Office-home: bem-estar e produtividade no trabalho

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Universidade Federal do Ceará Departamento de Arquitetura e Urbanismo Trabalho final de Graduação sob orientação de Renan Cid Varela Leite produzido por Letícia Campos Dias

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca Universitária Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

D532o

Dias, Letícia Campos. Office-home : bem-estar e produtividade no trabalho / Letícia Campos Dias. – 2020. 103 f. : il. color. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Fortaleza, 2020. Orientação: Prof. Dr. Renan Cid Varela Leite. 1. Arquitetura corporativa. 2. Escritório. 3. Ergonomia. 4. Interiores. 5. Bem-estar. I. Título. CDD 720

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Banca examinadora

Prof. Dr. Renan Cid Varela Leite Orientador DAU - UFC

ProfÂŞ Dra. Zilsa Maria Pinto Santiago Professora convidada DAU - UFC

Anelise de Castro Caminha Arquiteta convidada

Bruno de Paiva y Raviolo Arquiteto convidado

LetĂ­cia Campos Dias Fortaleza, Novembro de 2020. 7


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Agradecimentos Aos meus pais Ana Cláudia e Ricardo por nunca terem medido esforços para me dar a melhor educação possível. Por todo o suporte, segurança e amor durante todos os momentos da minha vida. Por tanto acreditarem em mim, em uma criação na qual nunca faltou incentivo, que me deu autoconfiança e a possibilidade de sonhar alto - e realizar muitos dos meus sonhos. À minha irmã Cecília por sua cumplicidade e parceria ao longo de toda a vida.

À Anelise Caminha, profissional que tenho como grande exemplo, por aceitar prontamente o convite para a banca e por compartilhar comigo seus conhecimentos e experiências durante nossa convivência em escritório.

Ao meu orientador Renan que, com toda sua sabedoria, bom-humor e leveza me ajudou a conduzir esse trabalho. Por abrir as portas da sua casa e a intimidade da sua família na intenção de garantir boas orientações mesmo em meio a um momento difícil de pandemia.

Ao André pelo seu carinho e compreensão ao longo da reta final na universidade, me ajudando a vivê-lo com disciplina, tranquilidade e serenidade.

À Márcia Cavalcante, professora e arquiteta que tanto admiro, me inspiro e que muito me ensinou ao longo dos anos como sua aluna, monitora e estagiária.

Aos meus amigos e colegas de curso Marina, Júlia, Lethícia, Luana, Isabel, Lídia, Lígia e Milena, em especial Caroline Alves e Lucas Felício, por todos os sonhos, alegrias e dificuldades compartilhados durante a trajetória na universidade.

Ao Bruno Raviolo pela sua sensibilidade em compreender minhas inquietações e me ajudar a traduzi-las em uma pesquisa assertiva e completa.

A todos que fazem parte da empresa estudada, em especial ao Othon, Ana Clara e Guilherme, pela abertura ao estudo, pelas informações cedidas e por dedicarem um pouco do seu tempo para contribuir com o trabalho.

Às professoras Zilsa Santiago e Vilma Villarouco, que me ensinaram a olhar para o projeto por uma perspectiva mais humana e sensível à rotina e às necessidades dos usuários.

A todos que fizeram parte dessa conquista e da minha trajetória acadêmica, meu muito obrigada.

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Índice Informações preliminares

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Apresentação

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Justificativa

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Objetivos

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Metodologia

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Revisão histórica

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Origem e evolução dos espaços corporativos

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Produção contemporânea A interdisciplinaridade e outros fatores atuando em favor dos novos avanços da arquitetura corporativa

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Office-home Apresentação do conceito e referências projetuais

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Estudo de caso Análise do local de intervenção

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Proposta projetual Resgate do processo e apresentação do projeto

Considerações finais

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Apêndice

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Informações preliminares Um relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no ano de 2017 revela que o número de pessoas que sofrem com o transtorno de depressão no planeta aumentou em 18,4% em uma década, trazendo o preocupante índice de 320 milhões de casos diagnosticados. A mesma publicação também informa que o Brasil é o país com a maior taxa de transtorno de ansiedade do mundo: 9,3% dos brasileiros sofrem com esse mal, apresentando números três vezes maiores que a média mundial.

A busca incessante pela produtividade, traduzida em profissionais sobrecarregados, enfrentando longas jornadas em ambientes corporativos tensos e sob pressão tem causado impactos severos na saude mental da população, e tem sido motivo de eStudos que relacionam também a ocorrência de suicídios com as pressões exercidas pelo trabalho. No caso do Brasil, nove em cada dez brasileiros inseridos no mercado de trabalho apresentam algum sintoma de ansiedade. Todo esse esforço coletivo acontece em busca de aumentar a produtividade e a eficiência em uma época onde, mais do que nunca, tempo vale dinheiro. No entanto, o relatório da OMS (2017) também aponta que os tratamento de ansiedade e depressão custam em média um trilhão de dólares anuais à e economia mundial, despertando questionamentos: vale a pena comprometer a saúde do trabalhador para atingir a produtividade? Estaríamos buscando a eficiência da maneira correta? De que modo a arquitetura poderia contribuir para a transformação dessa realidade?

Outra pesquisa, neste caso realizada pela International Stress Management Association (Isma - Brasil) indica que o brasileiro é o segundo povo mais estressado do mundo, e que 69% dos entrevistados relatam ter o trabalho como sua maior causa de estresse, tornando-se mais propensos a desenvolver doenças como depressão, transtorno do pânico, gastrite, vitiligo ou até mesmo quadros mais graves. Os motivos para explicar números tão alarmantes são diversos, mas todos se relacionam com a forma de viver da sociedade globalizada. Nesse contexto, os espaços de trabalho se apresentam como importante fator na construção do quadro.

*Depression and Other Common Mental Disorders: Global Health Estimates. Geneva: World Health Organization; 2017. License: CC BY-NC-A 3.0 IGO

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Apresentação

Justificativa

A partir dos dados informados, é possível inferir que os ambientes corporativos podem ser poderosos agentes de transformação de uma realidade por ora preocupante, considerando como "ambiente" não somente o espaço físico, mas também o espaço psicológico e a cultura de uma organização. A arquitetura, através do planejamento do ambiente, é capaz de potencializar o desempenho das relações sociais que acontecem em seu interior.

Pode-se dizer que o ambiente age como catalisador de comportamentos que estão na mente do usuário, induzindo a determinada ação ou inibindo–a, e esse fato pode ser de extrema utilidade para a organização empresarial. Desde 1998, Wah já afirmava que “algumas empresas de visão, ao invés de definir como despesa, estão considerando as instalações como um item básico de suas estratégias corporativas, com o objetivo de aumentar a produtividade.”

Tendo em vista as questões apresentadas, o que se pretende através deste trabalho final de graduação é o desenvolvimento de um projeto arquitetônico para a sede de uma empresa startup fundada em Fortaleza, tendo a arquitetura e os espaços interiores como agentes importantes na busca pelo bemestar dos seus usuários, gerando impactos positivos para a sua saúde física e mental e, consequentemente, para a sua produtividade, gerando retorno financeiro aos empregadores e, principalmente, promovendo qualidade de vida aos trabalhadores.

No caso deste projeto, a decisão pelo espaço corporativo se justifica pela sua significativa presença na rotina da população, afinal, os profissionais passam no mínimo um terço das horas do seu dia imersos no local de trabalho. A arquitetura de interiores, ao ser desenvolvida no espaço corporativo, revela-se como uma potente ferramenta de promoção da estrutura organizacional da empresa e garantia do bem-estar dos funcionários, afinal, é dentro dos espaços que as pessoas vivem, e um projeto que desenvolva ambientes de trabalho de qualidade se torna um item fundamental, indo além das questões estéticas e adentrando a temática da saúde física e mental do trabalhador. A mesma ideia se estende a diversos outros ambientes, especialmente aos casos de espaços de educação, recuperação ou de ressocialização, onde as instalações exercem forte influência no desempenho das atividades realizadas. O programa escolhido funciona, portanto, como palco para a defesa de ideias que se aplicam a vários programas arquitetônicos.

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Objetivos Objetivo geral O objetivo principal deste trabalho é a elaboração de um anteprojeto sensível e atento aos detalhes que reflita a estrutura organizacional e a cultura corporativa de uma empresa existente, incorporando as novas formas de trabalhar, dando ênfase à experiência do usuário. Objetivos específicos 1. Estruturar o trabalho partindo de uma revisão crítica da história da evolução da organização dos espaços corporativos, visando a compreender como o passado contribuiu para a formatação da realidade vigente; 2. Mostrar as novas formas de se produzir ambientes de escritório, apresentando áreas de estudo correlatas que têm contribuído para sua evolução, inovações que estão sendo desenvolvidas e cenários para o futuro destes espaços; 3. Elaborar um estudo de caso de uma empresa real com base na MEAC Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído (VILLAROUCO, 2007); 4. Propor um anteprojeto arquitetônico integrado a um anteprojeto de interiores assertivo no que tange à experiência do usuário, promovendo o seu bem-estar ao considerar questões como a percepção ambiental, o layout, os postos de trabalho, a segurança do ambiente, o design do mobiliário, a acessibilidade e o conforto antropodinâmico, térmico, acústico e luminoso. 5. Aplicar, no decorrer da elaboração da proposta projetual, recomendações da ergonomia, da psicologia ambiental, da neuroarquitetura e da biofilia. 6. Conformar o espaço de trabalho a partir do desenho de mobiliários modulados de acordo com as movimentações corporais, isto é, projetar de dentro para fora.

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Metodologia O trabalho se desenvolveu como uma pesquisa aplicada, qualitativa e intervencionista, iniciando com uma breve revisão da literatura a respeito da história das transformações ocorridas nos espaços corporativos desde o final do século XIX, culminando em uma apresentação do panorama da produção desses espaços no contexto do século XXI. Em seguida, foi realizado um estudo de caso por meio de uma análise ergonômica de uma edificação existente segundo a MEAC - Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído, proposta por Villarouco (2008), no qual diversas informações foram levantadas por meio de visitas e medições dos condicionantes ambientais in loco, além de entrevistas com os gestores e aplicação de questionários e formulários com a equipe de colaboradores. A análise qualitativa dos dados reunidos permitiu a elaboração de diretrizes projetuais que, por sua vez, foram aplicadas em uma proposta de intervenção em um anteprojeto de arquitetura e interiores que visa a corrigir os problemas levantados pelo estudo de caso.

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revisรฃo histรณrica

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Origem e evolução dos espaços corporativos “Do latim officium, o termo escritório refere-se ao local onde se exercem atividades administrativas, dentro de uma organização estabelecida de um agrupamento humano e onde cada indivíduo tem o seu papel definido.” (FARIA apud COSTA, 2016)

“A compreensão da arquitetura e da produção de edifícios de escritórios conduz, imediatamente, aos principais elementos que conspiraram para o seu nascimento: a crescente demanda por terra urbana e a atuação do mercado imobiliário; a tecnologia da construção e das comunicações; o crescimento e a organização das corporações. Estes elementos, com intensidades e ênfases diferenciadas, interferiram significativamente na produção de edifícios de escritórios através do tempo, permitindo identificar alguns períodos característicos em âmbito internacional” (VARGAS, 2014)

O ambiente de escritório surgiu da necessidade de concentrar os funcionários responsáveis pela administração de um negócio em um só lugar, separado da produção. Ao longo dos séculos XIX e XX, o programa passou por intensas transformações. Atualmente, nas primeiras décadas do século XXI, sabe-se que, por ser um local onde as pessoas passam boa parte das horas do seu dia, a forma como esses espaços são configurados guarda uma íntima relação com a saúde do trabalhador e com os transtornos que acometem grande parte da população e preocupam a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O entendimento dos agentes e fatores que influenciaram diretamente as suas transformações auxilia o processo de sintetizar essa história que, no texto a seguir, será compilada em períodos distintos, onde a conceituação de cada período vigente vem acompanhada de sua contextualização histórica, dos grandes acontecimentos que transformaram o mundo, dos reflexos desses fatos na produção de ambientes e, por fim, as principais dificuldades de cada modelo de organização espacial.

Para compreender as conformações atuais é necessário, porém, fazer uma análise crítica da história, resgatando fatos importantes que influenciaram a evolução da tipologia arquitetônica para que ela chegasse aos moldes atuais.

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Modelo Bullpen A esta espacialização dos pensamentos tayloristas, dá-se o nome de bullpen. Este conceito adotou um layout rígido e sem privacidade que ficou conhecido por american office, modelo que posteriormente veio a se revelar prejudicial para a saúde física e mental dos trabalhadores. Sobre o american office, Andrade (2007) apud Vargas (2014, p.174) afirma que “deveria ser consequência da organização administrativa: andares superiores para o alto escalão, com salas grandes e fechadas; espaço único para os funcionários de menor hierarquia, enfileirados em suas mesas como uma grande linha de montagem, passíveis de serem controlados pelo escalão intermediário, em posição mais elevada.”

O resgate do início da estruturação do escritório como programa nos remonta à primeira revolução industrial, momento que marcou a história por meio da ascensão social da burguesia e do surgimento da produção em escala, fazendo nascer a necessidade de espaços de controle da atividade fabril, centralizando os gestores, responsáveis pela tomada de decisões, e separando-os do chão de fábrica em um contexto de aumento da produção de bens.

“O aumento da produção industrial e o tamanho das fábricas do início do século XX vai exigir a centralização das atividades de decisão e de administração em um mesmo local, separadas do chão de fábrica.” (VARGAS, 2014)

Nos primeiros anos do século XX, Frederick Taylor criou um modelo de gestão empresarial que ficou conhecido como Taylorismo, fundamentado em valores como ordem, hierarquia, supervisão e despersonalização do trabalho, pregando a organização científica do mesmo. Foi com base nesse modelo de gestão que os escritórios tiveram sua primeira maneira de se organizar espacialmente. Assim, as lideranças eram alocadas em ambientes separados dos subordinados, enquanto estes ficavam em salas cujo layout consistia em mesas de trabalho enfileiradas em posições onde pudessem ser visualizadas e controladas o tempo inteiro pelos supervisores, da mesma forma que acontecia nas indústrias, tal como descreve Costa (2016, p.45): “Dessa forma, as mesas de trabalho eram uniformes, com uma gaveta única, apenas para os utensílios de uso pessoal, e sem local para arquivamento, para evitar a guarda de documentos que poderiam ser negligenciados. Os trabalhadores eram posicionados a partir dos postos que ocupavam, expressando a atividade a ser realizada. As disposições das mesas com assentos fixados nas mesmas refletiam a pouca liberdade que os trabalhadores dispunham em personalizar os seus postos de trabalho.”

Imagem 01 - Interior de escritório de 1920 com arranjo físico nos moldes tayloristas. Disponível em: <www.officemuseum.com/photo_gallery_1920s_1930s.htm>. Acesso em 26 nov. 2019

O edifício Larkin Building, projetado pelo arquiteto Frank Lloyd Wright em 1905, foi um exemplar marcante do modelo bullpen. Edifício sólido e bastante fechado para evitar que interferências externas atrapalhassem a concentração dos usuários, tinha seu peso quebrado por um átrio central, com aberturas zenitais, estratégia que não só conferia aspecto de leveza à edificação, como também contribuiu para a iluminação natural das mesmas. O grande átrio central iluminava todos os pavimentos até chegar ao térreo, onde existia um grande salão dedicado aos funcionários cujas posições eram inferiores na hierarquia. Enquanto isso, os cargos de liderança ficavam em salas privativas localizadas nos pavimentos superiores, conferindo assim todo o controle e rigidez que o modelo american office solicitava.

