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GONÇALO MOREIRA LIMA
GONÇALO MOREIRA LIMA – Sales Moreira43 In BUZAR, Benedito. VITORINISTAS & OPOSICIONISTAS (Biografias). São Luís: Lithograf, 2001, p. 199202
“Desde que disputou o seu primeiro mandato de deputado à Assembléia Legislativa do Maranhão, em 1947, Gonçalo Moreira Lima, rico proprietário de terras da região sertaneja, só discrepou uma vez do Vitorinismo: em 1965, quando apoiou a candidatura de José Sarney a governador do Maranhão.
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“Ao longo, portanto, da sua vida política, no curso da qual por duas vezes alcançou a presidência do poder Legislativo, manteve-se leal e fiel ao senador Vitorino [de Brito] Freire, cumprindo, no exercício do mandato de deputado, tarefas espinhosas e missões audaciosas, para que o vitorinismo mantivesse a sua hegemonia eleitoral no Maranhão por muitos anos.
“Gonçalo Moreira Lima, o caçula dos filhos de Filomena Soares da Silva e José Moreira Lima, nasceu a 16 de janeiro de 1896, na casa- grande da fazenda Cacimbasa, no antigo município de Picos, hoje Colinas, na região do alto sertão maranhense. Nos primeiros anos de vida recebeu o estranho apelido de Sales, em homenagem ao presidente da República Campos Sales, alcunha que o acompanhou durante toda a sua existência.
“Em 1908, com 17 anos e em preparativos para estudar em Teresina, onde aperfeiçoaria sua instrução, e cultivaria seus dons intelectuais, no campo da poesia, aconteceu a morte do pai.
“No ano seguinte, o irmão mais velho, conhecido na intimidade por Moreira, não deixou que o projeto do garoto Gonçalo fosse interrompido. Foi mandado para Teresina, estudar no colégio do professor Benedito Francisco Ribeiro. Nessa época, conheceu aquele que seria presidente da república, o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco.
“Ia muito bem nos estudos, sendo um dos mais aplicados e adiantados no colégio, quando o irmão que o sustentava tomou a decisão de estabelecer-lhe uma mesada, pois estava sendo muito oneroso para a família. Indignou-se, resolveu voltar ao lugar de origem, e entendeu de viver às próprias custas. Montou um pequeno negocio e assim virou comerciante.
“Andava razoavelmente bem na nova vida, quando, em 1914, o irmão Bento, que abraçara a carreira da magistratura, tornando-se posteriormente desembargador e um dos homens mais respeitados do Maranhão, recebeu convite do Governador Herculano Parga para ser secretário do Interior do Estado.
“Por iniciativa de Bento, Gonçalo veio para São Luís e foi nomeado auxiliar da Biblioteca Pública do Estado, então dirigida pelo intelectual Domingos de Castro Perdigão, um dos fundadores da Faculdade de Direito de São Luís.
“Em São Luis, além de trabalhar na Biblioteca, Gonçalo conseguiu matricular-se no Liceu Maranhense.
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“A 17 de março de 1917, uma surpresa desagradável o esperava: o pedido de exoneração de bento do governo fez que o cargo que ocupava na Biblioteca fosse dividido em dois. Resultado: não gostou da manobra política e pediu demissão.
“Em 1919, tomou uma das decisões mais importantes da sua vida: casou-se com Rolila, chamada de Lili, mulher de fibra que sempre o acompanhou e o incentivou em suas ações. Dessa união, nasceram sete filhos, dois dos quais mortos ainda na primeira idade. DOS NEGÓCIOS À POLITICA
“Durante o longo período da ditadura Vargas, Gonçalo viveu em Colinas. Como homem determinado e empreendedor construiu sólida fortuna. Tornou-se na região onde nasceu prospero fazendeiro e rico negociante, fazendo da Serra Negra a capital de seu império econômico e político.
“O espírito realizador de Gonçalo fez com que Saturnino Bello, que, na condição de interventor, assumiu o Governo do Maranhão, após a extinção do Estado-Novo, o convidasse para ocupar a prefeitura de Colinas, com o compromisso de assegurar a paz na região sertaneja, sempre às voltas com turbulências políticas.
“Prefeito de Colinas, Gonçalo aproximou-se do senador Vitorino [de Brito] Freire que, em 1945, voltara ao Maranhão para fundar o PSD e manter o domínio político por largo período. Dele recebeu convite para figurar na chapa do PPB, pois havia perdido a legenda do PSD para Genésio Rego e Clodomir Cardoso. Dessa forma, em 1947, foi eleito juntamente com os deputados que elaborariam a Constituição do Estado do Maranhão. No pleito de 1950, reelegeu-se, desta feita pelo PST, que Vitorino [de Brito] Freire criara.
“Na legislatura que começou em 1951 e terminou em 1954, chegou por consenso à presidência do Poder Legislativo, no período de 1953 a 1954.
“Nas eleições de 1954 e de 1958, sob a legenda do PSD, cujo comando Vitorino recuperara, voltou a ter assento na Assembléia Legislativa, ocupando novamente a presidência de 1960 a 1961. No pleito de 1962, contudo, não logrou a reeleição, por causa do seu rompimento com o governador Newton Bello. Mas nas eleições seguintes, em 1966, sendo governador do Estado, José Sarney, recuperou o mandato parlamentar, permanecendo na Assembléia Legislativa até 1971, onde encerrou sua vida política, como integrante dos quadros da Aliança Renovadora Nacional – Arena.
“Nas eleições para governador do Maranhão, em 1965, estava sem mandato eletivo, mas não apoiou o candidato Costa Rodrigues, lançado por Newton Bello, tampouco cerrou fileiras em torno do candidato Renato Archer, apoiado pelo ex-chefe e amigo Vitorino [de Brito] Freire. Ficou com a candidatura de José Sarney, das Oposições Coligadas, que tinha como candidato a vice-governador o seu genro, Antonio Jorge Dino, ex-deputado federal, com o qual havia feito dobradinha nas eleições de 1954 e 1958.
“Além de político e empresário rural, Gonçalo Moreira Lima cultivava o gosto pelas letras, daí por que, nas horas vagas, dava-se ao prazer de fazer poemas.
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“Antes de seu falecimento, em São Luis, a 12 de novembro de 1982, deixou um livro de memórias: O Capitão da Serra negra, onde estão relatadas as ações e atividades por ele desenvolvidas pela região da qual se fez representante na Assembléia Legislativa.”