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[Caderno III ] homem forte

Como disse Rosa, a minha tia - quando lhe perguntei sobre o homem forte do Karú: “Ah! tem muita mulher que vale mais que dez homens!” O sentido de “homem” - se é que existe ou existirá um - se liquefaz aqui enquanto afirmação de gênero ou mesmo enquanto pretensão de retomar ou eleger algum arquétipo totalizante ou nostalgia de outros tempos. Com o uso da palavra “homem”, procuramos nos referir a todos àqueles que vivem na terra e contribuem para o que elegemos como humanidade.

Se pudéssemos descrever brevemente o que até agora absorvemos diríamos que, com os percursos desta pesquisa, fica cada vez mais nítida a hipótese de que nós, seres humanos, nos construímos a partir de nossas relações. Isto tampouco encontra ou encontrará definição nesta pesquisa, muito há de ser digerido dentro e fora dela, a compreensão que apresentamos é temporária e inerente da disposição em que nos colocamos - talvez tudo isso nos encaminhe para o que ainda não compreendemos de imediato.Se anteriormente citamos que “homem” vem de “humus”, aquilo que é fértil, é porque da fertilidade é que vem a sua força, como lemos na poesia chinesa a imagem do bamboo, firme sem ser pesado, resistente por flexibilidade não por rigidez, assim compreendemos, o homem não está em si, e sim nas suas relações.

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Podemos nos aproximar do Karú do homem forte como aquele que exercita a criatividade, que é também uma relação [um exercício de relações] de sua imaginação, de suas experiências, projetando-se no seu fazer, para assim saber pisar desta ou de outra maneira nos ambientes em que vive. Como nos disse Kafka em célebre frase: “No embate entre você e o mundo, prefira o mundo”. Assim, o homem está e se faz no mundo e o mundo nele também está por fazer. De certa maneira o mundo é aquilo que o homem exercita nas mais plurais condições de sua humanidade - daquilo que cultiva, absorve ou deixa passar, do que sabe trazer para si e do que sabe partilhar. Em brevidade, de tudo que mantém vivo e vivo lhe mantém.

Das poucas certezas, somos partes de um todo, desta humanidade de mulheres e homens, condicionados e condicionantes à certas escolhas, certos modos de ser. Uma humanidade onde todos passam. Vivemos e compartilhamos nossas passagens enquanto crianças, jovens e, com muita sorte, chegamos à velhice. Em essência, continuamos a viver todas essas passagens de alguma forma, à medida em que pensamos, agimos.

Das poucas certezas, somos partes de um todo, desta humanidade de mulheres e homens, condicionados e condicionantes à certas escolhas, certos modos de ser. Uma humanidade onde todos passam. Vivemos e compartilhamos nossas passagens enquanto crianças, jovens e, com muita sorte, chegamos à velhice. Em essência, continuamos a viver todas essas passagens de alguma forma, à medida em que pensamos, agimos.

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