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Exemplar: Larkin Building

Imagem 02 - Fachada do Larkin Building Disponível em: https://franklloydwright.org/

Imagem 03 - Larkin Building. Modelagem digital por David Romero a partir de Wright. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/805679/david-romerorecria-obras-desaparecidas-de-frank-lloyd-wright-em-imagens-realistas

Imagem 04 - Interior do Larkin Building. Modelagem digital por David Romero a partir de Wright. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/805679/david-romerorecria-obras-desaparecidas-de-frank-lloyd-wright-em-imagens-realistas

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A transição do modelo bullpen para o seu sucessor, o landscape office, aconteceu de maneira lenta e gradual, vinculada a uma mudança para um pensamento mais humanista a respeito das relações de trabalho, mas também atendendo a necessidades do mercado imobiliário. Em meados de 1930, estudos de psicologia propuseram a flexibilização das relações nas organizações de trabalho, em um momento em que a hierarquia taylorista cedeu lugar à motivação e à comunicação, identificando a empresa como um conjunto de equipes, valorizando a cooperação dos funcionários. O reflexo dessa nova cultura empresarial produziu, no âmbito da arquitetura, distribuições mais orgânicas dos postos de trabalho. É dentro desse cenário que surge uma evolução baseada em princípios mais humanistas, preocupada com a qualidade ambiental e com as necessidades dos usuários, reservando espaços para convivência e humanizando o ambiente. Costa (2016) afirma: “O mobiliário também se adaptou aos novos pensamentos administrativos, onde as mesas apresentavam recortes e superfícies com diferentes níveis para acomodar os equipamentos, e as cadeiras possuíam apoios que forçavam os usuários a manter ambos os pés apoiados no chão, refletindo uma preocupação com a movimentação e postura corporal dos trabalhadores.” A sua maneira de se distribuir espacialmente priorizava os processos e o fluxo de comunicação, aproximando núcleos

que se relacionavam, conferindo maior sinergia e entrosamento entre os diversos setores da empresa, porém também acarretava desvantagens como a produção de ruídos excessivos e dificuldades de concentração. Outro aspecto é que os profissionais ainda não dispunham de privacidade, a diferença é que agora eles estavam expostos aos seus colegas de igual posição na hierarquia, e não mais sendo vigiados durante todo o expediente pelos seus superiores, pois os gerentes foram realocados para o mesmo ambiente que os demais membros da equipe. O mobiliário também se adaptou aos novos princípios administrativos, as mesas passaram a ter superfícies em diferentes níveis para acomodar os equipamentos de maneira mais ergonômica, as cadeiras antes fixas - receberam apoios que forçavam os usuários a manter os pés apoiados no chão, reflexo de uma preocupação com a postura corporal dos funcionários. O edifício sede da Johnson Wax Company (1939) foi mais uma importante contribuição do arquiteto Frank Lloyd Wright para esse momento de transição da arquitetura corporativa: guarda semelhanças com o Larkin Building no que se refere à sua estética, também se apresentando como um edifício introvertido e sólido, cujo peso é quebrado por aberturas zenitais, porém já não evidencia tanto a hierarquia da instituição.

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Exemplar: Johnson Wax Company

Imagem 05 - Fachada do Johnson Wax Company Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/873090/classicos-daarquitetura-edificio-administrativo-sc-johnson-and-son-frank-lloyd-wright> ISSN 0719-8906

Imagem 06 - Interior do Johnson Wax Company Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/873090/classicos-daarquitetura-edificio-administrativo-sc-johnson-and-son-frank-lloyd-wright> ISSN 0719-8906

Imagem 07 - Interior do Johnson Wax Company Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/873090/classicos-daarquitetura-edificio-administrativo-sc-johnson-and-son-frank-lloyd-wright> ISSN 0719-8906

Imagem 08 - Mobiliário desenhado para o Johnson Wax Company Disponível em: https://www.scjohnson.com/-/media/sc-johnson/scjbuilding-and-locations/howe-street/frank-lloyd-wright-deskr.jpg

Imagem 09 - Mobiliário desenhado para o Johnson Wax Company Disponível em: https://www.scjohnson.com/-/media/sc-johnson/scjbuilding-and-locations/howe-street/frank-lloyd-wright-deskr.jpg

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Landscape office A busca por maior aproveitamento da área disponível conduziu à verticalização e ao surgimento dos arranha céus, tendo como pano de fundo o contexto da transição da capital econômica dos estados unidos de Chicago para Nova York, cidade que se apresentava como solo fértil para os novos tempos da arquitetura moderna, buscando a formatação de um estilo internacional.

maneira bastante formal e regular, o que acarretou no regresso a uma rigidez semelhante à do bullpen, porém agora influenciada por motivações financeiras, e não mais por modelos de administração pautados no controle e na organização científica do trabalho. As estações foram denominadas cubículos e estabeleceram uma divisão espacial chamada “universal”, em resposta à demanda do mercado imobiliário de produzir edificações de estrutura simples e andares padronizados, fruto de uma mentalidade racionalista que defendia a planta livre, um dos princípios do movimento moderno.

A influência do mercado imobiliário na produção dos espaços corporativos dos arranha-céus buscava o fim da compartimentação como meio de gerar considerável ganho econômico, cortando custos da obra e ampliando o número de possíveis usuários (clientes) para o mesmo espaço, uma vez que, como Vargas diz, os edifícios transferem a organização do espaço para o mobiliário: “os edifícios passam a: transferir para o mobiliário a responsabilidade de organização dos seus espaços internos e o seu custo para os futuros usuários; ampliar o número de possíveis clientes; retirar do empreendedor o custo da construção de divisórias, diminuindo o peso da estrutura, facilitando a sua construção.” (VARGAS, 2014)

“Baseavam-se, no entanto, no pressuposto de que as atividades de escritório seriam iguais em qualquer localidade, sem levar em consideração as diferentes formas de agir ou de ocupar um espaço.” (COSTA, 2016).

Observando pelo ponto de vista econômico, a medida consiste em uma resposta bastante conveniente à tendência do edifício corporativo enquanto espaço a ser comercializado de forma genérica, sem um cliente pré-definido, além de baratear os custos da iluminação e da climatização e de permitir maiores possibilidades de mudanças no layout.

Imagem 10 - Postos de trabalho do tipo cubículos Disponível em: <http://svanegas42.blogspot.com/2018/03/recursoshumanos-en-la-empresa.html>

Esta inovação só foi possível graças aos avanços nas tecnologias de construção, os quais permitiram a execução de grandes vãos entre pilares, e ao condicionamento de ar que viabilizou a existência de plantas largas sem que todos os usuários estivessem localizados próximo às janelas para obter conforto térmico. O layout era composto por estações individualizadas por divisórias de aproximadamente 1.60m distribuídas de

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O edifício Seagram Building, de 38 andares, foi a contribuição do arquiteto Mies Van der Rohe em parceria com Philip Johnson para o surgimento da nova linguagem dos arranha-céus, símbolos da arquitetura da decada de 1950. Sua estrutura modular em uma grelha de concreto e ferro permite que a vedação em pele de vidro imprima leveza, transparência e elegância ao edifício, além de iluminar áreas maiores do seu interior. A climatização e a estrutura independente garantiam liberdade formal para a planta, reforçando as possibilidades do edifício ser comercializado sem um cliente específico.


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Seagram Building

Imagem 11 - Fachada do Seagram Building Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-80364/classicos-daarquitetura-edificio-seagram-mies-van-der-rohe>

Imagem 13 - Interior de um escritório elegante no Seagram Building Disponível em: <https://archeyes.com/seagram-building-new-york-miesvan-der-rohe/>

Imagem 12 - O arranha-céu Seagram Building Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-80364/classicos-daarquitetura-edificio-seagram-mies-van-der-rohe>

Imagem 14 - Interior de um escritório elegante no Seagram Building Disponível em: <https://archeyes.com/seagram-building-new-york-miesvan-der-rohe/>

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Escritórios não territoriais para troca de informações. Além disso, utilizam ferramentas de controle que observam os resultados obtidos, e não mais somente as horas trabalhadas.

Para muitos estudiosos, o cubículo é considerado o precursor da organização espacial de escritórios que perdurou até o final do século XX, paralelamente às transformações que conduziram o percurso para que ele chegasse às formas mais recentes de se organizar espaços. Se o edifício havia transferido a responsabilidade da organização espacial para o mobiliário, uma simples reorganização do layout passou a ter o poder de estabelecer grandes transformações. Surgem então móveis mais dinâmicos, permitindo o agrupamento de planos e a implantação de painéis verticais nos quais é possível instalar armários, abrigar a fiação elétrica e ainda melhorar o tratamento acústico.

A digitalização do trabalho também tem impactos na redução do uso de papel, diminuindo a demanda por espaços de armazenamento, e confere maior mobilidade ao usuário durante o seu expediente, permitindo trabalhar estando em diversos locais, inclusive em casa. É nesse contexto que nascem os escritóios não territoriais, cujos postos de trabalho são compartilhados pelos funcionários em estações rotativas, onde o trabalhador que passa a se movimentar no escritório de acordo com o tipo de atividade que pretende executar.

Durante a década de 1980, em um momento de queda da competitividade americana no mercado internacional devido à ascensão do Japão, as empresas americanas passaram por inovações em seu processos de produção, adotando a terceirização de serviços em busca de aumento da qualidade e satisfação dos clientes. Para as relações de trabalho, a consequência foi o empoderamento dos funcionários, tornando-os responsáveis por tomar determinadas decisões, além do aumento da complexidade da estrutura organizacional dos escritórios, gerando uma demanda por soluções específicas e personalizadas para cada empresa.

Após este breve relato, é possível concluir que a história da tipologia sofre muitas influências do mercado imobiliário e se mistura em diversos momentos à economia e, especialmente, à história dos Estados Unidos, país que exerceu grande influência na economia mundial e foi berço de grandes transformações nas formas de trabalhar. É possível perceber, também, a contribuição desses avanços para as novas configurações especiais, e afirmar que vários princípios desenvolvidos no início do século XX ainda parecem atuais e estão presentes em diversas empresas do século XXI, sob uma nova roupagem.

Em paralelo, os avanços da tecnologia da informação culminaram na democratização do acesso à informação com o advento da internet e o surgimento dos computadores portáteis e dos aparelhos de celular. Em meados da decada de 1980, esses avanços mudaram estruturalmente as atividades de trabalho, acelerando o processo de tomada de decisão. As novas formas de trabalhar, inseridas no cenário dos equipamentos portáteis e da informação rápida, tornam desnecessária a presença física das pessoas

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Exemplares

Imagem 15 - Interiores da sede da Natura em São Paulo. Arquitetura por Dal Pian arquitetos, projeto de interiores Pitá Arquitetura. Disponível em: <https://www.pita.arq.br/pt/natura>

Imagem 16 - BR Malls Retail Solutions, por Todos Arquitetura Disponível em: <https://todosarquitetura.com/portfolio/brmallsretailsolutions/>

Imagem 17 - Escritório da XP Investimentos, por Athiê Wohnrath Disponível em: <https://www.athiewohnrath.com.br/projeto/xpinvestimentos/>

Imagem 18 - Escritório do Linkedin, por Pitá Arquitetura Disponível em: <https://www.pita.arq.br/pt/linkedin>

Imagem 19 - Escritório da Decolar, por Pitá Arquitetura Disponível em: <https://www.pita.arq.br/pt/decolar>

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produção contemporânea

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A interdisciplinaridade e outros fatores atuando em favor dos novos avanços da arquitetura corporativa Conhecendo a forma como se deu a evolução da tipologia do escritório ao longo dos séculos XIX e XX, é possível avaliar a produção do século XXI a partir de um olhar mais amplo, identificando inclusive que muitas das características estudadas ainda se fazem presentes nas organizações atuais. Trata-se de uma história intensa e repleta de transformações, e assim ela continua, na mesma velocidade em que as formas de trabalhar vão mudando.

Em meio a um cenário de transformações tão constantes, é de fundamental importância que a resposta seja uma arquitetura adaptável às rápidas mudanças das formas de trabalhar, através da criação de espaços flexíveis e inteligentes. Outro aspecto importante é a construção de edifícios saudáveis, utilizando a tecnologia em favor desse objetivo para obter sistemas de climatização, proteção solar e materiais de revestimentos que favoreçam a saúde dos trabalhadores, pois um profissional saudável é sinônimo de produtivo. A busca pelo desenvolvimento dos denominados healthy buildings tem importante contribuição na produção de edifícios mais complexos, popularizando o conceito de empreendimentos certificados e se enveredando também pelos caminhos da sustentabilidade.

O mercado de trabalho também passa por uma transformação significativa: a percepção de que se estava buscando a produtividade por caminhos ineficientes conduziu mais uma vez à construção de novas relações de trabalho, dessa vez mais flexíveis e leves, colocando a preocupação com o capital humano no mesmo patamar do capital financeiro. Outra novidade é a ruptura dos padrões formais, ao aderir horários e vestimentas flexíveis, permitindo que o exercício do trabalho se adeque às necessidades do trabalhador, potencializando seu desempenho. Outra medida disruptiva é a humanização do organograma, adotando títulos descontraídos para os cargos, de modo a amenizar os efeitos da hierarquia.

“A arquitetura desses edifícios tem se proposto, portanto, a enfrentar alguns desafios, tais como: as condições de saúde dos seus usuários, que trabalham em ambientes artificiais e inadequados. (...) Estes edifícios denominados healthy buildings, no final do século XX, inicialmente focados na saúde dos usuários, acabaram por se desdobrar nos eco buildings, green buildings, triple A, que incluem elementos para além da ventilação e iluminação natural como: o aproveitamento da energia desperdiçada, redução de usos e recursos não renováveis na sua construção; melhoria da qualidade do projeto; saúde e segurança no ambiente de trabalho; qualificação profissional e trabalho justo.” (VARGAS, 2014)

Essas características fazem parte da formatação de uma era marcada por compartilhamento, co criação, colaboração, conexão e comunidade, onde a interação é vista como aceleradora de boas ideias.

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Startups e novas culturas organizacionais Instaladas em edifícios inteligentes e humanizados, as startups de tecnologia de ponta localizadas na região vêm ditando um novo formato de projetar a arquitetura corporativa, a exemplo dos gigantes como o Google, cuja sede é um campus de inovação que inclui escritórios, comércios, residências e espaços públicos.

As novas tendências corporativas estão muito presentes nas startups, termo cunhado para dar nome às empresas concebidas para atacar problemas com abordagens diferentes das tradicionais, gerando valor para a sociedade e fazendo disso um negócio lucrativo, apesar de arriscado, onde a tecnologia está presente na maior parte dos casos. Por conta do seu caráter inovador, startups são compostas majoritariamente por pessoas criativas e de mente aberta, que dispõem de liberdade e autonomia para trabalhar.

O recrutamento de pessoas, por sua vez, passa por uma ressignificação das habilidades solicitadas do profissionais: se antes os recrutadores valorizavam principalmente os diplomas obtidos em universidades renomadas e posteriormente passaram a priorizar as experiências profissionais, neste novo momento estudos indicam a tendência de valorização das habilidades interpessoais, especialmente inteligência emocional, empatia e flexibilidade cognitiva.

MIRANDA, SANTOS JR. e DIAS (2016) citam a FINEP (2014) para definir uma startup como "Uma empresa cuja estratégia empresarial e de negócios é sustentada pela inovação e cuja base técnica de produção está sujeita a mudanças frequentes, advindas da concorrência centrada em esforços continuados de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Principais características das empresas nascentes de base tecnológica: em estruturação empresarial (quase-empresa); sem posição definida no mercado; que buscam oportunidades em nichos de mercado com produtos/serviços inovadores e de alto valor agregado."

Inserido no cenário da startup, o estudo entende que o momento atual caracteriza-se como um período de transição em que é possível encontrar diversas empresas mudando suas estratégias e seus organogramas, porém ainda funcionando em estruturas físicas ultrapassadas, fato que compromete o seu processo de transformação. Assim como é necessário utilizar ferramentas inovadoras de planejamento para o sucesso da empresa, também é necessária uma instalação física que favoreça as novas relações de trabalho, em um ambiente saudável, ergonômico, humanizado e funcional, visto que o escritório é um ambiente de longa permanência e se trata de um local onde os ocupantes estão em constante atividade física e cognitiva.

Ainda no sentido de entender uma startup, LINHARES, BARBOSA e TAKAMATSU (2019), apresentam a definição de Ries (2011), que afirma: "Startups são empresas que desenvolvem um serviço ou produto em um ambiente de extrema incerteza, ou seja, um mercado que lida com inovação, sem precedentes, e que, por esse motivo, não se tratam de empresas nas quais é adequado aplicar ferramentas tradicionais de planejamento."

As consequências dessas inovações para a produção espacial elevam a complexidade dos projetos a um patamar em que se faz necessário recorrer aos conhecimentos de outras áreas. Assim, em uma experiência interdisciplinar, a arquitetura se une a outras ciências dando origem a relações complementares proveitosas para melhorar a qualidade de vida, a saúde e a motivação dentro dos escritórios.

No processo de consolidação do novo mercado corporativo, é fundamental observar a influência da cultura presente no Vale do Silício, região da Califórnia que se transformou no maior polo de inovação do mundo. Seu modelo de organização vem sendo difundido por todos os continentes.

