Revista Espectro

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Espectro Revista


Cor

e

Você já parou para pensar no efeito que as cores têm no seu dia a dia? O que é cor para você? Na Física, Espectro é uma representação das intensidades de energia. A uma determinada intensidade do espectro eletromagnético, a radiação é capaz de sensibilizar o olho humano e, assim, tem-se a luz visível. Ou seja: veem-se as cores. Em cada obra, em cada detalhe arquitetônico, as cores são definidas para propor intenções que compõem o significado da Arquitetura. Com o advento da Psicologia das Cores (ciência que estuda como o nosso cérebro identifica as cores e as transforma em emoções, percepções e comportamentos), foi possível definir, por meio de padrões, de que modo cada cor impacta o ambiente, a arquitetura e a mente humana. Arquitetura e cor, tornam-se, então, indissociáveis. Respondendo à pergunta inicial, para as autoras, a cor é muito mais que um elemento visual e estético. Cor é emoção, sensação, comportamento, impressão, percepção… Sendo assim, convidamos vocês, leitores, a experienciarem cada uma das obras aqui abordadas como algo muito além de geometrias habitáveis. Convidamos vocês a vê-las como uma expressão da Cor.


Arquitetura


Quem Somos A Revista Espectro foi fundada e organizada por um grupo de mulheres, estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, tendo como principal motivação a busca pela compreensão da Arte e da História como aspectos primordiais para a concepção da Arquitetura.


Mariana Nishi

Gabriela Estevam

Tuanny Cruz

Naemi Oda

Sarah Almeida

Letícia Gondim


Sumário

Linha do Tempo Arquitetura Internacional e Nacional, entre os séculos XX e XXI.

Casa Schröder

Casa da Cascata

Igreja da Pampulha

Casa Triângulos

Gerrit Rietveld, 1925.

Frank L. Wright, 1936.

Oscar Niemeyer, 1943.

Vilanova Artigas, 1958.

Arquitetura Moderna


Instituto Tomie Ohtake

Central St. Giles Court

Kuggen Building

Escola em Alto de Pinheiros

Ruy Ohtake, 2001.

Renzo Piano + Fletcher Priest, 2010.

Wingårdh arkitektkontor, 2010.

Base Urbana + Pessoa Arquitetos, 2015.

Arquitetura Contemporânea

Passado x Futuro Referências Bibliográficas


Arquitetura Internacional Séc. XX e XXI A arquitetura moderna caracterizou grande parte do século XX, a utilização de formas simples, geométricas e desprovida de ornamentação marcam esse estilo arquitetônico.

Biblioteca Geisel

Villa Savoye

Arquiteto(a): William Pereira

Arquiteto(a): Le Corbusier Localização: França

Bauhaus

Unite d' Habitation

Fundação: Walter Gropius Localização: Alemanha

Arquiteto(a): Le Corbusier Localização: França

1919 1925 1931

Edifício Mosselprom

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Localização: Califórnia

1949 1952

1960 1970 1997

Casa Eames

Museu Guggenheim

Arquiteto(a): Charles Ray Eames

Arquiteto(a): Frank Lloyd Wright

Localização: Califórnia

Convento da La Tourette

Arquiteto(a): Nikolay Strukov

Arquiteto(a): Le Corbusier

Localização: Moscou

Localização: França

Localização: Nova York


No século XXI nota-se uma certa mudança na forma de projetar e desenhar edifícios. Novas características se ressaltam, a variedade de cor, assimetria, curvas que trazem sensações de fluidez, o aumento do uso de materiais envidraçados em suas fachadas, estes são elementos que marcam um estilo contemporâneo, uma transição do moderno.

Museu Brandhorst

Casa da Música

Filarmônica de Hamburgo

Arquitetos(as): OMA

Arquitetos(as): Herzog & de

Localização: Portugal

Arquiteto(a): Sauerbruch Hutton

2007 2010

Garden Hotpot Arquiteto(a): MUDA architects. Localização: China

José Vasconcelos Arquiteto(a): Alejandro Aravena e Estúdio Elemental Localização: Chile

Localização: Alemanha

2013 2016 2019

Biblioteca Pública de México Quinta Monroy

Meuron

Arquitetos(as): Adjaye Associates e AB Studios Localização: Rússia

Localização: Alemanha

2002 2003 2005

Escola de Administração de Moscou

Arquitetos(as): Taller de Arquitectura X e Alberto Kalach Localização: México

Centro Heydar Aliyev Arquiteto(a): Zaha Hadid Localização: Azerbaijão

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Arquitetura Nacional Séc. XX e XXI A arquitetura moderna nacional apresentou-se mais significativa entre 1930 e 1950. O movimento estabelecia a manifestação do nacional de modo independente dos ideais europeus.

Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro

Edifício MMM Roberto

Casa Modernista da Rua

Arquitetos(as): Marcelo Roberto, Milton Roberto e Maurício Roberto Localização: Rio de Janeiro

Santa Cruz Arquiteto(a): Gregori Warchavchik Localização: São Paulo

1927 1937 1945

Estação de Hidroaviões Arquiteto(a): Attilio Corrêa Lima Localização: Rio de Janeiro

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Edifício Guaimbê Arquitetos(as): Paulo Mendes da Rocha e João Eduardo de Gennaro Localização: São Paulo

1954 1962

Arquiteto(a): Edgar de Oliveira da Fonseca Localização: Rio de Janeiro

1970 1979 1991

Casa das Canoas

Casa Gerassi

Arquiteto(a): Oscar Niemeyer Localização: Rio de Janeiro

Arquiteto(a): Paulo Mendes da Rocha Localização: São Paulo

Residência Tomie Ohtake Arquiteto(a): Ruy Ohtake Localização: São Paulo


A arquitetura nacional o século XXI está sendo marcada por traços fortes. O uso complexo de formas e cores traz vivacidade, além dos conceitos inovadores, que carregam a personalidade contemporânea.

Museu da Portuguesa Museu Oscar Niemeyer Arquiteto(a): Oscar Niemeyer Localização: Curitiba

Arquitetos(as): Paulo Mendes da Rocha Localização: São Paulo

Orquidário Professora Ruth Cardoso

2008 2010

Estação Cabo Branco

Arquiteto(a): Brasil Arquitetura Localização: São Paulo

Arquiteto(a): Obra arquitetos Localização: São José dos Campos

Arquitetos(as): Decio Tozzi Localização: São Paulo

2002 2004 2006

Pavilhão Girassol

Residência CR

Língua

Arquiteto(a): Oscar Niemeyer Localização: João Pessoa

2013 2017 2019

Biblioteca Brasiliana Arquiteto(a): Eduardo de Almeida e Mindlin Loeb + Dotto Arquitetos Localização: São Paulo

Infinity Coast Tower: Arquiteto(a): Andres Juan Bandeo Localização: Balneário Camboriú

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Arquitetura Moderna Internacional e Nacional

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A moderna Casa Schröder Fonte: ArchDaily

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Casa Schröder Arquitetura Moderna Internacional Arquiteto: Gerrit Rietveld Ano: 1925 Uso: Residencial Materialidade: Concreto e Metal Estrutura: Concreto Localização: Utrecht, Holanda

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Gerrit Rietveld Gerrit Rietveld nasceu em 24 de junho de 1888, em Utrecht, Holanda. Entre 1906 a 1911, trabalhou como desenhista na CJ Begeer Jewellery Studio, na sua cidade natal. Em 1917, Rietveld cria seu próprio escritório, com objetivo de criar móveis a partir de novas formas e, a partir de 1919, passa a ser um membro importante do movimento Neoplasticista, contribuindo para a revista De Stijl. Autor das cadeiras Vermelha e Azul e Zig-Zag, em 1924 projetou a Residência Schröder, localizada em sua cidade natal. Rietveld rompeu com o grupo neoplástico em 1928 e aderiu ao movimento Nova Objetividade. No mesmo ano, tornou-se membro dos CIAM's. No início, Rietveld não dava importância para o uso de cores, porém com o passar do tempo as formas simples e cores primárias passam a fazer parte da sua percepção visual para estruturar seus projetos, sendo uma característica de suas obras.

Gerrit Rietveld com uma de suas maquetes de trabalho Fonte: Pinterest

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Fachada da Casa Schröder, exibindo uma nova forma arquitetônica Fonte: Pinterest

E o tempo...

Tudo começou no início do ano 1924, quando a Sra. Schröder contratou o arquiteto Gerrit Rietveld para projetar uma casa para sua família nos arredores de Utrecht. A área para a construção não foi escolhida pelo potencial arquitetônico, beleza local ou algum outro possível atrativo, mas sim porque naquela época era o único lugar disponível com acesso fácil tanto para a atividade da cidade, quanto para a tranquilidade do campo. Vale destacar o importante desempenho da Sra. Schroder na criação da casa, não restringindo-se à escolha do local, mas também opinando no design do imóvel. Ela não foi apenas receptiva às ideias de Rietveld, foi muito além, cooperando na realização do projeto com sua capacidade de visualizar problemas espaciais.

Reconhecida como uma das primeiras obras verdadeiramente modernistas do mundo, foi a morada da proprietária até sua morte, em 1985, sendo posteriormente convertida em museu e reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Mundial. A casa foi concebida em bases de linhas retas e planos retangulares. O volume é definido por elementos ligados como cartas de um baralho, e encaixados em seus cruzamentos. Todas as partes são compostas seguindo um sistema coordenado, de modo que as linhas e superfícies podem ser paralelas ou perpendiculares entre si. Construída com materiais tradicionais, aço, tijolo e vidro, destacou-se pela independência de seus elementos usando cores primárias.

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Vista aérea da localização da casa Fonte: Casa Rietveld-Schröder: Arquitectura y Color

2017 Vista aérea da localização da casa: limite da região urbana Fonte: Casa Rietveld-Schröder: Arquitectura y Color

1925

Croqui

Vizinhos 11

Mapa de implantação da casa Fonte: Casa Rietveld-Schröder: Arquitectura y Color

Destaque da arquitetura da casa em relação ao entorno Fonte: WordPress


Implantação A Casa Schöder se encontra implantada ao longo da rua Prins Hendriklaan, no que, na época, era considerado o limite da porção urbana de Utretch, na Holanda. Em total contraste com as tradicionais casas de tijolo geminadas do seu entorno, essa residência foi projetada com a intenção de constituir um protótipo para futuras construções. A escolha do terreno se deu por um desejo da sra. Schröder em ter fácil acesso tanto à atividade da cidade (a partir da rua Prins Hendriklaan, que leva ao centro), quanto à tranquilidade do campo. Vale lembrar que, apesar da localização rústica, a Casa Schröder não se trata de uma casa de campo. Foi orientada predominantemente para sudeste, no sentido contrário ao das casas pré-existentes, privilegiando a vista dos prados, pomares e riachos aos fundos. Naquele momento, Rietveld e a sra. Schröder visavam que a rua Laan van Minsweerd (perpendicular à Prins Hendriklaan) fosse expandida, portanto a porta de entrada foi posicionada na direção da mesma. Também contavam que não haveria alterações na paisagem campestre, considerando as restrições governamentais então vigentes. Porém, as suposições tornaram-se falsas: a rua não se prolongou e a área campestre foi rasgada por uma rodovia, que serviu de barreira acústica e visual para a paisagem pretendida. A relação primitiva cidade-casa-campo foi destruída. Apesar dos contratempos, do tamanho reduzido do terreno e das limitações conferidas pelas residências adjacentes, Rietveld e a sra. Schröder criaram uma memorável obra da arte e do design do século XX.

