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A COLUNA PRESTES E O CAVALO MARCHADOR DE SEO SALES
A COLUNA PRESTES E O CAVALO MARCHADOR DE SÊO SALES
por Djalma Britto in http://www.limacoelho.jor.br/vitrine/ler.php?id=855
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Em 1926, lá estão Sêo Sales e Dona Lili, na fazenda Serra Negra, preocupados com a possibilidade de virem a ser surpreendidos pela tal Coluna, pois, segundo ouviram dizer, para manter a tropa, os líderes ou responsáveis requisitavam mercadorias, bens, animais e tudo o mais necessário, com a promessa de serem ressarcidos tão logo fossem vitoriosos em sua intentada. [...] Para não serem pegos de surpresa, Sales e Lili trataram de esconder as mercadorias que possuíam em estoque e reduzir a quantidade dos gêneros nas prateleiras da loja. [...] É nesse cenário que entra em cena, para espanto de todos, o Cornélio, intitulando-se emissário e negociador da Coluna. [...] Deve-se esclarecer que o tal emissário era filho do “Velho Bodô”, vaqueiro da fazenda Serra Negra e homem de confiança de Sêo Sales. Dona Lili, que conhecia o Cornélio, desde que ele nasceu, pois nascera em Serra Negra, costumava passar-lhe “pitos”, ficou desconfiada e tentou demover o marido de sua credulidade. [...] Coincidência é que os “revoltosos” – termo que Dona Lili se referia aos integrantes da Coluna Prestes – estavam, realmente, próximos à fazenda, distante cerca de quarenta quilômetros de Colinas, antigo Picos do Maranhão. [...] Não tardou e os “revoltosos” chegam a Serra Negra e, como primeira providência de um dos oficiais, foi solicitar a Sêo Sales que lhe mostrasse a casa, alegando, naturalmente, que queria determinar a acomodação do pessoal que o acompanhava. [...] como nada foi encontrado no local onde se afirmava ter mercadoria escondida, o clima ficou menos tenso. O oficial a que nos referimos era o Juarez Távora. Foi então servida alimentação à tropa que se arranchou como pode nas acomodações da enorme casa centenária. Maneiroso, o oficial Juarez Távora disse a Sêo Sales que tinha conhecimento de que era possuidor de um cavalo de boa qualidade, marchador e famoso e que estava requisitando o animal, que seria devolvido posteriormente. Realmente, o tal cavalo era mesmo muito bom. Servia de montaria preferida para o meu avô. Sem titubear, Sêo Sales aquiesceu e disse ao oficial que poderia utilizar o animal, se o localizasse. Começou, então, a caça ao cobiçado cavalo. Alguns soldados foram escolhidos para empreender a procura. Retornaram, horas depois, com algumas montarias, mas não exatamente o cavalo de sela do Sêo Sales. [...] Assim foi a passagem da Coluna Prestes pela fazenda Serra Negra. Anos mais tarde, Juarez Távora veio a São Luís. Meu avô era deputado estadual e recebeu a sua visita. Entre amenidades, o oficial Távora dissera a meu avô que o culpado por ele ter sido preso teria sido ele. Explicou: se o senhor tivesse me cedido o tal cavalo marchador, jamais teriam me surpreendido. Chamava-se Cornélio. Jamais o conhecemos. Era um irmão do pai velho que se juntou à Coluna Prestes e jamais deu notícia à família. Dona Lili conta que Cornélio não permitiu que a Fazenda Serra Negra fosse ‘invadida’ pela Coluna e nem que o comércio da fazenda fosse saqueado. Era assim, com esse palavreado: ‘invasão’ e ‘saque’ que ela se referia à Coluna Prestes. Mas que Cornélio foi à sede da Serra Negra para dizer a ela e ao seu Sales que a Coluna não
147 mexeria na Serra Negra. O meu avô falava pouco sobre ao assunto, só que o seu irmão Cornélio tornou-se um seguidor do capitão Prestes e ‘caiu nesse mundão de meu Deus’ e nunca mais deu notícias à família.