COOPERZIEL Cooperativa de Reciclagem e Educação Ambiental

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COOPERZIEL COOPERATIVA DE RECICLAGEM E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Leticia Cristina de Souza Barbosa



REEDUCAR COMUNIDADE IGUALDADE REDUZIR CAPACITAÇÃO MEIO AMBIENTE OZIEL VIVÊNCIA REPENSAR MONTE CRISTO CONSCIÊNCIA VIDA COLETA SELETIVA REUTILIZAR COLETIVO OZIEL RECICLAGEM RESÍDUOS CAMPINAS CATADORES

A

R E S S I G N I F I C A Ç Ã O

EDUCAÇÃO AMBIENTAL OLHAR CONSCIENTIZAR INCLUSÃO SOCIAL

ECOPONTOS

SOCIABILIADE

CONTAINERS CONSUMO CONSCIENTE TRABALHO GLEBA B PROTEÇÃO MATERIAL RECICLADO USO APRENDER

URBANISMO

CONSUMO

CIDADE



COOPERZIEL

COOPERATIVA DE RECICLAGEM E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO - CAMPUS SWIFT FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO PROJETO DE TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Acadêmica: Leticia Cristina de Souza Barbosa RA: 004201602263 Orientador: Marcelo Fernandes Piovani Campinas, Julho de 2020



ressignificar (v.) é olhar de dentro pra fora. é encontrar novidade no que a gente vê todo dia. é saber que as coisas mudam tanto quanto as pessoas. é recriar o que um dia foi criado. é a própria regra. é saber lidar com o novo. é perceber que tem um pouco da gente em tudo que a gente faz. é um exercício de autoconhecimento. é um ato de extrema liberdade em que a gente pinta o mundo a nossa volta do jeito que a gente vê. JOÃO DOERDELIM



[ AGRADECIMENTOS ] Primeiramente a Deus e a minha família por me dar força durante toda a minha trajetória. A meus pais Averaldo e Daniela por serem um exemplo pra mim. Sempre me guiaram pelo caminho do bem, me deram o amor incondicional, cuidado, apoio, força, educação durante toda a minha vida e com toda certeza isso tudo ajudou a me tornar quem eu sou hoje. Ao Marco Antonio por ser além de meu irmão o meu grande amigo, um companheiro que me apoia e está sempre ao meu lado quando mais preciso. Aos meus avós por sempre acreditarem em mim, por suas palavras de conforto e por alegrar os meus dias com suas companhias. A todo o corpo docente da Universidade São Francisco, em especial ao meu professor e orientador Marcelo Piovani por todo o apoio e o acompanhamento durante esse ano de trabalho. Aos meus amigos que me acompanharam nesse percurso da graduação, por todo companherismo e alegria que tornaram essa etapa da minha vida memorável. MUITO O B

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A RESSIGNIFICAÇÃO

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A RESSIGINIFICAÇÃO SOCIAL

14 15 15 16 18 22 26

INTRODUÇÃO JUSTIFICATIVA OBJETIVO GERAL OBJETIVO ESPECÍFICOS DEFINIÇÕES TEXTUAIS CONTEXTO HISTÓRICO URBANIZAÇÃO E CONSUMISMO PANOMARA GERAL A produção de resíduos mundialmente A produção e coleta de resíduos no Brasil Os aterros sanitários no estado de São Paulo TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL A COLETA SELETIVA

52 58 64 66 68 70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90

A CIDADE DE CAMPINAS A REGIÃO DO PARQUE OZIEL DIVISÃO DOS BAIRROS ZONEAMENTO DENSIDADE DEMOGRÁFICA USO E OCUPAÇÃO DO SOLO PONTOS DE INTERESSE URBANO INFRAESTRUTURA VIAS MOBILIDADE O PARQUE LINEAR O TERRENO VIAS A TOPOGRAFIA ESTUDO BIOCLIMÁTICO ACESSOS E FLUXOS

28 31 40 41 46

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A RESSIGINIFICAÇÃO MATERIAL REFERÊNCIAS PROJETUAIS O PROJETO CONCEITO E PARTIDO O USO DO CONTAINER O PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO PROGRAMA DE NECESSIDADES FLUXOGRAMA POR SETORES PROCESSO PROJETUAL SOMBREAMENTO SOLAR IMPLANTAÇÃO CORTE ESQUEMÁTICO VOLUMETRIA 3D

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A RESSIGINIFICAÇÃO FINAL

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXO I ANEXO II


1 A RESSIGNIFICAÇÃO



(Imagem: Catador de Reciclagem. Fonte: Catraca Livre, 2012)


A partir do processo de urbanização a sociedade moderna pós-revolução industrial teve um grande crescimento econômico e a partir de princípios capitalistas causou na sociedade um comportamento cada vez mais consumista, sem se preocupar com o uso racional dos recursos naturais. Por conta disso, milhões de toneladas de lixo são produzidas diariamente e a destinação e tratamento correto é um fato que é deixado a desejar nos dias de hoje. A atratividade para o consumo excessivo é a facilidade que esses itens causam no cotidiano das pessoas aliado ao incentivo pela cultura do ciclo de vida mais curto dos produtos. É típica da nossa cultura de consumo a “aparição de novas necessidades, cuja criação não tem limites” (KUHNEN, 1995. GRIMBERG, 1998) isso acaba intensificando o consumo cada vez maior, Segundo a Cooperação para a proteção do clima na gestão de resíduos sólidos urbanos (PROTEGEER, 2020) o descarte é definido como: “O descarte desse resíduo não significa que ele não tem mais valor, mas sim que não é mais necessário para quem o descartou. Contudo, existem grandes chances desse resíduo ainda ser útil para outras pessoas, em sua forma original ou transformado.” Grande parte desses materiais descartados são considerados em geral como inutilizáveis, porém ainda há muito potencial para novos usos. Essa ação de reutilização é algo que nos dias de hoje acaba beneficiando tanto a população como o meio ambiente.

A Ressignificação

[ INTRODUÇÃO ]

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[ JUSTIFICATIVA ] A cada ano que passa a cidade de Campinas tem elevado o seu déficit em relação ao tratamento da coleta seletiva de resíduos sólidos, conforme foi divulgado em fevereiro deste ano pela prefeitura da cidade através de uma matéria online pela G1.

A Ressignificação

Mensalmente estima-se que pela prefeitura que a cidade produza em média 32 mil toneladas de resíduos sólidos e dentre esses 8 mil toneladas com características para serem reciclados, mas somente 475 toneladas acabam chegando até as cooperativas de reciclagem. A cidade que a 6 anos desativou o seu aterro municipal por chegar a sua capacidade total, hoje não possui nenhum tratamento ou local de descarte adequado para o lixo urbano.

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Atualmente a cidade conta com onze cooperativas que cobrem 75% de área de coleta seletiva, mas ainda assim com toda a quantidade de lixo que a cidade produz somente 1,5% dos resíduos são reaproveitados, o restante é enviado ao aterro da cidade de Paulínia sem nenhuma oportunidade de aproveitamento. Ao total, Campinas conta com 16 ecopontos de coleta de resíduos que são insuficientes pelo tamanho da cidade e a quantidade de lixo que produz. Outro ponto a ser destacado é a conscientização da população em como descartar corretamente os seus resíduos, seja no seu cotidiano ou na sua própria casa. Essas atitudes diá-

rias quando não feitas corretamente acabam dificultando na coleta e no tratamento correto desses resíduos. Com isso, é visto a necessidade de um equipamento urbano que resolva os problemas relacionados tratamento desses resíduos, além da educação ambiental da população para assim reduzir os problemas relacionados ao lixo urbano na cidade.

[ OBJETIVO GERAL ] Com o propósito acadêmico e desenvolvido dentro da disciplina de Projeto de Trabalho Final de Graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Francisco, esse trabalho tem como objetivo a realização de um levantamento de informações da área do Jd. Monte Cristo, bairro situado na cidade de Campinas, onde foi diagnosticada a problemática relacionada a resíduos sólidos urbanos e com isso criado uma proposta de construção de um Centro de Reciclagem e Educação Ambiental.


[ OBJETIVO ESPECÍFICO ]

O intuito é aumentar a capacidade da cidade de gerenciar os resíduos sólidos urbanos, aplicar medidas de conscientização e preservação do meio ambiente e gerar renda e postos de trabalho para a população da região onde se encontra o bairro Jardim Monte Cristo. O projeto visa trabalhar desde a educação ambiental até oficinas de reuso dos materiais recicláveis para transformá-los em produtos rentáveis, combinando assuntos como: consumo, conscientização, reutilização, reciclagem e trabalho. A ideia que sintetiza o projeto é: REpensar, REduzir, REutilizar e REciclar; isso será trabalhado desde o programa de necessidades até os materiais utilizados na construção do edifício, onde será utilizado materiais locais e reaproveitados encontrados na cidade, incentivando a construção com materiais sustentáveis. Do mesmo modo, esse projeto também irá visar o aumento da quantidade de ECOPONTOS espalhados pela cidade para suprir a necessidade de espaços de coleta por todo o município.

(Imagem: Coletor de reciclável na cidade de Campinas. Fonte: ODC, Lenadro Torres)

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Esse trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de um Equipamento Urbano voltado à reciclagem de resíduos sólidos, além conter em seu programa espaços para trabalhar estratégias socioeducativas para conscientização e reutilização de materiais recicláveis.

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A Ressignificação

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(Imagem: Lixo acumulado nas ruas da Baixada Fluminense Fonte: Uol Notícias)


De forma a facilitar a compreensão das informações e evitar a utilização de termos e definições inadequadas, foi elaborada uma pesquisa com base na classificação de cada palavra que define esse trabalho acadêmico. LIXO Restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis, podendo se apresentar no estado sólido e líquido desde que não seja passível de tratamento. (ABNT, 2004) REJEITOS São resíduos sólidos que foram esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por todos os tipos de processos disponíveis. Não apresentam outra possibilidade a não ser a disposição final ambientalmente adequada. (IBGE, 2001). RESÍDUOS SÓLIDOS (RS) São resíduos no estado sólido e semissólido que resultam de atividades de origem doméstica, comercial, industrial, hospitalar, agrícola e de serviços de varrição. A classificação conforme a norma ABNT, NBR 10.004: 2004, foi definida da seguinte forma: • Resíduos classe I - Perigosos: São os resíduos que apresentam periculosidade ou pelo menos uma das seguintes características: inflamabilidade, corrosi

• vidade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade. • Resíduos classe II - Não perigosos: São os resíduos não perigosos e que não se enquadram na classificação de resíduos classe I e são divididos em: Resíduos classe II A ? Não Inertes e classe II B ? Inertes. • Resíduos classe II A - Não inertes: São aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I ou de resíduos classe II B e podem ter propriedades como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. • Resíduos classe II B - Inertes: São quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (RSU) Os Resíduos Sólidos Urbanos (RSUs), são tipos de resíduos que resultam das atividades geradas nos centros urbanos. Seguindo a norma da ABNT, NBR 10.004:2004, resíduos sólidos urbanos são definidos como: “Resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cuja particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de es

A Ressignificação

[ DEFINIÇÕES TEXTUAIS ]

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gotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções, técnica e economicamente, inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.”

A Ressignificação

De acordo com LIMA, 1991, a classificação acontece de acordo com sua origem e está baseado no tipo de função que cada local exerce, seja ela uma residência, um comércio ou uma indústria. Com isso é possível elencar qual tipo de resíduo esse local irá descartar, sendo assim uma das classificações mais eficientes e fáceis de se compreender:

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Lixo domiciliar: estes são gerado nas residências, escritórios e nos refeitórios e sanitários das indústrias, geralmente lugares onde existe satisfação de necessidades naturais humanas. São descartados restos de alimentos, papéis, plásticos, vidros, metais, dentre outros. É um tipo de resíduo menos específico e mais comum de ser encontrado e ainda sim mais variado. Possui potencialidade de reciclagem. Lixo comercial: são resultantes de estabelecimentos comerciais. É composto basicamente dos mesmos resíduos que o “Lixo domiciliar” porém, é um tipo de resíduo menos específico e mais variado e com potencialidade de reciclagem. Lixo industrial: resultante dos processos das indústrias. Esse resíduo é bem característico por depender do tipo de produção de cada indústria, geralmente são restos de materiais e subprodutos dos processos de fabricação, dentre outros. É um tipo de resíduo mais específico e menos variado, com potencialidade de reciclagem.

