - Ao imaginar um local ideal para transar, sobre a arquitetura de forma geral, o que você preferiria?

Arquitetura com Formas Fluidas

32

Arquitetura que revela o interior

24

Arquitetura que se move

22 22

Arquitetura com ângulos retos

16

0

5

10

15

20

25

30

35

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 73

Sobre a paleta desse projeto idealizado, pensando nas cores empregadas nas paredes, portas, mobiliário, iluminação, decoração e fachada, os participantes responderam preferirem “Tons saturados” (27 votos), contudo os “Tons pastéis” (19 votos) não se mostram uma minoria desimportante. As cores que melhor representam esse espaço para a prática de sexo (segundo os entrevistados) seriam: “Cor preta” (34 votos), “Cores em tons de vermelho” (28 votos), “Cores em tons de cinza” (25 votos), “Cores em tons de rosa” (21 votos), “Furta-cor - Holográfica” (20 votos), “Cores em tons de azul” (19 votos), “Cores em tons de roxo” (18 votos), “Cor branca” (18 votos), “Cores em tons de laranja” (14 votos), “Cores em tons de amarelo” (11 votos), “Cores em tons de verde” (8 votos). Gráfico 41: Questão 37 - Ao imaginar um local ideal para transar, quais cores que “te dariam tesão” e fariam parte da paleta do lugar? Pense em portas, paredes, mobiliário, iluminação, decoração, fachada, etc

Cor Preta

34

Cores em tons de Vermelho

28

Tons Saturados

27

Cores em tons de Cinza

25

Cores em tons de Rosa

21 20

Tons Pasteis

19

Cores em tons de Azul

19

Cores em tons de Roxo

18

Cor Branca

18

Cores em tons de Laranja

14

Cores em tons de Amarelo

11

Cores em tons de Verde

6

0

5

10

15

20

25

30

35

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 74

Como fatores decisivos para a criação e manutenção do fetiche e tesão, os entrevistados apontam por ordem de relevância suas “Experiências vividas” (47 votos), “Experiências idealizadas” (44 votos), “Pornografia” (42 votos), “Cinema” (31 votos), “Experiências traumáticas” (9 votos), e “Outro” (2 votos).

Gráfico 42: Questão 38 - Se procurar os fatores que constituem seu repertório sexual, fetiches, tesão e etc, quais seriam?

0

10

20

30

35

40

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


p. 75 Gráfico 43: Questão 39 - Diria que a arquitetura pode influenciar o modo como

Para finalizar a pesquisa é perguntado se o entrevistado acredita que a Arquitetura possa influenciar o modo como se expressa a sexualidade e como se pratica sexo. 68.4% responderam “Sim, definitivamente a arquitetura influencia nosso modo de viver e nos relacionar”, e outros 29.8% alega “Talvez, acredito ser possível mas não tenho como afirmar ou negar”, uma minoria responde “Não, afinal a arquitetura está em segundo plano” (5,3%).

expressamos a nossa sexualidade e como praticamos sexo?

5.3%

29.8%

68.4%

Fonte: O FETICHE, 2019. Gráfico elaborado pelo autor


capĂ­tulo 3


PROPOSTAS PROJETUAIS


p. 78

3. PROPOSTAS PROJETUAIS

3.1. Referências Projetuais

O seguinte capítulo apresentará uma proposta de espaços esquemáticos, como exercício de prospecção projetual, pautado nas respostas oriundas do formulário elaborado pelo autor.

Ao procurar entender mais sobre determinados espaços e estudar sua natureza, entende-se que os locais para prática de sexo - que são regidos econômica e socialmente por aspectos culturais - são lugares codificados. Isso significa que, são submetidos a regras sociais não ditas - regras de convívio, comportamento, e utilização do espaço, que não são formais, escritas e nem mesmo faladas - impostas pelos usuários frequentadores e reforçadas pela arquitetura.

A arquitetura deixa de existir como forma, tornando-se um mecanismo que pode estimular a imaginação. [...] Um lugar é uma atmosfera modelada para atender às necessidades e fantasias do ocupante, não uma estrutura fixa que impõe um determinado comportamento. Esses ambientes psico-sensoriais permitem a emancipação de convenções e a reapropriação do espaço. [...] Libertinagem representa a possível experiência de liberdade; procede da desobediência à norma, ou à regra. Refúgios projetados para privacidade e prazer, fora do ambiente familiar, funcionam como bolhas, como interstícios de liberdade. [...] Eles também mostram como a arquitetura pode servir para construir e encenar o desejo. (FERRÉ, 2016 p. 176)6

As cidades sempre tiveram espaços públicos codificados, nascidos da necessidade (dos indivíduos) de encontros sexuais socialmente proibidos ou mesmo puníveis por lei. Grupos de pessoas excluídas ocupam certas ruas, bairros de ‘má reputação’ são estabelecidos, parques a uma determinada hora do dia são refúgio para casais, e banheiros públicos, e banhos públicos constituem locais de encontro. Aqueles iniciados em uma prática ou outra têm mapas (mentais) específicos de uma cidade que permanece oculta da vista aos não iniciados. O risco inerente à natureza pública do local aumenta o prazer do encontro íntimo. (FERRÉ, 2016 p. 186)7


p. 79

3.1.1. Sauna Hotel Chili Peppers – São Paulo

3.1.2. Exodus – Rem Koolhaas et al. – Londres

Para se estudar estas regras não ditas e entender situações cotidianas, a fim de utilizar como referência projetual e desmistificar o imaginário acerca da sauna gay, foi feita uma visita técnica que gerou um relatório e uma pesquisa de caráter descritivo. Buscou-se observar qualitativamente diferentes referências e soluções arquitetônicas desse local formal de prática de sexo, apontando características comuns aos frequentadores e entender as regras impostas pela arquitetura e pelo contexto e situação.

Exodus é um projeto ambicioso, muito maior e mais complexo do que o ensaio que se pretende fazer nesta monografia. Ele se caracteriza por levantar a discussão do sexo na arquitetura sensorial, se valendo de sua localização e monumentalidade numa área no centro da cidade de Londres, que seria simplesmente demolida.

O 269 Chili Peppers single hotel (vide apêndice) é uma referência no âmbito de programa de necessidades. Dessa forma, utiliza-se em projeto a mesma lógica de disposição de ambientes

Em 1973, Rem Koolhaas e Elia Zenghelis, juntamente com Madelon Vriessendrop e Zoe Zenghelis, criaram uma ficção gráfica balardiana, intitulada Exodus ou The Voluntary Prisoners of Architecture (Os prisioneiros voluntários da Arquitetura), que de certo modo tem conexões com os trabalhos do Superstudio. Segundo Koolhas, ‘Exodus procura erradicar uma área do centro de Londres para estabelecer uma faixa de vida altamente metropolitana, inspirada por Baudelaire, e proteger esta parte da cidade com muros, criando a máxima diversidade e máxima contraste. Os cidadãos de Londres poderiam escolher: aqueles que desejavam ser admitidos nessa zona hiperintensiva tornaramse prisioneiros voluntários da arquitetura.’ (FERRÉ, 2016 p. 172)8


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Apesar da ideia radical e do conceito polêmico, mostra-se aqui como a arquitetura pode ser desenvolvida em sua totalidade a partir da consciência da percepção humana. O muro protege um paraíso arquitetônico que realiza todos os sonhos e pesadelos dos reclusos. Os cativos voluntários passarão por uma série de espaços de iniciação onde experimentam a arquitetura enquanto treinam para uma nova vida. É uma ‘tira’ baseada na busca de uma nova monumentalidade por meio de suas praças adjacentes: a área de recepção; a faixa; a área central; a Praça Cerimonial (cuja única função é acomodar uma mistura de exercícios físicos e mentais em um tipo de Olimpíada); a Tip of the Strip (a linha de frente da guerra arquitetônica dos salários na velha Londres); o Parque dos Quatro Elementos (fogo, água, terra e ar com seus pavilhões de experiências sensoriais), onde o templo do ar emite gases alucinógenos e nuvens de cor para criar um clima de alegria, depressão e serenidade; e a Praça das Musas (que faz parte da coleção do Museu Britânico), onde são exibidas telas em branco e plintos vazios (‘eles exibem sua memória, permitindo que seus provocantes espaços vazios sejam preenchidos’). E depois há os banhos. Essa construção é um “condensador social” cuja função é ‘criar e reciclar fantasias públicas e privadas, inventar, testar e possivelmente introduzir novas formas de comportamento’. Assim como a casa do prazer, o Oikema, imaginada por Claude-Nicolas Ledoux no final do século XVIII, os espaços são divididos em zonas de espetáculo, exibicionismo, sedução e encontros (as piscinas) e células de consumação. ‘Essas células estão equipadas para incentivar a indulgência e facilitar a realização de fantasias e invenções sociais; eles convidam todas as formas de interação e troca. (FERRÉ, 2016 p. 172)9

3.1.3. Cosmococa – Hélio Oiticica - Inhotim

A galeria Cosmococa, por sua vez, não é um local formal ou informal de prática de sexo, mas é utilizada como referência. O pavilhão se assemelha a grandes blocos de pedra, sem muita emoção por seu exterior, mas ao adentrar o espaço central que sua genialidade dá as caras. As salas parecem ter portas iguais, e não possuem placas, cada sala lida com aspectos diferentes da percepção espacial. Apreciar a Cosmococa é, primeiramente, se abrir para uma série de experimentações, afinal a instalação de arte só existe a partir do momento que existem pessoas vivenciando o espaço. Hélio Oiticica e D’Almeida conseguem, através desses Blocos-Experiências, brincar com a percepção do usuário, ao mesmo tempo que brinca com luz, cor, forma, textura, temperatura e som. A seguir, um breve panorama dos Blocos-Experiências: Sala com Colchonetes, que indica uma ideia de aconchego e descanso, a Sala com Redes, que trabalha o movimento pendular, onde as pessoas podem descansar ou brincar, a Sala com Formas Geométricas e Piso de Espuma que estimula um ambiente lúdico e divertido, Sala com piso Irregular, que gera estranheza porque o chão parece fofo porém ao pisar nota-se é de concreto, e a Piscina Fria que é mantida assim para gerar um choque de temperatura e amortecimento dos músculos. Ao analisar o que faz desta galeria especial, vemos que é porque a arquitetura não se anula em prol do bem-estar, ela gera desconforto, estranheza, mas ao mesmo tempo não nega a familiaridade e aconchego.


p. 81 Figura 1: Esquema da Galeria Cosmococa

Fonte: Elaborado pelo autor.


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3.2. O PROJETO A partir dos conceitos desenvolvidos durante a elaboração desse trabalho, elaborou-se uma série de prospecções projetuais a fim de explorar relações entre espaço e usuário. Estes, seriam ambientes e situações - sexuais ou sexualizadas - como repertório e diretrizes pautados na aplicação da fenomenologia a partir da percepção humana, do fetichismo no espaço construído, e do exercício da sexualidade (como necessidade e como recreação). Traduzindo, assim, fetiche em arquitetura, levando em consideração as relações sexuais informais urbanas, projetadas aqui em um espaço formal de prática de sexo. Utilizamos a pesquisa “O Fetiche, o Imaginário Sexual Coletivo, e a Arquitetura’’ como um dos parâmetros para se determinar o partido arquitetônico - como materialidade, do fetiche e da espacialidade - espera-se que haja uma maior relação e sentimento de pertencimento com o lugar, pois neste espaço projetado o usuário tende a se reconhecer, e explorar seus desejos, num ambiente de sexo livre e idealmente sem preconceitos. Os ambientes propostos têm como objetivo nutrir um sentimento de pertencimento do usuário através do reconhecimento de seus desejos no espaço arquitetônico, transformando assim o fetiche num agente fundamental para o projeto, trabalhando então com a dimensão física e a dimensão evocativa (imaginária) do projeto.

