Trabalho de Conclusão de Curso - Arquitetura e Urbanismo

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Habitação social desenvolvida no sistema Light Steel Framing

RESIDENCIAL RIVIERA STEEL FRAMING, FLEXIBILIDADE MODULAR E FACHADA ATIVA.

LEONARDO DE OLIVEIRA MARQUES 2016


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UVV – UNIVERSIDADE DE VILA VELHA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

LEONARDO DE OLIVEIRA MARQUES

HABITAÇÃO SOCIAL DESENVOLVIDA NO SISTEMA LIGHT STEEL FRAMING

VILA VELHA – ES 2016


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LEONARDO DE OLIVEIRA MARQUES

HABITAÇÃO SOCIAL DESENVOLVIDA NO SISTEMA LIGHT STEEL FRAMING

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Vila Velha - ES, como requisito parcial para

obtenção

Arquitetura

do e

grau

em

Urbanismo.

Orientadora: Prof.ª D.Sc. Cynthia Marconsini Loureiro Costa.

VILA VELHA – ES 2016


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Agradecimentos:

Primeiramente, agradeço a Deus, por me possibilitar seguir na busca do conhecimento, e aos meus pais que me passaram valores e princípios. Agradeço a minha família (Viviani e Sophia) por estar junto a mim em todas as situações, labutando ombro a ombro nas dificuldades da luta diária. Aos amigos que em vários momentos me deram força para prosseguir na caminhada. À CRUPE Brasil, com o Sr Robson Destefani e sua equipe que sempre se mostraram disponíveis e pro ativos somando com a transmissão de conhecimentos. À arquiteta urbanista Lílie Maretto Dariva, que ao ser convidada, se prontificou de imediato a contribuir com a conclusão deste trabalho, abrilhantando-o com seu conhecimento sobre light steel framing. Agradecimento especial a minha orientadora Professora Cynthia Marconsini e a professora Andreia Fernandes Muniz pelo profissionalismo com o qual me conduziram no desenvolvimento deste trabalho bem como durante os anos acadêmicos. A todos os meus professores, pois carregamos em nós um pouco de cada um daqueles que nos passam o seu conhecimento, minha admiração a pessoas tão extraordinárias, que cada uma a seu modo tem como filosofia de vida compartilhar um pouco do que aprenderam durante anos de estudos e trabalho, e que exercem esta missão muito além do dever.

“A arquitetura possui uma sina interessante de ser entre as artes a que carrega uma relação mais objetiva com o homem, por definir o abrigo de todas as suas atividades...” Francisco Spadoni, arquiteto e professor da FAUUSP


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Resumo

Diante de um aumento no custo da mão de obra nos últimos dez anos, no Brasil,

consequência

da

valorização

do

salário

mínimo

e

a

pouca

especialização da mão de obra, há uma necessidade contemporânea por métodos construtivos industrializados, que permita a redução no tempo de obra e nos resíduos gerados. Com a finalidade de apresentar um método construtivo mais eficiente para a habitação social no Brasil, bem como no estado do Espirito Santo. O trabalho apresenta o sistema Light Steel Framing aplicado à habitação social, verificando suas características e comparando-o aos métodos tradicionalmente utilizados no Brasil. Foi elaborada uma revisão bibliográfica que apresenta um breve histórico do déficit habitacional brasileiro, os métodos construtivos tradicionais utilizados para habitação e as suas questões técnicas e políticas envolvidas. O trabalho apresenta o sistema LSF com um breve histórico, características, exemplos e viabilidade econômica. Por fim propõe um modelo tipológico executado em Light Steel Framing (LSF), para habitações sociais, preconizando estratégias para agilidade, flexibilidade, sustentabilidade e qualidade final do produto.

Palavra-Chave: Light Steel Framing. Habitação social. Plantas flexíveis. Implantação humanizada. Fachada ativa.


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Lista de abreviaturas:

AE: Alvenaria Estrutural NBR : Norma Brasileira OSB: Oriented Strand Board LSF: Light Steel Framing CND: Certidão Negativa de Débitos BNH: Banco Nacional Habitação CDHU: Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano de São Paulo INCC: Indice Nacional da Construção Civil CBCA: Centro Brasileiro da Construção em Aço Dry Wall: parede seca, placas de gesso aparafusadas em estruturas de perfis de aço galvanizado. FGV: Fundação Getúlio Vargas UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IJSN: Instituto Jones dos Santos Neves


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SUMÁRIO 1. Introdução ..........................................................................................................

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1.1 Contextualização................................................................................................

10

1.2 Justificativa.........................................................................................................

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1.3 Objetivos ............................................................................................................

12

1.4 Metodologia .......................................................................................................

12

1.5 Estrutura do trabalho..........................................................................................

13

2. Tecnologia na produção da habitação social no Brasil ...............................

13

2.1 Sistemas construtivos em concreto armado....................................................... 14 2.2 Sistemas Construtivos em Alvenaria Estrutural.................................................. 16 2.3 Considerações ................................................................................................... 18 3. Problemática da técnica construtiva da habitação social no Brasil..............

18

3.1 Problema político envolto na construção civil em relação à habitação social..... 20 3.2 Conclusão do problema apresentado................................................................. 22 4. O Light Steel Framing.......................................................................................... 23 4.1 Exemplos de empreendimentos em LSF............................................................

24

4.2 Características construtivas principais steel framing........................................... 27 4.2.1 Perfis e vedações.............................................................................................

27

4.2.2 Fundações em radier........................................................................................ 28 4.2.3 Fundações em sapata corrida........................................................................... 29 4.2.4 Ancoragem.......................................................................................................

30

4.2.5 Contraventamento............................................................................................

31

4.2.6 Isolamento......................................................................................................... 31 4.2.7 Revestimento ................................................................................................... 32 4.2.8 Instalações.......................................................................................................

32

4.2.9 Lajes.................................................................................................................

33

4.2.10 Cobertura........................................................................................................ 35 4.2.11 Metodologia de projeto...................................................................................

35


x9 SUMÁRIO

4.3 Os benefícios do sistema...................................................................................

36

4.4 Os desafios a serem superados.........................................................................

38

4.5 Viabilidade econômica........................................................................................

39

5. Proposta projetual ................................................................................................ 50 5.1. Área escolhida – Diagnóstico ............................................................................

53

5.1.1 Localização......................... .............................................................................. 53 5.1.2 Índices Urbanísticos .......................................................................................

55

5.1.3 Infraestrutura Urbana ......................................................................................

56

5.1.4 Diagnóstico ambiental .....................................................................................

58

5.2 Projeto ................................................................................................................

59

5.2.1 Implantação e morfologia.................................................................................

59

5.2.2 A Unidade habitacional e unidade comercial...................................................

64

5.2.3 Modulação........................................................................................................

66

5.2.4 Agrupamento de áreas úmidas .......................................................................

68

5.2.5 Flexibilidade...................................................................................................... 69 5.2.6 Materiais .......................................................................................................... 72 5.2.7 Espaços gerados.............................................................................................. 78 5.3 Considerações finais............................................................................................ 83 6. Referências bibliográficas ..................................................................................... 84

Anexos: Anexo 01 - prancha 01/04 Anexo 02 - prancha 02/04 Anexo 03 - prancha 03/04 Anexo 04 - prancha 04/04


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1- INTRODUÇÃO 1.1 - Contextualização

O advento da industrialização no Brasil e, por conseguinte, a série de benefícios que o trabalhador encontrou na cidade em comparação ao campo, seja pelos direitos trabalhistas ou mesmo pelo acesso ao comércio e aos serviços, acarretou uma constante migração campo-cidade. A este fato seguiuse o problema do déficit habitacional, que embora tenha sido auferidas algumas tentativas de solução por parte do governo, com intuito de minimizar tal agrura, não foram alcançados ainda resultados definitivos. Esta situação nos remete não somente um quadro simplista de falta de moradia, mas também a assentamentos em áreas inadequadas, os quais marginalizam o indivíduo, retirando-lhe a dignidade e constituindo graves problemas sociais, fatores que agravam o atual quadro de violência sofrido nas grandes cidades. No âmbito técnico-construtivo percebe-se que os métodos mais comumente utilizados no país ainda são a alvenaria de blocos cerâmicos, o concreto armado moldado in loco e o sistema de alvenaria estrutural em bloco de concreto. Tais métodos, predominantemente artesanais caracterizados pela baixa produtividade e principalmente pelo grande desperdício de materiais, mantendo-se inerte aos avanços tecnológicos do setor. A construção civil no Brasil, ainda apresenta desperdícios de materiais e tempo na geração do produto. Há uma necessidade urgente na construção civil de se buscar

métodos

construtivos

mais

ágeis

e

com

menos

desperdício

considerando-se uma crescente competitividade de mercado e avanços na conscientização sobre a importância da conservação do meio ambiente. Segundo a revista Téchne (2006), diante do crescimento populacional e dos avanços tecnológicos, a indústria da construção civil no mundo tem buscado sistemas mais eficientes de construção com o objetivo de aumentar a produtividade, diminuir o desperdício e atender a uma demanda crescente. Dentro dessa realidade, os construtores têm buscado investir em processos construtivos mais eficientes que resultem em produtos de melhor qualidade sem aumentos significativos dos custos, a fim de se tornarem mais competitivos (TÉCHNE, edição julho 2006).


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O censo de 2010 aponta um déficit habitacional no Brasil de 6,490 milhões de unidades, o correspondente a 12,1% dos domicílios do país (fonte IBGE), auxiliando nas discussões e elaboração de politicas públicas de moradia. Regionalmente, o déficit habitacional é apresentado nas tabelas 1 e 2, elaborada com base no diagnóstico do Déficit Habitacional entre as famílias inscritas no Cadastro Único¹ (IJSN, 2010). Tabela 1 – Déficit habitacional 2010, Brasil, Sudeste, Espirito Santo, Região Metropolitana da Grande Vitória e Vitória, por situação do domicílio, números absolutos e relativos. Região Absoluto Relativo (%) Total Urbano Rural Total Urbano Rural Brasil 6.940.691 5.885.528 10.055.163 12,1 11,9 13,0 Sudeste 2.674.428 2.576.502 97.925 10,6 10,9 5,9 Espírito Santo 106.447 97.696 8.571 9,6 10,5 5,1 RM Grande 57.810 57.337 434 10,8 10,9 5,5 Vitória Vitória Capital 10.556 10.556 9,7 9,7 Fonte: Fundação João Pinheiro, 2010. Elaboração: IJSN Tabela 2 – Maiores e menores déficits habitacionais segundo o CadÚnico e população, por município. Município Microrregião Déficit Déficit relativo Posição População Total ao total ES (%) 2010 Serra Metropolitana 8.622 14,93 1 409.267 Vitória Metropolitana 4.905 8,49 2 327.801 Vila Velha Metropolitana 4.734 8,20 3 414.586 Cariacica Metropolitana 4.456 7,72 4 348.738 Linhares Rio Doce 3.411 5,91 5 141.306 Colatina Centro Oeste 2.926 5,07 6 111.788 Cachoeiro Central Sul 1.819 3,15 7 189.889 São Mateus Nordeste 1.710 2,96 8 109.028 Aracruz Rio Doce 1.674 2,90 9 81.832 Guarapari Metropolitana 1.587 2,75 10 105.286 São Roque do Canaã Centro Oeste 94 0,16 69 11.273 Mucurici Nordestes 88 0,15 70 5.655 Rio Novo do Sul Litoral Sul 79 0,14 71 11.325 Gov.Lindemberg Centro Oeste 74 0,13 72 10.869 Santa Leopoldina Central 74 0,13 73 12.240 Serrana Brejetuba Sudoeste 68 0,12 74 11.915 Serrana Vargem Alta Central Sul 66 0,11 75 19.130 Laranja da Terra Sudoeste 54 0,09 76 10.826 Serrana Divino S. Lourenço Caparaó 44 0,08 77 4.516 S.Domingos do Norte Centro Oeste 0 0,00 78 8.001 Total 57.748 100 Fonte: CadÚnico, IBGE 2010, Elaboração IJSN ¹criado em 2001 pelo governo Federal com o objetivo de cadastrar e manter atualizadas informações das famílias brasileiras com renda inferior a meio salário mínimo ou renda familiar total até 03 salários mínimos.


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Podemos observar que a região sudeste apresenta uma parcela significativa na contribuição do déficit. Há, portanto, uma grande demanda por habitação social, que deve ser provida pelo governo, para que essa camada da sociedade não fique ao controle absoluto do mercado. A construção industrializada, com mão-de-obra qualificada e otimização dos custos e do tempo mediante contenção do desperdício de materiais bem como a produção seriada e em escala, racionalizam os processos e colabora para a eficiência na construção da habitação social.

