O RODÃO www.sintraturb.com.br
ANO 16 Florianópolis, junho de 2013 >> número 220
Resultado da greve: Categoria cada vez mais unida e forte! >> As palavras de ordem agora são “calma” e “confiança”. Campanha salarial ainda não acabou e sindicato vai buscar apoio da população [pg. 2]
Imprensa a serviço dos patrões >> Objetivo é criminalizar movimento sindical [pg. 3]
Sem poder nos vencer, patrões querem que justiça decida >> Estado não deve intervir na livre negociação entre trabalhadores e patrões [Pág. 4]
2 Quase 8 mil pessoas assinam petição pela catraca livre nas greves Até o fechamento desta edição do Rodão, 7.891 pessoas já haviam assinado a petição online pela liberação da catraca livre durante as greves do transporte coletivo na Grande Florianópolis. O Sintraturb se colocou à disposição da Justiça e da cidade para fazer uma “greve ao contrário” em Florianópolis. Ao invés de paralisar os serviços, nos propomos a operar 100% da frota dos transportes, desde que os ônibus circulem sem a cobrança das tarifas, em sistema de “catraca livre”, enquanto durar a greve. É importante que toda a categoria que tem computador em casa (cerca de 80%, segundo nossa pesquisa) assine esta petição! Se você não souber usar o computador, peça ajuda para seu companheiro ou companheira, ou para seus filhos, para que todos assinem esta importante petição. Nosso objetivo é entregar esse manifesto para o Prefeito Cesar Souza e para as autoridades judiciais. O link é http://www.avaaz.org/ po/petition/Catraca_Livre_em_Florianopolis
O RODÃO Ano 16. Edição 220
Expediente O RODÃO é uma publicação do Sindicato dos Trabalhadores em transporte Urbano, Rodoviário, Turismo, Fretamento e Escolar da região metropolitana de Florianópolis (Sintraturb). Jornalista Responsável Leonel Camasão (MtB 3414) ENDEREÇO: Avenida Mauro Ramos, 398, Centro. Florianópolis/SC Fone/Fax: (48) 3286-5300 sintraturb@terra.com.br www.sintraturb.com.br TIRAGEM: 3.000 exemplares IMPRESSÃO: Diário Catarinense
O RODÃO Florianópolis, junho de 2013
As palavras de ordem são “calma” e “confiança” >> Decisão unânime da categoria confirmou nossa unidade e força Florianópolis A decisão unânime tomada pela nossa categoria na noite de terça-feira foi um marco na nossa organização. Este ato demonstrou o amadurecimento político dos companheiros e companheiras. Demonstrou que estamos cada vez mais unidos e fortes. Sair de uma greve com tal nível de unidade e confiança é gratificante. Todo mundo que estava lá entendeu os motivos deste passo atrás. “Um passo atrás para dar dois na frente”, como ensinou bem o companheiro Lenin, um dos líderes da revolução russa. Por isso, as palavras de ordem agora são “calma” e “confiança”. Calma para que não enfiemos os pés
pelas mãos. E confiança entre a categoria e a diretoria, para que possamos tomar as melhores decisões. Tudo tem o seu tempo. Não adianta tomarmos a decisão certa na hora errada. A atual convenção coletiva está valendo até que finalizemos a nossa campanha. Seguiremos negociando com os patrões e vamos definir, juntos, cada passo do nosso movimento.
Quem foi derrotado? Alguns poucos membros da categoria e até mesmo da população tem dito por aí que saímos “derrotados” por recuar neste momento. Isso não é verdade. Derrotados são os companheiros e companheiras que não compareceram na greve. Perderam uma grande oportunidade de aprendizado, de solidariedade e de desenvolvimento da consciência de classe.
Derrotados são aqueles que diziam, em horário eleitoral, que em seu governo “não haveria greve”. Estes sim estão chorando derrotas. Por isso, companheiros e companheiras, temos que focar em nossos objetivos, olhar para as conquistas que teremos no futuro. Confiem na direção do sindicato, confiem na nossa aguerrida categoria. Nossa campanha salarial ainda não terminou.
