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Voltar a pisar a terra

Em ocasiões que apresentava esta pesquisa algumas vezes descrevi, e outras foram interpretadas, como uma “volta às origens”. Lemos que esta pesquisa se faz entre percursos na localidade de nascimento de parte de minha família, o Karú. Nasci no entorno, na cidade vizinha de Lages também em Santa Catarina. Com pouco mais de um ano de idade fui para o litoral sul do estado. Assim, nestes dois últimos anos voltamos para o Karú. Onde minha irmã, Elaine, concomitante a estes escritos, desenvolve uma pesquisa* sobre envelhecimento em sociologia política nesta localidade.

Os contornos desta aproximação com este lugar e pelas relações de sangue, sem dúvida foram algumas das coordenadas que moveram grande parte destas caminhadas (tanto estas quanto de minha irmã).Os percursos realizados nesta localidade muitas vezes se davam por meio destas relações, ser filho, irmão, sobrinho, neto, primo, parente de Florianópolis etc. Isto tanto nos abria algumas portas quanto fechava outras. Embora tais relações tenham exercido papel fundamental, seja em contribuições diretas e indiretas, não pretendemos apresentar os laços familiares como uma condição homogeneizadora. Se por estas relações entramos, outras tantas foram apresentadas e geradas no percurso. Às quais ampliaram e inclusive realocaram a noção de familiaridade. Compreendemos familiariedade como algo a ser construído, não fixo a uma convenção, idealizada ou mesmo apaziguadora. São relações construídas como relações de amizade e estas pressupõem, ou não, laços consanguíneos. Neste sentido, o aspecto familiar contribui assim como dificulta, ou torna mais complexo, o processo de aproximação de um contexto e de suas realidades distintas - como apresentamos anteriormente no primeiro caderno - águas de um grande rio.

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“Voltar às origens” ou “retorno à terra” é também por onde muitos dos gestos em arte tem encontrado fertilidade. Seja a partir dos aspectos biográficos; o “retorno” do “artista” às suas “raízes”, por vezes a uma cidade/estado/país “natal” ou mesmo a falta deste [lugar] e da impossibilidade [de retorno]; estéticos, nas formas de documentação [fotografias, registros, ações e proposições com ae a partir do lugar]; políticos, ao trazer à superfície os contornos [de saber-poder] socio-históricos e geográfico-culturais locais. Questões estas atravesssam um

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