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Linguagem

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Fachada Sudoeste Fonte: Club.Quomodo

Fachada Sudeste Fonte: Club.Quomodo

O Dinamismo é o que define a Casa Schröder: uma forma que resulta de um conjunto de planos verticais e horizontais, opacos e transparentes, em perfeito equilíbrio entre unidade e diferenciação, representando a imaterialidade a as diferentes sensações através das cores. Seguindo uma composição livre, os planos e linhas têm a função de envolver um conjunto, sem limitar espaços, permitindo uma planta livre. A questão espacial foi a principal pauta para se resolver o projeto. Sendo assim, Rietveld iniciou o seu processo através de maquetes em madeira, papelão, vidro e palitos, os quais representavam as futuras lajes, vidros e pilares. Acredita-se que a volumetria final da casa tenha sido consequência da técnica utilizada na maquete, diferente do tradicional barro utilizado até então. Uma característica fundamental da Casa Schröder é a independência visual de seus elementos, alcançada por meio de: Independência: há uma certa separação física entre as linhas e planos, seja por vazios propriamente ditos ou intercalação com vidros.

Sobreposição: os elementos se estendem além do seu ponto de interseção (sempre perpendicular, ao longo da extensão dos planos e linhas, raramente em suas esquinas), essa peculiaridade é o que confere dinamismo à obra. Cor: visualmente, as cores apresentam uma tendência em avançar (destacar) ou retrair elementos, e isso acaba moldando o espaço. Elementos horizontais vermelhos são destacados, enquanto elementos verticais azuis se tornam mais discretos. O mesmo pode ser dito para os planos escuros (quase pretos) das janelas e os planos brancos ou cinzas das paredes. É interessante destacar também que as referências visuais adquiridas pelas cores variam conforme a iluminação natural e as cortinas brancas (quando fechadas, omitem o efeito escuro das janelas).


e Forma

Fachada Nordeste Fonte: Club.Quomodo

A ruptura interior-exterior também é marcante na obra, em que o espaço interior se funde ao exterior, havendo uma valorização e integração dos cheios e vazios que, através da própria dissociação visual dos elementos, ou seja, da descontinuidade visual, se gera a continuidade espacial entre o que está dentro e o que está fora, minimizando a massa edificada. Isso é percebido: nas lajes em balanço projetadas além das paredes, compondo as varandas e indicando que ali, onde elas estão, pode haver um dormitório. na janela de esquina, envidraçada até o teto e sem suportes no canto, criando uma sensação de abertura total do interior para o exterior. No entanto, não se pode afirmar que o exterior seja uma total consequência do interior da casa, em termos de correspondência funcional, mas há, inegavelmente, um laço de união entre eles.

Fachada Noroeste Fonte: Club.Quomodo

E, apesar de a Casa Schröder ter o seu projeto relacionado a elementos geométricos puros, proporcionais e inter-relacionados, que nos sugerem uma construção baseada em um layout matemático, todos os elementos citados e analisados aqui são, em verdade, resultado da impressão visual do próprio Rietveld, contribuindo para a vitalidade visual e espacial que é a obra hoje. O conhecimento do arquiteto sempre precedeu e controlou a exatidão da geometria, que foi apenas uma ferramenta subordinada à sua sensibilidade.

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Distribuição

Planta Pav. Térreo Fonte: ArchDaily

A distribuição da residência é resultado das ideias plásticas de Rietveld e do conceito não convencional do que era habitar para a sra. Schröder, que em muito contribuiu para que sua casa se tornasse o ícone modernista que conhecemos. Na planta térrea, é possível notar uma maior formalidade. Há um hall de entrada e um núcleo de escada central, a partir do qual são distribuídos os demais cômodos, que tem suas proporções definidas a partir das suas respectivas funções: espaços de longa permanência são mais amplos, enquanto espaços menos utilizados são menores e integrados, a exemplo da cozinha e sala de jantar e do hall e das escadas.

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Diagrama da casa e geometria dos espaços (azul retangulares; vermelho quadradas) Fonte: ArchDaily

No térreo da Casa Schröder, encontram-se as atividades de estudo, trabalho e cozinha. A partir da porta de entrada, à esquerda há uma chapelaria e uma área de estudos, à frente um estúdio para trabalhos (inicialmente previsto para ser uma garagem) e à direita, após o lavabo, há a cozinha, sala de jantar e um dormitório para domésticas. Interessante notar que todos os cômodos possuem portas com acesso ao exterior e que seu posicionamento ao redor da escada faz com que também funcionem como circulação Anterior à escada helicoidal, separada por uma divisória deslizante, há alguns degraus e um patamar, onde se encontra uma pequena mesa para o telefone. Essa porção de escada, quando a


Plantas 1º Pavimento: com e sem divisórias Fonte: ArchDaily

divisória está fechada, pode ser utilizada como assento, manipulando e utilizando completamente o espaço. Porém, é no primeiro piso que se vê a inovação na arquitetura, onde se prezou pela flexibilidade dos espaços, por meio de divisórias de madeira coloridas e deslizantes. Aqui, é possível encontrar 3 dormitórios, um lavabo, um banheiro e um espaço de convivência para a família ou, ainda, quando as divisórias são todas abertas, um único amplo espaço, totalmente integrado. Todas as divisórias possuem partes articuláveis que podem ser usadas como portas, e as únicas áreas fixas deste piso são a escada, o banheiro e o lavabo, centralizados na parede posterior, demonstrando um funcionalismo inteligente sem quebrar a continuidade dos ambientes integrados. Curioso notar que, ainda com todas as divisórias abertas, existe uma diferenciação dos ambientes pelos trilhos de aço coloridos dos painéis

Diagrama dos espaços e sua funcionalidade. Na imagem superior as divisórias estão abertas e na imagem inferior as divisórias estão fechadas Fonte: ArchDaily

deslizantes (fixados no teto) além do próprio mobiliário, que divide o espaço em segmentos sem prejudicar a integração. A presença de sacadas foi um desejo da própria sra. Schröeder em ter acesso visual maior à paisagem campestre. Para projetar, Rietveld e a sra. Schröder não se basearam nos modos de morar de uma família tradicional com 3 filhos. Pelo contrário, estabeleceram uma série de diferentes volumes arbitrariamente, que podiam se ajustar às necessidades de qualquer habitante. A Casa Schröder consiste no desenho de uma forma de vida, não de uma família específica. No entanto, esse objetivo não foi 100% cumprido, pois muitas vezes sentimos o impulso, em alguns de seus interiores, em reorganizar os móveis e o comportamento do usuário para se adaptar ao espaço.

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Vidro, cor e alvenaria da fachada lateral Fonte: ArchDaily

Materiais e Estrutura 17


A princípio a casa seria construída em concreto, mas sendo uma nova técnica, se tornou inviável economicamente. Outra razão pela qual a técnica tradicional de tijolo foi empregada decorreu do desejo de Rietveld de que o acabamento tivesse a mesma forma tanto para o interior como para o exterior. Também sua inexperiência com o uso do concreto e o temor de que não funcionasse bem no interior afastou a ideia de utilizá-lo. As paredes externas e divisórias foram feitas de tijolos, os quais foram cobertos com cimento Portland, deixando as superfícies e bordas completamente lisas. As vigas foram feitas de madeira, com exceção de alguns perfis de reforço metálicos. As fundações foram construídas com concreto armado, assim como os sete pilares que sustentam a laje do primeiro andar. As lajes das varandas e seus peitoris das janelas também são do mesmo material. As vigas que sustentam a cobertura e as varandas são de aço.

Corte Longitudinal Fonte: Club.Quomodo

Rietveld conseguiu dar aos elementos construtivos um caráter conceitual por meio do qual se destacam, pois apesar da técnica tradicional utilizada, atinge a novidade da forma dos diferentes elementos que compõem o volume. No interior da casa foram inseridos os painéis e as portas de correr que, assim como os caixilhos, foram feitos em madeira. As guias pelas quais esses elementos se movem foram feitas de aço de seção em L.

Fundações em concreto Fonte: CasaSchröder.pdf

Corte Transversal Fonte: Club.Quomodo

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Uma visão sobre... Arquitetura Uma arquitetura de materialidade tradicional e simples, mas de um caráter surpreendemente inovador. O trabalho em conjunto de Rietveld e sra. Schröder, apesar de altamente geometrizado, traduz uma sensibilidade humana em se compreender novos modos de morar, facilmente adaptáveis às diferentes pernsoalidades. Uma compreensão profunda da espacialidade e seus atributos, que traduz uma funcionalidade indiscutível, principalmente no que diz respeito ao posicionamento de seus cômodos, rodeando o núcleo central da escada. Junção equilibrada da arte e da arquitetura, em estética apurada e dimensionamento bem aproveitado. De fato, uma obra merecedora de estudo e análise, não apenas para compreensão e análise de importância histórica, mas como referência projetual.

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Planta Perspectivada Fonte: Pinterest

Arquitetura de linhas retas e leves Fonte: Pinterest


Cor A maioria dos elementos da casa Schröder são pintados, e essa característica faz com que a casa seja visualizada como um conjunto de planos e linhas. Os materiais originais foram escondidos e os elementos estruturais foram pintados de acordo com sua função. O uso de cores nesta casa é de qualidade acetinada e brilhante em muitos casos. Claramente, não era apenas uma questão decorativa: pretendia-se, principalmente, que todos os elementos da casa fossem integrados. Rietveld realizou um estudo para a utilização das diferentes cores, aplicando-se em áreas sujeitas a manchar, como rodapés, por exemplo, cores mais escuras: azul ou preto. No interior da casa, as cores primárias aparecem marcando as superfícies retangulares. O chão é dividido em áreas de cores diferentes. Essas delimitações marcariam os quartos, passagens e espaços dentro delas. O quarto da mãe e do filho foram pintados de vermelho, diretamente nas tábuas de madeira. Os painéis deslizantes de branco, preto e cinza, assim como as paredes. As guias desses painéis foram pintadas em cores primárias. Destaca-se também a cor preta, que recebe o teto do escritório do térreo, o que dá a sensação de comprimir o espaço e mesclar os limites entre as paredes e o teto. No lado externo, encontram-se planos brancos puros em diferentes tons de cinza até chegar ao preto. Esses planos retangulares pintados brincam com a profundidade da casa: quanto mais claro um elemento é pintado, mais perto seria visto, e quanto mais escuro, como o preto das molduras das janelas, mais se funde com os elementos que estão posicionados atrás. As portas de aço, caixilhos das janelas e elementos expostos foram pintados de preto.