Uma obra de arte existe simultaneamente em duas realidades: de um lado, a física, de sua essência e produção materiais; e de outro, a realidade evocativa de sua imagem artística e estrutura expressiva. Uma pintura é uma imagem sobre a tela e um retrato ou mundo imaginário. Uma escultura, da mesma maneira, é um objeto com utilidade, matéria e estrutura e uma metáfora existencial espaço-temporal. Quando estamos sentindo uma obra de arte, nossa consciência fica suspensa entre essas duas realidades e a tensão entre elas carrega a obra com um poder hipnótico. (PALLASMAA, 2018, p. 49)


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Sendo a natureza deste projeto um ensaio, de caráter experimental que abre portas para um campo pouco discutido na arquitetura, o sexo tem como intenção justamente que se instaure um debate acadêmico acerca do assunto. É uma contradição que uma das atividades mais naturais do ser humano (aliás de qualquer animal), sem a qual nenhum de nós estaria vivo, seja tratada como um tabu, sobre o qual conversar parece um crime. [...] O campo da arquitetura e urbanismo deve estar atento a qualquer questão que seja importante para a sociedade, pois o agenciamento do espaço físico onde se desenvolvem todas as atividades humanas nos diz respeito e tem parte importante no enfrentamento de questões importantes como essa. [...] A interferência que temos o poder de causar no espaço físico, através de propostas projetuais, é muito mais poderosa do que se pode imaginar. A Arquitetura e o Urbanismo ajudam a definir comportamentos da sociedade e a colocar em pauta discussões que se ampliam e ganham mais profundidade quando discutidas pelo resto da sociedade. E como nossa disciplina interage com uma gama enorme de outras áreas do saber (com a sociologia, com a história, com a arte, com a engenharia e etc etc etc) a potência dessas provocações temáticas pode ter um alcance relevante para a própria sociedade, bem maior do que costumamos imaginar. (VETYEMY, 2019)

Preza-se por testar atmosferas distintas, materiais, situações, luzes, cores, sons, formas, texturas, situações, a fim de ampliar sentimentos, sensações e experiências, pensando assim na arquitetura de forma holística e fenomenológica, utilizando o fetiche e a experiência (sensorial e sexual) como norte projetual. Como Pallasmaa aponta, citando Montagu, existe uma carência humana a respeito da arquitetura que sempre foi regida pelo sentido da visão em detrimento dos outros sentidos. Nós do mundo ocidental, estamos começando a descobrir nossos sensos negligenciados. Essa conscientização crescente representa, de certo modo, uma insurgência atrasada contra a privação dolorosa da experiência sensorial que temos sofrido em nosso mundo tecnológico. (MONTAGU, 1988 apud PALLASMAA, 2018, p. 50)

Cita também Asplund para fazer sua crítica: A ideia de que somente o projeto, que é compreendido visualmente, pode ser arte, é uma concepção pobre. Não, tudo captado por nossos outros sentidos por meio de toda nossa consciência humana e que tem a capacidade de comunicar desejo, prazer ou emoção também pode ser arte. (ASPLUND, 1980 apud PALLASMAA, 2018, p. 53)


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Por fim Pallasmaa conclui o pensamento comparando o novo momento da arquitetura e a arquitetura moderna. Essa transição implica um afastamento da ênfase predominante visual na arquitetura moderna em direção de uma sensibilidade material e tátil. O controle formal externo e o efeito visual são substituídos por um senso reforçado de interioridade e intimidade tátil. A materialidade sensual e o senso da tradição evocam experiências benevolentes de duração natural e continuum temporal; não habitamos somente no espaço, também habitamos no continuum da cultura, do tempo e da memória. Enquanto a arquitetura visual da forma pura tenta parar o tempo, a arquitetura tátil e multissensorial da matéria torna a experiência do tempo reconfortante, revigorante e prazerosa. (PALLASMAA, Juhani, 2018, p. 54).

Ao final de seu livro Essências, Pallasmaa faz um apelo: Está surgindo um interesse pelos fenômenos das atmosferas, ambiências, sentimentos, humores e sintonias, bem como pelo entendimento da real natureza multissensorial e simultânea da percepção. Esse novo interesse na experiência está redirecionando a pesquisa da forma e das estruturas formais para experiências dinâmicas e processos mentais. É evidente que quando o foco muda da realidade e da forma físicas para a realidade e a emoção mentais, a metodologia do estudo também deve mudar. [..] No estudo da essência experiencial da arte e da arquitetura, são necessárias as perspectivas filosóficas relevantes, bem como o entendimento e a intuição dos fenômenos perceptuais e mentais, da memória e da imaginação. A fim de compreender a experiência humana, devemos largar os processos semicientíficos de medição e abraçar a coragem e o desejo de viver e abordar a arquitetura diretamente e por meio de nosso próprio ato de viver. (PALLASMAA, 2018, p. 117)


THERMAS PROFANO ESTÚDIOS URBANO

Sobre o projeto a seguir é importante ressaltar que todos os ambientes descritos disponibilizam preservativos, lubrificantes e água (em bebedouros) de forma gratuita. Afinal itens como esses são de suma importância para a saúde pública e individual, outras marcas de preservativos e lubrificantes, brinquedos sexuais, vestimentas, e outros tipos de bebidas alcoólicas e não alcoólicas são itens pagos, conseguidos no bar, ou em máquinas (vending machines) especializadas.

TÉRREO

Não existe um percurso único e claro, a intenção do projeto é justamente manter o fator surpresa instigando o usuário a descobrir a Arquitetura e se deixar colocar em novas situações.



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3.2.1. Térreo - Contato

O Térro é o piso que tem contato direto com o mundo exterior, possui nele a recepção, o espaço de eventos, o estacionamento, o labirinto, e o vestiário.



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3.2.1.1. Dogging / Estacionamento Deve-se atender o maior número de pessoas que chegariam até o edifício a pé, utilizando os diversos modais de transporte público, afinal segundo a pesquisa se acha melhor um local que se encontra no centro da cidade, com acesso facilitado pela infraestrutura urbana. Para o caso de se haver um estacionamento, deve-se mantê-lo nos fundos do lote, assim unindo a área a um fetiche praticado em determinadas regiões da cidade, o Dogging. Dogging consiste em estacionar o carro numa rua pouco movimentada, (pode-se ir sozinho ou acompanhado), para praticar sexo em um espaço público (exibicionismo); existem pessoas que podem se aproximar e assistir (voyeurismo) ou interagir (sexo com pessoas desconhecidas). Uma série de fatores e regras não ditas estão em ação. Ao incorporar o dogging no programa se pode aproveitar melhor do espaço do estacionamento, a entrada para pedestres seria livre nesta área, e para a permanência do automóvel por mais de 2h seria cobrado 20 reais. Deve-se pensar na implantação do estacionamento para que não seja visto da rua, com fechamentos visuais vegetais ou artificiais. O piso poderia ser coberto com pedras/brita pois emitem sons à medida que se chocam umas nas outras, o que pode sinalizar um carro ou pessoa se aproximando.



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3.2.1.2. Recepção A entrada do edifício, deve comportar no programa de necessidades a administração (escritório, sala de reunião, banheiros, refeitório/cozinha, e área técnica como servidores e almoxarifado para limpeza), recepção, e chapelaria e um salão para acomodar eventuais filas. Este é um ambiente que ainda se vale da lógica do mundo exterior, é simplesmente minimalista e funcionalista, nele escolhe-se a cor preta (cor mais escolhida na pesquisa) para piso, paredes, e teto, com iluminação focal nos caixas, e demais pontos de interesse. Da recepção pode-se ir para o espaço de eventos (1 porta que leva a por um caminho reto), ou para o labirinto (com 3 portas que dão acesso a caminhos sinuosos que levam ao restante do programa do edifício).



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3.2.1.3. Espaço de Eventos Pensa-se neste espaço como um ambiente coringa, preparado para diversos programas distintos, como Balada (com isolamento acústico, estrutura para iluminação, caixas de som, banheiros, cozinha/bar, e fumódromo), teatro para peças lbgtq+ que contenham ou não nudez (com a possibilidade de se montar uma plateia, e espaço para camarim, e área técnica), workshops e rodas de conversa (com paredes modulares, pode-se usar o ambiente aberto, ou com o número de salas necessário) e eventualmente como ponto para testes rápidos de infecções sexualmente transmissíveis (podendo ser um evento aberto também para a cidade).



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3.2.1.4. Labirinto Após chegar à recepção, o cliente precisa escolher uma das três portas e desbravar o labirinto antes de adentrar o edifício. Este labirinto simboliza o processo de descoberta e desconstrução, funcionando como um portal entre a lógica do mundo exterior e a natureza surreal do lugar que se está prestes a entrar e usufruir. Este é o momento em que os olhos ainda estão ofuscados pela luz, e tentam se acostumar com a sua falta, é o momento onde a tatilidade começa a se mostrar mais presente, afinal no escuro quase total é preciso se usar as mãos e braços e ir tateando o ambiente, que tem materiais ásperos e porosos (como algum tipo de pedra bruta), relevos nas paredes e piso ajudam com a localização, e setas instaladas no teto piscam em intervalos de 10 segundos, guiando assim ao final (o vestiário).



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3.2.1.5. Vestiário O vestiário é o primeiro ambiente no qual se entra após o labirinto, sua iluminação é indireta com led marcando o rodapé do lugar, nele armários de metal com fechamento por senha se localizam, estes armários são cubos de 60x60x60cm, o piso (que no labirinto era de pedra desregular) passa a ficar nivelado, as paredes são preenchidas por armários (até a altura máxima necessária, o final das paredes e o teto tem o mesmo revestimento que o chão). Relações sexuais aqui são menos comuns porém ainda possíveis. A paleta de cores se mantém relativamente sóbria, com tons terrosos para serem uma transição menos brusca entre a cor preta encontrada na recepção e o escuro do labirinto. Aqui são oferecidos chinelos e toalhas sem custo adicional, podem ser dispostos também algumas peças de fantasia como chapéus e óculos escuros (para outras peças - novas e pagas - se deve ir até a área BDSM e arredores).



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3.2.2. Primeiro Piso - Urbano

O Piso Urbano representa algumas formas de interação sexual comuns na cidade, nele ficam o bar e o lounge, os banheirões, os gloryholes, o cinema erótico, e quartos locais.



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3.2.2.1. Lounge Inspirado nos ambientes maximalistas de Verner Panton, o lounge traz móveis com designs mais orgânicos e coloridos, uma paleta de cor variadas com tons de azul, roxo, rosa, laranja, e amarelo, com texturas aveludadas e iluminação sutil e indireta, com alguns pontos focais marcando o desenho do espaço. O lounge é o primeiro ambiente depois do vestiário, e funciona como um espaço para se começar a ficar mais à vontade com a nudez. Músicas conhecidas tocam ao fundo, dando a esse ambiente uma atmosfera mais descontraída. Nele se pode tomar um café ou cerveja, conversar com alguém, ou fazer qualquer outra coisa.



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3.2.2.2. Bar O bar se vale de materiais iluminados, como placas de policarbonato translúcidas coloridas, que de certo modo continuam na mesma paleta do lounge; aqui são vendidos diversas marcas de preservativos e lubrificantes (lembrando que preservativos e lubrificantes são distribuídos gratuitamente em todos os ambientes), comidas e bebidas alcoólicas e não alcoólicas. O bar é uma também uma boa oportunidade para uma prática conhecida como sushi erótico (que pode acontecer eventualmente) consistindo de um voluntário para ficar nú e servir de bandeja/base para o sushi (ou qualquer outra comida se for previamente acordada com a administração e o bar).



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3.2.2.3. Banheirão O banheirão que retrata um local informal de prática de sexo, é marginalizado mas muito difundido, pensa-se em abordar o espaço com revestimentos com texturas variadas, e cores que vão desde branco, a azul escuro, roxo e vinho, neles haverão vários mictórios sem repartições, quatro chuveiros (com ducha higiênica), e um sanitário (que fica à parte, para se ter mais privacidade. Módulos de banheirão como este podem se repetir nos demais andares.



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3.2.2.4. Cinema erótico As cortinas de camurça começam timidamente a aparecer atrás do bar, vão ganhando cada vez mais notoriedade, com o tempo gemidos que eram quase inaudíveis começam a aumentar seu volume, até levarem o indivíduo até o cinema. O cinema pornô é um programa que se mantém ativo ainda hoje, (atuando para um público mais velho). Na projeção filmes pornô diversos, desde os mais antigos ao mais atuais, com uma mostra diferente todo mês. As poltronas de couro (que são de fácil limpeza), e as cortinas (que são tratadas para permanecerem repelentes à água) por si só já dão a este lugar a atmosfera necessária. As interações sexuais vão desde a masturbação individual ou multua, até sexo grupal, afinal o objetivo de se apresentar a proposta do cinema pornô é para complementar o andar (1º Piso - Urbano) com um espaço passível de acontecer sexo em grupo (que não seja o banheirão). No horário do almoço (que presume-se ser menos movimentando em comparação com a noite) o Bar poderia servir pequenas porções de pipoca.



