TFG I E II REABILITAÇÃO DO PRÉDIO DA ANTIGA MACHINA SÃO PAULO

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REABILITAÇÃO DO PRÉDIO DA ANTIGA MACHINA SÃO PAULO EM LIMEIRA - SP LETÍCIA DE CARVALHO SANTOS

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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FEAU - FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA E URBANISMO

REABILITAÇÃO DO PRÉDIO DA ANTIGA MACHINA SÃO PAULO EM LIMEIRA - SP

LETÍCIA DE CARVALHO SANTOS

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO I ORIENTADORA: PROFª. DRª. MIRANDULINA M. M. DE AZEVEDO SANTA BARBARA D’OESTE - SP 2018 3


Não é na história aprendida, é na história vivida que se apoia nossa memória. Por história é preciso entender então não uma sucessão cronológica de acontecimentos e de datas, mas de tudo aquilo que faz com que um período se distinga dos outros, e cujos livros e narrativas não nos apresentam em geral senão um quadro bem esquemático e incompleto.(HALBWACHS, 1990, P.60)

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SUMÁRIO RESUMO 07 INTRODUÇÃO 08 1 O PATRIMÔNIO INDUSTRIAL 09 1.1 PATRIMÔNIO INDUSTRIAL NO CONTEXTO URBANO 12 1.2 POR QUE PRESERVAR? 14 1.3 CIDADES DINÂMICAS E ESTRUTURAS AMEAÇADAS 15 2 METODOLOGIA 16 2.1 ENTREVISTAS 17 3 A CIDADE DE LIMEIRA DO PRESENTE AO PASSADO 19 3.1 CAFÉ E INDÚSTRIA 27 3.1.1 CAFÉ 28 3.1.2 INDÚSTRIA 29 4 HISTÓRICO DA MACHINA SÃO PAULO 31 4.1 INÍCIO DA FÁBRICA, ENTORNO E DESENVOLVIMENTO DA CIDADE 35 4.2 PÓS-MORTE DE TRAJANO, CRISE DO CAFÉ E OUTRAS INDUSTRIAS 39 4.3 PRODUÇÃO BÉLICA (CONTRIBUIÇÃO PARA A GUERRA) 41 4.4 VENDA PARA MERCEDES 44 4.5 ABANDONO, USOS POSTERIORES E DIAS ATUAIS 44 5 ÁREA DE ESTUDO 46 5.1 ANÁLISE DO CONTEXTO ATUAL 58 6 PROJETOS ESTUDOS DE CASO 74 6.1 SESC POMPEIA 75 6.2 PINACOTECA 77 7 DIRETRIZES 79 8 REFERENCIAS 84 APÊNDICES 88 ENTREVISTAS 88 INVENTÁRIO 97

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RESUMO A preservação de monumentos ligado ao período industrial é um tema relativamente recente. Apesar disso, seu estudo está ligado a processos industriais que vão desde a Revolução Industrial, ou até mesmo antes desse período. Este estudo teve como objetivo mais amplo a compreensão sobre o que é um patrimônio industrial e sua relevância para a cidade em que está inserido e apresenta como objeto a indústria Machina São Paulo, localizada no município de Limeira. A partir do estudo teórico sobre o tema, foi possível compreender a importância do patrimônio industrial para as cidades e como deve ser tratado dentro de ambiente urbano. Por meio de entrevistas, pode-se compreender questões sociais da época e questões arquitetônicas relacionadas à fábrica, que não haviam sido esclarecidas em nenhum outro documento. O estudo da cidade também possibilitou conhecer as mudanças ocorridas no decorrer dos anos que afetaram o prédio e a compilação desses dados possibilitou elaboração de diretrizes para uma possível reabilitação da área estudada. PALAVRAS-CHAVE: Arquitetura Industrial, Patrimônio Industrial, Reabilitação, Memória, Urbano.

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INTRODUÇÃO Com o desenvolvimento das cidades, novos centros surgem dentro do ambiente urbano, e o aparecimento dos centros decadentes é uma realidade muito comum nesse

Trabalhar com edifícios e complexos industriais significa em geral atuar em áreas grandes, na maioria das vezes obsoletas e decadentes, que só poderão ser reinseridas numa realidade agindo em escala mais ampla- através de intervenções articuladas em bairros, cidades ou, mesmo, em situações críticas de decadência de vastas áreas, numa região – como meio de viabilizar sua preservação.

sentido. O prédio em questão compreende as antigas instalações da Machina São Paulo, importante fábrica na história da industrialização da cidade de Limeira, interior

Esses

grandes

complexos

industriais

são

de São Paulo. A fábrica se encontra no centro decadente

frequentemente negligenciados pelo poder público,

da cidade e está localizada, não por acaso, nas margens

que deixa essas áreas sem nenhuma diretriz para sua

da ferrovia, importante eixo de desenvolvimento da cidade

preservação. Tal falta de interesse pode ocasionar a

durante os primeiros anos de crescimento. Diversas outras

degradação da construção, tornando a área vulnerável a

indústrias também se instalaram próximo à ferrovia, por

vários tipos de deterioração.

ser o meio de transporte mais eficiente naquele recorte de tempo.

Ocorre que muitas vezes o entorno desses prédios estão também fragilizados e sem respaldo do

Com a chegada das rodovias enquanto meio

poder público, necessitando assim que não somente a

mais eficiente de transporte, as indústrias se deslocam

área que compreende o complexo industrial, mas também

para as suas margens e o centro fica subutilizado. Assim,

o lugar em que está inserido passe por um processo de

também a cidade vai se expandindo cada vez mais, e o que

requalificação. “Ou seja, é sempre necessário ter pleno conhecimento da cidade ou do território no qual se intervirá. Conflitos com certeza aparecerão, mas uma solução pertinente não é impossível.” (KÜHL, 2008, p. 144).

um dia teve grande importância, na contemporaneidade não passa de grandes vazios urbanos a espera de algum empreendimento que possa valorizar ainda mais determinado lugar. Contudo, não se pode negar que a presença desses monumentos industriais tem grande relevância, sendo sua preservação algo que pode contribuir para o conhecimento histórico da cidade. Conforme Kühl (2008, p. 135),

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1 O PATRIMôNIO INDUSTRIAL 09


Segundo Beatriz Kühl1, o interesse pela preservação do patrimônio industrial é recente, tendo o tema iniciado por volta de 1950, na Inglaterra, com o termo arqueologia industrial, o qual será abordado à frente, e que ganhou maior destaque após 1960, quando alguns dos grandes testemunhos da arquitetura industrial foram demolidos ou passaram por um processo de demolição. Conforme descreve Rosa (2011) [...] o apoio popular à conservação do patrimônio industrial se intensificou com as manifestações públicas em 1961 contra a demolição do Arco Euston[...]. Esse representava um monumento de grande importância, pois ilustrava o desenvolvimento do período inicial do transporte ferroviário na cidade de Londres. O episódio se tornou então um símbolo da conservação de monumentos industriais. Esses eventos despertaram o interesse em diversos países para a conservação do que tinham como exemplares de arquitetura industrial. Nesse contexto, é criado o Comitê Internacional para a Conservação do Patrimônio Industrial, TICCIH2, no ano de 1978, o qual realiza importantes conferências sobre o tema e, em 2003, elaborou a Carta de Nizhny Tagil, que aborda a questão da preservação do patrimônio industrial. A carta trás a definição de patrimônio industrial e também arqueologia industrial, transcrito a seguir:

1 Algumas questões relativas ao patrimônio industrial e à sua preservação. 2 The International Committee for the Conservation of the Industrial Heritage

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O património industrial compreende os vestígios da cultura industrial que possuem valor histórico, tecnológico, social, arquitectónico ou científico. Estes vestígios englobam edifícios e maquinaria, oficinas, fábricas, minas e locais de processamento e de refinação, entrepostos e armazéns, centros de produção, transmissão e utilização de energia, meios de transporte e todas as suas estruturas e infra-estruturas, assim como os locais onde se desenvolveram actividades sociais relacionadas com a indústria, tais como habitações, locais de culto ou de educação.[...] A arqueologia industrial é um método interdisciplinar que estuda todos os vestígios, materiais e imateriais, os documentos, os artefactos, a estratigrafia e as estruturas, as implantações humanas e as paisagens naturais e urbanas, criadas para ou por processos industriais. A arqueologia industrial utiliza os métodos de investigação mais adequados para aumentar a compreensão do passado e do presente industrial. O período histórico de maior relevo para este estudo estende-se desde os inícios da Revolução Industrial, a partir da segunda metade do século XVIII, até aos nossos dias, sem negligenciar as suas raízes pré e proto-industriais. Para além disso, apoia-se no estudo das técnicas de produção, englobadas pela história da tecnologia.(Carta de Nizhny Tagil, 2003)


De acordo com a definição dos termos pela Carta de Nizhny Tagil, e entendendo essa questão do patrimônio como transmissão de conhecimentos de um dado período, Françoise Choay3, traz alguns conceitos ligados ao tema, dentre eles, o de monumento histórico. Segundo Choay (2011, p 13) o monumento histórico não é um artefato intencional [...] Ele não se volta para a memória viva. Foi escolhido de um corpus de edifício,

Figura 1: Arco de Euston, Londres. FONTE:THE GUARDIAN(2017)

preexistentes, em razão de seu valor para a história [...] e ou seu valor estético. Para Aldo Rossi4 (1995), os monumentos constituem um valor que é mais forte do que o ambiente e mais forte do que a memória. “O monumento é uma permanência porque, podemos sustentar, já se acha em posição dialética no interior do desenvolvimento urbano.” (ROSSI, p 124) Ou seja, os monumentos representam então uma fonte de estudo viva sobre um determinado período, capaz

Figura 2: Vista do complexo Zollverein, Essen, Alemanha. FONTE:

de transmitir vários aspectos de uma cultura e possuir

Archdaily(2014)

muitas histórias. Por isso, o cuidado para com eles é de

Exemplo de arquitetura industrial reabilitada, possuindo cerca de 100

extrema importância. Segundo Kühl (2008, p.231) Monumentos são sempre únicos, não-repetíveis e devem portar consigo para o futuro seus elementos caracterizadores e as marcas de sua translação na historia; todo cuidado é pouco, pois esses monumentos-documentos, instrumentos da memoria, individual e coletiva, permitem infinitas possibilidades.

hectares. A data da primeira mina de carvão desse complexo é de 1847. Por conta da mudança da economia, de 1968 a 1993 as fábricas foram fechando. Foi declarada patrimônio industrial em 2001.

Figura 3: Vista do complexo Zollverein. FONTE: Archdaily(2014) 3 4

O patrimônio em questão: antologia para um combate A arquitetura da cidade

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1.1 PATRIMôNIO INDUSTRIAL NO CONTEXTO URBANO

Pode-se observar que áreas onde um dia concentraram-se grandes indústrias, muitas vezes encontram-se obsoletas na cidade. Esses complexos industriais geralmente se localizam em centros antigos,

Figura 4: Vista externa da fábrica Santa Catarina. Fonte: Pereira, 2007, p. 63

degradados. Sua estrutura acaba por fazer parte desse cenário e se torna degradada também. De acordo com Kühl (2008), tais áreas precisam de projetos para sua requalificação. Segundo ela, O patrimônio arquitetônico resultante do processo de industrialização abarca grande variedade de tipos, a exemplo de fábricas ou complexos destinados ao transporte ferroviário, e é comum que se trate de imprensas superfícies em áreas hoje centrais e de numerosas cidades e, por conseguinte que apresentem grande interesse e, mesmo, urgência, para projetos estratégicos de requalificação urbana e territorial. (KÜHL, 2008, p 146)

Figura 5: Vista externa parcial da fábrica Santa Catarina. Fonte: Pereira, 2007, p. 65

A exemplo de áreas que passaram por esse processo e se tornaram obsoletas, podemos citar, segundo Beatriz Kühl (2008), a cidade de São Paulo, que conta com um importante legado da arquitetura industrial que deveria ser preservado. Kühl ao longo de seus apontamentos menciona vários exemplos que podem ilustrar o descaso com a preservação do patrimônio industrial. Um deles é a Fábrica de Louça Santa Catarina, de 1912, demolida no fim de 2002. Segundo Kühl (2008, p 198), o conjunto era expressivo por várias razões, como a composição do complexo formado por vários galpões filiados a uma estética industrial [...], que fizeram dele um marco na região.

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Figura 6: Vistas internas da fábrica Santa Catarina. Fonte: Pereira, 2007, p. 58 Imagem 28 e 29 - sessão de trituração. Imagem 30 - tornos para confecção de vasilhames. 31 - sequencia de tornos, a frente área para esmaltação. 32- linha de fornos dotados para carris de ferro. 33armazém de louças, ocupado pro mulheres.


Outro exemplo abordado pela autora é o Conjunto

Conforme Kühl (2008, p. 211) os remanescentes

das Indústrias de Louça Zappi, 1940, localizado na Mooca,

da industrialização têm sido vítimas preferenciais da

distrito de São Paulo, que teve seu processo de demolição

especulação imobiliária [...] sendo impiedosamente

no inicio de 2003, para ampliação de um Colégio.

demolidos ou descaracterizados para dar origem a complexos residenciais e condomínios fechados. Ou seja, esses espaços são consideradas grandes áreas que possuem potencial dentro de um contexto de bairro que vem se valorizando. Então, nessa circunstância, os condomínios residenciais ignoram o espaço público e se fecham para ele. Isso reflete questões de segurança dentro da cidade, gerando espaços murados e segregação

Figura 7: Vista da fábrica de louças Zappi, 1938. Fonte: Pereira, 2007, p. 78

Figura 8: Corte e elevação do prédio, destaque para curvatura do telhado dotado de um tirante para a compensação de formas e um sistema de coleta de águas pluviais. Fonte: Pereira, 2007, p. 82

urbana.

Figura 10: Vista aérea do complexo, com alterações. As legendas correspondem à cronologia dos galpões Fonte: Pereira, 2007, p. 83

Figura 9: Planta geral. Em destaque, novo pavilhão. Implantação do núcleo anterior(hachurado). Fonte: Pereira, 2007, p. 82

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1.2 POR QUE PRESERVAR?

Logo, grande parte dos complexos industriais surge nas cidades, auxilia no seu desenvolvimento, porém, quando esses perdem sua função, por diversos

Beatriz Kühl (2008, p. 231) afirma que respeitar e

fatores, sejam eles mudança de produção ou no meio de

tutelar a herança do passado responde a nossa necessidade

transporte utilizado em determinada época, os mesmos se

de memória e de conhecimentos. Relacionando isso ao

tornam defasados, a área em que está inserida se torna

patrimônio industrial, podemos compreender que este tem

frágil, desocupada e vulnerável a ações de degradação

muito a contribuir sobre um período onde está inserido

ou mesmo de demolição. Os interesses atuais do mercado

dentro da história do desenvolvimento da cidade.

sobrepõem-se aos interesses de preservação na maioria

Desse modo, projetos de restauração e projetos de inserção de novos elementos em contextos históricos, não são simplesmente exercícios projetuais em edifícios ou contextos históricos; trata-se como nota Carbonara [...] de projetar para edifícios e contextos históricos (KÜHL, 2008 p 231).

O patrimônio industrial está ligado a uma fase de evolução e transformação da cidade, atrelado a mudanças na estrutura e desenvolvimento dessa. Em função disso, muitas vezes sofre com as novas dinâmicas que vão surgindo. Nesse sentido, Kühl (2008, p. 232) afirma que o interesse em preservar marcas do transcorrer do tempo não é mero “ruinismo” ou necrolatria, mas é sim, uma apreciação estética, crítica, histórica, que não considera o tempo como reversível. Pode-se dizer que esses complexos industriais constituem parte da memória de determinado lugar. Eventualmente eles não se compõem apenas do edifício de uso industrial, mas sua influência pode ser notada por um conjunto de edificações e modificações que eles ocasionam dentro da cidade, como é o caso da fábrica estudada, a Machina São Paulo, que através de seu crescimento e desenvolvimento, gerou vilas operárias, escolas entre outras estruturas.

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das vezes. Sobre a ação do tempo e transformações urbanas, Rossi afirma, Há obras que constituem um acontecimento originário na constituição urbana e que permanecem e se caracterizam no tempo, transformando a sua função ou negando a função original até constituir um trecho de cidade, tanto que os consideramos mais do ponto de vista tipicamente urbano do que do ponto de vista da arquitetura. Há obra que assinalam uma constituição, são o signo de novos tempos na historia urbana; elas são, na maior parte, ligadas a períodos revolucionários, a acontecimentos decisivos no curso histórico da cidade. (ROSSI, 1995, p. 167)


1.3 CIDADES DINâMICAS E ESTRUTURAS AMEAÇADAS

Vale destacar também, conforme já mencionado anteriormente, que os patrimónios industriais, na sua grande maioria, estão inseridos em áreas degradadas da cidade que perderam seu valor. Ou seja, qual a intenção de

O interior do estado de São Paulo possui vários

se fazer algo nessas áreas degradadas?

exemplos de cidades que têm se desenvolvido rapidamente,

[...] A solução torna-se muito complexa, devendose fazer uso dos instrumentos do planejamento urbano e territorial [...] a preservação dos conjuntos industriais estará subordinada a esse tipo de ação mais abrangente, que vai resultar em novos tipos de organização para a cidade e o território. (KÜHL, 2008, p. 139)

apresentando mudanças na sua estruturação. É um cenário que se repete, onde a lógica das mudanças é a do mercado. As cidades crescem de modo a gerar grandes vazios urbanos, como consequência temos a especulação imobiliária. Prédios inteiros desocupados em áreas centrais, esperando a “hora certa” para serem utilizados, enquanto grandes números de famílias vivem em condições precárias nas franjas das cidades, cada vez mais desestruturadas e deslocadas, longe do trabalho e dos equipamentos urbanos. Nesse cenário, o patrimônio industrial também sofre e se torna grandes vazios, inutilizados, vão perdendo suas características, sendo degradados pela sociedade e também pela ação do tempo. O poder público acaba por seguir a dinâmica do mercado, deixando essas áreas sem nenhum respaldo, podendo eventualmente traçar

A importância da preservação desses patrimônios, como de qualquer outro, está em manter vivo o que foi um dia um fator de importância dentro de determinado contexto. Ao olhar para esses edifícios do passado, comtemplamos hoje o quão grandioso pode ter sido uma parte da cidade, por mais que alguns valores tenham mudado em decorrência dos novos meios de produção, novos fatores econômicos. Nada pode anular o quanto esses patrimônios um dia fizeram pelo desenvolvimento urbano e industrial.

algumas diretrizes para determinados edifícios, mas que não se concretizam, ou mesmo toma algumas atitudes irreversíveis para determinados lugares, visando sempre o lucro. Kühl aponta que esse posicionamento não passa de uma falta de conhecimento das autoridades para com essas edificações.