1.2 - Justificativa Devido ao problema apresentado, vislumbra-se um modelo construtivo que possa trazer alternativas construtivas mais sustentáveis, interessantes ao mercado economicamente, que atenda aos preceitos de qualidade e flexibilidade das edificações frente a alterações futuras em sua configuração espacial, de ordem funcional ou por necessidades familiares sofridas ao longo do tempo, permitindo também rapidez nas alterações. Frente à estas considerações é necessário um modelo construtivo industrializado que absorva as tecnologias desenvolvidas para o mercado produtivo, um sistema construtivo mais eficiente que possibilite um menor tempo de obra. A partir dessas premissas propõe-se nesse trabalho o sistema construtivo Light Steel Framing (LSF) e a sua aplicabilidade na habitação social.


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1.3 – Objetivos

O objetivo principal deste trabalho é desenvolver uma proposta projetual para a habitação social, que seja sustentável, com implantação mais humana e utilizando o sistema light steel framing, garantindo flexibilidade, agilidade e possibilidade de alterações espaciais na unidade ao longo de sua vida útil, a fim de atender modificações espaciais em razão da proposta de uso ou em razão da necessidade de famílias que têm sua configuração alterada no decorrer do tempo, evitando-se o destruir e refazer. Os objetivos secundários são: pesquisar os sistemas tradicionais mais usados na concepção do produto habitacional, elencando suas vantagens e desvantagens, bem como verificar as razões do mercado ainda utilizar esses sistemas; estudar o sistema construtivo LSF e investigar sua aplicabilidade na habitação social, verificando suas vantagens, desvantagens e possibilidades construtivas; realizar um comparativo econômico entre os métodos mais comumente utilizados.

1.4 - Metodologia

Para a realização deste trabalho foi realizada uma revisão bibliográfica buscando elencar os métodos tradicionalmente usados na execução de projetos para a habitação social, bem como um breve histórico, suas principais características e as principais argumentações quanto a sua permanência no decorrer do tempo. Foi investigado o Light Steel Framing, quanto a sua aplicação como método construtivo, suas características, exemplos de utilização, vantagens e desvantagens quanto a aplicação para habitações sociais. Foi efetuado um comparativo econômico entre os métodos usuais e o LSF. A partir da fundamentação teórica realizada, foi elaborada uma proposta de projeto habitacional em LSF, a partir das premissas de flexibilidade modular, sustentabilidade, qualidade de habitabilidade e que seja comercialmente viável, garantindo condições de competitividade no mercado, tendo uma implantação que contemple uma escala mais humanizada buscando qualidade ao morador e a área onde o mesmo for implantado.


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1.5 - Estrutura do trabalho

O capitulo 1 apresentou o tema habitação social mencionando os sistemas construtivos mais comuns para geração deste tipo de edificação, fazendo destaque pela busca dos empreendedores por sistemas construtivos mais eficientes. O capitulo justifica esta busca no quadro atual de déficit habitacional o qual assola o Brasil e o Estado do Espirito Santo, delineia dessa forma o objetivo deste trabalho: desenvolver proposta projetual de habitação social em light steel framing. O capítulo 2 apresenta a tecnologia na produção de habitação social no Brasil, os sistemas mais comumente utilizados, com suas vantagens e desvantagens bem como uma consideração quanto ao uso dessa tecnologia. O capítulo 3 apresenta o problema da técnica construtiva da habitação social no Brasil, o envolvimento politico atrelado a este tema, verificando motivos pelo qual ainda se utiliza esta tecnologia construtiva. O capítulo 4 apresenta o sistema Light Steel Framing como um método industrializado, disponibilizando exemplos de utilização, levantando suas características principais, vantagens e restrições quanto à sua aplicabilidade e por fim demonstra um estudo de viabilidade. O capítulo 5 apresenta a proposta de modelo de habitação social, multifamiliar vertical realizada em Light Steel Framing, pautada nas diretrizes de flexibilidade modular, sustentabilidade, qualidade de habitabilidade, bem como uma implantação humanizada. Apresentando na sequencia a escolha do terreno, a implantação e definição das plantas baixas bem como os materiais a serem utilizados, respeitando-se a premissa por custo beneficio e por fim a apresentação dos espaços gerados com o projeto e considerações finais.


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2 - TECNOLOGIAS NA PRODUÇÃO DA HABITAÇÃO SOCIAL NO BRASIL

No

Brasil,

caracterizada

a

construção pela

baixa

civil

ainda

produtividade

é

predominantemente

e

principalmente

artesanal

pelo

grande

desperdício de materiais (TÉCHNE, edição 112 julho 2006), utiliza métodos empíricos e com grande emprego de contingente de mão de obra por vezes com pouca qualificação, assimilando assim no mercado uma quantidade considerada de colaboradores. Apesar de já possuirmos tecnologias industriais de execução, estas durante décadas foram preteridas em razão de métodos artesanais, dentre estes os mais comumente usados no Brasil na habitação social são: o concreto armado moldado „in loco‟ e alvenaria de blocos estrutural, que se perduraram segundo Lucini (2003) pelo fato da mão de obra ter sustentado os lucros do setor com sua abundância e baixo custo, fato que se modificou na ultima década, pois esta mão de obra tem se tornado cara. Portanto faz-se necessário, a aplicação de uma tecnologia que se baseie na redução do tempo em canteiro de obras, colocando o produto habitacional em competitividade no mercado.

2.1 – Sistemas construtivos em concreto armado convencional

Segundo Araújo, Freitas e Rodrigues (2006), o concreto armado é uma associação

de

concreto

e

aço

que

tem

por

finalidade

aproveitar

vantajosamente as qualidades desses dois materiais. O concreto oferece grande resistência aos esforços de compressão e muito pouca aos esforços de tração. O aço, em compensação, apresenta muito boa resistência a ambos os esforços. A união do aço com o concreto visa, portanto suprir as deficiências do concreto em relação aos esforços de tração, reforçando a sua resistência à compressão. Além disso, o aço absorve os esforços de cisalhamento ou cortantes que atuam nos elementos de concreto. Sendo assim é um sistema reticular estrutural composto por pilares e vigamentos que suportam as tensões da edificação. As paredes possuem função apenas de vedação, utilizada para tal, blocos de cerâmica ou blocos de concretos não estruturais, figuras 01 e 02, (ARAUJO; FREITAS; RODRIGUES, 2006, p. 1).


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Figura 01: concreto armado, vedação tijolos. Fonte: arquivo pessoal Acesso em: 27/01/2016

Figura 02: concreto armado, vedação tijolos. Fonte: arquivo pessoal Acesso em: 27/01/2016

Descrição da produção da edificação no sistema construtivo em concreto armado moldado in loco, com alvenaria de vedação pode ser vista na tabela 3. Tabela 3 – Descrição da produção da edificação no sistema construtivo em concreto armado moldado in loco, com alvenaria de vedação.

Ilustração

Serviço / material Fundação - finalidade de transmitir as cargas recebidas dos pilares da edificação para uma camada resistente do solo. Sendo essencial sondagem do terreno, para definir o método utilizado para esta fundação, correlacionando o projeto da edificação com as possibilidades de resistência do terreno.

Armação das ferragens - necessita atividades de corte e dobra das barras de aço, para prepara-las para uso. Juntamente com o concreto dará sustentação à edificação, que distribui as solicitações simultaneamente da cobertura para as vigas, pilares e fundação.


16 Continuação: Tabela 3 – Descrição da produção da edificação no sistema construtivo em concreto armado moldado in loco, com alvenaria de vedação.

Concreto – juntamente com as ferragens tem a finalidade de preencher fundações bem como pilares, vigas, contra piso e laje. compõe-se de: cimento; agregados miúdo (areia); graúdo (pedra); água e cal ou outra adição.

Formas de madeira - finalidade moldar pilares e vigas retendo o concreto envolto a armação metálica para secagem, até que o concreto atinja o momento de desforma.

Fixação dos blocos de vedação – fixados com argamassa depois de realizada a mistura dos insumos: cimentos, areia de sílica, agua e aditivos especiais, formando a argamassa colante para a fixação dos blocos cerâmicos.

Instalações elétricas e hidráulicas – neste sistema construtivo as conexões são embutidas nas paredes, portanto é preciso “rasgá-las” para embutir as instalações hidráulicas e elétricas. Em seguida, deve ser iniciada a etapa de revestimento, caracterizada pela aplicação do chapisco.


17 Continuação: Tabela 3 – Descrição da produção da edificação no sistema construtivo em concreto armado moldado in loco, com alvenaria de vedação.

Revestimentos argamassados. Chapisco facilita a ancoragem do emboço. Com espessura entre 3 mm e 5 mm, cobrindo a superfície com uma camada de argamassa fina, que torna a base áspera e aderente. Emboço com espessuras entre 1,5 cm e 2 cm (interno) e de 3 a 4 cm (fachada), corrige pequenas irregularidades, melhorando o acabamento da alvenaria e protegendo-a de intempéries. Reboco, ou massa fina, tem cerca de 5 mm e é a camada final que torna a textura da parede mais fina para receber pintura. Fonte: Acervo próprio.

Segundo Gonçalves Souza (2013) e Lisboa (2008), apresentam-se as seguintes desvantagens para este sistema:

a)

Peso

próprio

elevado,

massa

específica

igual

2.500

kgf/m³;

consequentemente maior peso distribuído às fundações. b) Armadura essencial às estruturas de concreto armado demanda tempo excessivo no canteiro de obra para amarrações; c) Nos prédios de concreto armado as paredes desenvolvem apenas a função de vedação, carregando assim a estrutura reticulada com seu peso próprio; d) Grande quantidade resíduos e a madeira utilizada nas formas das estruturas convencionais de concreto armado e os tijolos ou blocos de dimensões pouco precisas e baixa resistência, empregados para vedação de vãos coordenados modularmente, são itens de acentuado peso na composição final do entulho deste tipo de obra. e) Baixa produtividade na execução, devido ao método ainda ser muito artesanal; f) „Desconstrução‟ causada pela quebra das paredes no caso de reparos de instalações, gerando desperdício. Soma-se ainda a necessidade de uma grande quantidade de colaboradores, onerando a folha de pagamento e expondo a erros na concepção do projeto, visto essa mão de obra ter pouca especialização.


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2.2 - Sistemas Construtivos em Alvenaria Estrutural

De acordo com Roman, Mutti e Araújo (1999, p. 16) a alvenaria estrutural tem a função de resistir a todas as cargas verticais do próprio peso, ou seja, as de ocupação e as acidentais aplicadas sobre elas, também é descrito por Camacho (2000) como o processo construtivo no qual o elemento alvenaria também exerce função estrutural sendo projetada, dimensionada e executada de forma racional em um sistema que visa a produtividade com economia de material, se executado de maneira correta. Dessa forma, o projeto ideal considera a distribuição das paredes de forma que cada uma atue como elemento estabilizador da outra. (SABBATINI, 1997).

Figura 03: Assentamento com blocos alvenaria estrutural. Fonte: Disponível em:<http://www.google.com.br/search?q=vedaçao+em+blocos +cimenticios+estruturais>. Acesso em: 29/08/2015

Ramalho e Corrêa (2003) afirmam que no caso da alvenaria estrutural (AE), a racionalização da produção pode ser maior que a do concreto armado, visto que a alvenaria de vedação passa a desempenhar ao mesmo tempo função estrutural. Dessa forma, os autores mostram que elementos estruturais que estariam presentes em edificações convencionais de concreto armado, como vigas e pilares podem ser evitados. Particularmente, a compatibilidade entre sistemas na AE é de extrema importância, dado que a execução de rasgos ou improvisos nas paredes não é permitida, devido ao comprometimento da segurança estrutural do edifício (PARSEKIAN; FURLAN JÚNIOR, 2003).


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Segundo Ramalho e Corrêa (2003) e Souza dos Santos (2010), as vantagens e desvantagens são competentes ao sistema de alvenaria estrutural:

Vantagens: a) Economia de fôrmas, reduzindo o custo; b) Redução nos desperdícios de material e mão de obra; c) Redução do número de especialidades, como armadores e carpinteiros; f) Menor custo em instalações hidráulicas e elétricas (sem necessidade de quebrar paredes); g) Diminuição da quantidade de armadura; h) Aumento da produtividade devido à repetição e padronização dos serviços;

Desvantagens: a) Necessário maior compatibilização dos projetos; b) Necessidade de uma mão de obra qualificada; c) Exige controle de qualidade eficiente; d) Não possibilita alterações futuras na arquitetura; e) Dificuldade na execução de grandes vãos e balanços excessivos; f) Pouca disponibilidade de matéria-prima fora de grandes centros. Os autores destacam que as características de produção são tradicionais em sua essência, baseadas em atividades de conversão dos componentes que formam ou fixam os elementos dos sistemas da edificação, sendo executadas no próprio canteiro de obras sujeitas a falhas e imprevistos, sejam eles técnicos ou temporais.


