Vol. 01 - Nº 01 ISSN 2021 - 001 CDD 720
COHOUSING morar e compartilhar
L E T Í C I A
A R A Ú J O
D E V I N C O L A
Revista Digital (TFG - Trabalho Final de Graduação) - Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Marília, Marília, 2021. Orientação: Prof. Ms. Wilton Flávio Camoleze Augusto.
1. Cohousing
2. Coabitação
3. Moradia
4.Comunidade
DEVINCOLA, Letícia Araújo CDD 720
Revista TFG - Arquitetura e Urbanismo Universidade de Marília - UNIMAR Arquitetura e Urbanismo
ISSN 2021-001 Revista TFG
CDD 720 Vol. 01 - N. 01
Nov./Dez. 2021
UNIVERSIDADE DE MARÍLIA Reitor MÁRCIO MESQUITA SERVA Vice-Reitora REGINA LÚCIA OTTAIANO LOSSASSO SERVA Pró-Reitora de Pós-Graduação FERNANDA MESQUITA SERVA Pró-Reitor de Administração MARCO ANTONIO TEIXEIRA Pró-Reitor de Graduação JOSÉ ROBERTO MARQUES DE CASTRO Pró-Reitora de Ação Comunitária FERNANDA MESQUITA SERVA Curso de Arquitetura e Urbanismo FERNANDO NETTO
UNIVERSIDADE DE MARÍLIA NDE - NÚCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE Ms. FERNANDO NETTO - Coordenador Dr. IRAJÁ GOUVEIA - Docente Ms. WALNYCE DE OLIVEIRA SCALISE - Docente Ms. SÔNIA C. BOCARDI DE MORAES - Docente Ms. WILTON F. CAMOLEZE AUGUSTO - Docente NÚCLEO INTEGRADO DE PESQUISA E EXTENSÃO NIPEX DRI Dra. WALKIRIA MARTINEZ HEINRICH FERRER Coordenação CPA - COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO Dra. ANDRÉIA C. F. BARALDI LABEGALINI - Pesquisa Institucional COORDENAÇÃO - ARQUITETURA E URBANISMO Prof. Ms. FERNANDO NETTO
Letícia A. Devincola DISCENTE
Prof. Ms. Wilton F. C. Augusto ORIENTADOR
Fernando Netto COORDENADOR
Professores do curso
Dra. Sônia Moraes
Ms. Mariana Petruce
Dr. Irajá Gouvea
Esp. Marcelo Salmon
Ms. Fernando Netto
elli
n
Ms. Walnyce O. Scalise
Ms. Wilton F. C. Augusto
Ms. Odair Laurindo Filho
Esp. Luiz F. Gentile
Ms. Palmira C. Barbosa
Evandro C. dos Reis
Rebeca Mugnai Vieira
Eneias Boaz
Mayara Doreto
Lauren Beldinazzi
Kelly C. Za
Nivaldo Cruz
Lucas Piccinelli
Leonardo B
z
Arquitetos Convidados Banca 2021
Bruna Cristina Pires
André H. da Silva
avanelli
Fernanda Tozim
Maurício R. Filho
Bartles
Ana Carolina Menin
Tássia Lemes
Além de sua susten inteligência, a arqui fábrica de
ntabilidade e de sua itetura deve ser uma e emoções. RENZO PIANO
Sumário
Abstract Conceito
15
16
Difusão
Benefícios
17
19
24
22
26
29
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O que é Cohousing?
Resumo Introdução
Le
Problematização
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Difusão no Brasil Evolução Histórica
Diferença entre cohousing e condomínio
Programa de necessidades Locais Analisados
egislação
38
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Projetos
49
Referências Partido
52
Local escolhido
53
56
57
89
92
93
Considerações Disposição no terreno
Agradecimentos
97
Glossário
Resumo Tendo em vista e buscando o conhecimento de diversos modelos habitacionais, o presente trabalho busca analisar e pesquisar o desenvolvimento e comportamento do estilo de moradia de coabitação, desenvolvida na Europa. A pesquisa se mostra além da analise arquitetônica, também incorpora aspectos sociais, relacionamentos pessoais e suas influências numa vivência em comunidade compartilhada para ser implantada na cidade de Marília/SP. Para seu desenvolvimento também foi levado em consideração a legislação vigente e aspectos regionais, buscando informações e baseando em fontes de livros, revistas e sites técnicos. Ao concentrar todas as fontes de pesquisa, é possível compreender o tema e sua importância. As moradias comunitárias chamadas de “cohousing” diferem-se das opções disponíveis hoje no mercado imobiliário, caracterizado por condomínios verticais e horizontais ou residências convencionais e individuais pois, é uma forma inovadora de casa, onde princípios são resgatados e unidos através de uma arquitetura que aproxima os ideais de casa própria, vida comunitária, respeito ao meio ambiente e colaboração.
Palavras-chave: Cohousing. Coabitação. Moradia. Comunidade.
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Abstract Searching for knowledge of several housing models, the present paper seeks to analyze and research the development and behavior of the cohabitation housing style developed in Europe. The research goes beyond architectural analysis and it also incorporates social aspects, personal relationships and their influence in a shared community living to be implemented in the city of Marília/SP. For its development it was also taken into consideration the current legislation and regional aspects looking for information from books, magazines and technical sites. By focusing all the research sources, it is possible to understand the topic and its importance. Community housing called "cohousing" differs from the options available today in the real estate market, characterized by vertical and horizontal condominiums or conventional and individual residences because it is an innovative form of home, where principles are brought and united through an architecture that brings together the ideals of home ownership, community life, respect for the environment, and collaboration.
Keywords: Cohousing. Housing. Community.
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Introdução O tema abordado surgiu a partir da percepção da popularidade de construções e vendas de moradias em condomínios fechados e a forma com que isso ocasiona uma segregação social e distanciamento entre lado interno e externo dos muros, buscando apenas um único item em comum, a segurança. A pesquisa expandir os elaboração possibilite cohousing.
que segue foi embasada no intuito de conhecimentos sobre o tema e permitir a de um projeto arquitetônico que explorar e amplificar os efeitos do
Anterior ao início da investigação havia-se conhecimento a respeito de modelos de moradia compartilhada semelhantes, como o coliving, pensionatos e repúblicas, dos quais são mais difundidos no Brasil, assim como os condomínios fechados, existentes em abundância até nas cidades do interior do estado. O trabalho que segue possibilitou o desenvolvimento de uma análise sobre os efeitos de um loteamento fechado na cidade.
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Conceito A forma de morar, durante toda a evolução e civilização humana tomou rumos e influências culturais. Desde a era da pré-história o homem procura proteção e abrigo contra o clima, predadores e povos considerados inimigos (OLIVEIRA; GALHANO; PEREIRA, 1988). Até os dias atuais a necessidade de um refúgio se torna presente, porém a com diferenças em sua finalidade, materiais, métodos construtivos, mudanças do solo e influências arquitetônicas. (LOURENÇO; BRANCO, 2012). O modo de habitar “transforma um espaço insubstancial em um espaço pessoal” (PALLASMAA, 2016, p. 7). Pode-se considerar que uma casa não é somente um simples projeto ou edifício, mas sim algo mais complexo que engloba memórias, sentimentos, histórias e rotinas. Esse lar oferece uma adaptação entre a família e o indivíduo que não pode se tornar ou ser simplesmente comercializado. (PALLASMAA, 2016). Esse raciocínio de que a casa é uma forma imensa de integração, como primeiro mundo do homem que se mantém intacta na memória devido a quantidade de memórias que são criadas e vividas a respeito do espaço que moramos é completado com Bachelard (1993).
