TFG - ABRIGO HOPE

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LETÍCIA LEAL DE FARIAS

HOPE

ABRIGO TEMPORÁRIO PARA CÃES E GATOS EM SITUAÇÃO DE RUA NA CIDADE DE JOÃO PESSOA - PB



CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA - UNIPÊ CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

LETÍCIA LEAL DE FARIAS

ANTEPROJETO DE UM ABRIGO TEMPORÁRIO PARA CÃES E GATOS EM SITUAÇÃO DE RUA NA CIDADE DE JOÃO PESSOA/PB Trabalho Final de Graduação apresentado à Banca examinadora Final do Curso de Arquitetura e Urbanismo, como requisito para obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário de João Pessoa – Unipê, sob orientação da professora Mariana Caldas Melo Lucena. JOÃO PESSOA I 2020


F224a

Farias, Letícia Leal de. Anteprojeto de abrigo temporário para cães e gatos em situação de rua na cidade de João Pessoa – PB /Letícia Leal de Farias - João Pessoa, 2020. 65f. Orientador (a): Prof.ª Mariana Caldas Melo Lucena. Trabalho de conclusão de curso (Curso de Arquitetura e Urbanismo) – Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ. 1. Abandono de animais. 2. Abrigo. 3. Bem-Estar. I. Título.

UNIPÊ / BC

CDU – 725.59


BANCA EXAMINADORA

PROF. MS. MARIANA CALDAS MELO LUCENA (ORIENTADORA)

PROF. ESP. CINTIA PEDROSA BEZERRA (EXAMINADORA INTERNA)

PROF. MS. TATIANA MOURA RODRIGUES (EXAMINADORA EXTERNA)

JOÃO PESSOA I 2020


DEDICATÓRIA Eu dedico esse trabalho para a minha mãe e agradeço por todas as provas que teve de enfrentar, todas as batalhas onde teve de lutar, você sempre buscou o melhor para mim e sempre me amou acima de qualquer coisa. Não existem palavras que definam o que sinto no coração quando penso em você. Obrigado por ter me dado a vida, por ter ficado tantas noites acordada. Por toda preocupação, todo cuidado que sempre teve comigo. Agradeço do fundo do meu coração por tudo que você já fez e ainda faz por mim. Meus feitos e vitórias também são suas e não seriam possíveis sem você, minha mãe, te amo do tamanho do infinito.


AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por sempre se fazer presente na minha vida. Que com sua amizade, atenção e apoio, me deu força para superar todos os desafios que enfrentei até aqui. A minha tia e a minha mãe, que não mediram esforços para sempre me proporcionar tudo o que há de melhor, que sempre me acalmaram e me ajudaram nos momentos mais difíceis, me apoiaram e fizeram de tudo para que eu pudesse realizar os meus sonhos. Sem elas eu não estaria aqui hoje. Ao meu namorado Pedro, por estar sempre comigo nesses anos de graduação, enfrentando dificuldades, aguentando meus virotes, ansiedades e me incentivando a nunca desistir e perseguir o meu sonho sempre. A todas as amizades que cultivei durante esses cinco anos e que levarei para o resto da vida, em especial a turma C, obrigada por compartilharem tantos momentos de alegria, de tristeza e de desespero, essa graduação foi mais com vocês. A tio Vitor Claudino e tia Gabrielly Figueiras da AGV, pelo apoio, pelos ensinamentos, pela dedicação, pelos conselhos e mensagens de conforto na hora do desespero. Vocês foram fundamentais para que esse trabalho fosse produzido, sem vocês eu não teria conseguido chegar até aqui. A vocês, minha eterna gratidão.


RESUMO O presente trabalho aborda um tema bem conhecido no cotidiano atual que é o abandono de animais, que além de ser crime de acordo com a Lei Federal nº 9.605 de 1998 (Lei de Crimes Ambientais), é uma questão de saúde pública para a cidade. A falta de centros especializados neste trabalho de resgate e tratamento de animais domésticos abandonados aliada a deficiência das ONGs existentes em promover um espaço de bem-estar para os bichos recrutados, traz a relevância de propor algo relacionado a este tema em nosso município. Diante disso, após alguns estudos preliminares sobre o tema e a conscientização que algo pode ser feito para contribuir e auxiliar na luta contra o abandono e maus tratos aos animais surgiu a ideia de propor um abrigo temporário para cães e gatos em situação de rua na cidade de João Pessoa. Para a realização da proposta foi escolhido um terreno com 22.759m² no bairro de Mangabeira, que atende bem as necessidades do abrigo, por se tratar de um espaço amplo e próximo de áreas de apoio ao cuidado e bem estar do animal e também por estar localizado entre áreas de maior número desse animais errantes no município. O projeto conta com baias individuais e coletivas para cães e gatos e um atendimento clinico veterinário que ampara o animal após seu resgate. Um dos principais pontos do projeto é o conforto oferecido ao animal que será resgatado, por meio de áreas de atividades, fontonários, e pátios internos, dando um espaço amplo e confortável ambientalmente para que ele possa se readaptar e superar os traumas do abandono sofrido por tal. Palavras chave: Abandono de Animais; Abrigo; Bem-Estar.


ABSTRACT The showing project shows a really known subject daily currently is abandonment of animals, regardless of being a crime according to the Federal law number 9.605 of 1998 (Law of Environmental Crimes), is also about public health to the city. The lack of specialized people related to this work of rescuing and treating abandoned domestic animals allied to the deficient existent ONGs in promoting a space of well being to the recruited animals, brings the value to propose something related to this theme in our community. With that said, some preliminary studies about the theme and the awareness that something could be done to contribute and help with the fight against abandoning and mistreatment to animals, came up an idea of proposing a temporary shelter to cats and dogs in street situations in the city of Joao Pessoa. For the proposed shelter to be done, it was chosen a ground of 22.779m² in Mangabeira, that bodes well to the needs of the shelter, since it is a large space and near support areas for animal care and welfare and also to be located in between the areas of greater number of these stray animals in the community. The project counts on individual and collective bays to dogs and cats, and a veterinary clinic that takes care of the animal after the rescue. One of the main points of the project is the comfort offered to the animal that will be rescued, through activity areas, fountains, and internal patios, offering a large and comfortable space environmentally so they can readjust and overcome the traumas of abandonment suffered by such. KEYWORDS: Abandonment of Animals; Shelter; Welfare.


SUMÁRIO

+

02

INTRODUÇÃO 14

INTRODUÇÃO

01

APRESENTAÇÃO

1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo Geral 1.1.2 Objetivos Específicos 1.2 METODOLOGIA

18 18 18 19

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 RELAÇÃO ENTRE HOMEM E ANIMAL E SEUS BENEFICIOS

22

2.2 O ABANDONO 2.2.1 Guarda Responsável

24 25

2.3 BEM-ESTAR ANIMAL

25

2.3.1 Principio das 5 liberdades 2.4 ARQUITETURA ANIMAL 2.4.1 Cores 2.4.2 Conforto Ambiental

26

2.5 CENTRO DE ZOONOSES 2.5.1 Arquitetura de Centro de Zoonoses 2.5.1.1 Canil Individual 2.5.1.2 Canil Coletivo 2.5.1.3 Gatil 2.6 ABRIGO DE ANIMAIS

27 27 27 28 29 30 30 31 32


03

REFERENCIAL PROJETUAL 36

3.1 DOGCHTECTURE

04

ÁREA DE INTERVENÇÃO

4.1 TERRENO 4.2 ZONEAMENTO 4.3 USO E OCUPAÇÃO 4.4 INSOLAÇÃO E VENTILAÇÃO 4.5 SISTEMA VIÁRIO 4.6 TOPOGRAFIA 4.7 EQUIPAMENTO VETERINÁRIOS

40 40 41 42 42 43 43

05

PROPOSTA

5.1 CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO

46

5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES

46

5.3 SETORIZAÇÃO, ORGANOGRAMA E FLUXOGRAMA 5.4 MATERIAIS 5.5 ESTRUTURA 5.6 ELEMENTO VAZADO 5.7 PÁTIOS INTERNOS E ÁREAS VERDES 5.8 ÁREA DOS ANIMAIS 5.8.1 Área de atividades dos cães 5.9 LOJINHA E CAFÉ 5.10 GENTILEZA URBANA 5.11 ESTACIONAMENTO

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+

50 52 52 54 55 56 57 58 59

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS

62

REFERÊNCIAS

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+

INTRODUÇÃO


INTRODUÇÃO O tema escolhido para o trabalho final do curso de Arquitetura e Urbanismo, aborda o assunto do abandono animal e como a arquitetura pode contribuir através de um projeto para a melhoria das condições de vida e do bem estar, atendendo todas as suas necessidades. A ideia do tema surgiu primeiramente pelo amor aos animais e pela sensibilização sentida com os que vivem nas ruas abandonados. A capital da Paraíba, João Pessoa, é uma cidade que está em constante crescimento e com isso, a quantidade de cães e gatos em situação de abandono também. A inexistência de abrigos na cidade faz com que muitos continuem nas ruas sofrendo maus tratos e acidentes, sem a possibilidade de serem tratados, cuidados e terem um lar como tantos outros. De acordo com estimativa da Secretaria de Estado da Saúde – SES, existiram na Paraíba no ano de 2018, mais de 14 mil cães e gatos soltos nas ruas e um dos principais problemas dos animais abandonados é o crescimento destas populações nas cidades. Os dados de abandono desses animais na capital são escassos, porém a Comissão de Direito e Bem-Estar Animal da Universidade Federal da Paraíba registrou no ano de 2019 que só no campus 1 da UFPB viviam mais de 400 animais “errantes”.