Lixo hospitalar: gerado por hospitais, farmácias, ambulatórios médicos e clínicas veterinárias. É um tipo de resíduo mais específico e menos variado e tem baixa potencialidade de reciclagem. Lixo de vias públicas: resultante da varrição de ruas, limpeza de bueiros, bocas-de-lobo,canais, terrenos baldios, etc. É composto por terra, folhas, entulhos, papéis, vidros, plásticos, metais, dentre outros. É um tipo de resíduo menos específico e muito variado, com potencial de reciclagem parcial. Entulho da construção civil: gerado na construção e reforma de obras em geral. Sua composição é restos de demolições e sobras de materiais de construção. É um tipo de resíduo mais específico e menos variado, com potencial de reciclagem parcial. Outros: estes são diversos que podem ser proveniente de regiões portuárias, aeroportos etc. Além disso, existem os de origens diversas tais como produtos resultantes de acidentes, animais mortos, veículos abandonados, dentre outros.


A Ressignificação

De acordo com essas definições, podemos concluir que é incorreto tratar resíduos sólidos que são destinados a reciclagem como lixo ou rejeito, sendo esses materiais ainda com potencial para outros processos de produção. Durante todo a evolução da civilização, qualquer descarte do ser humano seja ele considerado inutilizável ou não era considerado como “lixo” e atualmente a caracterização popular não é diferente, visto que o lixo é algo que consideramos sem valor ou utilidade. Atualmente existe uma denominação correta e mostra como esse conceito é ultrapassado e a cada dia que passa é comprovado o grande potencial de materiais para reciclagem e reutilização em diversos setores.

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(Imagem: Resíduos descartados. Fonte: Pala Laboratório)


(Imagem: Uso de latĂľes para condicionar o lixo em 1972 Fonte: Alfredo, acervo EstadĂŁo)


A LIMPEZA URBANA ATRAVÉS DOS TEMPOS A história do processo de civilização da humanidade sempre esteve ligada ao consumo e descarte de resíduos, mas isso ganhou força quando a raça humana deixou de ser nômade e começou a se fixar em territórios e viu-se frente a frente com a questão de como enfrentar o problema dos resquícios de seu descarte e produções diárias. Com base em WEYL (1985) é possível identificar que o homem já traz consigo um sentido de limpeza, assim como no reino animal, onde todos já nascem com seu instinto de manter higienizado o local se instalam. Mas por que essa higienização vem aliado ao sentido de sujar o meio ambiente longe de si e não tratar resíduos de forma correta? Isso está preso em costumes históricos que vem desde os tempos antigos até os dias de hoje, pois apesar de ser um tema importante nunca foi bem visto pela sociedade. Os tempos de antiguidade tem uma contribuição significativa para se entender os princípios da limpeza urbana, onde foram desenvolvidos pelos povos antigos diversas técnicas para cuidar do seu resíduos e dejetos. Os Sumérios foi um povo importante para a história, com suas cidades complexas e bem organizadas foram os responsáveis por criarem a questão de esgotamento e a captação de água para a sua população. Com o conhecimento em irrigação, desenvolveram canos de barro usados para escoamento da cidade além de canais murados que ligavam as casas, para captação de águas servidas. Além deles, o povo Assírio, que

vieram logo após desenvolveram o sistema de canalização para captação de águas de chuva utilizando tijolos queimados. O povo Hindu, que também faz parte desse tempo teve sua contribuição para a parte instalação sanitária nas casas. Abaixo delas foram desenvolvidos canais subterrâneos já com possibilidades de inspeção periódicas, para captação de águas servidas e esgoto através da criação de canos de barro. Já a Grécia antiga trouxe o conhecimento de separação das águas de uso geral para as águas utilizadas em instalações de higienização humana, além de descobrirem que as feze de animais poderiam ser usadas na agricultura como adubação. “Em Atenas (por volta do séc. V a.C.), por se utilizar grande volume de água para limpeza doméstica e corporal, havia necessidade de sistemas de canalização para captação. Em muitas casas não ligadas à canalização as águas servidas eram conduzidas para os jardins ou ruas. Locais de banho público eram ligados aos canais.” Eigenheer (2009, p.30)

O povo Romano, além de toda a sua genialidade em criar extensos abastecedores de água para a sua grande população, é responsável pela criação de fossas nas casas, que eram esvaziadas periodicamente à noite e em tempo frio por camponeses e comerciantes de “adubo”. As fezes eram também depositadas em tonéis e levadas por escravos para o campo ou mesmo despejadas em cloacas. Foi nessa época que os rejeitos humanos começaram a serem depositados na natureza sem nenhum tipo de tratamento, já que as cloacas

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[ CONTEXTO HISTÓRICO ]

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despejava os dejetos nos rios ao redor das cidades romanas. Segundo EIGENHEER (2009), a idade média foi marcada por criar e impor regras em várias cidades para a destinação dos dejetos nos limites urbanos para promover a limpeza das cidades. ‘“Proíbem-se a destinação inadequada de dejetos por carroceiros, o lançamento de lixo e fezes nas ruas e o uso da água das chuvas (enxurrada) como meio de se livrar de lixo e dejetos, que provocavam o entupimento de canais.” Eigenheer (2009, p.43)

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(Imagem: Banheiro na Grécia antiga. Fonte: Wikipédia)

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Na transição da idade média para a moderna no século XIV, ações públicas começaram a ser criadas com o objetivo de tratar questões de saneamento e saúde nas cidades. Segundo EIGENHEER (2009), deu-se início ao calçamentos das ruas e por volta de 1340 na cidade de Praga, começou um serviço regular de coleta de lixo e limpeza de vias públicas, que estendeu-se para diversas cidades, como Paris, Leiden e Bruxelas. A limpeza era feita frequentemente ao comando dos tiranos das cidades, que usavam como auxiliares prisioneiros e meretrizes, alegando que os mesmos eram responsáveis por parte da sujeira nas ruas das cidades. Essa prática se estendeu pelo menos até o século XX e com isso deu-se a entender de forma errônea, que o trabalho de coleta de lixo era feito como castigo, desqualificando a profissão do coletor até os dias de hoje. A partir do século XIX é que houve mudanças significativas nas questões de limpeza urbana, isso ocorreu com a chegada da Revolução Industrial que foi um marco de crescimento urbano das cidades. Além disso agrava-se ainda mais

(Imagem: Parte interna de uma cloaca. Fonte: Stéfano B.)


O destino final do lixo entra em questão, e com isso surge a queima dos dejetos e os incineradores, começa-se a pensar em reaproveitamento e surge os primeiros catadores, usinas de triagem e coleta seletiva que inicia-se nos EUA e em cidades da Europa. Apesar do avanço de medidas que foram criadas nessa época ainda era insuficiente pela quantidade de pessoas que viviam nas cidades, além da má gestão de destinamento dos resíduos e dejetos que continuavam sendo destinados aos mares, rios e aos limites das cidades, sem o devido tratamento correto. Medidas que se estenderam até os dias de hoje, como aterros sanitários que pressupõem impermeabilização do solo a ser usado, tratamento do chorume e dos gases, recobrimento e posterior paisagismo, só surgiram na segunda metade do século XX.

(Imagem: Coletores e caminhão na década de 70. Fonte: Percolado)

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as implicações sanitárias e de saúde, fato afirmado com a teoria microbiana de doenças que surgiu nessa época. Assim surgiu alternativas para o tratamento dos resíduos. O primeiro passo foi a distinção entre lixo (resíduos sólidos) e águas servidas (fezes, urina, etc.), que fez com que passassem a serem coletados separadamente através do esgotamento sanitário.

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(Imagem: LatĂľes de lixo Fonte: Olimpia 24 horas.)


A sociedade nos dias de hoje vive em um eterno conflito entre o ser e o ter. Apesar disso o consumo é algo natural do ser humano, nós precisamos consumir para viver, porém a realidade atual intensificou algo que é natural e foi tornando essa atitude em algo desenfreado e desnecessário, criando necessidades dispensáveis que muitas vezes são modificadas de acordo com o interesse capitalista. A face do consumo existe em duas esferas: o consumo essencial e o consumo supérfluo. O essencial é o mínimo que precisamos para a sobrevivência e são bens indispensáveis de infraestrutura básica como: moradia, água tratada, esgotamento sanitário, saúde, lazer, emprego. O segundo, que entra como foco deste trabalho, é aquele que transforma as necessidades reais em algo individualista e instantâneo. O consumo supérfluo é o ato de consumir algo excesso para satisfazer desejos imediatos e desnecessários, e isso pode acarretar em diversos dos problemas ambientais que temos atualmente. O século XX foi uma era revolucionária no mundo todo, essa época foi marcada por grandes mudanças na vida e no cotidiano da população pois houve uma grande urbanização nas cidades, o desenvolvimento econômico, o crescimento populacional e também a revolução tecnológica. As cidades que antes eram constituídas de predominância rural e produção agrícola deu espaço a era industrial e a urbanização desenfreada dos centros urbanos, trazendo consigo mudanças inevitáveis para a sobrevivência da população residente nesses espaços.

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[ URBANIZAÇÃO E CONSUMISMO ]

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Conjuntamente com a urbanização nas cidades foi crescendo a necessidade de consumo das pessoas que vivem nela e com isso houve um aumento no volume de resíduos sólidos urbanos descartados diariamente. Com isso, um dos maiores desafios do século XXI se tornou reduzir os milhões de toneladas de lixo que nossa civilização produz e isso depende diretamente de mudanças nos padrões de produção e consumo da sociedade.

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Necessidade é conceito relativo. As necessidades não são constantes porque elas são categorias da consciência humana desde que a sociedade se transforma, a consciência da necessidade transforma-se também. O problema é definir exatamente em que a necessidade é relativa, e entender como as necessidades surgem. As necessidades por ser definidas a respeito de um número de diferentes categorias de atividade – permanecendo estas completamente constantes no tempo (alimento, habitação, cuidados médicos, educação, serviço social e ambiental, bens de consumo, oportunidades de lazer, amenidades de vizinhança, facilidades de transporte). (HARVEY, 1980, p. 87)

Devido a evolução tecnológica os itens produzidos começaram a ter alterações químicas em seus componentes e muito desses elementos passaram a oferecer perigo tanto a saúde humana como ao meio ambiente. Além disso, a extração dos recursos naturais para a produção dos bens de consumo hoje se encontra acima da capacidade do planeta, a produção crescente de resíduos sólidos causa impactos no ambiente e na saúde que pode ser irreversíveis e o uso sustentável dos recursos naturais ainda é uma meta distante. (AGEN-

DA 21, 1997; CONSUMERS INTERNATIONAL, 1998). “A questão ambiental deve ser compreendida como um produto da intervenção da sociedade sobre a natureza. Diz respeito não apenas a problemas relacionados à natureza, mas às problemáticas decorrentes da ação social.” Rodrigues (1998, p.13)

Outra questão que o consumo excessivo traz a tona é a falta de gestão da infraestrutura ambiental por meio dos governantes. Para Bezerra (2000), além das questões socioeconômicas e ambientais, os resíduos sólidos também possui importância sanitária e com isso torna-se um problema de saúde pública. A má gestão das cidades quando somado a urbanização acarreta diversos problemas visto que o crescimento das cidades sempre terminam em o consumo seja de espaços ou matéria prima do meio ambiente e finaliza com o descarte indevido destes materiais. A poluição causada na atmosfera, a degradação e contaminação do solo, a poluição da água, a proliferação de vetores de importância sanitária, a potencialização dos efeitos de enchentes nos centros urbanos, são alguns dos diversos problemas que a poluição causa ao meio ambiente. A destinação desses resíduos ainda é conhecida como um grande desafio para a sociedade, principalmente quando falamos em cidades pois a gestão é uma tarefa de enorme complexidade e por consequência, temos o resultado de cidades caóticas e ambientalmente frágeis.


[ PANORAMA GERAL ]

Com o consumo desenfreado a produção desses materiais aumenta a cada dia, o plástico, um dos grandes vilões da natureza, é um dos produtos mais usados no cotidiano das pessoas e consequentemente o produto mais descartado no meio ambiente. Atualmente o top 4 de países que mais produzem e descartam plástico no mundo segundo o Relatório feito pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF, 2019) são: 1° Estados Unidos, 2° China, 3° Índia e 4° Brasil. Além desses países, quase metade da produção gerada hoje é responsabilidade dos 30 países mais desenvolvidos no mundo. Com base no relatório What a Waste 2.0 (2012) do banco mundial, é possível analisar através de alguns parâmetros (Imagem: Vazadouro a céu aberto. Fonte: Pixabay.)