Não se trata de conservar tudo, nem, tampouco, de demolir ou transformar indistintamente tudo. [...] Isso demonstra uma falta de aproximação historicamente fundamentada, denota negligencia na analise das construções legadas pelo passado, deixando-se de assumir a responsabilidade por uma identificação conscienciosa. (KÜHL, 2008, p. 147)

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2 METODOLOGIA 16


Para o desenvolvimento do presente trabalho

2.1 ENTREVISTAS

foi necessário a compreensão da estrutura da cidade e também do desenvolvimento da indústria estudada. De acordo com Rossi (1995, p. 198) [...] a própria cidade é a

As entrevistas tiveram um papel fundamental,

memoria coletiva dos povos; e como a memoria está

podendo chegar, através da memória coletiva de um

ligada a fatos e a lugares, a cidade é o “locus” da memória

determinado grupo de pessoas relacionadas a um assunto

coletiva.

em comum, a detalhes não relatados ou encontrados em

Para o levantamento de informações, realizouse um aprofundamento da referência bibliográfica sobre o assunto abordado, tratando-se então de uma pesquisa histórica, feita através de desenhos, plantas, fotografias, arquivos, documentos e memórias da época, depoimentos e também história de vida dos personagens que protagonizaram o desenvolvimento da indústria aqui estudada.

nenhuma outra fonte. Diversos materiais consultados durante o levantamento histórico abordam vários assuntos sobre a fábrica, mas nenhum material trazia as peculiaridades do dia a dia, ou relatavam o cotidiano do local, oferecendo apenas uma interpretação muito abrangente de como as coisas eram ou aconteciam. Desse modo, foi de grande importância o contato com essas pessoas que direta ou indiretamente têm sua história ligada à história da Machina São Paulo.

[...] a memoria se torna o fio condutor de toda a complexa estrutura; nisso a arquitetura dos fatos urbanos se destaca da arte enquanto elemento que existe por si mesmo; até os maiores monumento da arquitetura estão intimamente ligados a cidade. (ROSSI, 1995, p.198)

O processo de pesquisa foi estruturado da seguinte forma: 1 Compilação dos dados coletados para análise e entendimento do tema, que inclui textos teóricos sobre cidade e preservação;

No início da pesquisa, a falta de conhecimento sobre o histórico do local somada à falta de informações nos órgãos públicos, na biblioteca e no acervo municipal, direcionou a busca para as pessoas que poderiam possuir memórias daquele lugar, portanto, deixou-se de buscar dados oficiais, visto que estes eram falhos, sem data e conteúdo. Através de uma publicação feita em rede social (Facebook5), várias pessoas demonstraram interesse em conversar ou partilharam ali mesmo alguma informação.

2 Levantamento de dados a partir de informações coletadas

Nessa publicação, foi colocada uma imagem do lugar

com a Prefeitura de Limeira;

juntamente a uma descrição do motivo, pelo qual desejava-

3 Visita ao local e entorno para reconhecimento do prédio, contato com as pessoas que trabalham no mesmo atualmente; 4 Busca de informações no museu, biblioteca municipal e acervo histórico da cidade. Levantamento de pessoas para entrevistas.

se obter depoimentos de pessoas que de uma forma ou de outra estiveram em um dado momento da vida ligadas a história da fábrica e que pudessem contribuir com a pesquisa, sejam por meio de fotos, depoimentos, conversas. 5 Publicação dia 05 de março na página Apaixonados por Limeira.

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A partir da publicação foi possível conversar com

Outras conversas ocorreram para o levantamento

sete pessoas, que se dispuseram a compartilhar seus

de informações e assim como as entrevistas, também

conhecimentos, fotos, lembranças e até indicações para

serão relatadas no Apêndice.

melhorar a busca. Foram elas o senhor Carlos Scartezini, 78, neto de Ciro Scartezini, gerente da Máchina São Paulo; Marilda Hornhardt, 70, filha de Otto Hornhardt, funcionário da Machina São Paulo, Renato de Almeida, 92, possivelmente o único funcionário ainda vivo da fábrica; Professor Arnald Bacann, Professora Marlene Benedetti, 71, ambos da ETEC Trajano Camargo; Nair Dias Ferreira, 69,

É importante destacar que as entrevistas tiveram um grande peso no levantamento de material, pois possibilitaram compreender a grandeza da indústria e sua real importância para o desenvolvimento da cidade, uma vez que há insuficiência de conteúdo em textos e artigos publicados.

filha de Augusto Francisco Dias, funcionário da fábrica e, por fim, o arquiteto Felipe Penedo, neto de Nelson Penedo, funcionário.

Figura 11: Vista aérea da Machina São Paulo. Década de 50/60. Fonte: IBGE 18


3 A CIDADE DE LIMEIRA - DO PRESENTE AO PASSADO 19


A cidade de Limeira está localizada no interior

Para compreendermos o objeto de estudo

do estado de São Paulo, a 154km da capital, na latitude

a ser analisado nesse trabalho, apresentar-se-á o

sul 22°33’53”, longitude oeste 47°26’06” e altitude 588

desenvolvimento da cidade em retrospectiva, até o período

metros, com área de 580,711km² e densidade demográfica

no qual a atividade da Machina São Paulo pertenceu.

de 475,32 hab/km², segundo censo do Instituto Brasileiro

Pode-se assim perceber, conforme a retrospectiva vai se

de Geografia e Estatística, IBGE 2010. É uma das 23 cidades

apresentando, como a cidade se modificou ao longo das

pertencentes ao Aglomerado Urbano de Piracicaba,

décadas, de acordo com as atividades econômicas que

instituído em 26 de junho de 2012, pela Lei Complementar

impulsionavam o desenvolvimento da região na qual esta

Estadual nº 1.178. Atualmente possui 300.911 habitantes,

inserida.

segundo estimativa do IBGE para o ano de 2017.

Limeira possui 05 macrozonas, conforme Mapa 01. O Mapa 02 apresenta o zoneamento da cidade, conforme anexo 05 do Plano Diretor, faltando nesse as Zonas Especiais e de Interesse Social, que estão localizadas no anexo 06 do mesmo. De acordo com o Mapa 02, nota-se que as Zonas Predominantemente Industriais, ZI-1,2 e 3, e Zona de Urbanização Industrial Controlada estão localizadas próximo às rodovias, gerando grandes corredores industriais, como pode ser observado também no Mapa 03,

Figura 12: Localização. Fonte primária: SCUSSEL(2017).Reelaboração própria

Uso e Ocupação do Solo. A área de estudo, situada no centro da cidade, já foi uma caracterizada como sendo de desenvolvimento

O município de Limeira, segundo Queiroz (2007), apresenta uma expansão urbana que segue os mesmos modelos de assentamentos espaciais observados na capital, compondo uma cidade dispersa, espraiada.(Mapa 04)

industrial, em função da localização do leito férreo. Conforme as dinâmicas de produção se alteraram e as rodovias foram se instalando na cidade, essas unidades fabris foram se realocando para melhorar a logística. O centro hoje abriga uma região voltada para comércio e

Sua localização entre as rodovias Anhanguera (SP-330), Washington Luiz (SP-310) e Bandeirantes (SP-348)

serviço, enquanto a área de estudo se inserida em uma região predominantemente residencial.

fez dela uma cidade em potencial. Considerada atualmente como a capital da Bijuteria, a cidade de Limeira já foi também a Capital da Laranja e berços da Citricultura Nacional. Recentemente a agricultura local está voltada para o cultivo de cana-de-açúcar. 20

O Mapa 04 demonstra a evolução urbana ao logo dos anos. Pode-se perceber a influência das vias estruturantes para o crescimento e desenvolvimento da cidade.


Mapa 01- Macrozoneamento,2017

Fonte primária: Prefeitura Municipal de Limeira: Reelaboração própria

Mapa 02- Zoneamento 2017

Fonte primária: Prefeitura Municipal de Limeira: Reelaboração própria

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Mapa 03- Uso e Ocupação do Solo 2017

Fonte primária: Prefeitura Municipal de Limeira, SCUSSEL(2017 : Reelaboração própria

Mapa 04- Mancha de evolução urbana

Fonte primária: Prefeitura Municipal de Limeira, QUEIROZ(2007), Reelaboração própria

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Segundo Queiroz (2007), a cidade de Limeira teve

mínimos e, desse percentual, 13,1% ganham até um salário mínimo (QUEIROZ, 2007, p163)

seu parque industrial implantado próximo à ferrovia, à Rodovia Anhanguera, e ao aeroporto de Viracopos. A autora caracteriza também a região como sendo privilegiada por sua localização e grande concentração industrial, observando assim altas taxas de crescimento na produção, tendo a Região de Campinas recebido maior investimento, na década de 1970, ou seja, 30% da indústria se localizava no interior. (QUEIROZ, 2007, p. 162)

Figura 13: Índice Paulista de Responsabilidade Social. Fonte: SEADE

Queiroz afirma que a análise do setor econômico se torna importante para compreender as mudanças

Segundo Queiroz (2007), na década de 1990, a

ocorridas na cidade. Do mesmo modo, Aldo Rossi esclarece

cidade teve crescimento menor em comparação com

que a cidade espelha as ações ocorridas em cada período.

outras décadas. Nesse período, a maioria dos loteamentos

Segundo ele, “A forma da cidade é sempre a

eram ricos e foram se convertendo em condomínios

forma de um tempo da cidade e existem

fechados, formando bolsões e trazendo insegurança

muitos tempos na forma da cidade. No próprio

e maior segregação. Também, a falta de incentivos

decorrer da vida de um homem, a cidade muda

para novos empreendimentos industriais dificultou o

de fisionomia em volta dele, as referencias não

desenvolvimento de Limeira nesses anos.

são mais as mesmas”. (1995, p. 57)

Nessa década também, segundo o Plano Diretor

Tem-se como um fato importante, por exemplo, a

de 1998, o crescimento residencial ao sul extravasou o

inauguração da Rodovia dos Bandeirantes, em 2001, cujo

perímetro urbano. Foram se formando bairros afastados e

traçado, no início, limitava o crescimento da cidade, e com

áreas rurais foram convertendo-se em urbanas.

o tempo, passou a induzir sua ocupação, da mesma forma que a Via Anhanguera, e se tornou então um novo indutor, valorizando assim as terras ao redor.

Os anos de 1980 não foi um período de grandes expansões para a cidade. Surgiram alguns loteamentos e vazios urbanos, próximos à malha urbana. Também

A cidade é constituída por uma população

nesse época houve uma maior verticalização no centro,

predominantemente de baixa renda, porém, não se pode

acarretando em um adensamento e aumento do fluxo de

deixar de lado sua importância industrial, comparada

veículos.

com as cidades da região. [...] a classificação de renda, mostra que 51% da população ganha de um a três salários mínimos, 19%, de três a cinco salários mínimos, 13%, de 5 a 10 salários mínimos e, apenas, 7,5%, acima de 10 salários mínimos, o que evidencia uma população predominantemente pobre. Com relação aos chefes de família, 36% ganham menos que dois salários

De 1985 a 1995 houve um processo de verticalização da região central da cidade, passando de cinco prédios no início do período para mais de 80 exemplares após dez anos. A queda na verticalização da região central, a partir de 1995, foi causada pela proliferação dos condomínios fechados horizontais em torno da área central. Neste mesmo período, as atividades comerciais do centro foram estagnadas

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pela criação do Limeira Shopping, às margens da rodovia Anhanguera. (MINEO, 2009, p. 64)

Nessa década cria-se o Plano de Desenvolvimento Integrado – EMDEL6 - para promover desenvolvimento

Na década de 1970, houve o surgimento de

e ordenar o crescimento da cidade. Novos loteamentos

cinco loteamentos públicos na cidade. Nessa época, o

foram surgindo, longe da área urbanizada, gerando vazios

crescimento aconteceu de forma desordenada, com

urbanos. Como consequência disso, houve encarecimento

abertura de loteamentos em vários eixos, como Mogi

da

Mirim-Varga-Campinas. Tem-se também o surgimento

clandestinos. Outros empreendimentos, mais distantes

de loteamentos privados nos eixos Piracicaba-Iracema-

por conta do preço da terra, acarretaram a valorização

Graminha. De acordo com Queiroz (2007), as mudanças

imobiliária dessas regiões.

ocorridas entre os anos de 1876 a 1967 não foram tão expressivas quanto no período de 1967 até os dias atuais. Nesse houve o crescimento da malha urbana, valorização do solo, aumento populacional e intensificação da atividade industrial.

infraestrutura

e

surgimento

de

loteamentos

Na década de 1970, acontece a construção do anel viário, como um elemento de estruturação. De início, delimitava o espaço urbano e funcionava como uma barreira ao crescimento. Depois, passou a ser um elemento propulsor do desenvolvimento da cidade. Os limites da área urbana foram ultrapassados,

O processo de industrialização promoveu o crescimento urbano de Limeira que foi ao mesmo tempo, vertical, no centro da cidade, e horizontal pelos novos loteamentos populares criados por incentivos políticos à imigração regional. Paralelamente ao crescimento urbano pela industrialização, ocorreu outro fenômeno a partir da década de 1970, conhecido por descentralização da metrópole paulista que fora estimulado por políticas públicas que incentivavam a migração da população paulistana às cidades médias do interior, ocasionando uma alteração na configuração desses territórios (MARTINELLI, 2004). (MINEO, 2009, p. 65)

afetando assim áreas de preservação. Na década de 1960, os loteamentos concentraramse nas áreas de maior crescimento industrial, como a Ferrovia e a Rodovia Anhanguera. De maneira geral, até a década de 1960, a cidade mantinha suas feições ecléticas e sua estrutura sem grandes alterações, pois seu crescimento era vagaroso. A partir desta época, as indústrias locais saíram do centro da cidade e foram se instalar em áreas mais afastadas e amplas, dividindo seus lotes para dar lugar ao comércio. (MINEO, 2009, p. 64, grifo nosso)

Nos anos de 1977 a 1985 tem-se a expansão da cidade de forma generalizada, com maior intensidade nos vazios da zona leste, e também instalação de indústrias. Entre 1970 e 1980 a cidade sofre uma forte onda de urbanização, de 84% passou para 91,5% de população urbana. Em 1976, a cidade tinha um total de 128.000 habitantes e, em 1996, aproximadamente 230.000, resultado das atividades industriais, que impulsionaram o crescimento econômico e os movimentos migratórios. 24

6

Empresa de Desenvolvimento de Limeira


6

5

2

4

1

3

LOCALIZAÇÃO DAS INDÚSTRIAS 1 MACHINA SÃO PAULO 2 PHOSPOROS RADIUM 3 CIA INDUSTRIAL CHAPEUS PRADA 4 INDUSTRIAS LUCATO 5 MACHINA ZACCARIA 6 MACHINA D’ANDREA Figura 14: Uso e Ocupação de 1969. Fonte primária: Prefeitura de Limeira. Reelaboração própria

Por volta de 1962, a Machina São Paulo encerra suas atividades. Na década de 1950 houve uma expansão dos loteamentos que contornam a cidade, próximos às instalações industriais e à Via Anhanguera. Nessa década surgem alguns loteamentos inicialmente para classe média e de baixa renda. Esses se modificam ao longo do

Em 1948 e 1953, respectivamente, os distritos de Cordeirópolis e Iracemápolis são emancipados, respectivamente, fazendo com que o município de Limeira perdesse grandes áreas agrícolas. Apesar deste fato, a atividade industrial ganhou força na cidade devido à proximidade de grandes centros urbanos, como Campinas e São Paulo, o acúmulo do dinheiro dos cafeicultores e a presença de infraestrutura urbana. (MINEO, 2009, P63, grifo nosso)

tempo, na área central, para média e alta renda. 25


MACHINA SÃO PAULO CHÁCARA DA FÁMILIA BARROS

Até 1940, predominavam grandes propriedades de fazendeiros que depois foram se dissolvendo e transformando-se em chácaras de famílias. Durante a década de 1930, surgem os primeiros loteamentos residenciais e há crescimento contínuo da malha inicial. À época a cidade foi perdendo seu traçado geométrico xadrez e crescendo em pedaços desconexos, com uma dispersão no eixo Santa Bárbara d’Oeste e Campinas. Dessa forma, já nos anos 1920, essa porção centro-leste do estado, em particular a Região Administrativa de Campinas caracterizava-se como uma das mais importantes áreas do estado, contando com uma rede urbana bastante estruturada e com uma agricultura diversificada, que atendia boa parte do mercado paulista com matérias-primas e produtos alimentares, além de produtos agrícolas de exportação. A crise do café, no entanto, abriu espaço para que novas atividades econômicas se fizessem presentes na região. Neste contexto, a região de governo de Limeira se destaca como importante polo produtor de novas culturas que viriam a substituir o café em importância para as exportações. Cana de açúcar e laranja ganham novos significados na dinâmica das importações do século 20 e início deste século 21, redesenhando o cenário agroindustrial regional. (BAENINGER, 2012, grifo nosso)

Entre 1877 e 1937, as atividades

Figura 15: Planta da cidade de 1938. Fonte primária: Querioz (2007). Reelaboração própria.

Nesse momento a vinda da família Levy foi importante para o desenvolvimento da cidade. Os Levy fundaram uma firma por volta de 1894, que fazia exportação do café em Santos, chegando a exportar 80% da produção. O início da industrialização pode ser notado dentro desse período com a instalação de grandes indústrias, o que será abordado no tópico Indústrias. A criação da

econômicas

Machina São Paulo, em 1914, por exemplo, foi um destaque

concentraram-se na área consolidada da cidade, a qual

dessa época, juntamente com a Companhia de Chapéus

era de formato ortogonal, ou “xadrez”. Durante esses anos

Prada e a Fábrica de Phosphoro Radium, dos Levy.

houve um crescimento nas margens direita do Ribeirão Tatu, que não havia se expandido anteriormente por conta de seu relevo acentuado. Houve também crescimento na margem esquerda, mas este foi de menor intensidade.

Mesmo com esse crescimento e a formação da nova malha urbana, a cidade ainda não apresentava documentações com a divisão dos bairros. Um dado relevante é que até 1889 a iluminação das ruas ocorria por lampiões, passando a ser elétrica a partir de 1911, através da empresa Central Elétrica. Limeira teve seu inicio nos anos de 1815,

26


aproximadamente, com os primeiros desenhos das quadras apoiadas sobre as vias estruturadoras . A cidade nasce na

3.1 CAFÉ E INDÚSTRIA

7

margem esquerda do Ribeirão Tatu, pois o seu outro lado possuía um terreno irregular.