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Como demonstra Hendry (2001), para a produção de uma parede de alvenaria de blocos de concreto, além dos próprios blocos de concreto, é necessária a utilização de uma série de componentes que subsidiam e garantem o seu funcionamento, dentre os quais destacamos na tabela 4, para melhor compreensão: Tabela 4 – Descrição da produção da edificação no sistema construtivo em Alvenaria Estrutural.

Ilustração

Serviço material Fundação radier - É uma laje contínua e maciça de concreto, tipo de fundação mais comumente usada nesse sistema construtivo, fundação superficial ou direta que distribui toda a carga da edificação de maneira uniforme no terreno. Admite um solo com menor resistência.

Fixação dos blocos - realizada com argamassa que é proveniente da mistura dos insumos cimento, areia de sílica, agua e aditivos especiais.

Aço para reforço - necessita atividades de corte e dobra das barras de aço.


21 Continuação:Tabela 4 – Descrição da produção da edificação no sistema construtivo em Alvenaria Estrutural.

Graute – é um tipo específico de concreto, indicado para preenchimento de espaços vazios dos blocos e canaletas, a fim de solidificar a armadura e aumentar a capacidade portante. compõe-se de: cimento; agregados miúdo (areia); graúdo (pedra); água e cal ou outra adição Produzida em canteiro de obra fica suscetível a erros do profissional quando da mistura dos insumos “traço”. Revestimento final como chapisco, emboço e reboco. Chapisco facilita a ancoragem do emboço. Por isso, a argamassa deve ter alta resistência mecânica. Com espessura entre 3 mm e 5 mm, cobrindo a superfície com uma camada de argamassa fina, que torna a base áspera e aderente. Emboço Com espessura entre 1,5 cm e 2 cm (interno) e de 3 a 4 cm (fachada), corrige pequenas irregularidades, melhorando o acabamento da alvenaria e protegendo-a de intempéries. É produzido com argamassa mista (à base de areia, cal e cimento). Reboco, ou massa fina, tem cerca de 5 mm e é a camada final que torna a textura da parede mais fina para receber pintura Fonte: Acervo próprio.

Cada uma destas atividades de transformação geram atividades de fluxo, pois nenhuma delas está pronta para seu uso final, resultando na espera por estes materiais, pela produção da argamassa (mistura dos componentes), inspeção do serviço que está sendo executado (verificação das proporções utilizadas de cada material) e transporte da argamassa, já produzida, até o seu local de aplicação final, bem como na espera pela chegada dos insumos.


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Com a finalidade de apresentar uma comparação do sistema construtivo em alvenaria estrutural com o sistema light steel framing, a fim de elencar vantagens de um sistema com relação ao outro, toma-se por base a tabela 5 utilizada no artigo desenvolvido para o ENTECA 2011 - VIII Encontro Tecnológico da Engenharia Civil e Arquitetura de 8 a 10 Novembro 2011 (HENDRY, E.A.W. Masonry walls p.323-330. 2001). Tabela 5 – Comparação entre a produção de um elemento em AE e em LSF

Processo / atividade

Produção das paredes estruturais

Produção dos painéis estruturais

Atividades necessárias para a produção do elemento

1)Preparo da argamassa de assentamento; 2)Preparo do graute; 3) Corte e dobra de barras de aço; 4) Instalação das barras de aço; 5) Fixação dos blocos

1) Fixação das montantes nas guias; 2) Fixação de verga (guias inferior e superior para caixilhos; 3)Corte da fita metálica; Fixação das fitas para contraventamento

Transporte

1)Transporte de areia, cimento e aditivos (se houver) até o local de produção da argamassa; 2)Transporte da argamassa (pronta) até o local de produção da parede; 3) Transporte das barras de aço até o local de corte e dobra; 4)Transporte das barras de aço (prontas) até o local de produção da parede; 5)Transporte do material a ser utilizado para o graute até o seu local de produção; 6)Transporte do graute (pronto) até o local de produção da parede; 7)Transporte dos blocos de concreto até o local de produção da parede.

1)Transporte das guias, montantes, verga, guias superior e inferior e fitas metálicas até o local de montagem; 2)Transporte do painel até o local de fixação


23 Continuação: Tabela 5 – Comparação entre a produção de um elemento em AE e em LSF

Espera

Inspeção

1)Espera pela chegada da areia, cimento e aditivo no local de produção da argamassa; 2)Espera pela produção da argamassa; 3)Espera pela chegada da argamassa no local de produção da parede; 4)Espera pela chegada das barras de aço no local de corte e dobra; 5)Espera pelo corte e dobra das barras de aço; 6)Espera pela chegada das barras de aço no local de produção das paredes; 7)Espera pela chegada do material a ser utilizado no graute em seu local de produção; 8)Espera pela produção do graute; 9)Espera pela chegada dos blocos de concreto no local de produção da parede.

1)Espera pela chegada das guias, montantes, verga, guias superior e inferior e fitas metálicas até o local de montagem; 2)Espera pelo corte da fita metálica

1)Inspeção da qualidade do material/componente entregue; 2)Inspeção do preparo da argamassa3)Inspeção do preparo do graute; 4)Inspeção do corte e dobra das barras de aço; 5)Inspeção da instalação das barras de aço; 6)Inspeção da fixação dos blocos

1)Inspeção da qualidade do material/componente entregue; 2)Inspeção da fixação das montantes nas guias; 3)Inspeção da fixação da verga e guias superior e inferior; 4)Inspeção da fixação da fita metálica para contraventamento

Fonte: ENTECA 2011 - VIII Encontro Tecnológico da Engenharia Civil e Arquitetura

Nota-se, de imediato, a maior quantidade de atividades de fluxo (transporte, espera e inspeção) associadas à produção de uma parede em AE em comparação com um painel estrutural em LSF. Isto é justificado, pois a alvenaria necessita que vários de seus componentes sejam fabricados no próprio canteiro de obras, o que gera serviços como: preparo da argamassa de assentamento, o corte e a dobra das barras de aço e preparo do graute. Em contrapartida, no caso do LSF, os componentes do painel são pré-fabricados, o que resulta na diminuição das atividades de fluxo, tendo em mente que as conversões são definidas pelas atividades de montagem (ENTECA 2011).


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2.2 - Considerações

Segundo Ramalho e Corrêa (2003, p. 7), tanto nas paredes de vedação quanto nas paredes estruturais os tijolos são assentados um a um, o processo de colagem dos blocos de cerâmica ou de cimento é efetuado por masseira realizada no próprio canteiro de obras, possuindo funções básicas de solidarizar as unidades, transmitir e uniformizar as tensões entre as unidades de alvenaria, absorver as pequenas deformações e prevenir a entrada de água e vento nas edificações. Constitui-se de um processo artesanal de conhecimento empírico, propagador de um acentuado desperdício de tempo e material no canteiro de obras, gasto pelos colaboradores em atividades de preparo dos materiais a serem transformados para sua utilização, bem como o transporte destes pelo canteiro ou ainda na espera por insumos, logo evidenciam as ineficiências presentes em tais métodos, que acarretam em prejuízos financeiros e demora no processo construtivo (GROHMANN, 1998). Aliado a essa demora na produção em razão do método de execução artesanal, as pressões impostas pelo mercado imobiliário por entregas mais rápidas visando aumento de lucratividade sobre estes, em concomitância com a desqualificação profissional, aumentam a possibilidade de vícios construtivos (SILVA, A. 2003).


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3- PROBLEMÁTICA DA TÉCNICA CONSTRUTIVA DA HABITAÇÃO SOCIAL NO BRASIL

O conceito de habitação social consiste em habitações destinadas à população cujo nível de renda dificulta ou impede o acesso à moradia através dos mecanismos normais do mercado imobiliário. Em geral a construção de habitação social no Brasil utiliza métodos empíricos e com grande emprego de contingente de mão de obra como visto anteriormente e por vezes com pouca qualificação, com procedimentos deficitários, acarretando erros comuns ou perda de tempo com retrabalhos, devido a procedimentos inadequados. Configura-se por constância de improvisos, baixa otimização e racionalização dos insumos e serviços, características específicas da mão de obra artesanal, (GROHMANN, 1998). Problemas como este são perfeitamente exemplificados nas figuras 04 e 05.

Figura 04: Geração de entulhos em razão erros Fonte: Disponível em: < http://www.bjconstrucao. com.br/img/galeria/ref1.jpg>. Acesso em: 28/09/2015

Figura 05: Erros de execução, desperdícios. Fonte: em: <http://www.google.com.br/search?q=fotos+ entulhos+constru%C3%A7%C3%A3o+civil&rlz=1C1SAVI >. Acesso em 26/08/15


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Conforme afirmado por Silva A. (2003) a baixa produtividade resultante do método convencional „concreto armado moldado in loco e alvenaria de blocos estrutural‟ não acompanha os avanços quanto à tecnologia do setor, somandose à decrescente oferta de mão de obra com a crescente demanda por mais unidades habitacionais. Fica notório dessa forma a necessidade de mais agilidade nos canteiros de obras, acarretando assim certa pressão no setor, para diminuição do tempo de execução, que ocasiona vícios construtivos, projetos mal geridos, aumentando gastos que obviamente serão diluídos no custo final do produto.

A mão de obra que outrora sustentou os lucros do setor por sua abundancia e baixo custo, hoje é considerada cara e de baixa produtividade (LUCINI, 2003). Faz-se necessário, portanto a aplicação de uma tecnologia que se baseie na redução de homem-hora, colocando o produto habitacional em competitividade no mercado. Outra vertente a ser considerada, é a necessidade por mudanças na configuração dos espaços internos da edificação no decorrer do tempo, para uma adaptação proveniente de reconfigurações familiares ou pela mudança de uso da atividade que anteriormente fora proposto. Lucini (2003) relata sobre a refuncionalização futura dos edifícios com anexação de espaços vizinhos horizontalmente e verticalmente, causando assim demolição e reconstrução, fato que é agravado pelo uso de construções no método convencional, por serem pouco flexíveis quanto a mudanças, geradoras de resíduos, longo tempo proveniente de uma produção artesanal, que por assim comunga de uma considerada possibilidade de erros na geração do produto final.


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3.1 – Problema político envolto na construção civil em relação à habitação social.

Segundo Farah (1996) a problemática da demanda habitacional surge ainda nos anos 30 e aprofunda-se nas décadas de 50 e 60. Segundo a autora essa é uma contradição com a própria expansão do capitalismo que por um lado estimula que o centro urbano concentre meios de produção e trabalho, mas ao mesmo tempo não é acompanhada pela criação de condições de receber esta mesma força em seu meio. Farah (1996) aponta que devido a importância desse setor “construção civil” na absorção de mão de obra, o governo, estimulou explicitamente a produção da habitação social desde 1964 por uma série de planos e medidas, como podemos observar na fala de Rubens Vaz da Costa, presidente do Banco Nacional da Habitação – BNH na década de 70

“no BNH temos, em varias ocasiões , considerado a indústria tradicional da construção civil como grande absorvedora de mão de obra, na verdade representa uma etapa preliminar da adaptação do homem às cidades maiores: qualquer pessoa sabe empurrar um carrinho de mão ou ajudar um pedreiro. Tem havido, pois, nítida preferência do BNH pelo sistema tradicional de construção.....” (COSTA, 1972, p.80).

Farah aponta que para alguns autores, o setor contribuiu para retardamento da crise no Brasil. Entre os anos 1964 e 1983, contou com suporte da estrutura de financiamento do Estado, fomentando a indústria da construção. Ainda hoje o Estado tem um papel crucial na determinação desse setor, como o plano Minha Casa Minha Vida, implantado em 2009, programa que oferece condições subsidiamento no financiamento habitacional para famílias com renda de até 5.000,00 (cinco mil reais). Diante do contexto apresentado entendemos a sistemática que constitui propor um novo método construtivo, não é tão simples, visto o governo ser um veiculo motivador de politicas a fomentar a construção civil, tendo-o também como resolução para absorção de mão de obra não qualificada.


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Segundo artigo publicando no G1, edição de 29 de maio de 2014, nos últimos dez anos a construção civil sofreu uma mudança drástica no que tange a mão de obra, antes abundante e barata. Atualmente um mestre de obras com experiência e conhecimento pode ganhar até 15 salários mínimos. Segundo o IBGE, foi no setor da construção civil que os salários foram mais valorizados nos últimos quatro anos, superando o comércio e outros serviços, como transporte e limpeza urbana (IBGE, 2010). Entre abril de 2010 e abril de 2014, a renda média do trabalhador desse setor passou de R$ 1.140 para R$ 1.864. Segundo pesquisas da FGV apontam que o valor da remuneração cresceu cerca de 30% nos últimos anos, (PIGHINI, 2011), logo o uso excessivo de mão de obra impacta no custo desse produto. Em trabalho conduzido pela FGV em parceria com o Instituto Votorantim, o coordenador do projeto, professor Marcelo Neri, salienta que a construção civil, que sempre serviu de porta de entrada para o trabalhador sem qualificação e sempre se serviu desse brasileiro desprovido de escolaridade e formação profissional, terá grandes dificuldades, em um breve espaço de tempo, em encontrá-lo. O setor terá que se mostrar atraente para conquistar e manter os trabalhadores, na medida em que eles começam a aumentar o seu grau de escolaridade e, por conseguinte, suas expectativas e níveis de exigência com o mercado de trabalho. Trata-se de uma tarefa nada simples, a considerar a preocupação e o empenho mundial em lidar com essa questão, (Disponível em < http://www.firjan.org.br> Acesso em 25 outubro 2015).