Cores no interior da casa Fonte: ArchDaily

Na arte... Na década de 1920, o artista holandês Piet Mondrian começou a pintar seus quadros com grids pretos e cores primárias, propondo uma linguagem simples composta de linhas e retângulos coloridos, que se tornou conhecida como Neoplasticismo. Este conjunto de telas pintadas em vermelho, amarelo e azul, configuram um dos principais elementos do movimento De Stijl do início do século XX. A primeira transposição dos princípios explorados por Mondrian para à arquitetura deuse no projeto da Casa Schröder, que adaptou os planos vibrantes de cor e os grids das telas de Mondrian para uma série de perfis metálicos pintados de vermelho, azul e amarelo, que compõem os elementos construtivos da casa.

Na Psicologia das Cores... Tem-se que a escolha das cores para a Casa Schröder, além de uma influência neoplasticista, traz sensações distintas condizentes com o perfil e atividades da sra. Schröder e sua família, a citar: o Azul como instigador da calma, criatividade, produtividade e contemplação, complementando o caráter plástico e artístico do projeto. o Amarelo, trazendo criatividade, aconchego e claridade, além de estimular a concentração e o intelecto próprio para os ambientes de estudo da casa. Por fim, o vermelho, impulsionando energia e estimulando a atenção e o apetite, o que compõe com equilíbrio em meio as sensações proporcionadas pelas demais cores.

Cores na fachada Fonte: ArchDaily

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A Casa da cascata de Wright Foto: Divulgação/ Fallingwater


Casa da Cascata Arquitetura Moderna Internacional Arquiteto: Frank Lloyd Wright Ano: 1936 - 1939 Uso: Residencial Materialidade: Concreto, Pedra, Aço e Vidro Estrutura: Concreto Localização: Mill Run, Estados Unidos

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Frank Lloyd Wright Frank Lloyd Wright foi um arquiteto, designer, escritor e educador, nascido em 08 de junho de 1867 em Richland Center, Wisconsin, nos Estados Unidos. Fez faculdade na Universidade Wisconsin, mas pouco antes de se formar, largou o curso para trabalhar como desenhista no escritório do arquiteto Joseph Lyman Silsbee, em Chicago, o qual havia construído a igreja em que o tio de Wright era pastor. No ano seguinte ao seu trabalho com Silsbee, em 1888, ele deixou o escritório e foi trabalhar para outro arquiteto renomado,

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Louis Sullivan, o precursor dos projetos de arranhacéus. Como seu aprendiz, Wright fez grandes projetos, e chegou a pegar um empréstimo para construção de sua casa com a esposa, Catherine, em Oak Park, Illinois. No entanto, a parceria dos dois teve seu término 6 anos depois, quando o arquiteto foi despedido por roubar clientes da empresa e trabalhar diretamente com eles.


Logo após sua saída do escritório de Sullivan, Wright decidiu abrir seu próprio escritório em sua casa, tendo como primeiro projeto a Casa Winslow, construída em 1894, nos subúrbios de Chicago, a qual marcou o estilo característico do arquiteto como a primeira das Prairie Houses, casas muito bem integradas com o entorno. Em 1911, ele constrói a Taliesin I, em Spring Green, Wisconsin, para morar com sua amante, Mamah Borthwick Cheney. A casa, no entanto, é alvo de um grande incêndio, causado pelo mordomo de Lloyd Wright, fatalidade que mata seis pessoas, dentre elas Mamah, dois de seus filhos e alguns aprendizes. Frank se mudou para o Japão depois da tragédia, onde conheceu mais sobre as tendências da arquitetura

japonesa, que tiveram grande influência em seus projetos futuros, e projetou o Imperial Hotel de Tóquio. Quando retornou aos Estados Unidos, realizou diversos projetos, incluindo mais duas casas Taliesin, e a Casa da Cascata (Fallingwater). Se casou novamente com Miriam Wright (1923-1927) e Olgivanna Lloyd Wright (1928-1959). Em 1959, construiu mais uma das suas obras de destaque, o Museu Guggenheim de Nova York, símbolo de uma arquitetura moderna mais orgânica que encanta com sua sinuosidade contínua. Frank Lloyd Wright, todavia, não chegou a ver a inauguração do museu, que aconteceu meses após sua morte em abril do mesmo ano, com 91 anos de idade.

Frank Lloyd Wright Fonte: Editora Olhares

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Casa sobre a cascata Fonte: ArchDaily


A casa... A casa da cascata nasceu a partir do desejo da família do empresário Edgar J. Kaufmann, que usualmente passavam férias na região, de possuir uma casa no local, próxima a cascata. Eles logo pensaram em Wright para o projeto, dada a proximidade do filho da família, Edgar Kaufmann Junior, que era ajudante do arquiteto em Taliesin. Ao solicitar o serviço de Wright, vão ao terreno escolhido, onde se concebe a ideia ousada de fazer a casa na própria cascata, sendo o partido arquitetônico o curso d’água o que, em sua concepção, o som constante se tornaria elemento agradável aos moradores, provocando a imaginação a partir do sentido auditivo.

Edgar Kaufmann e sua família Fonte: Fallingwater organization

O acesso ao local se dá por uma rodovia na qual os automóveis chegam até certo ponto, a partir disso, ingressa-se em uma trilha de terra, que após significativa caminhada, chega ao local. A perspectiva visual da construção realmente impressiona, principalmente pelos avanços tecnológicos empregados na construção, mas também pela relação com o entorno, reforçando o desejo do projeto de Wright de realizar uma composição unificada com a organicidade da paisagem, visando à integração e ao respeito ao meio em que se interviu. A implantação sobre o corpo d’água é, sem dúvida, o “detalhe” mais crucial em toda a composição. É a água caindo como se saísse de dentro da própria casa, o sentimento inusitado de encontrar a construção, que muitas vezes toma o lugar dessa natureza, tão conectada com a mesma, é dessa implantação que se dá o nome e a genialidade que a casa representa até hoje. A ideia inicial do proprietário nem sequer sonhava em ser algo tão ousado e inovador, foi Frank Lloyd Wright que propôs que implantasse-a sobre uma rocha logo ao lado do riacho Bear Run. 26


Casa da Cascata Fonte: ArchDaily

Materialidade Para tal composição, foi utilizada a estrutura de concreto, que reforça os ângulos retos característicos do modernismo, proporcionando uma característica escultural ao conjunto, reforçando também a horizontalidade, porém, para romper com a forma de “caixa”, janelas se abrem nas quinas da construção. Além disso, outro material abundantemente utilizado foram as pedras, que remetem ao embasamento da casa que repousa sobre a rocha da cachoeira. Material do qual foi retirado de uma pedreira que, reaberta e próxima ao local, otimizou a utilização e reforçou a integração do local.

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Esta combinação de elementos gera, de certa maneira, um contraste. Os materiais da fachada avarandada, se organizam para reforçar a horizontalidade, por meio do concreto armado, e possuem um revestimento liso e macio relacionado ao que é tranquilo e certo. Já verticalmente, o material utilizado é a pedra, que além de integrar ao natural representa uma certa organicidade, que em momento algum respeita uma ordem e o meio racional, assim como a própria natureza. Por fim há um certo equilíbrio entre ambos, como o equilíbrio que o homem tem que ter com a natureza em seu redor.


Vista lateral da casa Foto: Mike Dobel / Alamy

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O interior da casa Fonte: Divulgação/Fallingwater

E como ela é por dentro... A casa dividida em três pavimentos possui uma espaçosa sala de estar e uma cozinha modesta, no térreo, a suíte master do casal, no segundo piso, e o quarto do filho no terceiro, além de um quarto para hóspedes, cuja obra só foi concluída no ano seguinte ao resto da casa. Como de costume em outras obras de Frank Lloyd Wright, a lareira se localiza no ponto central da construção, atuando como uma espécie de “coração da casa” de onde todo o resto se parte, e onde a família inteira se reúne. Tal configuração justifica-se com a intenção de um interior aberto, que busca a flexibilidade da planta livre, permitindo diferentes configurações, outra característica recorrente nos projetos do arquiteto.

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Mobiliários e layout remanescente Fonte: Divulgação/Fallingwater


Detalhes como os corredores mais apertados e com pouca iluminação ajudam a causar o efeito de maior impacto ao entrar nos ambientes de maior importância, o pé direito um pouco mais baixo em certos pontos também é usado para causar essa sensação. Outro acesso criado propositalmente por Frank Lloyd Wright é a escada da sala que dá direto no riacho, mais uma vez integrando a casa com seu entorno.

Integração entre escada e riacho Fonte: Divulgação/Fallingwater

O interior da casa Fonte: Divulgação/Fallingwater

Wright foi responsável também pela decoração e escolha de elementos internos, que revelou sua afeição pela cultura japonesa, utilizando cores e elementos como o tatame, gongos e tons avermelhados. Decoração existente Fonte: Divulgação/Fallingwater

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Plantas e Cortes...

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Planta Térreo

Fonte:Archdaily

Planta Nível 1

Fonte:Archdaily

Planta Nível 2

Fonte:Archdaily


Planta Ala de Hóspedes 1

Fonte:Archdaily

Planta Ala de Hóspedes 2

Fonte:Archdaily

Corte 1

Fonte:Archdaily

Corte 2

Fonte:Archdaily

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Vista da casa Fonte: Archdaily

As cores... As cores, por sua vez, também protagonizam um papel importante na interação com a natureza. Como citado anteriormente, a casa repousa sobre o embasamento da rocha da cascata, por isso, a utilização das pedras na própria construção, por si só, se une a paisagem natural, fazendo uma transição suave e praticamente imperceptível entre o existente e o construído, considerando que as rochas não receberam tratamento que alterasse seu aspecto natural. Além delas, há também a paleta de cores escolhida por Wright, que, inspirada no entorno,

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limitou-se a apenas duas cores. As varandas em concreto armado receberam a coloração Ocre, uma variação do alaranjado que, na composição geral visualmente se torna um amarelo sutil e remete diretamente à cor da folhagem das árvores e a sensação de calma e aconchego natural do espaço. Este comportamento da cor influi diretamente na iluminação, na temperatura e nas sensações provocadas, ocasionando assim, a união visual da paisagem.


Entorno da casa durante algumas épocas do ano Fonte: Archdaily

Outra cor empregada foi o vermelho, em uma variação aproximada de um tom terroso, nas áreas de aço dos caixilhos. Esta escolha, por sua vez, demonstra diretamente o desejo de incorporação ao meio ambiente, referenciando a terra e ao natural ao usar tons que em muito assemelhamse com as árvores do entorno e a coloração de suas folhagens durante algumas épocas do ano, proporcionando, novamente, a inserção no meio e o conforto visual e físico que as cores terrosas oferecem, por remeterem às raízes da vida. Não suficiente, Frank Lloyd Wright, no ápice do detalhismo, perfeição e dinamismo do projeto, ainda inseriu um espelho d’água, que no térreo da casa, se aproxima da cachoeira e concretiza com maestria a unificação de todo o contexto.

Elementos em pedra e cores terrosas Fonte: Divulgação/Fallingwater

Entorno da casa durante o inverno Fonte: Archdaily

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Visitantes chegando a casa Foto: Paulo Ormindo de Azevedo

E depois...