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3.2.2.5. Gloryhole Os gloryholes são sintomáticas urbanas informais e impessoais, buracos (em geral feitos nas repartições de cabines de banheiros) para que se introduza o pênis e que algum desconhecido (na maioria das vezes) pratique sexo oral, ou deixe-se ser penetrado analmente. Aqui cria-se um pequeno labirinto de gloryholes, com placas modulares, que possuem buracos redondos (como originalmente se encontram, e a uma altura de 85cm do chão) e/ou elípticos (num esforço de acomodar ergonomicamente pessoas que tem entre 1,5m e 1,9m de altura). Este ambiente conta com o mesmo piso emborrachado do cinema, e suas paredes modulares são de osb (com pintura impermeabilizante), o que pode deixar o ambiente com um cheiro característico.



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3.2.2.6. Quartos locais “Tem local?” é uma das perguntas mais feitas quando se conhece alguém novo e que se tem intenção de beijar ou transar, baseado nisso e na grande maioria dos entrevistados que pediu que se garantisse a privacidade entre o casal, se utiliza do advento dos quartos locais, que são cubículos com 6 metros quadrados, que contém uma cama, um cofre/ armário/locker, e um sofá ou poltrona. A disposição dessas locais no espaço se dá como assentamentos urbanos, o piso deste ambiente na área dos corredores é asfalto, a iluminação se dá por neons e postes, os quartos locais representam as casas, neste cenário, feitos com tijolinho aparente por fora, e com isolamento acústico por dentro, piso vinílico, com uma iluminação dimerizável e ajustável entre difusa e indireta, branco-amarelada e colorida, e um sistema de som com entrada auxiliar e bluetooth, e uma televisão equipada com um aparelho chromecast (ou similar), assim o casal pode se sentir num ambiente mais acolhedor, e descansar após ficar algumas horas usufruindo do edifício.

O diferencial deles para os quartos de motel é a interação proposta, afinal não se quer que a experiência seja exatamente a mesma, a ideia então é quebrar com o conceito individual do quarto-suíte; vê-se então o banheiro, com chuveiros, pias e sanitários se tornar público, e usuário só pagaria pelo quarto local de acordo com o tempo permanecido (pode ser facilmente implementado um sistema de pulseiras ou comandas). Eles constituem juntamente com as áreas do cinema, dos gloryholes, do banheirão, do bar e lounge o andar caracterizado como urbano.



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3.2.3. Segundo Piso – Estúdios

O Piso Estúdios se caracteriza pelos seus espaços compartilhados, pelos fetiches referentes aos locais de trabalho e pelo tesão em ser visto. Neste andar ficam o estúdio pornô, o estúdio pornô, e o jardim (ou área de sexo ao ar livre).



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3.2.3.1. Estúdio Pornô Como uma forma de tornar o sexo num âmbito doméstico mais inusitado (e novamente não repetir a tipologia de quarto de motel) pensa-se em criar uma série de cenários, como um quarto, sala, cozinha, varanda, lavanderia, banheiro dentro de um estúdio pornô, que poderia ser utilizado de graça por clientes amadores, e ser alugado por hora para estúdios reais. Os clientes poderiam utilizar da infraestrutura como a iluminação, sistema de som, e de um jogo de câmeras fixas, as imagens ficam num software fácil e intuitivo de edição, caso os clientes não queiram enviar o video para seus celulares ou e-mails, o mesmo será deletado automaticamente. Se for da vontade do casal, o vídeo pode entrar para o acervo da biblioteca e ser passado no cinema pornô na próxima vez que o mesmo casal vir visitar o edifício.



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3.2.3.2. Estúdio Cowork Como indicado na pesquisa existe um interesse enorme em se praticar sexo no espaço de trabalho. A intenção deste ambiente é proporcionar relações reais de trabalho, por meio de um espaço compartilhado (cowork), empresas lgbtq+, profissionais e freelancers, gays, bi, pan, hetero-curiosos, e outrxs podem alugar o espaço por dia, e ao mesmo tempo que trabalham, ou nas folgas e momentos de descontração, podem praticar relações sexuais, com parceiros de projeto ou outros usuários do edifício como um todo. O espaço conta com toda a infraestrutura necessária para um co-work, como computadores, estações de trabalho individuais e em grupo, sala de reunião, cabine telefônica, cozinha equipada, banheiros com chuveiro, e um espaço de descompressão. O jardim pode ser utilizado como um segundo espaço de descompressão e também será discutido.



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3.2.3.3. Exibicionismo Para representar o fetiche por exibicionismo (um dos itens mais comentados acerca do fetiche pelos entrevistados) optou-se por além das opções de dogging, e de sexo ao ar livre, buscar um novo ambiente utilizando a superexposição como norte projetual. Uma caixa de vidro, descolada do chão, com vidro comutável (ao apertar de um botão o vidro leitoso se torna transparente) em todas as vedações verticais e horizontais, móveis em policarbonato transparentes ou translúcidos, e luminárias esbeltas e majoritariamente de vidro. O espaço pode ter vista da área de sexo ao ar livre, da do cowork, e dependendo da implantação para o estacionamento.



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3.2.3.4. Ar livre A área de sexo ao ar livre se localiza entre a área do cowork e a do exibicionismo, se fazendo valer de um jardim com espécies vegetais de folhas que não são verdes (afinal a cor verde em todos os momentos na pesquisa foi a mais evitada), como: trapoerabas roxas, trevos roxos, dracenas vermelhas, leiteiro vermelho, bordô, crótons, marantas, ludísias, escudos persas, lambaris roxos, e coleus, (precisase antes de implantar todas as espécies supracitadas se fazer um estudo de insolação, e também entender qual o tipo de solo do local de plantio), além disso o jardim se vale de fechamentos visuais, áreas estáticas e um riacho artificial (tanto o jardim como o riacho são supridos de águas pluviais, e do excedente de água sem cloro da área das thermas/piscina). O espaço é aberto, ficando sujeito às intempéries, como um dia de verão quente, ou um dia frio, ou mesmo chuvoso. De certas áreas do jardim se tem visão clara de algumas janelas e aberturas do edifício (como as do co-work e as da área do exibicionismo), o que pode ajudar com o fetiche em ser observado ou ``ser pego`` fazendo algo.



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3.2.4. Terceiro Piso - Profano

No Piso Profano estão algumas das práticas e fetiches mais comuns e ao mesmo tempo mais comuns. Os ambientes que aqui se encontram são o da imobilização, o do shibari, o do couro, dos ursos, dos voyeurs, da orgia, do BDSM e a área de ativação.



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3.2.4.1. Imobilização O fetiche pela imobilização pode conter uma ampla gama de materiais e situações. Para adaptar à Arquitetura se utilizam redes fixas nas quinas do ambiente (que podem servir como apoio para se amarrar alguém), cordas revestindo o piso, e à disposição dos usuário (feitas de materiais resistentes e impermeáveis), correntes fixas no teto, além de algemas, mosquetões e ganchos. O ambiente conta também com um controle de temperatura, o usuário pode escolher se prefere um espaço mais quente ou mais frio, além disso ventiladores automatizados são ligados ao acaso, o que pode intensificar a experiência da pessoa a ser imobilizada, podendo gerar desconforto ou intensificando o prazer.



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3.2.4.2. Shibari O Shibari é uma técnica japonesa que utiliza de cordas e nós em prol da imobilização do parceiro, onde pode-se encontrar prazer sendo amarrado ou amarrando alguém. “Saiu de um contexto totalmente ligado ao fetiche do sadomasoquismo e da heteronormatividade, permitindo a inclusão de outros gêneros e sexualidades.” [...] “Você usa as cordas para restringir o movimento e isso gera sensações únicas na pessoa imobilizada. O objetivo principal é impactar a sensibilidade” (NAWA apud MENDES, 2018)

Pensa-se no conceito da câmara anecóica para o ambiente do shibari, além da restrição de movimentos, o usuário do edifício se encontrará num ambiente com isolamento acústico, no qual poderá escutar os menores sons ali produzidos, os sons dos nós sendo atados, o corpo se contorcendo, a respiração, os batimentos cardíacos, e mesmo o som produzido ao se piscar. Haverá estruturas para que se possa pendurar o voluntário, ou o mesmo pode se deitar nos tatames no chão. Resolve-se por dividir a área de Shibari e a de Imobilização pois apesar de parecem ter conceitos semelhantes, existem técnicas e conhecimentos expecíficos de shibari, que se feito errado por ser perigoso para a saúde e integridade física do participante. No espaço para eventos já mencionado pode-se haver workshops de shibari, e outras técnicas.



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3.2.4.3. Couro A cultura leather/couro está muito presente no meio bdsm, trás com suas vestimentas em couro e metal certa fantasia, e nesta fantasia um personagem de dominador ou dominado, muito ligada ao sadismo e o masoquismo, dentre os apetrechos mais utilizados estão chicotes, cintos, coleiras, mordaças, luvas, botas, jockstraps. A arquitetura incorpora estes elementos no piso e paredes, sofás, poltronas e bancos revestidos em couro, que dão ao espaço um cheiro característico. Um fator positivo de se ter o piso em couro é para os submissos que se disporem a andar engatinhando como parte da experiência de servir seu mestre. Paredes feitas de chicotes, e algemas, a iluminação é feita por luz neon vermelha e algumas lampadas com filamentos amarelados, afinal segundo a psicologia das cores, o vermelho pode despertar o lado instintivo e selvagem das pessoas.



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3.2.4.4. Urso / Lontra / Chaser Bear ou Urso, é uma gíria para designar homens gordinhos ou musculosos, barbudos e com muitos pelos no corpo, geralmente utilizada na comunidade gay, o homens magros e peludos são chamados de otters ou lontras, já os homens que tem fetiche por bears são chamados de chasers, (caçadores em inglês), que podem ou não ser bears ou otters também. Propondo um espaço para que esse tipo de fetiche seja potencializado, se correlaciona o lugar ao usuário, traduzindo em formas e texturas. Inspirado no quarto de Lina Loos, projetado pro Adolf Loos, a ideia do ambiente é possuir paredes felpudas/peludas, com tons claros. Pode-se pensar que os cantos, as aberturas, os móveis, e iluminação teriam formas curvas, que dão uma sensação de acolhimento maior para os usuários, diferentemente dos ângulos retos que poderiam sugerir algum tipo de formalidade. O espaço deve ser descontraído e refletir a natureza bruta e fofa dos Bears. Para as luzes, o ideal é que sejam dispostas paralelamente às paredes, gerando sombras tanto no material felpudo quanto nos corpos peludos a meia luz. É preferível neste espaço (que possivelmente terá um bom isolamento acústico) a adição de música ambiente, como mais uma forma de descontração, sem gerar um silêncio constrangedor no espaço ou abafar possíveis conversas.



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3.2.4.5. Voyeur / voyeurismo O voyeurismo consiste em sentir prazer ao ver terceiros praticando sexo, e ao pensar nele como diretriz para um espaço, se chega à proposição de que nos corredores do 2º Piso sejam instalados buracos na altura dos olhos, havendo eventualmente bancos, sofás, poltronas estrategicamente posicionados. Em geral os voyeurs gostam de assistir a tudo escondidos, por isso a natureza desses corredores que simulam passagens secretas “por trás das paredes” dos ambientes. Esses corredores podem ter também um caráter de certa surrealidade, às vezes com instalações de tecidos no teto, ou pisos desnivelados, paredes revestidas com fitas em neon. Essa relação entre os corredores e os espaços estáticos pode ser um atrativo para mais pessoas experimentarem este fetiche, ou mesmo se utilizarem os corredores apenas como passagem, sua condição lúdica mantém o interesse do usuário em explorar mais esse e outros ambientes.