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3.2 – Conclusão do problema apresentado.

Mediante os argumentos observados, entende-se que é interessante realizar projetos e executa-los, de forma a favorecer essa dinâmica de mudanças dos espaços, levando-nos a utilização de materiais que nos permita auferi-las de formas mais rápidas e com menos perdas de materiais e, por conseguinte com mais qualidade. Farah (1996) nos elenca como vertente de alternativas para resolver tal problema, à industrialização, concomitantemente com alterações tecnológicas e organizacionais, tendo como referência o desenvolvimento das habitações europeias no pós-guerra, onde a necessidade de suprir a demanda causada pela destruição sofrida impulsionou a indústria da construção, atendendo a necessidade de habitação desses países. A proposta é antiga, já configurada nos ideários da arquitetura moderna nos anos 20. Le Corbusier afirmava que é inviável o lento processo de execução artesanal e que os métodos de execução das edificações deveriam ser substituídos por uma montagem aos moldes de Ford em suas linhas de montagem (FARAH, 1996). Diante do crescimento populacional, dos avanços tecnológicos e o aumento do custo de mão de obra nos últimos dez anos, a indústria da construção civil tem buscado sistemas mais eficientes de construção com o objetivo de aumentar a produtividade, reduzindo o tempo em canteiros de obra e diminuindo desperdícios com geração de resíduos. Nesse contexto surge como opção viável o Light Steel Framing.


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4 – LIGHT STEEL FRAMING

Neste capitulo apresenta se o método construtivo Light Steel Framing, um breve histórico, suas principais características, vantagens e desafios para a habitação social no Brasil, verificando a viabilidade econômica deste sistema frente aos seus dois concorrentes mais utilizados na construção civil. O LSF é um sistema industrializado e possibilita uma construção mais ágil, com menos perdas e consequentemente com menos agressão ao meio ambiente. O LSF utiliza perfis de aço dobrados a frio como estrutura, trabalha em conjunto com

os

subsistemas

racionalizados,

proporcionando

uma

construção

industrializada a seco. O sistema é caracterizado pela concepção de racionalização e modulação (RODRIGUES, 2006). Segundo Santiago (2008), o sistema se caracteriza por conceitos modernos de industrialização, como produtividade, velocidade na construção e modulação. De acordo com Santiago, Freitas e Crasto (2012) a historia do LSF inicia-se em 1810, quando os Estados Unidos da América inicia sua conquista do território. Sua utilização intensifica-se em 1866 com o avanço da migração, que ocasionou um aumento significativo da população, e a necessidade de um sistema construtivo veloz e produtivo. Para atender à demanda por moradias, surgiu então o sistema wood framing, que

consiste

na

configuração

do

esqueleto

estrutural

em

madeira,

diferentemente do LSF que utiliza aço. A utilização do aço foi implementada após a segunda guerra mundial favorecido pela evolução da fabricação de perfis a frio. Na década de 90 as flutuações no preço da madeira e sua qualidade estimularam o uso do LSF. Estima-se que na década de 90 cerca de 25% das casas nos EUA foram feitas nesse sistema (BATEMAN 1998). Sendo usado a mais de trinta anos nos Estados Unidos, Inglaterra, Japão, Austrália e Canada (SANTIAGO, FREITAS, CRASTO, 2012).


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No Brasil o LSF surge no final da década de 90, estimulado pela aceitação do drywall, nesse inicio com empresas importando dos Estados Unidos kits préfabricados em LSF, para montagens de casas residenciais. Atualmente o Brasil conta com uma infraestrutura que impulsiona o setor de fabricação de perfis leves com as siderúrgicas brasileiras, dentre elas a Usiminas (Usiminas Siderúrgica de Minas Gerais), Cosipa - Companhia Siderúrgica Paulista, CSN Companhia Siderúrgica Nacional, (TÉCHNE, edição julho 2006). 4.1 Exemplos de empreendimentos em LSF Um exemplo recentemente construído no Brasil em LSF é o empreendimento Vila da dignidade (figura 06, 07 e 08), projeto realizado na cidade de Avaré interior de São Paulo, projetado pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano do Estado de São Paulo). As residências possuem 42 m², e custo unitário de construção de R$ 44.300,00. É importante destacar que empreendimento foi edificado no período entre setembro de 2009 e fevereiro de 2010. Foi um programa voltado para atendimento ao idoso e apresentado como exemplo no 1º Seminário nacional de construções sustentáveis em Passo Fundo RS (GEROLLA, 2010).

Figura 06: Vila da dignidade Fonte: Revista Techne 2009

Figura 08: Vila da dignidade Fonte: Revista Techne 2009

Figura 07: Vila da dignidade Fonte: Revista Techne 2009


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Outro exemplo é o projeto do condomínio residencial "Colina das Pedras" (figura 09), em Bragança Paulista interior de São Paulo, da CDHU, com uma área de 760 m². O empreendimento é composto por pavimentos, com 16 apartamentos populares de 46 m², executados com componentes totalmente nacionalizados. Cada prédio foi entregue no prazo de 90 dias, pronto para morar. É o primeiro condomínio vertical do Brasil voltado para habitação social no sistema steel framing com fechamento em painel OSB e revestimento externo em siding vínilico e internamente em drywall, acrescidos de manta para isolamento térmico e acústico (GEROLLA, 2010).

Figura 09: Edifício construído em Bragança Paulista SP, CDHU em LSF Fonte: <https://www.google.com.br/search?q=condom%C3%ADnio+residencial+%22Colina+das+Pedras%22,+CDHU> Acesso: 18/outubro/2015

Como crítica a este modelo destaca-se o desprestigio dispensado ao segmento da habitação social, ao observar a arquitetura repetitiva e pobre quanto a estética, que vem sendo usado comumente neste segmento. O Arquiteto César Dorfmann nos fala em um artigo de sua autoria que “Precisamos esquecer a ideia de que arquitetura para pobre é arquitetura pobre. Tem que ser a mesma arquitetura digna. O espaço público é tão importante quanto às edificações.” A habitação tem o papel muito além de um local para se morar, ela tem o papel de integra e não segregar, nessa linha de pensamento é preciso preocupar-se com uma arquitetura que agregue valores também do ponto de vista estético. No estado do Espirito Santo, pode-se citar o projeto da construtora Morar, situado na Serra ES. O empreendimento não é voltado para habitação social, mas demonstra que o estado já possui mercado para o sistema LSF. O empreendimento contou com a parceria da CRUPE Brasil situado na Serra ES, que realiza projetos estruturais voltados para o LSF, fornece os perfis e ainda ministra cursos formando equipes de montadores, outro parceiro foi o grupo ZAIDAN Sistemas Construtivos situado em Vitoria ES, fornecedora do LSF e da montagem do sistema.


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A parceria nessas empresas situadas no estado é um fator fundamental para o sucesso do sistema, reduzindo os custos com fretes e possibilidade de consultoria próxima aos empreendimentos. A construtora lançou 63 casas condomínio conhecida como Aldeia Manguinhos (figura 10), no município da Serra ES, trabalhando nesse empreendimento com três modelos de casa duplex de alto padrão.

Figura 10: Edifício construído em light steel framing , Construtora Morar Serra ES Fonte: <http://www.morar.com/Empreendimentos/index/aldeia-manguinhos-9> Acesso: 18/outubro/ 2015

O presidente da construtora Sr Sebastião Jayme de Almeida destaca os benefícios do sistema. “Os benefícios são muitos. Primeiro é sair da argamassa e do tijolo para um método industrializado, isso é um item super importante. Segundo é que ecologicamente é um sistema melhor e nós trabalhamos na indústria da construção civil e não podemos não estar preocupados com a sustentabilidade, com o menor consumo de produtos naturais, menor consumo de água, menor consumo desses produtos básicos” (SEBASTIÃO JAYME, PORTAL METALICA)”

A Morar após essa experiência informa que sua intenção é abandonar o método convencional e já tem empreendimentos em andamento e outros previstos no sistema LSF, são eles: 80 casas em Colatina ES (Aldeia Imperial), 130 casas em Linhares e 81 casas Aracruz e Guarapari ES, conforme mencionado em entrevista a Portal Metálica Construção Civil (Disponível em < http://www.metalica.com.br/steel-frame-leva-vantagens-a-construcao> em 25 outubro 2015).

Acesso


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4.2 Características construtivas principais do steel framing

4.2.1 Perfis e vedações: Santiago, Freitas e Crasto (2012) nos descrevem que o LSF é um método construtivo que basicamente utiliza perfis de aço galvanizado forjados a frio juntamente com componentes industrializados presentes na construção civil como painéis e placas. Possuem montagem industrializada em perfis em U e U enrijecido (figura 11 e 15), utilizados como montantes para composição de painéis verticais, vigas de entrepiso e estruturas de telhado, configurando-se em uma construção a seco e mais rápida. Ainda numa concepção estrutural os autores nos mencionam que o conceito principal do sistema é dividir a estrutura em uma grande quantidade de elementos estruturais de maneira que cada um resista a uma pequena parcela de carga total, sendo possível utilizar perfis mais esbeltos e painéis mais leves, ancorados a uma estrutura de fundação.

Figura 11: Perfis Fonte: Manual de arquitetura em Light Stell Framing 2ª edição 2012

Figura 12: Perfis e placas de fechamento Fonte: Manual de arquitetura em Light Stell Framing 2ª edição 2012

Figura 13: Perfis montados Fonte: Arquivo fornecido pela CRUPE


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Figura 14: Perfis e guias Fonte: Manual de arquitetura em Light Stell Framing 2ª edição 2012

Figura 15: Montantes e guias provenientes dos perfis Fonte: Manual de arquitetura em Light Stell Framing 2ª edição 2012


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Para as vedações utilizam métodos que combinam alta capacidade de isolamento termo acústico, uso de variadas soluções construtivas, para paredes internas sistema gesso acartonado (“Dry wall”). Para as paredes externas o uso de chapas de OSB, com barreira hidrófugada e tela de poliéster aplicado sobre a mesma ou também pode se utilizar chapa cimentícia (figura 16 e 17).

Figura 16: Vedação em OSB (sendo impermeabilizada) Fonte:em <http://madeirasmg.com.br/plus/modulos/fotos/ miniaturas.php?id=2&cdcategoria=2>. Acesso: 04/10/15

Figura 17: Vedação em OSB (sendo impermeabilizada) Fonte:em<http://www.placocenterrj.com.br/novo/placas-cimenticas>. Acesso: 04/10/15

Gesso acartonado: é o material mais indicado para os fechamentos internos das paredes, encontrando no mercado brasileiro três tipos diferentes de placa de gesso: Placas comuns, utilizadas em áreas secas; Placas resistentes a umidade, chamadas de placas verdes, são indicadas para ambientes úmidos; Placa resistente ao fogo, utilizada quando há a necessidade de proteção passiva, são diferenciadas pela cor vermelha do cartão envelopador do gesso. Sendo possível aplicar revestimento externo sobre as placas de gesso. OSB: Painel estrutural de tiras de madeira, orientadas em três camadas perpendiculares, aumentando sua resistência mecânica e rigidez unidas por resinas e prensadas sob alta temperatura. Logo, as chapas são feitas de madeira, por isso, uma necessidade muito importante é a aplicação de membrana de vapor nas bordas. A membrana de vapor deve ser aplicada tanto nos rodapés como em todo fechamento porque a exposição das chapas à umidade resultará no seu apodrecimento (figura 16). Placas cimentícias: Pode ser aplicado em áreas molhadas feitas de cimento Portland e agregados, as chapas podem ser aditivadas e receber misturas de fibras, que têm a função de incrementar a resistência dos componentes à tração. As peças mais comuns no mercado são comercializadas com largura de 1,2 m e comprimento que varia de 2,4 m a 3 m. As principais espessuras oscilam entre 6 mm e 12 mm. Com um índice de absorção de água que pode chegar a 30%, variando conforme o fabricante.


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O produto pode ser classificado em dois grupos. Grupo A composto por placas para uso externo, com ou sem revestimento. Alguns fabricantes disponibilizam chapas em cores ou com aplicação de texturas. Este grupo foi submetido aos ensaios de resistência à ação direta do sol, chuva, calor e umidade previstos pela norma NBR 15.498. O grupo B é recomendado para áreas internas, neste caso, é feito a partir de condições de equilíbrio com o meio. Devendo ser observados ao instalar os painéis, sempre no sentido transversal às vigas e não coincidir as juntas, atentando para os espaçamentos entre as placas prevendo a dilatação do material, e ainda para as placas de OSB, um espaçamento de 02 cm, com relação ao radier para se evitar contato com a umidade (Construção e Mercado, edição junho 2012).