A Ressignificação

A PRODUÇÃO DE RESÍDUOS MUNDIALMENTE Atualmente no mundo vivem cerca de 7,7 bilhões de seres humanos que anualmente, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), produz-se em média cerca de 1,4 bilhão de toneladas de resíduos sólidos urbanos, chegando a uma média diária de 1,2 quilos por pessoa. Com base nos estudos realizados pelo Banco Mundial (2012), em 2025 podemos chegar a produção de 2,2 bilhões de toneladas, e em 2050 seguindo esse ritmo de consumo e descarte, vamos chegar a 9 bilhões de habitantes produzindo 4 bilhões de toneladas de resíduos anual. Isso significa que se nada for feito para diminuir a produção de lixo, a quantidade de lixo pode crescer em 70%.

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sendo eles: a quantidade de lixo descartada, qual o tipo de lixo mais descartado, qual cobertura de coleta, qual o destino final mais utilizado e qual a situação atual do continente em relação a busca de tratamento dos resíduos sólidos.

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Leste Ásia e Pacífico Quantidade em 2016: 468 milhões de toneladas, 0,56 kg per capita por dia. Os resíduos mais descartados: 53% resíduos orgânicos, seguido de 15% de papel. Cobertura de coleta seletiva: 77% área urbana, 45% área rural. Destino final mais utilizado: 46% do lixo é descartado em algum tipo de aterro; 24% de resíduos é incinerado, principalmente em países de alta renda; e cerca de 9 por cento de resíduos é reciclado. Europa e Ásia Central Quantidade em 2016: 392 milhões de toneladas, 1,18 kg per capita por dia. Os resíduos mais descartados: 36% resíduos orgânicos, seguido de 18,6% de papel. Cobertura de coleta seletiva: 96% área urbana, 55% área rural Destino final mais utilizado: Atualmente, 31% dos resíduos são recuperados por meio de reciclagem e compostagem, 18% são incinerados.

América Latina e Caribe Quantidade em 2016: 231 milhões de toneladas, 0,99 kg per capita por dia. Os resíduos mais descartados: 52% resíduos orgânicos, seguido de 15% de outros Cobertura de coleta seletiva: 84% área urbana, 30% área rural Destino final mais utilizado: Cerca de 69% dos resíduos são descartados em alguma forma de aterro, e mais de 50% dos resíduos são descartados em aterros sanitários com controle ambiental. Apenas 4,5% são reciclados. Oriente Médio e Norte da África Quantidade em 2016: 129 milhões de toneladas, 0,81 kg per capita por dia. Os resíduos mais descartados: 58% resíduos orgânicos, seguido de 13% de papel Cobertura de coleta seletiva: A instabilidade política em certos países impediu o desenvolvimento de sistemas formais de lixo em muitas áreas. Destino final mais utilizado: Cerca de 53% de todo o lixo é descartado em lixões abertos, embora os países estejam buscando métodos alternativos para descartá-lo, principalmente no Conselho de Cooperação do Golfo (GCC). Reciclagem e compostagem são comuns em escala piloto. América do Norte Quantidade em 2016: 289 milhões de toneladas, 2,21 kg per capita por dia.


Sul da Ásia Quantidade em 2016: 334 milhões de toneladas, 0,52 kg per capita diariamente. Os resíduos mais descartados: 57% dos resíduos orgânicos e desperdícios. Cobertura de coleta seletiva: 44,4% principalmente por meio de sistemas de porta a porta. Destino final mais utilizado: 69% dos resíduos são despejados em vazadouro a céu aberto, embora o uso de aterros e sistemas de reciclagem está se tornando mais prevalente. África Subsaariana Quantidade em 2016: 174 milhões de toneladas, 0,46 kg per capita por dia. Os resíduos mais descartados: 40% dos resíduos orgânicos e verdes. Cobertura de coleta seletiva: 44% área urbana, a área rural os serviços de coleta de lixo são mínimo.. Destino final mais utilizado: Atualmente, cerca de três quartos dos resíduos são despejados a vazadouros a céu aberto. (Fonte: What a Waste 2.0 Banco Mundial, 2012

600 500

468 392

400 334 289

300 231

200

174 129

100 0 Oriente Médio Africa e Norte da Subsaariana África

América Latina e Caribe

América do Norte

Sul da Ásia

Europa e Ásia Central

Leste da Ásia e Pacífico

(Fonte: What a Waste 2.0 Banco Mundial, 2012. Adaptado pela autora)

Com base nas informações podemos concluir que a reciclagem ainda é um sonho distante em todo o mundo. Mesmo os países e continentes mais evoluídos progrediram pouco em relação a reciclagem, optando pela disposição dos resíduos a aterros sanitários em sua maioria. Continentes menos evoluídos são preocupantes, chegando ao total de 93% de disposição do lixo a céu aberto e pouca evolução para tratamentos correto dos resíduos sólidos. Considerando o crescimento constante da humanidade diariamente e o consumo, é de extrema urgência que medidas de tratamento sejam prioridade aos governantes dos países para não entrarmos em um caos urbano.

A Ressignificação

Os resíduos mais descartados: 57% são resíduos orgânicos e desperdício. Cobertura de coleta seletiva: 99,7 com a lacuna na cobertura das coleções ocorrendo nas Bermudas. Destino final mais utilizado: Em 54%, mais da metade dos resíduos na América do Norte são descartados em aterros sanitários e um terço dos resíduos é reciclado.

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A Ressignificação

PRODUÇÃO E COLETA DE RESÍDUOS NO BRASIL Assim como já mencionado, atualmente o Brasil encontra-se entre os países que mais produzem lixo no mundo com base no estudo “Solucionar a Poluição Plástica: Transparência e Responsabilização”, feito pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF, 2019). Os números são exorbitantes considerando a quantidade de lixo produzido, o quanto é coletado e a quantidade que é reciclado, chegando a 79 milhões toneladas de resíduos ao ano.

Baseado no Panorama dos Resíduos Sólidos de 2018/2019 produzido pela Abrelpe, no ano de 2018 o país chegou a 79 milhões toneladas são produzidas por ano, e 92% deste material foi coletado. Com relação ao ano anterior apresentou 1% de redução da quantidade de lixo produzido e 2,4% de aumento na destinação correta para aterros sanitários, demonstrando uma pequena evolução, mas ainda sim insuficiente considerando que 8% dos resíduos não são coletados, chegando a 6,3 milhões de toneladas ao ano. Além disso somente 59,9% dos resíduos coletados foram destinados a tratamento correto, o restante, cerca de 35,7 milhões de toneladas foi despejado em locais inadequados como lixões a céu aberto ou aterros controlados espalhados pelo país, que não contam com um conjunto de sistemas e medidas necessários para proteger a saúde das pessoas e o meio ambiente contra danos e degradações. A questão de reciclagem e compostagem dos resíduos que também foi muito abaixo do esperado, sendo somente 1,28% destinado a reutilização em cooperativas de reciclagem. PANORAMA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL

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COLETADO

TRATADO

RECICLADO (Fonte: Relatório Abrelpe, 2019. Infográfico autoria própria)

(Fonte: Relatório Abrelpe, 2019. Infográfico autoria própria)


“Enquanto o mundo fala em economia circular e avança na energia renovável a partir de resíduo, nós ainda temos um déficit no Brasil de lixão a céu aberto em todas as regiões e pouca coleta seletiva na cidade. Numa visão geral, percebe-se que o modelo atual é insustentável. A permanecer como está, tornar-se-á cada vez mais custoso e, em alguns pontos, irreversível.” (Carlos Silva Filho, diretor presidente da Abrelpe, 2019.)

formalizada (que garante todos os benefícios formalizado) entre catadores e a prefeitura é baixo, chegando a 14,8%. DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS (Tonelada/Dia) 45.830 118.631

ATERRO SANITÁRIO

34.850

ATERRO CONTROLADO LIXÃO

(Fonte: Relatório Abrelpe, 2019. Infográfico autoria própria)

Em relação ao tratamento, com base nos 5.570 municípios brasileiros, apenas 16,57% totalizando 923 cidades possui algum tipo de ação para tratar e/ou reciclar os resíduos sólidos, e esse fato se intensifica nas regiões mais populosas do país, como sudeste e sul. As disposições mais utilizadas são aterros sanitários, que são legais perante o Ministérios do Meio Ambiente, e os Aterros Controlados ou Vazadouros a Céu aberto. Segundo o IBGE (2010) os equipamentos Urbanos com foco em reciclar e elevar os níveis de sustentabilidade desses materiais são muito pouco construídos no país, além disso as cooperativas de reciclagem que possui algum vínculo ou parceria

Outro fato a se considerar é que as a maior parte das cidades onde já há a implantação de equipamentos para reciclagem contém mais de 500 mil habitantes, as que ainda não tem plano mas estão em fase de elaboração resulta em apenas 19%. Em síntese temos o resultado que além do problema com coleta seletiva que existe em diversas cidades brasileiras, principalmente nas regiões norte, nordeste e centro-oeste, o déficit precário se encontra no tratamentos de qualidade dos resíduos sólidos urbanos.

A Ressignificação

Além do déficit do serviço público outro problema significativo é os os baixos índices de conscientização da população e o aumento de consumo. A cultura do país não está ligada a separação de resíduos nas próprias casas, além do descarte diário em excesso de produtos em locais públicos como ruas e calçadas, e a população está longe de consumir produtos mais sustentáveis que ajudariam na redução de resíduos diariamente, reforçando a cultura do consumo excessivo no país.

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(Imagem: O ciclo do logĂ­stica reversa Fonte: Subsampling)


Essa lei é caracterizada como um marco nesse setor, pois contém diretrizes importantes para o tratamento dos resíduos e ainda integra o poder público a iniciativa privada e a sociedade. Para garantir a efetividade da lei, foi definido ações que podem ser efetuadas nas três escalas, sendo definidos como: Plano Nacional e Plano Estadual de Resíduos Sólidos e o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos que entra como um instrumento de medida de qualificação ambiental das cidades. O documento é composto por principios e instrumentos que vão nortear toda a busca pela redução de impactos dos resíduos sólidos, e são eles:

A Ressignificação

POLITICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS) A Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi estabelecida em 02 de agosto de 2010 e conta com instrumentos, diretrizes e responsabilidades estabelecidas pelo governo federal para atuar na prevenção e na redução na geração de resíduos. Unindo forças da escala federal, estadual e municipal essa lei atua como um instrumento legal e estabelece diretrizes gerais aplicáveis aos resíduos sólidos para orientar os Estados e os Municípios na adequada gestão desses resíduos.

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Art. 6o São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos:

I - a prevenção e a precaução II - o poluidor III - a visão

pagador e o protetor recebedor

sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos

IV - o desenvolvimento

sustentável

V - a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos

A Ressignificação

VI - a cooperação entre demais segmentos da sociedade

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VII - a responsabilidade

as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos

VIII - o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem nômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania IX - o respeito X - o direito

eco-

às diversidades locais e regionais

da sociedade à informação e ao controle social

XI - a razoabilidade e a proporcionalidade.

(Fonte: Lei 12.305 Política de Resíduos Sólidos, 2010. Adaptado pela autora)


5

9

13

O monitoramento e a fiscalização ambiental, sanitária e agropecuária

Os incentivos fiscais, financeiros e creditícios

Os conselhos de meio ambiente e, no que couber, os de saúde

2 6

10 14

17

3

A cooperação entre os setores público e privado para o desenvolvimento de pesquisas

7

O Fundo Nacional do Meio Ambiente e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

11

Os órgãos colegiados municipais destinados ao controle social dos serviços de resíduos sólidos

15

Os instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente

18

A coleta seletiva e o sistema de logística reversa

A pesquisa científica e tecnológica

O Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir)

O Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos

O incentivo à adoção de consórcios ou de outras formas de cooperação entre os entes federados

4 8

12 16

O incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas

A educação ambiental

O Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Sinisa)

A Ressignificação

1

O plano de resíduos sólidos

Os inventários e o sistema declaratório anual de resíduos sólidos

Os acordos setoriais

(Fonte: Lei 12.305 Política de Resíduos Sólidos, 2010. Infográfico autoria própria)

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A Ressignificação

Todos buscam e priorizam a redução de impactos dos resíduos sólidos no meio ambiente de alguma forma e são fundamentais a serem seguidos. Inicia-se pelo estabelecimento da importância da qualidade ambiental no meio ambiente, assim como enfatiza a importância em adotar padrões de vida mais sustentáveis e diminuir o consumo desenfreado, que é algo muito comum nas cidades atualmente. Também inclui a relevância em se ter indústrias de reciclagem para a reutilização de produtos e materiais melhorando o ciclo de sustentabilidade, que é algo muito discutido e devido a sua importância entra como um instrumento da lei. Prevê como a relação entre o poder público e o poder privado quando feitas da forma correta, através da gestão integrada, pode trazer benefícios como melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos sólidos.