O prédio estudado no presente trabalho compreende as antigas instalações da Machina São Paulo, indústria de 1914, a qual será apresentada com mais

O formato da malha urbana era ortogonal,

detalhes no próximo capítulo. Sobre essa indústria, cabe

tendo as igrejas, capelas e cemitérios como referência.

exemplificar aqui que a mesma fabricava máquinas para

Possuía então 88 quadras, 102,10 ha, e contava com 3.000

beneficiamento de café e posteriormente outras máquinas.

habitantes. Em 1832, se torna freguesia e tem-se a criação da Sociedade de Bem Comum, que funcionava como uma Câmara de Vereadores. A Sociedade de Bem Comum termina em 1842, quando a freguesia se torna Vila. Em 1844 é criada a Câmara Municipal, e esta vai supervisionar o crescimento da cidade, através da regularização dos lotes. Em 1875, por exemplo, ela pôs em leilão os lotes que não estavam em posses legais, pois estava influenciando no desenvolvimento e organização da cidade.

Figura 16: Limeira em 1856. Fonte: Acervo pessoal Felipe Penedo.

Visto qual o ramo de produção da indústria em questão, procurou-se então compreender o contexto na qual ela surgiu. Verifica-se que a Indústria Machina São Paulo, nasce no mesmo ano da Primeira Guerra Mundial. De acordo com Marson (2015) Há um relativo consenso na historiografia econômica da indústria de máquinas e equipamentos brasileira e paulista sobre sua evolução do final do século XIX até o período anterior à Primeira Guerra Mundial. Em geral, os autores afirmaram que o crescimento da indústria de máquinas e equipamentos brasileira e principalmente a paulista estava ligado ao desenvolvimento da economia primário-exportadora. [...] Assim, o desafio enfrentado pela indústria na Primeira Guerra foi a manutenção dos equipamentos existentes e da produção e não a expansão dos mercados compradores (Dean, 1976, p. 99). No entanto, a Primeira Guerra afetou positivamente o desenvolvimento industrial na economia paulista em um aspecto: fundação de oficinas metalúrgicas, que tinham como objetivo produzir peças de máquinas e máquinas inteiras para agricultura e indústria, basicamente utilizando o ferro fundido, e o reparo de equipamentos existentes. Essas firmas, geralmente pequenas fundições ou oficinas metalúrgicas, necessitavam de equipamentos simples para operar e a matéria-prima provinha de metal usado retrabalhado. Apesar de a maioria das oficinas ter fechado quando a guerra terminou, nem todas tiveram esse fim e nem todas realizavam apenas conserto de máquinas.

Então, de acordo com Marson, pode-se afirmar que essas indústrias que surgiram no mesmo ano ou posterior à guerra tem certa relação com a questão de 7 Estrada do Morro Azul-Campinas(1823), o Vale do Ribeirão Tatu e Ferrovia. (Queiroz, 2007, p.62)

produção de peças para manutenção das máquinas, 27


para suprir a necessidade da produção agrícola naquele

um grupo de imigrantes e famílias para trabalhar em um

período. No caso da Machina São Paulo, as máquinas de

sistema de parceria9.

beneficiamento eram tão aprimoradas para o seu tempo que faziam grande sucesso, recebendo prêmios e sendo vendidas por todo o Brasil. A sua decadência com o passar dos anos tem ligação com a crise do café e outros fatores administrativos da própria empresa, sendo um deles um contrato para produzir material bélico para a Segunda Guerra. Para melhor entender todo o processo de produção industrial do período que compreende antes do surgimento da fábrica até o seu desenvolvimento, foi levantado brevemente o histórico do café no estado de São Paulo, o qual será apresentado a seguir, além de um resumo da industrialização na cidade de Limeira.

Em 1846 é criada a firma Vergueiro e Cia na qual o Senador, juntamente com seus filhos, possibilitava a vinda de colonos para Limeira e Rio Claro. Nesse ano, 423 colonos alemães vieram para o sistema de parceria de Vergueiro, que se espalhou por todo o interior. Entre as 26 colônias de parcerias, 6 delas estavam na nossa região. De 1864 a 1870, durante a guerra do Paraguai, a fazenda Ibicaba ficou a comando do governo para ser um local de instrução e treinamento militar. Após a guerra o governo custeava o transporte e acomodação dos imigrantes. Nesse período são formadas então as sociedades protetoras da imigração com função de atrair mais imigrantes europeus. A partir disso, ocorre uma vinda de grande grupo de italianos. Em 1890, a Fazenda Ibicaba é posta à venda.

3.1.1 CAFÉ No estado de São Paulo, a expansão cafeeira, conhecida

como

Marcha

do

Café,

aconteceu

aproximadamente nos anos 1830, com início no Vale da Paraíba, e percorreu o estado até chegar ao centro, por volta de 1850. O deslocamento da cafeicultura para o interior se dava pela falta de técnicas dos cafeicultores, que acabavam prejudicando o solo, o que fazia com que estes fossem abandonados e novas áreas fossem utilizadas. Em 1828, Senador Vergueiro8 inicia a substituição da cana de açúcar pelo café. Até então o transporte era feito por escravos, bem como todo trabalho do plantio à colheita e embalagem. Senador Vergueiro defendia o trabalho livre por imigrantes europeus. Em 1840, trouxe 8 Português, Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, veio para o Brasil em 1803. Proprietário da Fazenda Ibicaba, fundou a colônia Senador Vergueiro. Fonte: https://ihgb.org.br/perfil/userprofile/nicolaupdevergueiro.html

28

Comprada pelos descendentes de imigrantes Simão e José Levy em sociedade com o Coronel Flamínio Ferreira de Camargo, continuaram na fazenda o cultivo de café. Os Levy compram depois a parte do Coronel e fundam uma firma comissionada e exportadora em Santos. Em 1844, a fazenda é dividida entre os herdeiros dos Levy. Segundo Almeida (2000, p. 31) o sucesso do café foi tanto em São Paulo que a lavoura se desenvolveu sem controle, provocando a superprodução e queda de preços. Essa expansão exigia novas formas de transporte. No ano de 1873, inicia-se a construção do trecho da ferrovia que ligaria Campinas a Rio Claro. Em Limeira, a abertura oficial da estrada de ferro se deu em 30 de junho de 1876. 9 “[...] era um tipo de contrato onde os europeus vinham para o Brasil com a viagem custeada, recebendo aqui acomodações e a quantidade de cafeeiros que pudessem cultivar, colher e beneficiar”(Almeida, 2000.)


Como consequência, o custo do café diminuiu e os cafezais

ferrovia, boa localização (próxima a capital), acúmulo

se expandiram para o interior.

de dinheiro dos cafeicultores, mão de obra imigrante,

Em 1929, com a queda da bolsa, “os norte americanos

e

europeus

reduziram

as

importações de café. Limeira sofreu com

instalação do serviço telefônico em 1891 e iluminação em 1911 propiciaram o desenvolvimento industrial (ALMEIDA, 2000, p. 37).

esse momento da história e os cafezais foram

Sobre a Machina São Paulo, o suplemento da

substituídos pela lavoura da cana de açúcar,

Gazeta a apresenta como “uma indústria que marcou

algodão e principalmente laranja” (ALMEIDA, 2000

época em Limeira”.

p. 31).

A Companhia Prada, fabricante de chapéus, foi a primeira grande indústria da cidade. Começou em 1906, no

3.1.2 INDÚSTRIA

quintal da residência de Agostinho Prada, indo mais tarde para próximo à ferrovia. Próximo à estação surgiu, em 1912, a firma Levy e

O início da industrialização em Limeira se dá em meados do século XIX, na Fazenda Ibicaba, onde eram construídas carroças, instrumentos agrícolas. Também, idealizado por Vergueiro, foi construído um descascador de café que processava 32.000 libras diárias. Durante a guerra do Paraguai, a fazenda também fabricou apetrechos para os soldados. Essas foram consideradas as primeiras atividades industriais. (SUPLEMENTO GAZETA, 1980).

irmãos, fábrica de fósforo, que posteriormente fabricava também pregos e caixaria. No decorrer dos anos, essas empresas foram se estabelecendo ao longo da linha férrea ou próxima da estação. A Machina São Paulo abriu o mercado para várias indústrias do ramo de beneficiamento se instalarem posteriormente. (ALMEIDA, 2000 p. 38).

De acordo com o Suplemento da Gazeta, em 1884 havia em Limeira: 4 máquinas de beneficiar café, 2 fábricas de carroças e troles, 4 olarias e 1 fábrica de macarrão. O Suplemento (1980) dividiu a história da industrialização em 4 períodos, sendo eles: 1907-1920, 19201940, 1940-1960 e 1960 em diante. PRIMEIRO PERÍODO (1907-1920) O primeiro período trata do desenvolvimento das primeiras indústrias na cidade, sendo elas a Fábrica de chapéus Prada (1907), Empresas Levy (1912), Máchina São Paulo (1914) e Buzolin (1915). Em Limeira, fatores como a 29


SEGUNDO PERÍODO (1920-1940)

QUARTO PERÍODO (1960-...)

O segundo período narra sobre o crescimento

O Suplemento destaca o crescimento das

das indústrias anteriormente citadas, além de apontar

empresas existentes, a criação de novas e ainda o primeiro

também o surgimento de novas e, principalmente,

investimento estrangeiro a ser realizado em uma fábrica

daquelas derivadas da Machina São Paulo, além de abordar

de Limeira.

o momento inicial da decadência da Machina São Paulo, após a crise do café e morte do Doutor Trajano.

Com a passagem da Rodovia Anhanguera na cidade, há um deslocamento das indústrias para as

Segundo o Suplemento “estava então criada a

margens da rodovia, o que acabou deixando o centro

semente que permitiria Limeira acompanhar o processo

obsoleto. Nesse sentido, a cidade acaba se expandindo

evolutivo do pós-guerra e participar do crescente

próximo a essas indústrias e crescendo segundo

desenvolvimento industrial do país.” (SUPLEMENTO

essa lógica. Ocorre também, com a emancipação de

GAZETA, 1980).

Iracemápolis e Cordeirópolis, a perda de terra agricultável,

TERCEIRO PERÍODO (1940-1960)

o que contribuiu para o desenvolvimento industrial da cidade.

O terceiro período compreende um momento de aproveitamento da laranja, com fábricas voltadas para atender essa demanda. Tem-se também nesse momento a primeira fábrica de jóia instalada na cidade, Jóias Cardoso, em 1943.

Figura17: Recorte sobre as industrias, 1926. Fonte: Revista de Limeira, 1926.

30


4 HISTÓRICO DA MACHINA SÃO PAULO 31


Figura 18: Satélite 2017-2014. Fonte: Google Earth. Reelaboração própria. 32


Figura 19: Satélite 2013-2005. Fonte: Google Earth. Reelaboração própria. 33


Figura 20: Satélite 2005-1964. Fonte: Google Earth, Prefeitura Municipal de Limeira e acervo pessoal Felipe Penedo. Reelaboração própria.

34


Fundada por Trajano de Barros Camargo, a

Spadari11 situada no início da atual Rua Doutor Trajano.

Machina São Paulo que surge inicialmente em Piracicaba,

De início, os sócios continuam as atividades da oficina

passa, a partir do ano de 1914, a se estabelecer na cidade

enquanto vão desenvolvendo classificadores de café e

de Limeira, ao longo da linha férrea, sendo este um local

outras máquinas para o setor cafeeiro. De acordo com o

onde diversas empresas e indústrias vão se situar. Com

Suplemento da Gazeta (1980), Trajano teria inventado um

isso, a Machina São Paulo começa a se desenvolver e

dispositivo que separa os grãos de café das cascas, e com

também colaborar com o crescimento industrial da cidade

isso, recebeu medalha de ouro na Exposição Internacional

em diversos aspectos através da criação de máquinas para

do Centenário da Independência, em 1922.

beneficiamento de café, mas também posteriormente com diversos tipos de máquinas. Entretanto, a indústria atuou na cidade até a década de 1960, quando encerrou suas atividades. 4.1 INÍCIO DA FÁBRICA, ENTORNO E DESENVOLVIMENTO DA CIDADE

A Machina São Paulo, nome fantasia da empresa Souza, Penteado e Cia, surgiu inicialmente em Piracicaba, sendo uma sociedade entre Antônio Augusto de Barros Penteado, Abelardo de Souza e Trajano De Barros Camargo10. Com divergência entre os sócios, a fábrica se mudou para Limeira no ano de 1914, depois que Abelardo de Souza deixou a sociedade e esta passa a se chamar B. Penteado e Cia.

Um simples acaso, aliado ao espírito prático de Trajano, fez com que fosse inventado um novo processo de descascar café. Trajano brincava com uma atiradeira usando grãos de café em lugar de pedrinhas. Alguns dos grãos rebateram numa parede e Trajano constatou, com surpresa, que a casca se separava por completo pelo choque recebido. Assim Trajano idealizou um simplíssimo descascador de café, que patenteou em 1920, passando a indústria a produzir conjuntos completos e 400 arrobas que, exibidos na Exposição Internacional do Centenário, em 1922, receberam Medalha de Ouro. SUPLEMENTO GAZETA, 1980

A fábrica se desenvolveu rapidamente após a exposição graças a grande procura pelas máquinas. Desse modo, se expandiu entre os anos de 1922 e 1925, com novos galpões, sempre próximos à estrada de ferro. Para a ampliação dos barracões, foram encomendados chapas importadas de zinco pra a cobertura.

A fábrica se instala ao lado da estação ferroviária e próximo ao Ribeirão Tatu, quando os sócios compram uma oficina de troles e carroças, anteriormente de Emílio

10 Trajano de Barros Camargo, filho de Coronel Flaminio Ferreira de Camargo, nasceu em Limeira em 15 de março de 1890. Se formou engenheiro em 1909 pela Mackenzie, em São Paulo. Em 1910, inicia pós graduação em Mecânica industrial na Universidade de Winsconsin, em Madsen, retornando ao Brasil em 1919, antes de se formar, devido ao falecimento de seu pai. Leciona matemática na Escola Agrícola Luiz de Queiroz, em Piracicaba, em 1911, e lá conhece Maria Thereza, neta do presidente Prudente de Morais, com quem se casa em 1914. Nesse mesmo ano, funda a Máchina São Paulo.

Figura 21: Construção dos barracões, década 20/30. Fonte: Acervo Municipal. 11 Durante a pesquisa, não foi encontrada informações sobre quem foi ou o que fez Emílio Spadari, sabendo-se apenas que ele possuía a oficina de troles. Na cidade de Limeira, há uma rua com seu nome, próximo a instalação da Machina São Paulo.

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Figura 22: Vista externa da industria. A esquerda, recém instalado, os escritórios, a direita, os barrações. Década 20/30. Fonte: CENTRO DE MEMÓRIA DA ETEC TRAJANO CAMARGO

Figura 23: Vista dos barracões. Década de 20. Fonte: Facebook(Apaixonados por Limeira), 2013.

Figura 24: Vista da Machina São Paulo, da Rua Doutor Trajano sentido Avenida Campinas. Fonte: Facebook(Apaixonados por Limeira), 2013.

36


Trajano Camargo trouxe pessoas de outras cidades para completar sua equipe. De Piracicaba, Henrique

de aprendizagem de carpintaria e montagem de máquinas, além de ter uma tipografia própria.

Schmidt e, de Descalvado, Ambrosio Fumagalli. Construiu duas vilas operárias para seus funcionários, a Vila São Paulo e Vila Santana. Segundo Cardoso, Em 1925, Trajano importa uma máquina de fabricar tijolos de cimento, o que é hoje novidade na construção civil de Limeira, para construir uma vila inteira. O engenheiro Trajano batizou o novo conjunto de casas para seus funcionários, de Vila São Paulo, que mais tarde passariam a ser as “casas próprias”. CARDOSO,1990

Figura 25: Publicação sobre inalguração da Villa São Paulo, “A VILLA S PAULO... que todos anseiam conhece-la pelo aprimoramento de sua construção”. Fonte: Revista de Limeira, 1926

Nessa época, Trajano Camargo já se posicionava como um homem muito à frente de seu tempo. Os operários

Figura 26: Dr Trajano a direita, funcionários ao fundo e aprendizes a frente, 1927. Fonte: Facebook(Apaixonados por Limeira), 2013.

Figura 27: Dr Trajano no centro, no fundo funcionários e aprendizes a frente. Década 20. Fonte: Facebook(Apaixonados por Limeira), 2013.

Para dinamizar a sua produção, a montagem das máquinas acontecia em série, sobre trilhos. Depois as peças eram desmontadas e embaladas para entrega.

tinham direito a férias, assistência médica, seguro de

A fábrica contava com 80 agências distribuídas pelo

vida, direitos somente estabelecidos anos mais tarde pela

estado e com 30 mecânicos que viajavam inspecionando

Constituição.

as máquinas instaladas. (Suplemento Gazeta, 1980)

Trajano trouxe de Descalvado para a cidade de Limeira, em 1923, o Colégio Santo Antônio, pois não queria que seus filhos fossem estudar em internato. O dono do colégio era Antônio de Queiroz, colega de estudos no Mackenzie. Primeiramente, o colégio se instalou onde atualmente é o correio. Em 1928, um novo prédio para a

Na época áurea da Machina S. Paulo eram estes os principais chefes e encarregados: Cyro Scartezini (sub-gerencia e chefe de escritório); Amálio Zaccaria (parte de experiências); Francisco D’Andrea (produção); José Bento da Glória (chaparia); Ambrósio Fumagalli, Antonio Pedrozo e Antonio Pelegrini (mecânica); Henrique Schmidt (carpintaria); e João Meng (serraria). (SUPLEMENTO GAZETA, 1980)

escola foi inaugurado na atual Rua Deputado Otávio Lopes.

Amálio Zaccaria, um dos cinco irmãos Zaccaria

Trajano também apoiou o Instituto Musical Carlos Gomes,

que trabalhavam na fábrica, desenvolveu uma máquina

até 1930 (Cardoso, 1990).

de beneficiar arroz, apresentou para Trajano e este o

A Machina São Paulo possuía também uma escola

incentivou a seguir em frente. Em 1925, os irmãos saem e juntos montam a Machina Vitória, apoiados por Trajano. 37


No mesmo ano, Trajano desfez sua sociedade com Antônio Augusto de Barros Penteado, assumindo o controle da fábrica sozinho. Em 1926, chega em Limeira Nicolino Moreira. Segundo Cardozo (1990), Nicolino Guimarães Moreira, da vizinha cidade de Piracicaba, onde o Dr. Trajano iniciou sua indústria, fica até altas horas apresentando um projeto de secador de café de sua patente.

Figura 30: Pessoas não identificadas no almoxarifado. Sem data. Fonte: Acervo Histórico Municipal

Trajano adquire os direitos de industrialização mediante pagamento de dez por cento de “royalities”, equivalentes a um conto de réis (1:000$000), em 1926. São produzidos quatro ou cinco protótipos e espalhados por diversas zonas cafeeiras, onde foram acompanhadas e adaptadas aos diferentes tipos de café, e seus graus de umidade. Cardoso, 1990

Figura 28: Exposição das máquinas para venda Provávelmente no Palácio das Indústrias. Sem data. Fonte: CENTRO DE MEMÓRIA DA ETEC TRAJANO CAMARGO

Figura 29: Exemplas de beneficiadora de café. Sem data. Fonte: Facebook(Apaixonados por Limeira), 2015

38

Figura 31: Publicação (incompleta) em revista sobre a indústria. Fonte: Revista de Limeira, 1926.