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O abandono é uma realidade comum no dia a dia das ONGs e nas cidades como um todo. Os descartes acontecem também em parques, praças, estradas e portas de pet shops. Nem os hospitais veterinários públicos escapam. Há quem interne o animal doente e não volte mais. Além de irresponsabilidade, o abandono é uma questão de saúde pública para a cidade, a superpopulação destes nos

centros urbanos acabam trazendo vários problemas, levando em consideração que alguns possuem doenças que possam ser transmitidas para os cidadãos como raiva e leishmaniose, além de problemas que possam ser causados no trânsito como atropelamentos e acidentes. Os casos comuns de abandono se dão por mudança de endereço, o senhorio não permite animais de estimação, muitos animais em casa, custo de manutenção dos animais de estimação, proprietário tendo problemas pessoais, instalações inadequadas e falta de lugar disponível para ninhadas. O maior índice desses abandonos é em época de férias, de dezembro a janeiro, quando as famílias vão viajar e não tem com quem deixar os animais para serem cuidados (ARCA Brasil, 2010). De acordo com a Organização Mundial de Saúde - OMS, estima-se que no Brasil existem mais de 30 milhões de animais abandonados, sendo eles 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães, além de que após pesquisas realizadas pela mesma, há um cão para cada 5 habitantes e cerca de 10% deles está em estado de abandono. Com isso, o presente trabalho irá abordar no primeiro capitulo os objetivos e a metodologia aplicada para a realização da proposta. No segundo capítulo será apresentado referências teóricas sobre o tema abordado como por exemplo a relação homem x animal, o abandono, a arquitetura animal e etc. O terceiro mostra as referências projetuais para a execução da proposta do abrigo. A área de intervenção e suas condicionantes ambientais e projetuais ficou disposta no capitulo quatro. No quinto capitulo será explicado o conceito e partido do projeto e suas principais caracteristicas como materiais, estrutura, setores e entre outros.




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APRESENTAÇÃO


1.1 OBJETIVOS

1.1.1 GERAL Propor um Anteprojeto de um Abrigo Temporário para animais em situação de rua na cidade de João Pessoa, PB.

1.1.2 ESPECIFICOS ■■ Entender as necessidades específicas no tratamento e abrigo de cães e gatos ■■ Buscar referências formais para a edificação proposta, através de revisão bibliográfica e correlatos. ■■ Proporcionar aos animais abandonados e vítimas de maus tratos um lugar onde possam ser resgatados das ruas e lhes oferecer uma vida digna até que consigam um lar permanente.

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1.2 METODOLOGIA Para a realização desse trabalho foi estabelecida uma linha metodológica que se sustentou nas seguintes etapas. A primeira etapa será dedicada ao embasamento teórico e inclui desde pesquisas de coletas de dados em acervos bibliográficos à estudo de referência, tais como, pesquisas com livros, dissertações, teses, artigos, sites e normas. Depois de definir tema e reforçá-lo no embasamento teórico, na segunda etapa serão iniciados os estudos de correlatos e condicionantes projetuais, analisando suas similaridades e potenciais de acordo com os estudos anteriores. Nela também será apresentado o terreno escolhido, sua viabilidade e determinantes que justifiquem essa indicação, porém ainda em fase inicial de estudo. A terceira e última etapa será desenvolvida o anteprojeto proposto a partir dos aspectos físicos, como: legislação pertinente; planta do terreno; forma, dimensão e relevo; estudo de insolação e direção dos ventos; acessos e relação com o entorno. Para que isso seja feito, será utilizado os softwares Autocad, Sketchup como auxiliadores.

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APRESENTAÇÃO



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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


2.1 RELAÇÃO ENTRE HOMEM E ANIMAL E SEUS BENEFÍCIOS De acordo com Grandin e Johnson (2006, p. 185-186) “os seres humanos e os cães já viviam juntos, porem uma pesquisa mais recente do DNA dos cães provou que seres humanos e cachorros pode estar convivendo a mais de cem mil anos”. Já segundo Berzin (2000), os estudos mostram a convivência e relação entre animais e humanos desde a pré-história. Já os gatos iniciaram sua convivência com o ser humano na antiguidade e sua principal função era a de controlar a população de ratos, “como os gatos não atrapalhavam as pessoas e colaboravam para eliminar roedores e pequenas cobras, a convivência prosseguiu sem conflitos. Posteriormente, a humanidade se afeiçoou aos felinos” (VEJA, 2009). Ou seja, antigamente o homem se relacionava com o animal com o intuito de utilizá-los como prestadores de serviços como por exemplo na vigilância das aldeias, caça, pastoreio e exterminação de ratos e outras pragas. Porém, atualmente isso vem mudando, o homem deixa de utilizar os animais para prestação de serviços e passa a relacionar-se com uma necessidade emocional. Além disso, os animais estão mais presentes no processo de tratamento terapêutico, pois segundo o especialista em comportamento animais Alexandre Rossi (2012), quando levamos cães em locais com pessoas doentes, em especial crianças e idosos, constatamos a alegria que trazem, ao contrário dos visitantes que há apenas humanos nas visitas, pois esses animais trazem leveza ao ambiente (figura 01 e 02). 22

FIGURA 01: Terapia assistida por animais FONTE: Luís Pellegrini, 2019

FIGURA 02: Terapia assistida por animais FONTE: Caio Quirino, 2019


Já nos Estados Unidos cães e gatos têm sido utilizados em presídios como forma de melhorar o clima interno como mostra nas figuras 3 e 4. Em prisões de vários Estados, graças a parcerias com abrigos de animais, gatos que estavam prestes a serem sacrificados são enviados para que os prisioneiros cuidem deles. Muitos destes, no corredor da morte. Para as autoridades locais, os gatos trazem o lado sensível daqueles homens, como se fossem crianças. Além disso, a presença dos felinos alivia a raiva e tira o estresse e a agressividade destes condenados”. (UERLINGS, 2012)

FIGURA 04: Detento convive com gato em presidio FONTE: Danniela Gumarães, 2015

Porém, mesmo que o convívio com animais de estimação ofereça vantagens como: alívio para situações tensas, disponibilidade ininterrupta de afeto, possibilidade de riso e bom humor, companhia constante, amizade incondicional, possibilidade de contato físico, proteção, segurança e sensação de sentir útil a alguém (FUCHS, 1987), muitos cães e gatos são vítimas de maus-tratos ou abandonados por seus proprietários. Segundo pesquisas, isso acontece pela falta de tempo ou por não saber cuidar dos animais, falta de condições financeiras, falta de orientação, ganhar um animal de presente e pelo temperamento desses pets. Uma vez que esses animais, em sua maioria, não são castrados, tal atitude irresponsável favorece o aumento da população de animais errantes e da probabilidade de abandono das futuras ninhadas (SILVA et al., 2009).

FIGURA 03: Detentas com animais que seriam mortos em presidios FONTE: Danniela Gumarães, 2015

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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2.2 O ABANDONO Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2013, o número de cães domiciliados no Brasil já superou o número de crianças entre 0 e 14 anos – 52,2 milhões de cães em comparação aos 44,9 milhões de crianças – mostrando, portanto, a importância destes animais no cotidiano no país. Ainda assim, de acordo com a Organização Mundial de Saúde - OMS, estima-se que no Brasil existem mais de 30 milhões de animais abandonados, sendo eles 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães, além de que após pesquisas realizadas pela mesma, há um cão para cada 5 habitantes e cerca de 10% deles está em estado de abandono. Esse grande número de animais de rua no Brasil representa um grave problema de saúde pública: cães e gatos errantes em precárias condições de sobrevivência, famintos e doentes, invisíveis aos olhos da sociedade, revirando lixo em busca de alimento, sendo potenciais vetores para transmissão de doenças.