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Dentre os assuntos discutidos alguns merecem destaque, como: o encerramento dos lixões, o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, a Responsabilidade Compartilhada do ciclo de vida dos produtos e a Logística Reversa. No artigo 15 da lei que faz parte do Plano Nacional, é definido o encerramento dos lixões em todas as cidades brasileiras. A partir da data de início publicação todos os municípios que ainda utilizavam os lixões como depósito para descartes deveriam implantar aterros sanitários adequados a disposição final dos resíduos urbanos, seguindo corretamente as normas e diretrizes estabelecidas para a implantação, além de ser destinado a esse lugar somente os rejeitos urbanos, os

resíduos sólidos recicláveis devem ser enviados ao centro de triagem. A lei previa que o prazo final para a implantação desse processo era de 4 anos, encerrando em 2014. Como previsto e analisado nas cidades nos dias de hoje, essa é uma meta ainda a se atingir em muitas cidades brasileiras. O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos é um instrumento de que tem o intuito de demonstrar como as empresas conduzem os resíduos sólidos e se dão a destinação adequada a tudo que é gerado pela mesma. O documento trata dos procedimentos e operações já implantadas e quais ainda devem ser adotados no gerenciamento dos resíduos para as etapas de segregação, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação ou disposição final.


A Responsabilidade Compartilhada declara que a responsabilidade pela gestão dos resíduos é de todos de os atores que participam do ciclo de vida do mesmo, ou seja, desde a produção até o consumo e a chama de “responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto”. Isso inclui todos os envolvidos e mesmo que em escalas diferentes todos têm responsabilidade sobre o produto e devem seguir as exigências de cumprimento da lei, é um princípio estratégico para que todos façam parte e desenvolvam ações que diminuam o impacto do produto no meio ambiente. Essa diretriz age em conjunto com a Logística Reversa, que é um instrumento que viabiliza o reaproveitamento dos produtos em ciclos produtivos ou o descarte apropriado quando não houver mais chances de reaproveitamento. Ao fim do uso as empresas recebem de volta o material e esse retorno pode acontecer de diversas maneiras, as mais

conhecidas são implementadas da seguinte forma: • Implantação de mecanismo de compra dos produtos e embalagens usados; • Parceria com cooperativas para o recolhimento do resíduo; • Postos de entrega; O retorno do material para a empresa o inclui em uma volta para o ciclo produtivo, o material deixa de ser um resíduo e se torna matéria prima para novos produtos, assim minimizando os impactos ambientais sobre o meio ambiente. No ano de 2020 a Lei da PNRS completa 10 anos de sua existência e mesmo com uma uma forte base teórica de instrumentos a serem seguidos o índice de produção de lixo no país em geral sobe a cada ano, e o nível de reciclagem de resíduos que ainda podem ser aproveitados continua baixo em relação a essa produção. Além disso, uma de suas metas que era a extinção dos lixões a céu aberto no período de 4 anos não foi concluída, já que ainda hoje existem mais de 3 mil lixões em operação no Brasil. Os maiores desafios estão na conscientização da população e a efetividade dos instrumentos dispostos pela lei, que deveriam ser fiscalizados mas essa ainda também é uma meta distante a se alcançar.

A Ressignificação

A lei contempla todo o conteúdo mínimo necessário a ser elaborado, que começa com a descrição da empresa e a atividade que ela exerce; é feito um diagnóstico dos resíduos considerando a sua origem, o volume e a caracterização dos resíduos; é definido os procedimentos operacionais em todas as etapas de gerenciamento e com isso será identificado as soluções e aplicado as medidas mitigadoras dos problemas ambientais. O Plano de Gerenciamento integra a parte de licenciamento ambiental e renovação de operação das empresas, e é de extrema importância que esse relatório seja feito periodicamente.

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(Imagem: Aterro sanitรกrio no estado de Sรฃo Paulo. Fonte: Lori Paula, 2016)


No entanto o fato preocupante é como essa destinação é feita, pois a quantidade de lixo que não é tratado na própria cidade sendo transportado para fora subiu de 47% para 54%, ou seja, as cidades não estão evoluindo dentro delas para dar a destinação correta aos resíduos e sim, utilizando os meios já existentes pelas cidades vizinhas. No total, mais da metade do lixo do estado de São Paulo não fica nas cidades onde é gerado. DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS NO ESTADO (Tonelada/Ano) 7,88t

6,69t

ENVIADO A OUTRA CIDADES PERMANECE NA CIDADE

(Fonte: Medium/CETESB, 2017. Adaptado pela autora)

No estado de São Paulo, a cidade de Caieiras lidera o ranking em quantidade de resíduos recebidos, são em média 2,4 milhões de toneladas ao ano vindo de 17 cidades diferentes sendo elas algumas das mais populosas do estado como a própria capital São Paulo, Várzea Paulista e Itapecerica da Serra. Em sequência encontra-se a cidade de Paulínia, com 1,1 milhões de toneladas ao ano, ela recebe o lixo de 90% de toda a Região Metropolitana de Campinas, inclusive desde 2014 vem recebendo os resíduos da metrópole que teve seu aterro desativado por chegar a capacidade final. “As cinco cidades que mais recebem lixo de fora lidam com 36% de todo lixo gerado no estado.” (Fonte: Medium Corporation, 2019)

Ainda com dados retirados da CETESB, foi possível identificar que muitas vezes são percorridas longas distâncias para esse processo, como é o caso da cidade de Mirandópolis, que transporta seu lixo até Catanduva a 300km de distância. A média percorrida até esses aterros em outras cidades aumentou de 41,2 km para 44,8 km dentre esse mesmo tempo (2011 a 2017). Além de custos elevados para a disposição dos resíduos, que aumenta a cada km que é percorrido para o destino final, outro ponto a se destacar é o maior consumo de combustível e geração de gases causando, contribuindo para o efeito estufa prejudicando a atmosfera e o meio ambiente.

A Ressignificação

DESTINO DOS RESÍDUOS: OS ATERROS SANITÁRIOS DO ESTADO DE SÃO PAULO Atualmente, o Estado de São Paulo possui 369 aterros que operam 39,9 mil toneladas de lixo por dia. Mesmo com um número elevado, segundo a CETESB (2018) houve um avanço considerável em relação a destinação do lixo no estado, dentre os anos de 2001 a 2017 o percentual de disposição adequada dos resíduos subiram de 84% para 98%.

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[ TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL ]

A Ressignificação

A destinação e o tratamento final de rejeitos e resíduos sólidos tem sido um dos principais e menos discutidos problemas a serem tratados atualmente, a importância se deve visto que a poluição agrava a cada dia pelo crescimento diário da população e aumento de resíduos urbanos. Para tratamento ou destinação final é necessário o conhecimento de todas as opções possíveis, levando em consideração a tecnologia que melhor tratará essas questões e ainda reduzirá o impacto negativo no meio ambiente. Dentre os processos conhecidos para tratamento, é possível citar:

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Vazadouro a céu aberto (Lixões): os lixões são vazadouros a céu aberto que não fornecem nenhum tratamento adequado para o lixo. Nos lixões é possível encontrar resíduos vindos de diversos lugares como: residências, indústrias, hospitais etc. Eles são amontoados em grandes depósitos a céu aberto que geralmente ficam longe dos centros urbanos, apresentando-se como uma falsa solução à população. Aterro Sanitário: É processo mais conhecido nos dias de hoje. O aterro sanitário é caracterizado por ser uma espécie de depósito de descarte de resíduos sólidos provenientes de residências, indústrias, hospitais e construções. Grande parte deve ser formada por materiais não recicláveis. O aterro deve estar fora da área de influência direta de mananciais e distante de área urbana, o ideal é que esteja a 200m qualquer tipo de corpo hídrico seja nascentes, (Imagem: Lixão da Estrutural. Fonte: Edilson Rodrigues)


Aterro Controlado: Esse tipo de processo é visto como uma solução rápida, cujo objetivo é tentar auxiliar a gestão da imensa quantidade de resíduos gerados e se encaixa como uma “solução intermediária” entre o aterro sanitário e o lixão. Geralmente esse aterro tem o mínimo de gestão ambiental, como: isolamento, acesso restrito, cobertura dos resíduos com terra e controle de entrada de resíduos. Por ser superficial não atende às recomendações da Política Nacional de Resíduos Sólidos e correm o risco de se tornar lixões sem qualquer tipo de fiscalização ou plano de recuperação.

o volume a ser descartado, também auxilia na minimização do impacto ambiental e prolonga a vida útil dos aterros sanitários porém, a única desvantagem desse método é o seu alto custo, tornando isso inviável a muitos lugares. Pirólise: O processo de pirólise pode ser definido como sendo o de decomposição química por calor, ou seja a queima, porém ocorre na ausência de oxigênio. É um processo auto sustentável que produz mais energia do que consome, e é composto por três zonas específicas por onde passa toda a matéria orgânica: zona de secagem, de pirólise e de resfriamento. Além de um processo satisfatório pode ser combinado com a utilização de aterros sanitários, levando a uma grande diminuição de volume dos mesmos. A Ressignificação

riachos ou rios; a 300m de resiidências isoladas rurais e a 1.500m de núcleos populacionais. Além disso, possui todas diretrizes para ser executado corretamente e não prejudicar o meio ambiente, segundo a norma da ABNT NBR 8419/1992 são elas: sistema de impermeabilização, cobertura diária dos resíduos, o limite do aterro deve ser cercado, impedindo entrada de estranhos e animais, projeção de vida útil superior a 15 anos, sistema de monitoramento de águas subterrâneas do tamanho do empreendimento e tratamento de chorume (Adaptado da CETESB, 2017).

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Incineração: É um processo utilizado para eliminar resíduos por meio de alta temperatura (de 900 a 1.250ºC), transformando-os em gases. A queima ocorre em um ambiente rico em oxigênio e por um tempo determinado, diminuindo a massa e volume do material. O gás gerado pela queima do resíduo atravessa um filtro já preparado para a não poluição da atmosfera. Além de reduzir (Imagem: Insineração de resíduos. Fonte: RCR Ambiental)


A Ressignificação

Digestão Anaeróbica: É um conjunto de processos onde microorganismos degeneram a matéria orgânica, também funciona através da ausência de oxigênio. Ele flui tanto em resíduos domésticos como industriais e ainda tem o benefício de geração de energia e/ou fins industriais na produção de produtos lácteos, cerveja, e etanol e silagem. Também possui resultados satisfatórios com a combinação com aterros sanitários. Compostagem: Outro processo caracterizado pela degeneração da matéria orgânica, que pode ser de origem urbana, doméstica, industrial, agrícola ou florestal. É considerado como um tipo de reciclagem do lixo orgânico pois a disposição final é transformada em adubo. A compostagem é uma forma natural de recuperar os nutrientes que os resíduos orgânicos descartado ainda tinha a oferecer e levá-los ao ciclo natural promovendo adubação do solo para agricultura e jardinagem.

Cooperativa de triagem: Por fim, a cooperativa ou central de triagem é o local onde é feita a separação de resíduos sólidos, que possibilita a destinação correta para resíduos recicláveis e não recicláveis. Essa separação utiliza o critério da função das suas características físico-químicas, e pode ser feita de três formas: manualmente, de forma automática ou semi-automática. A escolha da forma de separação advém do porte da cooperativa e o volume de descarte, sendo a manual para pequenas e a semi ou automática para cooperativas de médio e grande porte.

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(Imagem: Compostagem de orgânicos. Fonte: Thinkstok)


A Ressignificação

Dentre todas as alternativas e a escolha de cada uma pode variar de acordo a problemática de cada cidade, analisando questões como: quantidade de resíduos, custos, tecnologia, o impacto ambiental e a área disponível. No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PSNB, 2008) feita pelo IBGE, 50,8% dos municípios brasileiros possuem como destinação final de seus resíduos sólidos os lixões, 22,5% usam aterros controlados e 27,7% usam aterros sanitários. Isso explica muitas questões atualmente, principalmente a baixa porcentagem de reciclagem nas cidades, a qual preferem destinar os seus resíduos direto a aterros e lixões, que não possui nenhum critério sanitário e ainda pode contaminar o solo, o ar, a água e atrair diversas doenças a população, a apostarem fortemente em cooperativas de reciclagem para tratamento de resíduos que ainda tem potencial para reutilização.

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(Imagem: Cooperativa de Triagem de Resíduos Sólidos. Fonte: UOL, 2019)


(Imagem: Latões de separação de lixo. Fonte: Emanuela Figueiredo)


[ A COLETA SELETIVA ]

Segundo pesquisas (IBGE, 2010), atualmente três quartos dos municípios brasileiros chegam a desenvolver programas de coleta seletiva em suas cidades. A maioria desses programas são concentradas na região sudeste e sul do país, mais ainda sim com abrangência territorial limitada e desvia dos lugares mais problemáticos. Apesar do volume de materiais recicláveis crescente, ainda se encontra em um estado pouco significativo levando em consideração o volume de lixo descartado nas cidades diariamente, se tornando insuficiente. As informações a seguir reúne o levantamento de informações com base nos 5.570 municípios dos 5 estados do país.