19 21
"Um lar é mais do que um teto sob a cabeça de alguém ou um investimento financeiro. Um lar pode prover a sensação de segurança e conforto ou eliciar sentimentos de frustação, solidão ou medo." (MCCAMANT; DURRETT, 1988, p. 17)
20
21
? g n i s u o h o c é O que O primeiro cohousing surgiu na década de 1970 como uma comunidade planejada, criado a partir da necessidade de um grupo de ter uma vivência cooperativa, de propriedade e administração dos próprios moradores, mas com instalações de uso coletivo, tais como cozinha, refeitório, playgrounds, escritórios e outras dependências. (CHAPIN, 2011). O conceito de cohousing oferece um modelo contemporâneo que recria o senso de lugar e vizinhança enquanto ainda é capaz de alcançar as necessidades atuais de um ambiente menos constrangedor e individualista, que no passado, era comum em vilarejos e bairros urbanos menos industrializados (MCCAMANT; DURRETT, 1988), porém se difere das comunas hippies dos anos 1960, pois os residentes de um cohousing não compartilham renda ou crenças religiosas e políticas, além das casas serem de propriedade privada. Ambas formas de moradia compartilham somente alguns valores, como o desejo de um estilo de vida mais social, sustentabilidade ambiental e abordagens cooperativas (CHAPIN, 2011). O cohousing é a combinação autonomia e liberdade das habitações privadas com as vantagens da vida comunitária, oferecendo espaços privados, semiprivados e comunitário, que encorajam um estilo de vida "colaborativo" e uma maior interdependência entre os residentes (WILLIAMS, 2005). 22
De acordo com McCamant e Durrett (1988), o cohousing apresenta algumas características que são enraizadas ao conceito e presente em todas coabitações, inclusive em diferentes localidades, tamanhos, design e prioridades ainda compartilham dessas características. Uma dessas características é chamada de processo participativo, a qual confirma que os moradores organizam e participam de todo desenvolvimento da habitação e tomam as decisões finais como um grupo, que também define a administração completa de residentes, pois além de participar do desenvolvimento, continuam da mesma forma compartilhando decisões em todas as reuniões da comunidade. Outras características são a respeito do espaço físico, que incentivam o forte senso de comunidade e são projetadas para o uso diário, como um complemento para as áreas de convivência privada. (MCCAMANT; DURRETT, 1988)
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Benefícios Além de empregar todos os valores de comunidade, o ambiente seguro quando a violência se mostra cada vez mais crescente é de extrema importância, pois o cohousing proporciona a tranquilidade aos moradores a partir do momento em que sabem que há pessoas à volta que olham umas pelas outras, o que reforça as oportunidades de interação social regular sem sacrificar a privacidade de cada indivíduo, devido as instalações que, dificilmente seria possível cada morador ter acesso por si próprio. (SCOTTHANSON; SCOTTHANSON, 2004) Os residentes do cohousing ainda podem contar com mais oportunidades para reduzir, reutilizar e reciclar, onde ao agrupar as casas, automaticamente uma grande área verde é preservada, no local que um bairro tradicional utilizaria cada centímetro para casas, ruas e estacionamento. (SCOTTHANSON; SCOTTHANSON, 2004). Também desfrutam dos benefícios da cooperação organizando creches, jantares e atividades sociais, trabalhando em conjunto para acrescentar necessidades práticas à vivência em comunidade. (MCCAMANT; DURRETT, 1988) Toda cooperação faz com que o custo de vida diário no cohousing seja mais baixo, pois é resultado do compartilhamento de recursos (WILLIAMS, 2007), como algumas refeições são partilhadas, a compra a granel se torna necessária, o que reduz o custo devido a compra em quantidades elevadas. (SCOTTHANSON; SCOTTHANSON, 2004). A partilha de recursos, carros e até mesmo troca de bens são exemplos de como os custos de vida diários podem ser reduzidos e completam reforçando que viver com pessoas em um cohousing oferece diversidade de experiências para qualquer faixa etária. (SCOTTHANSON; SCOTTHANSON, 2004). 24
Qual a diferença entre co
A origem dos condomínios fechados é abordada em duas teses, a primeira fala a respeito da Cidade Jardim, desenvolvida no século XVIII, de Ebenezer Howard (1850-1928) e a segunda como a verdadeira origem dos condomínios fechados contemporâneos que se firma nas cidades europeias. De qualquer forma e independente de sua origem, nas últimas décadas do século XX ocorreu uma grande expansão de uma forma habitacional que, contemporaneamente, é identificada como “condomínios fechados” ou “privados”. (RAPOSO, 2012).
De acordo com Ruiu (2014), os condomínios fechados e coabitações possuem suas próprias organizações e características, que, em alguns casos um pode se aproximar do outro, porém em principais aspectos se distanciam. A grande diferença entre os moradores de condomínios fechados e de coabitação é a motivação por trás da criação de tais instalações, na coabitação o objetivo principal é a troca mútua, já num condomínio fechado não há nada relacionado a fazer parte de uma comunidade (RUIU, 2014).
Implantação de Condomínio Residencial em Marília/SP, 2021.
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ohousing e condomínio?
A partir do que pôde ser observado até esse ponto, o formato de condomínio fechado, por exemplo, aborda unidades de moradia individual com espaços de uso comum, que são utilizados somente pelo morador que deve fazer uma reserva antecipada para utilizar o espaço durante um determinado horário, para ainda assim ser usado de forma individualizada para somente aqueles que são convidados. O cohousing pode apresentar uma semelhante configuração ou layout de um condomínio fechado, porém explora uma forma totalmente diferente de utilização dos espaços compartilhados do que é proposto pelo outro formato na presente comparação.
Ruiu (2014) apresenta em sua tese as diferenças existentes entre as duas formas de moradia explorada nesse capítulo, onde expõe que ambos modos de moradia oferecem a sensação de segurança, porém de formas diferentes. Em condomínios fechados, a segurança é um item primordial e esperado por todos moradores, através de portaria 24 horas, câmeras de vigilância e acesso restrito a moradores e visitantes autorizados. No cohousing, a segurança depende mais de um alto grau de confiança devido à proximidade entre os moradores, onde qualquer pessoa que não mora no local já recebe uma atenção maior.
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Outra diferença é a acessibilidade dos espaços, onde na coabitação, há espaços acessíveis para quem não é morador, enquanto em condomínios fechados, os espaços públicos são privatizados e destinados apenas aos moradores, gerando uma exclusão social entre o interior e exterior (RUIU, 2014). Em contraste, os desenvolvedores de cohousing não estão interessados em recrutamento de membros visando lucrar no mercado imobiliário, onde o sistema de condomínios fechados é incentivado através da produção em massa de habitação ou loteamentos. No cohousing é priorizada a base de orientação social, fora de qualquer lógica especulativa. (RUIU, 2014).