Visitantes apreciando o local Foto: Paulo Ormindo de Azevedo

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Edgar J. Kaufmann e sua esposa morreram após um tempo residindo na casa, que passou a ser propriedade de seu filho, aprendiz de Wrigth. Após um tempo, a construção passou a fazer parte do patrimônio histórico dos EUA, no ano de 2002 passou por uma restauração que se fez necessária pelos danos estruturais causados pelo tempo e pelas condições naturais do local, visando evitar um colapso total e maiores danos futuros. Em 1964 o local reabriu com uma nova função, um museu, visitado por milhões de pessoas de todo o mundo, que interessadas na obra e na beleza do local, deslumbram-se com o icônico feito de Wright.


Visitantes apreciando o local Foto: Paulo Ormindo de Azevedo

Visitantes apreciando o local Foto: Paulo Ormindo de Azevedo

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Painel de Portinari na Igreja da Pampulha Fonte: Pinterest


Igreja da Pampulha Arquitetura Moderna Nacional

Arquiteto: Oscar Niemeyer Ano: 1943 Uso: Institucional Materialidade: Concreto, Azulejos, Madeira Localização: Belo Horizonte - MG

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Oscar Niemeyer Fonte: Personajeshistoricos.com

Oscar Niemeyer Oscar Niemeyer, nasceu em 15 de dezembro de 1907, no Rio de Janeiro. Estudou na Escola Nacional de Belas Artes, em 1929, onde se formou em engenharia e arquitetura em 1934. As obras de Niemeyer são reconhecidas pela originalidade, beleza e ousadia, são considerados projetos icônicos no Brasil e no mundo. Prova dessa genialidade foi o recebimento do prêmio Pritzker, em 1988, considerado o Nobel da Arquitetura. Oscar Niemeyer faleceu em 2012, mas seu nome sempre será lembrado como o de um gênio que rompeu padrões e limites, criando verdadeiras obras de arte. Dentre as características únicas de suas obras, que mantem o nome de Niemeyer vivo e celebrado em todo o mundo, destacam-se as curvas sinuosas, a exploração das diversas possibilidades do concreto armado e de materiais naturais, como a iluminação e o mármore. Entre suas construções mais famosas estão o conjunto da Pampulha (Belo Horizonte), os edifícios dos Três Poderes (Brasília), o Edifício Copan (São Paulo), o Museu Oscar Niemeyer (Curitiba), além de projetos internacionais como a sede das Nações Unidas (Nova Iorque), o Centro Cultural Principado de Astúrias (Espanha), a sede da Editora Mandadori (Milão) entre outras grandes obras.. 39


Em Belo Horizonte, Minas Gerais, em torno do espelho d’água de um lago urbano artificial foi construído o complexo da Pampulha. O conjunto é formado por quatro edificações: a Igreja de São Francisco de Assis, o Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha), a Casa do Baile (Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte) e o Iate Golfe Clube (Iate Tênis Clube). Em 1940, a convite de Juscelino Kubitscheck (1902-1976), então prefeito de Belo Horizonte, Oscar Niemeyer projetou o conjunto da Pampulha, considerada sua primeira obra de impacto. Nesse período, o Brasil vivia uma intensa produção cultural experimentando novas linguagens de expressão arquitetônica, alavancada pelas ideias revolucionárias e vanguardistas do modernismo. Em 1943, o complexo da Pampulha foi inaugurado pelo prefeito Juscelino Kubitscheck que visava uma modernização e tornar a região do lago da Pampulha um grande espaço de lazer e turismo para a cidade. A construção do conjunto da Pampulha causou uma mudança nas construções particulares, dos belo-horizontinos tanto nas áreas nobres quanto nos bairros populares da capital, reflexo da nova estética arquitetônica.

Croqui da Igreja da Pampulha Fonte: Pinterest

De todo o complexo, nessa edição, será dado destaque para a igreja de São Francisco de Assis da Pampulha, conhecida mundialmente apenas como Igreja da Pampulha, considerada uma das obras mais belas e marcantes de Oscar Niemeyer. Inaugurada em 1943, a Igreja da Pampulha com suas formas curvas e as qualidades plásticas do concreto armado materializaram um momento histórico não só para o arquiteto como para a arte e para a arquitetura moderna. No projeto da Igreja, além do trabalho de Oscar Niemeyer, chamam atenção outros dois grandes nomes da arte e paisagismo brasileiro: Cândido Portinari e Roberto Burle Marx. O projeto contou também com a participação do engenheiro Joaquim Cardozo e dos artistas Paulo Werneck, Alfredo Ceschiatti, August Zamoyski e José Pedrosa. A Igreja da Pampulha é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG) e pela Gerência do Patrimônio Municipal.

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Linguagem e Para Niemeyer, a beleza não está nas linhas retas e sim nas curvas, que, segundo o arquiteto representam o curso dos rios, o limite das montanhas, as ondas do mar, o universo. A Igreja São Francisco de Assis, ou simplesmente Igreja da Pampulha, representa o amor de Niemeyer pelas curvas, sendo a característica marcante da edificação. A igreja tem um formato assimétrico composto por linhas oblíquas e curvas. As curvas dessa edificação representaram uma

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inovação na arquitetura sacra brasileira e foram inspiradas nas montanhas de Minas Gerais. Para conseguir tal resultado, Niemeyer explorou as potencialidades escultóricas do concreto armado, um material que marca suas obras. Formada por cinco abóbadas: duas principais que cobrem a ala central (nave) e três secundárias, que envolvem a sacristia e os anexos. A cobertura, que também funciona como parede, deu uma aparência plástica e ousada para a Igreja.

As curvas da Igreja Fonte: Pinterest


forma Na fachada principal da Igreja, uma marquise reta conduz à torre localizada na lateral. Para a ventilação, o arquiteto incluiu um brise na parte superior da entrada. A silhueta da Igreja da Pampulha representa um marco na arquitetura e engenharia através das suas formas inusitadas, que renuncia o padrão do ângulo reto e das formas geométricas, até então muito utilizadas. Na parede externa da Igreja, um painel de azulejos pintados à mão por Portinari, promovem enriquecimento iconográfico à edificação. As pastilhas usadas foram pensadas para ser uma espécie de reflexo da água, enquanto os desenhos representam o movimento das ondas do lago. A Igreja, assim como todo o conjunto da Pampulha tornou-se um cartão postal de Belo Horizonte e um marco da arquitetura moderna brasileira.

A marquise se integra com o campanário Fonte: Pinterest

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Implantação O Conjunto da Pampulha está situado em uma das regiões mais nobres e tradicionais de Belo Horizonte (MG). Formado por uma paisagem que compõe quatro edifícios em torno da lagoa da Pampulha, o conjunto arquitetônico é composto pela Igreja de São Francisco de Assis, o edifício do Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha), a Casa do Baile (Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte) e o Iate Golfe Clube (Iate Tênis Clube).

A área onde se situa todo o conjunto da Pampulha era uma antiga fazenda, que fazia o abastecimento agrícola da região de Belo Horizonte. Na década de 1940, foi loteada e urbanizada e tornou-se um empreendimento modernizador à época. O local da implantação do complexo foi proposto por Juscelino Kubitscheck que visava uma modernização e resgatar atividades de lazer para essa área da cidade.

Implantação do Conjunto da Pampulha Fonte: Portal.iteleport

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Distribuição A Igreja tem uma distribuição bem simples. É formada por cinco abóbadas. As duas principais se sobressaem onde uma se encaixa na abóbada mais alta que cobre a ala central (nave) e as três secundárias envolvem a sacristia e os anexos. O portal configurado pela marquise e pelo campanário induzem a um encaminhamento lateral que coloca em evidência a cruz latina. E os outros acessos: o primeiro constituído por escada em caracol que leva ao coro e pela parede curva do batistério e o segundo pelas colunas que sustentam a laje retangular do coro balançada em seus dois extremos. Projeto da Igreja da Pampulha Fonte: vivadecora

Logo na entrada - Batistério e escada Fonte: Archdaily

Composição - Cruz, marquise e campanário - da entrada da Igreja Fonte: Archdaily

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Materiais e estrutura

Igreja da Pampulha Fonte: Pinterest

Para esta obra-prima, o arquiteto projetou abóbadas parabólicas de concreto armado e deste elemento são estruturados o teto e suas paredes. Esse formato dá à igreja um formato assimétrico formado por linhas oblíquas e curvas. Niemeyer utilizou nessa obra todas as potencialidades escultóricas do concreto armado. Os painéis de vidro da entrada se sustentam por uma cortina metálica.

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O nártex se define por uma marquise inclinada que se engasta, no outro extremo, ao campanário enterrado no solo. O campanário proporciona duas vistas, maciço quando visto de frente, parecendo um marco e uma vista vazada de uma estrutura aporticada de onde pende o sino, esta vista vazada é composta por barras de ferro em diagonal que configuram malhas abertas.


Os materiais presentes no interior da Igreja são a madeira que cobre as laterais da nave, o concreto na área do coro e o mármore que cobre todo o piso.

Área interna da igreja Fonte: Pinterest

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Fé e Arte Afresco de Portinari para o altar Fonte: Pinterest

A convite de Niemeyer, artistas importantes participaram da construção da igreja, Alfredo Ceschiatti, confeccionou os painéis em bronze, Burle Marx projetou os jardins da igreja, Paulo Werneck executou os mosaicos nas laterais da abóbada da nave e Cândido Portinari fez o painel que ocupa a fachada posterior da igreja, destacado pela iluminação e a madeira escura da nave. A composição de azulejos branca e azul da fachada também leva a assinatura de Portinari. O jardim criado por Roberto Burle Marx foi um dos primeiros projetos de destaque do paisagista. Ele dispensou as influências estrangeiras, como os simétricos jardins franceses e apostou na assimetria da natureza.i.

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Na parte externa da Igreja da Pampulha também está o incrível painel da Cândido Portinari. Feito de azulejos azuis e brancos, ele retrata cenas da vida de São Francisco. O interior da Igreja da Pampulha também surpreende com o fantástico trabalho de Portinari. Ele criou o painel de cerâmica localizado no altar, em que São Francisco de Assis aparece se despindo de suas posses para se dedicar à caridade. Portinari também é o responsável pelos 14 pequenos quadros espalhados pelo espaço interno da Igreja da Pampulha. Essas obras retratam a Via Sacra. Os painéis em bronze esculpidos em baixo relevo no interior da Igreja da Pampulha são de Alfredo Ceschiatti.


Portinari

Burle Marx

Alfredo Ceschiatti

Painel em azulejo Fonte: Archdaily

Paisagismo de Burle Marx Fonte: Pinterest

Escultura em bronze Fonte: Pinterest

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Fé e Cor Aparentemente branca, a Igreja da Pampulha traz uma variedade de cor, seja produzida pela iluminação natural, artificial ou pela aplicação de cores nessa obra. A beleza do altar se manifesta através da diminuição da seção da nave e da luz que passa pela abertura existente entre as respectivas abóbadas que a compõem, e a iluminação é filtrada pela madeira caramelo que forra a lateral e pelo marrom e rosa do afresco de Portinari que ornamenta a parede do fundo. A madeira escura destacada pela iluminação tem o propósito de aquecer o ambiente.