A Ressignificação

Segundo registros a primeira prática de coleta seletiva no país ocorreu em 1985, em Niterói na cidade do Rio de Janeiro, em um bairro residencial e de classe média (EIGENHEER, 1993). O registro das experiências brasileiras de coleta seletiva teve início em 1993, com a publicação da coletânea “Coleta Seletiva de Lixo – experiências brasileiras”; a partir de 1994 pelo Cempre, com a publicação dos informativos e pesquisas Ciclosoft e a partir de 2010, instituída pela Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 temos a Política Nacional de Resíduos Sólidos que regulamenta e institui algumas diretrizes para a prática no Brasil.

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(que pode ser o cidadão, uma empresa ou outra instituição) e disponibilizados para a coleta separadamente. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a implantação da coleta seletiva é obrigação dos municípios e metas referentes à coleta seletiva fazem parte do conteúdo mínimo que deve constar nos planos de gestão integrada de resíduos sólidos dos municípios. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE,2020)

A Ressignificação

QUANTIDADE DE MUNICÍPIOS COM INICIATIVA DE COLETA SELETIVA

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A coleta seletiva é ação de captar os resíduos e separá-los de acordo com sua composição ou constituição e é caracterizado por ser recolhido de porta a porta, nos pontos de coleta espalhados pela cidade, entregues pessoalmente pelos cidadãos ou por catadores de reciclagem. De acordo com LEITE (2003), fora a coleta seletiva existe mais outros dois tipos de coleta, o lixo urbano, e a informal. A coleta do lixo urbano é aquela onde é recolhido o os restos deixados nas cidades sejam eles orgânicos e inorgânicos, de pequeno tamanho, misturados e colocados à disposição dos órgãos públicos que se apropriam deles. A coleta informal é realizada por meio de captação manual de modo primitivo, em pequenas quantidades, sendo este tipo característico de sociedades menos desenvolvidas.

(Fonte: Relatório Abelpre/IBGE, 2019/2010. Adaptado pela autora)

Mas enfim, como é caracterizada a coleta seletiva? Coleta seletiva é a coleta diferenciada de resíduos que foram previamente separados segundo a sua constituição ou composição. Ou seja, resíduos com características similares são selecionados pelo gerador

Dentre as opções a seletiva é a mais eficiente, pois economiza trabalho na captação e triagem, além da praticidade e por melhorar a qualidade dos resíduos a serem reciclados. Cada resíduo tem seu próprio procedimento de reciclagem e a separação deles facilita muito o processo. Bem como, Segundo Waite (1995), dentre as vantagens


Os materiais recicláveis são um bem disponível que pode a cada dia mais ter um rápido crescimento. Ademais hoje podemos enfatizar a valorização econômica que esses materiais pode trazer na geração de negócios e renda para a população. A coleta seletiva (SINGER, 2002), consegue contribuir muito para a sustentabilidade urbana e ainda consegue incorporar um perfil de inclusão social para os setores mais carentes e excluídos do acesso aos mercados formais de trabalho, como é o caso dos catadores de material reciclável.

A Ressignificação

ambientais da coleta seletiva é possível destacar: a redução do uso de matéria-prima, resultando na economia dos recursos naturais renováveis e não renováveis; a economia de energia no reprocessamento de materiais se comparada com a extração e produção a partir de matérias-primas virgens e da valorização das matérias-primas secundárias, e a redução da disposição de lixo nos aterros sanitários e dos impactos ambientais decorrentes.

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(Imagem: Crianças utilizando a lata de lixo. Fonte: Prefeitura Municipal de Maricá, 2019)


2 RESSIGNIFICAÇÃO SOCIAL



(Imagem: Delimitação de estado de São Paulo e cidade de Campinas. Fonte: Google Earth. Adaptado pela autora)


[ A CIDADE DE CAMPINAS ]

A cidade constituia sua base econômica no setor industrial até o final do século XX, porém, no começo dos anos 2000 começa a perder importância nesse setor, com a migração de muitas fábricas para as cidades vizinhas que foram se desenvolvendo, e passa a ter ênfase no setor de comércios, serviços e setores de tecnologia. (Prefeitura de Campinas, 2018)

A Ressignificação Social

A cidade de Campinas fica localizada na região sudeste do país, aproximadamente a 99 km da capital do estado de São Paulo e integra uma das Regiões Metropolitanas mais fortes do país, que leva o seu nome (Região Metropolitana de Campinas). Possui uma área equivalente a 797,60km², sendo 238,323 km² localizados em área urbana e 559,277 km² constitui a área rural. De acordo com IBGE (2019), sua população em 2019 é estimada em 1,2 milhões de pessoas, sendo o 3° município mais populoso do estado.

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A Ressignificação Social

PROGRAMA DE COLETA SELETIVA MUNICIPAL Com base no Diagnóstico da Situação Atual da Limpeza Urbana e do Manejo dos Resíduos Sólidos Urbanos em Campinas, Objetivos e Metas (2015) elaborado pela prefeitura, foi possível entender como é ordenado o trabalho na coleta dos resíduos na cidade.

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O atendimento dos serviços abrange 100% da área urbana e 50% da área rural. Realizado pela empresa RENOVA AMBIENTAL, para coleta são dispostos diariamente de 40 veículos coletores compactadores, em torno de 250 coletores e 80 motoristas. Separadas por áreas, o centro de Campinas possui a coleta diária por ser a maior região comercial da cidade e com um grande fluxo de pessoas durante o dia, assim com uma grande produção de resíduos diariamente. O restante da cidade tem a frequência alternada em três dias semanais, (Segunda/Quarta/Sexta e Terça/Quinta/Sábado) alternados em períodos diurnos e noturnos. A cidade é dividida em 3 formas na atuação e manejo dos resíduos sólidos, sendo elas a Coleta Domiciliar, a de Comunidades Organizadas e os Pontos de Entrega Voluntária. Coleta seletiva domiciliar Foram estabelecidos 42 setores de coleta divididos pelos bairros da cidade, onde em 28 são feitas coletas diurnas e 14 coletar noturna e dos 210 bairros, 137 são diurnos e 73 noturnos. A organização dessa divisão ocorreu pela concen-

tração de pessoas usando o espaço, assim o centro urbano e lugares com comercio mais ativo recebem a coleta noturna, o restante a coleta diurna. Para a coleta de toda a cidade, a prefeitura dispõe de 07 veículos em atividades. Coleta seletiva domiciliar Esse tipo de coleta ocorre de 4 a 8 vezes mensais em 419 estabelecimentos, sendo 260 escolas, 27 grandes condomínios, 65 prédios de repartições públicas, 12 associações de bairros, 10 industrias 45 outros pontos. Para esse setor a prefeitura disponibiliza 6 caminhões de carroceria com divisões internas e sem compactação. Coleta Seletiva em Locais de Entrega Voluntária Conhecidos como Ecopontos, são pontos de entrega que o cidadão pode entregar o seu resíduo de forma voluntária. Atualmente existe 14 containeres compartimentados em pontos estratégicos do município. Para a coleta a prefeitura disponibiliza 1 caminhão com sistema adaptado (braço hidráulico e gancho especial ) para engate içamento, transporte e basculamento dos equipamentos).


(Fonte: Diagnóstico da Limpeza Urbana de Campinas, 2012. Adaptado pela autora)

PPP DO LIXO: PARCERIA PÚBLICO PRIVADA PARA TRATAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS Com a população da cidade em média a 1,2 milhões, calcula-se que cada morador atualmente produz em média cerca de 1kg de resíduos por dia, e a cidade no total 1,3 toneladas de lixo segundo a Prefeitura Municipal (2019). Do total estima-se que 200 toneladas tem potencial para ser reciclado, mas somente 20% acaba sendo reaproveitado e o restante dos resíduos são transportado ao aterro localizado na cidade de Paulínia, que chega a custos elevados. O último contrato que se tem acesso foi elaborado em Novembro de 2019 e teria a duração de 6 meses, com um custo para a cidade de 53 milhões de reais. O município possuía um aterro próprio chamado Delta A localizado ao norte da cidade, que iniciou suas operações em 1992 e teve o fim de sua vida útil em 2014, onde chegou a sua capacidade máxima. A Prefeitura da cidade tentou reativa-lo porém o Ministério Público não deu aval para a liberação por constatar que a sua ativação poderia comprometer a cidade causar danos ambientais irreversíveis. Visto o déficit que a cidade encontrava-se em relação ao tratamento de resíduos sólidos, em 2015 começa o processo para criar medidas de tratamento adequadas. A cidade vai em busca de instituir uma Parceria Pública Privada, com base na Lei Federal nº 11.079/07, para a contratação de parceria no âmbito da administração pública para cuidar das questões de limpeza urbana e tratamento dos resíduos sólidos.

(Fonte: Diagnóstico da Limpeza Urbana de Campinas, 2012.)

A Ressignificação Social

COOPERATIVAS DE TRIAGEM Conforme estabelece o Decreto Municipal da cidade de Campinas14.265/01, todo material coletado na cidade através do sistema de coleta seletiva é enviado às cooperativas de reciclagem. As mesmas ficam responsáveis pela separação do material, de acordo com a composição, e a venda para diversas empresas que reutilizam esses materiais. Ao total hoje no municipio existe em atuação 11 cooperativas, com 256 cooperados cadastrados, sendo elas:

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A Ressignificação Social

Em julho 2018 a Prefeitura de Campinas abre um processo administrativo de edital para concorrência pública de empresas entre a Parceria Público Privada (PPP), com o intuito de reformular o sistema de resíduos de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Em agosto do mesmo ano, é realizado 1ª Audiência Pública para a apresentação do projeto adotado a partir dos estudos, onde a intenção era a contratação de uma administração que iria coletar, tratar e aproveitar o lixo recolhido na cidade pelo período de 30 anos, assim como já ocorre com o transporte público na cidade.

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No planejamento era previsto a construção e operação de um Centro de Valorização de Resíduos (CIVAR), seguindo um modelo sustentável de gestão e atuando como uma unidade de triagem de resíduos, com o objetivo de reduzir ao máximo o envio de rejeitos aos aterros sanitários. O objetivo principal da proposta era tratar os resíduos separados por sua composição e para isso seria necessário a construção de três usinas que iriam separar, tratar e reaproveitar os resíduos de maneiras diferentes: a Usina de Reciclagem Mecânica, Usina de Reciclagem Biológica e a Usina de Reciclagem Energética. A divisão seria feita da seguinte forma: 40% dos materiais orgânicos seriam destinados a reciclagem biológica e compostagem; 20% seriam reciclados na modalidade reciclagem energética pela forma de combustível derivados dos resíduos; 30% encaminhados para reciclagem mecânica com seletiva e somente 10% para rejeito em aterro. (Prefeitura de Campinas, 2018). (Imagem: Usina de Reciclagem Energética. Fonte: Pensamento Verde)


Em teoria o processo de tratamento de resíduos seria uma inovação no país e um projeto modelo para muitas cidades, porém o processo encontra dificuldades para a execução e tudo indica que está longe de ser implantado. Esse ano, em 2020, essa metodologia fará 5 anos e a viabilização da construção do CIVAR continua em aberto. Desde a publicação da proposta em 2018, a Prefeitura da cidade vem tentando implantar a PPP (Parceria Público Privada) porém o edital não é aprovado pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) em decorrência de impropriedades no texto do edital relacionadas à apresentação das propostas técnicas além de falta de informações quanto aos investimentos a serem realizados. Outro contratempo identificado seria a atualização da tecnologia utilizada pelo CIVAR durante esses 30 anos, pois até 2050 que é o prazo final para o contrato surgirão novas tecnologias de reciclagem de resíduos, e isso ficará a poder da

concessionária escolhida se atualizar ou não, colocando em risco a qualidade dos serviços prestados à população. Sendo isso, no edital é necessário que já esteja previsto custos dimensionados e licitações separadamente da coleta de lixo, em prazos menores, para acompanhar a evolução do setor. Campinas, de acordo com sua quantidade de munícipes e pelo seu porte, encontra-se em uma situação caótica e preocupante. Com um plano de resíduos imobilizado, gastos atuais elevado em relação ao transporte de seus resíduos para fora da cidade e baixíssima percentual de reciclagem pode se considerar em estado desastroso, sendo necessário muita evolução nas questões ambientais para não entrar em estado de calamidade nos próximos anos. A Ressignificação Social

Ademais, além do tratamento adequado do lixo algumas diretrizes seriam estabelecidas em relação a educação ambiental, como: a sistematização e melhoria na adesão por parte da população da coleta seletiva e de diminuição dos índices de rejeitos; treinamentos voltado para formação de agentes na área de gestão de Resíduos Sólidos Urbanos; o desenvolvimento de uma Política de inclusão dos Catadores Autônomos; regularização e instalação das atuais e novas Cooperativas de Reciclagem; treinamentos e capacitação as Cooperativas, além do objetivo de atingir 100% de coleta na malha urbana do município.