O condomínio fechado prevê regras voltadas para o convívio entre os moradores, onde todos tem que consultar os outros residentes antes de fazer mudanças na área comum. Na coabitação, assim como em condomínios fechados, há regras para facilitar o convívio, porém essas servem mais para novos moradores, de forma a verificar se o estilo de vida em coabitação servirá para os interessados, desde que é necessário compartilhar dos mesmos valore, assim como nem todos são adequados para um estilo de vida em um condomínio fechado (RUIU, 2014).
"O lar deve ser o te 27
Implantação Gainesville Cohousing, 2014
esouro da vida" Le Corbusier
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Problematização Partindo do que é observado por Bauman (2007), o isolamento e distância causados pelos condomínios resultam na separação de todos os que são considerados socialmente inferiores. Esse isolamento dos indivíduos leva ao surgimento de diversos fatores que fragilizam os laços humanos, tornando cada vez mais difícil a vida em comunidade, e é referente a isso que a ideia de cohousing vai totalmente contra, buscando resgatar todos os valores primordiais de confiança e vivência entre vizinhos, deixando de lado a cultura imediatista que faz o ser humano se isolar cada vez mais em espaços cada vez menores. Além das barreiras físicas aos arredores dos condomínios, também existem barreiras de instalações como parques, praças, casas, prédios, complexos comerciais e escolas levando em consideração a excessiva fragilidade dos relacionamentos humanos, Caldeira (1996) ainda observa São Paulo como uma “cidade de muros” justamente a respeito das cercas e muros por todos os lados. No Brasil, todo esse emprego de cercas e propagação de condomínios fechados se da por um motivo muito específico, que é a busca da segurança, obsessão essa que exalta a sobrevalorização dos indivíduos com suas fragilidades e vulnerabilidade. (LEVY, 2010). Por essas razões apresentadas, a difusão do cohousing se torna importante, pois ainda apresenta uma configuração semelhante em questão do espaço físico, porém sem tornar inútil um espaço público, ainda oferecendo segurança e possui como seu foco principal a moradia coletiva que aproxima os vizinhos, fortalecendo laços entre pessoas sem parentescos entre si. 29
Como objetivo, busca-se elaborar um eficiente projeto para encorajar interações entre pessoas que seja possível de realizar e reproduzir na cidade de Marília, possibilitando que a habitação comunitária seja ocupada por indivíduos de renda mista, desencorajando a segregação de classes. Além disso espera-se o uso de soluções sustentáveis para desenvolvimento do projeto.
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Evolução Histórica
O primeiro cohousing foi habitado em 1972, em Copenhagen, na Dinamarca, porém começou a ser pensado e desenvolvido a partir de 1964, quando o arquiteto dinamarquês Jan Gudmand-Høyer iniciou o desenvolvimento dos fundamentos do cohousing com sua esposa e um grupo de amigos, que juntos exploraram conceitos e alternativas desejáveis de moradias, até a conclusão de que uma moradia em um ambiente solidário era o que todos buscavam. (MCCAMANT; DURRETT, 1988). Antes de qualquer desenvolvimento de layout e projeto a localização foi um tópico importante, que foi considerada a qualidade da vida no campo com a proximidade com a cidade, devido oportunidades culturais e profissionais. (MCCAMANT; DURRETT, 1988). 31
McCamant e Durrett (1988) expõe as inspirações para a criação do cohousing, o livro “Utopia” escrito em 1516 por Thomas Morus descreve uma realidade cooperativa onde famílias compartilham áreas comuns e refeições entre outras atividades, que influenciou e norteou os conceitos criados para esse estilo de habitação. Além da literatura, alguns projetos dinamarqueses como a Medical Association Housing, construída em Copenhagen no ano de 1853 com a finalidade de evitar o contagio e dissipação da cólera, serviu como inspiração para layout e idealizar os espaços físicos, apesar da finalidade e necessidade da Medical Association Housing, os organizadores tiraram boas ideias para desenvolver o primeiro cohousing. (MCCAMANT; DURRETT, 1988) No final de 1964 Gudmand-Høyer deu início ao desenvolvimento de projetos para o cohousing, na cidade de Hareskov, na região de Copenhagen. O projeto inicial contava com 12 casas em volta das áreas comuns e piscina, consideravelmente conservador ao comparar com as construções posteriores. As residências individuais eram grandes e bem privativas, com paredes que delimitam as entradas e quintais. (MCCAMANT; DURRETT, 1988) O empreendimento, no entanto, não foi continuado, devido desaprovação da vizinhança que julgava a região calma e temia que a construção do cohousing fosse gerar barulhos excessivos devido ao aumento de crianças na região. Após um ano nessa situação, os primeiros organizadores do cohousing decidiram vender o terreno de Hareskov. (MCCAMANT; DURRETT, 1988) 32
Gudmand-Høyer publicou em 1968 em um jornal nacional um artigo, "The Missing Link Between Utopia and the Date One-Family House” que descreve as ideias obtidas para o projeto de Hareskov e foi com essa publicação que o arquiteto recebeu diversos contatos com centenas de pessoas interessadas em viver num lugar descrito. (MCCAMANT; DURRETT, 1988) No mesmo ano, Jan Gudmand-Høyer, Bodil Graae e algumas famílias do grupo de Hareskov que continuaram resistentes na criação do cohousing se juntaram com um outro grupo, também interessado nesse estilo de vida e desenvolveram duas comunidades. (MCCAMANT; DURRETT, 1988) A primeira comunidade cohousing, desenvolvida por Teo Bjerg e Falle Dyreborg em Hillerød foi ocupada em 1972, e no ano seguinte foi a vez da comunidade projetada por Jan Gudmand-Hoyer em Jonstrup. (MCCAMANT; DURRETT, 1988) Em um curto período de tempo, em 1980 já existiam cerca de 12 comunidades na Dinamarca formadas por pessoas que buscaram o estilo de moradia do cohousing e em apenas dois anos depois, devido a propagação do conceito, o número de cohousing sofreu um aumento significativo, com mais 10 outras comunidades planejadas até 1982. (MCCAMANT; DURRETT, 1988)
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Difusão do cohousing Pela Europa, o cohousing foi rapidamente difundido na Holanda, Suécia, Noruega, Alemanha e França, mas receberam características de acordo com a cultura local. (MCCAMANT; DURRETT, 2011) Na Holanda por exemplo, a primeira comunidade foi construída por Leo de Longe e Pieter Weeda, com 50 unidades no ano de 1977, chamada de Hilversum. Nos anos seguintes, mais organizações foram sendo projetadas, chegando ao número próximo de 40 comunidades. (MCCAMANT; DURRETT, 2011) Na Suécia, a grande maioria das comunidades funciona no formato vertical com uma quantidade maior de residentes por comunidade, pois ao invés de construir um novo local, os suecos reabilitaram complexos e prédios construídos na década de 60, acrescentando apenas as instalações de uso comum. Um exemplo é a comunidade de Stacken. (MCCAMANT; DURRETT, 1988) Na América do Norte, o cohousing foi apresentado através das literaturas dos arquitetos Kathryn McCamant e Charles Durrett, pioneiros e um dos maiores responsáveis pela difusão do assunto e bem abordado como base para diversas pesquisas a respeito do tema (CHAPIN, 2011). A arquiteta Kathryn McCamant conheceu o chamado pelos dinamarqueses como “bofællesskaber” em 1980, traduziu o termo para o inglês “cohousing”, o que ocasionou anos de estudo e visitas nessas comunidades, com auxílio do também arquiteto e marido, Charles Durrett (CHAPIN, 2011). 34
Nos Estados Unidos, a aceitação alcançou um resultado diferente em comparação aos países europeus, reflexo do individualismo cultural enraizado na população americana. No entanto, mesmo com essa dificuldade foi bem difundido em diversos estados e ocasionou o desenvolvimento de várias comunidades com auxílio de McCamant e Durrett, que se tornaram organizadores e facilitadores para pessoas interessadas no cohousing. (CHAPIN, 2011). McCamant e Durrett passaram seus conhecimentos de comunicação e técnicas de tomada de decisão para grupos interessados em cohousing nos Estados Unidos, auxiliando em todos os processos de desenvolvimento de todas etapas, inclusive ao que se tratativa de assuntos governamentais e financeiros. (CHAPIN, 2011). Em 2002, os arquitetos Kathryn e Charles desenvolveram uma comunidade cohousing em Nevada, na Califórnia, que contava com 34 residências privadas, contando com 50 adultos e 22 crianças morando no local (CHAPIN, 2011).