Painel em azulejo Fonte:Pinterest

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Painel em azulejo Fonte: vivadecora

Painel em azulejo Fonte: Archdaily


O painel externo feito de azulejos azuis e brancos também leva a assinatura de Portinari. O azul das pastilhas usadas na parte externa da Igreja da Pampulha representa o reflexo da água, enquanto os desenhos representam o movimento das ondas do lago. O verde e o colorido das flores estão presentes no paisagismo de Burle Marx.

Características de muitas obras de Niemeyer, o branco predomina também nesse projeto, aqui o branco nos faz refletir como a representação da paz, simplicidade, luminosidade e tranquilidade. O emprego do branco destaca ainda mais o painel de Portinari, composto por azulejos azul e branco nos remete à tranquilidade e espiritualidade.

Painel de Portinari em azulejo Fonte: Pinterest

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Casa dos Triângulos Fonte: Pinterest

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Casa dos Triângulos Arquitetura Moderna Nacional Arquiteto: Vilanova Artigas Localização: Sumaré, São Paulo Ano: 1958 Uso: Residencial Materialidade: Concreto Paisagismo: Waldemar Cordeiro Painel: Mário Gruber e Rebolo Gonçalves

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Vilanova Artigas João Batista Vilanova Artigas (1915-1985), foi um renomado arquiteto nascido em Curitiba e cuja atuação se deu fortemente no estado de São Paulo, destacandose na Arquitetura Moderna e Brutalista, característica da Escola Paulista. Participante ativo no meio político, adquiriu a formação de engenheiroarquiteto pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e, ao longo de sua carreira, buscou implementar seus preceitos em prol de uma arquitetura social e mais igualitária em suas obras, dentre as quais destacam-se: o Edifício Louveira, o edifício da Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo e o Estádio Morumbi.

Vilanova Artigas Fonte: USP

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A Casa e o seu Lugar

A Casa dos Triângulos é um projeto de Vilanova Artigas destinado a Rubens de Mendonça, o qual também nomeia a obra, podendo ser chamada de Casa Rubens de Mendonça. Projetada em 1958 e finalizada em 1962, a residência demonstra inúmeras inovações estudadas e utilizadas ao longo da produção de Artigas. A moradia unifamiliar foi implantada no bairro Sumaré, localizado na zona oeste da cidade de São Paulo, mais especificamente no distrito de Perdizes. Considerado um bairro nobre na cidade, encontra-se em uma das regiões mais altas de São Paulo: no Espigão da Paulista. Nessa região, a topografia acidentada norteou o partido que, dentre outros fatores, destacou a

residência em um ato de inovação do arquiteto. No lote de aclive típico do local, Artigas trabalhou com recortes menores, porém rebuscados do terreno, dando lugar aos meios níveis que trouxeram um dinamismo em corte para o projeto, além de potencializar a distribuição vertical da casa, variando seu pé direito. Em nível com a rua há somente a garagem e seu acesso, todo o restante da arquitetura está elevado, acima do passeio, em um nível que se estende até o alinhamento do terreno. Este, em formato trapezoidal, abriga em seu centro o volume residencial de planta retangular que, apesar de sua posição elevada e dimensão, não configura um elemento pesado ou monumental para o seu entorno.

Planta de Situação Fonte: Google Maps

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Sala de Estar Fonte: Nelson Kon

Distribuição 55


Os 215 m² da Casa dos Triângulos conferem, concomitantemente, inovação e tradição em sua distribuição. A esquerda, na cota da calçada, há a garagem coberta. Já a direita, um conjunto de rampas conduzem ao nível elevado da casa onde, seguindo pelo corredor presente no recuo lateral, encontra-se o acesso ao setor social. Este acesso inova ao estar na metade do volume, diferentemente da posição usual à frente. A inovação estende-se para a utilização de meios níveis, que contribuem para uma dinamicidade vertical. Ao adentrar pelo acesso principal, há um hall

Corredor de Acesso Fonte: Nelson Kon

de pé direito duplo que funciona como um centro de organização da residência, a partir do qual pode-se seguir em nível para a sala de estar, mais à frente, descer meio nível para a sala de jantar onde, aos fundos, encontram-se também cozinha e área de serviços ou, por fim, subir para os aposentos acima. Em mesmo nível com a sala de jantar, na porção mais central, também há uma área ajardinada semi coberta que se estende até os limites do lote. Nota-se que os ambientes citados são recuados em relação à projeção da laje do pavimento superior, de 109,3 m², cuja intenção é de compor um espaço sombreado e protegido das

Garagem em Nível com a Rua Fonte: Nelson Kon

Meio Nível entre Salas Fonte: Nelson Kon

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Hall

Estar Cozinha Jantar

Jardim

Implantação Fonte: ArchDaily

intempéries (tal projeção também inclui parte do corredor lateral de acesso). No entanto, apesar da inovação, ainda há uma conservação na disposição tradicional da residência, apresentando as áreas sociais à frente e áreas de serviço aos fundos. Seguindo também a partir do hall central, a meio lance de escada acima, encontra-se o estúdio, posicionado como um mezanino acima da sala de jantar e que funciona como elemento de transição entre as zonas íntima e social da residência.

Quarto

Quarto

Quarto

Neste ponto, há uma intersecção entre as circulação vertical e circulação horizontal, havendo um deslocamento diagonal (escadas em conjunto com o patamar do estúdio) para chegar à zona superior. Prosseguindo a escada, há o segundo pavimento propriamente dito, no qual um corredor longitudinal interliga os 4 dormitórios voltados para noroeste, os 2 banheiros voltados para nordeste, além dos roupeiros centrais.

Quarto Garagem

Planta Pav. Superior Fonte: ArchDaily

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Planta Garagem Coberta Fonte: ArchDaily


Casa dos Triângulos Jardim Lateral Fonte: Nelson Kon

Corte Transversal Fonte: ArchDaily

Pé Direito Duplo do Halll Fonte: Nelson Kon

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Corte Estrutural Perspectivado Fonte: Roberto Nehme

Estrutura Como fruto da formação como arquitetoengenheiro de Vilanova Artigas, a estrutura da Casa dos Triângulos pode, em muitos aspectos, ser notada como definidora de sua forma. Pavimento Térreo O térreo elevado da residência é composto por 8 pilares triangulares de concreto, dispostos longitudinalmente 2 a 2 em 4 eixos estruturais. Os 4 pilares que compõem a frente e os fundos da casa possuem seção de 0,20 x 1,95 m, enquanto os 4 pilares mais centrais possuem seção de 0,20 x 1,4 m. Com altura mínima de 2,10 m, estes pilares diferenciam-se também pelo seu posicionamento, sendo os mais externos posicionados no sentido do

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centro para as bordas, enquanto os mais centrais encontram-se no sentido das bordas para o centro. A posição dos pilares mais centrais, além de sustentar os balanços ocasionados pelos meios níveis internos, possuem ainda a função de delimitar ambientes, tais como o hall de entrada e a sala de jantar, demonstrando a estrutura como formadora da arquitetura. Ademais, proporcionam uma maior integração do espaço interno, gerando visuais diagonais que dinamizam os ambientes. A laje de cobertura desse pavimento se estende para além dele, ocasionando balanços de 1,30 m para os pilares das extremidades e de 1,00 m para os pilares centrais.


Meio Nível - Estúdio O estúdio é composto por uma laje maciça de concreto, a qual se projeta em balanço sobre a sala de jantar. Possui 2 vigas triangulares, uma engastada nos pilares centrais à esquerda, outra apoiada por tirantes que partem da viga transversal que une os pilares centrais do térreo. Segundo Pavimento Neste pavimento, onde encontra-se o setor íntimo da residência, a estrutura se divide em 18 apoios. Há 4 pilares de 0,12 x 1,14 m (sendo 2 frontais e 2 posteriores) e 14 pilaretes de 0,12 x 0,12 m, (estando 2 na fachada noroeste, 2 na fachada nordeste e os demais distribuídos no pavimento). Os pilares da periferia, mais volumosos para realizar o contraventamento da edificação, se apoiam nas vigas em balanço. Já os pilaretes acompanham os eixos e vigas dos pilares térreos. A laje, por sua vez,

Caminhamento de Cargas Fonte: Roberto Nehme

Pilares Centrais do Térreo Separando o Hall e a Sala de Estar Fonte: Roberto Nehme

é impermeabilizada e de concreto armado, apresentando as seguintes dimensões: 7,94 x 17,7 x 0,22 m. Nota-se que a estrutura no segundo pavimento apresenta enorme contraste se comparada à estrutura térrea. Enquanto no térreo o desenho estrutural se mostra significativo para a forma, plasticidade e distribuição dos ambientes da residência, no pavimento superior a estrutura tem apenas o seu valor funcional, sendo embutida nas paredes e, de certa forma, apresentando um caráter mais simplista. Nível da Rua - Garagem A garagem conta com uma laje nervurada, a qual encontra-se apoiada em muros de arrimo. As suas vigas periféricas possuem altura maior, de maneira a formar uma bacia de contenção para o jardim elevado.

Laje e Vigas Triangulares do Estúdio Fonte: Roberto Nehme

Pilares do Térreo x Pilaretes do Segundo Pavimento Fonte: Roberto Nehme

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A Arte e a Casa De modo geral, as obras produzidas por Vilanova Artigas podem ser classificadas em 3 fases distintas. A primeira (1937-1945) é marcada pelo ecletismo, neocolonialismo e organicismo, referenciados em Frank Lloyd Wright. Já a segunda (1946-1955) está ligada à produção da Escola Carioca e é referenciada em Le Corbusier. Por fim, a sua terceira e última fase (1956 em diante), na qual acredita-se estar classificada a Casa dos Triângulos, está intimamente relacionada ao brutalismo, ao concretismo e à Escola Paulista. Assim, pode-se afirmar a linguagem que nomeia a Casa dos Triângulos como uma consequência advinda do movimento e da fase a qual esta pertence. Artigas, motivado pelo cenário concretista e pela sua crença na união entre profissionais arquitetos e designers, experimenta a composição geométrica de triângulos azuis e brancos na empena da fachada, que busca trazer maior dinamismo para o exterior da edificação. No entanto, tal linguagem não se restringe apenas ao painel da fachada principal. Segundo Artigas, há um vínculo de sua arquitetura com a industrialização e a produção em série. Não só

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as fachadas laterais, mas também a geometria e a materialidade no interior da residência (vigas, pilares, revestimentos, degraus das escadas, banco utilizado como guarda-corpo entre as salas de jantar e de estar, todos em acabamento e formas triangulares) denotam uma padronização como elaboração artística por parte do arquiteto, uma unidade entre os elementos construtivos e o painel. É a síntese entre Arte e Arquitetura, pensada por Artigas e Mário Gruber, executada por Rebolo Gonçalves. E mais: a temática da composição geométrica estende-se também ao paisagismo de Waldemar Cordeiro, que utilizou placas com gramados distintos para proporcionar um desenho geometrizado. Em contraste a toda linguagem triangular, a planta é retangular e o volume principal remete a um aspecto de paralelepípedo elevado do solo. O concreto em acabamento liso para a pintura é a materialidade principal da obra, que apresenta precisão e pureza formais e, em diversas porções, tem sua estrutura como definidora do espaço arquitetônico. A Casa dos Triângulos é a tradução do Brutalismo e do Concretismo.