4.2 PÓS-MORTE DE TRAJANO, CRISE DO CAFÉ E OUTRAS INDÚSTRIAS

Em 08 de abril de 1930, Trajano veio a falecer, aos 40 anos. Antes de morrer, requereu a transformação da indústria em sociedade anônima, passando a ser B. Penteado S.A, deixando para a esposa 40% das ações e para os sete filhos, 60%. Após o falecimento de seu dono, a fábrica ficou sob responsabilidade de Dona Terezinha12, que assumiu a administração dos negócios.

seguir, os Fumagalli (Rodas Fumagalli), Nelson Penedo de Barros (Maquinas Penedo), José Bento da Gloria (Perfurados Gloria), os Galzerano (IGE) Roberto Galeno de Araújo (Rodabrás) e muito mais, cujos nomes estão ligados às mais tradicionais oficinas e indústrias de Limeira. (SUPLEMENTO GAZETA, 1980)

Durante a Revolução de 1932, a indústria fabricou granada de mão. Entretanto, o conflito terminou antes que as granadas fossem entregues e elas foram escondidas e depois recuperadas. Ainda sobre a Revolução, D. Terezinha organizou então um corpo de enfermeiras. Ela também se dedicou à política (Partido Constitucionalista em Limeira). Foi prefeita

A crise do café e a quebra da bolsa de Nova Iorque

de Limeira nos anos de 1934 a 1937, sendo a primeira mulher

abalaram o mercado do café e a produção da Machina São

a exercer um cargo político efetivo. Em 1937, com 21 anos, o

Paulo, nos anos de 1929 e 1930, que precisou vender suas

filho mais velho, Nelson de Barros Camargo, passa a fazer

máquinas a preços baixos, além de demitir uma grande

parte da direção. Até 1939, só eram fabricadas máquinas

quantidade de funcionários.

para beneficiar café, porém os secadores dessas poderiam

D. Terezinha tomou a direção da fábrica, chamou

servir também para cereais.

para ajudar seu tio e advogado João Silveira de Mello e um amigo da família, João Willmann, de São Paulo. Em 1933, a razão social mudou para Cia Industrial Machina São Paulo. Durante a evolução da Machina São Paulo, foram surgindo várias indústrias de produção de máquinas na cidade dos funcionários que saíram da fábrica. Essas outras indústrias produziam máquinas para beneficiamentos de arroz, algodão, entre outros produtos. Nos anos que se seguiram muitos empregados deixaram a Machina S. Paulo para montar seus próprios negócios. Os irmãos Fabri montaram sua fábrica de máquinas agrícolas em 1931. Os D’Andrea em 1934. A 12 Maria Thereza de Barros Camargo nasceu na cidade de Piracicaba em 12 de novembro de 1894. Tornou-se conhecida na cidade de Limeira como Dona Terezinha e se dedicou, em grande parte da sua vida a atividades comunitárias na cidade. Teve 7 filhos com Trajano Camargo. Após o falecimento do esposo, assumiu a direção da fábrica, traçando novos caminhos para ela. Investiu no mercado de seda, criando maquinas para a fiação. Foi uma das primeiras mulheres eleita deputada estadual.

Figura 32: Placas para identificação das máquinas em baixo relevo, ótimo estado. Material: metal. Sem data. Fonte: CENTRO DE MEMÓRIA DA ETEC TRAJANO CAMARGO

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Figura 33: Propaganda em revista da fábrica. 1926.Fonte: Acervo Histórico Municipal

Figura 34: Panfleto de um beneficiador de café. Fonte: Facebook (Apaixonados por Limeira), 2017

Figura 35: Times de futebol da Máchina São Paulo, de 1947, 1946, 1945, respectivamente. Na época, todo 1º de maio, realizavam-se torneiros, com várias modalidades. Fonte: Facebook (Apaixonados por Limeira), 2017

Figura 36: Peça utilizada para separar o bicho da seda do casulo e assim, utilizar o material. Sem data. Fonte: Acervo Histórico Municipal.

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4.3 PRODUÇÃO BÉLICA (CONTRIBUIÇÃO PARA A GUERRA)

Durante a 2ª Guerra, houve uma paralisação geral. Nesse período, a Machina São Paulo produziu outras máquinas, como por exemplo, fiadeira para seda e secador de mandioca.

Em 1942 a fábrica produziu material bélico para a guerra. Segundo Suplemento da Gazeta (1980),

Após contatos com o governo, foi feito pelo exercito um projeto para a fabricação de projéteis de artilharia (balas de canhão), que para ser cumprido obrigou a Machina S. Paulo a se equipar devidamente e construir novos pavilhões (os barracões da Av. Campinas). O Banco do Brasil financiava o novo projeto. Entrementes, continuava a produção das máquinas para café e em 1950 fabricaram-se máquina para arroz. As balas de canhão começaram a ser fabricadas quando a guerra já tinha terminado e as entregas só se normalizaram a partir de 1950. Quando Getúlio Vargas subiu ao poder pela ultima vez, no inicio dos anos 50, as encomendas do exercito foram suspensas. O Banco do Brasil cobrou-se diretamente dos saldos devidos pelo governo e executou a indústria pelos débitos existentes. D. Maria Tereza foi ao Ministro da Guerra (general Dutra) conseguindo amenizar a situação com o Banco do Brasil, mas isso não impediu que a empresa fosse seriamente afetada. Logo se procurou adaptar o equipamento existente. A partir de 1952 produziramse peças forjadas e usinadas para os mais variados fins e semieixos para tratores e caminhões (Ford, International, FNM). Também houve entendimentos com a Ford americana para se instalar em Limeira uma fábrica de tratores, o que não se concretizou. Em 1958 fabricaram-se botijões de gás. Continuavam as dificuldades de produção, de mercado e financeiras. (SUPLEMENTO DA GAZETA, 1980)

Figuras 37, 38 e 39. Construção dos novos barracões que compreendem aos da Avenida Campinas até a Rua dos Filtros. Os barracões foram construidos para atender a demanda de produção de armamento bélico. Década de 30/40. Fonte: Acervo Histórico Municipal.

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Figura 40: Vista dos trilhos da ferrovia para a Machina São Paulo ao fundo. Construção dos novos barracões. Década de 30/40. Fonte: Acervo Histórico Municipal.

Figura 41 e 42: Vista do talude para contenção durante a construção dos novos barracões. Década de 30/40. Fonte: Acervo Histórico Municipal.

Figura 43 e 44: Construção dos novos barracões. Década de 30/40. Fonte: Acervo Histórico Municipal.

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Figura 45: Barracões para fabricação de material bélico. Década de 40. Fonte: CENTRO DE MEMÓRIA DA ETEC TRAJANO CAMARGO

Figura 46: Visita dos militares. Década 50. Fonte: CENTRO DE MEMÓRIA DA ETEC TRAJANO CAMARGO

Figura 47: Prensa hidráulica. Estampava as chapas para fazer botijões de gás. 1951. Fonte: CENTRO DE MEMÓRIA DA ETEC TRAJANO CAMARGO

Figura 48: Capa para granada. Ia para Juiz de Fora para a pólvora ser soldada. Década 50. Fonte: CENTRO DE MEMÓRIA DA ETEC TRAJANO CAMARGO

Figura 49: Dona Terezinha e ao seu lado Ulisses Guimarães(Deputado Federal). Década de 50. Fonte: CENTRO DE MEMÓRIA DA ETEC TRAJANO CAMARGO

Figura 50: Material bélico e visita dos militares na produção. Década 50. Fonte: CENTRO DE MEMÓRIA DA ETEC TRAJANO CAMARGO

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4.4 VENDA PARA MERCEDES

4.5 ABANDONO, USOS POSTERIORES E DIAS ATUAIS

Passado o período da guerra e sofrendo com

Algumas indústrias passaram pelas instalações da

o prejuízo, a Mercedes-Benz, que tinha intenções de

Machina São Paulo, como a alemã PITTLER, de tornos. Foi

se instalar na cidade, comprou a indústria e, em 1962, a

realizada na Machina São Paulo, em 1965, a primeira edição

Machina São Paulo fechou definitivamente.

da FACIL13.

A Mercedes-Benz fez uma proposta de compra da indústria com vistas a montar uma fábrica dos tratores Hanomag. Em 1962 efetivou-se a venda da Machina S. Paulo, que a seguir foi desativada, desmontada e seu equipamento dispersado. A Prefeitura pretendeu desapropriar a área e, chegando a um acordo com a Mercedes, recebeu uma parte que incluía a chácara onde está atualmente instalada a Câmara Municipal, o Zoológico e a zona circunvizinha. Os galpões da Machina S. Paulo pertencem à Mercedes-Benz e estão alugados a mais de uma dezena de oficinas e indústrias. D. Maria Tereza Silveira de Barros Camargo faleceu em 1975.

Atualmente, parte dos barracões encontramse utilizado pela prefeitura para abrigar o CEPROSOM e também o Fundo de Solidariedade14. As ruínas dos antigos barracões encontram-se escoradas, sem nenhum cuidado efetivo e parte da construção se encontra sem uso. Apesar de significar muito para a cidade, representando seu período de desenvolvimento industrial, estando atrelada a diversos fatos ocorridos, construções de vilas operárias, melhoramentos na educação, o prédio, hoje, bem como sua história, é lembrado e respeitado apenas pelas pessoas que de alguma forma têm uma ligação com aquele lugar, ou por pessoas que buscam saber mais a respeito. Porém, analisando o Plano Diretor da cidade, verificou-se que não há menção a patrimônio industrial, muito menos a alguma melhoria ou ação ligada aos prédios da Machina São Paulo.

Figura 51: Documento sobre a desapropriação. 1970. Fonte: Acervo Histórico Municipal.

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13 A Feira Agro-Científica, Comercial e Industrial de Limeira (FACIL) teve sua primeira edição realizada em março de 1965, nas instalações da antiga Machina S. Paulo. O evento, que foi um dos primeiros do interior paulista neste segmento, nasceu com o objetivo de mostrar o potencial da cidade nos campos da agricultura, da ciência, do comércio e da indústria, sendo uma vitrine do que é oferecido de melhor por Limeira. Fonte: http://www.acillimeira.com.br/faciltexto 14 O Centro de Promoção Social Municipal é um órgão gestor da política municipal de assistência social com personalidade jurídica na cidade de Limeira/SP. Nasceu de um projeto de lei idealizado nos anos 60 e transformado em serviço considerado de fundamental importância para a população. Fonte: http://www.ceprosom.sp.gov.br/ portal2/institucional/


Figura 52 e 53: Sobre a primeira FACIL, realizada nas instalações da fábrica alguns anos após seu fechamento. Fonte: Facebook (Apaixonados por Limeira), 2018 Figura 54: Publicação em jornal sobre o descaso com as ruínas. “Após três anos da compra do prédio que abrigava a Machina São Paulo, pate do imóvel continua abandonada. Depois da negociação com pagamento à vista de R$ 1.170 milhão, a prefeitura implantou a Escola do Trabalho e Central de Ambulâncias. A Gazeta tentou obter informações sobre a demora para otimização do local, mas não teve retorno. A prefeitura também não explicou quais projetos estão previstos na área.”. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 55: Ao fundo os novos barracões, na lateral direita, as ruínas escoradas. Machina São Paulo, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

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5 ÁREA DE ESTUDO 46


A Machina São Paulo está localizada na Cidade

MAPA 05 - RECORTE DA ÁREA

Jardim, bairro predominantemente residencial, próximo a importantes marcos do desenvolvimento da cidade, numa região, considerada por Manfredini (2009) como o centro decadente. A área delimitada para estudo foi pensada nos eixos viários, próximos ao terreno, os bairros no entorno e também nos edifícios de interesse histórico do município.

Fonte primária: Prefeitura Municipal de Limeira. Reelaboração própria 47


MAPA 06 - CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

Fonte primária: Prefeitura Municipal de Limeira. Reelaboração própria

O recorte da área de estudo foi pensado a partir de prédios de relevo cultural, histórico e industrial da cidade e também das vias de maior importância que passam pela área e são, ou foram, eixos importantes para a expansão. A oeste, o recorte se inicia na quadra da escola de ensino técnico, SENAI, cujo terreno pertencia à chácara da Família Barros. Seguindo em direção ao centro, o bosque, junto com o Palacete Tatuibi também integram a área de estudo. Toda essa área compreendia a chácara da família, sendo depois vendida para a Mercedes, loteada, se tornando então o Jardim Mercedes. Continuando sentido leste, o SENAC, o terminal de ônibus, ambos terrenos antes possuíam barracões da Machina São Paulo, e por fim a Faculdade de Artes e Administração de Limeira, FAAL. Indo em direção ao norte, a Rodoviária, importante equipamento público, junto com o terminal, que geram grande fluxo de pessoas e veículos ao longo do dia. A estação Ferroviária mais a cima, importante prédio histórico, subutilizado. A Casa da Laranja, berço da citricultura; o terreno vazio ocupado pela antiga União, complexo industrial que foi demolido recentemente. E as casas da Cia Paulista, ao lado do Viaduto Jânio Quadros. Em sentido sul, a Capela de Santa Cruz do Cubatão, de 1927. 48


Figura 55: SENAI, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 56: Palacete Tatuibi, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 57: Estação Ferroviária, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 58: Rodoviária, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 59: SENAC a direita, Supermercado Covabra ao fundo e a esquerda, parte das ruínas, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 60: SENAC, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 61: Terreno antiga União, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 62: Terminal Urbano de Ônibus, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 63: Ao fundo, lateral esquerda FAAL, ao centro, galpões Machina São Paulo, a direita, Terminal Urbano de Ônibus. 2018. Fonte: Acervo Pessoal

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Figura 64: Casa da Laranja, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 65: Vista da Casa da Laranja, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 66: Vista galpões da estação, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 67: Lateral direita, galpões da estação ferroviária. Ao fundo, lateral esquerda, casas da Cia Paulista. 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 68: Casas da Cia Paulista, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

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Figura 69: Capela de Sta Cruz do Cubatão, 2018. Fonte: Acervo Pessoal


Conforme Mapa 06, o terreno está localizado

MAPA 06 - ZONEAMENTO DA ÁREA

na ZPR1, Zona Predominantemente Residencial . A área de estudo compreende ainda as demais zonas, como indicadas no mapa. Durante o levantamento, foi tomado conhecimento do bairro, sendo ele de característica notadamente residencial, possuindo alguns comércios, serviços ou prédios institucionais.

O Mapa 07 apresenta a delimitação dos setores

censitários da área de estudo, sendo no total 13 setores. Já o Mapa 08 apresenta a densidade demográfica de cada um deles, segundo Censo IBGE 2010. O setor 04 é aquele no qual o terreno está inserido. Segundo o Censo, a densidade demográfica dá área é de 36.54 hab/ha. A faixa etária predominante é de 49 a 54 anos.

Fonte primária: Prefeitura Municipal de Limeira. Reelaboração própria

MAPA 07 - SETORES CENSITÁRIOS

MAPA 08 - DENSIDADE DEMOGRÁFICA

Fonte primária: Prefeitura Municipal de Limeira. Reelaboração própria

Fonte primária: Prefeitura Municipal de Limeira. Reelaboração própria

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MAPA 09 - USO E OCUPAÇÃO

Fonte primária: Prefeitura Municipal de Limeira. ASBAHR(2014), SCUSSEL (2017). Reelaboração própria

O entorno do terreno apresenta então, segundo o Mapa 09, vários equipamentos públicos, lotes comerciais e de serviços. Apesar de estar em uma Zona Predominantemente Residencial, os lotes que fazem frente para a Machina São Paulo, ou seja, para a Avenida Campinas, são voltados ao comércio e serviço, visto que essa é uma importante via que liga o centro ao Anél Viário, sentido Rodovia Anhanguera, e liga também a outras avenidas importantes, como a Costa e Silva.

O uso residencial é percebido algumas quadras mais acima do terreno. Nessas, o fluxo de veículos é pouco

intenso, embora algumas vias que dão acesso à Av Campinas são mais movimentadas. O terreno faz fundo para os trilhos da linha férrea e margem do Ribeirão Tatu, que corta praticamente toda a cidade. Apesar de ter grande potencial paisagístico, a área atualmente se encontra abandonada. 52


MAPA 10 - GABARITO

Fonte primária: Prefeitura Municipal de Limeira. ASBAHR(2014), SCUSSEL (2017). Reelaboração própria

A área estudada compreende a região do baixo centro e centro decadente, logo, regiões antigas da cidade,

onde a mesma começou a crescer. As tipologias encontradas são em geral construções desse período de crescimento e desenvolvimento, na maioria das vezes de dois pavimentos. Há alguns empreendimentos de gabarito maior, mas estes estão mais afastados do terreno, salvo o lote em frente, no qual atualmente existe um supermercado.