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E no Brasil? No Brasil o tema começou a ser empregado pela arquiteta e urbanista Lilian Lubochinski, especialista em processos participativos e arquitetura da longevidade, que utiliza páginas em redes sociais e ministra palestras para divulgação do assunto. O termo empregado por Lilian é o CoLares, que recebe a mesma configuração tradicional do cohousing europeu. (LUBOCHINSKI, 2018). Um exemplar de cohousing em andamento no Brasil é a Vila ConViver, elaborado pelo Grupo de Trabalho Moradia/ADunicamp, considerando demandas de professores aposentados. (VILA, ano desconhecido). A partir de 2014 o Grupo Moradia se aprofundou no estudo de cohousing sênior, destinado para pessoas com mais de 50 anos, que está na base da criação da proposta da vila. (VILA, ano desconhecido).
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O grupo da Vila ConViver foi então o primeiro cohousing sênior do Brasil a constituir uma Associação de moradores organizada por eles mesmos e adquirir um terreno para implantação do projeto na cidade de Campinas/SP, com capacidade para 66 moradores, que tinha previsão para finalização no ano de 2020, porém, devido à pandemia do vírus COVID-19 o projeto não foi concluído conforme esperado. (VILA, ano desconhecido). Outro projeto brasileiro foi desenvolvido por Rodrigo Munhoz, a proposta abrange um grupo de sete famílias na cidade de Piracicaba/SP, o qual em 2016 estava orçado em 1,1 milhão de reais para sete apartamentos de 50 metros quadrados e instalações como cozinha coletiva, estacionamento, bicicletário e piscina, voltado para diferentes grupos, desde jovens à idosos. Em entrevista ao site 50emais o autor, considera que um dos grandes desafios na construção de um cohousing são a respeito da legislação brasileira e em relação à financiamentos de propriedade coletiva. (JANUZZI, 2016). Diversas formas de moradias semelhantes são mais populares entre os brasileiros, porém não devem ser confundidas com o cohousing, essas semelhanças presentes com os tipos de habitações denominadas de coliving, pensionado ou republicas são locais que geralmente, os moradores possuem um espaço privado (geralmente um quarto) dentro de uma única casa que é compartilhada com os demais moradores e geralmente com a finalidade de divisão de despesas domésticas, considerado um estilo de vida passageiro que não trabalha ou exercita os valores base de um cohousing, como a vivência colaborativa por exemplo. (COLIVING, 2020). 37
Legislação Ainda não há uma legislação específica de uso e destino à projetos e empreendimentos de coabitação, para essa mesma finalidade são analisadas as legislações brasileiras destinadas a habitações multifamiliares. Uma edificação residencial multifamiliar pode ser definida como duas ou mais unidades residenciais privadas integradas numa mesma edificação que fazem o uso compartilhado de elementos construtivos, como garagens, portarias e afins, como indica o Código de Obras de Marília. (PREFEITURA MUNICIPAL DE MARÍLIA, 1992). O Código de Obras ainda indica que para os projetos com finalidade multifamiliar deve-se seguir as condições de circulação e acesso e serem executadas de acordo com normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e as normas do Corpo de Bombeiros do local que se aplica. Algumas das indicações do código para habitações multifamiliares são a respeito da metragem quadrada mínima para as dependências, conforme descrito na tabela I. Ainda não há uma legislação específica de uso e destino à projetos e empreendimentos de coabitação, para essa mesma finalidade são analisadas as legislações brasileiras destinadas a habitações multifamiliares. 38
Umas das exigências do Código de Obras de Marília para as edificações residenciais multifamiliares, com área superior a 750,00 metros quadrados são áreas de recreação infantil, porém é uma instalação que já está embutida na configuração e layout de um cohousing, deve apenas seguir claramente as questões do código de obras que exige a separação de áreas de circulação, estacionamento de veículos ou instalações de coleta e depósito de lixo. (PREFEITURA MUNICIPAL DE MARÍLIA, 1992). Além disso, para áreas superiores a 750,00 metros quadrados, também são obrigatórios compartimentos de uso comum destinados a reuniões, festas, brinquedos ou outras atividades, que também fazem parte do conceito principal e fundamental do cohousing. (PREFEITURA MUNICIPAL DE MARÍLIA, 1992). Para projetos de moradia multifamiliar o decreto 9.451/2018, que regulamenta o artigo 58 da Lei Brasileira de Inclusão – LBI (Lei 13.146/2015), exige que os projetos desse segmento incorporem recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência. (FRANCO, 2016) As edificações de uso privado multifamiliar também devem ser projetadas com condições de adaptações de acessibilidade. Em todos os ambientes se faz necessário um vão livre de passagem das portas, largura mínima dos corredores, tratamento de desníveis, alcance visual adequado de janelas e guardacorpos, faixa de altura dos dispositivos de comando, área de manobra com amplitude mínima de cento e oitenta graus, com permissão para compensação com o uso do vão da porta, todos itens de acordo e plena concordância com a NBR 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas. (DECRETO, 2018) 39
TABELA I - Habitações Multifamiliares - Unidades Agrupadas
CÍRCULO ÁREA ILUMINAÇÃO VENTILAÇÃO COMPARTILHAMENTO
INSCRITO
MÍNIMA
MÍNIMA
MÍNIMA
Hall Social
2,00
4,00
-
-
Hall Unidade Residencial
1,20
2,00
-
1/20
Corredores Principais
1,20
-
-
-
Escada
1,20
-
-
-
Rampa
1,20
-
-
-
Depósito
1,20
3,00
1/8
1/16
Sanitário
1,00
1,50
1/8
1/16
Vestiário
2,00
4,00
1/8
1/16
Área de Recreação
3,00
15,00
-
-
Salão Uso Comum
3,00
30,00
1/8
1/16
Estacionamento
-
25,00
-
1/20
Portaria/Guarita
1,50
4,00
-
-
Fonte: Código de Obras de Marília – Adaptado pelo autor, 2021
40
Projetos Com a finalidade de completar a pesquisa levantada sobre o tema buscou-se analisar e apresentar projetos de moradias do mesmo seguimento, todos apresentam configurações diferentes de um cohousing, projetados em diferentes épocas, mas compartilhando o mesmo objetivo com o uso de espaços compartilhados, esses locais são chamados de Bristol Cohousing, R50 Cohousing e Swan's Market Cohousing.