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Imagem 20 - Perspectiva geral de implantação da nova sede do Google na Califórnia, projeto de BIG e Heatherwick Studio. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/907602/google-divulga-revisao-do-projeto-de-seu-novo-campus-por-big-e-heatherwick-studio>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 22 - Urbanismo que prioriza os pedestres e modais alternativos

Imagem 21 - Região comercial do campus Google na Califórnia. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/907602/google-divulga-revisao-do-projeto-de-seu-novocampus-por-big-e-heatherwick-studio>. Acesso em 02 nov. 2020

Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/907602/google-divulga-revisao-do-projeto-de-seu-novo-campuspor-big-e-heatherwick-studio>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 23 - Espaço de descompressão

Imagem 24 - Uso de tecnologia e intervenções interativas Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/907602/google-divulga-revisao-do-projeto-de-seu-novocampus-por-big-e-heatherwick-studio>. Acesso em 02 nov. 2020

Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/907602/google-divulga-revisao-do-projeto-de-seu-novocampus-por-big-e-heatherwick-studio>. Acesso em 02 nov. 2020

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Neuroarquitetura

Psicologia ambiental

O ambiente produz estímulos que são fatores objetivos e quantificáveis percebidos pelo corpo e traduzidos pela mente em sensações, com características que variam de acordo com as particularidades de cada usuário. Essas respostas aos estímulos são analisadas pela Neuroarquitetura, uma área que, como o próprio nome indica, é a aplicação de estudos de neurociência no exercício da arquitetura, resultando em projetos baseados em evidências neurocientíficas. Trata-se de uma área de estudos muito recente que surgiu após o desenvolvimento da ressonância magnética, na metade do século XX, permitindo a realização de estudos do cérebro humano em funcionamento, antes disso o conhecimento que se produzia era limitado ao estudo de anatomia através de cérebros mortos. A ressonância tornou possível averiguar quais áreas do cérebro ficam mais ativas quando os usuários são expostos a determinados estímulos.

Psicologia Ambiental é outro campo interdisciplinar que aborda temáticas que não poderiam ser estudadas de maneira completa nem pela Arquitetura e nem pela Psicologia de forma independente, resultando na criação de uma ciência que soma os conhecimentos das duas áreas em busca da evolução da produção arquitetônica, em um momento no qual a experiência do usuário é bastante valorizada. "Uma vez que nem a Psicologia tradicional nem a Arquitetura consegue abarcar totalmente a relação pessoa-ambiente, torna-se inevitável a procura de um espaço comum entre ambas. Alimentada pelas duas áreas, porém relativamente independente destas, a Psicologia Ambiental habilita-se a ser este espaço, constituindo-se locus onde a soma entre o conhecimento psicológico e o arquitetônico pode alimentar a produção de um ambiente mais humanizado e ecologicamente coerente." (ELALI, 1997) Quando o ambiente é averiguado a partir do ponto de vista da Psicologia Ambiental, a sua percepção pelos usuários permite a interpretação do ambiente enquanto base física que inibe ou propicia os comportamentos do usuários. Psicologia ambiental trata, portanto, das relações simbólicas e sentimentais entre espaço e indivíduo, com ênfase na influência do espaço construído para ações humanas, auxiliando no projeto de soluções estratégicas programadas para influenciar o comportamento das pessoas aos objetivos esperados.

Foi descoberta, por exemplo, a existência de três importantes estruturas para a interpretação de estímulos ambientais, são elas: a amígdala cerebral, responsável pelo instinto de sobrevivência e ativada em situações de estresse; o córtex pré-frontal, relacionado com a a racionalidade e capacidade cognitiva; e o hipocampo, que atua junto do hipotálamo na criação de memórias emocionais. Para além da atividade cerebral, a captação de respostas fisiológicas - como aumento dos batimentos cardíacos, mudanças na temperatura do corpo, dilatação da pupila, direção e tempo de atenção do olhar e outras diversas respostas fisicas a estímulos realizados por ambientes reais ou em realidade aumentada - pode gerar uma base de dados que permita a concepção de projetos mais assertivos através de decisões justificadas pela ciência.

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Esta definição encontra eco em ELALI (1997), que afirma que "Sob esta ótica, o edifício deixa de ser encarado apenas a partir das suas características físicas (construtivas) e passa a ser avaliado/discutido enquanto espaço "vivencial", sujeito à ocupação, leitura, reinterpretação e/ou modificação pelos usuários, ou seja, ao estudo de aspectos construtivos e funcionais do espaço construído acrescenta-se a anáise comportamental e social essencial à sua compreensão."


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Ergonomia

Biofilia

COSTA e VILLAROUCO (2014) citam a International Ergonomics Asociation (IEA, 2014) para explicar que "a ergonomia (ou fatores humanos) é a disciplina científica relacionada com o entendimento das interações entre seres humanos e outros elementos de sistema, fornecendo princípios teóricos, dados e métodos para projetar e otimizar o bem-estar humano e o desempenho geral do sistema."

Biofilia é um termo recente que se tornou conhecido na década de 1980 pelo biólogo americano Edward Osborne Wilson e se relaciona à necessidade inata do homem de interação com a natureza. Considerando que a rotina contemporânea das grandes cidades não permite que as pessoas tenham essa interação por tempo suficiente, a arquitetura biofílica surge como uma resposta a essa necessidade, atuando para incorporar cada vez mais a natureza dentro do ambiente construído, promovendo ambientes mais saudáveis e estimulantes, aumentando a concentração, a capacidade cognitiva e a produtividade.

A ergonomia consiste, portanto, no estudo científico da qualidade da execução das atividades humanas. Por este motivo, dentro dos escritórios é um assunto sério que deve ser tratado com atenção e estratégia, pois seus conceitos e métodos podem contribuir para a consecução de espaços de trabalho mais confortáveis, melhor adequados às atividades que neles se desenvolvem e às características perceptuais daqueles que os utilizam.

Frequentemente essa incorporação é associada somente à introdução de vegetação e materiais naturais nos espaços construidos. No entanto, a biofilia também leva em consideração a memória genética herdada dos ancestrais, a qual define processos naturais como o Ciclo Circadiano, que regula o funcionamento do corpo, a produção hormonal e outras atividades vitais de acordo com a iluminação natural do dia. Diante disso, ocupa-se em encontrar formas de produzir espaços que respeitem a memória biológica e a natureza dos seres homanos, buscando proporcionar através dos detalhes dos ambientes as sensações de segurança, aconchego e refúgio, necessárias para o bem-estar humano.

As diversas metodologias de análise ergonômica atuam de maneira sistemática e com caráter científico no intuito de obter melhorias no processo, garantindo segurança, conforto e eficácia, ao concentrarse no homem em situação real de trabalho e verificar as relações entre os elementos de arquitetura e o desempenho das atividades abrigadas naquele espaço. No Brasil, é regulada pela Norma Regulamentadora NR17, instituída pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social, a qual “visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente”. As metodologias científicas de levantamento ergonômico produzem laudos bastante detalhados que podem servir de guia para elaboração de projetos que priorizam a saúde laboral e evitam o surgimento de lesões, dores e doenças.

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Certificações LEED e WELL Os esforços para alcançar a eficiência energética em edifícios resultaram no surgimento de certificações como o selo LEED, Leadership in Energy and Environmental Design, ou em tradução literal Liderança em Energia e Design Ambiental, criado em 1998 pelo USGBC (U.S. Green Building Council Conselho americano de Construção Verde), conceito que chegou ao Brasil e é considerado o principal selo para as edificações sustentáveis.

Imagem xx - Presença de espaços de descompressão Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/868405/certificado-well-uma-ajuda-arquitetonica-para-a-saudee-bem-estar-humano>. Acesso em 02 nov. 2020

Da mesma forma, a conscientização sobre a saúde mental humana influenciou o desenvolvimento do primeiro certificado focado na saúde e no bem-estar humano, o WELL Building Certification, fruto de sete anos de pesquisa envolvendo arquitetos, cientistas e médicos, que foi desenvolvido para trabalhar em conjunto com a Certificação LEED, visto que os recursos de sustentabilidade nas edificações se relacionam com as estratégias de promoção do conforto ambiental e bem-estar do usuário.

Imagem 25 - Interiores com cores vibrantes e linguagem forte Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/868405/certificado-well-uma-ajuda-arquitetonica-para-a-saudee-bem-estar-humano>. Acesso em 02 nov. 2020

A certificação avalia sete itens essenciais para a saúde humana no ambiente construído: água, ar, alimentação, luz, aptidão física, conforto e mente. Um escritório premiado pode melhorar o desempenho, o humor e até mesmo os padrões de sono dos ocupantes. No Vale do Silício, a sede da empresa Symantec, projetada pelo escritório Little, também ingressará no restrito grupo de edifícios certificados, com um projeto que prevê um espaço de trabalho bastante alegre, através do uso de cores vibrantes em contraste com materiais naturais. Além disso conta com aspectos como a iluminação alinhada aos ritmos circadianos humanos; sistemas mecânicos projetados para minimizar as vibrações, diminuindo o estresse e a biofilia (capitalizando nossa conexão com a natureza) e reduzindo a pressão arterial.

Imagem 26 - Espaço de refeições semelhante a uma residência Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/868405/certificado-well-uma-ajuda-arquitetonica-para-a-saudee-bem-estar-humano>. Acesso em 02 nov. 2020

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Imagem 27 - Interiores com cores vibrantes e linguagem forte Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/868405/certificado-well-uma-ajuda-arquitetonica-para-a-saude-e-bem-estar-humano>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 28 - Comunicação visual incentiva prática de atividade física

Imagem 29 - Comunicação visual incentiva prática de atividade física

Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/868405/certificado-well-uma-ajuda-arquitetonica-para-a-saudee-bem-estar-humano>. Acesso em 02 nov. 2020

Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/868405/certificado-well-uma-ajuda-arquitetonica-para-a-saudee-bem-estar-humano>. Acesso em 02 nov. 2020

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COVID-19 e o escritório pós-isolamento colaboradores. Empresas que já possuíam experiência com trabalho remoto, por outro lado, não tiveram suas rotinas de trabalho muito impactadas pelo momento da pandemia, por já adotarem um modelo híbrido e flexível, conscientes da importância de manter um espaço físico confortável para que seus funcionários sintam-se atraídos a frequentá-lo, promovendo momentos de integração da equipe e de contato com a cultura organizacional, gerando senso de pertencimento e, consequentemente, aumentando a motivação dos funcionários.

Uma nova e significativa mudança impactou a arquitetura no ano de 2020, em um momento no qual toda a humanidade foi surpreendida pela chegada da pandemia causada pelo novo Coronavírus - o COVID 19, que se propaga de maneira muito rápida através do ar, provocando uma quarentena na qual grande parte da população ficou proibida de sair de suas casas, forçando uma experiência de home office*. Para os que não eram adeptos da prática, surgiram dificuldades com a ergonomia do local de trabalho, com o acesso a internet e a equipamentos de qualidade, além de dificuldades para concentração no caso dos colaboradores que conviviam com crianças, animais ou em locais barulhentos. O estabelecimento de limites entre horários de trabalho e de descanso também foi outro ponto controverso que gerou dificuldades entre os trabalhadores. Por outro lado, a economia de tempo e dinheiro gastos com deslocamento, e a possibilidade de estar mais próximo da família foram pontos positivos que as pessoas viram na modalidade de trabalho em home office.

A empresa Athiê Wohnrath** realizou uma pesquisa com mais de 400 empresas clientes a respeito das perspectivas futuras de seus espaços, constatando que "o escritório pós-pandemia terá papel primordial como espaço de colaboração, transmissão de cultura e compartilhamento de conhecimento, fomentando a conexão dos colaboradores, garantindo assim o engajamento e senso de pertencimento dos mesmos com a empresa." Uma possível redução da área útil, em decorrência da redução da quantidade de postos de trabalho, seria compensada pelo aumento do distanciamento entre os postos, para atender às recomendações dos órgãos de saúde.

Surge, então, um momento de incertezas a respeito do futuro dos espaços de escritório: empresas que nunca haviam adotado o home office perceberam uma possibilidade de economia de recursos com aluguel de espaço físico e passaram a considerar a ideia de manter o trabalho remoto como uma conduta definitiva. Seria este o início da decadência dos espaços de escritório?

Visando a atender às novas demandas das organizações, tornam-se necessárias algumas adaptações no espaço físico, como: ∑ Afastamento dos postos de trabalho em medidas ainda em estudo, variando entre 1 e 2 metros, de acordo com orientações de órgãos como a Organização Mundial da Saúde - OMS, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, etc. ∑ Fluxos de circulação unidirecionais, evitando o cruzamento entre pessoas. ∑ Possibilidade de ventilação natural

Apesar do encantamento de algumas organizações - que nunca haviam trabalhado em home office - pelas aparentes vantagens econômicas que o modelo traria, as consequências a longo prazo são dificuldades para preservar a cultura organizacional e para promover a integração da equipe, fatores que podem provocar queda da motivação e da produtividade dos *O termo Home Office traduzido significa escritório em casa. Na prática, nada mais é que o profissional ter uma estrutura na própria residência para realizar suas tarefas de trabalho como se estivesse alocado na empresa

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**Escritório de arquitetura e engenharia com sede na cidade de São Paulo que possui sólida experiência no mercado corporativo.


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Climatização artificial por meio de aparelhos que promovam a renovação e limpeza do ar que circula no edifício ∑ Uso de materiais resistentes de fácil higienização ∑ Uso de metais, louças sanitárias e dispositivos eletrônicos com sensores que dispensem o toque.

Em um cenário de incertezas, ainda é impossível fazer afirmações definitivas, mas a partir de dados obtidos pela pesquisa da Athiê Wohnrath é possível prever a dinâmica pós-isolamento com adoção massiva da política de home office, como é possível observar nos gráficos 01 e 02, que comparam os percentuais de trabalhadores em trabalho remoto nos períodos pré e pós isolamento.

Gráfico 01 - Percentual de colaboradores em home office antes da pandemia Fonte: Athiê Wohnrath

A partir do gráfico 03, observamos que mais de 80% das empresas entrevistadas acreditam que a experiência que os colaboradores viveram no home office influenciará bastante as futuras intervenções em ambientes corporativos, no sentido de torná-los mais acolhedores, remetendo ao ambiente da própria casa. Nesse processo, a incorporação da biofilia, da ergonomia, da psicologia ambiental e da neuroarquitetura serão de grande relevância para a obtenção de resultados promissores.

Gráfico 02 - Expectativa do percentual de colaboradores em home office após o isolamento social Fonte: Athiê Wohnrath

Gráfico 03 - Expectativa de incorporação das vantagens do home office nas intervenções em espaços corporativos Fonte: Athiê Wohnrath

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office-home

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Apresentação do conceito e referências projetuais A evolução histórica do programa escritório, a crescente preocupação com o bem-estar dos usuários e os recursos oriundos da interdisciplinaridade culminaram na produção de espaços mais inteligentes, complexos e humanizados, e não restam dúvidas de que isso enriquece e dá embasamento às decisões projetuais, permitindo que a arquitetura assuma um elevado grau de complexidade inerente às organizações modernas. Acrescenta-se a esses fatores a experiência forçada do home office durante a pandemia, resultando na demanda pela incorporação de elementos da casa na produção dos espaços corporativos. Inserido nesse contexto bastante atual, o trabalho propõe a inversão do tradicional termo home office para denominar um escritório que também a traz inversão do seu significado. Ao invés do colaborador trabalhar da sua residência, a ideia pretende tornar o ambiente corporativo acolhedor como uma casa, ambiente com o qual o profissional se identifique, tenha afinidade e sensação de pertencimento. Esta é a visão do escritório póspandemia, que segue avançando de acordo com todas as tendências anteriores e agora contando com os conhecimentos incorporados de diversas outras ciências associadas à Arquitetura. Atender às demandas do escritório híbrido é o principal desafio a ser enfrentado pelo office-home, combinando as melhores vantagens das modalidades de trabalho presencial e remoto e contornando as dificuldades de cada uma.

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Aspectos construtivos do office-home A proposta consiste na criação de ambientes flexíveis e adaptáveis, prontos para atender a mudanças constantes e rápidas sem a necessidade de grandes intervenções, garantindo ao trabalhador um espaço saudável e confortável, para isso deve seguir alguns aspectos construtivos e organizacionais:

-Incentiva a socialização dos funcionários ao criar ambientes de descompressão e interação, estimulando a colaboratividade. -Possui fluxos de circulação bem definidos para evitar a proximidade física em momentos que isso seja necessário, fazendo as circulações deixarem de ser pontos de colisão enquanto as aglomerações estiverem sendo condenadas.

-Pé direito alto e muita luz natural, pois a ausência desses dois causa estresse e sensação de confinamento.

-Permite a personalização do espaço, tanto na reorganização de suas divisões internas, como em intervenções estéticas, em uma arquitetura que funciona apenas como moldura para os usuários representarem as suas particularidades e anseios, gerando assim sensação de pertencimento, envolvimento emocional entre as pessoas e o espaço, criando uma identidade enquanto grupo e promovendo o engajamento dos colaboradores.

-Permite o funcionamento com ventilação natural ou climatização artificial, de acordo com a preferência de seus usuários, viabilizando economia de energia e renovação do ar, tornando o edifício mais saudável. -Possibilita o nomadismo do usuário, criando postos de trabalho compartilhados que permitam diferentes posições e incentivem o movimento pela sala, se utilizando de balcões para trabalhar em pé, mesas redondas para trabalhar em grupo e pufes para momentos mais relaxados. A mobilidade física é rebatida em flexibilidade cognitiva, auxiliando o desenvolvimento de um pensamento fora da caixa.

-Promove uma experiência sensorial, se utilizando de estímulos que exploram todos os sentidos do corpo humano, por meio de correto condicionamento acústico e luminoso, da aromaterapia, do uso de diferentes texturas na materialidade.