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3.2.4.6. Orgia Para o ambiente onde se propicia o sexo grupal, se pensa em uma brincadeira com teor de intervenção artística, onde colchões são instalados por todos os lados, no piso, nas paredes, no teto, e na altura de camas convencionais, assim os participantes da orgia não precisam se preocupar no caso da cama estar lotada, podem se apoiar no chão e nas “paredes” sem se preocupar se estes estariam frios ao toque, ou se teriam uma textura muito áspera. O material que reveste todos os colchões repele a água (assim como outros fluidos corporais), a cada 2 horas um profissional de limpeza faz uma faxina rápida e ao final do dia a sala é fechada para uma limpeza mais pesada. Dada a natureza desta sala (com diversas pessoas) é possível se pensar nas saídas de ar condicionado serem escondidas nos colchões posicionados no teto. As caixas de som também podem estar escondidas no teto, atrás dos colchões, os sons em geral são músicas como lo-fi ou eletrônicas que ficariam num volume baixo e ligeiramente abafadas, assim os sons dos gemidos podem ser escutados também.



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3.2.4.7. BDSM O BDSM - Bondage, Disciplina, Dominação e Submissão, Sadomasoquismo - funciona como um grande guarda chuva onde a maioria das práticas sexuais ditas pervertidas e não ortodoxas se encontram. Este ambiente foi imaginado para que fosse a representação de uma amálgama de fetiches, apresentando características projetuais de alguns já explorados neste projeto (sexo em grupo, couro, imobilização, exibicionismo e sexo em público) e alguns ainda não (latex, masmorras, gaiolas, waxplay, etc.). O pé direito duplo indica que este é o mais importante ambiente do edifício, é o “centro gravitacional” do qual todos os outros ambientes giram ao redor. Possui um mezanino com uma jaula, e estruturas em x para acorrentar alguém à parede (de pé). Tem-se a ideia de fazer um cubo de policarbonato transparente, e iça-lo no teto, baixo do “cubo de vidro” se teria uma cama king size, cria-se assim uma relação interessante onde as pessoas que estão no patamar de baixo podem ver as que estão dentro do cubo, mas as pessoas que estão dentro cubo se encontram numa caixa espelhada (uma película de espelho falso colada ao policarbonato), e conseguem se ver de todas as posições. Um sling, sofás, colchões, luzes e as cortinas também se encontram no ambiente como um todo.



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3.2.4.8. Loja e ativações Existe também neste andar um espaço que pode servir para loja / sex shop, com artigos como dildos, fantasias, vestimentas, e apetrechos eróticos no geral. Pensa-se num espaço que comporte o programa de necessidades de uma sex shop e que ao mesmo tempo tenha uma área de ativações, ou seja, um espaço interativo e mutável, que sirva para testar novos espaços com fetiches mais nichados (menos comuns, ou menos falados), caso a procura e interesse sejam satisfatórios, pode-se pensar em se fazer um ambiente numa escala maior e mais permanente, caso a recepção dos usuários seja negativa, pode-se trocar ou repensar a área. Ao se manter dentro da loja, tem também como função atrair clientes em potencial.



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3.2.5. Quarto Piso – Thermas

Comum no meio gay e no imaginário geral, a sauna é um ambiente que se mantém desde as thermas romanas. Existem inúmeros benefícios à saúde praticar sessões de sauna. Como materialidade principal se escolhe madeira para as 3 saunas secas (como possivelmente já esperado), a diferença se dá no piso, teto, odorização, temperatura e conceito do espaço.



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3.2.5.1. Sauna Em uma das saunas, existe a possibilidade da interação entre as pessoas de um modo que a arquitetura não interfere ativamente no contato entre ativos e passivos; nela bancos em formato de arquibancada rodeiam o espaço, ao centro uma piscina com água fria, a iluminação se dá por tímidas fitas neon avermelhadas, deixando o ambiente com uma atmosfera literal e figuradamente mais quente. O piso e teto são revestidos pela mesma madeira das paredes. Não existem caixas de som no ambiente da sauna, mas o ambiente possui uma pequena cachoeira instalada na piscina propiciando (pelo efeito cascata) eventuais conversas. Dada a temperatura do ambiente, as relações sexuais podem ser mais breves, mas ainda sim são possíveis, inclusive as grupais.



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3.2.5.2. Saunas turcas Nas outras duas saunas, se foi implementado um conceito de sauna turca, onde a Arquitetura faz traz em si uma interação sexual mais impessoal, parecida com a encontrada nos gloryholes, numa escala maior, invés de se ter um buraco numa parede onde se passa apenas o pênis, nestas saunas os buracos nas paredes tem 60cm de diâmetro, de um lado da vedação, aparatos projetados ergonomicamente para servirem como cama para os passivos, que deixam a metade de baixo de seus corpos passando pelos buracos, do outro lado fica a sauna com os ativos e só veem pernas e bundas. Nesta o piso e o teto são revestidos por seixos pretos, por poderem sinalizar para os passivos a disposição que alguém está se aproximando, ampliando o sentimento de expectativa. Existem também diferenças de temperatura sentida pelo passivo neste caso, que fica com as pernas num ambiente quente, e o torso e cabeça num ambiente mais frio, com a possibilidade de ligar um ventilador, e com outro toque de botão sinalizar com uma luz se está a disposição ou não.



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Existe também uma versão oposta onde na sauna ficariam os passivos, e os ativos quem ficariam com seus corpos passando pelos buracos nas paredes. O piso e teto de madeira, e as paredes seriam revestidas de concreto. Estes dois ambientes podem ou não ser interligados ou conectados com a sauna principal. A objetificação e impessoalidade seriam subprodutos dessas interações. Para acessar estes ambientes poderia se pensar em medidas como: ser obrigatório o uso de preservativos (dispostos gratuitamente como já mencionado), apresentar um comprovante recente de testagem, ou um comprovante de que o usuário está sob o tratamento por PrEP (que mesmo assim deveria utilizar camisinha), mas todavia os usuários ficam cientes de que talvez a norma não seja cumprida 100% das vezes, pode-se pensar num funcionário que verifique, ou num sistema eletrônico mais eficiente (cruzando informações com cadastro prévio).



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3.2.5.3. Paredes de água + piscina No mesmo andar das saunas se encontra a piscina e chuveiro, afinal após passar por uma sessão de sauna, o ideal seria tomar um banho frio. Os corredores entre a sauna e a piscina se dão por paredes feitas de cascatas de água, criando uma ilusão de fechamentos e caminhos, mas que podem ser transpassados, numa interação mais interessante que simples chuveiros poderiam propiciar. Água também enfatiza a experiência tanto do silêncio como do som. A superfície reflexiva da água oculta sua profundidade, assim como o presente esconde o passado e o futuro. A imagem da água que sustenta a vida também contém as imagens mortais de dilúvio e estiagem. Com as imagens da água, ficamos mentalmente suspensos entre os opostos de nascimento e morte, feminilidade e masculinidade, beleza e ameaça. As imagens da água se tornam um meio de concretizar o fluxo e a persistência do tempo. O diálogo entre arquitetura e água é realmente erótico. (PALLASMAA, Juhani, 2018, p. 55)

Em determinados pontos chuveiros de teto ficam localizados, com sensor de presença para ativá-los, suas temperaturas são escolhidas aleatoriamente (pelo mesmo programa que está atrelado ao sensor de presença), podendo ser frios, mornos ou quentes ao acaso. A temperatura das paredes de água é sempre a mesma por unidade, algumas mais frias (em geral mais próximas das saunas), algumas mais quentes (próximas da piscina).

A temperatura da piscina atinge 40ºC. O piso desta área toda seria um piso fulget permeável, abaixo dele, ficariam as calhas e ralos (o excedente de água para retroalimentar as cascatas/paredes pode ser utilizado para regar o jardim mencionado anteriormente como área ao ar livre). Primeiramente a água utilizada nas paredes pode ser captada da chuva, em último caso, da rede de saneamento local, neste caso essas cascatas seriam reduzidas a fios ou gotejamento de água, que fariam essencialmente um papel parecido com o das cascatas. Encerram-se aqui os ambientes, mas apesar desta apresentação linear, o percurso dentro do edifício não precisará ser. O usuário poderá explorar o lugar todo como desejar, criando assim seu próprio e único percurso.



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CONSIDERAÇÕES FINAIS Pela natureza do assunto ser tão extensa e abrangente não se tem a pretensão de se esgotar o tema, apenas incitar a discussão no âmbito acadêmico, afinal a escola de arquitetura se mostra na maioria das vezes muito funcionalista e preocupada apenas com a estética. Ambas funções não devem ser menosprezadas, no entanto não devem ser tratadas como as únicas. Para tornar este trabalho possível utilizou-se de várias técnicas existentes como processo de criação, houveram pesquisas de artigos, livros e imagens para se introduzir ao tema, visitas técnicas para se ter maior vivência e repertório sobre projetos sensoriais e questões de programa de necessidades (além disso a visita à sauna gay engatilhou a problemática sobre as regras impostas pela arquitetura, e seu papel no que diz respeito ao sexo e a sexualidade), foram realizadas também perguntas sobre a prática sexual, o imaginário e fetiche com o intuito de se gerar parâmetros e demandas projetuais. Uma serie de esboços à lápis e modelagens (em sketchup) também participaram deste processo; por fim optou-se por adotar um modo de representação feito por vetores (illustrator) e colagens (photoshop) a fim de se ter total liberdade para propor ambientes, que não precisavam se conter num espaço físico rígido.

Este trabalho se atém ao fetiche e à percepção humana como fenômenos aplicados à Arquitetura, nele pode-se notar maior interesse em se valer de outros sentidos, e de resignificar experiências sexuais. Ao propor esta série de ambientes sem se limitar a questões técnicas como implantação, contexto, e estrutura se tem maior licença poética sobre a Arquitetura, que se mostra dinâmica, e temporal exercitando a imaginação e o tesão, ao se moldar aos costumes, práticas e especificidades que os fetiches como parâmetros projetuais mostraram exigir. A Arquitetura busca então ser reconhecida, ser palco para novas descobertas e novas interações, busca ser parte de uma brincadeira maliciosa, ser aparato e aparelho, busca ser e encenar o desejo. Busca no ser humano criar orientações pra existir, se modelar, e ao mesmo tempo modelando aqueles que a experimentam.


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REFERÊNCIAS

sexuais na arquitetura: Da Inserção Sígnica Figurativa à Interferência

ALPERN, Mathew; LAWRENCE, Merle; WOLSK, David. Processos

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sensoriais. Editora Herder, São Paulo, 1971

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BUIM, Ana C. Vaca Profana: Estruturação do Eixo de Prostituição. Trabalho

ELALI, Gleice Azambuja. Psicologia e Arquitetura: em busca do locus

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FREUD, Sigmund. Além do Princípio do Prazer, Psicologia de Grupo e Dinah. Arquitetura de Motéis

outros Trabalhos: 1920 - 1922. Colaboração de James Strachey et al.;

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do-parceiro-por-prazer> Acesso em 20 de novembro de 2019

concedida por email ao autor, em 3 de novembro de 2019.


p. 154

APÊNDICE Análise - Visita técnica em sauna gay no Arouche

- De segunda a sexta, períodos de 6, 12 e 24 horas respectivamente: - Armários / Lockers - R$49, R$75, R$99

- Armários / Lockers - R$69, R$89, R$109

269 Chili Pepper Single Hotel. Largo do Arouche, 610 - Vila Buarque, São Paulo SP

- Cabine de Solteiro - R$79, R$99, R$145

Análise de permeabilidade e acesso

- Quarto Vermelho - R$149, R$179, R$199

- Fácil acesso a pé, e de carro, próximo ao metrô Santa Cecília, e possui estacionamento pago.

- Suíte Vermelha - R$180, R$199, R$239

- Suite I’m So High - R$99, R$129, R$179

- Suite Junior - R$219, R$253, R$299 - Acesso controlado (pago) e com revista, embora não haja uma taxa para entrada somente, o preço varia de acordo com a categoria, e com o tempo de estadia.