Linguagem Triangular: Pilares, Vigas, Escada, Banco Fonte: Nelson Kon

Fachada Principal: Painel e Pilares Fonte: Nelson Kon

Fachada Nordeste: Pintura Geometrizada Fonte: Nelson Kon

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Painel Geometrizado Fonte: Nelson Kon

Uma visão sobre... 63


Arquitetura Tem-se que a arquitetura da Casa dos Triângulos foi norteada por questões como a geometrização e a relação entre rua e objeto construído. Há uma preocupação em definir o vazio, tanto no âmbito vertical, com o uso de desníveis variados, quanto no âmbito horizontal, desenhando os espaços livres do lote trapezoidal. Um entendimento indiscutível da espacialidade e seus atributos, que se traduz em funcionalidade, principalmente no que diz respeito à sua distribuição interna e recortes topográficos, e em arte, abordando uma estética apurada.

Cor Além dos parâmetros citados, o uso da cor foi, indubitavelmente, um aspecto norteador e até mesmo definidor do projeto de Artigas. Não somente plasticidade, a cor também define distinções entre os elementos construtivos, diferenciando estruturas, vedações e caixilhos. Todos estes elementos, ora brancos, ora vermelhos, ora azuis, demonstram uma paleta baseada no movimento concretista, o qual valoriza a cor e a geometria pura. Assim, vermelho e azul traduzem o concretismo na obra, sendo cores primárias e complementares, opostas no círculo cromático e, portanto, altamente contrastantes. É a valorização da geometria pura da casa através de cores puras.

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Arquitetura Contemporânea Internacional e Nacional

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O Instituto Tomie Ohtake Fonte: Pinterest


Instituto Tomie Ohtake Arquitetura Contemporânea Nacional Arquiteto: Ruy Ohtake Ano: 2001 Uso: Institucional e Comercial Materialidade: Concreto, Aço, Vidro Estrutura: Concreto e Aço Localização: São Paulo - SP

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Ruy Ohtake Nascido em 27 de janeiro de 1938, em São Paulo, o arquiteto e designer brasileiro Massashi Ruy Ohtake, filho de Ushio Ohtake com a artista plástica Tomie Ohtake, se destacou com seu estilo próprio contemplando mais de 300 obras, muitas das quais foram premiadas no Brasil afora.

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Ohtake concluiu sua graduação em 1960, pela FAU, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), no mesmo ano já iniciou sua contribuição à arquitetura brasileira. Mais tarde abriu seu próprio escritório, localizado atualmente na Avenida Faria Lima em Pinheiros, São Paulo. O arquiteto também atuou como professor na Universidade Mackenzie e na FAU de Santos.

Ruy Ohtake Fonte: Scatto Lampadario


Instituto Tomie Ohtake Fonte: Nelson Kon

O Instituto... Inaugurado no final de 2001, o Instituto não só homenageia a artista Tomie Ohtake pelo nome, como também explora, até hoje, os âmbitos da arte que inspirou a artista por muito tempo, no cenário artístico em meados dos anos 60. Multifuncionalidade, localização e forma são aspectos definidores dessa arquitetura. O complexo conta com duas torres de escritórios e o espaço cultural do Instituto Tomie Ohtake, o qual possui um teatro, salas de exposições e ateliês. Cada unidade possui entradas independentes, porém estão interligadas por um amplo hall. Houve uma preocupação em dialogar com os mesmos e em integrar a eles essa nova arquitetura, tanto em função, como em forma. Esta última, marcada pela contemporaneidade e inovação próprias da linguagem de Ruy Ohtake.

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...e o Entorno A região imediata ao edifício, localizado entre 3 bairros distintos da zona oeste de São Paulo (Alto de Pinheiros, Vila Madalena e Pinheiros), mais especificamente entre as avenidas Faria Lima e Pedroso de Moraes, é um importante ponto estratégico para cidade, não somente como um centro comercial, mas também uma região que agrega muitas outras instituições e intersecta pessoas de diferentes âmbitos sociais diariamente. O edifício do Instituto se destaca na arquitetura que explora a contemporaneidade, com seu formato plástico de curvas e ondas, e nas cores empregadas, diferente de qualquer outro pela região. Ele se torna um marco em meio às casas unifamiliares e edifícios de escritório monótonos e cinzas, de uma forma muito passiva e amena, sem desrespeitar esse entorno. O Instituto também é facilmente acessado pela população de outras regiões da cidade, tendo em vista sua localização em uma importante avenida e sua proximidade a estações como Pinheiros, Faria Lima e Fradique Coutinho da Linha 4-Amarela do metrô.

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Instituto Tomie Ohtake Fonte: Daniel Ducci

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Sala 6 Fonte: Instituto Tomie Ohtake

Exposições e distribuição O complexo Ohtake Cultural, ao qual o Instituto faz parte, é divido em 2 torres, uma mais horizontal e outra mais vertical, respectivamente a Torre Pedroso de Moraes 1201, construção de 6 andares de escritórios, com fachadas de concreto aparente e janelas de vidro espelhado, e um formato constantemente descrito como um trapézio invertido, no qual aumenta de comprimento em seus pavimentos mais altos, e a Torre Faria Lima 201, já mais verticalizada, com 22 andares também de escritórios, conta por sua vez com fechamento de vidro de diferentes tonalidades e um formato mais curvilíneo e orgânico que a anterior, no entanto com uma sequência recorrente e clara nos pavimentos. Além das torres há também um teatro, para mais de 700 pessoas, um centro de reuniões e eventos, as salas de exposição do Instituto, projetadas para expor todo e qualquer tipo de arte, e um hall com cerca de 1000 m² que une todo o complexo.

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A área expositiva possui 1800 m² e é separada em 9 salas distintas para os segmentos, sendo 3 delas grandes galerias de exposição. Durante o ano, o Instituto chega a realizar cerca de 17 exposições, sejam elas maiores e mais duradouras, de grande público, ou até de pequenas exposições, mais conceituais. São realizados também cursos, palestras e excursões de escolas, do ensino das redes pública e particular.

Sala 3 Fonte: Instituto Tomie Ohtake

Dentre as centenas de exposições que já tomaram espaço no Instituto, destacam-se exposições como da artista e cantora japonesa Yoko Ono Lennon, realizada entre 1 de abril e 28 maio de 2017, intitulada “O céu ainda é azul, você sabe…”, contando com obras realizadas pela artista desde 1955 até então, além de filmes, dos quais chegaram a contar com a participação de John Lennon em sua concepção.

Sala 1 Fonte: Instituto Tomie Ohtake

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Plantas das Salas Planta Sala 2. Esc.: 1:200 Fonte: Instituto Tomie Ohtake

Planta Sala 1. Esc.: 1:200 Fonte: Instituto Tomie Ohtake

Planta Sala 3 e 4. Esc.: 1:200 Fonte: Instituto Tomie Ohtake

Planta Sala 5. Esc.: 1:200 Fonte: Instituto Tomie Ohtake

Planta Sala 6 e 7. Esc.: 1:200 Fonte: Instituto Tomie Ohtake

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O Papel da Cor

Instituto Tomie Ohtake Fonte: Vitruvius

O uso da cor azul em sua fachada, marcada por ondulações, tem o propósito de estimular a contemplação e a tranquilidade em meio à correria da vida paulistana. O contraste com o vermelho e o rosa, cores mais quentes, traz a energia e a vitalidade que a região emana, somando à plasticidade uma qualidade de não passar despercebido e causar sentimentos de excitação e curiosidade junto à calmaria e segurança do que é concreto e imutável, como se a forma irregular congelasse no tempo com as cores e os sentimentos. No interior as cores estimulam a produtividade nos espaços corporativos, mas perdem um pouco do destaque, para que o foco seja principalmente nas obras de artes lá apresentadas, mas a forma ainda sobressai nos elementos e detalhes projetados por Ruy.

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Central St. Giles Court Foto: HomeMagazine


Central St. Giles Court Arquitetura Contemporânea Internacional Arquiteto(s): Renzo Piano Building Workshop, Fletcher Priest Architects Ano: 2010 Uso: Misto Materialidade: Vidro, aço e cerâmica Estrutura: Concreto e aço Localização: Londres, Reino Unido

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Renzo Piano Foto: HomeMagazine

Renzo Piano Renzo Piano nasceu em 1937 em Gênova, na Itália, em uma família de construtores. Graduou-se em 1964 na área de arquitetura na Escola de Arquitetura do Instituto Politécnico de Milão, e continuou seus estudos através de viagens pela América e Grã-Bretanha. Iniciou sua experiência com escritórios em 1970, quando fundou junto ao seu parceiro Richard Rogers o “Piano & Rogers”, onde em 1970 troca de parceria e inicia um novo escritório com Peter Rice, o “Piano & Rice”, durando até 1993 com a morte de seu sócio. Entretanto junto ao seu desempenho com Rice, Renzo inaugura seu próprio escritório em 1981, onde trabalha até os dias atuais, o “Renzo Piano Building Workshop”, que conta com arquitetos associados e núcleos em Paris e Gênova. Sua renomada carreira conta com prêmios com a Legião de Honra, Prêmio Pritzker e o Royal Gold Medal, porém o grande triunfo foi receber, do presidente da Itália, o título de Senador Vitalício. Seus projetos são considerados “hi tech”, pois Piano não tem um estilo predominante, e sendo considerado até inconstante opta por circular entre diversas expressões.

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O Projeto O projeto efetuado por Renzo Piano juntamente à arquitetos do escritório Fletcher Priest Architects, tinha como proposta trazer uma edificação que se enquadra-se no contexto local, mas que ao mesmo tempo trouxesse vivacidade e destaque, por meio de sua variedade de volumes e cores. O conjunto de edifício é de uso misto, e é composto por um bloco residencial e outro de escritórios, onde ambos envolvem um grande pátio interno, o centro de todo projeto, que dá acesso aos restaurantes, lojas e demais comércios encontrados nos pisos térreos. A área residencial, de 8.400m² e 14 andares, é formada por 56 apartamentos privados e 53 unidades habitacionais de menor preço. A área de escritórios, de 38.000m², é composta por 10 andares e terraços disponíveis para uso, e que tem sistema de coleta de água da chuva, o que rendeu a classificação excelente no BREEAM. A ideia foi muito pensada em sua forma, onde a obra é formada por prédios de diferentes volumes e cinzelados, e que aparentando serem independentes compõe o mesmo bloco, seu destaque fica por conta das fachadas coloridas. Outro ponto a ser tratado é a circulação, que pelo pátio interno junto aos acessos, idealizava um espaço onde o público possa sentir-se convidado e seguro, tanto no período matutino quanto diurno.

Fachadas Foto: ArchDaily

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Implantação Fonte: Archdaily

Fonte: Archdaily

Croqui

O edifício está localizado na rua St. Giles High, em Londres, área escolhida por conta que os prédios projetados estavam planejados para envolver um pátio central, que ligaria vias acessíveis para o público com as edificações, e causaria uma conexão da população com os comércios instalados, promovendo uma boa circulação. Além disto, outro motivo em mente dos arquitetos ao escolherem tal região, trata-se do impacto que a obra promoveriam com o entorno, levando em conta o tecido urbano composto de ruas medievais, blocos urbanos convencionais, e edificações modernas.