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Built to Suit

Referências projetuais

Em uma mesma realidade onde o papel da arquitetura é cada vez mais valorizado pelas empresas atentas às tendências, surgem também mecanismos de viabilização financeira dessas ideias, posto que o investimento financeiro e de tempo de uma obra é muito alto e os empreendedores geralmente não possuem essa disponibilidade.

Cientes das premissas construtivas e da viabilidade financeira da execução de projetos personalizados para sedes empresariais, faz-se necessário o estudo de referencial projetual, constatando a qualidade do funcionamento de edifícios em acordo com as inovações do mercado corporativo. Nesse sentido, serão apresentados cinco projetos de arquitetura em diferentes escalas, mas que guardam semelhanças nas suas propostas de intervenção, colaborando para a construção de um repertório de soluções arquitetônicas totalmente alinhadas com o conceito proposto.

Nesse sentido, o Built to Suit se apresenta como uma solução vantajosa para democratizar o acesso à boa arquitetura. Trata-se de um formato crescente no mercado imobiliário que consiste no financiamento da construção de empreendimentos sob medida para uma empresa, em troca da assinatura de um contrato de locação de longo prazo. Garante ao investidor a segurança de que seu investimento valerá à pena, pois será alugado por um longo período mínimo, e à empresa garante acesso a um espaço pensado para todas as suas demandas, deixando o risco imobiliário da construção para o investidor, e não para a marca.

Dos cinco projetos selecionados, quatro têm em comum a organização espacial em torno de um elemento central, seja ele um átrio ou um eixo de circulação que distribui todas as atividades do edifício e promove a integração visual entre os pavimentos, causando sensação de unidade. Outra caracteristica em comum é o recurso da transparência nas divisões internas e externas para estabelecer relações visuais com o entorno e com o próprio interior do edifício.

Acreditando que a ideia é financeiramente possível até mesmo para empresas novas no mercado, é necessário promover a ideia de que arquitetura é estratégia, é investimento e não apenas gasto. Para tanto, faz-se necessário conhecer experiências bem sucedidas de projeto.

Imagem 30 - Fluxograma representando o Built to Suit Disponível em: <http://www.petre.com.br/petre-built-to-suit.html>. Acesso em 02 nov. 2020

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SESC Guarulhos Imagem 31 - Acesso principal ao edifício Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/924666/sesc-guarulhosdal-pian-arquitetos>. Acesso em 02 nov. 2020

edifício e incorporando a paisagem circundante a seus ambientes internos. Um sistema de cobertura composto por grelhas metálicas, vidro, extratores de ar e brises horizontais em alumínio perfurado para proteção solar filtram a luz natural.

O edifício de uso público foi concebido como um grande espaço convidativo que suscita a interação entre pessoas. Abriga atividades culturais, desportivas, de ensino, de saúde e de lazer. O acesso é generoso e convidativo, a chegada se dá por uma praça de convivência em torno da qual os espaços se estruturam. A praça interna recebe os fluxos externos e distribui as diversas atividades do complexo, além de integrar verticalmente os pavimentos por ser transparente e permeável, expondo os acontecimentos do

As circulações internas, organizadas de forma simples por rampas, passarelas e corredores voltados para a Praça de Convivência expoem o movimento dos usuários e reforçam o caráter extrovertido da proposta.

Imagem 32 -Praça de convivência Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/924666/sesc-guarulhosdal-pian-arquitetos>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 33 - Interior da biblioteca Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/924666/sesc-guarulhosdal-pian-arquitetos>. Acesso em 02 nov. 2020

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Escritório: Dal Pian Arquitetos

Localização: Guarulhos, SP

Ano: 2019

Área: 34.200m² PAVIMENTO TÉRREO 1. Praça de convivência 2. Ginásio 3. Exposições 4. Odontologia 5. Juventudes 6. Central de atendimento 7. Teatro 8. Espaço de tecnologia e artes 9. Curumim 10. Espaço de brincar 11. Vestiários 12. Estacionamento 13. Apoio/áreas técnicas

Imagem 34 - Planta do pavimento térreo Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/924666/sescguarulhos-dal-pian-arquitetos>. Acesso em 02 nov. 2020 PAVIMENTO INTERMEDIÁRIO 1. Teatro 2. Comedoria 3. Quadras 4. Conjunto aquático externo 5. Piscina coberta 6. Vestiários 7. Administração 8. Biblioteca 9. Sala multiuso 10. Centro de educação ambiental

Imagem 35 - Planta do pavimento intermediário Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/924666/sescguarulhos-dal-pian-arquitetos>. Acesso em 02 nov. 2020 PAVIMENTO SUPERIOR 1. Teatro 2. Ginástica 3. Salas multiuso 4. Centro de música

Imagem 36 - Planta do pavimento superior Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/924666/sescguarulhos-dal-pian-arquitetos>. Acesso em 02 nov. 2020

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Ágora Tech Park

Imagem 37 - Eixo central Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/924719/agora-tech-park-estudio-modulo>. Acesso em 02 nov. 2020

O caráter imponente não diminui a vivacidade do espaço, onde há confluência das pessoas indo e vindo nos dois eixos principais de circulação, interligados por passarelas transversais que são demarcadas pelo uso de madeira no piso e no forro.

O partido do projeto é pautado pela racionalidade em um edifício com sistemas construtivos simples e pré-fabricados, algo que colaborou para o rigoroso cumprimento do cronograma de quatro meses de projeto. A fachada principal revela o eixo articulador do projeto: um espaço central com pé direito triplo coberto por sheds, garantindo que o edifício funcione como pórtico de entrada para o omplexo Ágora Park, dermarcando o principal eixo do masterplan.

O predomínio da transparência nas fachadas e nas divisões internas possibilitam uma relação visual com o exterior para quem está sentado nos postos de trabalho, e uma visão do que acontece no interior do edifício para os visitantes e transeuntes.

Imagem 38 - Corte longitudinal Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/924719/agora-tech-parkestudio-modulo>. Acesso em 02 nov. 2020

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Escritorio: Estúdio Módulo

Localização: Joinville, SC

Ano: 2019

Área: 7.917m²

Imagem 42 - Fachada e acesso principal <https://www.archdaily.com.br/br/924719/agora-tech-park-estudiomodulo>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 39 - Planta do pavimento térreo <https://www.archdaily.com.br/br/924719/agora-tech-park-estudiomodulo>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 43 - Circulações verticais e horizontais <https://www.archdaily.com.br/br/924719/agora-tech-park-estudiomodulo>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 40 - Planta do 1º pavimento <https://www.archdaily.com.br/br/924719/agora-tech-park-estudiomodulo>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 44 - Distribuição dos ambientes <https://www.archdaily.com.br/br/924719/agora-tech-park-estudiomodulo>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 41 - Planta do 2º pavimento <https://www.archdaily.com.br/br/924719/agora-tech-park-estudiomodulo>. Acesso em 02 nov. 2020

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Nubank - Módulo Rebouças

Imagem 45 - Fachada do edifício Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/793645/modulo-reboucas-dal-pian-arquitetos>. Acesso em 02 nov. 2020

O átrio central garante dinamismo e proporciona ao usuários visão de tudo que acontece dentro do edifício.

O edifício desenvolvido para a sede física do banco digital Nubank conta com um programa que inclui 46 escritórios e um teatro. Está inserido em um terreno quadrado de esquina, e sua volumetria assume a forma de um cubo que é cortado por um grande vazio central que se repete em todos os pavimentos, configurando um jardim interno para o qual se voltam todas as circulações horizontais e verticais, a recepção e o foyer do auditório.

As fachadas são revestidas por um conjunto de caixilhos que alternam módulos envidraçados com vedações opacas em painéis de alumínio composto nas tonalidades de cinza e amarelo, enquanto o térreo possui vedações transparentes que o tornam permeavel e receptível.

Imagem 46 - Inserção urbana Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/793645/moduloreboucas-dal-pian-arquitetos>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 47 - Vista do átrio a partir do pavimento térreo Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/793645/moduloreboucas-dal-pian-arquitetos>. Acesso em 02 nov. 2020

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Escritório: Dal Pian Arquitetos Ano: 2016

Localização: São Paulo, SP Área: 6.019m²

Imagem 49 - Corte perspectivado Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/793645/moduloreboucas-dal-pian-arquitetos>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 48 - Átrio central Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/793645/moduloreboucas-dal-pian-arquitetos>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 50 - Implantação e pavimento térreo Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/793645/moduloreboucas-dal-pian-arquitetos>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 51 - Pavimento tipo 1 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/793645/moduloreboucas-dal-pian-arquitetos>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 52 - Pavimento tipo 2 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/793645/moduloreboucas-dal-pian-arquitetos>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 53 - Pavimento tipo 3 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/793645/moduloreboucas-dal-pian-arquitetos>. Acesso em 02 nov. 2020

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Casa Loft

Imagem 54 - Recepção com cores e identidade forte Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/944002/escritorio-casa-loft-its-informov>. Acesso em 02 nov. 2020

O projeto foi pensado para uma plataforma digital facilitadora de compra e venda de imóveis, com a proposta de ser marcante e inovador posicionamento físico da marca, materializando a experiência do digital em uma imersão da marca de forma acolhedora e humana. Reformou uma casa de térreo mais um pavimento e rooftop para receber novos volumes e novos percursos. Uma das premissas projetuais foi gerar a sensação de unidade e conexão entre os pavimentos. Foram utilizarados planos inclinados para definir os ambientes e guiar a circulação de maneira dinâmica, quebrando a ortogonalidade.

O programa inclui estações individuais e áreas de reunião no pavimento terreo, enquanto no superior existem áreas para os clientes além das cápsulas de reunião. Uma grande janela permite a vista da rua, bem como revela aos transeuntes um pouco do que acontece no interior do edifício.

Imagem 55 - Layout sala técnica Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/944002/escritorio-casaloft-its-informov>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 56 - Espaço de convivência (1º pavimento) Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/944002/escritorio-casaloft-its-informov>. Acesso em 02 nov. 2020

Uma faixa com iluminação zenital já indica a ocupação da cobertura, ponto final do percurso criado para a edificação, destinado aos encontros informais, contando com áreas de café e lounge.

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Escritorio: It's Informov

Localização: São Paulo, SP

Ano: 2020

Área: 925m² Imagem 58 - Opção de layout para eventos Disponível em: <https://www.archdaily.com. br/br/944002/escritoriocasa-loft-its-informov>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 57 - Planta do Pavimento térreo Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/944002/escritorio-casaloft-its-informov>. Acesso em 02 nov. 2020

Diversos mobiliários personalizados em madeira, metal e tela metálica expandida foram desenvolvidos para este projeto. Tudo isso cercado de muitas plantas, tanto em vasos distribuídos por todo o espaço, quanto incorporadas ao mobiliário. A fachada recebeu aplicação de um novo revestimento de alumínio branco vazado, garantindo unidade e alinhando a proposta com o conceito do projeto.

Imagem 59 - Planta do primeiro pavimento Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/944002/escritorio-casaloft-its-informov>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 60 - Planta do Rooftop Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/944002/escritorio-casaloft-its-informov>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 61 - Espaço de descompressão com mobiliário autoral Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/944002/escritorio-casaloft-its-informov>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 62 - Rooftop Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/944002/escritorio-casaloft-its-informov>. Acesso em 02 nov. 2020

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Casa Ventura

Imagem 63 - Fachada da Casa Ventura Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/943262/casa-venturaarquitetura-nacional>. Acesso em 02 nov. 2020.

Esta casa de veraneio no interior de um condomínio explora de maneiras distintas as relações visuais e de privacidade como elementos compositivos. No térreo, possui uma área social generosa, no pavimento superior, uma área íntima que permita o descanso. Os diferentes usos se refletem em fachadas que exploram o contraste entre a composição aberta do térreo e o grande volume único do pavimento superior, com aspecto mais tectônico.

de fechamento em GRC (Glass Reinforced Concrete) que pudesse criar um filtro entre o exterior e interior. O desenho dos mpodulos foi pensado de forma a direcionar a luz do dia de maneira rebatida ao interior, criando uma iluminação difusa e suave, sem perder a privacidade das áreas íntimas da casa. Nos dormitórios e no spa existem módulos pivotantes, permitindo uma maior abertura às visuais quando desejável. A sobriedade da paleta de materiais do interior busca valorizar o invólucro externo em GRC e os efeitos criados pela luz ao longo do dia nos espaços.

O escritório desenvolveu um módulo

Imagem 64 - Interior da sala de banho Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/943262/casa-venturaarquitetura-nacional>. Acesso em 02 nov. 2020.

Imagem 65 - Esquadria de vidro por trás dos painéis de GRC no quarto Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/943262/casa-venturaarquitetura-nacional>. Acesso em 02 nov. 2020

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Escritorio: Arquitetura Nacional Ano: 2020

Localização: Xangri-Lá, RS Área: 600m²

Imagem 66 - Planta do pavimento térreo Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/943262/casa-venturaarquitetura-nacional>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 67 - Planta do pavimento superior Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/943262/casa-venturaarquitetura-nacional>. Acesso em 02 nov. 2020

Imagem 68 - Corte CC Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/943262/casa-venturaarquitetura-nacional>. Acesso em 02 nov. 2020

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estudo de caso

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Análise do local de intervenção No intuito de enriquecer a experiência projetual, foi tomada a decisão de projetar um espaço corporativo com base em uma estrutura organizacional existente. Após algumas visitas a empresas da capital cearense, encontrou-se uma startup que valoriza seu capital humano e que se importa em fornecer um espaço de qualidade para seus funcionários através de pequenas iniciativas de melhoria, mas que funciona em instalações não muito adequadas para o exercício de suas atividades, sendo, portanto, passível de uma reforma. O primeiro passo para complementar o embasamento teórico e dar subsídios para a elaboração do projeto seria a realização de um diagnóstico bastante específico. O estudo da Ergonomia e das metodologias de levantamento ergonômico conduziram a pesquisa ao método da MEAC, Metodologia Ergonômica do Ambiente Construído, proposta por Villarouco (2007). A MEAC consiste em uma abordagem que estabelece uma relação entre fatores físicos e fatores psicológicos de percepção ambiental, observando como eles interagem entre si, para então compreender como o espaço físico pode influenciar o usuário, e como o usuário intervém no ambiente. Podese dizer, portanto, que se trata de uma pesquisa exploratória, qualitativa e descritiva que, por envolver muitos fatores, precisa se dividir em cinco etapas durante a sua execução.

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MEAC: Etapas Etapa 3 – Avaliação do Ambiente em Uso: estando a par de todas as características físicas do ambiente, o pesquisador passa a fazer observações sobre o ambiente em uso, e descrever, segundo a sua percepção, de que forma o espaço auxilia ou atrapalha as atividades que ali acontecem.

De acordo com VILLAROUCO (2007), a MEAC subdivide-se nas seguintes etapas: Etapa 1 – Análise Global do Ambiente: etapa de reconhecer o ambiente e coletar as informações iniciais, através de walkthrough, entrevistas iniciais e registros fotográficos. O objetivo é entender a relação ambienteusuário-atividade e identificar problemas que indiquem a demanda por uma intervenção ergonômica.

Etapa 4 – Percepção Ambiental do Usuário: nesta última etapa de levantamento de informações, o pesquisador se utiliza de ferramentas da psicologia ambiental para buscar entender as percepções que os usuários têm sobre o seu ambiente.

Etapa 2 – Identificação da Configuração Ambiental: realiza-se um levantamento físico mais aprofundado, medindo suas dimensões e seus níveis de ruído, iluminação e ventilação, além de mapear layout e fluxos de deslocamentos. Por fim, registra-se as observações a respeito dos postos de trabalho, materiais de revestimento, cores, e condições de segurança e acessibilidade. Com o levantamento em mãos, é possível fazer as primeiras hipóteses sobre a influência das condições do espaço físico para as atividades que ali acontecem.

Etapa 5 – Diagnóstico Ergonômico do Ambiente e Recomendações: o diagnóstico é feito após a junção e análise de todos os dados levantados, e resume a situação do estabelecimento e os problemas nele identificados, permitindo a proposição de mudanças para corrigi-los.

Imagem 69 - Equipamentos utilizados nas medições in loco A partir da esquerda 1.Luxímetro 2.Anemômetro 3.Termo higrômetro Fonte: acervo da autora.

Imagem 70 - Decibelímetro utilizado nas medições in loco Fonte: acervo da autora.

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Apresentação da empresa A metodologia foi aplicada no escritório de uma startup localizado no bairro Aldeota, situado em zona nobre da cidade de Fortaleza, Ceará. A empresa foi fundada no ano de 2015 e, inicialmente, atuava somente através de e-commerce, vendendo acessórios de celular personalizados. Seu crescimento aconteceu em ritmo acelerado, e, dentro de poucos anos, inaugurou quiosques e lojas físicas e expandiu sua cartela de produtos para a área têxtil, incluindo outros produtos customizados. No ano de 2019, já possui escritórios em São Paulo e na cidade de Amsterdã, na Holanda, além da sua sede principal em Fortaleza. A marca se propõe a conectar pessoas através de seus produtos e transformar idéias em objetos, através dos quais os seus clientes expressam o seu estilo de vida.