- De sábados e domingos, feriados e festas especiais, períodos de 6, 12 e 24 horas respectivamente:

- Suite Presidencial - R$248, R$291, R$335 - Estacionamento - Carros - R$22, R$28 e R$39 - Motocicletas - R$12, R$16 e R$22 - Bicicletas - Grátis

- Cabine de Solteiro - R$125, R$169, R$205 - Suite I’m So High - R$149, R$189, R$229 - Quarto Vermelho - R$188, R$275, R$350 - Suíte Vermelha - R$219, R$299, R$382 - Suite Junior - R$259, R$341, R$423 - Suite Presidencial - R$299, R$379, R$459 - Estacionamento - Carros - R$22, R$28 e R$39 - Motocicletas - R$12, R$16 e R$22 - Bicicletas - Grátis Fonte: Site do Hotel (disponivel em <http:// www.hotelchillipeppersp.com.br/preco.php> acesso em 02/09/2019 )


p. 155 ❏ teto - sem forro, preto, com conduítes metálicos pintados também de preto.

Sobre o lugar

A

B

C

D

E

paleta de cores - Em ordem de proporção em relação ao espaço, sendo: A - maior qualidade, E - menor quantidade ❏ Paleta de cores - cores quentes como vermelho e vinho, envoltos por pretos e cinzas, e madeira com tons de marrom médio. ❏ materialidade - concreto, madeira de toque aveludado, couro, borracha, azulejos com relevo acentuado, plásticos, vidro em poucas ocasiões. ❏ piso - cimento queimado, escuro, não liso. ❏ paredes - pretas na maioria do programa, nos banheiros, azulejos com relevo, texturas, em geral também pretos, ou cinzas escuros.

❏ janelas - não há janelas para o exterior do edifício, mas existem aberturas em vidro que poderiam entrar nessa categoria, como as escotilhas encontras nas portas das saunas (seca e úmida), e nas paredes da sauna úmida. ❏ portas - no geral, nas cabines e suítes, portas vermelhas de madeira, com fechadura magnética, já nos banheiros portas de alumínio, e na sauna seca portas de madeira ao natural. ❏ iluminação - indireta na maioria das ocasiões, luzes vermelhas, e amareladas, em geral spots ou balizadores, nos corredores, cabines e suítes, existem ambientes como o cinema onde a iluminação é proveniente do projetor, e corredores que não possuem iluminação, há apenas luzes azuis pontuando as piscinas, porém também existem ambientes com iluminação direta como o bar, o vestiário, e os banheiros.

❏ mobiliário e equipamentos e decorações - nota-se que os equipamentos e mobiliário metálicos, geralmente são pretos, como os armários/lockers, vaso sanitário, cubas, torneiras, existem bancos longos e bancos em formato redondo, de madeira, como troncos, com verniz, na área dos vestiários e nas cabines dos gloryholes, mesas e cadeiras de metal na área da piscina são brancas, as toalhas e chinelos disponíveis são pretos. ❏ sons - caixas de som ambiente espalhadas por todo o complexo, tocando músicas agitadas, eletrônicas, sem letra, que criam uma continuidade de certo modo, pode gerar um dinamismo inconsciente nas relações interpessoais. ❏ conservação e limpeza - equipe de limpeza, devidamente uniformizada, circulando pelo local com produtos e um carrinho que os auxiliem. Ao contrário do que se pode pensar ao imaginar um lugar como uma sauna, o espaço é bem cuidado e limpo.


p. 156 Pessoas inseridas no espaço ❏ vestimentas - Nús, com ou sem toalhas cobrindo a genitália, em geral, de chinelos (toalha e chinelos fornecidos pelo hotel), raramente se vê alguém com roupa, exceto funcionários de limpeza, recepção e bar, que utilizam uniformes. ❏ faixa etária predominante geralmente entre 25 e 50 anos, com algumas exceções, por exemplo, os de 18 a 25 anos, ou acima de 50 são menos comuns, porém também frequentam o espaço. ❏ quantidade de pessoas - varia, mas está todo dia com movimento, o fluxo maior sendo sexta a noite, sábado, domingos, feriados e segundasfeiras, nesses dias em média 150 a 200 pessoas, no carnaval de 2019 chegando a quase 400, em um dos dias.

Práticas sexuais no espaço ❏ velocidade das interações - relações com velocidades entre rápidas (até 5 minutos), médias (até 45min), demoradas (até 2 horas), ou comprometidas (casais abertos a relações sexuais diversas, mas que permanecem juntos).A variação no tempo de relação é dada a partir do interesse mútuo, e não por fatores externos (como interrupção por outra pessoa). ❏ voyeurismo / sem participação fisicamente - existe em todos os ambientes comuns, como saunas, corredores, cinema. ❏ beijos - comuns, mas acontecem presumidamente em todos os ambientes, comuns e privativos. ❏ carícias - comuns, como modo de mostrar estar interessado e estar gostando, forma de ir descobrindo o corpo do(s) parceiro(s). ❏ masturbação - Individual ou mútua.

❏ sexo oral - comum, presumidamente em todos os ambientes comuns e privados, com exceção do bar e vestiário. ❏ penetração anal - menos comum como os anteriores, mas ocorre com frequência nos quartos mais privadamente, e no corredor escuro ao lado do cinema, apesar de não ser restrita a prática em outros lugares. ❏ utilização ou não de preservativos - Preservativos são disponibilizados gratuitamente em todos os quartos, e em pontos específicos em todos os andares, no corredor escuro possivelmente sejam pouco utilizados.


p. 157 Interações interpessoais

Existem

limites

de

espaço

pessoal

que

surpreendentemente não são traspassados, dada ❏ verbais normais - sim, porém mais raras,

a situação da sexualidade exercida num âmbito

em geral casais que vem para o local

plural como era se esperar numa sauna, por

juntos, ou que se conhecem lá, e estão

exemplo, qualquer interação só ocorre após o

afim de conversar, geralmente no bar,

consentimento dado pelos toques citados acima.

na área das piscinas, e presumidamente nos quartos, apesar de não ser uma regra claramente difundida, as pessoas tendem a ficar mais caladas nos outros ambientes.

❏ verbais com teor sexual - pouco comum, mas geralmente ocorre no corredor escuro, na sauna, ou gloryholes.

❏ não

verbais

(gestuais,

olhares,

ou

gemidos) - Bastante frequentes, e de fato são parte das regras ocultas inerentes ao espaço. O gestual é determinante como

Relatório - Visita técnica em sauna gay no Arouche A análise em questão se dá a partir de momentos distintos, recortados e realocados a fim de seguir uma ordem bem marcada e distinguível para o leitor, já a ordem cronológica na qual os acontecimentos ocorreram pode ser diferente da descrita a seguir e acabar por deixar a leitura do espaço mais confusa, o que na verdade é um ponto reforçado pela arquitetura e pela experiência.

forma de interação, servindo para mostrar interesse em alguém quando se toca em qualquer parte do corpo dessa pessoa, se ela deixar, ou tocar você de volta, está mostrando que é recíproco, caso a pessoa se afaste, faça algum grunhido, ou te afaste

com um pequeno empurrão,

O tabu que envolve a prática do sexo e o exercício da sexualidade é gigante, assim no Brasil como na maioria dos países do mundo. Claramente cada cultura tem suas próprias questões, e incide seus próprios valores morais.

está sinalizando que não está afim. A troca de olhares também é comum em espaços melhor iluminados.

A existência de saunas gay é um mito na cultura brasileira, uma lenda urbana

por assim dizer, e em muitos programas humorísticos no começo da década de 2000 se falava de tais lugares, sempre tratando tudo como algo passível de risadas, afinal um monte de homem pelado, e gay, numa sauna, só poderia resultar numa situação constrangedora. Por todo imaginário acerca da sauna gay, é certo que haja um misto entre receio e curiosidade sobre o que realmente acontece num lugar desses. A 269 Chili Pepper Single Hotel se localiza no Largo do Arouche, 610, Vila Buarque, São Paulo, e apresenta um programa mais completo do que era de se esperar para uma sauna. O 269 Chilli Pepper Single Hotel é o maior e melhor hotel só para homens da América Latina. Estamos localizados no Largo do Arouche, bairro gay da cidade de São Paulo. “São 2.300 m², 5 suítes, 22 high single suites, 124 single rooms, 369 lockers, becos gloriosos, saunas seca e a vapor, 3 piscinas, cyber, bar, estacionamento próprio e mini-cine.” Fonte: Site do Hotel ( http:// www.hotelchillipeppersp.com.br - acesso em 02/09/2019 )


p. 158 Sua localização e implantação torna o acesso a pé e de automóveis facilitado, pois está a menos de 300 metros da estação de metrô Santa Cecília, e possui estacionamento próprio.

Todos os ambientes são climatizados, a temperatura mantida em torno dos 28°C, justamente para que não haja incômodo em se andar pelado ou de toalha pelas dependências da sauna.

A primeira impressão é logicamente a da fachada, que é como o lugar se mostra na cidade, para a cidade. Um prédio com cores escuras e sem janelas era o esperado, mas o que existe é um prédio em tons de concreto queimado, mimetizando as cores do seu entorno imediato, e que é complementado com os tons de verde das trepadeiras que se apoderaram das paredes, além da praça com palmeiras e forração alta que o próprio hotel/sauna se dispôs a zelar.

O lugar que se destaca como o primeiro após a recepção é o bar, que apresenta barmans devidamente uniformizados, porém pela situação já erotizados, os clientes variam em suas vestimentas, uns com ternos, outros com shorts e roupas de academia, e também os que estão nús. O Bar apresenta uma materialidade única no conjunto final, ele é claro, com vidros e espelhos, a luzes amareladas. Dá para perceber que o bar é o agente amortecedor entre o mundo real e o mundo paralelo que acontece mais adiante ao percorrer o edifício, ele é literalmente o primeiro ambiente que é visto e o último, como se o espaço convidasse por meio do álcool a pessoa a se libertar mais, e como se no final do dia te insistisse em tomar uma água e comer alguma coisa para repor as energias.

Uma porta preta de metal com um segurança faz as vezes de uma triagem, uma revista rápida para maior controle, a fim de barrar objetos e potenciais armas, além de que a tal porta funciona como uma antecâmara, barrando a vista dos pedestres para dentro do edifício. À esquerda vemos a recepção, que pede documentos, e explica o código de conduta daquele ponto em diante, assim como tempo de estadia e a hierarquização que dá desde armários, cabines e quartos, até suítes com hidromassagem. Recebe-se uma toalha e um par de chinelos.

Ao adentrar mais o prédio a sua leitura ainda pode ser confusa, pois não existem setas indicativas, e os ambientes se dão muitas vezes por longos corredores, escuros, com

uma iluminação de piso, e uma fraca e pontual iluminação de teto, que só realça a volumetria ou qualidades dos materiais nas paredes. Os corredores possuem várias portas (assim como visto nos outros andares), televisões são posicionadas nas paredes e ficam passando filmes pornográficos, a circulação vertical se localiza nos dois extremos do edifício, e levando o bar como ponto de referência, bem a direita se localiza o vestiário. A concepção comum do que seria um vestiário numa sauna gay é que ali já fosse sentido uma atmosfera erotizada, onde já no vestiário existisse uma interação sexual, surpreendentemente é se percebe o oposto, de todos os ambientes o vestiário parece o mais calmo, as pessoas realmente não ficam lá além do tempo necessário para se trocar. Os materiais e cores empregados no vestiário são metais pintados de preto, iluminação mais forte no ambiente, com tons quentes, piso de concreto queimado e bancos de madeira. No vestiário também se localiza uma sala de aproximadamente 3m² que tem um caráter mais reservado, ela é o único local de caráter não privado no qual se pode usar telefone celular, em todas as demais áreas o uso é vetado para assegurar a segurança e sigilo dos usuários.


p. 159 No térreo ainda encontra-se três piscinas, uma delas que se localizada dentro da sauna úmida, e as outras duas que ficam numa espécie de jardim de inverno que funciona como fumódromo e área de descanso, são os únicos pontos do projeto onde se encontra materiais claros, como piso de fulgê branco, paredes brancas, e cores frias como azuis e roxos na sauna úmida e azuis nas piscinas externas, assim como mesas e cadeiras azuis nessa área, e algumas plantas resistentes como lança de São Jorge, (bem sugestivo) por exemplo.

eles se dão presentes, o que traz um ar surrealista e de difícil assimilação, a maioria são quartos cabines. As cabines tem apenas o espaço para caber uma cama de solteiro, e mais 80cm em um dos lados para ficar de pé e abrir a porta, são quartos mínimos que devem ter 1,60 x 2,20 m, com paredes pretas e uma única lâmpada vermelha, dando uma sensação de enclausuramento, mas quando se está acompanhado, é suficiente para aconchegar e servir como um apoio privativo, além de trabalhar na esfera do fetiche com a dita luz vermelha.