Bristol Cohousing O Bristol Cohousing fica localizado na cidade de Bristol, no estado de Vermont, região oeste dos Estados Unidos. O cohousing foi criado a partir da restauração de prédios existentes e construção de novas residências. (VERMONT, 2018). Foram três o total de prédios restaurados, edifícios do século XIX que marcaram o centro da cidade e se encontravam em condições deterioradas localizados na North Street, o pensionato de 1810, a Tomasi House de 1813 e a casa Peake de 1863 formam uma parte do Bristol Cohousing. (VERMONT, 2018) O projeto de restauração e novas construções foram executados em parceria dos proprietários da comunidade com os escritórios de arquitetura “Vermont Integrated Architecture” e “Raycroft Meyer Landscape Design”. Eles criaram cinco pequenas casas na parte traseira da propriedade e um triplex na fachada da North Street. (VERMONT, 2018)
No processo de restauração, a casa Tomasi foi transformada em duas casas com eficiência energética com muitos de seus detalhes originais mantidos. A casa Peake foi reestruturada e formada na casa comum, a reforma conta com segurança contra incêndio, acabamentos e melhorias de acessibilidade, é o ponto central para refeições comunitárias, passatempos criativos e recreativos, não só para os moradores do cohousing. A antiga pensão não foi totalmente salva, mas o projeto original da fachada foi preservado e o histórico alpendre em frente à rua foi reconstruído, a reconstrução abrigou quatro apartamentos com eficiência energética. (VERMONT, 2018)
42
A área total possui 1741,93 metros quadrados, contanto com todas as estruturas e foi completado em 2017, recebendo em 2018 o prêmio “Efficiency Vermont Best of the Best Residential New Construction Affordability Merit Award” e “Preservation Trust of Vermont Honor Award” (BRISTOL, 2017)
Cada unidade habitacional tem seu próprio espaço privativo ao ar livre, pórticos blindados, decks treliçados e pequenas parcelas de jardim. Além dos jardins privativos, pequenos pomares comunitários são localizados nas propriedades que gerenciam o escoamento das águas pluviais e fornecem habitat e alimento para a vida selvagem da região. (BRISTAL, 2014)
43
10
10
12
9
6
10
7
10
LEGENDA
8
5 4
10
3
11
7 7 7
2
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Rua Park Casa Comum Triplex Rua North Fourplex Duplex Casa Rua Mountain View Acesso de veículos Jardim/Pomar Jardim Comum Salão de atividades Salão Comum
7 1 9
13
9
LEGENDA CONSTRUÇÃO EXISTENTE NOVA CONSTRUÇÃO CIRCULAÇÃO DE PEDESTRES
44
R50 Cohousing Nomeado por sua localização em Ritterstrasse 50, no bairro Kreuzberg, em Berlim. O cohousing de formato vertical com sete andares conta com 19 residências numa área de 2037,00 metros quadrados e em seu entorno uma grande área verde. (BRIDGER, 2015) Nomeado por sua localização em Ritterstrasse 50, no bairro Kreuzberg, em Berlim. O cohousing de formato vertical com sete andares conta com 19 residências numa área de 2037,00 metros quadrados e em seu entorno uma grande área verde. (BRIDGER, 2015) Para formar o R50, os arquitetos Jesko Fezer, Tim Heide e Verena von Beckerath reuniram amigos, conhecidos e colaboradores, formando a comunidade de proprietários. O grupo composto de arquitetos, artistas e jornalistas compraram sua unidade no prédio sob especificação antes mesmo de este ter sido desenvolvido e concluído, que ocorreu no ano de 2013. (BRIDGER, 2015) Cada apartamento é dividido em tamanho por investimento e em estrutura pelas preferências de cada residente com um padrão básico acordado para todos os elementos da construção. (BRIDGER, 2015). Esse tipo de projeto aberto, onde cada proprietário pode definir o tamanho e layout de sua unidade privativa permitiu uma participação maior os moradores do cohousing, porém no ponto de vista projetual, auxiliou no momento de definir a localização, tamanho e design dos
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espaços compartilhados. Esses espaços são o jardim urbano que contribui para que o edifício se misture ao bairro residencial e tradicional no entorno, um porão, uma lavanderia, oficina e um terraço no telhado com uma cozinha de verão e um jardim de inverno também são espaços compartilhados no R50. (R50, 2015). Além dos espaços comuns, os apartamentos de cada andar são conectados através de uma varanda em cada pavimento, que possibilita livre acesso em torno de todo o edifício sem que seja necessário transitar pelo interior do andar. (R50, 2015).
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SWAN'S MARKET Cohousing Localizado no bairro histórico de Old Oakland, em Oakland, Califórnia, o cohousing é resultado da preservação do prédio que locava antigo Swan’s Market, com sua obra finalizada em 2001 e uma área total de 10.772 metros quadrados. (SWAN'S, 2000). A reutilização e adaptação do edifício construído entre 1917 e 1940 possibilitou o uso do espaço para demais instalações além do cohousing de vinte unidades, assim como escritórios, lojas e um museu. (SWAN'S, 2000) O escritório de arquitetura Pyatok Associates foram os responsáveis pelo projeto, auxiliando no programa de coabitação, criando áreas comuns como cozinha, sala de jantar, área de jogos, e o design de espaços externos compartilhados por ambos os elementos residenciais do projeto. (SWAN'S, 2000) A área residencial do projeto, além do cohousing com 20 unidade e cada uma com sua vaga de garagem, conta com mais 18 apartamentos que não pertencem ao cohousing e outras 15 vagas para veículos, totalizando 4.721,51 metros quadrados. (SWAN'S, 2000).em 2001 e uma área total de 10.772 metros quadrados. (SWAN'S, 2000).
ÁREA DO COHOUSING
CORTE A
ÁREA PARA ALUGUEL ÁREA COMERCIAL
TÉRREO
PRIMEIRO PAVIMENTO
ÁREA DO COHOUSING ÁREA PARA ALUGUEL ÁREA COMERCIAL
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Locais analisados Para a escolha de um local a ser implantado o cohousing foi levado em consideração os fatores de mobilidade, segurança e entorno. Para mobilidade espera-se que seja possível a locomoção com meio de transporte privado, sem que exista um trânsito intenso, assim como transporte público ou até mesmo bicicletas e afins. Para o entorno busca-se regiões com a maior possibilidade de comércio próximo sem que interfira a zona residencial, mas que seja fácil o acesso à saúde, alimentação, educação e comércio local, também levando em consideração o que foi citado sobre mobilidade. Para segurança foi considerado localidades que sejam predominantemente residenciais e que naturalmente disponibilize uma maior segurança mesmo sem intervenções da edificação. Foram analisadas três localidades na cidade de Marília/SP para implantação do projeto. O primeiro terreno fica localizado na região central, esquina das ruas Bernardino de Campos e Avenida Nelson Spielman, oferecendo ótima posição de mobilidade. A região também dispõe de uma excelente localização, porém com uma concentração comercial, tornando bastante movimentada durante o dia e sem tráfego durante a noite.