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MAPA 11 - HIERARQUIA VIÁRIA

Fonte primária: Prefeitura Municipal de Limeira. Reelaboração própria

As vias, conforme descrito no Mapa 06, foram importantes para delimitar a área de estudo, pois são elementos relevantes para compreender o desenvolvimento da área. O terreno é circulado por vias arteriais, porém, essas estruturas viárias passam ao lado dele, e não por ele, de modo que seu acesso fica prejudicado em função do sentido dessas vias. Porém, elas são vias estruturantes que geram grande tráfego ao longo do dia. A Avenida Campinas é um acesso do Anel Viário ao centro. A rua Doutor Trajano faz o sentido contrário, e a Rua Boa Morte se direciona à saída da cidade, sentido Piracicaba. Os viadutos também conectam os bairros com a região do centro, possuindo constante fluxo de veículos ao longo do dia. Fatores como a rodoviária, terminal de ônibus e a faculdade, tornam a área movimentada. Ademais, as vias do bairro no qual o terreno se encontra são na grande maioria vias locais. 54


MAPA 12 - IMÓVEIS DE INTERESSE HISTÓRICO

Fonte primária: Prefeitura Municipal de Limeira. Reelaboração própria

Conforme descrito no Mapa 06, a delimitação da área se deu levando em consideração importantes estruturas histórico-culturais da cidade. Para compreender melhor, foi solicitado à Prefeitura o levantamento de imóveis de interesse histórico. De acordo com as informações obtidas, apresentadas no Mapa 12, esses concentram-se próximo à estação ferroviária, sendo ela também um imóvel de grande interesse histórico para a cidade. O terreno referente ao bosque Maria Thereza, o qual pertenceu à família Camargo, possui um inventário do ano de 2013, e o Palacete Tatuibi, antiga residência da família, que também já foi Câmara Municipal e hoje encontra-se completamente abandonado, possui o inventário de 2013 e de 2016. O prédio da Machina São Paulo possui também o inventário de 2013, o qual se encontra nos apêndices desse trabalho. 55


MAPA 13 - INSTRUMENTOS URBANÍSTICOS

Fonte primária: Prefeitura Municipal de Limeira. Reelaboração própria

Conforme abordado acima, o Plano Diretor da cidade, em seu anexo 05, não possui as zonas de Interesse Social e Específico, ficando essas separadas em outro anexo, 06. Este apresenta zonas de requalificação para algumas áreas como baixo centro e centro histórico, e também zona de intervenção estratégica, por exemplo, nas quadras da antiga União. Nesse anexo, e também no Plano Diretor, não há referência a qualquer tipo de projeto de requalificação para a área da Machina São Paulo. O Plano menciona por várias vezes sobre patrimônio, cultural, histórico e rural, mas não há em nenhum item algo relacionado a patrimônio industrial. Vale apontar que a cidade possui belos exemplares de arquitetura industrial, estando a prefeitura, por exemplo, localizada nos prédios da antiga Companhia de Chapéus Prada. Porém, os outros exemplares, como é o caso da Machina São Paulo, não tiveram o mesmo destino, tal como os prédios da antiga União, que recentemente foram demolidos. No ano de 1969, o Plano trazia um projeto de previsão para 1990. Pode ser observado que nesse projeto, o prédio da Machina São Paulo era cogitado para ser a sede da prefeitura. Outra questão importante levada em consideração no projeto foi a presença do Ribeirão Tatu como um forte elemento paisagístico. Na concepção, o mesmo seria preservado tal como é, com suas curvas naturais, além de apresentar uma área de proteção nas suas margens. Infelizmente, não foi o que ocorreu. O ribeirão foi retificado em um trecho, e encontra-se hoje poluído e esquecido, como tantos outros rios da cidade.

Figura 84: Proposta para 1990, com destaque para a área da Machina São Paulo. 1969. Fonte: Prefeitura Municipal de Limeira

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MAPA 14 - VILA OPERÁRIA

Fonte primária: Prefeitura Municipal de Limeira. Reelaboração própria

A Vila São Paulo compreende a quadra delimitada pelas ruas Tiradentes, Carlos Gomes, Tenente Belizário e Humaitá. Foi construída na década de 1920, com a finalidade de abrigar os operários da Machina São Paulo, conforme abordado anteriormente, no capítulo 4. Por pertencer à história da fábrica e também por se tratar de uma vila operária, mesmo estando fora da área de análise, resolveu-se estudar essa quadra, como modo de compreender as mudanças que uma indústria pode fazer dentro da urbanização. O Mapa 14 apresenta então sua localização com relação ao terreno da Machina São Paulo. Na época em que foi construída, havia um grande vazio próximo, que em partes compreendia a chácara da família Barros. Uma das pessoas entrevistadas, Marilda Hornhrdt, morou em uma das residências da Vila São Paulo, pois seu pai era funcionário da fábrica. Na entrevista, Marilda conta como eram os lotes e as residências. (Vide apêndice) Figura 70 a 73: Casas da Rua Humaitá. 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 74 a 76: Casas da Rua Tiradentes. 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 77 a 79: Casas da Rua Tenente Belizário. 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 80 a 83: Casas da Rua Carlos Gomes. 2018. Fonte: Acervo Pessoal

57


5.1 ANÁLISE DO CONTEXTO ATUAL

A partir do levantamento de dados teóricos e em campo, tornou-se mais fácil compreender as dinâmicas que influenciaram o que o prédio da Machina São Paulo se tornou. Pode-se perceber que a área, apesar do forte peso e relevância histórica, não tem valor para a gestão da cidade. As vias ao seu redor tornam-se barreiras que impedem a visualização daquele lugar. Esse possui um valor paisagístico muito grande devido a elementos como a proximidade do rio, a vista da cidade, o próprio prédio em si, a Rua dos Filtros. Porém, essas características são mascaradas pelas vias que circundam o local e não possibilitam uma contemplação da área. A determinação, por exemplo, dos novos usos para os edifícios obsoletos deve ser feita levando em conta suas características, para que a nova utilização seja nela instalada de modo a preservar, respeitar, valorizar e não deturpar seus principais elementos caracterizadores, fazendo uso dos instrumentos teóricos oferecidos pela restauração. Estará articulada, porem, com a ação, inclusive politica, que se desenvolverá na região em que estão inseridos, para que esses edifícios ou conjuntos possam ser de fato incorporados numa nova realidade em que, por sua vez, terão papel de impulsionar determinadas atividades. (KÜHL, 2008, p.139)

Atualmente, o prédio da Machina Sâo Paulo tem ainda em bom estado os novos barracões, das décadas de 1930/ 1940, e algumas ruínas remanescentes dos antigos barracões. Na área conservada, encontra-se o CEPROSOM e o Fundo de Solidariedade, que ocupa todo o primeiro pavimento. Já o térreo encontra-se completamente desocupado. A área externa é utilizada como estacionamento, próximo às ruínas. O lugar, por ser um prédio de uso público, é aberto durante a semana apenas no horário comercial, permanecendo o restante do tempo fechado. À noite, a área é pouco iluminada, se tornando um espaço frágil e de pouca segurança. Atualmente, no terreno onde se encontra uma parte de construção abandonada, um grupo de Parkour da cidade tem se apropriado do lugar, fazendo encontro e multirões para mantê-lo mais limpo.

Figura 85: Início dos barracões na Rua dos Filtros, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 86: Vista panorâmica do viaduto. Da esquerda para direita os barracões com inicio na Rua dos Filtros, ao centro, construção recente abandonada, ao

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Figura 87: Frente do terreno, início Av Campinas, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 88: Casas ao longo da Av Campinas, ao lado da R dos Filtros, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 89: Vista do viaduto, ao fundo Vila Camargo, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 90: Frente do terreno lateral direita e supermercado lateral esquerda. Inicio Av Campinas, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 91: Vista da Av Campinas, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 92: Vista da rotatória e frente ao terreno. Ao fundo, o Bosque Maria Thereza, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 93: Vista da Av Campinas, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 94: Vista da Av Campinas, em frente ao terreno. 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 95: Vista do mercado em frente ao terreno, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

fundo as ruínas e entorno, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

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Figura 96: Rua dos Filtros, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 97: Linha do trem e saida de esgoto, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 98: Vista dos novos barracões e desnível do terreno. 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 99: Vista dos barracões ao longo da linha férrea. 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 100: Barracões utilizados pela CEPROSOM, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 101: Vista do térreo, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 102: Vista da rua, ao centro construção recente, ao fundo, o supermercado e na lateral direita, o viaduto. 2018. Fonte: Acervo Pessoal

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Figura 103: Vista interna da entrada,2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 104: Vista interna da entrada e parte das ruínas, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 105: Parede escorada, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 106: Abertura da Janela, Figura 107: Abertura da porta, 2018. Fonte: Acervo Pessoal 2018: Fonte: Acervo Pessoal

Figura 107: Vista interna da construção recente, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 108: Parte das ruinas, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

61


Figura 109: Vista interna do barracão piso superior. 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 110: escada de acesso para o térreo, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 111: escada de acesso para o piso superior, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 112: Lateral da escada, ao fundo , banheiros, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 113: Interior do pavimento térre, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 114: Interior do pavimento térreo, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 115: Vista interna do pavimento térreo, entrada do anheiro, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 116: Vista interna do banheiro, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 117: Vista interna do banheiro, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

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Figura 118: Vista interna do pavimento térreo, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 119: Vista do telhado, 2018

Figura 120: Vista interna do pavimento térreo, 2018 Fonte: Acervo Pessoal

Figura 121: Vista interna do pavimento térreo, 2018 Fonte: Acervo Pessoal

Figura 122: Vista interna do pavimento térreo, 2018 Fonte: Acervo Pessoal

Figura 123 Vista interna do pavimento térreo, 2018 Fonte: Acervo Pessoal

Figura 124: Vista da cobertura em sheds, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 125: Vista interna do pavimento térreo, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

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de

Figura 127: Caixa d’ågua, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 128: Vista interna do Fundo de Solidariedade, 2018 Fonte: Acervo Pessoal

Figura 129: Vista interna do Fundo de Solidariedade, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 130: Salas de aula, 2018. Fonte: Acervo

Figura 131: Banheiro, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 126: Entrada do Fundo Solidariedade. Fonte: Acervo Pessoal

Pessoal

Figura 132: Cursos oferecidos no local, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

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Figura 133: Passarela de entrada para os barracões, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 134: Vista interna da entrada. Ao fundo escada para o terreo, 2018 Fonte: Acervo Pessoal

Figura 135: Vista interna do prédio, 2018 Fonte: Acervo Pessoal

Figura 136: Vista interna do prédio, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 137: Vista interna, 2018. Fonte:

Figura 138: Salas onde são oferecidos os cursos, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Acervo Pessoal

Figura 139: Rampa de acesso ao prédio, 2018 Fonte: Acervo Pessoal

Figura 140: Indicação dos setores, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

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Figura 141: Vista das ruínas, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 142: Vista dos barracões ao fundo, ruínas e mercado, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

Figura 143: Ruínas dos antigos barracões, 2018. Fonte: Acervo Pessoal

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B A A

+9.75

E

+13.20

E

E

E escada tipo marinheiro

E

E +17.30

escada tipo marinheiro

escada tipo marinheiro

C

C

B

B

PLANTA 1º PÁV (2016) Escala 1:500

A A

PLANTA 1º PÁV (2001) Escala 1:500

B

C 67


B

A

A

D

B

D

PLANTA TERREO (2016) Escala 1:500

Corte AA Escala 1:500 escada tipo marinheiro

escada tipo marinheiro

Corte BB Escala 1:500 68

Corte DD Escala 1:500

Corte EE Escala 1:500


JA TRA DR. RUA B NO . CA GO MAR

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IMPLANTAÇÃO (2016) Escala 1:2000

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IMPLANTAÇÃO (2001) Escala 1:2000

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IMPLANTAÇÃO - SITUAÇÃO ATUAL Escala 1:2000 Edificação

1 - Ruínas

Área pavimentada Vegetação Acesso Construção abandonada

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Figura 145: Cronologia da construção dos barracões. Fonte primária: Prefeitura Municipal de Limeira. Reelaboração própria

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Serraria: João Mengue e Antônio Ramos Expedição: Aparecido Carpanitti e João da Vinha Carpintaria: Henrique Shimitd e Renato Pavanelli Seção de experiência: Nemésio Teixeira e Mário Tintore Seção de modelos: Durval Schimitd e Otto Burguer Fundição: Avelino Castro Vilar e Nelson Penedo Punsadeira: José da Glória Mecânica: Joaquim Pedroso e José Parchoalon Manutenção: Servino Del Pietro Tipografia: Oscar More e João Prado Almoxarifado: Joaquim Inacio de Campos, Sábado Galzerano e Ciro Fumagalli Escritório: Alaor Custódio de Oliveira e Adamastor Marcolino Administração: Mário da Vinha e Ambrósio Fumagalli Custo: José Godoi e Joaquim de Oliveira JR Desenho: Anicéto Cristovão e Claudio Araujo Planejamento: Willa Silva e Sebastião Fumagalli Material Bélico: Francisco Bisco e Alzor Ferreira de Camargo.

Figura 144: Seções e chefes da Machina São Paulo. Fonte: Acervo pessoal Renato de Almeida.

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6 PROJETOS ESTUDOS DE CASO 74


6.1 SESC POMPEIA Ficha técnica: Arquitetos Lina Bo Bardi Localização R. Clélia, 93 - Barra Funda, São Paulo - SP, Brasil Área 23.571 m2 Ano do projeto 1986 À procura de um terreno para implantação de um novo Sesc, o complexo de fábricas de tambores dos Irmãos

[...] a arquitetura contemporânea se comporta como um novo estrato que não destrói e respeita os elementos caracterizadores da composição preexistente, apesar de a ênfase ser no projeto do novo e não a preservação em si. Trata-se de um projeto para centro de lazer criado numa antiga fábrica de contentores metálicos, das primeiras décadas do século XX, dos irmãos Mauser, no bairro da Pompeia, na cidade de São Paulo. O local, que permaneceu abandonado por longo período foi transformado num centro cultural e esportivo do Serviço Social do Comercio. A antiga fábrica deveria ser demolida, mas por uma série de conjunções favoráveis, muito raras de ocorrer na pratica, acabou por ser preservada. Lona Bo considerou o conjunto de grande interesse, sendo particularmente atraída pela pioneira e elegante estrutura de concreto armado que sustenta as coberturas. (KÜHL, 2008, p. 168)

Mauser chamou a atenção de Lina Bo Bardi. Quase como uma vila, completamente cercado, o seu interior, agora, é cheio de vida, pois abriga uma das unidades mais conhecidas e visitadas do Sesc, não somente pelos usuários, mas por pessoas que querem conhecer o projeto. No Sesc Pompéia, o contemporâneo e a arquitetura industrial se complementam. O projeto teve duração de 9 anos e durante todo esse período, a equipe teve uma constante experiência in loco. Sobre o programa, segundo Ferraz(2008):

Figura 146: Retirada do revestimento das paredes. Fonte: Vitruvius, 2008

Ao invés, de centro cultural e desportivo, começamos a utilizar o nome Centro de Lazer. O cultural, dizia Lina, “pesa muito e pode levar as pessoas a pensarem que devem fazer cultura por decreto. E isso, de cara, pode causar uma inibição ou embotamento traumático”. Figura 147: Maquete do projeto. Fonte: Vitruvius, 2008

Figura 145: Vista aérea da fábrica de tambores e entorno. Fonte: Vitruvius, 2008

Figura 148: Interior dos galpões, 2015. Fonte: Acervo Pessoal

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Figura 149: Planta do complexo com as atividades do SESC. Fonte: Archdaily, 2013

Figura 150: Corte dos galpões. Fonte: Archdaily, 2013

Figura 151: Elevação do novo bloco. Fonte: Archdaily, 2013

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6.2 PINACOTECA do estado de são paulo Ficha técnica: Arquitetos Paulo Mendes da Rocha, Eduardo Colonelli, Weliton Ricoy Torres Localização Praça da Luz, 2 - Bom Retiro, São Paulo - SP, 01120-010, Brasil Projeto Original Ramos de Azevedo Área 10815.0 m2 Ano do projeto 1998 O projeto data do fim do século XIX, e inicialmente

Os vazios internos foram cobertos por claraboias planas, confeccionadas em perfis de aço e vidros laminados. Evitou-se a entrada de chuva e garantiuse, através da ventilação, a reprodução das condições originais de respiração do conjunto dos salões internos. Ao mesmo tempo, possibilitou uma nova utilização desses espaços: no nível do chão, salões de pé direito triplo, que possibilitam uma nova articulação entre todas as funções, liberta da rígida planta original; nos pisos superiores foram instaladas passarelas metálicas vencendo os vazios dos pátios laterais; no vazio central, foi construído o auditório, cuja cobertura, no primeiro pavimento, transformouse num saguão monumental que articula, em conjunto com as passarelas, praticamente sem barreiras, através dos eixos longitudinal e transversal do edifício, todos os seus espaços.(ARCHDAILY, 2015)

abrigaria um Liceu de Artes e Ofícios, porém não chegou a ser finalizado. Em 1905, sob direção de Ramos de Azevedo, foram iniciadas as adaptações do prédio para receber alguns quadros que pertenciam ao Estado, constituindo assim a Pinacoteca. De acordo com Müller(2000) O projeto de intervenção teve início em 1993 quando Paulo Mendes da Rocha, juntamente com os arquitetos Eduardo Colonelli e Welliton Torres, impulsionados pela entusiasmada direção do artista plástico Emanoel Araújo frente à Pinacoteca, deram início ao empreendimento de reformar o edifício do antigo Liceu de Artes e Ofícios – um projeto do escritório de Ramos de Azevedo construído entre 1897 e 1900 –, para ali instalar as novas dependências do museu artístico mais antigo de São Paulo.

Figura 152: Vista da Pinacoteca e entorno. Fonte: Archdaily, 2015

Anteriormente, o espaço passou por vários outros usos, como por exemplo de escola, ou mesmo por abandono. As transformações urbanas ao redor também afetaram a condição do prédio. De acordo com a equipe, para propor o projeto, foi realizado um estudo do estado do prédio e estabelecido um programa para ele. Figura 153: Vista interna, com destaque para a cobertura. Fonte: Archdaily, 2015

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Figura 154: Planta tĂŠrreo. Fonte: Archdaily, 2015

Figura 155: Corte. Fonte: Archdaily, 2015

Figura 156: Vista do interior, 2015. Fonte: Acervo Pessoal

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Figura 157: Vista da entrada, 2015. Fonte: Acervo Pessoal


7 DIAGNÓSTICO E DIRETRIZES 79


Após estudo sobre o tema patrimônio industrial, análise da cidade e do entorno do prédio, pode-se chegar a algumas considerações: ⋅

O prédio é de grande valor para a memória da cidade, pois representa um dos principais fatores de crescimento industrial

Está inserido em um ponto com vários vetores de importância histórico-cultural (Casa da Laranja, estação ferroviária, palacete Tatuibi) e tem ao seu redor grandes estruturas de uso público (rodoviária; terminal de ônibus; SENAC; FAAL)

Está rodeado de acessos, porém que passam ao lado do terreno, e não por ele, limitando o acesso ao local

Atualmente, Limeira não conta com espaços para eventos, de modo que a maioria deles acontece no Parque da cidade. Além disso, toda a estrutura de eventos fica guardada nos galpões da estação ferroviária, que não seria o espaço mais apropriado, no entanto, é o único existente para tal fim.

Pretende-se que 1. o uso público do lugar deva ser levado em consideração através de um estudo mais circunstanciado das demandas locais para elaborar um programa detalhado; 2. o conjunto das estruturas industriais deva ser tomado como um problema de conservação, incluindo os vários estágios de degradação para evitar os projetos pontuais que negligenciam a noção de conjunto; 3. dotar o conjunto de melhores condições de acesso e permeabilidade urbana.

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APÊNDICES ENTREVISTAS CONVERSA COM NAIR DIAS FERREIRA POR TELEFONE, DIA 07/03/2018 Em uma conversa informal por telefone, após um contato primário por facebook, falou-me de quando ia levar marmita para o pai na fábrica. Contou que o lugar era enorme e as paredes internas eram tantas que parecia um labirinto. Morou por um tempo na chácara da Dona Terezinha, como é conhecida a esposa do Doutor Trajano. Depois se mudaram para perto da Santa Casa. Sobre o lugar, se recordava de que a fábrica era toda de tijolinhos, sem revestimento. O chão era assoalho de madeira. Hoje em dia, quando vai até o local, onde se realizam cursos de corte e costura, relata que é impossível não se lembrar da infância. O pai era vigia, trabalhava de dia e de noite. Depois que os funcionários foram demitidos, ele foi trabalhar na Burigotto. Embaixo do assoalho, tinha porões onde eles guardavam as máquinas. Uma de suas memórias é que o pai, nas horas vagas, fazia carrinhos de madeira para as filhas.