TABELA 01: Principais motivos de abandono de cães FONTE: Journal of Applied Animal Welfare Science, 2007, editada pelo autor.

Tem-se uma estimativa de que a cada 10 animais abandonados, 8 já pertenceram a um lar, porém foram rejeitados por diversos motivos como terem crescido muito, adoecerem, gerarem gastos e aborrecimentos, não serem “educados” (SHULTZ, 2016). Uma pesquisa feita em 12 abrigos nos Estados Unidos, realizada pela revista veterinária Journal of Applied Animal Welfare Science (2017), envolvendo 1.984 cães e 1.286 gatos, levantou os principais motivos do abandono desses bichinhos, conforme mostra nas tabelas 1 e 2. 24

TABELA 02: Principais motivos de abandono de gatos. FONTE: Journal of Applied Animal Welfare Science, 2007, editada pelo autor.


É importante ressaltar que abandono e maus tratos no Brasil é crime previsto em Lei. A Lei de Crimes Ambientais (9.605/98) determina pena de detenção de três meses a um ano, mais multa, para quem praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais.

2.2.1 GUARDA RESPONSÁVEL Segundo Santana (2004), a falta de conscientização das pessoas e orientação sobre os princípios da guarda responsável, ocasiona várias consequências como a compra de animais pelo impulso de consumir, e esse impulso termina levando ao desinteresse do dono pelo animal e até mesmo a falta de dinheiro para atender a todas as necessidades que o animal precisa. Ainda sobre o relato do mesmo autor, ele afirma que Guarda responsável é: A condição na qual o guardião de um animal de companhia aceita e se compromete a assumir uma série de deveres centrados no atendimento das necessidades físicas, psicológicas e ambientais de seu animal, assim como prevenir os riscos (potencial de agressão, transmissão de doenças ou danos a terceiros) que seu animal possa causar à comunidade ou ao ambiente, como interpretado pela legislação vigente (SANTANA, 2004).

Adotar é um ato de amor e vem se tornando cada vez mais comum devido a conscientização da população com a quantidade de abandonos atualmente. Além de ser um ato social, pois faz bem tanto para o adotante, quanto para a comunidade em geral.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.3 BEM ESTAR ANIMAL Quando se fala em bem-estar, Broom (1993) retrata que é uma condição de qualidade inerente aos animais, e não simplesmente fornecida pelo homem. As condições ambientais corretas se tornarão responsáveis por garantir a melhor adaptação de um ser vivo ao espaço, e quanto melhores forem essas condições, maior será a sensação de bem-estar. O conceito oficial de Bem-estar Animal foi citado pela primeira vez em 1965 pelo comitê Brambell, um grupo denominado pelo Ministério da Agricultura da Inglaterra para avaliar as condições em que os animais eram mantidos no sistema de criação intensiva naquele país. Um animal com alto grau de bem-estar, segundo a Comissão de Ética, Bioética e Bem-estar animal do CFMV é considerado aquele que tem boa saúde e que pode expressar seu comportamento natural. O bem-estar dos animais pode ser visualizado como um estado de fusão entre a saúde mental e física, e para que isso ocorra, o ser vivo em questão deve-se encontrar em harmonia com o meio onde está presente (HUGHES, 1976). Conforme os autores Lima e Luna (2012), nos animais de rua, o bem-estar é agravado, pois eles não possuem alimentação adequada, abrigo, e ficam muito mais suscetíveis a adquirir doenças ou serem vitimas de acidentes, como os de trânsito. Além disso, a violência é constante e não há o entendimento e consciência por parte dos humanos de que são vidas e também possuem necessidades. 25


2.3.1 PRINCIPIO DAS 5 LIBERDADES A relação entre homem e animais no contexto do Bem-estar Animal é analisada considerando diferentes situações, tendo como norteamento o conceito das cinco liberdades.

A liberdade de medo e de estresse diz que os animais devem ser livres de sentimentos negativos, para evitar que sofram. Um exemplo é quando há incompatibilidade entre animais domésticos, em que a família introduz um novo animal na casa, caso em que é importante a orientação de um médico veterinário.

De acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), o conceito das 5 liberdades são: A liberdade nutricional leva em conta se o animal tem acesso a comida e água na quantidade, qualidade e frequência ideais. Caso o animal não tem uma dieta adequada e hidratação apropriada, pode haver desequilíbrio nutricional, gerando obesidade, por exemplo. A liberdade de dor e doença fala das questões de saúde física. No caso dos animais de companhia, pode haver maior risco de transmissão de doenças entre animais e humanos. As vacinações devem estar sempre em dia, segundo a Cebea, para que o bem-estar único, ou seja, o bem-estar dos animais e seres humanos levando em conta o cuidado com o meio ambiente, seja promovido. O animal também deve estar livre de desconforto, em um ambiente com abrigo, com temperaturas confortáveis para a espécie e superfícies adequadas para proporcionar conforto. Animais selvagens colocados em recintos pequenos, como gaiolas, por exemplo, não estão exercendo essa liberdade.

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A expressão do comportamento natural da espécie deve ser sempre considerada para medir a qualidade de vida e bem-estar do animal. É preciso um espaço que não restrinja os comportamentos do animal, por isso é importante estimular os animais com tarefas e objetos que permitam seus comportamentos naturais. Quando o animal não consegue fazer isso, podem aparecer comportamentos anormais, como andar repetitivamente.

FIGURA 05: 5 liberdades animal FONTE: Google imagens, editado pelo autor.

Quando se trata de animais, ciência e ética devem sempre andar lado a lado. Portanto a ciência do Bem-estar Animal pode ser uma grande aliada no aprimoramento de nossa relação com animais. Os benefícios no final das contas se voltarão para o próprio animal homem.


2.4 ARQUITETURA ANIMAL NEWBERRY, 1995, afirma que há uma evidente relação entre o enriquecimento ambiental e o melhor funcionamento biológico de espécies mantidas em cativeiro. Formas de atingir tal aprimoramento podem se dar através da funcionalidade e divisão dos recintos ocupados pelos animais. A qualidade dos ambientes externos, dentro da faixa sensorial dos bichos, também é uma forma equivalente de atingir esse progresso. 2.4.1 CORES Conhece-se que os humanos possuem três tipos de pigmentos na retina capazes de captar azul, o vermelho e o verde. Já os cães e gatos diferente do mito que existe que eles não enxergam cores, possuem dois pigmentos, amarelo e azul, assim a capacidade dos cães e gatos de poder identificar cores é reduzida de acordo com o espectro deles. Em uma exposição na Grã-Bretanha da Universidade de Lincoln foi explicado como a percepção dos cães e gatos podem ser diferentes das dos humanos como mostra na figura 06.

Farina (1982) acredita que o individuo que recebe a comunicação visual, a cor exerce uma ação tríplice: a de impressionar, a de expressar e a de construir. A cor é vista: impressiona a retina. É sentida: provoca uma emoção. E é construtiva, pois, tendo um significado próprio, tem valor de símbolo e capacidade, portanto, de construir uma linguagem que comunique uma ideia. O projeto de um abrigo para animais deve estar de acordo com a questão de percepção do animal e da agradabilidade visual humana, ambos em equilíbrio visando eficiência comportamental e atrativa. 2.4.2 CONFORTO AMBIENTAL Frota (1995) retrata que a Arquitetura, como uma de suas funções, deve oferecer condições térmicas compatíveis ao conforto térmico humano no interior dos edifícios, sejam quais forem as condições climáticas externas. Assim como os humanos, os animais necessitam de conforto térmico pois possuem diferentes formas de transpiração e demandam de diretrizes voltadas a ventilação e iluminação natural. Ainda citando frota 1995, ele relata que: “A ventilação proporciona a renovação do ar do ambiente, sendo de grande importância para a higiene em geral e que a renovação do ar dos ambientes proporciona a dissipação de calor e a desconcentração de vapores, fumaça, poeiras, de poluentes.” 27

FIGURA 06: Espectro da visão do humano e do cão FONTE: Ricardo Assunção,2017, editado pelo autor.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


Prosseguindo no mesmo raciocínio, o etologo Bruno Tauz afirma que para proporcionar ao cão uma vida mais próxima possível da vida natural que ele teria em seu habitat, deve ser indispensável projetar com a consciência de um lugar que possua uma área de solário onde o mesmo atua como uma poderosa ferramenta para que elimina eventuais bactérias das fezes, além de favorecer a osteogênese (ossificação) pela indução a produção, pelo organismo, das vitaminas A+D3.