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(Imagem: Região do Parque Oziel. Fonte: Google Earth. Adaptado pela autora)


Uma das maiores ocupações da américa latina, região do Oziel é uma junção de bairros de aproximadamente 1.500.000m2 que compõe dentro de sí o Parque Oziel, Jardim Monte Cristo, Gleba B e Chácaras da Mata (Antiga Gleba B continuação) e Jardim do Lago Continuação e conta com 30.000 moradores e aproximadamente 6 mil famílias. Deu início no ano de 1997, mais especificamente no dia 8 de fevereiro com membros do movimento Sem Terra e Sem Teto. A ocupação iniciou-se por pessoas que não tinham moradia e sem a ajuda do poder público para conseguir um espaço, planejaram a invasão do local com o primeiro líder do movimento, Gentil Ribeiro, que convocou de 3 a 4 mil pessoas de Hortolândia para ocuparem a área. Após isso houve a necessidade de expansão, com diversas pessoas a procura de um espaço se estenderam para as áreas onde hoje é o Jardim Monte Cristo, logo após para a Gleba B e por fim no ano de 2010 para Chácaras da Mata. Houve diversas dificuldades enfrentadas pelos moradores, que resistiram e lutaram por suas terras. Com o passar do tempo a população foi crescendo e aos poucos chegando melhorias, como abastecimento de água, que era feito por caminhões-pipa e reservado em tambores e a energia elétrica, foi instalada na avenida de acesso aos bairros e distribuída ilegalmente para as outras casas.

A partir da ocupação surgiram na região do Parque Oziel muitas instituições e projetos com o intuito de trazer uma maior qualidade de vida para as pessoas. Algumas das mais importantes para o seu desenvolvimento foram: o Posto de Saúde, através do Projeto PAF e diversas igrejas e escolas. Desde o início os bairros sempre tiveram lideranças políticas que até hoje cuidam do local, sempre em busca de melhorias. Levou cerca de 20 anos para a ocupação ser reconhecida como bairro, e em 2018 concluiu o processo de regularização do Jardim Monte Cristo e Parque Oziel. Hoje 70% dessa região conta com infraestrutura urbana legalizada pela prefeitura da cidade, mas ainda há espaços que lutam por direitos e aguardam a legalização completa como é o caso dos bairros Gleba B e Chácaras da Mata.

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[ A REGIÃO DO PARQUE OZIEL]

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1930

Surge as primeiras mobilizações de movimentos de moradia na cidade .

1990

A Ressignificação Social

1996

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Gentil Ribeiro convoca de 3 a 4 mil pessoas e dá inicio a ocupação do Parque Oziel. É construido a primeira igreja, cozinha comunitária, escola de madeira e quatro reservatórios de água neste ano.

Construção da 1° passarela sobre a Rod. Santos Dumont Ocorre a analise topografica pela prefeitura para trazer infraestrutura.

A cidade de Campinas é caracterizada nessa época pela migração e pela grande multiplicação de bairros. Ocorre a Implantação das rodovias Anhanguera e Santos Dumont na cidade.

Primeira movimentação organizada para reconhecimento da área de ocupação do Parque Oziel.

1997 1998 2001

É construido um campo de futebol pelos moradores, creche, uma linha de ônibus e uma escola container provisória.


Construção da edificação definitiva da 1° escola da região. Neste ano a área é estabelecida como HIS e ocorre um pedido de desapropriação Lei Municipal n°14.918

Ano da elaboração do Plano Diretor de Campinas, a área se torna ZEIS. Entregue o abastecimento de água

2004 2005

Ocorre 88 ações de desapropriação de 720 mil m², com objetivo de realizar um projeto de loteamento na área.

2006

2007 Registros de início da ocupação da Gleba B (continuação) em uma área também particular. Atualmente encontra-se sem infraestrutura e regularização.

Ligação oficial da energia elétrica pela CPFL. É construída uma edificação de saude médica e odontológica

2010

Em 14 de Abril de 2007, o atual prefeito Jonas Donizete uma ordem de serviço para o inicio do processo da regularização fundiária do Parque Oziel.

(Infográfico: Autoria própria,2020)

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2002

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[ PROCESSO DE EVOLUÇÃO DA REGIÃO ]

1994

2005

2014

2020

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(Imagens: Evolução da Região do Parque Oziel Fonte: Google Earth)


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(Imagens: Região em 25 de Maio de 1977 Fonte: Correio Popular)

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(Imagens: Baiiro Chácaras da Mata. Fonte: Integrantes do Grupo de PI, 2020)


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63 100m 200 400


O Parque Oziel, apesar de ser muito conhecido, não engloba toda a região de estudo. O bairro, juntamente com outros 4 compõe o que é conhecido como a Região do Parque Oziel. Dentro dela está composto os bairros: Jardim Monte Cristo, Parque Oziel, Gleba B, Chácaras da Mata (Antiga Gleba B continuação) e Jardim do Lago Continuação.

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[ DIVISÃO DOS BAIRROS ]

64 LEGENDA Jardim Monte Cristo Parque OzielPARQUE OZIEL Gleba B Chácaras da Mata Jardim do Lago Continuação (Fonte: Google Earth. Adaptado pela autora, 2020)


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0

65 100m 200 400


A região é subdividida em três zoneamentos diferentes e mostra como a área se organiza: a ZM2 (Zona Mista 2), que é caracterizada por usos mistos residenciais, de comercio e serviços, ela é predominante; a ZAE (Zona de Atividade Econômica), reúne áreas de serviços e áreas industriais; e a ZC2, que é menos predominante e é caracterizada por uma diversidade de serviços e residencias.

LEGENDA ZM2 - Zona Mista 2 ZAE - Zona de Atividade Econômica ZC2 - Zona de Centralidade 2 (Fonte: Projeto Integrado e Zoneamento. Adaptado pela autora, 2020)

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[ ZONEAMENTO ]

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67 100m 200 400


As as ro as

áreas mais adensadas se encontram onde há ocupações irregulares próximo a APP, o bairChacaras da Mata e o Jardim Monte Cristo. Areindustriais e de Hotelaria são menos adensadas.

LEGENDA 0 á 2,66 pessoas 2,66 á 3,72 pessoas 3,72 á 5,62 pessoas (Fonte: Projeto Integrado e Base do IBGE. Adaptado pela autora, 2020)

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[ DENSIDADE POPULACIONAL ]

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0

69 100m 200 400


A região é caracterizada por uma predominância residencial, principalmente nos bairros Jardim Monte Cristo, Parque Oziel, Gleba B e Chacarás da Mata. Possui uma avenida comercial forte, que se localiza no Jardim Monte Cristo e setores institucionais espalhados pela região. Existe uma APP que tem ligação a todos os bairros e hoje encontra-se ocupada por residencias, além de não estar preservada.

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[ USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ]

70 LEGENDA Residencial Comercial Área de Preservação Ambiental (APP) Institucional Industrial (Fonte: Projeto Integrado e Google Earth. Adaptado pela autora, 2020)


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0

71 100m 200 400


Os principais pontos de interesse da região são os Institutos Sociais, que servem de referência oferencendo uma diversidade de projetos para a população. Em relação a educação e lazer, foi encontrado somente duas escolas e uma quadra do antigo time de futebol, que hoje encontra-se sem manutenção. Há dois equipamentos urbanos de infraestrutura, uma Estação de Tratamento de Esgoto e uma unidade da Companhia da Sanasa.

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[ PONTOS DE INTERESSE URBANO ]

72 LEGENDA Institutos Sociais Equipamento de saúde Área de lazer Equipamento de Infraestrutura Escola (Fonte: Projeto Integrado e Google Earth. Adaptado pela autora, 2020)


100m 200

400

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0

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(Fonte: Projet


to Integrado, Prefeitura de Campinas e Google Earth. Adaptado pela autora, 2020)

A região no geral 70% é abastecida com toda a infraestrutura minima necessária, como água, esgoto, energia e pavimentação. Porém, a região do bairro Chácaras da mata não possui infraestrutura legalizada, e tudo que existe hoje no bairro é puxado dos bairros próximos por estruturas feitas pelos próprios moradores. Há também uma área no bairro Gleba B que ainda encontra-se sem esgotamento sanitário.

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[ INFRAESTRUTURA ]

74 LEGENDA Vias não pavimentadas Área sem infraestrura Área sem esgotamento sanitário Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Estação de Tratamento de Água (ETA)


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0

75 100m 200 400


Toda a área é rodeada por duas das vias mais importantes da cidade, a Rodovia Santos Dumont e a Rodovia Anhanguera. Todos os bairross possuem vias importantes que fazem o ligamento entre elas e dão acesso as vias expressas.

LEGENDA Vias Expressa Via Arterial Via Coletora (Fonte: Projeto Integrado e Google Earth. Adaptado pela autora, 2020)

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[ VIAS ]

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77 100m 200 400


As linhas de ônibus que circulam a região passam pelos principais pontos de circulção de pessoas e dão acesso nas vias expressas. A linha 414.2 é caracterizada por se carregada e não conseguir comportar todos os passageiros que a utiliza. Os pontos de ônibus são caracterizados no geral por contruções semi acabadas, com mobiliário precário.

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LEGENDA Linha 434 Linha 414 Maior circulação de pedestres Linha 413 Linha 414.2 Pontos de ônibus (Fonte: Projeto Integrado e Google Earth. Adaptado pela autora, 2020)

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[ MOBILIDADE ]


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0 50m 100 200

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[ O PARQUE LINEAR ] No desenvolvimento da matéria de Projeto Integrado, a região do Parque Oziel foi estudada e com isso elaborado um levantamento de todas potencialidades e problemáticas do lugar. A partir disso, chegamos a diretrizes que resolveriam diversos problemas relacionados a região. Que são elas:

Com isso, foi elaborado um projeto propondo um Parque Linear em volta de toda a Área de Preservação Permanente da região, esse projeto contempla a resolução de todas as diretrizes anteriores. O projeto foi dividido em 4 setores cada setor segue uma linha de pensamento e contempla equipamentos de acordo com a sua proposta e os edificios do entorno. LEGENDA Setor Cultural Setor Social Setor Educacional Setor Administrativo Maçicos Vegetais (Fonte: Projeto Integrado e Google Earth. Adaptado pela autora, 2020)

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1. Criar estratégias para auxiliar na evolução do bairro Chácaras da Mata 2. Realocar habitações em áreas de vulnerabilidade; 3. Ampliar ofertas de espaços livres destinados ao lazer; 4. Propor acessos estratégicos aos bairros vizinhos; 5. Reorganizar o sistema viário distribuindo melhor os fluxos

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(Imagens: Entorno do terreno vira ponto de descarte. Fonte: Google Earth. Adaptado pela autora, 2020)


[ O TERRENO ]

Outro fator relevante para a escolha foi o entorno que é considerado como um local de “vicio” de despejos lixo pelos moradores. Com a ferramente do google earth foi possivel observar através de imagens que a anos o local vem sendo utilizado para este fim. Por fim, a relação com o Parque Linear proposto na matéria de Projeto Integrado. O terreno faz parte da ligação com o Setor Social proposto no projeto e o edificio será referência para a construção do mobiliário utilizado no parque, que terá a reutilização dos materiais recicláveis coletados na cooperativa.

LEGENDA Terreno da Cooperziel Entorno com vicio de descarte de lixo

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Para a escolha do terreno foi levado em consideração uma diversidade de fatores. A primeira ocorreu devido a proximidade a uma das rodovias mais importantes da região, a Santos Dumont. Com a necessidade de facil acesso tanto aos bairros como ao restante da cidade de Campinas, o terreno precisava ser próximo a um local de fácil escoamento. Além disso, esse local fica próximo a uma área de diversas industrias, e pode ser considerada uma futura parceria para a reutilização dos resíduos da cooperativa.

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0 10m

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O entorno do terreno é caracterizado por vias locais, mas de grande fluxo por conter na área uma predominância industrial. As via que rodeiam o terreno encontra-se atualmente sem pavimentação e calçamento adequados, na matéria de Projeto Integrado foi proposto a requalificação dessas vias para atender tanto ao Parque Linear, quanto aos projetos no entorno.