Imagem 71 - Exemplos de produtos da marca Fonte: reprodução da internet.

Dessa forma, o caráter descontraído e criativo de love brand* que a empresa possui se reflete nas pessoas que a compõem e na sua organização interna. Seu corpo de funcionários é composto por pessoas criativas e “desenroladas”, que trabalham reunidas em um mesmo ambiente, desde os estagiários até o CEO da empresa, que adota um modelo de escritório panorâmico. A coleta de dados foi realizada durante visitas ao escritório, através de entrevistas, medições e observações.

Imagem 72 - Exemplos de produtos da marca Fonte: reprodução da internet.

Imagem 73 - Plataforma de vendas online da marca Fonte: reprodução da internet.

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*Love Brand — amor à marca — é um termo criado em referência às marcas que se tornam essenciais na vida dos seus consumidores, ultrapassando a barreira da relação cliente/empresa, transformando seus clientes em fãs disposto a defender a marca e até a pagar mais caro pelo produto.


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Etapa 1: Análise global do ambiente A empresa está instalada em uma casa térrea de aproximadamente 900m² que passou por adaptações para se transformar em estabelecimento comercial. Funciona de segunda a sexta, em horários flexíveis, e possui 68 funcionários distribuídos nos setores: Ilustração, Growth, Conteúdo, User Experience, Brand Design, Produto, Costumer Experience, Marketing, Gente, Financeiro, TI e Engenharia.

No entanto, desde o princípio já era perceptível que as dimensões da sala não comportavam mais a quantidade de funcionários que ali trabalhavam, e que o fato de todos trabalharem juntos prejudicava a concentração e a circulação, por conta dos ruídos e bagunça em excesso, gerando uma demanda muito específica da empresa: a criação da “sala do foco”, local usado pelos funcionários quando precisam se isolar. Também pretendem criar uma sala para realização de vídeo chamadas, uma vez que muitas de suas reuniões acontecem à distância.

Todos os funcionários trabalham no mesmo ambiente, uma sala de 180 m² organizada em um arranjo físico composto por 70 postos de trabalho agrupados em dez ilhas de acordo com os setores da empresa.

O edifício se distribui, atualmente, nos seguintes principais ambientes: recepção, sala técnica, quatro salas de reunião, sala do foco/pequena biblioteca, sala de produção de conteúdo, áreas de serviço, como copa e banheiros, e uma área externa reservada para convivência.

A percepção inicial foi de um ambiente muito harmonioso e com intervenções criativas que revelam um cuidado por parte dos gestores com a qualidade do espaço.

SALA TÉCNICA

Imagem 74 - Planta da edificação Fonte: produzida pela autora.

Imagem 75 - Planta da edificação com destaque para a sala técnica Fonte: produzida pela autora.

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1

2

5

1

2

5


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Imagem 76 - Interior da sala tĂŠcnica Fonte: acervo da autora.

Imagem 77 - Interior da sala tĂŠcnica Fonte: produzida pela autora.

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Etapa 2: configuração ambiental Ambiente luminoso: existem três janelas que ficam permanentemente fechadas por cortinas, sem entrada de luz natural. O espaço conta, portanto, somente com iluminação artificial na cor branco frio, aparentemente uniforme por toda a sala, exceto por uma região onde a luz é azulada. Com o auxílio de um luxímetro, foram realizadas medições dos níveis de iluminação nos planos de trabalho das mesas, nos pontos indicados na imagem abaixo, e os valores obtidos foram comparados à Norma de Higiene Ocupacional nº11 NHO 11, da FUNDACENTRO, que estabelece iluminamento mínimo de 500 lux para escritórios. Verificou-se que todos os pontos medidos estavam abaixo do mínimo estabelecido pelas exigências normativas.

ILUMINAÇÃO

Imagem 78 - Temperaturas de cor: iluminação da sala técnica Fonte: autora.

LOCAL

VALOR (em lux)

A

235.0

B

49.0

C

79.0

D

167.0

E

189.2

F

150.0

G

40.0

H

292.0

I

348.0

J

220.0

K

330.0

L

34.0

Quadro 01 - Valores de iluminação aferidos pelo luxímetro. Fonte: produzido pela autora.

Imagem 79 - Planta da edificação com pontos de medição da iluminação Fonte: produzida pela autora.

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Ambiente térmico: o espaço é climatizado, não utiliza suas aberturas para ventilação natural, pois suas janelas ficam sempre fechadas. Possui climatização artificial por meio de 5 aparelhos de ar condicionado do tipo split.

Os pontos mais frios são A, B e C, situados em frente aos aparelhos de ar condicionado, enquanto o ponto D, próximo à janela, registrou a maior temperatura da sala, em uma variação significativa de 1.6ºC. Foram encontrados vários agasalhos pela sala, indicando a presença de diversos usuários em desconforto com a temperatura do ambiente.

Com o intuito de averiguar os valores médios de temperatura, umidade e velocidade do ar, foram realizadas medições em 6 pontos, usando um termo higrômetro e um anemômetro nos pontos ilustrados na imagem abaixo.

Comparando os resultados obtidos com a legislação vigente, verificou-se que todos os pontos atendem à umidade mínima de 40%, enquanto a temperatura de alguns pontos está acima da faixa de 20ºC a 23ºC, valores estabelecidos pela Norma Regulamentadora Nº17 - NR17. VELOCIDADE DO AR (m/s) MÁXIMA MÍNIMA

PONTO

TEMPERATURA (em ºC) BULBO SECO

UMIDADE DO AR

A

23.4ºC

62%

0.89

0.22

B

22.8ºC

63%

0.44

0.04

C

23.8ºC

63%

0.84

-

D

25.2ºC

59%

-

-

E

25.4ºC

58%

-

-

F

24.5ºC

61%

-

-

Quadro 02 - Valores aferidos pelo termômetro e anemômetro Fonte: produzido pela autora.

Imagem 80 - Planta da edificação com pontos de medição Fonte: produzida pela autora.

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Ambiente acústico: por se tratar de um ambiente ocupado por em média 60 pessoas simultaneamente, o alto nível de ruído é um problema que incomoda os usuários do espaço. Em muitos postos de trabalho foi observada a presença de fones de ouvido, que são usados pelos mesmos para se isolar do ruído do ambiente e manter a concentração necessária para trabalhar.

Observando a tabela e comparando-a com os parâmetros da ABNT NBR 10152, que trata dos níveis de ruído para o conforto acústico, é possível perceber que as médias estão próximas ao limite de 65 dB estipulados pela norma, e que os valores encontrados pelo decibelímetro ultrapassaram esse limite em diversos momentos, indicando excesso de ruído em comparação à quantidade ideal para ambientes de escritório, que necessitam de silêncio para possibilitar melhor concentração e desempenho dos usuários.

Com o auxílio de um decibelímetro foram medidos os decibéls em dois pontos da sala, na altura da zona auditiva de uma pessoa.

ACÚSTICA PONTO A

PONTO B

MÁX

MÍN

MÁX

MÍN

69.2

57.6

67.2

57.7

72.1

58.8

69.3

59.0

65.2

54.1

70.3

61.7

71.1

56.7

71.1

56.0

63.9

55.7

63.6

57.6

70

59.2

66.1

58.8

70.4

57.7

62.8

55.3

70.4

58.1

63.1

56.0

71.4

53.8

64.6

56.0

71.3

57.3

62.6

56.3

MÉDIA 70 dB

MÉDIA 56.9 dB

MÉDIA 66.07 dB

MÉDIA 57.44 dB

MÉDIA FINAL PONTO A: 63.45 dB

MÉDIA FINAL PONTO B: 61.75 dB

Quadro 03 - Valores aferidos pelo decibelímetro Fonte: produzido pela autora.

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Acessibilidade: é perceptível a olho nu que o estabelecimento está em desacordo com a norma de acessibilidade ABNT-NBR 9050 desde a entrada, onde há um degrau na porta da recepção. Em seu interior existem também pequenos desníveis, e não há presença de rampa em nenhum local. Considerando-se o módulo de referência para acessibilidade de 0,80 x 1,20m, estabelecido pela norma, as circulações são estreitas. Por fim, não existe sinalização podotátil, bem como não possui banheiros acessíveis.

Materiais de revestimento: o piso predominante é uma cerâmica 30x30cm, com carpete em alguns espaços; o teto, em forro de gesso, apresenta falhas e rasgos fechados de maneira improvisada com cartolina branca; nas paredes predominam pinturas brancas, exceto por alguns painéis artísticos coloridos e por uma parede revestida de tijolinhos brancos; o mobiliário é todo em MDF e MDP. A estética do ambiente é bastante neutra, com alguns pontos de cor nas paredes pintadas de acordo com as cores da marca. Segurança: o ambiente apresenta risco de acidentes causados pelas suas instalações elétricas, devido aos diversos fios espalhados no chão e embaixo das mesas. Há também risco de de quedas devido aos desníveis que existem no ambiente. O excesso de móveis, produtos e caixas espalhadas pelo chão provoca não somente risco de quedas, como também dificulta a rota de fuga em casos de incêndio e sinistro.

FORRO DE GESSO

OBJETOS ESPALHADOS PELO CHÃO

Imagem 81 - módulo de referência para acessibilidade Fonte: ABNT - NBR 9050 (2015)

CARTOLINA

CERÂMICA 30x30

CARTOLINA

FIAÇÃO EXPOSTA

OBJETOS ESPALHADOS PELO CHÃO

Imagens 82 a 84: interior da sala técnica Fonte: acervo da autora.

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CIRCULAÇÃO ESTREITA

PISO EM CARPETE


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Etapa 3: avaliação do ambiente em uso Utilizando modelos antropométricos de referência (imagem 85), foi possível realizar uma análise dos principais fluxos e deslocamentos realizados no interior da sala, considerando seu arranjo espacial e avaliaçando a qualidade dessas circulações. O processo consistiu na sobreposição dos modelos antropométricos sobre a planta de layout do ambiente, em escalas de proporções reais, com auxílio do software AutoCAD. Os modelos antropométricos escolhidos são baseados nas medidas adultas masculinas sugeridas por PANERO & ZELNIK (2008).

Outro ponto observado é a grande quantidade de circulações sem saída, corredores onde a pessoa deve entrar e sair passando pelo mesmo local, algo que deve ser evitado, não so pelo risco de esbarros entre pessoas andando em sentidos opostos, como também em virtude do distanciamento social, que passou a ser necessário após o surgimento da pandemia do novo Coronavírus no ano de 2020.

Os modelos pintados na cor verde representam circulações adequadas - isto é, com mais de X, os amarelos representam circulações que necessitam de atenção, e os vermelhos representam circulações de risco (Figura 36). Conforme o gráfico 01 comprova, as circulações adequadas predominam em 71.9% do ambiente. No entanto, oculta o fato de que todas as circulações se tornam arriscadas devido a outros fatores além do layout, como os desníveis e os objetos espalhados pelo chão, resultantes da falta de espaço para acomodá-los.

Imagem 85: Modelos antropométricos Fonte: Produzido pela autora

Imagem 86: Principais fluxos da sala técnica Fonte: Produzido pela autora

1

60

2

5

1

2

5


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Gráfico 04: Percentuais da qualidade das circulações Fonte: Produzido pela autora

Imagem 87: Avaliação qualitativa dos fluxos de deslocamento Fonte: Produzido pela autora

1

61

2

5

1

2


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Etapa 4: Percepção ambiental dos usuários Ao final das três etapas iniciais, onde foram registradas as observações do ponto de vista do pesquisador, inicia-se o momento de estudar as percepções dos usuários do espaço através de uma ferramenta da Psicologia Ambiental desenvolvida por EKAMBI-SCHMIDT (1974) e aplicada no método MEAC, de VILLAROUCO (2008), denominada Constelação de Atributos. Esta ferramenta gera modelos gráficos que permitem identificar e qualificar atributos ligados à percepção do ambiente. O método prevê duas perguntas fundamentais, a primeira espontânea: acerca do espaço imaginário(subjetivo), e outra induzida, para o espaço real (objetivo), e as respostas são compiladas agrupando significados e afinidades geradas.

as respostas foram compiladas e classificadas pela frequência de aparecimento, gerando os gráficos 02 e 03, e em seguida transformadas nos gráficos 04 e 05, que ilustram a distância psicológica dos atributos, relacionando-os à percepção de conforto dos usuários, isto é: quanto mais perto um atributo está do centro, mais vezes foi mencionado pelos entrevistados, indicando que está mais presente nas percepções de conforto dos usuários. O gráfico 05 revela que os funcionários percebem o seu ambiente de trabalho como um local agradável pelo seu clima organizacional, porém desconfortável devido a características físicas como desorganização e excesso de ruído. Analisando agora o gráfico 04, que se refere a um ambiente de escritório imaginário, percebe-se que foram mencionadas principalmente características como organização, conforto e mobiliário ergonômico, que correspondem às maiores dores do espaço real, o que significa que os usuários se lembraram primeiro daquilo que lhes faz falta.

Com o auxílio de um formulário online, foram obtidas 40 respostas para as seguintes perguntas: “quando pensa em um ambiente de escritório, quais imagens vêm à sua mente?” e “quando pensa no escritório da empresa, quais imagens vêm à sua mente?” Por meio do software Constelação de Atributos, idealizado pelo professor Prof. Dr. Carlos A. C. Niemeyer e desenvolvido na UNICAMP - Univesidade Estadual de Campinas, Distribuição das categorias

Distribuição das categorias DESCONTRAÍDO

DESCONTRAÍDO FORMALIDADE

COLABORATIVO

DINÂMICO

MOTIVADOR

COLABORAÇÃO

EQUIPE

CRIATIVO

FOCO

INFORMAL

CONFORTO

POUCO ESPAÇO

PRODUTIVIDADE ILUMINAÇÃO

DESCONFORTÁVEL

SILÊNCIO

CONDICIONAMENTO DE AR

SEM CONTATO COM ELEMENTOS NATURAIS

ESPAÇO AMPLO

PRESENÇA DE ELEMENTOS NATURAIS

INSEGURO (ACIDENTES)

VISTA DO EXTERIOR

CHEIROSO

LAYOUT FACILITA COMUNICAÇÃO (BEM DISTRIB ...

REPRESENTAÇÃO DA MARCA

MAL PLANEJADO/AMBIENTE IMPROVISADO

MOBILIÁRIO (MESA, CADEIRA)

DESORGANIZADO

CORES SÓBRIAS

COLORIDO

EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS

ORGANIZAÇÃO

0

LIMPEZA

2

4

6

8

10

12

14

Ocorrências

ESPAÇO COMPARTIMENTADO

ÁREAS DE CONVIVÊNCIA

LOCAL PARA DESCANSO

CLIMA ORGANIZACIONAL

LOCALIZADO EM EDIFÍCIO (TORRE)

0

2

4

6

8

10

12

CONDICIONANTES AMBIENTAIS MANUTENÇÃO

14

ESTÉTICA

FUNCIONALIDADE

PROGRAMA

Ocorrências

CLIMA ORGANIZACIONAL

CONDICIONANTES AMBIENTAIS

INFRAESTRUTURA

ESTÉTICA

MANUTENÇÃO DO ESPAÇO

FUNCIONALIDADE DO AMBIENTE PROGRAMA

Gráfico 05: Atributos de um escritório imaginário Fonte: Produzido pela autora em http://www.fec.unicamp.br/

Gráfico 06: Atributos do escritório real estudado Fonte: Produzido pela autora em http://www.fec.unicamp.br/

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INFRAESTRUTURA


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Constelação de Atributos referente ao ambiente imaginário CLIMA ORGANIZACIONAL

CONDICIONANTES AMBIENTAIS

ESTÉTICA

FUNCIONALIDADE DO AMBIENTE

INFRAESTRUTURA

MANUTENÇÃO DO ESPAÇO

PROGRAMA

Gráfico 07: Constelação de atributos de um escritório imaginário Fonte: Produzido pela autora em http://www.fec.unicamp.br/

Constelação de Atributos referente ao ambiente real CLIMA ORGANIZACIONAL

CONDICIONANTES AMBIENTAIS

ESTÉTICA

FUNCIONALIDADE

INFRAESTRUTURA

MANUTENÇÃO

PROGRAMA

/

Gráfico 08: Constelação de atributos do escritório real estudado Fonte: Produzido pela autora em http://www.fec.unicamp.br/

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Etapa 5: Diagnóstico e recomendações Diagnóstico:

simultaneamente, fato que causa dificuldade de concentração e perda da privacidade dos funcionários.

Após o levantamento de informações físicas e psicológicas, o diagnóstico conclui que o ambiente não oferece as condições ideais de trabalho e produtividade para os funcionários da empresa. Em primeiro lugar, não comporta a quantidade de pessoas que abriga, nem em suas dimensões, nem em suas condições acústicas.