FIGURA 07: Exemplo de projeto de um canil FONTE: Pet Mania, 2017

2.5 CENTRO DE ZOONOSES

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Segundo o Ministério da Saúde (2016), desde o início do século XX, unidades com o intuito de controlar as zoonoses vêm sendo construídas no Brasil, começando pelos primeiros canis públicos estruturados nas principais capitais do país. As ativida-

des destas unidades foram crescendo pouco a pouco no começo da década de 1970, com a criação dos primeiros CCZ, na qual tinham suas atividades voltadas para o recolhimento, vacinação e eutanásia de cães, tendo em vista o controle da raiva. Estas unidades são estruturadas para atender as diferentes comunidades das cidades em que são inseridas. As diretrizes da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) recomendam quatro tipos de CCZs e ainda um Canil Municipal (CM), de acordo com a população das cidades a serem implantadas e com atividades distintas conforme o porte (BRASIL, 2007). Na maioria dos centros urbanos há a presença de Centros de Zoonoses, que dão apoio veterinário e atua na prevenção e no controle de fatores de riscos ambientais biológicos e não biológicos que interferem na saúde humana (figura 08). A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a zoonoses como “Doenças ou infecções naturalmente transmissíveis entre animais vertebrados e seres humanos. Essas doenças são transmitidas por meios diferenciados (água, ar, alimentos, picadas de insetos, dentro outros). Reichamnn (2000, p.3) define como Centro de controle de zoonoses, ‘[...] instituições municipais, com estrutura física específica [...], geralmente vinculadas ao órgão de saúde local com competência e atribuição para desenvolver os serviços elencados nos Programas de Controle de Zoonoses [...]’ O CVAZ (2017) afirma que até o mês de junho foram realizados 651 procedimentos de esterilização. Outros serviços disponibilizados são: a realização de exame para o diagnóstico de leishmaniose visceral; averiguação de denúncias de maus-tratos e abandono; e a vacinação de cães e gatos. As atividades realizadas visam exclusivamente o monitoramento e diminuição de risco à saúde da população de João Pessoa/PB.


2.5.1 ARQUITETURA DE CENTRO DE ZOONOSES

FIGURA 08: Centro de Zoonoses de João Pessoa - PB FONTE: PB Agora, 2017

Mantido pela Secretaria Municipal de Saúde, o Centro é o único serviço publico que presta alguma assistência aos animais na capital. Porém no local não são realizados tratamento de doenças, só são aplicadas vacinas (figura 09) e pratica a chamada eutanásia, ou seja, aplica medicamentos que levarão a morte os cães e gatos que chegam doentes no Centro.

De acordo com o Manual Técnico do Instituto Pasteur, 2000, a implantação de um CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) requer um estudo criterioso da escolha do local, pois o terreno selecionado estar próximo de áreas densamente povoadas (para evitar incômodos à vizinhança local); não deve estar próximo de áreas que tenham fontes de poluição (atmosférica ou sonora); deve obedecer a legislação municipal de uso e ocupação do solo, não deve estar sujeito à inundações, deve ser de fácil acesso, deve possuir infra-estrutura adequada; não deve priorizar terrenos de propriedade da Prefeitura para evitar desapropriações na população. As Diretrizes para Projetos Físicos de Unidades de Controle de Zoonoses e Fatores Biológicos de Risco (BRASIL, 2003), relata que os CCZs, também, devem estar localizados de tal modo que seus blocos possuam uma distância mínima de dez metros das divisas e de dez metros entre si e seu terreno seja murado no perímetro com altura de dois metros para impedir a fuga dos animais. Outra questão a ser ressaltada é referente à circulação do público ou outras pessoas ao acesso de serviço, que não devem ser expostos ao risco da infecção rábica, lembrando ainda que nesses ambientes se requer assepsia e esterilização, além da destinação correta de resíduos que podem ser contaminantes.

FIGURA 09: Atendimento Veterinário em Centro de Zoonoses FONTE: Carina Rocha, 2018

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No que diz respeito à funcionalidade, espacialidade e construção de um CCZ, deve-se oportunizar a realização de atividades dentro dos parâmetros de higiene e assepsia essenciais para a administração de espécies animais diversificados. É fundamental que, na etapa de elaboração e construção dos Centros de Controle de Zoonoses, sejam dadas sugestões de soluções arquitetônicas tolerantes e adaptáveis às ampliações e mudanças (BATISTA; FARIAS, 2016).

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Reichmam, 2000, menciona que o CCZ requer apoio de unidades externas como laboratórios, faculdades de medicina veterinária e serviços especializados na área de zoonoses. Em vista disso, a localização do Centro de Controle de Zoonoses deve favorecer, também, o acesso e intercâmbio de serviços entre essas unidades. O Decreto- Lei 315, 2003 relata que as instalações devem dispor de abrigos para que os animais se protejam de condições climáticas adversas. As Diretrizes para Projetos Físicos de Unidades de Controle de Zoonoses e Fatores Biológicos de Risco (BRASIL, 2007) também informa que o programa arquitetônico de uma CCZ pode ser agrupado em blocos: Técnico Administrativo, Controle Animal, Operação de Campo e Serviços Gerais. Essas diretrizes demonstram o dimensionamento mínimo de canis para melhor entendimento no momento da construção.

FIGURA 11: Dimensionamento de canil individual FONTE: Saúde Animal, 2007

O canil de observação ou individual deverá ser utilizado pelos seguintes motivos: • Fêmeas gestantes ou com filhotes; • Animais agressivos;

2.5.1.1 CANIL INDIVIDUAL

• Animais feridos ou em tratamento.

O canil de observação ou canil individual deve ter solário opcional e esta área deve corresponder à área de cada canil. Os boxes devem ter a porta de acesso abrindo no sentido da circulação e o piso deve ter inclinação de 5%.

2.5.1.2 CANIL COLETIVO Os canis coletivos são destinados à permanência por três dias dos cães apreendidos e deverão cumprir os seguintes tópicos: • Prever comando a ser acionado externamente, nas portas que interligam os canis coletivos; • As portas dos canis para a circulação, nas dimensões de 80x1.20m, devem abrir para fora;

30 FIGURA 10: Exemplo de canil individual FONTE: BRASIL, 2003

• Prever a separação física de cães machos e fêmeas, contando com três módulos para cada gênero e interligados entre si, resultando em um conjunto de seis módulos; • Dimensionar cada módulo considerando área mínima de 0,50m2 por cão, alojando no máximo, 30 cães em cada canil coletivo. A área de cada módulo não deverá ser inferior a 4,00m2 ;


• Prever boa iluminação e ventilação natural; • Prever canaletas com grelhas para escoamento dos dejetos, na maior dimensão; • A parte superior dos canis deverá ser fechada com alambrado, na altura de 2.10m; • Considerar caimento no piso, em direção às grelhas de escoamento. Especificações: perfil de 3/8 sobre mureta de alvenaria (h=1.00m); piso: monolítico de alta resistência ou cimentado queimado; teto: cobertura aparente;

De acordo com o Decreto-Lei 315(2003), o numero, formato e distribuição de comedouros e bebedouros deve ser tal que permita aos animais satisfazerem as suas necessidades sem que haja competição excessiva dentro do grupo. Faraco e Soares, 2013 retara que a forma mais apropriada de se oferecer alimento aos cães domésticos é em quantidades controladas, fracionadas durante o dia e em local separado, especialmente quando é uma situação de coletivo, como abrigos ou centros de controle de zoonoses. No coletivo pode acontecer conflitos quando o assunto é alimentação nos canis e Marder, 2015 comenta que o principal problema no coletivo é a agressividade relacionada com o alimento modulada pelo tipo de ração (qualidade), a forma como ela é oferecida (tipo de comedouros, quantidade, disponibilidade e condições ambientais no canil), gerando problemas no abrigo (conflitos e brigas entre os cães e mordeduras nos operários) e na adoção destes animais. 2.5.1.3 GATIL O gatil é um ambiente destinado a permanência de gatos capturados e/ou em isolamento. Esse ambiente poderá de ser de dois tipos: • Gatil coletivo • Ambiente destinado a animais sadios para guarda ou adoção responsável

FIGURA 12: Planta Baixa de Canil Coletivo FONTE: BRASIL,2003

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para dimensionamento desses ambientes, deve ser considerado o número de gaiolas individuais com medida média de (0,70 x 0,40 x 0,40)m – a serem abrigadas em prateleira, instalação de ponto de agua e a porta deve ter altura de 2,10m, abrindo no sentido de saída do ambiente.