O hotel tira proveito de uma prática estigmatizada da comunidade gay, o Cruising, ou em bom português, a Pegação, que consiste no ato de ir a um local para flertar, instigar, e se relacionar sexualmente com pessoas desconhecidas, prática comum

A ideia de quarto de motel é justamente quebrada com as cabines, uma vez que não tem banheiro, os sanitários se localizam próximos às circulações verticais, e os chuveiros mais ao centro do edifício.

entre homens, homossexuais e héteros afim uma experiência diferente, (mesmo que ainda prefiram sexo com mulheres). A área de circulação extrapola os 30% que são ditos ideias na escola de arquitetura, pois é justamente na circulação que a pegação acontece. Mas o que são aqueles corredores com várias portas? São exatamente onde o projeto tira seu partido; Em todos os 3 pavimentos do Hotel/Sauna

Lembrando que em todos os andares existem compartimentos com camisinhas grátis, que assegura os usuários, e não dá motivos para a não utilização do preservativo. As pessoas podem então escolher usar ou não, sem ficar reféns do argumento “ter que fazer sexo bareback/sem capa porque ninguém lembrou de trazer camisinha”

Subindo um andar, nota-se que apesar da materialidade não mudar expressivamente, uma atmosfera diferente toma conta, um silêncio de vozes, onde ninguém se conversa, e tudo o que se ouve são passos e gemidos não contidos a distância. Possivelmente a existência dos vestiários e do bar seja uma barreira psicológica para os homens que tendem a se conter mais no térreo, mas essas amarras são deixadas de lado ao passo que o 1º andar não possui mais esses fatores, e que dá espaço agora para a sauna, glory holes, chuveiros compartilhados, um corredor escuro e o mini cinema pornô. As interações entre os homens ganham certa sofisticação ali, um código não dito mostra como devem se comportar, toques leves em alguém podem indicar seu interesse nessa pessoa, um leve empurrão ou afastamento significa que essa pessoa não se interessa, e também se ele parar de andar e ficar mais próximo indica que está afim. Existem claro outros códigos que se dão em outros espaços, mas este exemplificado é o mais coringa, funcionando em todos os ambientes.


p. 160 Com a domesticação do ato sexual pela nossa sociedade, sexo em grupo pode parecer de uma libertinagem quase que absurda. Porém além da natureza do espaço (do hotel/sauna) gerar um sentimento e uma forma de expressão de desejo, as relações sexuais têm uma potencialidade diferente que é explorada, a coletividade de uma orgia anônima. Essa liberdade dos corpos se dá nesse momento onde a arquitetura e o contexto da situação convergem num mesmo objetivo, um lugar que acontece numa dimensão a parte, que é escuro, quente, úmido, performático, seguro e livre de questões externas. Além de todas as interações que ocorrem nos corredores com as portas iluminadas, existem vários outros ambientes, no mini cine, por exemplo, ficam homens sentados nas poltronas, vendo os filmes projetados e se masturbando enquanto outros ficam assistindo, e de vez em quando rolam interações mais diretas, ao fim da sala (do mini cine) se encontra um dos pontos no edifício onde ocorre a maior concentração de homens, um corredor escuro, sem nenhuma iluminação.

A privação do sentido da visão pode ser assustadora num primeiro momento, mas alguns instantes depois os outros sentidos parecem ficar mais aguçados, as relações de toque se ampliam, cheiros, lambidas, mãos, e gemidos vem de todos os lados e envolvem todos numa atmosfera igualmente prazerosa e assustadora, não se tem controle, filtro, ou qualquer questão social ali. Existe também um corredor com glory holes, um pequeno labirinto, com paredes com furos numa altura onde, em média, se localiza a genitália masculina, os glory holes fazem parte do imaginário e da cultura gay por inicialmente serem buracos feitos em repartições de banheiros públicos ou de baladas, propiciam novamente o sexo sem ligação emocional entre os praticantes, servindo literalmente como uma barreira entre corpos, além de criar um certo mistério e fetichismo em torno de si. Devido a situação em que está inserido e a oportunidade de ficar com alguém de forma mais direta na sauna, os glory holes tem seu papel diminuído consideravelmente, sendo um os espaços abertos (não privativos) menos movimentado.

Ao fim do corredor/labirinto dos glory holes existe uma porta de madeira, que ganha destaque no ambiente onde piso, teto e paredes são pretos, a porta da Sauna. O ambiente é materialmente como a imaginação prevía, piso, paredes, arquibancada e teto de madeira, ar quente tocando sua pele, homens pelados ou com toalhas descansando, mas além de tudo, um local onde mais relações sexuais ocorrem, os corpos suam mais rapidamente, o calor do ar dificulta a respiração, a pressão sanguínea cai, mas justamente o inusitado da situação só corrobora para o aumento do tesão, e assim como o corredor escuro, a sauna é um dos pontos mais movimentados do edifício. Ela tem duas portas, continuando com a ideia de um caminho e um percurso a ser seguido inconscientemente, (uma delas é a que se encontra no final do corredor dos glory holes), a segunda porta leva aos chuveiros, que não tem divisória entre si, aliás, toda a estética dos banheiros é diferente do resto do pavimento, tem mais texturas, luzes diretas, pedras porosas (presumidamente antiderrapantes), pequenos sabonetes (aqueles de motel de camomila ou aloe vera) ficam a disposição num recipiente incorporado a pia que se encontra no centro do ambiente com 6 chuveiros posicionados próximos às paredes.


p. 161 No andar superior, as relações não acontecem da mesma maneira, os corredores com as portas são agora a totalidade desse andar (se excluirmos um espaço pequeno que tem 3 computadores, funcionando com uma lanhouse pornô), aqui ficam os quartos maiores, e as suítes com hidromassagem, todos remetendo ao conceito dos quartos do motel, a diferença seria apenas que esses quartos não tem uma entrada mais privativa. Os quartos e suítes têm uma decoração condizente com o estilo apresentado até então, iluminação indireta, luzes vermelhas, metais pretos, televisões mostrando filmes pornô, cama, cofre, e as banheiras com toques de luz azul. De modo geral, pode-se considerar que existe uma grande temporalidade nesse edifício, que é amplificada pela arquitetura com a distribuição do programa, os materiais utilizados, as cores, as sensações, mudanças de temperatura, e inclusive o fator humano, que é parte integral do processo de criação e manutenção de uma atmosfera propícia para relações interpessoais (influenciadas tanto pelas vivências dos usuários, quanto pelo espaço em que estão inseridos).


p. 162 Entrevista - Conversa sobre arquitetura e sexualidade – com Igor de Vetyemy Entrevista concedida ao autor pelo arquiteto Igor de Vetyemy em 03/11/19. Usa-se as abreviaturas L.G. para Leonardo Galhardo e I.V. para Igor de Vetyemy L.G.: Qual a importância hoje em se discutir sexualidade na arquitetura? I.V.: Essa pergunta pode (ou deve!) ser respondida sob duas perspectivas: aquela sobre qual a importância de se discutir sexualidade numa sociedade como a nossa; e outra sobre qual a importância de se discutir temas importantes da sociedade no nosso campo, da arquitetura e urbanismo. Para a primeira parte, a resposta me parece mais óbvia do que a maneira como a encaramos. Para qualquer sociedade é extremamente importante discutirmos sexualidade, por diversos motivos, desde uma questão cultural até uma questão de saúde. Sem discutir sexualidade com seriedade, uma sociedade não consegue resolver pautas ligadas à educação sexual que poderiam ser muito mais simples do que são encaradas atualmente.

É uma contradição que uma das atividades mais naturais do ser humano (aliás de qualquer animal), sem a qual nenhum de nós estaria vivo, seja tratada como um tabu, sobre o qual conversar parece um crime. Mas para a sociedade brasileira, no Rio de Janeiro em específico, essa contradição e esse tabu se tornam ainda mais incompreensíveis, já que somos, inegavelmente, uma sociedade que tem uma relação diferente com o corpo, que tem espaços públicos (praias, cachoeiras e, consequentemente, calçadas, transporte público, etc.) em que todos ficamos seminus, o que nos leva a uma preocupação ainda maior com o culto ao corpo, à sensualidade e à sexualidade. O problema é que atualmente, ao invés de aproveitarmos essa proximidade com o tema para nos tornarmos uma sociedade com uma excepcional educação sexual, onde crianças e adolescentes entendem a necessidade de se prevenir a gravidez precoce e infecções sexualmente transmissíveis (IST, que antigamente chamavam de DST), ficamos lidando apenas com o lado negativo da questão, aumentando a publicitação da tragédia que é a consequência negativa desse tabu e dessa falta de educação sexual,

como o turismo sexual, a exploração sexual infantil e a epidemia de abusos sexuais dentro das próprias famílias das crianças abusadas. Isto posto - e passando para a segunda parte dessa resposta - o campo da arquitetura e urbanismo deve estar atento a qualquer questão que seja importante para a sociedade, pois o agenciamento do espaço físico onde se desenvolvem todas as atividades humanas nos diz respeito e tem parte importante no enfrentamento de questões importantes como essa. A interferência que temos o poder de causar no espaço físico, através de propostas projetuais, é muito mais poderosa do que se pode imaginar. A Arquitetura e o Urbanismo ajudam a definir comportamentos da sociedade e a colocar em pauta discussões que se ampliam e ganham mais profundidade quando discutidas pelo resto da sociedade. E como nossa disciplina interage com uma gama enorme de outras áreas do saber (com a sociologia, com a história, com a arte, com a engenharia e etc etc etc) a potência dessas provocações temáticas pode ter um alcance relevante para a própria sociedade, bem maior do que costumamos imaginar.


p. 163 L.G.: Acredita que o modo como experimentamos a arquitetura molda como nos relacionamos com o mundo exterior e as pessoas de modo geral? I.V.: Com certeza. Como até comentei na resposta anterior, a arquitetura tem sim esse poder de determinar comportamentos. No projeto de um templo, por exemplo, dependendo do design ou da materialidade do piso, um arquiteto pode estimular as pessoas a olharem para baixo, numa atitude respeitosa com a sacralidade daquele lugar. As estratégias de implantação de um projeto podem definir a maneira como o usuário vai se aproximar do objeto arquitetônico, obrigando-o, por exemplo, a dar a volta no edifício antes de entrar nele, como Le Corbusier definiu na Villa Savoye e chamava de Promenade Architectural, ou como Niemeyer obriga todos os que vão visitar o MAC a olhar para todos os lados com a rampa sinuosa que muda a direção do espectador a toda hora no meio daquele ambiente incrível onde o museu se insere. Portanto não há dúvidas de sim, a arquitetura pode influenciar muito o comportamento dos usuários e um bom arquiteto pode encontrar a maneira certa de influenciar positivamente no comportamento das pessoas.

L.G.: A arquitetura é um reflexo da sociedade, perpetuando tabus em relação a sexualidade e conduta geral, ou a sexualidade e conduta de uma sociedade é que são reflexo da arquitetura que ela constrói? I.V.: Com certeza o comportamento da sociedade, em todos os seus aspectos (sócio-culturais-econômicos-técnicostecnológicos etc.) influencia demais na arquitetura que é produzida num determinado contexto. Mas também não seria exagero afirmar que a arquitetura também exerce sua influência sobre todos esses aspectos, como em todas as relações nesse mundo. L.G.: É possível que a arquitetura / urbanismo / design ajude a quebrar tabus e paradigmas sociais, sexuais e econômicos? Como? I.V.: Sim, é possível, não posso dizer que não depois de ter acompanhado o tanto de discussão que meu projeto colocou em pauta na sociedade carioca, já 14 anos atrás, num momento em que o Rio de Janeiro ainda não tinha um prefeito evangélico, mas tinha uma governadora que era, e proibia a venda de cartões postais com mulheres de biquíni.


p. 164 Entrevista - Conversa sobre ambiências e materialidades – com Renata Baronio Entrevista concedida ao autor, pela arquiteta Renata Baronio Gaspar em 04/04/19. Usa-se as abreviaturas L.G. para Leonardo Galhardo e R.B.G. para Renata Baronio Gaspar. L.G.: Poderia falar sobre suas referências, lugares, arquitetos, cenógrafos, filmes, livros, qualquer fonte que tenha ajudado na concepção do espaço? R.B.G.: Amsterdam e as vitrines vivas foram a maior fonte de inspiração. Busquei referências de bares mais elegantes e como usar as cores de forma sensual. Abusamos do vermelho, do rosa, do preto e do couro. Também fizemos uma pesquisa forte de mobiliário. Sabíamos que os moveis seriam o maior diferencial (e desafio) do bar, além da estética do básico: teto e paredes. Procuramos muitos móveis em brechós e abusamos dos acessórios. Cortinas de chicotes, bancos que remetem línguas, banheira forrada de acessórios eróticos.