Mais de 50 organizações apóiam trabalhadores do transporte Mais de 50 organizações políticas lançaram uma nota em apoio à greve dos trabalhadores do transporte coletivo da Grande Florianópolis. Ao todo, 21 sindicatos das mais diversas categorias e 15 entidades do movimento popular e estudantil foram signatários da nota de apoio. Além destes, as centrais sindicais CSP-Conlutas, CTB e CUT também apoiaram nosso movimento. Esta movimentação demonstra que não estamos sozinho nem isolados. Pelo
contrário. Os setores mais organizados entre os trabalhadores e a juventude estão conosco nessa luta, assim como estivemos com várias destas organizações em suas lutas, greves, eleições e atividades, exercitando a solidariedade de classe. Um grupo de parlamentares também prestou apoio às nossas movimentações. Apoiaram a nossa luta os vereadores de Florianópolis Afrânio Boppré (PSOL), Lino Peres (PT) e Ricardo Vieira (PCdoB), e os deputados estaduais
Ana Paula Lima (PT), Angela Albino (PCdoB) e Sargento Soares (PDT). As direções do PCB, PCdoB, PSOL e PSTU também assinaram a nota em apoio aos trabalhadores do transporte. O texto completo da nota de apoio à categoria pode ser lido no site do sindicato. Acesse www.sintraturb.com.br
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A “selvageria” do Prefeito César Souza Jr. >> Mandatário defende patrões com unhas e dentes contra os trabalhadores e o povo Florianópolis O prefeito Cesar Souza Jr. “colocou as asinhas de fora” durante a nossa greve. Com uma postura autoritária e truculenta, César movimentou-se pela criminalização dos trabalhadores e do sindicato. Foi à imprensa para nos chamar de “selvagens”, reuniu-se com os prefeitos da região (todos do mesmo partido) para ir à Justiça pedir a demissão dos grevistas e defendeu interesses dos patrões com unhas e dentes. Cesar foi pessoalmente ao Tribunal Regional do Trabalho pedir para a
Em reunião com trabalhadores antes da greve, Cesar ficou “comovido” com nossa situação. Justiça multar os trabalhadores. Seu posicionamento apenas confirmou aquilo que já sabíamos e que já tinhamos alertado a categoria durante o período eleitoral. O Cesar que se revelou durante a greve era bem diferente do Cesar que que recebeu parte da diretoria
do Sintraturb, semanas antes. Em seu gabinete, longe das câmeras, Cesar disse se “comover” com a nossa situação, com o abandono dos trabalhadores nos pontos finais, sem banheiro e sem local para comer durante os intervalos. Disse que iria fiscalizar as planilhas, acabar com as pegadinhas e moralizar
o setor. Já na frente das Câmeras, Cesar era outro. A todo momento, insinuou que a intenção do sindicato era aumentar as tarifas de ônibus, fazendo o velho jogo de nos colocar contra a população. É por isso, companheirada, que devemos ter muito cuidado com os políticos.
Existem ainda uns poucos sérios de luta, mas a maioria age desta maneira. Selvagem é a postura de um prefeito que age de acordo com os interesses do patrão, que não organiza um transporte digno para o povo, e que não autoriza a catraca livre durante a greve. Selvagem é o lucro!
Imprensa defende o interesse dos empresários Todos nós já conhecemos essa imprensa vendida, que escreve e opina de acordo com quem está pagando os anúncios e comerciais que ela divulga. A todo o momento, a imprensa tentou dizer que o sindicato era a favor do aumento nas tarifas, o que não é verdade, Essa discussão sobre a tarifa sempre foi jogada contra nós, para confundir a população. A verdade é que os aumentos de tarifa foram muito superiores aos aumentos de salário na categoria, e maiores ainda que a inflação. Nos últimos 10 anos, a tarifa subiu 133%, sendo que a inflação foi de 76%. Já os nossos salários subiram 99%. Então, companheirada, é possível sim conquistar as nossas reivindicações
sem que haja aumento nas tarifas, ainda mais agora, com a isenção de PIS e Cofins (impostos federais) realizada pelo governo federal. Só neste item, os patrões tem divulgado que deixarão de gastar mais de R$ 6 milhões por ano. E é claro que eles querem embolsar essa diferença, ao invés de melhorar a vida dos trabalhadores e do povo.