CONVERSA COM O PROFESSOR E COORDENADOR DO CURSO DE MECÂNICA, ARNALD BACANN, DA ETEC TRAJANO CAMARGO, DIA 07/03/2018. Foi sugerido, por um ex-aluno, tentar conversar com o Professor Bacann, da área de Mecânica, que, conforme indicado pelo mesmo, tinha grande conhecimento da história da indústria na cidade. Segue trecho transcrito do áudio da conversa. “Foi saindo da Machina São Paulo e montando suas fábricas. E levando coisas embora da Machina São Paulo, porque não tinha controle, não tinha nada. E o que ficou da Machina São Paulo não conseguia cumprir o acordo que tinha com a Mercedes Benz. Então a Mercedes Benz, a divida que a Machina São Paulo tinha com a ferramental da Mercedes Benz, é porque a Mercedes queria fazer caminhão aqui, ônibus, mas tudo feito aqui na Machina São Paulo, ferramental, E ai faliu né, fechou, os filhos, ninguém quis assumir, porque todos moravam na Europa, eram donos da cidade, só um que morava aqui, Trajaninho que era o caçula, o resto tudo morava na Europa. Então ninguém quis assumir, ai a Dona Tereza, saia daqui para ir jogar baralho no casino da Urca, no Guarujá, primeiro piano de cauda que entrou no Brasil ela deu de presente para o Procópio Ferreira, Procópio Ferreira é pai da Bibi Ferreira, que está viva até hoje. Não tinha piano de cauda no Brasil, e mandou vir, piano de cauda e deu de presente para ele, porque ele vinha tocar aqui, nas reuniões que ele fazia. A elite do país estava aqui. Então numa dessas idas ai, ficava quantos dias, para ir daqui para o Guarujá, voltar, e a fábrica... Dai a Mercedes teve que pagar para uma outra, ai veio e tomou os bens, a chácara, ai loteou para fazer o jardim Mercedes, para gerar receita e eles terminarem. E onde é a Machina São Paulo era pra ser a fabrica de ônibus que é em campinas hoje. Não foi feito por causa do pé direito, o prédio é baixo, e precisava de mais altura porque 86


o ônibus tem que elevar pra ele andar dentro da fábrica. Então isso aconteceu e eles fazerem o loteamento, doou a área para o SENAI, para fazer a escola. Isso quer dizer então que a chácara era enorme né? Era, era todo o Jardim Mercedes, ela começava lá e terminava aqui na Rua Ceará/Piauí, tudo aquilo lá. Começava aqui na Santa Terezinha e ia até lá na Prudente de Morais, tudo aquilo lá era a casa deles. Onde eles moravam, então era a coisa mais linda, Quem teve a oportunidade de conhecer, tinha uma entrada assim e pra chamar tinha um sino enorme, então você batia o sino, de tão longe que era do portão até lá na casa, a campainha era um sino. Mas, é interessante você ver agora, datas, os fatos, dia mês e ano, é na Gazeta que você vai achar toda a parte histórica oficial. A gente sabe muita coisa, mas eu não tenho documento pra mostrar pra você e falar ó, aqui... Então a gente sabe de conversar com as pessoas, de estar participando. Eu trabalhei muito tempo na Fumagali, a Fumagali saiu da Machina São Paulo, e através da Fumagali que eu fui lá fazer a visita, ai tinha, nós fomos, a Fumagali comprou o resto das coisas que sobrou da Machina São Paulo, da engenharia, então tem coisa que a Fumagali não tinha e nos fomos lá buscar as coisas. Além do trecho transcrito, houve trechos da entrevista não gravados, em que foram conversadas algumas curiosidades. O professor Bacan mencionou sobre o fato de Dona Terezinha ser neta do Presidente Prudente de Moraes. Também foi o primeiro a comentar sobre o desvio da estrada de ferro, que entrava no terreno da Machina São Paulo, mostrando assim o grau de importância. Ainda sobre sua grande relevância, contou que na década de 50 já existia telefone com pino na fábrica.”

ENTREVISTA COM CARLOS SCARTEZINI 19/03/2018 A conversa foi realizada na casa do entrevistado. Foi a primeira conversa realizada pessoalmente e foi possível levantar através desse encontro vários pontos que não ainda estavam claros. Por ser a primeira entrevista os tópicos abordados foram superficiais, já que não se tinha tanto conhecimento da bibliografia e do histórico do lugar e também eram tópicos da memória do entrevistado. Sobre os tópicos abordados, Scartezini mencionou a vila operária São Paulo, que era delimitada pelas ruas Humaitá, Tiradentes, Tenente Belizário e Carlos Gomes. Sobre a escola técnica, Scartezini contou que o Doutor Trajano mandou fazer a escola e doou para o estado. Foi discutido também sobre a propriedade da Dona Teresinha, que depois foi posse da Mercedes, assim como parte da fábrica, e também sobre a Rua dos Filtros.

ENTREVISTA MARILDA HORNHARDT 12/03/2018 87


A entrevista aconteceu logo após a conversa com o Carlos Scartezini, também na casa da entrevistada. Assim como foi mencionado sobre a entrevista anterior, por falta de conhecimento do histórico do local, foram discutidos alguns tópicos a partir da memoria da entrevistada. Foi possível discutir alguns tópicos em comum com a entrevista do Scartezini. Segue trecho transcrito a partir da filmagem da entrevista. TREM Ali ficava um guarda da Paulista para não deixar ninguém atravessar a linha. Então ali só quem podia atravessar a linha era os funcionários da Paulista, que morava ali nos casarão que está tudo caindo - Do Jânio Quadros? - Era do Jânio, não tem aquele grupo, que você tá em cima do viaduto, você vê aqueles casarão tudo detonado?! Então, e ali na porteira ali, era uma porteira, cabia, se coubesse duas pessoas para atravessar, ou duas de ida e duas de volta, ou então, uma de ida e outra de volta. Ai ficava um homem ali só, a autorização era só passar quem trabalhava na paulista, eles cortavam ali e já tava ali dentro da paulista. Se não tinham que atravessar, se não eles tinham que ir até lá no viaduto de escada e voltar para trás, nada eles perdiam quase meia hora. Mas o meu pai tinha muita amizade e meu pai cortava por ali também, às vezes quando estava meio perdendo hora, dai minha mãe arrumava o café dele, e eu trazia só que dai eu ia por baixo, porque eu ele não deixava passar. Ai um dia ele falou assim pra mim: A senhora vem aqui, passar por aqui 8h, eu deixo, dai eu atravesso você, o velho falou para mim, porque 8h20 passava um trem. Então quando era 8h eu tava na ponta da... Pra ele, dai ele me atravessava, ele tinha medo de deixar eu atravessar sozinha, que eu tinha, tinha naquela época meus 7 anos, ele tinha medo, só que depois na hora de voltar, você volta por lá. Dai eu voltava pela União, pegava aquela subida da União lá, e ai. Que justamente a hora de voltar já era a hora do trem passar e ele não deixava passa lá, que ele tinha medo. NAQUELA ÉPOCA O TREM LEVAVA PASSAGEIRO TAMBÉM, OU ERA SÓ CARGA? Não, tinha trem passageiro, tinha passageiro, tinha o trem da, por exemplo, de Limeira São Paulo passava um aqui as 5h30, passava um aqui as 8h passava outro as 10h, passava um meio dia. Os funcionários da Machina São Paulo acertavam o relógio dele pelo trem, porque o trem da Paulista que nos falava antigamente, ele não atrasava e não adiantava. Então o trem apitava você podia olhar no relógio que era 10h. E ali na Machina São Paulo como o lugar que o meu pai trabalhava, atravessou a rua já era o, como se fosse atravessar a rua já era a linha do trem, depois que era o rio. Então ele não deixava. JARDIM MERCEDES Toda aquela parte do jardim Mercedes pertencia a Máchina São Paulo, inclusive a Rua Santa Terezinha, ela só tinha, para você entrar nela era só aqui pela Rua Boa Morte. Você podia chegar nas ruas transversais, mas assim, saída, aqui para o Castelo Branco, então, não tinha saída, porque ali era um muro fechando a chácara. Então você tinha que descer até, tinha a Rua Boa Morte, passava na frente do INSS hoje, para depois ir para o outro lado. Não tinha como. 88


Porque tudo ali era propriedade - Até no fundão lá era tudo propriedade da Máchina São Paulo. E era vazio, não tinha nada? Só tinha aquela, sabe aquela casa onde as moças tiram foto de casamento, onde foi a câmara municipal? Não tem um casarão velho no Jardim Mercedes embaixo? O Palacete Tatuibi? É. Ali foi a câmara municipal. RUA DOS FILTROS Toda aquela parte, começando aqui do terminal, tinha cinco barracões, ali pertencia a Máchina São Paulo também. Dai ia, dai os cinco barracões foram terminando né, dai começava logo ali já começava a carpintaria da Máchina são Paulo, que é Justamente onde meu pai trabalhava de frente com a linha do trem. Depois, tinha vários, ela vinha até na rua do filtro. Aquela ruelinha ali né. A senhora sabe por que chama rua dos filtros? Porque ali tem uma mina de água, é um fundo só né, dai você atravessava uma pontinha, não sei como tá lá hoje, a gente atravessava uma ponte pra sair na Nova Suíça. A Máchina São Paulo mesmo, ela começou, pelo que eu e meu irmão estávamos comentando esses dias, ela começou nos cinco barracões, dai, foi indo, foi indo, como dai foi aumentado, fizeram tudo onde é o CEPROSOM hoje, na situação que tá, então meu irmão estava falando que dai eles foram alugando os barracões. Alugou para outra fábrica de carrinho, dai eles foram saindo dali cada um para sua fábrica. Mas as fábricas boas mesmo, os bons mesmo, saíram tudo praticamente, a maioria dos cinco barracões. TAMANHO DA CIDADE Meu pai trabalhou na fábrica de fósforo, que foi do Levy, trabalhou na fábrica de óleo que ficava na esquina da rodoviária onde é aquele estacionamento bem na esquina, que tem aquele subidão. Agora não lembro se ali é Rua Capitão Kehl subindo, vai sair lá na Santa Terezinha. Aquela rua de subida vai sair lá no posto Sana Terezinha. Ali era a fábrica de fósforo. É coisas que trás muitas lembranças para a gente. Limeira, no meu tempo, por exemplo, Limeira, você falava, em que lugar você mora? Ela começava você fazia que nem se fosse uma cruz, ela começava onde é o bombeiro na boa vista hoje e terminava na porta da Companhia Prada, na reta e subia, na transversal, começava na Máchina São Paulo e ia até no Bom Jesus, então você podia fazer aquele circulo assim. A cidade era delimitada por esses pontos? É eu morava embaixo, não tem a igreja São Sebastião? Eu morava três casas para baixo da igreja. Do bombeiro pra cima, já era tudo estrada de terra, do Bom Jesus pra lá, era tudo estrada de terra, atrás do Prada não tinha nada, da Companhia Prada, e para o lado da Avenida Santa Barbara, não tinha nada, era tudo terra. Quer dizer que o que começou mesmo ali, foi a CECAP... PETLLER Depois que foi vendida, já não tinha nada mais com a Machina São Paulo, então, onde era, você entrando, por exemplo, você tá no viaduto, então você vindo pra sua direita, vindo sentido Avenida Campinas, então ali se não me engano, ali tem um portão grande, se não me engano era numero 14, ali tinha um portão grande que entrava na Machina São Paulo, dai a sua esquerda, a gente entrava, ali foi montado bem depois uma fábrica de lanterna de caminhão, que hoje é a GF, a GF era na Boa vista, como ali o lugar era muito pequeno, eles precisavam de um lugar para banhos, banho para ficar prateado, então dai eles alugaram aquele setor. Dai a gente atravessava, se você passar lá hoje você vê, um 89


estatura bem antiga, ai dai eles alugaram a esquerda, eles alugaram pra GF, dai no meio ali tem a entrada principal, ali era a entrada principal da Machina São Paulo onde tinha os escritórios tudo. Ali eles alugaram para, dali pra direita, onde é o CEPROSOM hoje, eles alugaram pra PETLER, até na rua do filtro. E quanto tempo essa PETLLER ficou aqui? A, ficou tempo, porque dai a GF foi para o prédio dela perto do shopping. VILA SÃO PAULO

ENTÃO A SENHORA NASCEU NA VILA SÃO PAULO? Eu nasci na Vila São Paulo, eu e meu irmão mais velho. Eu nasci em 1947, e esse meu irmão mais velho nasceu em quarenta e.. Meu pai casou em 1943, e esse meu irmão nasceu em 1944, mas já nasceu naquela casa. Vocês moravam lá na Vila Sã Paulo, por conta do seu pai trabalhar na Máchina São Paulo? É porque ali, as casas pegavam do, o quarteirão da Tiradentes com a Humaitá até a Tenente Belizário, depois ela ia até na Carlos Gomes, da Carlos Gomes ela ia até a Humaitá de novo, então formava um quadrado. Então você pode até passar lá hoje que as casas, eles mudaram um pouquinho, porque a casa, por exemplo, tinha uma abertura de 2m50 a 3m. Então aqui (direita) eu entrava pra minha casa e aqui (esquerda) eu entrava para a sua, não tinha portão. Naquele tempo as casas ali não tinham portão, dai conforme, fizeram uma proposta para o meu pai, para ele comprar a casa né. Meu pai quando casou foi morar em outro lugar, dai como ele trabalhava ali, deram a casa pra ele. Dai pediram pra ele, se ele queria vender a casa, dai ele falou assim, que ele não pretendia comprar não, porque ele estava com um negocio na casa da Boa Vista. Então dai o vizinho comentou em vez de eu ficar com a minha, eu compro a sua. Ele gostava mais da minha casa do que da casa dele, e era vizinho uma casa pra cima. Mas ele gostava mais da minha casa, do que da casa dele. Ai ele comprou. Essa casa ainda existe. Se você passar na Rua Tenente Belizário, 162. POR QUANTO TEMPO VOCÊS MORARAM NESSA CASA? Eu morei lá três anos, dai eu mudei para a boa vista. Porque ai meu pai comprou essa casa na Boa Vista, então a gente mudou pra lá. DEPOIS, O DOUTOR TRAJANO MORREU EM 1930. DE 1930 ATÉ 1959, FICOU NAS MÃOS DA DONA TEREZINHA NÉ, OS FILHOS DELA? Os filhos dela cuidaram, mas cuidaram pouco né, ficou mais na mão dela mesmo. E nessa época até quando o Doutor Trajano ainda era vivo, eles produziam mais máquinas para o café, ai em 29 teve a queda do café, e ai pelo que eu dei uma olhada na bibliografia, eles falam que dai, depois disso, dai também o Doutor Trajano morreu, eles começaram a fazer outros tipos de maquina também, pra algodão, pra arroz, e depois também teve equipamento para a guerra. É teve o... material para a guerra, meu pai chegou a levar em casa pra gente conhecer 90


RENATO DE ALMEIDA 12/03/2018 Em uma primeira conversa informal, o ex-funcionário Renato de Almeida partilhou várias memórias sobre o lugar. A conversa aconteceu na casa dele, entretanto, o mesmo não se sentiu a vontade para ser filmado ou que a nossa conversa fosse gravada. Sendo assim os tópicos abordados foram anotados. Renato atuou na Machina São Paulo entre os anos de 1941 a 1954 como desenhista. Foi perguntado quais eram as funções da fábrica; como ela começou; depois da morte do Doutor Trajano, como ela continuo; o que fez com que ela entrasse em decadência; como foram acontecendo as mudanças ao redor da fábrica; sobre a rua dos filtros; a influencia da guerra sobre a fábrica. Dos tópicos levantados, poucos foram respondidos no dia, pois o entrevistado afirmou possuir documentos e relatos que continham as respostas, entretanto, não estava encontrando no momento. Solicitou então que remarcássemos outra conversa. Comentou um pouco sobre a questão da decadência da fábrica, mencionando então um contrato que a mesma teria feito com o governo para fabricar as granadas para os canhões. Para tal procedimento, precisou então expandir a fábrica. Foram construídos então os novos galpões que vão até a Rua dos Filtros e para a construção, foram adquiridas máquinas da Alemanha, para produção de tijolos. Por conta do prejuízo em decorrência aos gastos apontados anteriormente, a Mercedes Benz comprou as máquinas mais o terreno da Dona Terezinha, e loteou, onde temos hoje o Jardim Mercedes. Sobre as funções, citou algumas, como a tipografia, serraria, fundição e sessão de experiência. Confirmou o que já havia sido afirmado por Scartezini e Hornart sobre a Rua dos Filtros, que seu nome derivava de uma nascente que ali existia, sendo o único lugar que filtrava água. Ainda nessa visita comentou uma curiosidade. Todo dia 08 de abril a fábrica não possuía expediente, em decorrência aos aniversários de falecimento do Doutor Trajano. No segundo encontro, que ocorreu dia 22/03/2018, foi possível conversar sobre mais detalhes, já que agora, o entrevistado possuía em mãos documentos para agregar na pesquisa. Renato mostrou um croqui elaborado pelo mesmo, trinta anos após ter saído da Machina São Paulo. Quando questionado sobre porque ele havia feito aquele croqui, o mesmo relatou que, um dia, passando em frente às instalações da fábrica, uma porção dela já não existia mais. Isso o assustou de tal forma, que assim que chegou em casa, o mesmo desenhou imediatamente, tal como se lembrava, as divisões da fábrica e anotou os chefes de cada sessão. Além do croqui, Renato escreveu sobre como era o funcionamento de cada sessão e também uma pequena biografia do Doutor Trajano e de Dona Terezinha. Alguns tópicos foram levantados para o encontro. Foi perguntada como era a fundição, o mesmo relatou que a 91


fundição era uma fundição comum, funcionava a base de carvão coque (carvão mineral). Segundo o mesmo, no abraseiro jogava-se o ferro, dali ele saia derretido. Também foi questionado sobre o que seria o transformador, que aparece no croqui. Almeida relatou que o transformador fazia a distribuição da energia. Sobre sua função, desenhista, Almeida explicou que ele fazia o desenho das formas, e a partir das formas prontas, eram produzidas as peças, demonstrando assim como deveria possuir grande conhecimento sobre o funcionamento das maquinas. Sobre a serraria, relatou que era uma das mais importantes do estado de São Paulo, pois serrava para atender não apenas a demanda da fábrica, mas para vender para fora. Tinha maquinas importadas da Alemanha, e produzia várias estruturas, como vigas, caibro, ripas. A partir da serraria, comentou que a algumas sessões da fábrica trabalhavam com encomendas de outras fábricas, sendo elas a fundição, tipografia, além da própria serraria. Explicou a diferença entre sessão de modelos e sessão de experiência. A primeira recebia o desenho das peças e era encarregada de fabricar os modelos e entregar para a fundição. A segunda funcionava para criação de novas maquinas e experimentos. Relatou que havia o descascador, cuja função como o próprio nome diz era descascar o café, o secador, que secava os grãos e dividia em dois e as chapas punsadas serviam para classificar o café. Sobre a expedição, contou que ali, engradava-se as máquinas e ia para a estrada de ferro. A casa residencial do croqui era para Henrique Shimidt. Almeida relatou também sobre o feriado de 1º de maio, que eram realizados torneios. Acontecia onde era o Independente, doação de Agostinho Prada para a cidade de Limeira.