4.2.2 Fundações em radier:

Por ser leve o LSF exige fundações mais simples, porém como a carga é distribuída uniformemente, a fundação deverá ser continua, suportando os painéis em toda sua extensão. Nessa concepção o radier³ (figuras 18, 19), é o tipo de fundação mais usado tendo vigas na parte perimetral dessa laje e sob as paredes estruturais, para receber a distribuição de carga. De acordo com os autores algumas considerações sobre este sistema: para que se evite a umidade do solo faz se necessário prever um nível de 15 cm com relação ao solo e nas calçadas uma inclinação de 5% para escoamento de aguas da chuva. É recomendável o uso de vigas que ficam sob as paredes portantes, em todo seu perímetro, para que a fundação apresente mais rigidez em todo seu plano. Todas as instalações elétricas e hidro sanitárias devem ser instaladas antes da concretagem desta fundação e esta é recomendável ser feita inteiramente sob manta de impermeabilização com o objetivo de evitar passagem de umidade para dentro da edificação (FREITAS; CRASTO, 2012).

³Radier: tipo de fundação rasa, que funciona como laje que transmite carga ao terreno .


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Figura 18: Detalhe ancoragem perfis, painéis a fundação em radier Fonte: Manual de arquitetura em Light Stell Framing 2ª edição 2012

Figura 19: Fundação em radier Fonte: arquivo pessoal fornecido pela CRUPE

4.2.3 Fundações em sapata corrida:

Os autores também nos descrevem como outra forma de realizar essa fundação a técnica da sapata corrida (figura 20) ou viga baldrame, que é um tipo de fundação indicada para construção com paredes portantes, onde a distribuição da carga é continua ao longo das paredes. Constitui-se de vigas podendo ser de concreto armado, blocos de concreto ou alvenaria que são colocados sobre painéis estruturais ainda no pavimento térreo, podendo o contrapiso ser em concreto ou com perfis galvanizados, apoiados sobre a fundação como nas lajes piso.


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No entanto o uso de sapata corrida para edificações populares em LSF não é recomendado, segundo Crasto (2006), pois é menos econômica, visto que se usa mais formas de madeira e exige mais tempo para ser executada. É ideal utilizá-la quando se tem limitações topográficas do terreno.

Figura 20: Detalhe ancoragem perfis, painéis a fundação em sapata corrida Fonte: Manual de arquitetura em Light Stell Framing 2ª edição 2012

4.2.4 Ancoragem: O tipo de ancoragem mais utilizado no LSF para fixar os painéis na estrutura da fundação é o parabolt expansível. Ele é executado após a concretagem da fundação. Primeiramente, se faz um furo em um lugar definido em projeto onde ele será aplicado, depois se coloca o parabolt no furo, o qual se expande a medida que se rosqueia o parafuso, se fixando na estrutura de fundação. Este tipo de ancoragem funciona como o de uma bucha utilizada domesticamente para fixar objetos na parede, só que em vez de utilizar plástico, se utiliza uma bucha parafuso que apresenta alta resistência a arranque, garantindo a fixação dos painéis na fundação (CRASTO, 2006).

Figura 21: Parafuso utilizado para ancoragem a fundação Com uso de parabolt. Fonte: Manual de arquitetura em Light Stell Framing 2ª edição 2012

Figura 22: Parafuso utilizado para atrelar os de perfis Fonte: Manual de arquitetura em Light Stell Framing 2ª edição 2012


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4.2.5 Contraventamento:

Para cargas horizontais devido à ação do vento, os perfis verticais não são capazes de absorver estes esforços por si só, portanto, é necessário o uso de contraventamentos na estrutura para que estes esforços sejam absorvidos e transmitidos para a fundação. O método mais utilizado é com o uso de fitas metálicas com dimensões definidas em projeto estrutural. Elas garantem a estabilidade e limitam deformações excessivas que podem levar ao colapso da edificação, as placas de OSB ou cimenticia também exercem a função de contraventamento (FREITAS; CRASTO, 2012).

Figura 23: contraventamento Figura 24: contraventamento Fonte:< https://www.google.com.br/search?q=contraventamento> Fonte:<Manual de arquitetura em Light Stell Framing 2ª edição 2012> Acesso em 04/10/15

4.2.6 Isolamento:

Com o objetivo de diminuir os ruídos e garantir o isolamento térmico em estruturas de LSF, é instalado isolamento dentro dos painéis para promover o conforto dentro da edificação. Pode ser feito por aplicação de materiais como lã de rocha, lã de vidro e EPS (FREITAS; CRASTO, 2012).

Figura 25: Detalhe isolamento Fonte: <https://www.google.com.br/search?q=isolamento+termico+com+l%C3%A3+de+rocha> Acesso: 03/setembro/ 2015


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4.2.7 Revestimento:

Podem ser utilizados todos os principais revestimentos da construção convencional para o sistema LSF, seja ele vedado com placas em OSB ou cimentícias, para tal é necessário, a aplicação de argamassa. Essa aplicação é feita sobre uma tela que é aparafusada na placa garantindo a boa aderência da argamassa (figura 26). É recomendado o uso de membrana hidrofugada (figura 27) de polietileno (membrana vapor) quando a vedação for feita com OSB, após este e quando em placa cimenticias entre essas placas e os perfis. Sendo o mais indicado para revestimento no LSF, o sinding vinílico (figura 28), composto por placas feitas em pvc, madeira ou cimenticias, de uso mais rápido e limpo proporcionando menor manutenção (SANTIAGO, 2008).

Figura 26: Detalhe aplicação de tela para receber acabamento Figura 27: Detalhe aplicação impermeabilização placa OSB Fonte: <http://www.construpor.com.br/index.php?p=item6-2> Fonte: <http://www.construpor.com.br/index.php?p=item6-2> Acesso: 18/outubro/ 2015 Acesso: 18/outubro/ 2015

Figura 28: Detalhe aplicação de tela para receber acabamento Fonte: Manual de arquitetura em Light Steel Framing 2ª edição 2012


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4.2.8 Instalações: As edificações construídas em sistema Light Steel Framing utilizam instalações semelhantes àquelas empregadas em edificações convencionais de alvenaria, sejam elas elétricas, hidráulicas, sanitárias, telefônicas, internet, gás, TV ou de aquecimento solar. Demandam apenas alguns cuidados específicos na sua execução, a maioria deles ligados ao fato que a paredes das edificações em LSF não possuem massa em seu interior, e, por isso necessitam de suportes de montagens para fixação das instalações. Para a passagem das instalações devem existir furos nas almas dos perfis, e para isso o projeto deve ir para a fábrica, com os projetos complementares, para que esses furos sejam efetuados ainda na fabricação, contando com verificações quanto a segurança estrutural, sendo esses efetuados conforme os parâmetros da NBR 15253/2014. Uma desvantagem que não existe no LSF, é que na construção convencional há um grande acumulo de entulho, em função da necessidade de quebrar a parede recém-executada para passagem de tubos ou dutos. No LSF se elimina a necessidade de rasgar todo o caminhamento para passagem da nova tubulação, e facilita alterações futuras nas instalações. Uma limitação importante no projeto de instalações em Light Steel Framing é a não indicação do emprego de vasos sanitários com válvula de descarga convencional, que pode causar significativa vibração e não dispõe de peças adaptadas para fixação nas placas de revestimento. E recomendado, então, que se utilizem bacias sanitárias com caixa acoplada, que são alimentadas por pontos comuns de agua fria, (FREITAS; CRASTO, 2012).

Figura 29: Detalhe instalação elétrica Fonte:<http://equipedeobra.pini.com.b r/construcao-reforma/19/steel-framecasa-rapida-103315-1.aspx> Acesso: 28/outubro/ 2015

Figura 30: Detalhe instalação elétrica Fonte:<http://equipedeobra.pini.com.br/ construcao-reforma/19/steel-frame-casarapida-103315-1.aspx> Acesso: 28/outubro/ 2015

Figura 31: Detalhe instalação hidráulica Fonte:< http://mtquadrado.com.br/aleveza-do-steel-framing/> Acesso: 28/outubro/ 2015


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4.2.9 Lajes:

A laje em LSF pode ser do tipo úmido, quando concreto serve de base ao contra piso, ou laje seca para uso em placas rígidas de OSB ou cimenticias. A laje úmida caracteriza-se pela utilização de uma chapa metálica ondulada aparafusada às vigas e preenchida com concreto que serve de base ao contra piso. Recomenda-se utilizar material de isolamento acústico entre esta chapa metálica e o contrapiso, devendo ser protegido da umidade do concreto por uma película de polietileno. Essa laje trabalha com uma espessura mensurada entre 4 a 6 cm e repousando sobre as vigas de piso, detalhes (figura 32). A laje seca (figura 33) consiste no uso de placas rígidas aparafusadas às vigas de piso, e servem como contrapiso. A mais utilizada é o OSB com 18 mm de espessura, que além de apresentar propriedades estruturais favorece o uso como diafragma horizontal, leve e de fácil instalação. Para áreas molhadas, o uso da placa cimenticia é mais recomendado já que tem maior resistência a umidade (FREITAS; CRASTO, 2012).

Figura 32: Laje úmida Fonte: Manual de arquitetura em Light Stell Framing 2ª edição 2012 - CBCA


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Figura 33: Laje seca Fonte: Manual de arquitetura em Light Stell Framing 2ª edição 2012 - CBCA

4.2.10 Cobertura:

Da mesma forma que acontece nas construções convencionais, o sistema Light Steel Framing possibilita a realização dos mais variados projetos de cobertura. Para os telhados inclinados, a estrutura em LSF segue o mesmo principio estrutural dos telhados convencionais em madeira (figura 34), no entanto utilizando perfis de aço. Para vãos maiores sem apoios intermediários, é possível o uso de treliças planas (figura 35) confeccionadas com perfis galvanizados. As treliças também podem ser utilizadas para estrutura de pisos que demandam grandes cargas e vãos (FREITAS; CRASTO, 2012).

Figura 34: Estrutura telhado Fonte:<http://construcaomercado.pini.com.br/negocios -incorporacao-construcao/99/artigo299269-1.asp>

Figura 35: Treliça Fonte: Manual de arquitetura em Light Stell Framing 2ª edição 2012 - CBCA


45

4.2.11 Metodologia de projeto: De acordo com manual de arquitetura em LSF da CBCA (2012) o arquiteto além de dominar a tecnologia, precisa incorporar ao projeto arquitetônico, as ferramentas indispensáveis ao processo de industrialização da construção proporcionando uma maior eficiência e produtividade na execução da obra. É fundamental que o projeto seja pensado em conformidade com todos os seus condicionantes,

pois

sistemas

industrializados

são

incompatíveis

com

improvisações na obra. Não é viável conceber determinado projeto usando, por exemplo, a lógica do concreto armado. Ao se trabalhar com projetos em LSF deve se observar uma matriz modular a ser seguida, compreender as características do aço e dos materiais complementares, bem como definir antecipadamente os subsistemas que fazem parte no projeto (Coelho, 2004). O objetivo da coordenação modular é eliminar a modificação ou adaptação de peças em obra, reduzindo o trabalho de montagem das unidades. Essa estrutura modular deve então considerar como referencia básica ideal a unidade 10 cm, no entanto para malhas maiores deve se empregar uma malha de 1200 mm x 1200 mm, pelo motivo dessa unidade se distribuir em varias medidas múltiplas. No Anteprojeto é essencial dominar o uso dos materiais e componentes que fazem parte da construção, atentando para o uso a que se destina o edifício e o clima local, a fim de considerar o padrão de acabamento e os critérios de desempenho termo acústico. Definir os diversos subsistemas a serem adotados na edificação e compatibilizar o projeto arquitetônico com as dimensões dos componentes de fechamento de estrutura entre outros, a fim de otimizar a modulação. No projeto executivo exige se um detalhamento mais rigoroso considerando as peculiaridades desse sistema construtivo, e o nível de racionalização do processo. Portanto, quanto mais preciso e detalhado, melhor será o desempenho

e

qualidade

na

montagem

da

edificação,

chegando

a

especificações serem auferidas em milímetros inclusive (FREITAS; CRASTO, 2012).