31


2.6 ABRIGO DE ANIMAIS De forma geral, a evolução na história da proteção aos animais deu inicio no ano de 1893, quando um homem chamado Henri Ruegger, não contente com a situação dos animais decidiu tomar uma atitude. “Henri Ruegger resolveu denunciar os maus tratos que um cavalo estava sendo submetido em plena região central de São Paulo, mas então descobriu e indignou-se com o fato de no Brasil não existir até então nenhuma entidade dedicada à proteção dos animais” (NASCIMENTO, 2015) FIGURA 13: Planta Baixa de Gatil Coletivo FONTE: BRASIL,2003

Já os canis individuais são ambiente destinado a animais doentes ou em fase de tratamento e fêmeas gestantes ou com filhotes. A área do gatil coletivo de observação segue as mesmas instruções do ambiente do gatil coletivo, entretanto, não deve ter acesso do público. Estes ambientes deverão cumprir os seguintes tópicos de acordo com as diretrizes da FUNASA: • Prever prateleiras para colocação de gaiolas individuais; • Prever porta com altura de 2,10m abrindo para fora do ambiente; • Prever ponto de água. Especificações: piso: monolítico de alta resistência ou cimentado queimado; teto: cobertura aparente; 32

Naquela época, animais abandonados encontrados na rua eram mortos no mesmo local pelos agentes da prefeitura com a injeção de veneno aplicada, causando a revolta de algumas pessoas e influenciando no inicio da causa animal. (NASCIMENTO, 2015) Com o passar do tempo, a causa da proteção animal foi ganhando força e evoluindo, tanto que “ [...] Dois anos mais tarde, um grupo de damas e cavalheiros da sociedade paulistana uniram-se para a criação daquela que hoje é a mais antiga associação civil do Brasil: A UIPA.” (NASCIMENTO, 2015) O “abrigo” que na época se chamava depósito de animais teve seu inicio apenas no século 19, com a União Internacional Protetora dos Animais, que desde então vem tomando frente na causa da proteção dos animais abandonados. (NASCIMENTO, 2015). O abrigo de animais é uma adaptação do abrigo habitual (de pessoas) para receber animais domésticos abandonados, em sua maioria cães e gatos. O intuito, assim como o abrigo de pessoas, é recolher da rua aqueles animais que não tem uma


FIGURA 14: Abrigo de Animais FONTE: EGO, 2009

FIGURA 15: Canil em Abrigo de animais FONTE: Google Imagens

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

condição mínima de vida e servir como uma moradia temporária, até que se recupere de doenças físicas e psicológicas e possa ser adotado por uma nova familia. (ASSIS, 2019) Frequentemente animais são abandonados nas ruas das cidades, logo muitas pessoas se disponibilizam a adotá- -los ou encaminhá-los para abrigos, movidos por sentimentos de paixão ou compaixão. Esses locais deveriam ser bem estruturados e capazes de proporcionar segurança e garantir o bem-estar. De acordo com reportagem do site Cultura Mix no ano de 2012, abrigos para animais são espaços em que os animais domésticos como cachorros, gatos e passarinhos de algumas espécies podem ser levados em caso de abandono. O site retrata que os abrigos devem servir de lar e apresentar condições de higiene e alimentação adequada para os pequenos seres indefesos, bem como os proteger de pessoas que não são tão amigas dos animais domésticos e tratam com violência os que não podem se defender de uma pedra ou chute. Existem dois tipos de abrigos para animais: Os públicos e os privados. Os públicos foram criados pelo incômodo que os animais em excesso na rua causam e tem como função dar um lar temporário para animais que estão nas ruas. Na maior parte dos abrigos brasileiros os animais ficam por cerca de três meses esperando que um dono apareça ou que este seja adotado, mas, quando isso não acontece, é preciso liberar espaço e os animais são mortos ou doados para pesquisas médicas em instituições diversas. Não há normativas que estabeleça a configuração física e o funcionamento de abrigos no Brasil. Para fiscalizar e regulamentar instituições desse tipo baseia-se na Resolução nº 670 do Conselho Federal de Medicina Veterinária, a qual conceitua e estabelece condições para o funcionamento de estabelecimentos médicos veterinários.

33



03

REFERENCIAL PROJETUAL


3.1 DOGCHITECTURE Arquitetos: Arquitetura WE Equipe de Design: Marc Jay, Julie Schmidt-Nielsen, Simon Skriver, Ieva Vysniauskaite, Antonina Salmina, Marek Harnol, Thea Gasseholm, Corrado Galasso, Cristina Batista Flores, Eleonora Giovannardi, Barbara Drud Henningsen, Alexandru Pavel, Alicja Szczęśniak, Jeppe Kiib, Beata. Área: 1430,0 m² Ano: 2018 Fonte: ArchDaily: Dogchitecture Link: https://www.archdaily.com/894254/dogchitecture-we-architecture-designs-a-center-that-challenges-traditional-animal-shelters?ad_medium=gallery

FIGURA 16: DOGCHITECTURE FONTE: ArchDaily, 2018

A firma de Copenhague WE Architecture criou uma proposta para um “Dog Center” em Moscou que desafia as noções tradicionais de abrigos de animais. Aninhado no campo, o pavilhão de um andar conta com uma série de pátios divididos por pérgulas que desaparecem na paisagem. A empresa observa que os pátios, que fornecem espaço externo fechado para os cães , permitem que o centro “evite as cercas ‘semelhantes a cadeias’, que geralmente são associadas a abrigos para cães”.

36

A WE, em colaboração com o MASU Planning , espera criar um “ambiente saudável e inspirador para cães abrigados e para as diferentes pessoas que visitarão e trabalharão no Centro”.

FIGURA 17: Recepção do Dogchitecture FONTE: ArchDaily, 2018


A WE, em colaboração com o MASU Planning , tinha como objetivo criar um “ambiente saudável e inspirador para cães abrigados e para as diferentes pessoas que visitarão e trabalharão no Centro”. O projeto cumpre suas metas atmosféricas complementando pilares de aço com vigas de madeira. As vigas se estendem para criar uma saliência externa que funciona como “uma proteção solar no horário de verão e como cobertura / corredor externo em dias de chuva”. À medida que os visitantes se aproximam do edifício, o telhado verde , que fica no topo das vigas de madeira, serve como uma “quinta fachada” que pode se misturar facilmente ao ambiente arborizado. Um amplo espaço para sentar ao ar livre sangra na vegetação, convidando a recreação humana e animal. FIGURA 18: Planta Baixa do Dogchitecture FONTE: ArchDaily, 2018

37 FIGURA 19: Hall de entrada do Dogchitecture FONTE: ArchDaily, 2018

REFERENCIAL PROJETUAL

FIGURA 20: Pátio Interno do Dogchitecture FONTE: ArchDaily, 2018



04

ÁREA DE INTERVENÇÃO


4.1 TERRENO Antes do terreno ser escolhido foi pensado um local onde pode ser construído um equipamento de grande porte e que atendesse a alguns requisitos pertinentes para a proposta, como: • Fácil acesso ao local • Proximidade ao centro de controle e vigilância de zoonoses

Um dos pontos que mais contribuiu para a escolha do lote foi o fato de estar próximo as universidades publica e privada de João Pessoa, que são pontos onde apresentam um grande número desses animais errantes. O terreno é plano e atualmente esta sendo ocupado por um clube de futebol Auto Esporte Club, porém está desativado e por isso foi escolhido para a proposta.

• Características do lote • Topografia • Dimensões • Geometria • Estar próximo de bairros com um índice maior de abandono de animais

FONTE: Google Maps, editado pelo autor, 2020.

4.2 ZONEAMENTO FONTE: PMJPPB, editado pelo autor, 2020

40

O terreno escolhido para implantação da proposta possui uma área de 22.759m² e está localizado em João Pessoa, no bairro de Mangabeira, especificamente na esquina da Rua Paulino dos Santos Coelho com a Rua Comerciante José Miguel Neto, que fica nos entornos do Shopping Mangabeira e a aproximadamente a 300 metros do Centro e Vigilância de Zoonoses, desta forma a proposta também servirá como apoio para o mesmo.