Vista Aérea Implantação

Fonte: Archdaily

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Corte

Fonte: Archdaily

Plantas e Cortes A planta de representação do térreo configura todo o paisagismo e o fluxo público planejado, interligando os acessos externos e internos, com os comércios presentes, indica no centro do pátio a grande árvore, que se destaca pelo seus 20 metros. A planta de pavimento tipo, representa os dois blocos de edifícios, sendo o menor residencial, e o maior o espaço de escritórios. O corte por sua vez, traduz a topografia aderida, as escalas humanas e de vegetação, e as circulações horizontais e principalmente verticais.

Fonte: Archdaily

Planta Térreo

Fonte: Archdaily

Planta Tipo 82


Fonte: Archdaily

Fachadas Foto: FaçadesConfidential

Fachadas para pátio interno Foto: ArchDaily

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Croqui cor das fachadas

Fachadas O primeiro impacto sem dúvida fica por conta das fachadas, sendo uma questão especifica para muito estudo e esquematizações. A singularidade de cada fachada é notável, onde se divergem por cor, tamanho, exposição solar entre outros fatores, e é por meio disto que compõe uma bela identidade visual ao projeto. O caráter acolhedor pode vir por meio de suas fachadas ativas, onde todo o térreo é exposto ao público, entregando um espaço amplo ao olhar e que ao mesmo tempo cativa a população, ali circulante, de estar sempre presente usufruindo da área. Outra questão é a inteligente forma de onde e como foi usado o elemento cor para o público, pois nota-se que esta presente apenas do lado externo da edificação, muito vibrante e destacando de outros, chamando a atenção necessária, já internamente os blocos mantém sua cor cinzelada e aberturas, conjuntando ao pátio.


Peças de cerâmica da fachada Foto: FaçadesConfidential

Materialidade A materialidade é composta principalmente por aço, vidro e cerâmica. Fica em evidência a cerâmica colorida, onde os arquitetos responsáveis fizeram maquetes para estabelecer o melhor contexto de cada cor. A escolhas das cores veio por meio da intenção de ser dramático, cores intensas e ressaltadas entre si e entre a própria cidade. Os elementos de cerâmica foram montados em unidades, em seis cores diferentes, o que facilitaria a instalação e manutenção na fachada, sendo independentes, o que diminuiria tempo e custo, além disso o resultado final teria melhor acabamento, formando um conjunto mais bonito.

Essas unidades utilizaram um sistema de parede cortina de terracota-alumínio, com brise-soleil fixo em caixilhos extrudados, onde os perfis de terracota são externos e os de alumínio na parte interna. Entretanto a materialidade da fachada não se encontra apenas na cerâmica, como também no destaque da utilização do vidro, sendo no térreo de camadas duplas e que recobrem todo o comércio, e também nos últimos andares, nos escritórios, onde ficam recuados entre as facetas de cerâmica.

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O comportamento da Arquitetura... Substituindo os antigos escritórios maciços que se encontravam neste terreno, cercado por áreas de preservação, o projeto veio com o objetivo de enriquecer e inovar a imagem urbana local. A proposta desenvolve os elementos cheios e vazios, onde a base inicial foi o terraço utilitário e principalmente o pátio interno, que está envolto pelos blocos arquitetônicos, onde serviria como meio de circulação e também espaços de estar, considerando a movimentação pública causada pelos pisos térreos dos edifícios, que são compostos por restaurantes, lojas, galerias entre outros comércios. A segurança também é um elemento notável, pois o intuito é fazer com que o indivíduo, independente do período do dia, se sinta confortável e recebido pela arquitetura.

Fonte: Archdaily

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Acima de tudo, o objetivo era trazer essa modernidade e renovação ao ambiente, o que foi cumprido. A construção foi feita de maneira que se complementassem e formassem uma coisa só, apesar disso, os blocos dão a ilusão ao observador de que são separados, isto por conta da técnica de fragmentação da fachada para a aplicação das cores, que vieram a ser contempladas. Junto a isto, vem a variedade de dimensões das edificações e a distribuição das aberturas e janelas, instalando uma obra de arte impecável em meio à cidade.

"As cidades não devem ser enfadonhas ou repetitivas"

- Renzo Piano

Elevação


Composição de fachadas Foto: ArchDaily

...e da Cor A cor é a grande representação deste projeto, foi idealizada por Renzo Piano e segundo o arquiteto essa ideia de adicionar cor surgiu da observação da presença repentina e surpreendente de cores brilhantes naquela parte da cidade, esperava que a obra e a cidade se surpreendessem, pois a edificação merecia ser o destaque urbano. Foram utilizadas seis cores, levando em conta a insolação, queriam cores que refletissem e iluminassem a área de forma agradável e suficiente, a identidade visual, levando em questão que as cores utilizadas se tornariam um marco local, e as sensações.

O último ponto em questão, pois quatro são cores vibrantes e vívidas nas fachadas externas, amarelo, vermelho laranja e verde-limão, que complementam e enaltecem entre si, causando uma euforia e agitação por quem passa, já nas fachadas internas são utilizadas duas cores branco acinzentadas, que harmonizam com o paisagismo e o pátio, trazendo calmaria e paz para habitantes, ou para o público se sentir confortável em estar, para passeios ou compras.

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Kuggen Building Foto: Tord-Rikard Söderström


Kuggen Building Arquitetura Contemporânea Internacional Arquiteto(s): Wingårdh Arkitektkontor Ano: 2010 - 2011 Uso: Educacional Materialidade: Vidro, aço e concreto Estrutura: Concreto Localização: Gotemburgo, Suécia

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Gert Wingårdh Gert Wingårdh nasceu em 26 de abril de 1951, em Skövde, Suécia. Aos 10 anos, mudou-se para Gotemburgo, onde se interessou por arte e cinema, por conseguinte acabou se matriculando na Universidade de Gotemburgo para estudar história da arte. Durante a faculdade, viajou para Roma e foi cativado pela arquitetura local, depois de se formar em história da arte, matricula-se na Chalmers University, onde em 1975 recebeu seu mestrado em arquitetura. Após a formatura, começou a trabalhar para a Olivegrens Arkitektkontor AB, sendo seu único trabalho em um escritório antes de abrir seu próprio em 1977, o Wingårdh Arkitektkontor, com sede na Suécia.

Gert Wingårdh fundador do Wingårdh Arkitektkontor Fonte: SCA SmartTimber

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Wingårdh trouxe a arquitetura sueca para fora da tradição do estilo internacional e para os tempos contemporâneos com seu uso de cores brilhantes e formas geométricas. Pode-se encontrar essas características na maioria de seus projetos, por exemplo o Kuggen Building, também conhecido como o "The Cog".

"Vemos a arquitetura como arte"

- Gert Wingårdh


Entorno do edifício Foto: Lukedrich Photography

O edifício... Kuggen é um edifício sustentável de cinco andares localizado no campus Lindholmen, em Gotemburgo. Projetado pelos arquitetos Gert Wingårdh, Jonas Edblad, Charlotte Erdegard e Danuta Nielsen, sua construção teve início em outubro de 2010 e foi concluída em março de 2011. O edifício tem apenas um elevador, tornando a escada, o principal meio de circulação vertical, que promove o contato entre as pessoas. Local de trabalho de mais de 21.000 funcionários e estudantes, além do andar debaixo abrigar um Parque de Ciência, ali também é a sede da Universidade de Tecnologia de Chalmers, onde acontecem as aulas de cursos como arquitetura naval e de design.

Escada no interior Fonte: Tord-Rikard Söderström

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Plantas, Corte e Elevação Seu formato circular foi inspirado nos traços do Renascimento Italiano e na roda dentada que leva o seu nome, pois em sueco "Kuggen" significa roda dentada. Há uma escada helicoidal que traz a mesma sensação de movimento que o prédio. Os escritórios também estão distribuídos seguindo a forma do edifício.

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Além disso o acesso ao Kuggen se dá através de escadas e rampas que continuam seguindo o formato circular.

Planta Térreo Fonte: Wingårdh arkitektkontor

Planta Quinto Pavimento Fonte: Wingårdh arkitektkontor

Corte Longitudinal Fonte: Wingårdh arkitektkontor

Elevação Fonte: Wingårdh arkitektkontor


Materialidade Cada andar é um pouco fora do centro para o sul, assim cada pavimento consegue levar sombra ao pavimento debaixo, além de dar a impressão de movimento e dinamismo. A circularidade do prédio aliado às suas janelas triangulares permitem, portanto, a entrada de luz natural na medida certa a qualquer hora do dia. Suas paredes externas são todas de cerâmica terracota, projetadas para durar mais de 4000 anos. O edifício contém um painel rotativo fotovoltaico, que também sombreia os andares superiores, seguindo o caminho do sol em torno do edifício. Esse mesmo painel também é feito de terracota vitrificada, e assume diferentes aparências dependendo do ângulo de visão e das mudanças nas condições de luz do dia.

Materialidade da fachada Foto: Tord-Rikard Söderström

Painel rotativo fotovoltaico Foto: Tord-Rikard Söderström

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Construção Verde O Kuggen faz o uso da tecnologia sustentável em quatro níveis diferentes: possui um sistema de ventilação e iluminação ativados por movimento, aquecimento e refrigeração interativos, além de contar com painéis solares no telhado e uma iluminação natural eficaz. Isso significa que a energia é utilizada apenas quando é realmente necessário e o consumo fica bem abaixo do normal.

Kuggen Building Fonte: Wingårdh arkitektkontor

Kuggen Building Foto: Mariorcan

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Os painéis de cerâmica usados para a fachada foram escolhidos por sua longevidade. As janelas são triangulares, permitindo que a luz do dia siga o teto profundamente no edifício. O design é focado na constante adaptação, tanto à luz quando ao aquecimento do prédio.

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Interior da passarela Foto: Sina Farhat

Uma visão sobre... Folha de árvore usada como inspiração para a elaboração da fachada do projeto Fonte: Wingårdh arkitektkontor

Cor A escolha das cores foram baseadas no degradê que pode-se ver em uma folha de árvore quando muda a estação. Entretanto, há um significado por trás de cada cor, mais especificamente cada coloração passa uma sensação diferente aos visitantes e funcionários do local. No interior, houve predominância do branco, oferecendo a sensação de amplitude e claridade para os ambientes. No exterior, a cor vermelha é marcante, simbolizando energia, vitalidade adequando-se ao uso educacional do empreendimento. Já o laranja incentiva a criatividade e estimula a comunicação, por último há o verde que transmite prosperidade e renovação das energias.

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Fachada Foto: Tord-Rikard Söderström


Exterior X Interior O exterior do prédio abriga seis diferentes tons de vermelho em sua escala de saturação, que referem-se à pintura industrial associada aos cais e ao porto local, e dois tons de verdes, além de ter a presença do preto como se fosse uma tela secundária. As cores trazem uma tridimensionalidade para o edifício e também uma luminosidade e vivacidade para a região. Já no interior foram utilizadas cores neutras como o branco e o cinza trazendo um contraste, entretanto em alguns elementos pode-se ver cores mais fortes como o vermelho, amarelo e azul.