46

4.3 Os benefícios do sistema

Segundo Freitas e Crasto (2006), o sistema construtivo Light Steel Framing, apresenta vantagens e benefícios nas edificações da seguinte maneira: a) Sistema

padronizado

de

tecnologia

avançada,

produzidos

industrialmente, passando por rigorosos controles de qualidade; b) Aço é um material de comprovada resistência e autocontrole de qualidade, permite maior precisão dimensional logo melhor desempenho da estrutura; c) Facilidade de obtenção dos perfis formados a frio já que são largamente utilizados pela indústria; d) Durabilidade e longevidade da estrutura, proporcionada pelo processo de galvanização das chapas de fabricação dos perfis; e) Facilidade de montagem, manuseio e transporte devido a leveza dos elementos; f) Construção a seco, o que diminui o uso dos recursos naturais e o desperdício; g) Os perfis perfurados previamente e a utilização dos painéis de gesso acartonados facilitam as instalações elétricas e hidráulicas; h) Melhores níveis de desempenho termo acústico que podem ser alcançados através da combinação de materiais de fechamento e isolamento; i) Facilidade na execução das ligações; j) Rapidez de construção; k) O aço é um material incombustível; l) O aço é reciclável, podendo ser reciclado diversas vezes sem perder suas propriedades; m) Grande flexibilidade do projeto arquitetônico, não limitando a criatividade do arquiteto. Campos e Souza (2010) nos demonstram como vantagens, em seu trabalho de analise pós-ocupação, que segundo usuários há facilidade de manutenção e reparos, mas desde que possua infraestrutura e mão de obra especializada, peças e equipamentos de fácil obtenção no mercado.


47

A flexibilidade para reformas e mudanças dos espaços foi outro ponto observado e a rapidez na execução da obra; menor impacto ambiental; limpeza da obra, e qualidade de execução. Helcio Hernades engenheiro civil e consultor técnico da Cofar, conta que casas populares de 50m² podem ficar prontas em apenas dez dias e que prédios de quatro pavimentos são concluídos no prazo de três meses. Ainda

salienta

que

essas

estruturas

são

extremamente

leves,

nos

apresentando que o peso de uma parede em LSF não passara de 50kg/m², enquanto em alvenaria varia de 120 a 250 kg/m² (TÉCHNE, edição Julho 2006).

4.4 Os desafios a serem superados

Além dos problemas elencados no inicio desse trabalho, quanto ao viés politico, destacamos segundo Morais (2004), as desvantagens do LSF, que pode ser ressaltadas primeiramente quanto a limitação do número de pavimentos que podem ser construídos no Brasil. Seguindo os requisitos da NBR 15253:2014, que determina no máximo seis pavimentos no Brasil. Nos Estados Unidos existem alguns estados onde se pode construir até oito pavimentos, mas não se deve ultrapassar este limite por causa da distribuição de carga. Também deve ser observado o cuidado quanto a estanqueidade com relação a agua, para proteção dos perfis. Outra desvantagem é o fato de que a construção pelo método convencional está muito enraizada na cultura da população brasileira, outro ponto a ser observado é a falta de mão de obra especializada e o desconhecimento na execução do sistema, fato ratificado em analises realizadas em APO (analise pós-ocupação), em que é verificado os problemas decorrentes desse desconhecimento. Com base em estudos, observa-se que: os problemas decorrentes das deficiências citadas, o mais recorrente são trincas nas paredes rentes ao teto, no meio da parede, em casas de pé-direito duplo, e no próprio teto. O autor nos relata que as trincas encontradas no teto apareceram depois de intervenções e troca das placas, Campos (2010). No entanto a de maior incidência observada fora à fissuração na junta entre as placas, decorrente da


48

movimentação existente entre as placas cimentícias, causada pela variação de temperatura que resulta na dilatação e contração destas. Para a prevenção devem ser efetuados “tratamentos de junta” aplicação de elastômeros, e podem ser a melhor alternativa no caso de placas que possuem o coeficiente de variação dimensional muito alto (FREITAS; CRASTO, 2012). Análises apresentada por Campos e Souza (2010) nos relata que em construções com mais de um pavimento e apenas as que utilizaram „laje seca‟, a satisfação da maioria dos usuários com a transmissão de ruído entre pavimentos, vindo das lajes, não é boa, fazendo reclamações quanto aos ruídos que advém a placa OSB ou cimentícia ao serem pisadas. Outro ponto salientado no trabalho do autor é que usuários relatam da dificuldade da fixação de objetos de grande peso, a maioria dos usuários, acha difícil devido a se ter de colocar um reforço antes da fixação. Podendo ser resolvido com a aplicação do OSB na face interna antes do gesso acartonado, para paredes onde já em projeto se observe essa pré destinação, suportando até 70 kg de acordo com informações da CRUPE Brasil fornecedora de LSF. Dos problemas de umidade, foram observados nos estudos de casos, apenas alguns descascamentos nos banheiros, das áreas onde não foram usados revestimentos cerâmicos, principalmente junto ao Box do chuveiro. Assim concluímos que os problemas aqui apresentados podem

ser

contornados com um bom projeto executivo e uma formação adequada da mão de obra executante, e ainda quanto ao problema cultural, este pode ser perfeitamente resolvido com a divulgação do sistema.

4.5 Viabilidade econômica Com base o artigo desenvolvido para o IV congresso nacional de excelência em gestão de 05 a 07 de agosto de 2010 em Caxias do Sul RS, Milan, Novello e Reis (2010) nos apresenta a ótica dos custos, benefícios e a relação de valor do sistema LSF, com um orçamento hipotético, de uma residência de dois pavimentos, quatro dormitórios, dois banheiros, garagem e área total de 261m². O orçamento apontou para uma diferença de 2,74% maior para o sistema LSF com relação ao método convencional, conforme observado na tabela 6.


49 Tabela 6 – Orçamento de obra. Tipos (sistemas) de construção Custos por m² em R$ Custo Total em R$ Convencional 985,80 257.293,80 Light Steel Framing 1.012,84 264.351,24 Fonte: autores artigo IV congresso nacional de excelência em gestão Caxias do Sul RS 2010

Os

autores

destacam

que

apesar

da

pequena

diferença

financeira

apresentada, o LSF, nos disponibiliza vantagens: a diminuição do tempo de execução, que por si só já repercute um custo vantajoso; a melhora da qualidade do acabamento final; um melhor conforto termo acústico; e menor geração de resíduos; menor gasto com energia na execução bem como ao longo da vida útil do empreendimento; a possibilidade de reutilização da construção frente ao ciclo do montar desmontar. Ainda apresenta-se como estudo de caso de viabilidade o trabalho apresentado na conclusão de curso por Deleine Christiina Hass e Louise Floriano Martins, para a Universidade Tecnológica Federal do Paraná em dezembro de 2011. As autoras desenvolvem uma planilha de custos para uma habitação com 56 m² de área privativa construída em alvenaria de blocos cerâmicos e com o sistema construtivo proposto em Light Steel Framing”. Os valores utilizados no estudo foram corrigidos de acordo com o Índice Nacional de Custos da Construção (INCC) de outubro de 2011, verificado na tabela 7. As autoras salientam que embora exista uma diferença de 2% o sistema é recomendável, tendo em vista as vantagens de tempo menor de execução e qualidade final do produto. Tabela – 7 comparativo dos sistemas Sistema 1

Descrição

Preço Total R$

Sistema em alvenaria cerâmica com cobertura de 53.076,89 fibrocimento 2 Sistema em steel framing com cobertura de 54.068,85 fibrocimento 3 Sistema em alvenaria cerâmica com cobertura de 53.985,33 telha cerâmica 4 Sistema em Steel framing com cobertura de telha 54.956,13 cerâmica Fonte: autores Delaine e Louise monografia a Universidade Tecnológica Federal do Paraná.


50

5. PROPOSTA PROJETUAL

Mediante argumentos apresentados ao longo deste trabalho, propõe-se um projeto multifamiliar, vertical, exequível no sistema LSF, voltado para o segmento da habitação social, com dimensões que atendam com qualidade e conforto, porém a custos adequados para este público. Objetivou-se também na proposta projetual, possibilitar futuras ampliações e adequações nas habitações, oferecendo possibilidades de adaptabilidade e ampliação no decorrer da vida útil do empreendimento, sem que tais alterações venham a interferir na tipologia arquitetônica da edificação. Na definição do programa e na implantação, buscou-se estimular o sentimento de pertencimento, proporcionar segurança através da presença das pessoas com seu uso e permanência. Enumeram se algumas diretrizes, que nortearam o projeto: a) Implantação para a multifuncionalidade. Diversidade de usos, comércio de segmentos diversificados, serviços moradias e equipamentos urbanos, constituindo-se assim a diversidade para estimular o uso e permanência de pessoas no pavimento térreo e promover um diálogo mais positivo entre o edifício e a rua. b) Fachada ativa, quadra aberta. Corresponde à exigência de ocupação da extensão horizontal da fachada por uso não residencial com acesso direto e abertura para o logradouro, a fim de evitar a formação de planos fechados na interface entre as construções e os logradouros, promovendo a dinamização e a vitalidade dos passeios públicos. c) Planta atenda a preceitos de modulação. A modulação projetual é importante aliada, pois segundo Crasto (2005, p.13) “otimiza custos e mão de obra na medida que se padronizam os componentes estruturais, os de fechamento e de revestimento”. Os componentes estruturais, também ditos montantes, obedecem a modulação de 400 ou 600 mm. Crasto (2005, p.13) também afirma que “Esta dimensão é definida de acordo com o cálculo estrutural e determina a modulação do projeto”.


51

d) Agrupamento de áreas úmidas. A proposta projetual procura atingir pontos os quais são mencionados na Tese de Doutorado por Jorge (2012, p.227, 228). Objetivou-se gerar espaços habitáveis neutros, polivalentes e adaptáveis, criando áreas técnicas para concentração de instalações e dutos, organizando núcleos fixos para áreas molhadas e liberando a periferia do edifício de usos fixos.

Figura 36: Agrupamento áreas úmidas e circulação Fonte: Tese Doutorado Jorge (2012, p.228)

e) Escolha adequada de materiais. A correta escolha dos materiais a serem empregados na habitação social, deve ser orientada com a finalidade de elencar materiais com baixo custo de aquisição, baixa manutenção e alta durabilidade, porém não se deve incorrer em erros de escolher materiais que depreciem o imóvel, uma pesquisa deve ser criteriosamente auferida para que se decida pelo melhor custo beneficio. f) Flexibilidade Douglas Queiroz Brandão, em seu livro Habitação Social Evolutiva (2006), nos menciona que o significado de habitação, de lar, varia de pessoa para pessoa, entre grupos sociais e através das culturas, razão pela qual se deva permitir modificações, seja no momento de sua construção, ou ao longo de sua utilização. Brandão (2006) nos elenca razões pelas quais o usuário deseja promover alterações:  Aspectos funcionais como disposição e tamanho das peças;  Tamanho da moradia como um todo;  Aspectos específicos ligados à privacidade visual e auditiva;  Aspectos ligados a questão estética;  Aspectos ligados a questões de personalização e definição de território;  Alterações no tamanho das famílias, nível econômico e educacional.


52

Avaliações pós-ocupação em conjuntos habitacionais unifamiliares ratificam essa questão, demonstrando as insatisfações com o tamanho da casa e com adequação de cômodos, sobretudo dormitórios, desejo de ampliações de cozinhas e criação de novas dependências (SZUCS, 1998). Outra razão para ampliar e modificar está no uso parcial da casa para comércio ou trabalho remunerado. Sobre flexibilidade, Douglas Queiroz Brandão delineia que esta deva ser considerada quanto:

Tabela – 8 Comparativo Flexibilidade Flexibilidade

Inicial

Permanente ou Continua

Aplicação

OBS

Usada quando o projeto ainda se encontra em

Não praticável ao publico

planta,

alvo, da habitação social,

podendo

o

cliente

optar

pela

configuração da habitação, mediante um custo.

tendo em vista os custos.

Numero de adaptações possíveis no decorrer

Mais adequada ao publico

da vida útil do empreendimento, auferida pela

alvo da habitação social,

adaptabilidade interna ou pela capacidade de

por

ampliabilidade do imóvel.

enquadramento aos custos

configurar

no decorrer do tempo. Fonte: autores Douglas Queiroz Brandão 2002.

O conceito de flexibilidade se desenvolve em outros dois conceitos: adaptabilidade e ampliabilidade. (JORGE, 2012) A adaptabilidade visa proporcionar cômodos mais versáteis, permitindo serem adaptados para a realização de atividades diferentes das inicialmente propostas, bem como redimensionamento destes cômodos. A ampliabilidade é o princípio que envolve a ampliação interna ou externa de uma habitação, sendo o tipo de modificação mais frequentemente realizado por moradores de conjuntos habitacionais. No entanto há de se ter uma atenção para que não haja depreciação do imóvel, uma vez que possibilita alterações na concepção tipológica arquitetônica. Para isso é preciso direcionar arquitetonicamente as possibilidades que se pleiteia permitir, para que compartilhe da mesma leitura tipológica.