O terreno está inserido em uma Zona Adensável Não Prioritária – ZANP onde a disponibilidade ou a falta de um dos sistemas de infra-estrutura básica permite uma intensificação moderada do uso e ocupação do solo e na qual o indice de aproveitamento único poderá ser ultrapassado ate o limite de 1,5, e nos termos dessa lei. (Plano Diretor, 1992).


Após a identificação de uso do solo, foi analisada a tabela presente no Código de Urbanismo para identificar a área mínima, frente mínima, ocupação máxima e os seus respectivos recuos.

FONTE: Google Maps, editado pelo autor, 2020.

4.3 USO E OCUPAÇÃO

TABELA 03: Zona de Grandes Equipamentos FONTE: Código de Urbanismo, editado pelo autor, 2020.

Como identificado na figura ao lado, o Lote se encontra na Zona de Grandes Equipamentos (ZGE), e seu uso classificado como IR, onde segundo o Código de Urbanismo, é definido como:

“IR – Institucional Regional: estabelecimento espaços de lazer e cultura, culto religiosos, saúde e administração pública, de atendimento regional, compreendendo as atividades definidas na categoria de “Institucional de Bairros”, com limitação de área edificada, além de universidades, cursinhos, estabelecimentos de cultura e difusão artística, associação com fins culturais, associações de classe, grupos políticos, sindicato profissionais, repartições publicas municipais, estaduais e federais, representações estrangeiras, consulado. (Código de Urbanismo, pag. 109, 2001) “

ÁREA DE INTERVENÇÃO

41 MAPA 01: Mapa de Uso e Ocupação do Solo FONTE: PMJPPB, editado pelo autor, 2020.


Além de pesquisas na Legislação do Município, foi realizado um estudo de entorno imediato dos usos dos lotes como mostra no mapa 01 e foi visto que está dividido entre área comercial e área residencial, apresentando poucos usos institucionais.

4.4 INSOLAÇÃO E VENTILAÇÃO No mês de dezembro tem início o solstício de verão, onde a incidência solar concentrasse a sul do terreno estudado, permanecendo até os meses de janeiro e fevereiro. A partir de março e até meados de maio existe uma mudança, onde essa incidência se encontra na maior parte do tempo nas posições Leste e Oeste. Com a chegada do solstício de inverno que inicia no mês de junho a incidência muda para o lado Norte do terreno mantendo-se até ao mês de agosto, setembro e novembro volta para as fachadas Leste e Oeste.

4.5 SISTEMA VIÁRIO Ao analisar os fluxos e classificar as vias mais próximas ao lote escolhido, foi visto que a Rua Comerciante José Miguel Neto é a rua principal e de maior movimentação principalmente nos horários de pico, pois é uma via coletora e divide o transito com a Avenida Hilton Souto Maior que é muito extensa e faz ligação de alguns bairros da cidade.

Em novembro a insolação volta para o lado sul do terreno, onde se inicia o solstício de verão iniciando assim um novo ciclo. Os ventos predominantes no terreno vem do Sudeste.

S

L

SOLSTÍ

CIO D

E INVE

RNO

O N 42 FIGURA 21: Insidência Solar e Ventos Predominantes FONTE: Elaborado pela autora, 2020.

MAPA 02: Mapa de Classificação e Fluxo de Vias FONTE: PMJPPB, editado pelo autor, 2020.

Há a existência de pontos de ônibus próximo ao terreno da intervenção, que facilita o acesso ao equipamento proposto.


4.7 EQUIPAMENTOS VETERINÁRIOS

MAPA 03: Mapa de Transporte Público FONTE: PMJPPB, editado pelo autor, 2020.

4.6 TOPOGRAFIA

Pelo fato do terreno ter sido utilizado para a pratica do futebol, atualmente o terreno se encontra plano.

MAPA 05: Mapa de Equipamentos Veterinários FONTE: PMJPPB, editado pelo autor, 2020.

Para realizar a proposta de um abrigo para animais é necessários localizar pontos de apoio veterinário que ajudarão no desenvolvimento do local. Sendo assim foi feito um mapa onde mostra esses locais mais próximos do lote escolhido e aproximadamente seu raio de distância.

43 MAPA 04: Mapa de Curvas de Níveis FONTE: PMJPPB, editado pelo autor, 2020.

ÁREA DE INTERVENÇÃO



05

PROPOSTA


5.1 CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO O conceito adotado ao projeto é de criar um local digno para abrigar os cães e gatos em situação de rua temporariamente, de ressocialização para futura adoção e gerar a atração da população do município de João Pessoa para o local, uma vez que será um ambiente saudável, agradável, bem arborizado e acolhedor para todos.

com a análise do entorno. A região próxima do terreno é composta basicamente pela presença de construções térreas (figura 22), então, para criar um diálogo com o entorno, a volumetria do edifício não possui pavimentos superiores.

Todos os animais abandonados que darão entrada no abrigo serão encaminhados ao setor veterinário do próprio local e depois, levados ao canil ou gatil para futuras adoções. A população regional que já possuir um pet de pequeno a médio porte (cão ou gato) ou tem a pretensão de adotar alguns dos animais do abrigo, mas não tem condições financeiras suficientes para arcar com tratamentos de saúde, serão oferecidos os serviços do local com valores acessíveis que servirão como recurso para manutenção do abrigo. O partido da proposta foi criar um espaço amplo e confortavel por meio de patios internos, canis e gatis espaçosos, áreas de atividades e convivio somado a um bloco de atendimento veterinário e um bloco administrativo que dará suporte ao abrigo. O abrigo terá uma capacidade para 128 cães e 158 gatos, divididos em canis e gatis coletivos e individuais, e que possuem apoios nas proximidades, como depósitos auxiliares, sala de preparo de alimentos, depósito de material de limpeza e salas de enfermagem.

46

O projeto possui cinco gatis coletivos com capacidade para 22 gatos cada e 48 gatis individuais. Os canis foram divididos em 8 canis coletivos com capacidade para 10 cães cada e 48 canis individuais. Os abrigos foram dimensionados respeitando as medidas mínimas para o funcionamento e conforto dos animais.

Outro fator levado em consideração foi o impacto visual,

FIGURA 22: Terreno escolhido e entorno imediato FONTE: Google Earth, editado pelo autor, 2020.

5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES O programa de necessidades foi desenvolvido a partir das Diretrizes para Projetos Físicos de Unidades de Controle de Zoonoses e Fatores Biológicos de Risco, projetos correlatos e trabalhos de conclusão de curso de arquitetura relacionados ao tema. Por se tratar de um abrigo temporário para cães e gatos abandonados, o prédio deve contar com canis, gatis, e uma área de apoio veterinário, contendo: salas de exames e área de assistência médica e cirúrgica, sendo esta última direcionada para cirurgias mais simples, como castrações.


170,75m²

01

Administração

28,38m²

01

Sala de Reuniões

41,53m²

01

Almoxarifado

4,00m²

01

Sala de Arquivos

19,48m²

01

Sala de Espera Triagem

51,34m²

01

Vestiários f. e m.

36,83m²

01

4m²

01

DML 01

10,70m²

01

DML 02 e 03

16,34m²

01

CME

13,65m²

01

Depósito Geral

74,55m²

01

Depósitos Auxiliares

27,95m²

01

PCDs f. e m.

7,95m²

01

Wc coletivo f. e m.

7,95m²

01

Quarto Plantonista

45,50m²

01

Nutrição 01 e 02

56,41m²

01

Banho, tosa e secagem 01

65,15m²

01

Banho, tosa e secagem 02

63,82m²

01

Descanso e Copa Func.

54,60m²

01

Canil Coletivo

58,48m²

01

Canil Individual

7,45m²

01

CANIL

SUPORTE

WCS

PROPOSTA

Área de Atividades

615,44m²

01

GATIL

Recepção

Gatil Coletivo

67,92m²

QTD. 01

Gatil Individual

7,45m²

01

Consultório

16,00m²

01

Recuperação de Cães

31,80m²

01

Recuperação de Gatos

29,25m²

01

Sala de Cirurgia

29,40m²

01

Sala de Preparo

28,86m²

01

Área de Escovação

8,40m²

01

Sala de Raio - X

25,16m²

01

Sala de Hemograma

19,33m²

01

Sala de Eletro e Ultrassom

25,44m²

01

Laboratório

19,33m²

01

Necrotério

50,14m²

01

Sala de Enfermagem

16,34m²

01

Triagem

11,55m²

01

Farmácia

14,90m²

01

Lojinha/Café

31,40m²

01

Sala Multimídia

49,60m²

01

Espaço Multifuncional

190,55m²

01

Gerador

13,90m²

01

Central de Gás

23,36m²

01

Lixo Comum

18,32m²

01

Lixo Hospitalar

19,83m²

01

AMBIENTE

CLÍNICO

QTD.