A falta de espaço resulta no uso de mobiliários inadequados, que não comportam todos os pertences dos usuários, os quais ficam espalhados no piso e nas mesas, causando sensação de desorganização se tornam obstáculos na circulação. A presença de muitos fios espalhados e de muitos desníveis também comprometem a circulação e causam risco de acidente.

A iluminação, considerada insuficiente pelas normas vigentes, é considerada excessiva pelos funcionários, os quais trabalham em computadores durante todo o expediente. Essa discrepância indica que o problema não está no nível de luminância, mas do tipo de iluminação, que está inadequado e em temperatura de cor errada, causando ofuscamento e cansaço visual.

Esteticamente, a arquitetura não reflete a personalidade da marca, e mesmo com algumas intervenções criativas no espaço, a sua desorganização o polui visualmente, impedindo a apreensão da identidade do lugar. Estas condições ambientais do espaço físico não combinam com o modelo de gestão de pessoas da empresa, muito cuidadoso com os detalhes e empenhado em promover o bem-estar e a integração da sua equipe. Diante dos fatos apresentados, faz-se necessária uma proposta de recomendações para adaptações do espaço de modo que ele reflita melhor a identidade e os valores da empresa.

A temperatura do ar não é igualmente distribuída por toda a sala, deixando alguns pontos mais quentes e outros mais frios, e o mau posicionamento dos aparelhos de ar condicionado incomoda alguns postos de trabalho. Não existe nenhum tratamento acústico em uma sala que abriga dezenas de funcionários trabalhando e conversando

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Recomendações:

-Adoção de revestimentos e elementos que corrijam os problemas acústicos, absorvendo o som e diminuindo seu tempo de reverberação;

Como o estudo foi feito para dar subsídios de diagnóstico a um projeto arquitetônico, as recomendações serão utilizadas como diretrizes projetuais. Para promover melhoria das condições ergonômicas, utilizando a metodologia MEAC, sugere-se:

-Adoção de uma iluminação mais indireta e suave, com temperaturas mais quentes, e possibilidade de controle do usuário através de iliminações individuais e dimerizadas em cada posto de trabalho;

-Reforma para viabilizar melhor distribuição dos ambientes e ampliação da sala técnica, fazendo caber mesas maiores e com gavetas e armários suficientes para acomodar todos os pertences dos usuários, organizando a sala;

-Instalação de aparelhos de ar condicionado central no forro (chiller e fan coil), que não atinjam diretamente nenhum posto de trabalho e priorizem a renovação de ar; -Embutir fiação elétrica e instalar tomadas em cima de todas as mesas, evitando fios soltos no chão;

-Criação de uma circulação alternativa por fora da sala técnica, evitando a passagem de pessoas que não estejam trabalhando;

-Instalação de extintores e definição da rota de fuga;

-Ajuste do layout, removendo obstáculos das circulações, tornando-as seguras e acessíveis; nivelamento de pisos, e adoção de rampas;

-Uso de decoração e revestimentos que representem a identidade da marca.

-Criação de espaços semi privativos para os setores, com uso de painéis retráteis que permitam seu eventual fechamento sem ter que compartimentá-los completamente;

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proposta projetual

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Resgate do processo e apresentação do projeto Com o objetivo de elaborar um projeto baseado na estrutura organizacional de uma empresa existente, incorporando as novas formas de trabalhar e enfatizando a experiência do usuário, foi traçada uma breve análise crítica da história dos escritórios, seguida por uma apresentação das principais questões que envolvem a produção desses ambientes no século XXI e as diversas ferramentas que podem e devem ser utilizadas para agregar conteúdo e essência ao fazer arquitetônico.

condicionam a jornada de trabalho dos colaboradores da empresa estudada, identificando as suas principais dores. O cruzamento da análise crítica com o diagnóstico aprofundado possibilitou a elaboração de um novo projeto que desconsidera a edificação original para desenvolver de maneira integral premissas muito claras e fortes, que vão de encontro ao conceito denominado office-home. O resultado é uma edificação flexível, dinâmica em sua ocupação e porosa aos ventos que deixa a compartimentação por conta de painéis e divisórias retráteis, oferecendo diversas possibilidades de conformação e reorganização interna. As diversas possibilidades estendem-se também à proposição de ambientes variados de trabalho, que garantem ao usuário mobilidade e liberdade para se afastar da estação convencional quando necessário.

Para dar embasamento à proposta, foram apresentados alguns conceitos que relacionam arquitetura, emoções humanas e percepções ambientais, e, inserido dessa temática, realizou-se um levantamento ergonômico em uma empresa startup, o qual levou em consideração diversos aspectos físicos e psicológicos que

67


GSEducationalVersion

Localização do terreno e legislação incidente O desenvolvimento do projeto se dará no mesmo terreno onde a empresa funciona atualmente, um lote com 853,27m² de área, sendo 17.25m de testada por 50.35m de fundo, e apenas uma face voltada para a rua. Está localizado em uma via de intenso fluxo de veículos na Aldeota, um bairro nobre de Fortaleza que tem uma grande concentração de comércio e serviços, além de fácil acesso a transporte. De acordo com o sistema de classifiação viária municipal, está localizado em uma via Arterial tipo II, que permite o uso do terreno para edificações de escritório. De acordo coma Lei Complementar nº236 de 11 de Agosto de 2017 (Fortaleza, 2017), que estabelece o parcelamento, uso e ocupação do solo, o lote está inserido em uma ZOC - Zona de Ocupação Consolidada, a qual "caracteriza-se pela predominância da ocupação consolidada, com focos de saturação da infraestrutura; destinando-se à contenção do processo de ocupação intensiva do solo" (FORTALEZA, 2017), e que tem como índices urbanísticos:

Taxa de ocupação

60%

Taxa de ocupação do subsolo

60%

Taxa de permeabilidade

30%

Índice de aproveitamento: Mínimo

0,2

Básico=máximo

2,5

Recuo de frente:

10,00m

Recuo lateral:

3,00m

Recuo de fundo:

3,00m

A decisão de demolir a edificação existente se justifica pelas limitações que ela implicaria à aplicação das recomendações fornecidas pelo estudo de caso, visto que se trata de uma residência sem valor histórico que já teve sua forma original totalmente descaracterizada por reformas que a adaptaram para o funcionamento de estabelecimentos comerciais. No entanto, a implantação da nova edificação preserva a vegetação pré-existente: duas árvores e uma palmeira. ZEDUS

ZEIS 3

ZEDUS

ZOC

ZEIS 1 ZEIS 1

ZOM 1 ZRA

Imagem 88: Localização do terreno Fonte: Produzido pela autora.

Imagem 89: Zoneamento e inserção do terreno na zona Fonte: Produzido pela autora.

Imagem 90: Fachada da edificação existente. Fonte: Acervo da autora.

Imagem 91: Fachada da edificação existente. Fonte: Acervo da autora.

68

ZPA 1


GSEducationalVersion

Programa de necessidades Áreas de trabalho 1. Recepção 2. Showroom de produtos 3. Sala técnica (estações de trabalho) 4. Sala do foco 5. Salas de call 6. Salas de reunião 7. Espaços de reuniões informais 8. Estúdio de fotografia

O programa de necessidades foi pensado a partir do diagnóstico e levou em consideração os ambientes existentes e os que seriam necessários para dar qualidade às atividades realizadas. Ficou bastante clara a presença de demandas muito específicas que derivam da organização das startups: o excesso de ruídos da sala compartilhada faz surgir, por exemplo, a sala do foco, pensada para os usuários que precisem se recolher em momentos de concentração.

Convivência e refeições 9. Espaço de descompressão 10. Espaços instagramáveis - distribuídos pelos ambientes de convivência 11. Rooftop 12. Bar (associado ao rooftop) 13. Copa e café (integrados à sala técnica) 14. Apoio para crianças 15. Deck com redário

A comunicação com fornecedores, funcionários remotos e escritórios de outras cidades justifica a criação de uma sala reservada para realização de videoconferências, chamada sala do call. A produção de conteúdo fotográfico para alimentar o site e as redes sociais, principais vitrines da empresa, dá origem a um pequeno estúdio de fotografia, que é complementado por outros espaços instagramáveis* espalhados pelos pavimentos, criando diversos cenários para a elaboração de conteúdos diferentes.

Armazenamento e serviço 16.Estoque de produtos devolvidos/não aprovados 17. Sala de CFTV 18. Banheiros masculino, feminino e acessível. 19. Depósito de material de limpeza (DML)

O clima organizacional descontraído pede um espaço de convivência adequado para as frequentes festas e happy hours que acontecem na empresa, materializado no rooftop e complementado por decks e espaços de descompressão e relaxamento distribuídos pelos demais pavimentos. Levando em consideração que o corpo de funcionários é majoritariamente jovem, em idade reprodutiva, sugere-se um ambiente de apoio para que pais e mães eventualmente levem as crianças enquanto cumprem seu expediente, conciliando vida familiar e trabalho.

*Espaços instagramáveis são ambientes criados para compor cenários de fotos para os usuários do espaço, que podem compartilhar os cliques com seus seguidores na rede social Instagram. Valorizam a composição estética do ambiente, boa iluminação para fotografias, aplicando cores e objetos que dialogam com o propósito do lugar, entregando uma experiência completa para os usuários.

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Processo criativo O processo foi iniciado a partir da elaboração de uma malha, com módulo arquitetural de 1.20 x 1.20, que atende bem o dimensionamento de circulações e para o mobiliário. O segundo passo foi a opção pelo uso de estrutura pré moldada: pilares e vigas metálicos com seção em H e laje steel deck. Os vãos da estrutura são sempre derivados do módulo arquitetônico, resultantes do agrupamento de 3, 4 ou até 5 módulos, atingindo o vão máximo de 6 metros, a partir do qual as vigas foram pré dimensionadas com altura de 30cm.

4.80m

1.20m

1.20m

6.00 m

Em seguida, a organização da edificação em torno de um átrio onde está inserido o bloco de circulação vertical, sucedida pelo posicionamento do módulo de banheiros que se repete em todos os pavimentos, resolvendo também os shafts para dutos de ar-condicionado e instalações hidráulicas, centralizando tudo em um só lugar, de modo a racionalizar o edifício.

Edifício

Átrio central Circulação vertical Torre de banheiros e instalações

O vazio central facilita o fluxo do vento, resfria o ambiente e favorece a renovação do ar para um edifício mais confortável e saudavel.

Percurso das instalações nos pavimentos

Em relação aos condicionantes ambientais, as duas maiores fachadas do edifício estão orientadas para Leste e Oeste, seguindo a mesma orientação solar do terreno. Por este motivo, os ambientes de curta permanência e itens como nichos para sofá e outros elementos que aumentem a espessura da parede foram posicionados na porção oeste, resfriando as paredes internas e reduzindo a quantidade de calor que adentra o ambiente.

Posteriormente, a inserção do layout nos pavimentos, considerando os fluxos de circulação durante a rotina de trabalho. A ausência de vedações internas fixas passa a responsabilidade da divisão dos espaços para o mobiliário, que assume papel importante na formatação de ambientes versáteis.

70


GSEducationalVersion

Imagem 92: Croquis do processo criativo Fonte: Acervo da autora.

Imagem 93: Fluxograma elaborado para concepção da espacialização do programa Fonte: Acervo da autora.

71


GSEducationalVersion

Escaneie este QR Code para um passeio em forma de vĂ­deo pelo interior do edifĂ­cio.

Imagem 94: Perspectiva da fachada do projeto Fonte: Produzido pela autora.

72


SUBSOLO

ÁREA DO TERRENO

853, 27 m²

PAVIMENTO TÉRREO

317,53 m²

ÁREA COBERTA

405,83 m²

PRIMEIRO PAVIMENTO

320,18 m²

ÁREA PERMEÁVEL

256,77 m²

SEGUNDO PAVIMENTO

359,35 m²

TAXA DE OCUPAÇÃO

ROOFTOP

239,88 m²

TAXA DE PERMEABILIDADE

ÁREA TOTAL CONSTRUÍDA

ÍNDICE DE APROVEITAMENTO

1.617,68 m²

47,5% 30,09% 1,89

B

V4

ACESSO VEÍCULOS

3,15

3,00

N

GSEducationalVersion

QUADRO DE ÁREAS

20,00 %

LAJE IMPERMEABILIZADA

A

3,15

37,20

LAJE IMPERMEABILIZADA

3,30

3,00

ACESSO PEDESTRES

A

CHILLER

17,25

LAJE IMPERMEABILIZADA CAIXA D'ÁGUA

10,80

10,00

V1

V3

3,00

10,00

B

50,35

V2

1

IMPLANTAÇÃO E COBERTA Escala: 1:200

73


GSEducationalVersion

Imagem 95: Rampa de acesso à edificação Fonte: Produzido pela autora.

Imagem 96: Rampa de acesso à edificação Fonte: Produzido pela autora.

74


GSEducationalVersion

Aproveitando a escavação necessária para a inserção das fundações, optou-se pela criação de um estacionamento subsolo com 8 vagas e um bicicletário, liberando a frente do terreno que antes era ocupada por vagas. A empresa adota uma dinâmica de aluguel mensal em estacionamentos vizinhos para compensar o número limitado de veículos que o terreno comporta, mas tem o objetivo de estimular o uso de modais alternativos. O gráfico ao lado, com base nas respostas de 40 funcionários a um questionário complementar (modelo disponibilizado no apêndice) ilustra os principais modais utilizados atualmente pelos colaboradores no deslocamento até o trabalho. O edifício foi elevado em 50cm a fim de reduzir a profundidade da escavação, e o vão resultante foi vedado por cobogós que promovem a ventilação e a iluminação do subsolo, complementando o átrio central da edificação que parte do subsolo até o último pavimento.

Gráfico 09: Meios de transporte dos colaboradores Fonte: Produzido pela autora

75


B

29,50

12,50

0,30

3,70

0,30

7

8

5,10

20,00 %

S

N

0,30 0,60

4,35

02

8 7

A

7,50

1

S

5

17,25

01

6 5 4 3 2 1

A

02

V1

V3

6

D

GSEducationalVersion

V4

01. ร trio 02. Estacionamento 03. Bicicletรกrio

3,15

0,30

2

4

3

03

0,30

5,00

5,45

5,00

5,00

5,45

5,00

0,30

14,65

50,35

B

4,20

V2

1

PLANTA - SUBSOLO 1:200

76


Imagem 97: Espaço de descompressão e deck Fonte: Produzido pela autora.

desconstruído e que fosse utilizado com frequência, não somente na ocasião da presença de crianças. A partir disso, surgiu a ideia de integrar os dois ambientes, acrescentando também uma pequena área de trabalho próxima pensada para receber aqueles que eventualmente precisem se dividir entre as atividades do trabalho e a supervisão dos filhos.

Logo ao adentrar o edifício, o usuário passa pela recepção e por um showroom de produtos pensado não somente para apresentação da carta de produtos da empresa a eventuais visitantes e parceiros, como também para visualização diária pelos colaboradores, reforçando sua motivação ao ver o produto de seu trabalho. Em seguida, um espaço de descompressão e convivência equipado com pebolim, tênis de mesa, videogame e diversos assentos para momentos breves de relaxamento durante o expediente, podendo servir também de apoio para crianças que eventualmente sejam levadas pelos pais ao trabalho, considerando que o corpo de funcionários é bastante jovem, em idade reprodutiva, e que as famílias contemporâneas costumam enfrentar dificuldades para conciliar carreira e filhos. A ideia principal foi criar um espaço

Uma arquibancada versátil localizada na ponta do átrio alterna-se entre os papéis de auditório para reuniões gerais e de espaço de convivência integrado à descompressão, interligando verticalmente o espaço de lazer com o espaço de reuniões informais. Existem, ainda, dois decks anexos que funcionam como uma extensão ao ar livre do espaço de descompressão, possibilitando contato com a natureza e relaxamento.

77

GSEducationalVersion


B

3,15

N

20,00 %

08

04 S

6 5 4 3 2 1

2 3

17,25

02

A

5 4 3 2 1

A

01

4,80

09

V1

S

V3

1

10

03

3,00

ACESSO VEÍCULOS

05

D S

10

ACESSO PEDESTRES

I = 8,33%

05

07

07 12

3,00

1,20

4,80

6,00

4,80

4,80

6,00

4,80

14,80

50,35

B

0,15

3,30

D

06

11

3,00

D

GSEducationalVersion

V4

12 2,00 2,00

V2

1

PLANTA - PAVIMENTO TÉRREO

1:200

78

01. Átrio 02. Recepção 03. Showroom 04. Descompressão 05. Deck 06. Espaço kids 07. Jardim 08. Sacada 09. Sanitário acessível 10. Sanitário masculino 11. Sanitário feminino 12. Abrigo de resíduos (reciclável e comum)


GSEducationalVersion

Imagem 98: Recepção e convivência no térreo Fonte: Produzido pela autora.