Pele da fachada Foto: Lindman

Escritórios Fonte: Wingårdh arkitektkontor

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Escola em Alto de Pinheiros Foto: Pedro Vannucchi


Escola Alto de Pinheiros Arquitetura Contemporânea Nacional Arquiteto(s): Catherine Otondo, Marina Grinover (Base Urbana), Jorge Pessoa (Pessoa Arquitetos) Ano: 2015 Uso: Educacional Materialidade: Concreto e madeira Localização: Alto de Pinheiros, SP, Brasil

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Base + Urbana Catherine Otondo Foto: Fabio Braga / Fonte: Revista Projeto

O escritório Base urbana é conduzido pela arquiteta Catherine Otondo, graduada em Arquitetura e Urbanismo pela FAU-USP, 1994, é também doutora e professora pela mesma instituição. Foi eleita presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/SP) em janeiro de 2021 e é a primeira mulher eleita para o cargo na história do conselho. Junto a ela no escritório, Marina Grinover, também graduada em arquitetura e urbanismo, 1993, é mestra e doutora pela mesma instituição que Catherine, a FAU-USP. Atualmente, é professora na Escola da Cidade e na instituição FAAP. Suas principais obras são constituídas de residências como a Casa Kovacs, em São José dos Campos e estudantis como a Escola Vera Cruz e a Escola em Alto de Pinheiros.

Marina Mange Grinover Fonte: ResearchGate

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Pessoa Arquitetos Junto ao Base Urbana, o escritório Pessoa Arquitetos é representado por Jorge Pessoa. Arquiteto e urbanista formado pelo Mackenzie em 1992, é especialista em negócios imobiliários pela FAAP-SECOVI (2000) e mestre em planejamento urbano e regional pela FAU-USP (2008). Antes da criação do escritório atual, Jorge foi sócio fundador do escritório BASE 3 Arquitetos, hoje extinto. Atualmente atua como professor na Escola Panamericana de Arte e Design. As principais obras do escritório se caracterizam por obras de tipologia residencial, como a Vila Montova, um condomínio de casas em São Paulo, a escola Vera Cruz e a escola em Alto de Pinheiros, ambas em parceria com o Base Urbana.

Jorge Pessoa Fonte: Pessoa Arquitetos

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A escola e o tempo... A escola bilíngue chamada Beacon School, situada em São Paulo, conta com uma localização privilegiada na região de Alto de Pinheiros, em um bairro com vasta arborização. A construção de 790 m² insere-se em um terreno de 15 x 40 metros e tem como busca principal traduzir a visão pedagógica adotada pela escola, um local novo que tem como principal premissa a flexibilidade e áreas abertas. A unidade concluída no ano de 2015, possui espaços diversos que se unem para transparecer os valores da instituição, agradável e ao mesmo tempo valorizando a experiência de aprendizagem. Segundo uma das autoras, Catherine Otondo um grande desafio foi criar esses espaços com flexibilidade e seguindo a perspectiva educacional.

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O projeto do edifício passa por diversas questões, sendo a principal delas a necessidade que deveria nortear o conceito projetual: o tempo. Definiu-se que a escola deveria ser construída em um prazo de 150 dias, do mês de agosto até janeiro, trazendo o desafio de definir a logística da obra, adiantando processos em vista do tempo hábil e criando um intenso processo de trabalho de toda a equipe envolvida. O estrito cronograma precisou prever cada passo da obra com exatidão, para organizar todas as frentes de trabalho, levando em conta as diferentes equipes que trabalhavam simultaneamente sem interferências.

Fachada da Escola Foto: Pedro Vannucchi


Programa e distribuição Um dos pontos desafiadores foi atender ao programa de necessidades, relativamente extenso em vista da dimensão do terreno. Previa quatro salas de aula, uma biblioteca, espaço para desenvolvimento de artes, e as áreas de apoio pedagógico e administração. Além disso, havia a necessidade de uma quadra esportiva, que sem espaço no terreno, optou-se por instalar na cobertura , situação recorrente nas escolas do centro de São Paulo. Dessa ideia, aproveitou-se para reforçar a situação lúdica, da prática de esportes enquanto se observa a copa das árvores, descreve Otondo, autora do projeto.

Com a decisão da quadra na cobertura, surgiu um novo debate: a reverberação que o impacto da prática dos esportes geraria, como o barulho da bola na superfície, levando em consideração que abaixo estariam as salas de aula, locais que necessitam de silêncio e concentração. Para solucionar essa problemática, o sistema estrutural adotado foi primordial para o solucionar a problemática e otimizar o resultado final.

Trecho da escola Foto: Pedro Vannucchi

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Quadra localizada na cobertura Foto: Pedro Vannucchi

Estrutura e materialidade Como um dos maiores norteadores do projeto era o prazo, a escolha foi por uma estrutura mista. A construção ocorreu "de cima para baixo", iniciando na laje de cobertura onde está a quadra, uma estrutura de concreto que viabilizou a execução do vazio de 11x8 metros e ainda, deu suporte ao carregamento que seria submetida. Para ajustar as questões acústicas, optou-se pela utilização de duas lajes, uma em estrutura metálica, soldada na laje principal e acima dela outra laje de concreto com uma camada de isopor, que sem ter contato com as bordas, não passa o som para os ambientes abaixo nem para as paredes. O pavimento intermediário e térreo receberam estruturas de concreto e lajes pré-moldadas. Por dentro, a estrutura em MLC (madeira laminada colada) dá forma aos espaços, conferindo a agilidade e economia de tempo pelo uso da madeira que já chegava ao local nas dimensões exatas, para serem apenas posicionadas. Além disso, a madeira também foi escolhida pela estética e pelo conforto tátil que proporciona ao espaço. Os fechamentos também foram pré-fabricados: placas cimentícias, painéis de melamina laminados e drywall, constituindo a chamada "construção seca". Há também os brises, que promovem proteção solar.

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Área interna em madeira Foto: Pedro Vannucchi


Fonte: Archdaily

Fonte: Archdaily

Planta Térreo

Planta 1. pavimento

Distribuição: Plantas e Corte As plantas e o corte revelam a distribuição onde no térreo há a presença do jardim e de áreas de recreação, alimentação e também banheiros. No pavimento intermediário, salas de aula e sanitários compõem espaços com flexibilidade para a realização de diversas atividades pedagógicas. Já na cobertura, a quadra esportiva ocupa toda a extensão da laje.

Fonte: Archdaily

Fonte: Archdaily

Planta cobertura

Corte 1

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Uma visão sobre arquitetura A escola em Alto de Pinheiros busca traduzir na arquitetura a visão pedagógica proposta pelo Beacon School, uma escola bilíngue, com ideais amplos de ensino e, o projeto por sua vez, cumpre com excelência esse propósito. Conta com espaços flexíveis em que todos os locais da escola visam ser integralmente de ensino, por meio do efeito lúdico da plasticidade dos materiais como a madeira e o concreto, mas também das cores, presente nos pisos e nos brises. Desde a concepção projetual, o local foi pensado com consciência integral em todos os processos do projeto, levando em consideração a crise hídrica que acometia São Paulo na época, os recursos naturais foram minuciosamente pensados para a reduzir os impactos, como por exemplo, questões relacionadas ao conforto térmico. Todos os ambientes são beneficiados pela ventilação cruzada, com portas e janelas que mantêm-se abertas grande parte do tempo. Os brises, como proteção solar também cumprem importante função de proteção.

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Espaço de convivência e brises na fachada Foto: Pedro Vannucchi


e cor... As cores se fazem presentes em todos os ambientes da escola, sendo parte integrante da visão pedagógica intrínseca no projeto. É de conhecimento de médicos e neuropediatras que as cores, desde o início da vida fazem parte e caracterizam desenvolvimentos importantes da vida das crianças, estimulando comportamentos, ações e até mesmo a interação mútua. Segundo a autora do projeto as cores foram inspiradas na natureza. Tons de azul remetendo ao céu, tons de verde, como as folhas das árvores, estas presentes em grande quantidade no bairro, proporcionando uma integração do edifício com o seu entorno. Na área de artes, cores mais fortes foram utilizadas, como o fucsia, vermelho e o laranja, explorando a ideia lúdica e se tornando atrativo ás crianças, como balas jujubas, fomentando o entrosamento e a criatividade.

Brises coloridos na fachada. Foto: Pedro Vannucchi

A aplicação cromática se une aos elementos do espaço, como os brises, que resolvem características plásticas da fachada, funcionam como proteção solar, considerando que as salas não possuem ar condicionado e ainda, são, como o projeto em sua totalidade, elementos lúdicos que estão ao alcance das crianças e podem ser desenhados.

"

O próprio material (brise) vira elemento de brincadeira. Isso foi muito lindo e divertido de fazer" Catherine Otondo

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O estudo do passado como premissa para o futuro Durante diferentes momentos e situações da vida, seja ela estudantil ou profissional, levantase o questionamento: qual a importância da história? Por que se dedicar a conhecer algo que "já passou"? Desta maneira, não é diferente quando se pensa na história da arquitetura, muitas vezes reduzida a algo desnecessário erroneamente, pois sem ela, a compreensão do atual, mesmo diante dos olhos, se torna vazia. O estudo da história da arquitetura nos promove um aprofundamento gradativo no passado e, quanto mais longe se vai, mais conceitos são entendidos, como em um quebra-cabeça que une peças e traz um sentido homogêneo, diferente de um fragmento visto em uma única peça. Essa comparação pode ser trazida para a realidade, exemplificada como alguém que observa uma obra arquitetônica contemporânea sem o conhecimento da história da arquitetura, admirando-a, mas sem uma motivação concreta para esse sentimento. Claro, uma grande obra sempre promoverá o sentimentos e sensações, porém, a compreensão real perpassa o senso comum do esteticamente prazeroso, de algo "bonito" ou "feio". Precisa-se de algo a mais, que se encontra na compreensão integral, na história, no passado, nos grandes arquitetos e também na curiosidade daqueles que, por algum motivo foram apagados da história.

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Muitos problemas constatados atualmente vêm de outros momentos e suas soluções muito provavelmente já foram executadas, propostas ou, no mínimo, pensadas anteriormente. A solução ou questionamento necessário está intrínseco no processo. Este que não se resume ao momento atual, nem a um grupo pontual de pessoas, mas sim em uma conjunto de erros e acertos construídos ao longo do tempo. A história, diferente do que se pensa, não é estática e não está presa nos "séculos passados". É o ontem, o minuto atrás, o que se constrói no agora e, como parte integrante dela, os profissionais arquitetos e urbanistas são peça fundamental para o futuro. O arquiteto e urbanista em sua profissão é o responsável por passar ao cliente, seja em sua residência ou em um grande projeto comercial, o seu conhecimento. Este, se não é constituído por uma rede interdisciplinar, incluindo a história da arquitetura, gerará problemas, lacunas não preenchidas de um conhecimento que ficou vago. Como resolver uma problemática sem um repertório? Como reproduzir, por exemplo, um projeto de uma casa modernista sem conhecer realmente ao modernismo? Como evitar um erro do passado, sem aprender sobre ele? O estudo é a via principal, quando se deseja realmente ser um profissional consciente e coerente.


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