EXTERNO

TÉCNICO

ADMINISTRATIVO

AMBIENTE

47


5.3 SETORIZAÇÃO, ORGANOGRAMA, FLUXOGRAMA O abrigo está dividido em 7 setores: clinico, administrativo, canil, gatil, suporte, externo e técnico. Ele foi organizado de forma que contribuísse na funcionalidade do local e não houvesse conflito de fluxos. Ao chegar na recepção, o visitante poderá ser atendido por um funcionário que o direcionará para o setor clínico ou diretamente para a área dos canis e gatis, no caso de uma possível visita com intenção de adoção.

SETOR DE SUPORTE

O setor de suporte é composto por ambientes como DML, depósitos e sanitários, que darão apoio aos outros setores contribuindo para uma boa funcionalidade do abrigo GATIS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

O gatil é dividido em 5 gatis coletivo com capacidade para 22 gatos cada e 48 gatis individuais, totalizando um total de 158 gatos.

Os setores de canil e gatil foram postos ao final do terreno de modo que diminuísse o ruído e o odor para os lotes circunvizinhos. Nesses setores há iluminação e ventilação natural, existem também pontos de nutrição, sala de enfermagem e depósitos auxiliares que darão suporte as baias dos canis e gatis, facilitando o trabalho dos funcionários do abrigo. No setor destinado para moradia temporária dos gatos, houve o cuidado de manter o ambiente distante dos canis, para impedir o contato físico, visual e sonoro entre os diferentes animais.

48

Geralmente os abrigos para cuidar de animais abandonados possuem parcerias com clínicas veterinárias e hospitais para realizar procedimentos mais complexos.

ÁREAS VERDES E PÁTIOS INTERNOS

Foi inserido no projeto áreas verdes e pátios internos com a intenção de integrar a edificação com a natureza, proporcionando espaços permeáveis que contribuem com o conforto dos ambientes e, consequentemente, com o bem-estar social e dos animais que irão utilizá-los;

SETOR EXTERNO

Composto pelo espaço na entrada da edificação multimidia e pela lojinha e intensificarão o uso do existente.


SETOR CLÍNICO

O setor clínico servirá para dar os primeiros atendimentos ao animal resgatado e pequenas cirurgias, como por exemplo a castração.

Diante disso, o setor clínico proposto atenderá os cães e gatos que necessitarem de cirurgias simples e alguns exames, como por exemplo hemogramas e raio-x. Vale ressaltar que esse setor é destinado apenas a animais em situação de rua e não aos animais da população do bairro. Existem ainda os blocos de suporte, destinados para banho e tosa dos animais, depósito de ração, depósito de materiais de limpeza e um pequeno necrotério, que se faz necessário caso algum animal venha à óbito.

SETOR ADMINISTRATIVO

ORGANOGRAMA

O setor administrativo será destinado a áreas de reuniões, administração e arquivos de documentos dos animais do abrigo.

o multiuso o, sala de e café que espaço ja

SETOR DE SUPORTE + CLINICO

GATIL

LOJINHA/CAFÉ

CANIS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

O canil é dividido em 8 baias coletivas com 10 cães em cada e 48 baias individuais, suportando um total 128 cães.

CANIL

SETOR CLINICO + SUPORTE

RECEPÇÃO

SETOR ADMINISTRATIVO + SUPORTE

ESPAÇO MULTIUSO

SETOR TÉCNICO

ACESSO PRINCIPAL

FLUXOGRAMA

SETOR TÉCNICO

ACESSO CARGA E DESCARGA DML

Esse setor é composto basicamente pela central de gás, gerador e reservatórios de lixo comum e hospitalar.

GATIL COLETIVO

DEPÓSITO GERAL

GATIL INDIVIDUAL

BANHO, TOSA E SECAGEM SETOR CLINICO

DEPÓSITO AUXILIAR

GENTILEZA URBANA

Como o bairro de Mangabeira, onde o projeto será inserido é conhecido pelo alto índice de violência, foi pensado para o abrigo ambientes de gentileza urbana com o intuito de valorização da vida urbana, a fim de acabar com essa violência e incorporando o outro em suas atitudes. PROPOSTA

SALA DE ENFERMAGEM ACESSO PRINCIPAL

ESPAÇO MULTIUSO

RECEPÇÃO

LOJINHA/CAFÉ

PCD FEM. E MASC. NUTRIÇÃO WC COLETIVO FEM. E MASC.

SALA MULTIMÍDIA

DML

SETOR ADMINISTRATIVO BANHO, TOSA E SECAGEM QUARTO DE PLANTONISTA VESTIÁRIO FEM. E MASC. DESCANSO E COPA DE FUNCIONÁRIOS ACESSO FUNCIONÁRIOS SETOR TÉCNICO

CANIL COLETIVO CANIL INDIVIDUAL

fluxo de visitantes fluxo de funcionários fluxo de animais

49


5.4 MATERIAIS Foi pensado para o abrigo o uso de materias neutros e recomendados para o tipo de edificação, com isso ele é feito basicamente dos seguintes materiais: concreto, madeira de reflorestamento, policarbonato e metal. PISO

No piso do setores clínico, administrativo e suporte foi utilizado o piso vinilico em manta hospitalar que são extremamente resistentes e fáceis de limpar, resistem mais à abrasão, são fáceis de instalar e estão disponíveis em diversas marcas. Além disso, abafa mais os ruídos de passos, conserva a temperatura de ambientes e é antialérgico. Já nos canis e gatis individuais e coletivos foi utilizado o cimento queimado na parte do solário e a cerâmica na parte interna, pois são de fácil higienização e resistentes aos processos de limpeza, descontaminação e desinfecção. Na parte externa e nos passeios foi utilizado o piso intertravado evitando a impermeabilização do solo. PISO VINILICO HOSPITALAR

PAREDES

Nas paredes dos setores clinico, administrativo e suporte foram utilizados revestimentos de granilite polido para dar um detalhe no ambiente e cores nos tons de azul que estão presentes no espectro visual dos animais. Nos canis e gatis e nas paredes externas dos blocos foi utilizado o cimento queimado como no piso, tijolo aparente branco e artes com fotos de animais para dar uma descontraida ao ambiente.

GRANILITE POLIDO

PINTURA AZUL CLARO

PINTURA AZUL ESCURO

PISO EM CIMENTO QUEIMADO TIJOLO APARENTE BRANCO PISO CERÂMICO

50

PISO INTERTRAVADO

CIMENTO QUEIMADO


COBERTA

Como um abrigo de animais é um lugar muito barulhento e está inserido em uma área quente, foi pensado para a coberta a telha termo-acústica por apresentar beneficios como redução do risco do alastramento de chamas, redução da umidade, fácil manutenção e melhor desempenho térmico e acústico como o nome já diz.

COBERTA EM POLICARBONATO

COBERTA EM POLICARBONATO COBERTA COM TELHA SANDUICHE COBERTA EM POLICARBONATO

FIGURA 24: Vista área do abrigo com indicação das cobertas. FONTE: Elaborado pela autora, 2020 MOBILIÁRIO E ESQUADRIAS

FIGURA 23: Telha Termo-Acústica ou Telha “sanduiche” FONTE: Polilon Brasil, 2016

Nos bancos externos e do abrigo e nas esquadrias foi utilizado madeira de reflorestamento que junto ao cimento queimado e concreto presente nos blocos da um ar bem industrial ao abrigo.

Para a coberta dos passeios, da área de atividades dos cães e do espaço multiuso na entrada principal, foi pensado uma coberta com policarbonato e estrutura metálica. A cobertura de policarbonato é bem mais leve e mais resistente do que a de vidro, não trincando com facilidade. Ela transmite luz natural com eficiência e mantém essa transparência mesmo após muitos anos de exposição ao sol. Além disso, também valorizam o ambiente do ponto de vista estético e arquitetônico, tanto por proporcionarem luminosidade natural, como dissemos, quanto por permitirem a utilização em diversas curvaturas, sem a necessidade de nenhum tipo de emenda. PROPOSTA

MADEIRA DE REFLORESTAMENTO

51 FIGURA 25: Esquema dos mobiliários externos FONTE: Elaborado pela autora, 2020


5.5 ESTRUTURA

5.6 ELEMENTO VAZADO

Referente à parte estrutural da edificação, devo frisar que não foi feita um projeto de estruturas, mas sim um lançamento de pilares, com o intuito de garantir a compatibilidade entre o projeto arquitetônico e estrutural em sua execução.