49
1
O segundo terreno fica localizado num ponto de rápido acesso para diversas localidades da cidade, devido seu fácil acesso à Rodovia Miguel Jubran (BR 153) ou Avenida Santo Antônio, que interligam grande parte dos bairros da cidade. O terreno loca uma antiga construção que abrigada uma indústria local, no qual está desocupado e abandonado há anos nas vias Rua Bassan e Avenida Doutor Calim Gádia. Se tornou uma possível escolha devido a mobilidade que oferece, porém após analisado mais afundo apresenta um fluxo pesado de veículos em horários específicos de tráfego, onde uma elaboração de projeto residencial poderia intensificar esse efeito. O terceiro local fica próximo ao Terminal Rodoviário de Marília. Seu entorno é composto de comércio e uma crescente caracterização de condomínios fechados, além de supermercados, restaurantes e bancos, além de acesso rápido à diversos pontos da cidade ou regiões vizinhas, desde que a rodoviária da cidade está bem próxima. Situado no meio da quadra, possui apenas uma rua como entrada e saída, sendo essa a Avenida Carlos Artêncio, com metragem quadrada próxima à 19,000M².
2
3
O terreno escolhido foi o de número três, localizado na Avenida Carlos Artêncio, com sua testada voltada para apenas uma rua com fluxo controlado de veículos oferece uma segurança maior, assim como o bairro, que se torna cada vez mais residencial com o desenvolvimento de diversos empreendimento multifamiliar verticais no seu entorno. De acordo com as normas municipais compostas pela lei de zoneamento e uso do solo, o terreno fica localizado na ZEC 1, onde é permitido o uso destinado a edificações R-1 (Residencial Unifamiliar) e S-1 (Serviços não incômodos), porém, na Lei Ordinária nº 7370 de 14/12/2011 foi autorizado o uso destinado à R-2 (Residencial Multifamiliar Vertical). Para construção vertical a norma exige obrigatoriamente que a edificação tenha no mínimo 4 metros de recuo frontal, a partir do calçamento público, não sendo obrigatório recuos nas laterais ou no fundo. Ainda define uma taxa de ocupação de 75% e um coeficiente de aproveitamento de 5. Quanto as vagas de garagem, a norma torna obrigatório duas vagas de carros por unidade. Portanto, na área de 21.000,00 metros quadrados, é permitida construção de até 105.000 metros quadrados, podendo ser um edificante vertical de até seis pavimentos, desde que, sua projeção horizontal não ultrapasse 15.750,00 metros quadrados, sem considerar estacionamento ou varandas de até 2 metros. Além da ocupação e aproveitamento é importante destacar a porcentagem da área permeável de 30%, sendo então no mínimo 6.300,00 metros quadrados.
51
Local escolhido A topografia do terreno é composta por um desnível considerável, visto que sua volumetria natural é disposta numa área grande, possui até 12 metros de desnível de um ponto ao outro como ilustrado no corte transversal (corte BB) e 6 metros no corte longitudinal (corte AA). Para elaboração dos cortes foi traçada uma linha nas partes centrais do lote, trazendo as informações apresentadas.
Topografia do terreno
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Programa de Necessi O Programa de necessidades do cohousing maximiza a convivência em comunidade, de forma a considerar a privacidade de cada membro que compõe o grupo. Desse modo, foi desenvolvido um programa com áreas comuns e privativas que visam prover a interação e o conforto de uma família na sua residência.
53
idades Será implantado áreas destinadas ao uso compartilhado, voltados para lazer e atividades diárias, além de espaços de uso comum voltados para serviço. Já para as unidades de moradia privativa foi desenvolvido um programa que busca atender as necessidades dos moradores, como complemento fundamental do projeto.
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TABELA II – Programa De Necessidades e Pré-Dimensionamento mínimo
PRIVATIVO
USO COMUM
SETOR
QUANTIDADE
AMBIENTE
ÁREA (M²)
ÁREA TOTAL (M²)
1
Cozinha
1
Despensa
4 2
4 2
1
Refeitório
10
1
Sala de Estar
10 8
1
Sala Multiuso
8
8
1
Escritório
8
8
5
Sanitário
8
8
1
Vestiário
15
15
1
Academia
2,5
12,5
1
Playground
15
15
1
Piscina
15
15
1
Horta
10
10
1
Lavanderia
2
2
2/Un.
Garagem
25
25
1
Coleta Seletiva
-
-
2
Quarto
10
20
1
Escritório
6
6
2
Sanitário
1,5
3
1
Lavabo
1,5
1,5
1
Sala de Estar
8
8
1
Sala de Jantar
8
8
1
Cozinha
4
4
1
Despensa
-
-
Fonte: Autor, 2021
55
8
Disposição no terreno O estacionamento será dividido e locado entre as unidades privativas, em uma região única, onde as vagas ficarão agrupadas e com fácil acesso as unidades, mantendo apenas uma via de acesso que acompanha o formato da distribuição das casas, de forma que os veículos trafeguem somente em volta da propriedade.
Para a organização de fluxos do projeto pretende-se manter todas as áreas privativas nas laterais e parte posterior do terreno enquanto as áreas comuns se estendem para a área central e frontal, dessa forma todas as unidades terão acesso e vista unificada para a parte interna do cohousing. 56
Fluxograma
AREA PRIVATIVA
AREA PRIVATIVA
AREA PRIVATIVA
AREA PRIVATIVA
AREA PRIVATIVA
USO COMUM AREA PRIVATIVA
AREA PRIVATIVA
AREA PRIVATIVA
Fonte: Autor, 2021
Partido Na elaboração do projeto com base no conteúdo da presente pesquisa busca-se aproximar os usuários do espaço e uns aos outros, enfatizando assim o estilo de vivência buscado e explorado em um cohousing. O objetivo consiste em uma moradia que seja fácil de ser mobiliada e com a flexibilidade de aproveitar os ambientes da maneira que permita aos moradores se identificarem, possibilitando que cada dependência interior seja única e funcional da maneira que cada um precisar, de acordo com sua identidade, impulsionando o uso eficiente do espaço. 57
Local escolhido
As unidades privativas ficarão em formato de "U" com as áreas de uso comum logo no centro e na frente do terreno será implantado uma extensa área verde, aproximando a população do local, sendo possível a implantação de praça. Para o espaço de uso compartilhado chamado de "casa comum" e também para as dependências de cada unidade privativa será trabalhado os conceitos característicos do modernismo e também do estilo contemporâneo. Será empregado o uso de madeira, vidro e ferro, que resgatam tais características do modernismo combinadas com técnicas e inspirações do estilo contemporâneo. Também como proposta para o projeto busca-se implantar iniciativas que proporcional uma redução de impacto ambiental, com reutilização de água da chuva e energia renovável, somado com a produção local de alimentos nos espaços de hortas. 58
Projeto
Co
housing
2021
C o h o u s in g
Veja também pelo QR Code o projeto em alta resolução
C o h o u s in g
2021
2021
Cohousing é o modo de viver e morar em comunidade que busca resgatar uma vivência mais social e sustentável. A localização da proposta do projeto que aqui é apresentado encontra-se em uma região em ascensão na cidade de Marília/SP, que vem se tornando cada vez mais residencial, próximo ao Terminal Rodoviário de Marília, na Avenida Carlos Artêncio. Atualmente, há uma construção existente de uma emissora de rádio no terreno em questão, porém para fins acadêmicos foi desconsiderado. A topografia do terreno é composta por um desnível considerável, visto que sua volumetria natural é disposta numa área grande, possui até 12 metros de desnível de um ponto ao outro como ilustrado no corte transversal (corte BB) e 6 metros no corte longitudinal (corte AA). Para elaboração dos cortes foi traçada uma linha nas partes centrais do lote, trazendo as informações apresentadas.