MARLENE APARECIDA GUISELINI BENEDETTI 19/03/2018 Em uma conversa informal, na casa da entrevistada, foram discutidos vários assuntos sobre a vida do Doutor Trajano e a Machina São Paulo. A entrevistada, Marlene, é leciona História na ETEC Trajano Camargo e a mesma é responsável por organizar um acervo, chamado Centro de Memória, onde possuem vários documentos ligados à vida do Doutor Trajano Camargo, patrono da ETEC. Sendo assim, a professora pode contribuir para a pesquisa através do fornecimento de vários materiais, como fotos, vídeos, pertencentes ao acervo do Centro de Memórias e também com conhecimentos pessoais. Conforme discutido com a professora e com base nos documentos oficiais, em vários aspectos a figura do 92


Doutor Trajano era relacionada a de um homem visionário. O mesmo empregava as leis trabalhistas, antes mesmo de elas existirem. Sempre pensando a frente de seu tempo, tinha na sua fábrica uma sessão de aprendizes. Trouxe para a cidade uma escola. Até mesmo o fato de acrescentar oficialmente em seu nome “Penteado”, por assim ser conhecido, o tonava, segundo a professora, um homem a frente de seu tempo. Escola profissional primária Com 12 anos podiam entrar nessa escola Meninos, marcenaria e mecânica Meninas, costura Era municipal Em sp existia mas era estadual As máquinas quem dava era a d Tereza O prédio era deles Nos anos 60 ela foi embora para São Paulo, na Av Paulista, prédio do Ibirapuera Informe histórico da assembléia legislativa Ela queria que na cidade tivesse uma estação de criação de bicho da seda

ALESSANDRA ARGENTON SCIOTA 03/04/2018 Em um encontro por acaso na prefeitura, Alessandra relatou sobre o patrimônio industrial da cidade e sua preservação. Ela discutiu o fato do patrimônio industrial não ser devidamente reconhecido pelos cidadãos e também pelas autoridades, enquanto que as casas residenciais tem um maior destaque aos olhos dessas pessoas, por conta de um valor sentimental e saudosista. O patrimônio industrial, que trás todo um reflexo de uma época representada, as vilas operárias, o desenvolvimento da região na qual está inserido, para ela, não tem a devida importância e o reconhecimento merecido, concluindo assim que o descaso desses prédios se dá por conta desses fatores. O próprio prédio cede da prefeitura atualmente é um dos mais importantes exemplares do patrimônio industrial da cidade, que segundo ela, por pouco, não se perdeu.

PAULO LEVY 03/04/2018 Por meio das entrevistas realizadas até o momento, chegou ao conhecimento de que o escoramento das paredes remanescentes dos antigos galpões foi realizado pela empresa ENGEP, e não pela prefeitura. Para averiguar essa informação, foi contatado por e-mail, o Paulo Levy, um dos responsáveis pela ENGEP. O mesmo em uma conversa por telefone explicou o que exatamente ocorreu. Levy informou que o escoramento foi feito a partir de um pedido da prefeitura, que mais tarde, foi confirmado pelo arquiteto Felipe Penedo. Segundo ele, a prefeitura teria solicitado que fosse feito o escoramento daquelas paredes remanescentes. A empresa, que tem um vínculo muito forte com a cultura, história e preservação da memória da cidade, atendeu ao pedido e realizou então o escoramento das paredes, que se encontram dessa forma até os dias atuais.

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ARQUITETO FELIPE PENEDO 11/04/2018 Em conversa com o arquiteto, realizada no seu escritório, foi possível através de várias fotos, discutir sobre as transformações ocorridas na cidade, desde o funcionamento da Machina São Paulo até os dias atuais, passando por temas como plano diretor a memória das pessoas com relação ao patrimônio da cidade. Felipe Penedo é neto de Nelson Penedo, funcionário da Machina São Paulo, que posteriormente, como tantos outros, acabaram montando sua própria indústria. Penedo comentou sobre a falta de conhecimento das pessoas com relação aquele lugar, e também sobre a relação sócio espacial onde a fábrica se encontra. Importante eixo histórico da cidade, onde temos vários marcos, importantes prédios relacionados ao crescimento da cidade e que atualmente, poucos tem uso, ou são subutilizados. Penedo afirmou sobre a questão das escoras, mencionadas anteriormente na conversa com Paulo Levy, sendo ele próprio a pessoa que fez o pedido para que elas fossem escoradas. Na época Penedo era Secretário Municipal da Habitação, na gestão anterior a atual, de janeiro de 2014 a dezembro de 2016 e relatou que em uma visita ao local, ficou perplexo ao perceber que as paredes estavam sem nenhum tipo de proteção. Dado o estado de conservação das mesmas e levando em conta todo o material que já havia sido perdido em decorrência a falta de providencias sobre a edificação, o arquiteto, como secretário, fez então o pedido a empresa ENGEP, que colaborou com o escoramento das paredes. Foi questionado sobre a construção não terminada na área das ruinas. Penedo afirmou que a construção pertence a gestão do Prefeito Silvio Félix, onde se tinha a intenção de transformar o lugar em um mercado popular, que depois da entrevista, conforme visto um vídeo publicado no Youtube, abrigaria os camelos, que se concentravam, sua grande maioria, na praça Coronel Flaminio. A construção é dos anos de 2009/2010.

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REABILITAÇÃO DO PRÉDIO DA ANTIGA MACHINA SÃO PAULO EM LIMEIRA - SP LETÍCIA DE CARVALHO SANTOS

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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FEAU - FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA E URBANISMO

REABILITAÇÃO DO PRÉDIO DA ANTIGA MACHINA SÃO PAULO EM LIMEIRA - SP

LETÍCIA DE CARVALHO SANTOS

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO II ORIENTADORA: PROFª. DRª. MIRANDULINA M. M. DE AZEVEDO SANTA BARBARA D’OESTE - SP 2018 3


Tudo aos poucos destruído. Obra em construção e ruínas ao mesmo tempo. Nesses lugares, passado e futuro são colocados no presente. Um tempo sem movimento, estacionário. Tempo que não flui em linha reta e infinita, mas em circulo. Objetivado nas ruínas arquitetônicas e restos industriais. Uma área entre evento, onde nada acontece, dominada por um vazio. Ponto em que os sistemas deixam de funcionar e começam a desagregar. (Brissac, 1997) 4


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AGRADECIMENTOS Durante esses cinco anos, tantas pessoas passaram pelo meu caminho, que se torna difícil agora expressar minha gratidão a todos que, de uma forma ou de outra, foram muito importantes para a minha caminhada até aqui. Agradeço primeiramente à toda minha família, pai, mãe e minhas irmãs, por sempre me apoiarem em minhas decisões e por fazerem parte de todos os momentos. À minhas amigas, Aline, Debora, Giovanna, Lais e Larissa, por todo companheirismo, paciência, e por todas as noites que passamos juntas , correndo para finalizar trabalhos. Obrigada por fazerem cada um desses momentos mais divertidos. Agradeço também à amizade da delegação Fenea mais linda que nunca existiu, mas, para nós, seria a melhor. Amanda, Camila, Paula, Vinícius! Vocês são incríveis! Obrigada pelas experiencias dos Encontros de Arquitetura. À todos os professores que passaram pela nossa turma de 2014-2018. Agradeço à Mirandulina, por confiar no meu trabalho, e me incentivar a buscar e aprender mais e mais. E mesmo quando parecia muito difícil, sua forma de orientar fez com que tudo fosse muito mais leve. À Renata, por ter me orientado na Iniciação Científica, eu tenho com muito carinho todas as conversas. Aos meus colegas de estágio do SESC Piracicaba, por todas as experiências compartilhadas. 07


SUMÁRIO RESUMO 09 INTRODUÇÃO 10 1 CONTEXTUALIZAÇÃO 11 1.1 PROPOSTA 14 2 O CEPROSOM 15 2.1 HISTÓRICO DO PROGRAMA 16 2.2 PROGRAMAS EXISTENTES 18 2.2.1 ATIVIDADES DESCENTRALIZADAS 18 2.2.2 ATIVIDADES NA SEDE 19 3 LEVANTAMENTO ATUAL DO PRÉDIO 21 4 PROJETO PARA O EDIFÍCIO DA MACHINA SÃO PAULO 30 4.1 PROGRAMAS DE NECESSIDADES 31 4.2 PERMEABILIDADE 32 REFERÊNCIAS 38 ANEXOS I PLANTA DEMOLIÇÃO II IMPLANTAÇÃO III PLANTAS BAIXAS IV CORTES V ELEVAÇÕES

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RESUMO A preservação de monumentos ligado ao período industrial é um tema relativamente recente. Apesar disso, seu estudo está ligado a processos industriais que vão desde a Revolução Industrial, ou até mesmo antes desse período. Este estudo teve como objetivo mais amplo a compreensão sobre o que é um patrimônio industrial e sua relevância para a cidade em que está inserido e apresenta como objeto a indústria Machina São Paulo, localizada no município de Limeira. A partir do estudo teórico sobre o tema, foi possível compreender a importância do patrimônio industrial para as cidades e como deve ser tratado dentro de ambiente urbano. Por meio de entrevistas, pode-se compreender questões sociais da época e questões arquitetônicas relacionadas à fábrica, que não haviam sido esclarecidas em nenhum outro documento. O estudo da cidade também possibilitou conhecer as mudanças ocorridas no decorrer dos anos que afetaram o prédio e a compilação desses dados possibilitou elaboração de diretrizes para uma possível reabilitação da área estudada. PALAVRAS-CHAVE: Arquitetura Industrial, Patrimônio Industrial, Reabilitação, Memória, Urbano.

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INTRODUÇÃO Com o desenvolvimento das cidades, novos centros surgem dentro do ambiente urbano, e o aparecimento dos centros decadentes é uma realidade muito comum nesse sentido. O prédio em questão compreende as antigas instalações da Machina São Paulo, importante fábrica na história da industrialização da cidade de Limeira, interior de São Paulo. A fábrica se encontra no centro decadente da cidade e está localizada, não por acaso, nas margens da ferrovia, importante eixo de desenvolvimento da cidade durante os primeiros anos de crescimento. Diversas outras indústrias também se instalaram próximo à ferrovia, por ser o meio de transporte mais eficiente naquele recorte de tempo. Com a chegada das rodovias enquanto meio mais eficiente de transporte, as indústrias se deslocam para as suas margens e o centro fica subutilizado. Assim, também a cidade vai se expandindo cada vez mais, e o que um dia teve grande importância, na contemporaneidade não passa de grandes vazios urbanos a espera de algum empreendimento que possa valorizar ainda mais determinado lugar. Contudo, não se pode negar que a presença desses monumentos industriais tem grande relevância, sendo sua preservação algo que pode contribuir para o conhecimento histórico da cidade. Conforme Kühl (2008, p. 135),

Trabalhar com edifícios e complexos industriais significa em geral atuar em áreas grandes, na maioria das vezes obsoletas e decadentes, que só poderão ser reinseridas numa realidade agindo em escala mais ampla- através de intervenções articuladas em bairros, cidades ou, mesmo, em situações críticas de decadência de vastas áreas, numa região – como meio de viabilizar sua preservação.

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Esses grandes complexos industriais são frequentemente negligenciados pelo poder público, que deixa essas áreas sem nenhuma diretriz para sua preservação. Tal falta de interesse pode ocasionar a degradação da construção, tornando a área vulnerável a vários tipos de deterioração. Ocorre que muitas vezes o entorno desses prédios estão também fragilizados e sem respaldo do poder público, necessitando assim que não somente a área que compreende o complexo industrial, mas também o lugar em que está inserido passe por um processo de requalificação. “Ou seja, é sempre necessário ter pleno conhecimento da cidade ou do território no qual se intervirá. Conflitos com certeza aparecerão, mas uma solução pertinente não é impossível.” (KÜHL, 2008, p. 144).


1 CONTEXTUALIZAÇÃO 11


O prédio em estudo, galpões da antiga Machina São Paulo, se revelou, através dos levantamentos e pesquisa do TFG I, como um edifício de importância para a memória da cidade, um exemplar do período da ascensão da indústria no município de Limeira, sendo ele próprio, talvez, o mais importante dentro desse período.

guardam muitas memórias do lugar e também atribui o devido valor que aquele espaço merece, como é possível ver no capítulo 2 Metodologia e nas entrevistas em anexo no TFG I.

Conforme a Carta de Nizhny(2003), pode ser considerado um patrimônio industrial, edifício, maquinaria, espaços de processamento e refinação. Segundo a Carta, o patrimônio compreende aos vestígios industriais que possuem valores históricos, tecnologicos, sociais, arquitetonicos ou científicos. Tais atributos podem ser observados no edifício estudado em questão. Em seu tempo de atividade, essa indústria possibilitou o crescimento da região contribuindo com o ensino e aprendizagem, com vilas operarias e corroborando com a industrialização do município. Teve tão grande importância chegando a receber um prêmio internacional pelo maquinário desenvolvido. Porém, uma série de fatores desencadeou a decadência da indústria: A crise do café, a chegada das rodovias que fez com que as ferrovias perdessem força como meio de transporte e, por fim, a crise interna da própria fábrica levou o que foi uma das maiores indústrias da região à falência. Desde então, outras empresas passaram por ela, contudo, o espaço ficou em desuso e sem nenhum respaldo do poder publico, dessa maneira o edifício ficou exposto à ação do tempo e vandalismo. Tais condições contribuíram para a grande perda da estrutura dos edifícios iniciais da indústria. Atualmente, o prédio abriga a sede administrativa do Ceprosom1, porém, não tem todo seu espaço ocupado. As ruínas ainda continuam desprotegidas e não há nenhuma previsão de projetos para aquela área, nem sequer há alguma menção a ela no Plano Diretor vigente da cidade. Sabe-se porém, que os cidadãos mais velhos 1

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Centro de promoção social municipal

Figura 01: Janela da parede em ruína. Acervo pessoal.


Mapa 01: Recorte da área

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Fonte primária: Prefeitura Municipal de Limeira. Reelaboração própria 13


1.1 PROPOSTA A partir do estudo da área, o programa foi pensado considerando o uso atual do prédio. Durante as visitas, constatou-se que as atividades do Ceprosom, que ocorrem todas no primeiro pavimento atualmente, estão presas ao espaço disponível para uso, não havendo a possibilidade de existirem novas atividades ou ampliarem o programa oferecido, ficando este muito restrito ao espaço. Em uma conversa informal com a presidente do Ceprosom, Maria Damasceno, foi mencionado as necessidades daquele lugar, que são: espaço para a frota, almoxarifado, refeitório para os funcionários, mais salas para atividades, cursos, auditório. Esse contato possibilitou a elaboração de um programa que atendesse as necessidades mencionadas pela presidente, e ainda que pudesse incluir mais atividades. A postura sobre o projeto se resume a compreenção das atividades proposta pelo programa, leitura da área e conhecimento de seus usuários, para chegar a um programa que preservasse e respeitasse a identidade do edifício.

Segundo Rufinoni (2009, p.300), em muitos projetos em áreas de patrimônio urbano, a história e memória do lugar acaba não sendo respeitada , ao contrário [...] a intervenção caminha no sentido inverso, pautase pela remodelação e substituição e não pela apreensão, interpretação e integração com o preexistente. A área, como apresentada no Capítulo 5 - Área de Estudo, do TFG I, e no Mapa 01: Recorte da Área, apresentado anteriormente, compreende a um recorte da cidade que esteve diretamente ligado ao crescimento da industrialização do município, sofrendo com todas as mudanças. De acordo com Carlos(1992, p.20) A localização industrial entendida como o lugar ocupado pela indústria no espaço significa um entendimento mais amplo do que a simples pontuação ou endereço das indústrias no mapa. A localização da indústria insere-se no processo da industrialização que determina, historicamente, o lugar a ser ocupado por cada indústria. Do ponto de vista espacial, esse lugar resulta da divisão espacial e internacional do trabalho num dado momento histórico.

Figura 02: Na lateral esquerda, linha férrea com trem passando ao lado dos barracões. Na lateral direita, ruina da construção recente inacabada. Acervo pessoal. 14


2 O CEPROSOM 15


2.1 HISTÓRICO DO PROGRAMA O Centro de Promoção Social é uma autarquia que oferece assistência social para famílias ou indivíduos nos bairros de maior vulnerabilidade social através de cursos e atividades. Nasceu de um projeto de lei nos anos 60, para dar assistência para a população local. Esse projeto partiu de uma iniciativa implementada pelo Padre Sergio Cabral de Vasconcellos e a assistente social Marilena Pinto Ramalho que se juntaram para prestar serviços a comunidade na Igreja São Cristóvão que posteriormente, junto com mais três assistentes sociais, passaram a atender a comunidade na sede da prefeitura. A criação se deu pela Lei 1054/1968, na qual foi criado o “Serviço Social Municipal” (SSM). Apresentado pelo então prefeito Palmyro Paulo Veronesi D’andrea e aprovado pela Câmara Municipal, o projeto tinha como objetivo manter o serviço voltado ao atendimento nas área assistencial, conforme a demanda da população carente. Tinha como responsabilidades: Realização de estudos e pesquisas econômicas

Um dos trabalhos marcantes foi o processo de

desfavelação, que ocorreu nos anos, 80, com a transferência dos moradores da região do Ribeirão Tatu, na Boa Vista para o Profilurb (atual Bairro João Ometto). “Tivemos que

do município, programa de educação de base e cultura

abrigar as famílias e prepará-las para a mudança. Naquele

popular, atividades relacionadas ao bem estar, proporcionar

local não havia nada e nem tinha saneamento básico. Por

programas de treinamento e aperfeiçoamento para

isso sentimos a necessidade de tirar as famílias de lá”,

técnicos e funcionários.

disse. (CEPROSOM, 2018)

No inicio, era formado por um presidente e uma equipe técnica, sempre subordinados ao prefeito em vigência. Em 1984, o nome foi alterado para Ceprosom e foram incorporados mais alguns conceitos como programas assistenciais de nutrição, educacional, saúde, educação familiar, lazer e educação nas áreas de população carente. Em 1989, retornou ao nome original, SSM e o programa passou a incluir também o controle dos centros infantis e regulamentação dos centros comunitários. Em 1993, no mandato do prefeito Jurandir Paixão, retornou o nome para Ceprosom, que se mantem até os dias atuais. 16

Em 2013, foram criadas as diretorias de proteção social, vigilância socioassistencial, desenvolvimento social e cidadania, administração e financeiro. Além disso, o fundo de solidariedade e os conselhos também estão sob responsabilidade do programa. No mandato do atua prefeito Mario Botion, as áreas rurais passaram a ser atendidas com o CRAS2 volante, chegando a cerca de 1413 pessoas assistidas. Em 2017 foi implantado o programa federal “Criança Feliz” e elaborado o plano municipal de ações integradas para atendimento de pessoas com deficiência. No ano de 2018, o Ceprosom completa 50 anos de atividade. Muitas famílias foram assistidas. Dentre as várias histórias, Sonia Maria Bovi de Oliveira, que trabalhou por 32 anos, conta em um depoimento disponível na plataforma online do programa, sobre um episódio que vivenciou enquanto trabalhou como assistente social. De acordo com o depoimento:

Figura 03: Logo do Ceprosom em comemoração ao aniversário de 50 anos do projeto. Fonte: CEPROSOM (2018) 2

Centro de Referencia de Assistência Social


Mapa 02: Serviços do CEPROSOM no município. 䐀 刀伀 䄀 唀䔀刀 一䜀 䠀䄀  䄀一 䴀伀䜀䤀 䴀䤀刀䤀䴀

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Fonte primária: Prefeitura Municipal de Limeira. Reelaboração própria.