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(Fonte: Google Earth. Adaptado pela autora, 2020)

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[ VIAS DO ENTORNO ]

Terreno da Cooperziel Proposta de Escola Técnica Proposta de Parque Linear Vias de Acesso

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0 10m 20 40

A Ressignificação Social


A topografia natural do terreno é em declive em direção a frente do lote, com curvas de nível com intervalos de 1m. Para adequação do projeto, será feitas pequenas modificações na direção da topografia, além de contemplar pequenos taludes nas extremidades para evitar eventuais problemas de deslizamentos. LEGENDA Terreno da Cooperziel Proposta de Escola Técnica Proposta de Parque Linear Vias de Acesso Curvas de nível de 1m Curvas de nível de 5m (Fonte: Google Earth. Adaptado pela autora, 2020)

Fonte: Autoria própria | Arquivos da PMC

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[ A TOPOGRAFIA ]

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0 10m 20 40

A Ressignificação Social


O terreno tem sua face frontal virada para o sudeste, os fundos para o nordeste. O caminho do sol percorre de uma extremidade a outra, levando insolação em todos os períodos do dia. Os ventos predominantes da cidade de Campinas vem do sudestre, consequentemente vindo de frente ao lote. LEGENDA Terreno da Cooperziel Proposta de Escola Técnica Proposta de Parque Linear Vias de Acesso (Fonte: Google Earth. Adaptado pela autora, 2020)

Fonte: Autoria própria | Arquivos da PMC

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[ ESTUDO BIOCLIMÁTICO ]

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0 20m 40 80

A Ressignificação Social


O lote tem a facilidade de acesso a uma das principais rodovias de Campinas, a Santos Dumont, portanto tem facil acesso e deslocamento a outros pontos da cidade. Com o projeto proposto do Parque Linear, foi aberto duas ruas via ponte que irá facilitar o acesso de pedestres ao local. Ao lado do terreno, encontra-se o ponto final da linha de ônibus 414.2. LEGENDA Terreno da Cooperziel Proposta de Escola Técnica Proposta de Parque Linear Vias de Acesso Percurso de Caminhões Percurso principal de pedestres Acesso a Rodovia Santos Dumont Linha de ônibus 414.2 (Fonte: Google Earth. Adaptado pela autora, 2020)

Fonte: Autoria própria | Arquivos da PMC

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[ ACESSOS E FLUXOS PRINCIPAIS]

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3 A RESSIGNIFICAÇÃO MATERIAL



A Ressignificação Material

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(Fonte imagens: ArchDaily Brasil)


[ REFERÊNCIAS PROJETUAIS ] MILIEUSTRAAT

O edifício conta com uma área útil de 3.000m², onde possui um escritório de 750m² e o galpão com 1.450m². Toda a estrutura do projeto foi baseado em materiais sustentáveis principalmente a pavimentação que é 100% reutilizável, tornando o conjunto eficiente e inovador. No programa de necessidades o arquiteto optou por dividir a separação do lixo por setores diferentes, onde cada galpão acaba recebendo um material de uma mesma natureza, além do galpão de recepção primária que recebe todos os materiais antes da separação. O espaço contém também uma plataforma de carga e descarga que fica no pavimento superior, assim fica facilita o recebimento dos resíduos pelos galpões no andar inferior. Para diferenciar a parte de tratamento da área administrativa o arquiteto utilizou cores diferentes em ambos os galpões: a área administrativa que também é a fachada do projeto está na cor vermelha, enquanto os galpões de tratamento estão com a cor preta. Essas tonalidades diferentes serviram para destacar o contraste das edificações e seus usos em formato de setorização e ainda diferenciá-los.

A Ressignificação Material

CENTRO DE RECICLAGEM Localização: Dordrecht, Holanda Data do projeto: 2012 Autoria: Escritório Groosman

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A Ressignificação Material

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PROGRAMA DE NECESSIDADES • Estrutura coberta e ventilada • Banheiro masculino e banheiro feminino • Vestiário masculino e vestiário feminino • Refeitório • Escritório • Espaço de reunião e aprendizagem • Sala de ferramenta e manutenção • Mesa de triagem • Prensa hidráulica • Esteira de triagem • Balança • Elevador ou macaco hidráulico para suspensão de fardos Baias de separação e/ou estocagem do material segregado Entrada de veículos para carga e descarga (caminhão com caçamba) • Espaço para caçamba de rejeitos


O projeto é uma parceria entre a Prefeitura de Linhares, o Instituto Coca-Cola Brasil, a ONG Doe seu Lixo e a empresa de limpeza urbana Vital Engenharia Ambiental, além da comunidade de Linhares. O objetivo do projeto foi desenvolver um modelo de coleta seletiva e disposição de resíduos para reciclagem autossustentável e promover o desenvolvimento socioeconômico da população. O grande diferencial que esse projeto tem em relação aos outros de reciclagem é o fato de trabalhar com a esteira mecanizada, que consegue controlar o tempo de passagem dos resíduos.O espaço de reciclagem e beneficiamento dos resíduos foi cedido pela Prefeitura de Linhares por meio da Secretaria na condição de locação. Para isso, foi feito obras de adaptação como construção de vestiários e reitorias foram realizadas no local.

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(Fonte imagens: Prefeitura Municipal de Linhares)

A Ressignificação Material

PROJETO CRIAR: CENTRO DE RECICLAGEM, INOVAÇÃO, APRENDIZAGEM E RENOVAÇÃO Localização: Linhares, São Paulo Data do projeto: 2013 Autoria: Kubitz - Soluções Sociais e Ambientais Espaço: 3.336m², sendo 2.700m² de sua área coberta.

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A Ressignificação Material


A visão do projeto é integrar os consumidores a fazenda vinculando as atividades aos visitantes, com o intuito de integrar e promover um estilo de vida mais natural na vida dessas pessoas. O projeto conta com uma sequência visual de continuidade que conecta a parte externa com a interna, fazendo com que toda a estrutura seja vista pelos visitantes, além de contar com espaços ao ar livre para os funcionários fazerem reuniões externas no meio da natureza. Mesmo com a natureza estática e as dimensões padrões da forma do container, é possível identificar que o material foi trabalhado e adaptado às diversas situações necessárias no projeto onde cada em cada espaço específico o container é orientado de uma forma, atingindo uma estética sutilmente agradável. Nos detalhes internos é possível verificar as vigas de aço visíveis, as juntas e os detalhes tectônicos de carga natural do container. É uma construção que pode ser reconstruída em qualquer outro lugar e conta com diversos benefícios que se conectam com a idéia chave do projeto arquitetônico a ser proposto, como por exemplo: o reaproveitamento do material base (container), economia, agilidade na construção além de ser sustentável e eficiente.

(Fonte imagens: ArchDaily Brasil)

A Ressignificação Material

TONY’S FARM A FAZENDA DE ALIMENTOS ORGÂNICOS Localização: Xangai, China Data do projeto: 2011 Autoria: Escritório Playze

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(Imagem: Crianças na feira de ciências utilizando garrafas pet. Fonte: Cleomir)


PROPOSTA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PARA A REGIÃO DO PARQUE OZIEL O projeto busca atender a demanda de resíduos sólidos gerados em toda a região do Parque Oziel, incluindo a ocupação não regularizada Bairro Chacaras da Mata, que hoje se encontra sem o serviço de coleta de lixo. O edifício é caracterizado como um Equipamento Urbano de Uso Misto pois envolve em seu programa processos industriais de baixo impacto, programas educacionais e ambientais e exposição de trabalhos manuais dos alunos. O público alvo deste edifício são os moradores que tem interesse em conhecer mais a fundo o processo de reciclagem e da vida sustentável, a sociedade que busca uma nova forma de se conectar com a natureza, pessoas que buscam um novo um meio de trabalho, os catadores de reciclagem, os alunos das escolas públicas e particulares e as empresas parceiras que possam contribuir com o crescimento da cooperativa. PROGRAMAS A SEREM TRABALHADOS NO EDIFICÍO • Aulas e oficinas para transformação dos objetos Transformação de matéria prima em Decoração e Artesanato utilizando pallets, garrafas pets, garrafas metálicas, etc; Aulas de estimulo da criatividade; Aulas de Costura; Empreendedorismo/Vendas;

• Brechó/Bazar Revenda de roupas em bom estado em valores de baixo custo. • Como reutilizar elementos orgânicos: a Compostagem Como produzir hortas caseiras; Como produzir a composteira; Quais alimentos podem ser utilizados como adubo; • Palestras de Educação Ambiental Como separar o lixo em casa? O que posso fazer com o material reciclado? Porque cultivar os próprios alimentos? Vantagens da Sustentabilidade • Abertura do galpão para passeio escolar Como funciona uma cooperativa? Como ajudar o meio ambiente de casa? Como plantar a sua própria horta em casa; Levar de brinde para casa sua mini horta. • Cartilha Educativa Online: via leitor QRCode • Multirão para coleta de lixo no entorno do terreno • Instalação de Ecopontos na região para recolhimento de material reciclável • Parceria com empresas da região para compra de materiais recicláveis da Cooperativa.

A Ressignificação Material

[ O PROJETO ]

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(Imagem: Jardim reutilizando pneus. Fonte: Liton Santos)


[ CONCEITO E PARTIDO ]

TRABALHO FORMA DE APRENDER

MATERIAIS RECICLÁVEIS

CONCEITO Nos dias de hoje todo e qualquer elemento que não tenha mais utilidade é jogado “fora”, porém diferente do que fomos ensinados não é possível jogar nada fora, não existe fora pois tudo é destinado a algum lugar dentro do nosso planeta. Com base nessa fundamentação, o conceito que norteia esse projeto é a RESSIGNIFICAÇÃO. PARTIDO O objetivo é dar um novo significado a qualquer elemento existente, dando um novo uso a tudo que for passivel de reutilização e reformulando a forma da sociedade se posionar perante o mundo e o meio ambiente.

A Ressignificação Material

SOCIEDADE

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[ O USO DO CONTAINER ]

A Ressignificação Material

A aplicação do container na construção civil é sustentável pelo próprio reuso do material, onde o aproveitamento representa um descarte a menos na natureza. O projeto também pode ser facilmente modificado, atendendo a demanda por flexibilidade e agilidade na construção.

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DIMENSIONAMENTO Nos dias de hoje, segundo Kotnik (2013), estão disponíveis no mercado vários tipos de contêineres e com dimensões distintas, onde estas dimensões variam com o tipo de utilização do contêiner. No mercado pode-se encontrar o container dry standard e o high cube e existem os containers de 20, 40, 45 ou 53 pés. O container dry standard é fechado em todos os lados, com uma porta em um dos lados menores. Antes de ser reaproveitado na construção, ele é normalmente usado para transportar alimentos, roupas, móveis ou carros. O container dry high cube é totalmente similar ao standard, exceto pela sua altura, que é um pouco maior. No container de 20 pés as medidas são: Comprimento 6,05m; Largura 2,43m; Altura 2,59m no dry standard e 2,89m no dry high cube. No container de 40 pés as medidas são: Comprimento 12,03m; Largura 2,438m; (Imagem: Casa container Fonte: Locares Casa Container)


[ PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO ]

Na versão high cube existem ainda os containers de 45 e de 53 pés, menos comuns, cujas medidas são: 45 pés: Comprimento 13,716m, Largura 2,438m e Altura 2,896m 53 pés: Comprimento 16,154m, Largura 2,438m e Altura 2,896m

A sequência básica para construção com contêineres é: fundações, adaptação na indústria conforme projeto, tratamento do material, transporte até o local da obra e por fim é feito o içamento no local feito por guindastes.

Para este projeto serão utilizados o container do tipo Dry Standard pela facilidade de ser encontrado, consequentemente por ser mais utilizado. ESTRUTURA E OBRA A preparação da estrutura é feita na fábrica e in loco, dependendo das características de cada projeto e para o transporte do material para o local de instalação utilizam-se guindastes e caminhões muncks. Na estruturação há duas maneiras através das quais as construções em container podem ser estruturadas, dependendo da posição e relação entre as unidades. Os módulos podem ser empilhados uns junto aos outros, sem nenhuma separação; ou podem ser combinados com espaçamento entre eles.