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DISCENTE: Letícia Araújo Devincola ORIENTADOR DE PROJETO: Prof. Ms. Wilton Flávio Camoleze A ORIENTADOR DE DIAGRAMAÇÃO: Prof. Ms. Wilton Flávio Camo
IDADE DE MARÍLIA - UNIMAR
Augusto. oleze Augusto.
Topografia e cortes do terreno
01/14
Seu organograma e fluxograma é bastante simples, composto por área comum, considerado como "casa comum" característico do cohousing e também pelas áreas privativas, composta pelas residências individuais.
Organograma
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A casa comum é um espaço do cohousing onde os moradores podem compartilhar as vivências e momentos juntos, sem perder sua privacidade, prorcionado pela residência privativa. Além da casa comum e unidades privativas, o espaço é preenchido com outras facilidades aos moradores, como horta, jardins com árvores frutíferas, área de lazer com playgorund e piscina, estacionamento próximo às casas, espaço para bicicletas e compostagem, uma lixeira já com separação dos resíduos, afim de facilitar a coleta seletiva.
Fluxograma AREA PRIVATIVA
AREA PRIVATIVA
AREA PRIVATIVA
IDADE DE MARÍLIA - UNIMAR
Augusto. oleze Augusto.
AREA PRIVATIVA
AREA PRIVATIVA
AREA PRIVATIVA
USO COMUM
AREA PRIVATIVA
AREA PRIVATIVA
02/14
Botânico Cohousing Para seu sistema construtivo busca-se tirar proveito de opções que liberam a menor quantidade de resíduos, como o steel frame, por ser um sistema construtivo à seco feito com perfis de aço galvanizado e dispensar o uso de tijolos, cimento e concreto na quantidade de uma construção em alvenaria comum, logo, consome uma quantidade bem menor de água e materiais que geram grande parte dos resíduos da construção civil. Além disso, a empregabilidade de piso permeável por toda a extensão que foi removido proporciona a drenagem da água da chuva para o solo, auxiliando a vegetação presente e as árvores frutíferas que conseguem ficar por mais tempo sem rega, gerando assim uma economia no consumo de água.
Utilização de madeira de reflorestamento nos pergolados e mobiliários, pois se trata de uma é uma fonte renovável
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DISCENTE: Letícia Araújo Devincola ORIENTADOR DE PROJETO: Prof. Ms. Wilton Flávio Camoleze A ORIENTADOR DE DIAGRAMAÇÃO: Prof. Ms. Wilton Flávio Camo
Utilizado o telhado verde na cobertura da portaria, casa comum e planta privativa tipo 1.
Piso drenante em toda área pavimentada, de material poroso formado por uma combinação de concreto com pedras granuladas, permitindo que a água escoe facilmente pelo piso e chegue até o solo.
Árvores frutíferas como: Abacateiro, Goiabeira, Amoreira, Bananeira e Romã.
Sustentabilidade, resistência e durabilidade. Assim podemos descrever o steelframe.
IDADE DE MARÍLIA - UNIMAR
Augusto. oleze Augusto.
03/14
Implantação
7
7
1
1
1
3 4
4
4
N
4
4
4
1
1 4
3
5
6
2
1
7
3
3
7
4 4
1
8 9
10 Saída
Entrada
Av. Carlos Artêncio
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A implantação da proposta de cohousing buscou valorizar a proximidade entre todas as unidades privativas, mantendo a casa comum no centro, assim como pontos de fácil convivência entre moradores e visitantes, explorando o máximo de sua área permeável e verde, mantendo o ambiente o mais próximo da natureza de maneira sustentável e agradavél. Para a organização de fluxos de veículos, o as vagas de estacionamento foram divididas e locadas entre as unidades privativas, onde as vagas ficarão agrupadas e com fácil acesso as unidades, mantendo apenas uma via de acesso desde a entrada até a saída, que acompanha o formato da distribuição das casas em "U", de forma que os veículos trafeguem somente em volta da propriedade, proporcionando uma maior segurança. O projeto conta com, além da casa comum, mais 3 tipos de planta de casa privativa com propostas e programas diferentes, cada uma com seu estilo individual.
Legenda 1
Casas Privativas
6
Playground
2
Casa Comum
7
Estacionamento
3
Horta
8
Compostagem e Bicicletário
4
Árvores Frutíferas
9
Lixeira Seletiva
5
Piscina
10
Portaria
IDADE DE MARÍLIA - UNIMAR
Augusto. oleze Augusto.
04/14
3 9
8
5
7
6
8
5
1
4
2
1
4
9
8
7
Casa Privativa
Perspectiva Fachada
Tipo 1
Em sua fachada foi trabalhado à essa planta sua individu diferente dos outros dois mod
Também possui telhado mis telha branca de alta reflet contribui para uma maior efic geração de CO² alinhado à pr Conuncil e um telhado verde.
CAMADA V
PORÇÃO D CAMADA F
CAMADA D MANTA GE
MANTA IMP MANTA DE
CONTROLE
COMPENSA
Perspectiva Superior TFG - TRABALHO DE GRADUAÇÃO
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Perspectiva Fundos
o o tijolo aparente, dando ualidade e personalidade delos de casas privativas.
sto, sendo um lado com tividade, o que reduz e iência energética e menor roposta do Green Building
VEGETAL
DE TERRA ILTRANTE
DRENANTE OTÊXTIL
PERMEÁVEL ISOLAMENTO
E VAPOR
ADO DE MADEIRA
IDADE DE MARÍLIA - UNIMAR
Augusto. oleze Augusto.
Locação das unidades
06/14
3
5
4
9
2 6
6
7
7 1
8
9
5
8
4
9
4
3
Casa Privativa Tipo 2
Perspectiva Fundos
Foram locadas 4 unidades desse modelo no projeto.
Sua cobertura em telha metálica permite a instalação de painéis de aquecimento solar.
Perspectiva Cobertura TFG - TRABALHO DE GRADUAÇÃO
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Perspectiva Fachada
Exemplo de jardim interno que leva iluminação natural para todos os ambientes da residência
Locação das unidades
IDADE DE MARÍLIA - UNIMAR
Augusto. oleze Augusto.