Imagem 99: Área de trabalho próxima ao espaço kids Fonte: Produzido pela autora.

79


GSEducationalVersion

Imagem 100: Área técnica do primeiro pavimento Fonte: Produzido pela autora.

A proposta de uso para o primeiro pavimento é de um ambiente de trabalho mais informal, ruidoso e coletivo, favorecendo a flexibilidade cognitiva. Por este motivo, conta com um aparato que facilita reuniões informais contendo lousas, balcões e espaços abertos para pequenas reuniões. Possui 34 estações de trabalho dispostas em duplas ou em grupos maiores, facilitando a comunicação entre os times. Em meio às estações, um vazio central de pédireito duplo no térreo proporciona permeabilidade visual entre a recepção e esta primeira sala técnica. Em alguns espaços de respiro em meio às estações de trabalho, foram dispostas ilhas de impressão, de armazenamento de material de escritório e de apoio para café, itens relacionados a atividades comuns a todos os setores, que estão dispostos espalhados pela sala para estimular a circulação e a movimentação física.

80


0,15

B

3,00

N

20,00 %

03 S

BB

S

A

AA

S

5 4 3 2 1

06 D

ESTAÇÃO CAFÉ

ESTAÇÃO IMPRESSÃO

LAJE IMPERMEABILIZADA

4,80

6,00

4,80

4,80

6,00

4,80

4,80

50,35

B

1,20

01. Átrio 02. Sala técnica 03. Reuniões informais 04. Sanitário acessível 05. Sanitário masculino 06. Sanitario feminino 07. Sacada

3,00

D

07

0,15 3,00

17,25

02

3,30

A

01

4,80

04

V3 V1

V3

05

3,00

07

ESTAÇÃO ARMÁRIOS

D

GSEducationalVersion

V2 V4

10,00

2,00 2,00

V1 V2

1

PLANTA - PRIMEIRO PAVIMENTO 1:200

81


Imagem 101: Sala técnica e salas de reuniões Fonte: Produzido pela autora.

O segundo pavimento foi concebido para um trabalho mais concentrado e silencioso. Possui um espaço de estar situado em frente à circulação vertical, com uma estante que demarca o início de uma sala técnica mais privativa e silenciosa, que pode ser completamente fechada por portas de vidro de correr, garantindo que só adentrem na sala as pessoas que estão em momento de trabalho. No interior dessa sala técnica, três salas de reuniões vedadas por painéis camarão isolados acusticamente que podem ser recolhidos, permitindo diversas conformações e até mesmo integração das três salas de reunião com a técnica, criando um grande salão multiuso que pode receber eventos, onde o estar da frente funcionaria de recepção.

A proximidade com o rooftop sugere o espaço multiuso para cerimônias formais e o rooftop para as comemorações e happy hours posteriores aos eventos. Ao longo do eixo longitudinal da fachada Oeste foram inseridas quatro salas para foco, videochamadas e pequenas reuniões privativas, todas isoladas acusticamente. Uma generosa e equipada copa localizada em frente aos banheiros recebe confortavelmente os usuários na hora das refeições, assemelhando-se ao layout de uma cozinha de casa, trazendo aconchego.

82

GSEducationalVersion


02

03

Opção de layout com salas de reunião integradas

N

3,00 0,15

B

V4

20,00 %

06

04

04

04

04

10

3,00

4,80

6,00

4,80

4,80

6,00

4,80

4,80

50,35

B

1,20

03. Salas de reuniões 04. Salas de foco e call 05. Copa 06. CFTV 07. Estúdio de fotografia 08. Estoque / apoio 09. Sanitário acessível 10. Sanitário masculino 11. Sanitario feminino

3,30

LAJE IMPERMEABILIZADA

3,00

17,25

S

08

0,15

01. Átrio

A 02. Sala técnica

5 4 3 2 1

05

11

03

4,80

02

01

V1

V3

09

A

3,00

07

D

GSEducationalVersion

20,00 %

10,00

2,00 2,00

V2

1

PLANTA - SEGUNDO PAVIMENTO 1:200

83


GSEducationalVersion

Imagem 102: Hall de acesso à sala técnica fechada do 2º pavimento Fonte: Produzido pela autora.

Imagem 103: Copa e salas do foco Fonte: Produzido pela autora.

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GSEducationalVersion

Imagem 104: Perspectiva aérea do rooftop Fonte: Produzido pela autora.

Um espaçoso rooftop coroa elegantemente o edifício, pensado para ser palco das frequentes confraternizações e festas que acontecem na empresa, assim como para ser frequentado durante a rotina como segundo espaço de convivência externo. Possui dois espaços fechados: o salão de chegada - onde fica uma mesa de sinuca e um bar, interligados por corredores cobertos. Na porção frontal do pavimento, um grande terraço descoberto pronto para receber estruturas de eventos.

85


B

3,00 0,15 0,60

N

2,40

20,00 %

A

01

02

A 2,40

S

06

17,25

03

4,80

04

V1

V3

05

D

GSEducationalVersion

V4

3,30

0,60

01. Átrio 02. Rooftop 03. Bar 04. Sanitário acessível 05. Sanitário masculino 06. Sanitario feminino

LAJE IMPERMEABILIZADA

3,00

1,20

3,60

1,20

6,00

B

0,15

4,80

4,80

6,00

V2

3,60

4,80

1,20

10,00

1

2,00

PLANTA - ROOFTOP

1:200

86


GSEducationalVersion

Imagem 105: Perspectiva do rooftop Fonte: Produzido pela autora.

Imagem 106: Perspectiva do rooftop Fonte: Produzido pela autora.

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GSEducationalVersion

Na fachada do edifício, um grande volume branco superior se destaca ao pousar sobre uma base sólida em concreto aparente com a marcação de suas fôrmas. As vigas as vigas da estrutura metálica branca ficam à mostra, evidenciando a horizontalidade da construção. Nos pavimentos superiores, a fachada é composta por duas camadas: uma de vidro interna que permite a vedação quando o edifício estiver funcionando com climatização artificial e uma camada externa de proteção solar com painéis 60x60cm em concreto GRC (Glass Reinforced Concrete) modulados, compostos por concreto enriquecido com fibra de vidro. Alguns destes módulos possuem aberturas inspiradas em elementos da identidade visual da marca, onde a face interna é pintada na cor rosa, principal cor da paleta. Estes módulos que foram dispostos de maneira a criar um jogo divertido na fachada, e o rosa só se torna visível à medida que o usuário se aproxima do edifício. Os painéis têm a função de isolamento térmico, tanto pelo seu material quanto pelo afastamento de 10cm que cria uma pequena camada de ar em torno do edifício e facilita a ventilação cruzada. Além disso, criam um filtro entre o interior e o exterior, controlando a entrada de luz natural, garantindo uma iluminação difusa e suave com um desenho interessante no interior. Em diversos pontos, o módulos de GRC são pivotantes, permitindo uma maior abertura, melhor visão do exterior e maior ventilação natural, quando desejável. Os trechos pivotantes foram distribuídos de acordo com a incidência solar das fachadas: na porção Leste, grandes aberturas de 1.20 e 2.40m para entrada de vento e iluminação, enquanto na porção Oeste existem janelas de 60cm altas, para ventilação cruzada. Imagem 107: Esquemas de abertura dos módulos GRC Fonte: Produzido pela autora.

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GSEducationalVersion

CONCRETO APARENTE COM MARCAÇÃO DAS FORMAS DE MADEIRA

CONCRETO APARENTE COM MARCAÇÃO DAS FORMAS DE MADEIRA

GUARDA CORPO EM VIDRO

GUARDA CORPO EM VIDRO

BLOCOS EM CONCRETO GRC

BLOCOS EM CONCRETO GRC

ESTRUTURA METÁLICA BRANCA

ESTRUTURA METÁLICA BRANCA

4 CONCRETO APARENTE COM MARCAÇÃO DAS FORMAS DE MADEIRA

V4 - FACHADA OESTE

Escala: 1:200

3

V3 - FACHADA SUL

1:200

CONCRETO APARENTE COM MARCAÇÃO DAS FORMAS DE MADEIRA

GUARDA CORPO EM VIDRO

GUARDA CORPO EM VIDRO BLOCOS EM CONCRETO GRC BLOCOS EM CONCRETO GRC ESTRUTURA METÁLICA BRANCA

ESTRUTURA METÁLICA BRANCA

2

V2 - FACHADA LESTE

Escala: 1:200

1 89

V1 - FACHADA NORTE

Escala: 1:200


Verticalmente, o edifício está distribuído em subsolo, térreo, dois pavimentos superiores e rooftop. O pavimento térreo está elevado 56cm em relação ao nível da via, estratégia usada para reduzir a profundidade da escavação e possibilitar a ventilaçao do subsolo.

Por isso, os shafts e as instalações estão concentrados no núcleo rígido de banheiros sobre o qual ficam a caixa dágua e o chiller do ar condicionado. O grande vazio central assume o papel de promover a integração de todos os pavimentos, permitindo a visualização panorâmica de tudo que acontece no edifício. Nele estão concentradas as circulações verticais - escada e elevador, tornando todos os níveis acessíveis desde o subsolo até o rooftop. Além disso, cria uma coluna de exaustão que por onde o ar quente sobe e se direciona para o exterior ao chegar no nível do rooftop, gerando uma diferença de pressão que potencializa a ventilação do edifício. A esta característica, devemos somar as proteções solares porosas aos ventos e levemente afastadas do plano da fachada criando outros pontos de exaustão de ar, além de filtrar a insolação e promover permeabilidade visual.

Os shafts e as instalações estão concentrados no núcleo rígido de banheiros sobre o qual ficam a caixa dágua e o chiller do ar condicionado que, a propósito, é mais uma característica da versatilidade do projeto: a opção de usar climatização artificial quando necessário, com o arcondicionado fan coil composto por um sistema de dutos interligados a um maquinário externo que promove a troca do ar, sendo a opção de climatização mais saudável e econômica em comparação aos modelos split. A adoção deste tipo de equipamento no forro evita o problema de estações de trabalho sendo prejudicadas pela sua posição em relação ao

Imagem 108: Corte esquemático da exaustão de ar na fachada Fonte: Produzido pela autora.

90

GSEducationalVersion


GSEducationalVersion

+13,26 ROOFTOP

+10,76

COPA

CFTV

+7,34

CAFÉ

REUNIÕES INFORMAIS

+3,92

KIDS

DESCOMPRESSÃO

DECK

+0,50 ±0,00

JARDIM

ESTACIONAMENTO

-2,56

2

CORTE B - TRANSVERSAL Escala: 1:200

+13,26 SANITÁRIO FEMININO

BAR

ROOFTOP

+10,76

SANITÁRIO FEMININO

COPA

ESTAR

SALA TÉCNICA REUNIÕES

+7,34

SANITÁRIO FEMININO

SALA TECNICA

SALA TÉCNICA

+3,92

REUNIÕES INFORMAIS KIDS

SHOWROOM

RECEPÇÃO

SANITÁRIO FEMININO

+0,50 ±0,00 ESTACIONAMENTO

-2,56

1

CORTE A - LONGITUDINAL

Escala: 1:200

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GSEducationalVersion

Alterações pós-isolamento social Uma entrevista com gestores da empresa compilou diversas informações a respeito do funcionamento da empresa durante a pandemia de COVID-19, os planos para sua retomada presencial e as alterações que ficarão de herança desse período atípico.

variando de acordo com a realidade de cada funcionário:

• Aqueles que precisam estar no escritório, seja pelas especificidades da sua função ou por não ter condições de trabalhar em casa podem optar por um posto de trabalho fixo no escritório.

Antes da pandemia, já eram familiarizados com o trabalho remoto e frequentemente realizavam videochamadas com fornecedores de fora e com funcionários das sedes de São Paulo e Amsterdã. Na ocasião do decreto de isolamento social, todo o quadro de funcionários precisou trabalhar remotamente, por isso diversos móveis e equipamentos foram emprestados ao funcionários que necessitavam durante o período de home office. Para viabilizar alguns procedimentos de rotina, como a análise de amostras dos produtos, se utilizaram de aplicativos de entrega para enviar os itens necessários às residências dos funcionários. Para manter o contato, utilizaram aplicativos de chamada onde poderiam se comunicar com os colegas a qualquer momento. Essa privacidade que foi dada aos setores individualmente, e que no espaço físico eles não dispunham, gerou integração e aproximação entre os membros do mesmo setor. Por outro lado, dificultou a integração com os demais colegas.

Aqueles que não necessitam estar no espaço físico com frequência e trabalham mais confortavelmente de suas residências passam a trabalhar em home office, frequentando a sede apenas alguns dias da semana, de acordo com a sua necessidade.

Para garantir o bom funcionamento do modelo híbrido, pretendem desenvolver uma logística de reserva de postos de trabalho e salas por agendamento prévio. Nessa direção, o projeto de interiores leva em conta as transformações na rotina da empresa e vai de encontro às soluções operacionais pensadas para o retorno presencial. A princípio, o estudo dos fluxos de comunicação entre os setores da empresa iria guiar a disposição das ilhas de trabalho, no entanto a adoção do modelo híbrido e não territorial mudou a lógica da distribuição dos postos de trabalho, agora compartilhados e com mesas reguláveis que se adaptam aos diferentes possíveis usos que receberão.

Com a flexibilização do decreto isolamento social, a retomada aconteceu de maneira gradual. A princípio, apenas alguns setores passaram a frequentar o escritório, em um número médio de 10 a 15 pessoas. Alguns meses depois, esse número aumentou para uma média de 30 pessoas simultaneamente.

A espacialização do programa em um edifício longitudinal também permite a organização de fluxos unidirecionais em torno do átrio, reduzindo o cruzamento de pessoas nas circulações.

Para a definição do futuro da empresa, os responsáveis pela gestão de pessoas realizaram pesquisas com o corpo de funcionários e optaram pela adoção de um modelo híbrido,

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O projeto de interiores O projeto de interiores foi pautado na personalização como estratégia de resolução dos principais problemas identificados pelo diagnóstico e dialoga com a arquitetura da edificação na intenção de atender a flexibilidade que o programa solicita. Reflete a personalidade da empresa esteticamente e funcionalmente, buscando a consecução de um ambiente acolhedor, descontraído e divertido que seja um catalisador de ideias criativas e produtividade para todos os colaboradores.

O piso vinílico em manta com padrão amadeirado quebra a frieza do branco, aquece o ambiente e o torna mais aconchegante, além de ser uma solução eficiente para a acústica. O forro em painéis acústicos brancos perfurados sobre os corredores contorna a porção central do edifício em todos os pavimentos, conduz a tubulação de arcondicionado e recebe uma iluminação geral indireta com temperatura de cor branco quente, que é complementada por luminárias pendentes longitudinais localizadas sobre as estações de trabalho, permitindo o controle do usuário sobre a iluminação do seu posto de acordo com a sua necessidade. Cumpre ressaltar que a transparência da fachada associada a elementos de proteção solar permite a entrada de luz natural controlada, tornando o uso de iluminação artificial facultativo ao longo do dia.

A distribuição do layout proporciona espaços de trabalho diversificados que estimulam a mobilidade do usuário dentro do edifício, criando múltiplos cenários. Prioriza a inserção de móveis modulados e com rodízio para facilitar o seu deslocamento e possibilitar eventuais reajustes do layout. A materialidade do espaço é composta pelos elementos e texturas do projeto de arquitetura: a estrutura metálica aparente pintada na cor branca, a laje steel deck aparente e os módulos de proteção solar da fachada são incorporados ao desenho do espaço interno. A transparência da fachada traz para o interior a vista do espaço externo, evitando a sensação de enclausuramento.

A comunicação visual possui linguagem forte e colorida, mas ainda deixa muitas regiões em branco para que os usuários possam se apropriar do espaço, personalizando-o e fortalecendo sua relação de identificação com o ambiente sem tornálo poluído.

Imagem 109: Espaço de reuniões informais no primeiro pavimento, trabalhado nas cores laranja e verde Fonte: Produzido pela autora.

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Paleta de cores PAVIMENTO TÉRREO: No pavimento térreo foram escolhidos os dois tons de rosa por serem as cores mais representativas da marca, para reforçá-la na mente de quem entra no edifício.

Cor é a impresssão que a luz refletida ou absorvida produz nos olhos, ativando diferentes áreas do cérebro e despertando diferentes sensações. Analisando as três cores primárias, estudos comprovam que: 1. Azul é a cor que atinge o córtex pré-frontal, reduz a pressão, acalma e garante clareza mental, calma (que nos dá clareza mental). Se for usado um tom muito claro, causa sonolência.

PRIMEIRO PAVIMENTO: O primeiro pavimento, por sua vez, corresponde a um espaço de trabalho mais informal, ruidoso, onde acontecem muitas interações entre pessoas. Por esse motivo, foram adotados os tons verde e laranja, cores vivas, alegres e estimulantes, para incitar a criatividade e estimular o surgimento de boas ideias.