Terrorista é a imprensa! A imprensa trata-nos como bandidos, terroristas e nos insultam quando dizem que “fazemos o povo de refém”. Hora, dona RBS, o povo somos nós! Nós moramos nos bairros e periferias da Grande Florianópolis. Nós compramos nos comércios locais, nós e nossas famílias depen-
demos da saúde e da educação públicas. Nós somos parte do povo! Quem faz o povo de refém são os monopólios da comunicação, que dão uma visão distorcida da realidade. O comportamento bipolar da imprensa nas recentes manifestações que tomaram conta do
Brasil só comprova o que estamos falando. De baderneiros, vândalos e criminosos, os manifestantes agora são “heróis”, segundo a imprensa. A imprensa trabalha junto com o patrão pela criminalização dos movimentos sociais e sempre a favor do patrão. Não é
diferente com a gente. Por isso, não se deixe enganar pelo maldoso noticiário do patrão. Só com a democratização das comunicações no país e com a construção de sistemas públicos poderemos ter uma imprensa decente, a favor do povo e dos trabalhadores.
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Justiça e MPT impedem nosso direito constitucional de greve >>Poder Judiciário quer interferir na livre negociação para criminalizar movimento sindical Florianópolis As recentes decisões da Justiça do Trabalho e os processos contra a categoria movidos pelo Ministério Público “do Trabalho” só mostram a serviço de quem está o poder judiciário. A tática dos poderosos é judicializar o nosso movimento para que sejamos massacrados e derrotados. Este é o pensamento dos patrões. Cansados de sofrer tantas derrotas para nós, trabalhadores, e sem condições de nos vencer durante o processo negocial, os patrões apelaram para a Justiça, para dizer que a nossa legítima mobilização é criminosa.
Foi para evitar o julgamento das cláusulas da nossa convenção, o que tiraria benefícios como o PLR e outros, como em 1998. Já no ano passado, uma procuradora “do trabalho” pediu a demissão de 10% da categoria ao dia, em caso de não cumprirmos a liminar anti-greve concedida pela Jusitça. Um ato completamente ilegal e imoral para uma procuradora que deveria defender o lado dos trabalhadores. É verdade que há muita gente séria e honesta nos tribunais e nos gabinetes do Ministério Público. Mas também há muita gente disposta a criminalizar os movimentos sociais e sindicais.
Contas congeladas e repressão ao movimento sindical
Trabalhadores protestam em frente à sede do TRT durante audiência
Como se já não bastasse as tentativas de impedir nosso direito à greve, a Justiça agora quer impedir a própria existência do sindicato. Numa medida ilegal, a Justiça bloqueou as contas do sindicato, comprometendo seriamente o funcionamento do Sintraturb. Afinal, com as contas bloqueadas, como pagaremos as despesas de manutenção do sindicato, os jornais, os funcionários e toda a estrutura que colocamos à disposição nas campanhas salariais? Sem falar nas pesadas multas impostas não só ao Sintraturb, mas a diversos outros sindicatos da região que estão, por via judicial,
tendo seu direito à greve altamente comprometido, como foi o caso do Sindsaúde e do Sindicato dos Bancários nos últimos anos. Esta ação viola o que diz a nossa constituição, em especial, nos artigos 8 e 9, que falam sobre a liberdade sindical e o direito à greve. O departamento jurídico do Sintraturb já entrou com todos os recursos e medidas possíveis para reverter essa situação. Estamos aguardando para ver os resultados. Contaremos também com a solidariedade de todos que sempre nos ajudaram em nossas lutas.