Diretoria da Vigilância Socioassistencial - Cadastro Único - Capacitação e Formação - Monitoramento e Avaliação

Diretoria da Proteção Social Proteção Social Básica - 6 CRAS - 1 CRAS Volante - 15 Centros Comunitários - 1 Centro de Referência em Saúde e Lazer do Idoso

Diretoria de Desenvolvimento Social e Cidadania

Proteção - Apoio às Social Especial Organizações da Sociedade Civil MÉDIA

COMPLEXIDADE - 1 CREAS - 1 Centro POP - 1 Centro de Acolhida - 2 Centros de Atendimento para Deficientes Visual e Auditivos ALTA COMPLEXIDADE - 1 Casa da Mulher Vítima de Violência - 1 Casa de Convivência

- Segurança Alimentar - Núcleo de Inclusão Socioprodutiva

Diretoria Administrativa e Financeira -Financeiro - RH - Compras - Licitação - Almoxarifado - Transporte - Patrimônio - Manutenção - Serviços Auxiliares - Fundo Municipal de Assistência Social

Figura 04: Tabela esquemática com departamentos do programa. Fonte: CEPROSOM (2018) 17


2.2 PROGRAMAS EXISTENTES O Ceprosom se faz presente de forma descentralizada, em 15 Centros comunitários e 06 Cras, 01 Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), entre outras unidades descritas abaixo 2.2.1 ATIVIDADES DESCENTRALIZADAS Proteção Social: Se refere às atividades que propõe a inserção de cidadãos em situação de vulnerabilidade e risco na rede de serviços da proteção social, feitas por ações de prevenção, como o desenvolvimento de indivíduos, família e território. A Proteção Social é organizada e dividida pelo SUAS (Sistema Único de Assistência Social) em básica e especial. A proteção social básica visa a prevenção quando há situação de risco das populações que se encontram em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza e privação, ou seja, ausência de renda, dificuldade de acesso aos serviços públicos, dentre outros, Através do CRAS, os indivíduos reconhecidos dentro dessa situação são encaminhados para a proteção social básica, além de atuar de forma a garantir que tenham assistência social, de modo que previne o rompimento de vínculos, violação dos direitos ao acesso à serviços, benefícios eventuais, programas de transferências de rendas, direitos sociais, civis e políticos. A proteção social especial é divida em media complexibilidade e alta complexbilidade e tem como porta de entrada o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e também o DA auditivo, DV visual e Centro POP. A primeira é para os casos no qual os indivíduos já estão passando por situações de risco, como por exemplo decorrência de abandono, maus tratos físicos ou psicológico, abuso sexual, uso de substâncias psicoativas, 18

cumprimento de medida sócio-educativas, situação de rua, situação de trabalho infantil, entre outras ações de violação de direitos. A segunda, alta complexibilidade, se divide entre os seguintes serviços: 1 - Serviços de acolhimento institucional: - Abrigo institucional - Casa lar - Casa de passagem, - Residência inclusiva, - Casa de convivência, do adolescente, da mulher 2 – Serviços de acolhimento em republica 3 - serviços de acolhimento em família acolhedora 4 - Serviço de proteção em situações de calamidade publica/emergencial. O CREAS (Centro de Referência Especializada) consiste em um apoio quando há situação de risco pessoal ou social, e é responsável pelos programas Paefi (Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos) e Serviço de proteção social e adolescentes O Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência Auditiva e Visual tem como objetivo fomentar a inclusão plena dessas pessoas na sociedade O Centro POP consiste em um centro de acolhimento a população em situação de rua. Nesse lugar eles podem ter acesso aos devidos benefícios e direitos sociais.


serviços auxiliares 2.2.2 ATIVIDADES NA SEDE: Diretoria de Vigilância Socioassistencial: Implantada em 2014, pela Lei Complementar nº 688, tem como objetivo mapear e analisar as possíveis situações de vulnerabilidade que afetam não apenas os territórios mas também os cidadãos. Para isso, a diretoria trabalha a partir da produção de diagnósticos, indicadores para monitoramento e avaliação do programa e sistematização dos dados. A Diretoria de Vigilância Socioassistencial possui 3 divisões: - Monitoramento e avaliação, que consiste na coleta e analise de dados, construção de indicadores a partir das informações recolhidas pelos programas assistenciais como proteção social básica e demais programas, - Formação e capacitação continuada, que prevê qualificar os profissionais da rede SUAS através de ações que ocorrem de forma descentralizada, como por exemplo a criação do Núcleo Municipal de Educação Permanente (NMEP) em 2016. - Organização de reuniões mensais de estudo, em diferentes esferas, de acordo com um cronograma pré estabelecido. Cadastramento único: É uma base de dados utilizada pelo governo federal para conceder benefícios através de programas sociais como bolsa família, minha casa minha vida, carteira do idoso, dentre outros programas federais. Através desse serviço, prestado na sede administrativa, o cidadão pode acessar esses benefícios, e também, a mesma base pode ser usada pelo governo estadual e municipal para fornecer assistência à população. Departamento Administrativo e financeiro: Tem como objetivo prover infraestrutura e serviços administrativos. É dividido entre: Financeiro, recursos humanos, fundo municipal de assistência social, compras, licitações, almoxarifado, transporte, patrimônio, manutenção e

Diretoria de desenvolvimento social e cidadania: A diretoria atua prestando serviços no campo de desenvolvimento comunitário, através de alguns programas, que podem ocorrer de forma descentralizada: - Projeto “Esse bairro é meu”, que realiza revitalização de bairros e do entorno com a participação popular. - Apoio ao terceiro setor, através de orientação de grupos de pessoas com interesse em construir entidades, dando suporte para essas realizações. - Projeto amor fraterno, que incentiva a cultura do trabalho voluntário, - Núcleo de inclusão socioprodutiva (NISP), que atua em parceria com o Fundo de Solidariedade, oferecendo cursos na sede e também de forma descentralizada; - Projeto reciclar solidário que acontece desde 2007 com objetivo de gerar trabalho para pessoas com vulnerabilidade social, sendo desenvolvido em parceria com outras secretarias e tem como publico alvo os catadores de materiais recicláveis. Alimentação e nutrição: - Banco de alimentos, programa de 2015 que canaliza as doações de alimentos para entidades socioassistenciais; - PAA (programa de aquisição de alimentos) que consiste em uma Parceria com a CONAB (Companha nacional de abastecimento), sendo o Ceprosom responsável por distribuir os produtos; - Alimentação nos equipamentos públicos da assistência social e padaria municipal, ficando este setor na sede administrativa, na qual um Nutricionista, um técnico em nutrição e um estagiário são responsáveis por oferecer alimentação balanceada e nutritiva para o publico dos projetos. A equipe fiscaliza os lanches produzidos por empresa terceirizada, contratada através de um processo licitatório para fornecer lanches em diversos programas do Ceprosom, desenvolvidos em todo o município.

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Conforme demonstrado no Mapa 02, o CEPROSSOM atua por vários pontos da cidade. Porém, na área central, quase não há programas. A partir do mapa apresentado a seguir, área em estudo apresenta na margem direita do Ribeirão Tatu, bairros com renda menor, com relação aos outros da área.

Também, de acordo com o mapa 06 e 09 do Capítulo 05 do TFG I - Caracterização da área, é possível observar que esses bairros são predominantemente residencial, não possuindo áreas de lazer para a comunidade, fator que ajudou na elaboração do programa para o setor Lazer/ cultural do projeto.

Mapa 03: Renda do entorno da área.

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Fonte primária: Prefeitura Municipal de Limeira. Reelaboração própria. 20


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3 LEVANTAMENTO ATUAL DO PRÉDIO 21


SITUAÇÃO ATUAL DO PRÉDIO Sendo um projeto de referência no âmbito nacional, o Ceprosom atualmente atende a pessoas, oferecendo assistência, saúde, cultura e lazer. A sede, que já teve seu endereço alterado por muitas vezes, encontrase hoje no prédio da antiga Machina São Paulo. O pavimento onde ocorrem as atividades é razoavelmente bem equipado e o prédio possui poucas patologias, visto que antes do uso atual, foi feita uma reforma para adequar a estrutura para receber as atividades do Ceprosom. O pavimento térreo, por outro lado, encontra-se sem uso. Suas janelas e portas estão bastante danificadas por conta de ações depredatórias. O telhado apresenta também vegetação em sua cobertura, muitas telhas quebradas e até falta de telhas em algumas partes. Algumas paredes acabam ficando expostas por conta da situação do telhado, e apresentam bolor. Uma parte do barracão está interditada, não sendo possível

fazer a visita e reconhecimento da área. Apesar dos apontamentos, a estrutura está em boas condições para abrigar novas atividades, sendo necessários apenas alguns reparos, reposição de material no telhado, tratamento das paredes e troca das vedações atuais. Já na área externa, na qual há uma ruína em escoras e outra sem nenhum tipo de proteção, podese perceber que constantemente essas estruturas são alvo de vandalismo ou sofrem justamente por estarem expostas às intempéries naturais. Essa área exige um cuidado especial, pois essas duas paredes são as únicas remanescentes da construção dos primeiros barracões.

Figura 05: Levantamento fotográfico para vetorização das patologias. Fonte: Acervo pessoal.

Figura 06: Vista áerea dos barracões e indicação das paredes em ruínas. Década de 50/60. Fonte primária: IBGE. Reelaboração própria. 22


Figura 07: Levantamento fotogrĂĄfico da ruĂ­na 01 - Vista frontal e posterior. Acervo pessoal 23


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Figura 08, 09 e 10: Levantamento fotográfico da ruína 02 - Vista frontal e detalhe do azulejo. Acervo pessoal.

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Figura 11: Levantamento fotográfico da ruína 02 - Vista lateral esquerda. Acervo pessoal.

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Figura 12: Levantamento fotográfico da ruína 02 - Vista lateral direita. Acervo pessoal.

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Figura 13: Levantamento fotográfico da ruína 02 - Vista posterior. Acervo pessoal.

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4 O PROJETO PARA O EDIFÍCIO DA MACHINA SÃO PAULO 30


4.1 PROGRAMAS DE NECESSIDADES A partir do levantamento de atividades realizadas na sede do Ceprosom, o programa do projeto foi estabelecido visando atender as demandas apontadas pela presidente atual, readequar o programa existente no espaço de modo a comportar o quadro de funcionários, porém, prevendo uma expansão do programa e propor espaços para atividades diversas. EDUCACIONAL | Salas de aulas - Cursos Idiomas Informática Estética Administração Culinária Custura Artesanato Biblioteca e sala de estudo Makerspace Banheiros

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LAZER/CULTURAL| Praça interna Espaço de exposição Praça Alimentação Banheiros AUDITÓRIO| Palestras Formaturas ADMINISTRAÇÃO| Financeiro Administração Compras Licitação Recursos Humanos Fundo Municipal de Assistência Social Almoxarifado Transporte Manutenção Jurídico Banheiros ASSISTÊNCIA SOCIAL| Vigilância Socioassistencial Cadastramento Único Proteção social Básica e especial APOIO| Refeitório Copa Vestiário Área serviço

Figura 14: Perspectiva com 倀攀爀猀瀀攀挀琀椀瘀愀 挀漀洀 瀀爀漀最爀愀洀愀猀 indicação dos setores. 䔀猀挀愀氀愀 ㄀㨀㈀ Escala 1:2000

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4.2 PERMEABILIDADE O edifício encontra-se em um nó, no qual para se ter acesso a pé vindo do terminal de ônibus, é preciso passar por uma rotatória semaforizada. Este caminho possui boa sinalização, contudo, outra opção mais usual e prática é passar por baixo do viaduto Antonio Ferez, espaço que atualmente é usado como estacionamento de ônibus do terminal de forma improvisada.

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Figura 15: Vista com indicação dos acessos atuais. Escala 1:2000 32

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A área não possui um calçamento ideal para pedestres, nem sinalização, tão pouco iluminação, tornando-se inacessível do ponto de vista de segurança, principalmente à noite. Por isso a proposta para um estacionamento, que abrigue os carros dos funcionários e um caminho para pedestres foi pensada embaixo do viaduto, o que tornaria o acesso muito mais fácil, rápido e seguro para o público. O acesso para o interior do edifício se faz por meio de apenas uma entrada, localizada na Avenida Campinas. O programa foi pensado de modo que o prédio pudesse ser acessado por várias entradas, tornando assim, mais permeável e integrado ao seu entorno, facilitando o acesso para quem vem tanto no sentido do terminal, como para quem vem da própria Avenida.

Figura 16: Imagem da rotatória do complexo viário Antônio Ferez. Fonte: Google Earth(2018)

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Figura 17: Vista com indicação dos novos acessos. Escala 1:2000 33


Pensando em uma maior permeabilidade e quais atividades dialogam melhor com o publico, foi feita a divisão do prédio em setores. Os setores pensados foram: educacional, administrativo, assistencial e lazer/cultural. O primeiro pavimento abrigará então o setor educacional. Os cursos que aconteciam separadamente nesse pavimento, NISP e Ceprosom, acontecerão de forma integrada. Ele foi dividido em dois blocos: 1- corresponde ao piso do primeiro pavimento atual. Neste, ficarão concentrados os cursos de Idiomas, Administração, Informática, Estética, Culinária, Artesanato e Costura, além de uma pequena biblioteca de apoio, sala ambiente, depósito, banheiros, secretaria, sala de coordenação, espaço para os professores e acesso para o pavimento térreo. 2- ocupará a área onde o pé direito do edifício é mais alto, permitindo que haja um novo acesso, que será feito por meio de uma abertura para a Avenida Campinas. Este novo pavimento, contará com um Makerspace, espaço destinado a produção de projetos, com diversos equipamentos, desde impressora 3D, cortadora a laser

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a construções com robótica, trabalho em madeira. Este espaço servirá para desenvolvimento de projetos dos alunos dos cursos oferecidos e também será de uso público, podendo ser aproveitado pelas instituições próximas como o SENAC e a FAAL (Faculdades de Administração e Artes de Limeira). Este pavimento contará com uma passarela externa, que ligará o prédio a outra margem do ribeirão, facilitando o acesso para o público da faculdade. O piso terá banheiros e acesso para o pavimento térreo. O Makerspace é uma parte importante do programa, pois o prédio abrigou uma indústria que pode ser considerada, como pode ser observado no Capitulo 4 do TFG I - Histórico da Machina São Paulo, uma das industrias mais importantes do município, e uma indústria cujo dono tinha um caráter visionário. O pavimento térreo abrigará então os setores administrativo, assistencial e lazer/cultural. Pensando na permeabilidade, o pavimento térreo abaixo do bloco dos cursos será uma grande praça interna, um ambiente no qual poderá desenvolver diversas atividades, com uma pequena arquibancada e uma área


com bancos. O espaço contará também com banheiros, acesso para o piso superior. Ao lado, um auditório com capacidade para 150 pessoas para realização de eventos, palestras, formaturas. O bloco administrativo concentrará as atividades de forma integrada, possuindo salas de reunião privadas, banheiros e todo o programa administrativo. O bloco assistencial será composto pelo Cadastro Único, que atende em média 300 pessoas por dia, Diretorias de Vigilância Socioassistenciais e Proteção Social Básica e Especial. Por fim, uma cantina para o público e cozinha para funcionários. A área externa, na qual estão localizadas as ruínas, será uma praça seca, contemplativa, com patamares amplos e rampas para vencer o desnível existente entre a Avenida Campinas e o pavimento térreo. A praça contará com espaço para feiras e eventos, como pequenos shows, apresentações, que terão como fundo as paredes da ruína menor. A parede maior em ruína, que atualmente encontra-se escorada com madeira, terá uma estrutura em aço no seu interior, para sua sustentação. Está servirá

como um delimitador visual que separará a praça de elementos de seu entorno, como o supermercado. As ruínas recentes, serão utilizadas como estacionamento para a frota do Ceprosom. Atualmente, esta ruína é muito utilizada por pessoas que praticam parkour. Ao lado do estacionamento, uma escada, com espelho alto foi pensada para este público. As plantas, cortes, elevações e esquemas, lista de áreas, detalhamentos encontram-se nos anexos desse trabalho.

Figura 18: Vista das ruínas recentes e ao fundo, estacionamento do terminal de ônibus, embaixo do Viaduto Antonio Ferez. Acervo pessoal.

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Figura 19: Vista dos barracões recentes que abrigam atualmente o CEPROSOM e rua interna utilizada para passagem da frota e carros dos funcionários. Acervo pessoal.

Figura 20 e 21: Vista dos barracões de cima do Viaduto Antonio Ferez e vista da FAAL dos barracões com pé direito alto(local da passarela que interligará os barracões com a outra margem do rio). Acervo pessoal.

Figura 22 e 23: Vista das ruínas antigas e recentes. Detalhe para o desnível do terreno atualmente. Foto da esquerda,local no qual atualmente acontece a pratica do parkour. Acervo pessoal.

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Figura 24 e 25. Mina d’água atras do muro de arrimo dos barracões, localizado logo abaixo do primeiro pavimento. Acervo pessoal.

Figura 26 e 27. Vegetação na cobertura do pavimento térreo. Acervo pessoal.

Figura 28. Pilar e treliça do pavimento térreo. Acervo pessoal

Figura 29. Janela com vista para a FAAL. Acervo pessoal

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