53

5.1 Área escolhida – diagnóstico 5.1.1 Localização

A área escolhida para implantação da proposta é um lote de propriedade privada com área de 4.003,00 m², situado na região periférica da Cidade de Vila Velha ES, no Bairro Riviera da Barra, região denominada Grande Terra Vermelha. O terreno esta limitado em suas laterais pelas Ruas Iconha e Domingos Martins e a sua frente com a Rua Baixo Guandu. O Fundo do imóvel limita-se com terreno de propriedade particular (figura 37, 38).

Figura 37: Localização área de estudo com relação ao município Fonte:<Google Earth>

Figura 38: Lote para implantação Fonte:<Google Earth e Arcgis>


54

A figura 39 apresenta o acesso ao terreno pela Rua Baixo Guandu, via asfaltada, que dá acesso a duas vias principais locais, Av Vitória e Rua Cachoeiro de Itapemirim. Outras visuais de aproximação ao imóvel podem ser observadas nas figuras 40 pela rua Iconha e figura 41 pela rua Domingo Martins.

Chegando ao terreno pela Rua Baixo Guandu. Via asfaltada, que dá acesso a duas vias principais locais, Av Vitória e Rua Cachoeiro de Itapemirim.

Figura 39: Vista da via Baixo Guandu Fonte: acervo próprio

Chegando ao terreno pela Rua Iconha. Via sem asfaltamento.

Figura 40: Vista da Rua Iconha Fonte: acervo próprio

Chegando ao terreno pela Rua Domingos Martins. Via sem asfaltamento.

Figura 41: Vista da Rua D. Martins Fonte: acervo próprio


55

O bairro escolhido, Riviera da Barra na Grande Terra Vermelha, situa-se na região Sul do município de Vila Velha a 15 km do centro desse município. Embora possua um alto índice de lançamentos imobiliários, Vila Velha tem nessa região uma condição sócia econômica frágil, a região recebe um estereótipo de abrigar bairros pobres e violentos. O bairro encontra-se em fase de expansão e já inserido no contexto urbano, ainda que de forma precária oferece certa infraestrutura. O valor da terra ofertada e a presença de espaços para implantação de empreendimento bem como os índices urbanísticos, em PDM, foram fatores que alinhados com a presença do publico alvo levou a escolha da Grande Terra Vermelha para implantação do empreendimento. A densidade demográfica do bairro escolhido, correlacionando-o com os demais que conjuntamente constituem esta ZEIS da Grande Terra Vermelha, é observada na tabela 9.

Tabela 9 - População do aglomerado de Terra Vermelha Bairro Habitantes Barramares 12.405 Ulisses Guimarães 7.271 Morada da Barra 4.940 Riviera da Barra 3.445 São Conrado 2.981 Terra Vermelha 2.847 Residencial Jabaeté 2.517 João boulart 2.367 Cidade da Barra 2.085 Normília da Cunha 1.355 Vinte e Três de Maio 1.254 Total 43.467 Fonte: IBGE – 2010

5.1.2 Índices Urbanísticos

De acordo com o PDM de Vila Velha ES (Plano Diretor Municipal) o terreno está em uma área denominada ZEIS Terra Vermelha, possuindo índices urbanísticos de acordo com tabela 10. Tabela 10 - Índices Urbanísticos para ZEIS Terra Vermelha CA (coeficiente de TO (taxa de TP (taxa de Altura aproveitamento) Ocupação)% permeabilidade)% 1,5 70% 15% 0 Fonte: PDM Vila Velha ES

Gabarito

Afastamento

0

3m


56

5.1.3 Infraestrutura Urbana

O traçado do bairro consiste em uma malha xadrez de traçado regular. É atendido por transporte público regular na Av Cachoeiro de Itapemirim (figura 42), tem acesso e proximidade com a Rodovia do Sol, via arterial dotada de excelente infraestrutura.

Figura 42: Hierarquia das vias Fonte:<Google Earth>


57

As ruas adjacentes ao terreno bem como o bairro são servidos por rede pública de agua e esgoto, possuem iluminação pública.

Figura 43: Condições das vias Fonte:<Google Earth>

As ruas Iconha e Domingos Martins não possuem asfaltamento (figura 44 e 45), fora ainda levantado em visitas à região, que a área do lote bem como seus acessos,

não sofre

com

alagamento

durante

pluviométricas.

Figura 44: Condições das vias Fonte: acervo próprio

Figura 45: Condições das vias Fonte: acervo próprio

as precipitações


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5.1.4 Diagnóstico ambiental da área de projeto.

Figura 46: Estudo solar / ventilação Fonte:<Google Earth e Arcgis>

As fachadas da Rua Iconha e fachada que limita com lote vizinho (fachada norte e Oeste) por sofrerem com insolação é recomendável o tratamento dos vãos de janela com brises, e as faces das paredes externas com material térmico de proteção, atenuando as intempéries sofridas e gerando conforto térmico. Os ventos mais incidentes são nordeste e vento sul.


59

5.2 Projeto 5.2.1 Implantação e Morfologia

A implantação foi organizada através da justaposição de dois blocos lineares criando no interior do térreo uma área de convívio agradável para lazer e encontros dos moradores. Nas áreas externas limítrofes com as ruas foram dispostos os espaços comerciais, garantindo assim maior circulação e permanência das pessoas nesses espaços.

Figura 47: Implantação Fonte:<Acervo próprio>

Bloco habitações Área de convívio

Espaço comercial Uso comum

Figura 48: Implantação Fonte:<Acervo próprio>

Pátio interno Uso dos moradores


60

A proposta apresenta um programa multifuncional, e utiliza o princípio da fachada ativa¹. Explora-se a quadra aberta alinhada ao uso misto, composta por habitações, áreas comerciais e serviços, aliado a distribuição de mobiliários e paisagismo, a fim de que se estimule a permanência de pessoas, e vitalidade do espaço urbano.

O uso misto pensado no térreo intercala moradias e pontos comerciais. A privacidade a essas unidades habitacionais é buscada através do jardim anexo aos vãos de janelas, bem como brises moveis junto a estas. Figura 49: Implantação Fonte:<Acervo próprio>

Paisagismo e mobiliário são dispostos de forma a agradável atraindo o público a transitar, e permanecer, tendo-se nesse eixo o uso comercial proporcionando vitalidade dos espaços.

Figura 50: Implantação Fonte:<Acervo próprio>

¹ Fachada ativa - ocupação da fachada localizada no alinhamento de passeios públicos por uso não residencial com acesso aberto à população e abertura para o logradouro. Fonte: <PDM São Paulo>


61

O complexo distribui-se em seu dois blocos com 70 (setenta) unidades habitacionais, sendo 10 (dez) dessas unidades no térreo, se intercalando com 10 (dez) pontos comerciais.

Rua Baixo Guandu

Rua Iconha

Rua Domingos Martins

Terreno Área

Pavimento Térreo

Área m² 1.573,75

4.003,00m² Áreas consideradas TO CA 1.573,75 1.304,64

Pavimentos Tipos Total

3.727,20 5.300,95

1.573,75

TO (taxa de ocupação): 39,3% CA (coeficiente de aproveitamento): 1,26 TP (taxa de permeabilidade): 17,7% Figura 51: Implantação Fonte: acervo próprio

3.727,20 5.031,84


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No interior da quadra, entre os blocos, localiza-se a circulação vertical, a qual é efetuada por escada externa com passarelas metálicas. Esta área é reservada aos moradores, possuindo neste espaço playgrounds, arborização e mobiliários proporcionando local agradável à sua estada.

Figura 52: Implantação Fonte: acervo próprio

Figura 53: Implantação Fonte: acervo próprio


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Vagas de estacionamento são oferecidas externamente, protegendo a calçada do leito carroçável, foi previsto um total de 52 (cinquenta e duas) vagas de estacionamento para veículos, internamente são previstos 10 (dez) vagas para estacionamento de motocicletas e bicicletário para acondicionar as bicicletas dos condôminos. O empreendimento como mencionado anteriormente possui 70 (setenta) unidade habitacionais, e 10 (dez) unidades comerciais, busca se justificar o numero reduzido de vagas de estacionamento pelo fato do empreendimento ser voltado à habitação social, onde se almeja o baixo custo do repasse do bem ao morador, que por sua vez é servido pela proximidade com corredores de ônibus. Buscou-se otimizar o uso do terreno, propondo a redução do numero de vagas de garagem, oferecendo como contra partida a implantação calçadas maiores, usos comerciais, arborização e mobiliário agradável, qualificando os espaços públicos e conferindo maior qualidade urbana e ambiental. A redução de vagas encontra-se amparo na lei municipal 4904/2010 criada para o programa “Vila Velha Minha Casa” programa complementar ao “Minha Casa Minha Vida” do governo federal, o qual nos especifica que é facultada a isenção ou redução de vagas para habitações sociais conforme explicito abaixo: Renda Familiar

Numero de vagas estacionamento

0 a 03 salários

Isento.

03 a 06 salários

A cada duas unidades, uma vaga.

06 a 10 salários

Uma vaga por unidade.

Quanto às 10 (dez) unidades comerciais, não fora previsto vagas de estacionamento, amparando-se no que permite o PDM (Plano Diretor Municipal) de Vila Velha, onde nos revela que para unidades com área até 400m², não há esta exigência.


64

5.2.2 A unidade habitacional / comercial

A definição do layout das unidades desenvolve-se a partir da premissa da flexibilidade e da modulação, atendendo as premissas do LSF, sistema construtivo escolhido. Como se trata de habitação social é imperativo elaborar uma planta inicial básica, que ofereça condições mínimas de conforto ao usuário e então a partir dela possibilitar arranjos espaciais programados para futuras adaptabilidades ou acréscimos, sem que descaracterize a tipologia arquitetônica elaborada ao empreendimento. Dessa forma a planta inicial se torna o embrião da unidade habitacional (figuras 54 e 55) desenvolvida com a finalidade de contemplar futuras ampliações.

Figura 54: Planta embrião - unidade habitacional Fonte: acervo próprio

Figura 55: Planta Pavimento Tipo (unidades habitacionais) Fonte: acervo próprio


65

A planta baixa do pavimento térreo foi elaborada a partir da adaptabilidade da planta embrião desenvolvida para os pavimentos tipo, e apresenta unidades habitacionais intercaladas com unidades comerciais (figura 56 e 57). As unidades habitacionais têm a sua face externa voltada para o jardim, com a finalidade de isolamento da calçada, proporcionando privacidade. A unidade possui dois pontos comerciais que são acrescidos de um deck, ampliando sua área comercial. O acesso aos pontos comerciais é realizado

pelo

exterior,

ao

contrario da unidade habitacional que é feito pelo pátio interno. Em ambas as plantas se propicia a ventilação

cruzada,

agregando

conforto térmico.

Figura 56: Planta unidade térreo Fonte: acervo próprio

Figura 57: Planta do térreo Fonte: acervo próprio

Unidade habitacional Unidade Comercial


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5.2.3 Modulação

Seguindo a diretriz de modulação, e conforme orientações fornecidas pela CRUPE Brasil (Serra ES) utilizam-se módulos 40x40cm em planta (figura 58) e considera-se medidas verticais com 03 m em pé direito. Objetivou-se atender preceitos de economia atrelados a este sistema, e a compatibilidade com placas de OSB e gesso acartonado de 1,20 x 3,00 metros, utilizadas como fechamentos.

Figura 58: Planta Modulação Unidade habitacional Fonte: acervo próprio


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Segundo Crastos (2005) as juntas verticais devem estar sempre sobre montantes e adequadamente parafusadas. No projeto de paginação das placas, as juntas verticais devem estar defasadas entre si e não alinhadas com bordas de esquadrias ou portas, para que se evitem fissuras (figura 59).

Figura 59: Placas de acabamento instaladas de forma defasada na horizontal e vertical, juntas não alinhadas com vãos. Fonte: acervo próprio

Placas LP Smart Side Panel H dimensão 1,22 x 4,88m (dados fabricante). Placas de vedação externa, instaladas de forma defasada, o arranjo consiste de peça, meia peça e recorte de 01 (um) metro.

Figura 60: Extrato 3D modulação de emplacamento pavimento tipo. Fonte: acervo próprio


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5.2.4 Agrupamento de áreas úmidas

O agrupamento de áreas úmidas e circulação visam determinar locais mais rigidos a alterações bem como ordenar paredes hidráulicas, a fim de reduzir custos e incompatibilizações com os demais projetos, assim liberando a periferia do edifício de usos fixos, que possibilite a estes adaptações desejadas.

Área molhada Circulação Espaço neutro (adaptável)

Figura 61: Planta agrupamento áreas úmidas Fonte: acervo próprio

Figura 62: Planta agrupamento áreas úmidas Fonte: acervo próprio


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5.2.5 Flexibilidade – ampliação x adaptabilidade

O conceito de flexibilidade prevê a liberdade de realizar alterações dentro de um perímetro espacial. A proposta do empreendimento contemplou o conceito de flexibilidade permanente ou contínuo, a qual temos a leitura quanto a adaptabilidade e outra quanto a ampliabilidade.