FUNDAÇÕES Para a execução da fundação deve ser levado em consideração o tamanho e porte da construção. Estes recipientes já vêm de fábrica com arestas que funcionam como pontos de apoio. A exemplo, podem ser feitas sapatas de 80 x 80 x 60 em cada uma das arestas, reforçadas por uma broca de 25cm de diâmetro e 4 metros de profundidade. ADAPTAÇÃO DO CONTAINER AO PROJETO Este processo inclui diversas fases que demoram de sessenta a noventa dias para ficarem prontas, agregando agilidade na conclusão da obra. Para ser utilizado na arquitetura, o container passa por um processo de tratamento e recuperação que inclui limpeza, funilaria, serralheria, pintura, revestimentos e acabamentos. CONFORTO TÉRMICO • Paredes Materiais de isolamento: para dissipação de calor, a fibra de vidro, lã de rocha, e o EPS (poliestireno expandido), e espuma de poliuretano, entre outras. Mantendo o conceito sustentável, existe atualmente a lã de pet,

A Ressignificação Material

Altura 2,591m no dry standard e 2,896m no dry high cube.

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que não agride a natureza e é feita com materiais reciclados.

A Ressignificação Material

É possível ser feito dois tipos de isolamento, interno e externo. O isolamento interno é o mais econômico, porém menos eficiente, por perder facilmente o calor interno. Isto deve ao fato da espessura do isolamento ser menor, em média, 10 cm, para não perder espaço interno, que já é estreito. Este isolamento deve ser usado quando se deseja preservar as fachadas metálicas do recipiente por uma questão estética e/ou econômica.

105

O isolamento externo há uma perda de calor menor. Por justamente não haver o problema de falta de espaço, instala-se um isolamento mais espesso, variando de 10 a 30 cm. O revestimento exterior complementam a fachada e deve ser fixado, em todos os casos, a 20 cm acima do chão para evitar a entrada de umidade. • Forro e teto O teto também ganha revestimento, seja com placas de pvc, gesso acartonado, com preenchimento de isolante térmico ou, caso não possa rebaixar o teto devido a legislação, pode-se fazer uso de revestimentos externos como piso wall, que permite uso na parte superior do contêiner, ou recobrimento vegetal, ambos como maneira de minimizar os efeitos térmicos. O isolamento acústico pode ser trabalhado da mesma forma, além de haver a possibilidade de isolar o teto com isopor aparente ou revestido.

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E HIDROSANITÁRIAS As instalações elétricas e hidros sanitárias são realizadas basicamente do mesmo modo de uma construção convencional e são feitas por dentro do revestimento. E de acordo com Mussnich (2015) essas instalações ficam embutidas nos fechamentos, sendo previstas em projetos, já que diminuem a área de edificação. TRATAMENTO O aço do contêiner também deve ser jateado com um abrasivo e repintado com uma tinta não tóxica antes de ser habitável, a fim de evitar probabilidades de contaminação em detrimento de cargas que o contêiner transportou durante sua vida marítima. Além disso, é necessário laudos de habitabilidade e de descontaminação contra agentes químicos, biológicos e radioativos são documentos que certificam a segurança do container como estrutura da construção. Em relação às aberturas ele deve ser enviado a indústria especializada e nele constar exatamente onde serão feitos os cortes, bem como suas dimensões. Deverá indicar também onde serão os reforços, locais de ligação, hidráulica e elétrica.


A Ressignificação Material

(Imagem: Estruturas de um container. Fonte: Minha casa container)

106

(Imagem: Estruturas de um container. Fonte: Engenhariaeetc)


[ PROGRAMA DE NECESSIDADES ] O pré dimensionamento dos ambientes foram baseados no Manual da Coleta seletiva do Ministério das Cidades, juntamente com os projetos de referências utilizados para estudo deste trabalho.

A Ressignificação Material

Setor Educacional

107

Qtde

Sala de aula: Oficina de Decoração Sala de aula: Oficina de Artesanato Sala de aula: Oficina Criativa Sala de aula: Oficina de Costura Sala de aula: Compostagem e Horta Sala de aula Multiuso Sala de Estudos Depósito (Oficinas) Banheiros (Fem/Masc) Auditório Exposição de trabalhos Total:

Setor Vivência Cozinha coletiva aberta Copa coletiva aberta Espaço de Convivência Banheiros (Fem/Masc) Salão do Bazar Sala de apoio ao Bazar Sala de Apoio/Ferramentas a Horta Espaço plantio (Horta) Total:

1 1 1 1 1 1 1 1 4 1 1

Área m² 50 50 50 40 40 30 80 20 25 100 24 509m²

1 1 1 2 1 1 1 1

Área m² 30 30 121 20 60 10 15 79 365m²

Qtde

Administração do Galpão

Qntde

Secretaria Diretoria Sala de Reuniões Sala de Arquivo Banheiros (Fem/Masc) Vestiários Enfermaria Total:

Administração Centro Educacional

Área de descarga Silo para armazenamento Triagem primária Triagem secundária Baias intermediárias Área para prensagem Estoque dos fardos Expedição/Saída Composteira Passarela de visitação Total:

Área m² 15 15 25 12 10 30 15 122m²

1 1 1 2

Área m² 25 7 15 10 57m²

1 1 1 1 1 1 1 1 2 1

Área m² 70 110 30 90 110 70 110 70 12 45 729m²

Qntde

Coordenadoria Secretaria Sala de apoio Banheiros (Fem/Masc) Total:

Galpão de Triagem

1 1 1 1 2 2 1

Qtde

(Fonte: Autoria própria)


[ FLUXOGRAMA POR SETORES ]

Composteira Espaço de Plantio

Praça de Convivência

Adm. Galpão

Adm. Setor Educacional

Setor Educacional

Cozinha Coletiva

A Ressignificação Material

Galpão de Triagem

108 Área de Exposição

ACESSO DE CAMINHÕES

ACESSO FUNCIONÁRIOS

ACESSO PÚBLICO

(Fonte: Autoria própria)


[ PROCESSO PROJETUAL ] Com base na topografia , ventos predominantes e insolação essa foi a primeira forma pensada. O galpão ficaria ao fundo do terreno para fazer sombra na praça central e nos containers, o pé direito baixo dos containers possibilitaria a entrada dos ventos predominantes no galpão de triagem. A ventilação natural será aproveitada em todos os setores.

A Ressignificação Material

1

O programa inserido no terreno chegou a 3 blocos de diferentes usos: Galpão de triagem, setor administrativo e setor educacional.

2

109

3

Com a possibilidade de acomodar os dois setores administrativos, pensou-se em subir 1 andar e unir o bloco ao galpão de triagem.

Com o intuito de criar uma área central de convivência, foi extendida as extremidades do bloco educacional para assim definir o espaço central.

4 (Imagens: Diagrama do processo projetual. Fonte: Autoria Própria)

Pensando no acesso do público, o bloco foi separado criando assim uma entrada maior para o caminhante ser convidado a conhecer o espaço.


Estrutura Metálica

A Ressignificação Material

5

Por fim a forma foi ajustada no terreno e o bloco educacional foi ampliado para chegar a metragem necessária. O bloco administrativo foi separado do galpão de triagem, assim como o a parte administrativa do setor educacional. A forma final contempla 4 setores cobertos, e uma praça central para integração de todos usuários do espaço.

Container

110

Grama

POENTE NASCENTE

DIAGRAMA DA FORMA FINAL


09:00 AM

01:00 PM

03:00 PM

A Ressignificação Material

07:00 AM

111


[ SOMBREAMENTO SOLAR ] Utilizando o programa Sketchup com a função de sombreamento, foi possivel análisar como a insolação vai influênciar na projeção do edifício. No processo projetual, os setores foram posicionados no terreno de forma a aproveitar da melhor forma as condições climáticas naturais. Com um pé direito duplo, a posição do galpão de triagem foi pensado de modo a fornecer sombreamento natural no periodo da tarde para a praça central podendo chegar até uma parte dos containers, para isso o edifício foi posicionado na direção oeste do terreno.

05:00 PM (Imagens: Insolação no terreno. Fonte: Sketchup 2019 |Autoria Própria)

A Ressignificação Material

11:00 AM

112


[ IMPLANTAÇÃO GERAL]

0

5m

10

20


A Ressignificação Material

Entrada do acesso público a Cooperativa e ao Centro Educacional

Entrada dos materiais ao galpão de triagem e Acesso de funcionários.

114

Saída dos materiais do galpão de triagem e acesso direto a empresa parceira.


[ PERSPECTIVA ]


A Ressignificação Material

[ CORTE ESQUEMÁTICO]

0

5m

10

116

20


4 A RESSIGNIFICAÇÃO FINAL



[ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ] ABNT NBR 10004:2004. NORMA. BRASILEIRA. ABNT NBR. 10004. AGENDA 21. Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento. São Paulo: Secretaria de Estado do Meio Ambiente, 1997.

A Ressignificação Final

BAUMAN, Z. Vida para o consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. São Paulo, Editora Zahar, 2009

119

CAMPINAS, PREFEITURA DE. Diagnóstico da Situação Atual da Limpeza Urbana e do Manejo dos Resíduos Sólidos Urbanos em Campinas, Objetivos e Metas, 2015. CARVALHO, L. E. X. Desenvolvimento de Solução Integrada de Sistemas de Limpeza Urbana em Ambiente SIG. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Transportes) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2001. CEMPRE. Reciclagem: ontem, hoje e sempre (coordenação editorial: Sérgio Adeodato), São Paulo, 2008. EIGENHEER, Emílio Maciel, FERREIRA, João Alberto, ADLER, Roberto Rinder. Reciclagem: mito e realidade. Rio de Janeiro: In-Fólio, 2005

EIGENHEER, Emílio Maciel. Lixo, vanitas e morte. Niterói: Eduff, 2003 EIGENHEER, Emílio Maciel. Lixo, a limpeza urbana através dos tempos. S. Lobo, 2012 GRIMBERG, E., BLAUTH, P. Coleta Seletiva - Reciclando Materiais, Reciclando Valores. Revista Pólis, nº 31, 103 p., 1998. HARVEY, D. A Justiça Social e a Cidade. São Paulo. Ed. Hucitec, 1980 IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, 2010. LEITE, P. R. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Prentice Hall, 2003. 250 p. il. Lima LMQ. Tratamento de lixo. 2ª ed. São Paulo: Hemus; 1991. RECICLOTECA. Coleta Seletiva: Experiências de Coleta Seletiva. Disponível: http://www.recicloteca.org.br [Acesso em 12 mai. 2020] SINGER, P. A recente ressurreição da economia solidária no Brasil. In: SANTOS,


Boaventura de Souza (Org.) Produzir para viver: os caminhos da produção não capitalista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; 2002. p.81-126

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/ lei/l12305.htm [Acesso em 20 jun. 2020]

WAITE, R. Household waste recycling. London: Earthscan Publications, 1995.

Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2018/2019. Abrelpe, 2019. Disponível em: http://abrelpe.org.br/download-panorama-2018-2019/ [Acesso em 20 jun. 2020]

Aterros sanitários, aterros controlados e lixões: entenda o destino do lixo no Paraná. Disponível em: https://cetesb. sp.gov.br/biogas/2017/08/01/aterros-sanitarios-aterros-controlados-e-lixoes-entenda-o-destino-do-lixo-no-parana/ [Acesso em 05 jun. 2020] Brasil é o 4° país no mundo que mais gera lixo plástico, 2019. Disponível em: https://www.wwf.org.br/?70222/Brasil-e-o-4-pais-do-mundo-que-mais-gera-lixo-plastico [Acesso em 22 jun. 2020] Central de triagem. Portal dos resíduos sólidos, 2013. Disponivel em: https://portalresiduossolidos.com/central-de-triagem/ [Acesso em 02 jun. 2020] LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010. Palácio do planalto, 2010. Disponível em:

Pesquisa Nacional de Saneamento Básico. IBGE, 2008. Disponivel em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/ liv45351.pdf [Acesso em 05 jun. 2020] Resíduos sólidos urbanos o clima. Disponível em: http:// protegeer.gov.br/rsu/rsu-e-clima [Acesso em 02 jun. 2020] What a waste 2.0. Banco Mundial, 2019. Disponivel em: http://datatopics.worldbank.org/what-a-waste/ [Acesso em 20 jun. 2020] 7 Passos da construção com container. Up Container, 2017. Disponivel em: https://upcontainers.com.br/passo-passo-da-construcao-container/ [Acesso em 02 mai. 2020] 11 vantagens e 7 desvantagens de construir com Containers. Disponivel em: https://engenheironaweb. com/2017/07/29/11-vantagens-e-7-desvantagens-de-construir-com-containers/ [Acesso em 02 mai. 2020]

A Ressignificação Final

WEYL, Th. Überblick über die historische Entwicklung der Städtereigung bis zur Mit1) AIZEN, Mário e PECHMANN, Roberto M. Memória da limpeza urbana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Coopin, Comlurb, 1985.

120


A Ressignificação Final

[ ANEXO I ]

121


122

A Ressignificação Final


A Ressignificação Final

[ ANEXOS I ]

123


124

A Ressignificação Final


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