A área de permanência e abrigo dos animais encontrase na fachada leste (nascente) com o intuito de receber mais iluminação e ventilação natural, com isso a fachada principal da edificação ficou voltada para o poente, fazendo com que fosse pensado uma solução para a incidência solar e entrada de ventilação.

O sistema estrutural empregado foi o metálico, com dimensão padrão igual a 18 x 10cm. Para as vigas, o mesmo material, com dimensão de 15x6cm.

CORTE ESQUEMÁTICO

Então veio a ideia de utilizar o elemento vazado na fachada e em algumas aréas do abrigo, para além de dar uma identidade, permitir a passagem parcial de luz e ventilação natural na edificação.

CORTE ESQUEMÁTICO

BASE DE SUSTENTAÇÃO

BASE DE SUSTENTAÇÃO

ELEMENTO VAZADO

52

FIGURA 26: Diagrama Estrutural FONTE: http://construhidro.com.br/web/loja/madeiramento/telha-de-polipropileno-translucida/, editado pela autora, 2020

ELEMENTO VAZADO BASE DE SUSTENTAÇÃO

BASE DE SUSTENTAÇÃO


53

PROPOSTA


5.7 PÁTIOS INTERNOS E ÁREAS VERDES A inserção de pátios internos na edificação e na área dos canis e gatis permitia a criação de uma maior integração entre os ambientes que se voltam para esta área, além de maior luminosidade e ventilação. Pelo fato do terreno estar localizado em uma região quente, foi visto a grande importância de áreas verdes por toda a proposta, fazendo com que haja sombreamento, diminuição da poluição sonora, absorção da poluição atmosférica e entre outros beneficios.

FIGURA 28: Pátios internos e áreas verdes no setor dos canis FONTE: Elaborado pela autora, 2020.

54

FIGURA 27: Diagrama de áreas verdes e pátios internos. FONTE: Elaborado pela autora, 2020.

FIGURA 29: Pátio interno no setor clínico FONTE: Elaborado pela autora, 2020.


5.8 ÁREA DOS ANIMAIS Como dito anteriormente, o abrigo é composto por canis e gatis individuais e coletivos que suportam no total o número de 286 animais temporariamente para ressocialização e futura adoção.

FIGURA 32: Gatis Individuais FONTE: Elaborado pela autora, 2020.

FIGURA 30: Canil individual FONTE: Elaborado pela autora, 2020.

FIGURA 31: Gatil Coletivo FONTE: Elaborado pela autora, 2020.

PROPOSTA

As baias coletivas são para os cães e gatos mais sociáveis e saudáveis. Já as baias individuais são para aqueles que apresentarem algum tipo de doença, gravidez ou irritabilidade.

FIGURA 33: Canil Coletivo FONTE: Elaborado pela autora, 2020.

55


5.8.1 ÁREA DE ATIVIDADES DOS CÃES

FIGURA 34 e 35: Área de atividades dos cães FONTE: Elaborado pela autora, 2020.

Para melhorar a ressocialização e comportamento dos animais resgatado, foi proposto uma área de adestramento que quando não utilizados para essa função, pode ser utilizado para os animais brincarem livremente. 56

Nesse ambiente também foi inserido um fontanário, que ajudará os cães a se refrescarem nos dias mais quentes.


5.9 LOJINHA E CAFÉ Com o intuito de intensificar o uso do espaço existente e criar uma área de convivio, foi inserido na proposta uma lojinha e café para a comercialização de produtos alimenticios e produtos pet para o público em geral do abrigo.

FIGURA 36 e 37: Lojinha e Café FONTE: Elaborado pela autora, 2020.

57

PROPOSTA


5.10 GENTILEZA URBANA Santos, 2015 define a gentileza urbana na arquitetura como todas aquelas obras de cunho privado que possuem, em seu projeto, um espaço destinado ao urbanismo e paisagismo público em seu entorno. Ele cita como exemplo “um prédio que agrega uma praça ao seu projeto paisagístico, e a torna um espaço público, está praticando gentileza urbana“. Ele ainda comenta que não existe nenhuma legislação sobre essa prática, ela é totalmente voluntária e cresce a partir de estímulos e incentivos, se tornando um trabalho de conscientização social. Com isso foi posto no entorno do abrigo como gentileza urbana uma academia pública, playground para as crianças, mesas de jogos e uma horta comunitária.

FIGURA 39: Passeios da gentileza urbana FONTE: Elaborado pela autora, 2020.

GENTILEZA URBANA

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FIGURA 38: Diagrama de Gentileza Urbana FONTE: Elaborado pela autora, 2020.

FIGURA 40: Academia Pública e Playground FONTE: Elaborado pela autora, 2020.


5.11 ESTACIONAMENTO No estacionamento do abrigo hรก 42 vagas para carros e 4 vagas acessiveis, 10 vagas para motos e uma รกrea para bicicletรกrio.

FIGURA 41: Mesas de Jogos FONTE: Elaborado pela autora, 2020. FIGURA 43: Estacionamento FONTE: Elaborado pela autora, 2020.

FIGURA 42: Fachada principal com vista para as mesas de jogos FONTE: Elaborado pela autora, 2020.

PROPOSTA

FIGURA 44: Estacionamento com vista para o bicicletรกrio. FONTE: Elaborado pela autora, 2020.

59



+

CONCLUSÃO


CONSIDERAÇÕES FINAIS A atividade realizada consistiu em elaborar um espaço com a premissa de dar uma assistência veterinária, bem-estar e conforto aos cães e gatos em situação de rua na cidade de João Pessoa - PB e reintegrá-los de forma responsável a vida social. O resultado foi enriquecedor e permitiu pensar questões de como materializar e fazer real os direitos que os animais possuem e de bem-estar mínimo, e em como oferecer uma vida digna para abandonados e necessitados e conscientizar sobre a Guarda Responsável. Permitiu também imaginar que este abrigo pode estimular a integração do homem com o animal fazendo com que o espaço se torne um lugar para toda a comunidade. A arquitetura, voltada à questão animal, tem o poder de integrar, mudar as relações de uso de espaços, de responsabilidade social, diminuir o abandono, reforçar os direitos dos animais e promover aos mesmos uma vida digna. A criação do Abrigo Temporário HOPE, tem como objetivo mudar o conceito de canil e gatil que temos no país, onde so se frenquenta o espaço que tem o interesse em adotar ou apenas deixar um animal para cuidados da instituição.

62

Concluo esse TFG com imensa satisfação de projetar um espaço que explicite a importância da relação homem e animal, tornando possível os anseios relacionados ao bem-estar deles e como um espaço prazeroso para visitantes e frequentadores sendo um ambiente confortável, aconchegante e que permite a proximidade e vivência com os animais de forma saúdavel para todos.


REFERÊNCIAS

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C CARVALHO, M. P.P.; KOIVISTO, M. B.; PERRI, S. H.; SAMPAIO, T. M. C. Estudo retrospectivo da esterilização em cães e gatos no Município de Araçatuba-SP, Rev. Cienc. Ext., v.2, n.2, 2007.

CONCLUSÃO

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I INSTITUTO PASTEUR. Orientação para projetos de Centros de Controle de Zoonoses (CCZ): Manual técnico. São Paulo, 2ª edição, 2000.

63


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M MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de Normas Técnicas para Estruturas Físicas de Unidades de Vigilância de Zoonoses. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ normas_tecnicas_estruturas_fisicas_unidades_vigilancia_ zoonoses.pdf. Acesso em: 15 abr. 2020. MORAIS, F.C.S.; FERREIRA, A F.; MACHADO, P.C.R.; FÉLIX, I.B.; MEDEIROS, M.D.; SOUZA, A.P.; SILVA, R.M.N.; Posse responsável de cães: uma questão de consciência, III Encontro de extensão da Universidade Federal de Campina Grande – Paraíba, 2008.

S SANTANA, L.R.; OLIVEIRA, T.P.; Guarda responsável e dignidade dos animais. Disponível em http://www.nipeda.direito. ufba.br/. Acesso em 25/11/2019. 64

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65

CONCLUSÃO


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