2. Amarelo ativa o sistema de recompensa, dá alegria, é uma cor para manter as pessoas ativas e criativas. O verde, resultado da mistura de amarelo com azul, tem o mesmo efeito mas atua de maneira mais suave.

SEGUNDO PAVIMENTO: Para o segundo pavimento foram selecionados os dois tons de azul, por se tratar de um pavimento composto por espaços de trabalho introspectivos, onde ficam as salas do foco e pelas salas de reuniões formais. Este pavimento fica mais distante da área de descompressão, é mais silencioso, e a presença o da cor azul facilita a concentração de quem estiver trabalhando.

3. Vermelho é a cor que ativa a amígdala cerebral, responsável pelo estado de alerta. É uma cor que deve ser usada com muita cautela para não ser um fator causador de estresse e tensão em ambientes de longa permanência. Dessa forma, a paleta de cores trabalhada no projeto de interiores é composta pelas seis cores da identidade visual da marca - dois tons de rosa, dois tons de azul, laranja e verde. As cores foram inserida sobre uma base neutra, branca, e trabalhada de maneira estratégica para provocar as experiências visuais desejadas, distribuídas em pares de cores predominantes para cada um dos três pavimentos de trabalho da seguinte maneira:

ROOFTOP: Por fim, no rooftop foram utilizadas todas as cores da identidade na marcante paginação de azulejos do bar e no mobiliário, produzindo um ambiente descontraído e leve. As cores foram trabalhadas nos detalhes, aplicadas sobre uma base neutra, composta pelas texturas materiais utilizados: estrutura branca, concreto e madeira. Dessa forma, foi possível utilizar todas as seis cores evitando a poluição visual e excesso de informações, além de facilitar a substituição das cores em futuras atualizações da identidade visual.

PALETA DE CORES

TÉRREO

1º PAV

2º PAV

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Mobiliário personalizado - Estação de trabalho Uma análise direcionada para os postos de trabalho identificou dois padrões de ocupação das mesas, variando de acordo com a natureza da atividade executada majoritariamente criativa ou analítica. Na imagem 110, uma mesa do setor de ilustração onde observamos as bordas do monitor repletas de imagens e inspirações, além de outros pertences pessoais dispostos sobre o birô. Imagem 110: Mesa do setor de ilustração Fonte: Acervo da autora

Na imagem 111, por sua vez, uma mesa do setor Growth - responsável por analisar os dados fornecidos pela plataforma de vendas online - contendo apenas dois computadores e fones de ouvido. No escritório híbrido as mesas devem atender aos diferentes usos dos postos compartilhados pelos colaboradores setores variados. Assim, foi desenvolvida uma mesa personalizada para o projeto, um mobiliário padrão que atende às dimensões do módulo arquitetônico e contribui para a resoliução os principais problemas ergonômicos apontados pelo estudo de caso.

Imagem 111: Mesa do setor de Growth Fonte: Acervo da autora

DISTANCIAMENTO LATERAL DE 1.20M ENTRE OS USUÁRIOS

1,50

DIVISÓRIA RETRÁTIL EQUIPADA COM LOUSA, PRATELEIRAS E CHAPA PERFURADA PARA AVISOS. GARANTE PROTEÇÃO E PRIVACIDADE

0,48

TOMADAS SOBRE O TAMPO

ESPONJA FONOABSORVENTE ABAIXO DO TAMPO 0,75

BASE METÁLICA COM ALTURA REGULÁVEL (0.75M a 1.10M), PERMITE TRABALHAR SENTADO OU EM PÉ

RODÍZIO PARA FACILIDADE DE TRANSPORTE

CADEIRA ERGONÔMICA COM RODÍZIO, APOIO PARA AS COSTAS, ASSENTO E BRAÇOS REGULÁVEIS.

60 0,

MÓDULO ANEXO COM GAVETA E ARMÁRIO PARA PERTENCES PESSOAIS

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Imagem 112: Isométrica da mesa aberta Fonte: Produzido pela autora


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1,10

1,50

60 0,

Imagem 114: IsomĂŠtrica da mesa elevada Fonte: Produzido pela autora

0,75

1,50

60 0,

Imagem 113: IsomĂŠtrica da mesa fechada Fonte: Produzido pela autora

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Acústica e divisórias Nesse sentido, o mobiliário desenvolvido para a área de reuniões informais propõe o a criação de nichos de madeira preenchidos internamente por um grande encosto estofado.

Uma das maiores queixas dos usuários em relação à edificação original era o excesso de ruído na sala técnica, que reunia todos os funcionários em um mesmo ambiente sem nenhum tipo de tratamento acústico. Para solucionar essa questão, o novo projeto utiliza a estratégia de separar os usuários em dois pavimentos de trabalho, porém se utiliza da transparência do átrio e de trechos com pé-direito duplo para promover a integração entre os pavimentos e permitir a visibilidade de todas as atividades que acontecem no interior da sede.

No interior das duas salas técnicas, muito abertas, existem estantes de metalon moduladas que podem ser preenchidas por nichos, armários ou painéis estofados, funcionando como elemento de isolamento e privacidade para os espaços de trabalho. As salas de foco e de reunião, por outro lado, demandam privacidade ainda maior com um completo isolamento sonoro e visual. Por este motivo, foram utilizadas divisórias acústicas em vidro com um trecho jateado na altura do campo de visão tanto de pessoas que estejam passando por fora, conferindo privacidade, como também de quem está utilizando a sala, facilitando a sua concentração.

A separação em dois pavimentos, por si só, reduz significativamente o ruído ao diminuir para a metade o número de usuários trabalhando juntos. Associado a isso, a setorização dos pavimentos quanto ao nível de som: o primeiro é mais ruidoso por abrigar os espaços de reuniões informais e por estar mais próximo do espaço de descompressão no térreo, enquanto o segundo pavimento é mais privativo e silencioso, possui pequenas salas de concentração e uma sala técnica que pode ser fechada por portas de vidro, ficando isolada do ruído produzido pelas pessoas que estão apenas transitando pelo pavimento ou utilizando os espaços de convivência e descanso.

Nesse sentido, é possível afirmar a predominância da madeira e dos estofados no ambiente, funcionando como grandes aliados para a absorção de ruídos e para a redução do tempo de reverberação, o que evidencia a importância e a responsabilidade que o mobiliário assume dentro do projeto, e que a correta especificação dos seus acabamentos garante maior conforto acústico aos profissionais.

A escolha dos materiais também foi pensada como um recurso de condicionamento acústico por meio da aplicação de materiais fonoabsorventes em diversas superfícies, inclusives nos trechos onde há forro, que também funcionam para conduzir as instalações elétricas e de arcondicionado. Como existem poucas paredes internas e os fechamentos externos são de vidro, as especificações do mobiliário se apresentam como interessante solução para aumentar a área de superfície dos materiais absorventes.

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Imagem 115: Nichos das reuniões informais Fonte: Produzido pela autora

PAINÉIS EM MATERIAIS FONOABSORVENTES

PRIVACIDADE E CONCENTRAÇÃO: VIDRO JATEADO NA ALTURA DOS OLHOS (1.20m a 1.80m)

NICHOS EM MADEIRA 1,50

2,00

VIDRO TRANSLÚCIDO

30 0,

RODÍZIO

ESTRUTURA EM METALON FLEXIVEL E MODULADA PARA ENCAIXAR NICHOS E ACESSÓRIOS

NUMERAÇÃO NAS CORES DA COMUNICAÇÃO VISUAL

Imagem 116: Estante divisória das salas técnicas Fonte: Produzido pela autora

MONTANTES VEDADOS CONTRA VAZAMENTO DE SOM Imagem 117: Porta das salas do foco e reuniões Fonte: Produzido pela autora

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Considerações finais À medida que os projetos de escritório continuam a evoluir, esse espaços não se limitam mais apenas ao trabalho e incorporam elementos da casa e do exterior. Do estudo realizado depreende-se a influência que a qualidade do ambiente exerce sobre os sentimentos e o comportamento humano, comportando-se como um grande aliado na geração de bemestar e produtividade no contexto do espaço corporativo. Por este motivo, verifica-se que as empresas atentas ao mercado estão valorizando cada vez mais o papel da arquitetura na consecução de espaços acolhedores, eficientes e funcionais. Para a atividade projetual, faz-se necessário que o arquiteto tenha a capacidade de analisar de maneira sistêmica o ambiente construído, preocupando-se não somente com os aspectos técnicos, mas também com o olhar dos usuários sobre o espaço que ocupam, sendo válida também a troca de experiências com profissionais de outras áreas no intuito de obter uma abordagem completa. Apesar das incertezas do momento em relação às tendências para o futuro dos escritórios, uma coisa é fundamental: a experiência humana deve estar em primeiro lugar para que os negócios prosperem.

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Referências bibliográficas 12. EKAMBI-SCHMIDT, J. La Percepción del hábitat. Gili, Barcelona, 1974

1. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - NBR 5413: iluminância de interiores. Rio de Janeiro, 1992.

13. ELALI, Gleice Azambuja. Psicologia e Arquitetura: em busca do locus interdisciplinar. Natal, 1997). Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1413294X1997000200009 >

2. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10152 Níveis de ruído para conforto acústico. Rio de Janeiro, 1987.

14. Escritório Casa Loft / IT'S Informov. 2020. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/944002/ escritorio-casa-loft-its-informov

3. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050 Acessibilidade a edificações, mobiliário espaços e equipamento urbanos. Rio de Janeiro, 2015.

15. FORTALEZA. Lei Complementar nº 236/2017 Parcelamento, uso e ocupação do solo. Fortaleza, 2017.

4. Ágora Tech Park / Estúdio Módulo. 2020. ArchDaily Brasil. Acessado 2 Nov 2020. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/924719/agora-techpark-estudio-modulo> ISSN 0719-8906 ArchDaily Brasil. Acessado 2 Nov 2020. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/944002/escritoriocasa-loft-its-informov> ISSN 0719-8906

16. FUNDACENTRO. Norma de Higiene Ocupacional nº11: níveis de iluminação para ambientes de trabalho. Brasil, 2018. 17. LINHARES, Talissa Bedran. BARBOSA, Paula Glória. TAKAMATSU, Renata Turola. Design de interiores como estratégia de promoção de inovação de startups. Londrina, 2019.

5. Athiê Wohnrath. Quais serão as tendências nos escritórios pós-isolamento?. 2020. Disponível em: <http://www-athiewohnrath-com-br-1.rds.land/pesquisapos-isolamento-julho>

18. Módulo Rebouças / Dal Pian Arquitetos [Modulo Rebouças / Dal Pian Arquitetos] 2016. ArchDaily Brasil. Acessado 2 Nov 2020. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/793645/moduloreboucas-dal-pian-arquitetos> ISSN 0719-8906

6. BALDWIN, Eric. Google divulga revisão do projeto de seu novo campus, por BIG e Heatherwick Studio [Google Reveals Revised Mountain View Campus Plan by BIG and Heatherwick Studio]. ArchDaily Brasil. (Trad. Baratto, Romullo); 2018. Acessado 2 Nov 2020. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/907602/googledivulga-revisao-do-projeto-de-seu-novo-campus-por-bige-heatherwick-studio> ISSN 0719-8906

19. OLIVEIRA, Gilberto Rangel de. MONT’ALVÃO, Claudia. Metodologias utilizadas nos estudos de Ergonomia do Ambiente Construído e uma proposta de modelagem para projetos de design de interiores. Anais do 15º ERGODESIGN.

7. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 17 Ergonomia. Brasília: 2007.

20. Sesc Guarulhos / Dal Pian Arquitetos. 2019. ArchDaily Brasil. Acessado 2 Nov 2020. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/924666/sescguarulhos-dal-pian-arquitetos> ISSN 0719-8906

8. Casa Ventura / Arquitetura Nacional. 2020. ArchDaily Brasil. Acessado 2 Nov 2020. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/943262/casa-venturaarquitetura-nacional> ISSN 0719-8906

21. VARGAS, Heliana Comin. Da Escola de Chicago aos Edifícios Certificados - Arquitetura e Mercado Imobiliário, 2014.

9. COSTA, Ana Paula Lima. Contribuições da ergonomia para a composição de mobiliário e espaços de trabalho em escritório. Recife, 2016.

22. VILLAROUCO, Vilma. ANDRETO, Luiz F. M. Avaliando desempenho de espaços de trabalho sob o enfoque da ergonomia do ambiente construído. Produção, v. 18, n. 3, p. 523-539, 2008.

10. COSTA, Ana Paula Lima. VILLAROUCO, Vilma. Que metodologia usar? Um estudo comparativo de três avaliações ergonômicas em ambientes construídos. Recife, 2014.

23. WALSH, Niall. Certificado WELL: Uma ajuda arquitetônica para a saúde e bem-estar humano [WELL Building Certification - An Architectural Aid for Human Health]. ArchDaily Brasil (Trad. Baratto, Romullo); 2017. Acessado 2 Nov 2020. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/868405/certificadowell-uma-ajuda-arquitetonica-para-a-saude-e-bem-estarhumano> ISSN 0719-8906

11. Depression and Other Common Mental Disorders: Global Health Estimates. Geneva: World Health Organization; 2017. Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO

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APÊNDICE Modelo de questionário aplicado

04/11/2020

AVALIAÇÃO ERGONÔMICA - ******

AVALIAÇ ÃO ERG O NÔ MIC A Gente, eu es colhi o es critório da * * * * * * como objeto de es tudo pro meu TCC na faculdade de Arquitetura e Urbanis mo, onde es tou trabalhando uma pes quis a s obre anális e ergonômica de ambientes corporativos . P or is s o, precis o que vocês res pondam algumas perguntinhas rápidas s obre o ambiente de trabalho de vocês . *Obrigatório

1.

1. Q ual o setor que você trabalha na empresa? Se puder, escreva um pouco das atividades que realiza, para me ajudar a entender a dinâmica da empresa :) *

2.

2. C omo você se desloca diariamente até o trabalho? * Marcar apenas uma o val. Carro (próprio) Moto Bicicleta A pé Trans porte coletivo Uber/taxi Carona com colega de trabalho Outro:

C onstelação de atributos

E s s as perguntas s ão mais s ubjetivas . P or is s o, podem res ponder com tudo que vier à mente, palavras s oltas ou pens amentos aleatórios , não é algo que prec is a fazer muito s entido. Vale s ens aç ões , elogios , c rític as , ideias . P odem fic ar bem livres para res ponder!

https://docs.google.com/forms/d/16mc354f1CiV1yb95ZHmkR4KF0-xxfznNP5PPg1TrxVU/edit

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04/11/2020

AVALIAÇÃO ERGONÔMICA

3.

3. Q uando você pensa em um ambiente de escritório, que pensamentos lhe vêm à mente? Descreva. *

4.

4. Q uando você pensa no ambiente do escritório da G ocase, que pensamentos lhe vêm à mente? *

USO DO AMBIENTE

5.

Nas perguntas a s eguir, apenas res pos tas de s im ou não e, s e quis er, uma jus tific ativa.

5. Você tem alguma ideia que ficaria legal se fosse implantada no escritório? C aso tenha, conta!

https://docs.google.com/forms/d/16mc354f1CiV1yb95ZHmkR4KF0-xxfznNP5PPg1TrxVU/edit

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04/11/2020

AVALIAÇÃO ERGONÔMICA

6.

6. Existe alguma coisa que te incomoda no espaço FÍSIC O onde você trabalha? Se sim, o que é?

7.

7. Há algum fator em seu posto de trabalho ou em sua atividade que lhe causa desconforto, dific uldade, fadiga ou dor? C aso sinta, em qual parte do corpo?

8.

8. As dimensões do ambiente acomodam confortavelmente as tarefas e atividades que nele se desenvolvem?

9.

9. Seu local de trabalho permite ou não permite que você desenvolva um trabalho organizado?

10.

10 . Você ac ha que realiza deslocamentos excessivos e desnecessários dentro da sala?

AVALIAÇ ÃO DE SATISFAÇ ÃO

11.

E m uma es c ala de 1 a 5, dê notas para os s eguintes as pectos do es c ritório em que trabalha. E s c ala: 1-Muito ins atis feito | 2-Ins atis feito | 3-Neutro | 4-S atis feito | 5Muito s atis feito

11. C om relação à temperatura do seu posto de trabalho:

https://docs.google.com/forms/d/16mc354f1CiV1yb95ZHmkR4KF0-xxfznNP5PPg1TrxVU/edit

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04/11/2020

AVALIAÇÃO ERGONÔMICA

12.

12. C om relação ao móvel do seu posto trabalho e como ele acomoda todos os seus pertences:

13.

13. C om relação à iluminação do seu posto de trabalho:

14.

14. C om relação ao nível de ruído da sala:

Este conteúdo não foi criado nem apr

ovado pelo Google.

Formulários

https://docs.google.com/forms/d/16mc354f1CiV1yb95ZHmkR4KF0-xxfznNP5PPg1TrxVU/edit

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