Pulp Fiction (filme) foi uma ótima referência. Também queremos levar um belo toque de arte, foi como escapamos da vulgaridade. Telas eróticas pintadas, fotos sensuais bem artísticas... L.G.: Poderia me passar uma relação dos materiais, objetos, móveis utilizados no projeto? Você diria que esses materiais são simplesmente decoração temática, ou são uma forma de intervenção permanente no espaço que pode ajudar a refletir o usuário gerando um sentimento de pertencimento? R.B.G.: Acredito que parte dessa pergunta eu respondi previamente, mas definitivamente foi parte da estratégia ter uma interação entre os clientes e os objetos e móveis. A ideia da cortina de chicotes foi tão positiva que as pessoas pediam (quando não arrancavam) para levar de brinde. As telas com pessoas dançando em tamanho real também foi ponto forte. Amigos e conhecidos da equipe do bar eram convidados a gravar. Os clientes têm participação efetiva! Também temos uma cabine fotográfica onde a câmera fica voltada para baixo e os clientes podem tirar fotos das peças íntimas.

No dia seguinte, as fotos passam em uma tela localizada dentro dos banheiros feminino e masculino. L.G.: Pode falar como foi a interação com o cliente na primeira reunião e na entrega do projeto finalizado? R.B.G.: São 4 sócios homens. Eu não era amiga de nenhum deles e, portanto, não existia qualquer intimidade. Mas isso nunca foi um problema, pelo contrário. Somos todos abertos a novas ideias e conceitos e foi muito legal poder colaborar com minha visão feminina. Minhas colocações eram sempre bem-vindas entre eles, justamente para quebrar a ideologia do que poderia ser naturalmente conveniente aos homens. Procurávamos nos reunir sempre em locais diferentes, como cafés e bares e sempre trazíamos muitas imagens de referências. A troca de ideias e informações foi incrível e esse foi sem dúvidas a chave do sucesso dessa parceria.


p. 165 L.G.: Você teve contato com os usuários/ clientes do bar? Ouviu alguma crítica ou elogio? Como foi a recepção geral? R.B.G.: Tive bastante até 2015. Em 2016 me mudei para os EUA. Ouvi muitos elogios e algumas críticas também.

L.G.: O espaço foi projetado do zero, ou uma adaptação de um lugar já construído? R.B.G.: A casa é bem antiga, localizada em um bairro nobre de Porto Alegre. Nessa casa já funcionava um bar previamente, mas inúmeras adaptações foram feitas.

Uma crítica foi em relação as cores avermelhadas e rosadas, que remetiam muito ao mundo feminino. Mas abusamos dessas cores para deixar o público feminino, que tende a se retrair mais quando o assunto é sexo, bem a vontade. No fim do primeiro ano de funcionamento, o público feminino já ultrapassava 60% dos clientes mais frequentes.

L.G.: Existem lugares nesse bar que pode haver algum tipo de relação interpessoal? Ou melhor dizendo, foi levado em conta no momento da concepção do lugar essas interações sexuais, ou se elas acontecem hoje, seriam apenas um efeito colateral?

Algumas críticas em relação a restrição de chapéus e bonés na entrada. As pessoas acham que por se tratar de um local onde o assunto tabu e’ o centro das atenções, tudo deve ser livre e aberto. Mas naturalmente, como qualquer local, existem várias regras a serem seguidas. Também recebemos críticas na demora do atendimento, resolvida em alguns meses - a expectativa de público foi bem além do esperado inicialmente.

de efeito colateral, mas sabemos que a cabine fotográfica é um local que causa curiosidade e intriga muita gente a querer explorar!

R.B.G.: Não existe. A ideia inclusive é que se possa frequentar com amigos e familiares. Se as interações acontecem é muito mais


p. 166 Pesquisa online - O fetiche, o imaginário sexual coletivo, e a arquitetura. A partir do dia 18 de setembro de 2019, a pesquisa intitulada ‘’o imaginário sexual coletivo, o fetiche e a arquitetura’’10 está online, feita pelo autor desta monografia pelo advento do Google Forms, disponível no QR code, ou no link abaixo:

Ficha do questionário: Etapa 1 - Sobre o Indivíduo 1 - Idade: ❏ Menor de 18 anos ❏ Entre 18 e 21 anos ❏ Entre 22 e 25 anos

Amostragem: homens e mulheres, das mais variadas idades, classes sociais, orientações sexuais, com vida sexual ativa.

❏ Masculino - se identifica com o gênero com o qual nasceu ❏ Feminino - se identifica com o gênero com o qual nasceu ❏ Transgênero - não se identifica com o gênero com o qual nasceu ❏ Não Binário - não se sente pertencente ao gênero masculino, nem feminino

❏ De 26 a 29 anos ❏ De 30 a 39 anos

QR Code com o link para a pesquisa, que se encontra no Google Forms. Também disponível em: https://docs.google.com/ forms/d/e/1FAIpQLScIWVQqNb9TPg64GL j59SbOX8dgpBc2utcRkT4WvZP3ASBcWg/ viewform?usp=sf_link

2 - Gênero:

❏ De 40 a 49 anos ❏ De 50 a 59 anos ❏ De 60 a 69 anos ❏ 70 ou mais

❏ Gênero Fluido - Transita entre os gêneros masculino, feminino, e etc ❏ Queer - não se limita a gênero contempla aqui qualquer minoria não representada anteriormente ❏ Outro 2.a - Caso tenha marcado a opção ‘’outro’’ sintase livre para escrever abaixo, caso não tenha escolhido essa opção, deixe em branco


p. 167 3 - Sexualidade - Orientação sexual:

4 - Status de relacionamento:

6 - Com quantos anos iniciou sua vida sexual?

❏ Heterossexual

❏ Sem parceiros fixos ou casuais

❏ Antes dos 14 anos

❏ Homossexual

❏ Amizade Colorida ou em Relacionamento Aberto

❏ Entre 15 e 17 anos

❏ Bissexual

❏ Namorando Fechado

ou

em

Relacionamento

❏ Assexual

❏ Entre 18 e 21 anos ❏ Mais de 22 anos

❏ Relação de Poliamor ❏ Pansexual

❏ Não iniciei minha vida sexual ❏ Casado em relação monogâmica

❏ Outro

❏ Outro ❏ Casado em relação poligâmica

3.a - Caso tenha marcado a opção ‘’outro’’ sinta-se livre para escrever abaixo, caso não tenha escolhido essa opção, deixe em branco 3b - Marque a opção que melhor se encaixa: ❏ Sou Ativo - pessoa que faz sexo penetrando anal ou oralmente outra pessoa

❏ Outro

4.a - Caso tenha marcado a opção ‘’outro’’ sinta-se livre para escrever abaixo, caso não tenha escolhido essa opção, deixe em branco 5 - Você diria ter uma vida sexual ativa?

❏ Sou Versatil mais Ativo

❏ Sim

❏ Sou Versátil - pessoa que às vezes é ativa e às vezes é passiva

❏ Não

❏ Sou Versatil mais Passivo ❏ Sou Passivo - pessoa que é penetrando anal ou oralmente por outra pessoa

6.a - Caso tenha marcado a opção ‘’outro’’ sinta-se livre para escrever abaixo, caso não tenha escolhido essa opção, deixe em branco 7 - Com qual frequência mantém relações sexuais?. ❏ Mais de 1 vez por semana ❏ 1 vez por semama ❏ 1 vez a cada 2semanas ❏ 1 vez por mês ❏ 1 vez a cada 2 meses


p. 168 ❏ Outro

9a - Já praticou sexo em grupo?

7.a - Caso tenha marcado a opção ‘’outro’’ sinta-se livre para escrever abaixo, caso não tenha escolhido essa opção, deixe em branco 8 - Costuma ter parceiros fixos ou parceiros casuais?

❏ Sim, sempre ❏ Sim, eventualmente ❏ Sim, 1 vez

❏ Fixos - Fixos - relação fechada

❏ Não, mas gostaria

❏ Fixos - Casuais - relação aberta

❏ Não

❏ Casuais Casuais relacionamento

-

sem

9 - Geralmente quantos parceiros costuma mandar ao mesmo tempo? ❏ 1 apenas ❏ 1 e eventualmente 2 ❏ 2 e eventualmente 3 ❏ 3 ou mais


p. 169 Etapa 2 - Os Locais: onde e como se pratica sexo; 10 - Costuma praticar sexo em casa? ❏ Sim ❏ Não

11.a - Caso tenha marcado a opção ‘’outro’’ sinta-se livre para escrever abaixo, caso não tenha escolhido essa opção, deixe em branco

13 - Onde já fez sexo em casa e que considera inusitado? ❏ Quarto

12 - Dada a oportunidade favorável, em quais outros ambientes de casa gostaria de transar?

❏ Sala de Estar

❏ Quarto

❏ Sala de Jantar

❏ Sala de Estar

❏ Cozinha

❏ Quarto

❏ Sala de Jantar

❏ Lavanderia

❏ Sala de Estar

❏ Cozinha

❏ Banheiro

❏ Sala de Jantar

❏ Lavanderia

❏ Varanda/Quintal

❏ Cozinha

❏ Banheiro

❏ Outro

❏ Lavanderia

❏ Varanda/Quintal

❏ Banheiro

❏ Outro

11 - Em qual ambiente costuma praticar sexo em casa?

❏ Varanda/Quintal ❏ Nenhum ❏ Outro

12.a - Caso tenha marcado a opção ‘’outro’’ sinta-se livre para escrever abaixo, caso não tenha escolhido essa opção, deixe em branco

13.a - Caso tenha marcado a opção ‘’outro’’ sinta-se livre para escrever abaixo, caso não tenha escolhido essa opção, deixe em branco


p. 170 14 - O que impede de utilizar determinados ambientes domésticos para fazer sexo? ❏ Falta de interesse ❏ Falta de interesse do parceiro

16 - Cite em quais desses locais já praticou sexo: (locais edificados de uso público e acesso controlado) ❏ Hotel ❏ Motel

❏ Familiares convivendo na mesma casa

❏ Balada

❏ Falta de comodidade

❏ Sauna

15 - Quais móveis funcionam como base/ apoio para praticar sexo? ❏ Cama ❏ Sofá ❏ Mesa ❏ Cadeira ❏ Outro 15.a - Caso tenha marcado a opção ‘’outro’’ sinta-se livre para escrever abaixo, caso não tenha escolhido essa opção, deixe em branco

❏ Casa de Swing ❏ Drive in ❏ Puteiro ❏ Clube de Striptease ❏ Casa de Dominatrix

17 - Com que frequência costuma ir a algum (alguns, ou todos) desses locais? ❏ Mais de 1 vez por semana ❏ 1 vez por semama ❏ 1 vez a cada 2semanas ❏ 1 vez por mês ❏ 1 vez a cada 2 meses ❏ Não tem uma frequência específica ❏ Nunca ❏ Outro 17.a - Caso tenha marcado a opção ‘’outro’’ sinta-se livre para escrever abaixo, caso não tenha escolhido essa opção, deixe em branco

❏ Cinema Pornô 18 - Costuma ir acompanhado ou sozinho? ❏ Outro ❏ Acompanhado ❏ Nenhum dos citados anteriormente ❏ Sozinho ❏ Às vezes Acompanhado, às vezes Sozinho


p. 171 19 - Cite em quais desses locais já praticou sexo: (espaços urbanos e locais de uso público e acesso livre?)

20 - Você já fez o uso de álcool ou drogas (lícitas ou ilícitas) para praticar sexo?