A adaptabilidade é assegurada mediante a flexibilidade interna de uma edificação, dando-lhe alternativas de uso (figura 63). Possibilita junções de compartimentos, como exemplo sala mais quarto ou sala mais cozinha.

Adaptabilidade é permitida pela possibilidade da supressão das paredes, para possíveis reconfigurações de ambientes.

Figura 63: Planta definição paredes estruturais x vedação. Fonte: acervo próprio


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Ampliabilidade é a concepção de uma unidade habitacional que possa receber adição de novos cômodos. Apresenta-se na (figura 64) o padrão oferecido inicialmente e a proposta de ampliação no decorrer da vida útil da edificação. Deixa-se direcionado ao proprietário possibilidades de ampliação, (figura 65), para que dessa forma a ampliação seja realizada mantendo-se a tipologia arquitetônica.

Figura 64: Planta tipo oferecida. Fonte: acervo próprio

Área reservada a ampliações


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Figura 65: Planta tipo com ampliações direcionadas. Fonte: acervo próprio

Ampliações

Os espaços criados na volumetria possibilitam uma ampliação utilizando vigamento bi apoiados. A edificação segue seu projeto arquitetônico respeitando o partido que vislumbra a possibilidade de ampliações futuras, tendo dessa forma na volumetria as orientações obtidas pelo fabricante dos perfis metálicos em LSF (CRUPE), balanços respeitando a regra de 1 para 3, ou seja para cada um metro de balanço três metros em perfis fechados, e para com os vãos respeitar medidas estipuladas entre 3 e 5 metros.


72

5.2.6 Materiais

A escolha dos materiais a serem aplicados no empreendimento foi pautada em pesquisas realizadas junto a CRUPE Brasil (Serra ES), considerando-se qualidades estéticas bem como o custo. Nas paredes externas, se propõe o uso do Smart Side Panel e internamente se propõe usar gesso acartonado, sendo que paredes com previsão ao uso fixação de anteparos pesados recomenda-se reforçar com uma camada OSB 9.5 mm, anterior ao gesso (sustentação de até 70kg). Vislumbrando atender a preceitos de conforto térmico e acústico foram propostos em todas as paredes o preenchimento de lã de rocha ou lã de pet.

Figura 66: Esquema de vedação sem reforço de OSB. Fonte: acervo próprio

Figura 67: Esquema de vedação com reforço de OSB. Fonte: acervo próprio


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Nas paredes internas dos banheiros foram utilizadas placas de gesso RU e a fixação de cerâmica com uso de argamassa conforme material a ser fixado. O piso deve ser impermeabilizado com manta asfáltica no Box dos banheiros e nas paredes a até 20 cm.

Para Parede Hidráulica acrescer manta protegendo Placa de OSB Figura 68: Esquema de vedação/ impermeabilização banheiro. Fonte: <SINAT 1405 / 2016>

Respeitando norma da SINAT (Sistema Nacional de Avaliações Técnicas) 1405/2016, atentar para diferença de cota mínima de 15mm entre a base dos quadros estruturais e o piso acabado das áreas molhadas e desnível mínimo de 30 mm entre a base dos quadros estruturais e o piso acabado do box, posicionando, nos dois casos o perfil no nível mais elevado. Prever diferença de 15mm entre o piso acabado do box e o piso do banheiro ou prever separador.


74

Optou-se no projeto pelo uso da laje mista, com OSB Mezanino de filme fenólico e contrapiso não estrutural (usando se técnica de paredes sob parede, para quando estas tenham função estrutural, exceção para paredes sem cunho estrutural).

Perfil metálico dá continuidade nos pavimentos subsequentes, com carga direta sobre eles, o contrapiso não tem cunho estrutural.

Figura 69: Esquema laje Fonte: < https://www.google.com.br/search?q=fotos+crupe&biw >


75

A figura 70 bem como a tabela 11 nos orienta quanto ao uso de materiais propostos para esse empreendimento.

Figura 70: Planta Definição uso de materiais Fonte: acervo próprio


76 Tabela 11 – Materiais Área aplicação

Material

Vedação externa

Smart Side Panel H

Perfil sustentação

Light Steel Framing

Imagem

Especificação Espessura 11,1 mm dimensão 1,22 x 4,88 (placa ranhuras horizontais), garantia 20 anos. Perfil leves de aço modulado de 40x40cm

Uso externamente entre perfil e placa Smart. Proteção vapor agua Impermeabilização

Manta vapor

Proteção térmica acústica

Lã de Pet ou Lã de rocha

2,74x30,48 m.

___

Gesso acartonado

Dimensões 1,20x3,0 m 12,5mm

Gesso acartonado RU

Feitas com aditivo hidrofugante (chapa verde). Impermeabilizar piso e até 40cm parede, com manta asfáltica.

OSB 9.5 mm

Suportam peso até 70kg, não tem função estrutural. 1,20 x 3,00m Possui função estrutural. 1,20 x 3,00m

Vedação interna

OSB 11.1 mm

Laje

OSB home mezanino

Contrapiso Forro gesso

Cobertura

Telha alumínio

Janelas

Brises soleil

OSB com filme fenólico proteção do OSB contato com contrapiso Espessura 18.3mm Perfis de 25 a 30 cm espaçados a 40cm. __ __

Não estrutural

__ Dimensão 1,10x 6,00 m Uso embutido. Moldura e corrediça em alumínio, brises feitas com material plástico imitando madeira, visam proteção a insolação, trazer privacidade bem como proporcionar estética a edificação.


77

Ainda como orientação observada em pesquisa junto ao SINAT, elenca-se algumas orientações quanto à instalação do empreendimento em LSF, conforme tabela 12. Tabela 12 – Materiais Descrição Calçada externa ao redor da edificação. Inclinação do piso da calçada no sentido oposto à fachada. Para vedações externa, deverá ter um desnível entre o piso externo acabado (calçada) e a base dos quadros estruturais. Diferença de cota entre a base dos quadros estruturais e o piso acabado das áreas molhadas (banheiro e áreas de serviço). Diferença de cota entre a base dos quadros estruturais e o piso acabado do Box, posicionando, nos dois casos, o perfil no nível mais elevado. Para vedações que delimitem áreas molháveis e molhadas, a impermeabilização deverá ser constituída por mantas ou membranas apropriadas para esta finalidade, na interface entre a base dos quadros estruturais e o piso e nas laterais das paredes. Em todos os cômodos do pavimento térreo é obrigatória a existência de rodapé com material impermeável.

Indicação Mínimo 60 cm de largura Inclinação mínima 1% Desnível mínimo de 05 cm

Cota mínima 02 cm

Cota mínima 04 cm

Altura mínima 20 cm

07 cm de altura

Fonte: SINAT < http://pbqp-h.cidades.gov.br/projetos.php>

Dentre as áreas de apoio técnico dos condomínios, duas demandam uma atenção especial: Os reservatórios de agua superiores, os quais por recomendação da Construtora Morar, com base em experiência LSF, devem ser preteridas os castelos de agua à distribuir nas coberturas, aliviando a estrutura e protegendo-a de eventuais acidentes com transbordamento; e outra é a área de acondicionamento do lixo, uma vez que a mesma se constitui como área de degradação visual e emissora de odores indesejáveis, propõe-se um método, que seja não somente para o empreendimento em questão, mas que sirva de modelo a ser implantado no bairro, a exemplo dos municípios de Paulínia e Itu em São Paulo, colocando dessa forma o município de Vila Velha ES, na vanguarda da qualidade e sustentabilidade no recolhimento deste material.

Figura 71: Modelo recolhimento de Lixo Fonte: Google Imagens


78

5.2.7 Espaços gerados

O projeto denominado “Residencial Riviera” procurou alinhar tecnologias atuais do steel framing, por sua rapidez, racionalidade e sustentabilidade, alinhada a um projeto que permeasse flexibilidade. Quanto a implantação a proposta consiste em estimular o uso, fomentar atividades diversas e gerar qualidade ao espaço habitável. O que se procura demonstrar nas figuras geradas do espaço proposto, conforme abaixo:

Figura 72: Vista da Rua Domingos Martins Fonte: acervo próprio.

Vista da Rua Domingos Martins com a Rua Baixo Guandu. O eixo Domingo Martins é marcado pela presença de dois Ipês amarelos (figura 72, 73). Projeta-se um calçadão, protegido do leito carroçável pelos estacionamentos e arborização, criando espaços para estimular a permanência do pedestre.

Figura 73: Vista da Rua Domingos Martins Fonte: acervo próprio.

Figura 74: Calçadão eixo Rua Domingo Martins Fonte: acervo próprio.

Comércios se abrem para este calçadão, criando dinamismo de uso no térreo (figura 74, 75).

Figura 75: Vista de apartamento para o eixo D. Martins Fonte: acervo próprio.


79

Figura 76: Vista do calçadão eixo Rua Domingos Martins Fonte: acervo próprio.

Comércio intercala-se com unidades habitacionais, as quais têm jardins anexos aos seus vãos de janela proporcionando certa privacidade com relação à calçada (figura 76).

Figura 77: Vista espaços de permanência Rua Domingos Martins Fonte: acervo próprio.

Figura 78: Vista espaços de permanência Rua Domingos Martins Fonte: acervo próprio.

Espaços são criados próximo aos comércios com finalidade a estimular a permanência do pedestre (figura 77, 78).


80

Figura 79: Vista da Rua Iconha Fonte: acervo próprio.

Vista da Rua Iconha. O eixo desta rua é marcado pela presença de dois Ipês Rosa (figura 79). Também segue a proposta da fachada ativa, desenvolvendo a multiplicidade dos usos (figura 80) e estimulando a permanência do pedestre (figura 81). Figura 80: Vista do calçadão no eixo da Rua Iconha Fonte: acervo próprio.

Figura 81: Vista espaços de permanência no calçadão do eixo da Rua Iconha Fonte: acervo próprio.


81

Figura 82: Vista Rua Baixo Guandu Fonte: acervo próprio.

Figura 83: Vista da Rua Baixo Guandu Fonte: acervo próprio.

Vista da Rua Baixo Guandu, entrada do Residencial Riviera (figura 82, 83).

Figura 84: Vista da Rua Baixo Guandu Fonte: acervo próprio.

A entrada apresenta-se um pátio interno entre os dois blocos arquitetônicos, espaço reservado ao uso dos moradores, onde se observam imponentes as passarelas metálicas em treliças (figura 84).


82

Figura 85: Vista do pátio interno Fonte: acervo próprio.

O pátio interno é reservado para atividades de recreação, encontro entre os moradores (figura 85). Fotos demonstram as visuais dos apartamentos e das passarelas (figura 86, 87) demostrando que o ambiente é aprazível e traz qualidade habitacional. Figura 86: Vista do pátio interno Fonte: acervo próprio.

Figura 87: Vista do pátio interno Fonte: acervo próprio.


83

5.3 Considerações finais

O déficit habitacional somado ao panorama atual de uma construção civil caracterizada pela baixa produtividade devido ao uso de técnicas ainda muito artesanais e com mão de obra cara, apontam a necessidade de mudanças significativas no setor. A adoção de métodos construtivos mais eficazes, dinâmicos e sustentáveis colabora para a agilidade na construção de habitações sociais. Por outro lado, há ainda a necessidade de se planejar, nessa tipologia, a adequação da arquitetura à evolução familiar ocorrida ao longo do tempo, que demanda reformas e ampliações nas habitações. Neste sentido, sistemas construtivos leves e flexíveis colaboram para estas alterações de forma planejada, desde que previstas em projeto. O

presente

trabalho

foi

realizado

com

o

objetivo

de

estimular

o

desenvolvimento de um sistema mais eficiente de construção, voltado para habitação social, por ser o segmento mais frágil no mercado. O Light Steel Framing – sistema escolhido, apresenta-se como um sistema que permite o atendimento às premissas necessárias para uma significativa melhora na elaboração deste segmento, pois proporciona maior rapidez na execução do serviço, menos desperdício, fundações mais simples e leves, entre outros requisitos sustentáveis. A proposta desenvolvida respeitou os preceitos de modulação necessários ao LSF, bem como uma escolha correta de materiais, considerando seu custo beneficio. A exploração do conceito de flexibilidade, com possibilidades atingidas pela adaptabilidade e ampliabilidade, atuou como uma importante diretriz projetual, juntamente com a preocupação relacionada às relações entre edifício e espaço urbano. A implantação seguiu princípios de humanização: fachada ativa (ocupação da fachada no alinhamento de passeios públicos, por uso comercial, com acesso aberto à população) calçadas generosas e uso multifuncional, estimulando a circulação de pedestres e sua permanência. Este ultimo requisito proposto ocasiona a diversidade de usos, promovendo a dinamização e a vitalidade dos passeios públicos, agregando assim valor também a região onde o empreendimento é implantado.


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