08/14
7 12 6
4
3
2
5
1
12
11
10
7
6
11
12
13
11 10
3
9
8
13
Casa Privativa Tipo 3
Perspectiva Fachada
Fora dess Cobertura em telha branca
Terraço com p
Perspectiva Cobertura TFG--TRABALHO TRABALHO DE DE GRADUAÇÃO GRADUAÇÃO TFG
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ORIENTADOR PROJEDevincola Prof. Ms. Wilton Flávio Camoleze A ORIENTADOR DEDE PROJETO: DISCENTE: Letícia Araújo ORIENTADOR DIAGRAMAÇ Prof. Ms. Wilton Camo DIAGRAMAÇÃO: ORIENTADOR DEDE PROJETO: Prof. Ms. Wilton Flávio Flávio Camoleze A DISCENT Letícia Araújo Devincola DISCENTE: ORIENTADOR DE DIAGRAMAÇÃO: Prof. Ms. Wilton Flávio Camo
Perspectiva Fundos
am locadas 8 unidades se modelo no projeto.
pergolado
Locação das unidades
IDADE IDADE DE DE MARÍLIA MARÍLIA--UNIMAR UNIMAR
Augusto. oleze Augusto. Augusto. oleze Augusto.
10/14
Previsão de plataforma elevatória
Previsão de plataforma elevatória
14
13
12
6
4
5
7
1
2
9
11
14
8
10
9
8
4
3
12
14
Casa Comum A fachada da casa comum é simples e projetada para que seja possivel a criação de murais artísticos pelos moradores, como característica única, deixando a verdadeira atenção para os momentos de vivência entre vizinhos e amigos moradores do cohousing.
Perspectiva Fachada
No jardim
Para cobertura grama são carlo como a Bulbine vaso (3) e Espad
Acesso para cadeirantes por meio de plataforma elevatória
1
2
Perspectiva Cobertura TFG - TRABALHO DE GRADUAÇÃO
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Espaço destinado à murais artísticos.
Terraço para complementar a vivência, aproveitando a cobertura em telhado verde.
Perspectiva Fundos
m:
a do telhado verde, será utilizada os (1) e mais plantas de luz plena, e(2), Dracena de Madagascar em da larga(4).
3
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Augusto. oleze Augusto.
Locação da casa comum
4
12/14
Imagens do projeto
ousing
anico Coh t o B a n r e t Fachada Ex
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Augusto. oleze Augusto.
Perspectiva Cohousing
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Perspectiva Casa comum
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Lixeira Seletiva, Composteira e Bicicletário
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Considerações Finais A pesquisa foi direcionada por livros específicos do tema, pesquisas e trabalhos científicos, além do que é publicado nas mídias sociais de páginas criadas por residentes de moradias comunitárias existentes e em funcionamento. Com base nos estudos realizados sobre o estilo que é caracterizado como condomínio fechado e a comparação com o modelo de moradia comunitária difundida internacionalmente como cohousing, podese concluir que essa pesquisa acerca do tema pode contribuir com a difusão do assunto no âmbito nacional, desde que a maior dificuldade para desenvolvimento do conteúdo foi encontrar outras pesquisas, projetos e legislações brasileiras sobre o estilo cohousing, desde que o assunto é pouco abordado no país. Para compreender melhor sobre o assunto foi necessário pesquisar a respeito da origem e desenvolvimento de moradias comunitárias na Europa e no norte do continente americano, isso permitiu a compreensão do estilo do cohousing, não só em aspectos físicos de projetos, mas como toda a ideologia que permite a vivência comunitária que valoriza a interação entre seus moradores. Estudar os aspectos físicos foi importante para criar um embasamento e seguir um raciocínio a respeito da elaboração de proposta do projeto arquitetônico.
89
Seguindo a linha de que além de toda a questão não palpável por trás do estilo de cohousing, a questão arquitetônica influencia muito para que o espaço seja realmente uma comunidade. Isso foi perceptível a partir da análise de diversos projetos de cohousing que estão em funcionamento até hoje, que datam períodos diferentes e estilos de construções diferentes, mas que não deixam de lado nenhum princípio empregado para esse tipo de comunidade.
90
Agradecimentos Agradeço imensamente aos meus pais, Hildéia e Antonio, que me ajudaram a traçar o caminho até aqui e investiram em minha educação e valores, em especial a minha mãe, que sempre lutou comigo e por mim para que essa graduação se tornasse possível. Agradeço grandiosamente ao meu incrível noivo por compreender e estar ao meu lado durante todo meu percurso acadêmico, confiando no meu potencial e sempre paciente ao me ouvir falar sobre arquitetura em qualquer oportunidade que tenha surgido ou criada por mim. Não posso deixar de agradecer aos meus colegas de curso, o melhor grupo que poderia ser formado, cоm quem pude conviver e criar amizade durante os últimos anos, agradeço pela troca de experiências e todas as conversas (acadêmicas ou não) que tivemos. Aos professores, agradeço por todo conhecimento compartilhado que puderam traçar minha formação e em especial ao professor Wilton, por ter sido meu orientador e ter desempenhado um papel fundamental nessa trajetória final com dedicação e amizade.
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Referências BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. São Paulo: Martins Fontes, 1993. 242 p. BAUMAN, Zygmunt. Tempos Liquidos. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. 139 p. BRIDGER, Jessica. Don’t Call It A Commune: Inside Berlin’s Radical COHOUSING Project: the architect-led, collectively funded r50 baugruppen project in berlin is a new model for housing.. The architect-led, collectively funded R50 Baugruppen project in Berlin is a new model for housing.. 2015. Disponível em: https://www.metropolismag.com/architecture/residentialarchitecture/dont-call-it-a-commune-inside-berlin-radicalCOHOUSING-project/. Acesso em: 25 mar. 2021. BRISTOL Cohousing. 2014. Disponível em: http://raycroftmeyer.com/projects/bristol-COHOUSING/. Acesso em: 25 mar. 2021. BRISTOL VILLAGE COHOUSING. 2017. Disponível https://vermontintegratedarchitecture.com/bristol-village COHOUSING/. Acesso em: 25 mar. 2021.
em:
CALDEIRA, T. P. R.. Fortcified Enclaves: the new urban segregation. Public Culture, [S.L.], v. 8, n. 2, p. 303-328, 1 maio 1996. Duke University Press. http://dx.doi.org/10.1215/08992363-8-2-303. Disponível em: https://read.dukeupress.edu/public-culture/articleabstract/8/2/303/32210/Fortcified-Enclaves-The-New-UrbanSegregation?redirectedFrom=fulltext. Acesso em: 02 mar. 2021.
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Glossário
Cohousing: Termo em inglês que significa “coabitação” empregado pelos arquitetos Kathryn McCamant e Charles Durrett responsáveis pela difusão do conceito nos Estados Unidos.
Medical Association Housing: Durante o surto de cólera esquemas de moradia modelo foram criados para evitar que a contaminação se dissipasse, chamada de Medical Association Housing.
The Missing Link Between Utopia and the Date One-Family House Na tradução literal “O elo perdido entre a utopia e a casa unifamiliar desatualizada” artido publicado por Jan GudmandHøyer que iniciou a popularização e conhecimento a respeito do cohousing.
Bofællesskaber: Termo utilizado pelos dinamarqueses, que significa minicomunidade com instalações compartilhadas traduzido para o inglês “cohousing”.
Coliving: Moradia compartilhada onde cada indivíduo possui um cômodo privativo e compartilham os demais cômodos de uma moradia.
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