❏ Rua

❏ Álcool - Cerveja, Vinho, Cachaça e etc

❏ Parque

❏ Estimulantes como Viagra, etc

❏ Praça

❏ Maconha - Erva - Cannabis

❏ Banheiro Público

❏ Cocaína - Pó - Farinha

❏ Escada de Emergência

❏ Lsd - Doce - Ácido

❏ Carro

❏ Ecstasy - Bala - MD

❏ Cinema

❏ Haxixe - Hash

❏ Local de trabalho

❏ Outro - especifique por favor

❏ Outro - especifique por favor 19.a - Caso tenha marcado a opção ‘’outro’’ sinta-se livre para escrever abaixo, caso não tenha escolhido essa opção, deixe em branco

20.a - Caso queira citar mais precisamente, sinta-se livre para escrever abaixo, caso contrário, deixe em branco


p. 172 Etapa 3 - Sobre Fetiche;

❏ Sexo em local de trabalho

21 - Você diria ter algum Fetiche?

❏ Exibicionismo - Ter tesão pelo possibilidade de alguém ver

❏ Sim ❏ Golden Shower ❏ Não ❏ Couro - Leather 22 - Cite quais fetiches você já experimentou e gostou ❏ BDSM - Bondage, Masoquismo

Sado

e ❏ Fisting

❏ Dominação

você

❏ BDSM - Bondage, Masoquismo

Sado

não

e

❏ Dominação ❏ Submissão ❏ Sadomasoquismo, masoquismo

sadismo

ou

❏ Imobilização - Por algemas, amarras, cordas, correntes e etc

❏ Pés - Podolatria ❏ Chicotes ou cintos

❏ Submissão ❏ Sadomasoquismo, masoquismo

❏ Vibradores e brinquedos eróticos no geral

23 - Cite quais fetiches experimentou mas gostaria

❏ Sugar Daddy sadismo

ou

❏ Máscaras ❏ Bear - Ursos ❏ Fantasias temáticas

❏ Imobilização - Por algemas, amarras, cordas, correntes e etc ❏ Chicotes ou cintos ❏ Máscaras

❏ Chaser - Pessoas que curtem Ursos ❏ Sexo em local público ❏ Outro - especifique por favor 22.a - Caso tenha marcado a opção ‘’outro’’ sinta-se livre para escrever abaixo, caso não tenha escolhido essa opção, deixe em branco

❏ Sexo em local de trabalho ❏ Exibicionismo - Ter tesão pelo possibilidade de alguém ver

❏ Fantasias temáticas ❏ Golden Shower ❏ Sexo em local público ❏ Couro - Leather


p. 173 ❏ Vibradores e brinquedos eróticos no geral ❏ Fisting ❏ Pés - Podolatria ❏ Sugar Daddy ❏ Bear - Ursos

24 - Cite quais fetiches você já experimentou mas não gostou ❏ BDSM - Bondage, Masoquismo

Sado

e

❏ Sugar Daddy

❏ Submissão sadismo

ou

❏ Chaser - Pessoas que curtem Ursos ❏ Outro - especifique por favor 23.a - Caso tenha marcado a opção ‘’outro’’ sinta-se livre para escrever abaixo, caso não tenha escolhido essa opção, deixe em branco

❏ Fisting ❏ Pés - Podolatria

❏ Dominação

❏ Sadomasoquismo, masoquismo

❏ Vibradores e brinquedos eróticos no geral

❏ Bear - Ursos ❏ Chaser - Pessoas que curtem Ursos

❏ Imobilização - Por algemas, amarras, cordas, correntes e etc ❏ Chicotes ou cintos ❏ Máscaras ❏ Fantasias temáticas ❏ Sexo em local público ❏ Sexo em local de trabalho ❏ Exibicionismo - Ter tesão pelo possibilidade de alguém ver ❏ Golden Shower ❏ Couro - Leather

❏ Outro - especifique por favor 24.a - Caso tenha marcado a opção ‘’outro’’ sinta-se livre para escrever abaixo, caso não tenha escolhido essa opção, deixe em branco


p. 174 25 - Cite quais fetiches você nunca experimentou mas não tem curiosidade ❏ BDSM - Bondage, Masoquismo

Sado

e

❏ Dominação ❏ Submissão ❏ Sadomasoquismo, masoquismo

sadismo

ou

❏ Imobilização - Por algemas, amarras, cordas, correntes e etc ❏ Chicotes ou cintos ❏ Máscaras ❏ Fantasias temáticas ❏ Sexo em local público ❏ Sexo em local de trabalho

❏ Vibradores e brinquedos eróticos no geral

26 - Cite os lugares que já praticou sexo e gostou da experiência

❏ Fisting

❏ Quarto

❏ Pés - Podolatria

❏ Sala de estar

❏ Sugar Daddy

❏ Sala de jantar

❏ Bear - Ursos

❏ Cozinha

❏ Chaser - Pessoas que curtem Ursos

❏ Lavanderia

❏ Outro - especifique por favor

❏ Banheiro

25.a - Caso tenha marcado a opção ‘’outro’’ sinta-se livre para escrever abaixo, caso não tenha escolhido essa opção, deixe em branco

❏ Varanda / quintal ❏ Hotel ❏ Motel ❏ Balada ❏ Casa de swing

❏ Exibicionismo - Ter tesão pelo possibilidade de alguém ver

❏ Puteiro

❏ Golden Shower

❏ Clube de striptease

❏ Couro - Leather

❏ Casa de dominatrix


p. 175 ❏ Drive in

26a - Cite os lugares que gostaria de praticar sexo (que sentiria tesão, ou curiosidade de saber como é), dada a oportunidade

❏ Cinema pornô

❏ Drive in ❏ Cinema pornô

❏ Quarto ❏ Sauna

❏ Sauna ❏ Sala de estar

❏ Rua

❏ Rua ❏ Sala de jantar

❏ Parque

❏ Parque ❏ Cozinha

❏ Praça

❏ Praça ❏ Lavanderia

❏ Banheiro público

❏ Banheiro público ❏ Banheiro

❏ Escada de emergência

❏ Escada de emergência ❏ Varanda / quintal

❏ Larro

❏ Larro ❏ Hotel

❏ Local de trabalho

❏ Local de trabalho ❏ Motel

❏ Outro - especifique por favor

❏ Outro - especifique por favor ❏ Balada ❏ Casa de swing ❏ Puteiro ❏ Clube de striptease ❏ Casa de dominatrix

26.b - Caso tenha marcado a opção ‘’outro’’ sinta-se livre para escrever abaixo, caso não tenha escolhido essa opção, deixe em branco


p. 176 27 - Quais das alternativas costuma perceber sobre o tema “sexo” para você ❏ Falta de cidade

locais

apropriados

na

Etapa 4 - Sobre o Local Ideal do Sexo 28 - Ao imaginar um local ideal para transar, que tipo de iluminação você escolheria? ❏ Iluminação comum e acolhedora

❏ Falta de locais descontraídos (menos estigmatizados) ❏ Falta de apoios ou pegadores nos locais, o que impossibilita manter certas posições por muito tempo ❏ Falta de naturalidade ao conversar sobre sexo com as pessoas ❏ Falta de flexibilidade para realizar algumas posições diferentes

❏ Iluminação diferente e colorida 28a - Se escolheu “iluminação diferente e colorida”, quais destas escolheria? ❏ Iluminação vermelha ❏ Iluminação laranja ❏ Iluminação amarela

❏ Falta de comodidade, materiais têm texturas ou temperaturas ruins ❏ Temor de ser julgado por algum fetiche ❏ Não fazer parte de uma comunidade, ou não conhecer as pessoas com os mesmos fetiches

❏ Iluminação verde ❏ Iluminação azul ❏ Iluminação roxa ❏ Luz negra

❏ Medo de contrair doenças (infecções) sexualmente transmissíveis ❏ Outro Caso tenha marcado a opção ‘’outro’’ sintase livre para escrever abaixo, caso não tenha escolhido essa opção, deixe em branco

❏ Eu escolhi iluminação comum e acolhedora


p. 177 28b - Gostaria que essa iluminação fosse: ❏ Em neon ❏ Focal interesse

30 - Ao imaginar um local ideal para transar, quais sons você escolheria? ❏ Com sons - Leves ruídos como sons de vento, chuva, mar

iluminando

pontos

de

❏ Difusa - o ambiente todo iluminado por igual ❏ Indireta - iluminando o chão ou paredes

❏ Com música ambiente - música mais baixa e atmosférica como instrumental

31 - Ao imaginar um local ideal para transar, quais materiais você escolheria? ❏ Concreto ou Cimento ❏ Madeiras ❏ Metais

❏ Com música - com letra, algum intérprete cantando

❏ Couro

❏ Sem sons - ou música

❏ Tecidos

❏ Dimerizável - ajustável ❏ Felpudos 29 - Ao imaginar um local ideal para transar, quais temperaturas você escolheria? ❏ Temperatura quente

do

ambiente

mais

❏ Espelhados ❏ Transparentes

❏ Temperatura do ambiente mais fria

❏ Textura porosa ou áspera

❏ Temperatura do ambiente igual a exterior, indiferente se está quente ou frio

❏ Textura lisa ❏ Textura aveludada ❏ Materiais emborrachados


p. 178 32 - Ao imaginar um local ideal para transar, quais tipos de espaço você escolheria?

34 - Ao imaginar um local ideal para transar, qual abordagem de preços você preferiria? ❏ Preço justo - afinal quero usufruir de um bom lugar, e ver investimento em novidades para poder ir sempre

❏ Espaço amplo e aberto ❏ Espaço intimista e aberto ❏ Espaço amplo e reservado ❏ Espaço intimista e reservado

33 - Ao imaginar um local ideal para transar, quais fatores considera essenciais? ❏ Poder assegurar a intimidade entre o casal

❏ Facilidade de transar desconhecidas

com

❏ Facilidade de expressar sua sexualidade de forma artística ou política ❏ Limpeza constante ❏ Organização e tecnologia ❏ Segurança

❏ Arquitetura que finge não ser um espaço de sexo

❏ Preço elevado - como forma de “selecionar o público”

❏ Arquitetura com ângulos retos

35 - Ao imaginar um local ideal para transar, sobre a localização, o que você preferiria? ❏ Local com entrada discreta

pessoas

❏ Facilidade de expressar sua sexualidade de forma recreativa

❏ Arquitetura que revela o interior (maneira parcial, com vidros leitosos ou sombras)

❏ Preço acessível - partindo do pressuposto de que “quanto mais melhor”

❏ Local com uma boa localização (próximo a metrôs, pontos de ônibus, ou estacionamentos

❏ Intimidade entre casais

36 - Ao imaginar um local ideal para transar, sobre a arquitetura de forma geral, o que você preferiria?

❏ Local mais longe do centro da cidade ❏ Local no centro da cidade

❏ Arquitetura com formas fluidas ❏ Arquitetura que se move - arquitetura dinâmica, cinética ou metabolista


p. 179 37 - Ao imaginar um local ideal para transar, quais cores que “te dariam tesão” e fariam parte da paleta do lugar? Pense em portas, paredes, mobiliário, iluminação, decoração, fachada, etc ❏ Tons pastéis ❏ Tons saturados ❏ Cores em tons de cinza ❏ Cores em tons de roxo ❏ Cores em tons de vermelho ❏ Cores em tons de laranja ❏ Cores em tons de amarelo ❏ Cores em tons de verde ❏ Cores em tons de azul ❏ Cores em tons de rosa ❏ Cor preta ❏ Cor branca ❏ Furta-cor - Holográfica

Gostaria de deixar alguma sugestão de opção, ou comentário? Escreva abaixo. 38 - Se procurar os fatores que constituem seu repertório sexual, fetiches, tesão e etc, quais seriam? ❏ Pornografia

39 - Diria que a arquitetura pode influenciar o modo como expressamos a nossa sexualidade e como praticamos sexo? ❏ Sim, definitivamente a arquitetura influencia nosso modo de viver e nos relacionar ❏ Talvez, acredito ser possível mas não tenho como afirmar ou negar

❏ Cinema ❏ Experiências idealizadas ❏ Experiências vividas ❏ Experiências traumáticas ❏ Outro - especifique por favor Caso tenha marcado a opção ‘’outro’’ sintase livre para escrever abaixo, caso não tenha escolhido essa opção, deixe em branco

❏ Não, afinal a arquitetura está em segundo plano





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