Revista Caracóis

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CARACÓIS

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Sumรกrio

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Dicionário capilar Fato x Fake

Tipos de finalização Low Poo & No poo

Cronograma capilar Receitas caseiras O que você sabe sobre coloração? Conhecendo quem cuida do seu cabelo: Janice Lucena Nas palavras de quem viveu Ensaio fotográfico


Dicionário Capilar Baby hair - (cabelo de bebê) Fios novos que nascem na parte frontal do cabelo, no contorno do rosto. Normalmente possuem uma textura mais fina que os outros fios. Por serem finos, são mais difíceis de controlar, mas podem ser estilizados com o uso de géis e gelatinas.

Co wash

zada em reali g a v la e tiliza Tipo d que se u m e lo e r. É no cab icionado d n o c s gem apena de lava o ã ç p o o uma previne e u q a prátic s. o dos fio t n e m a c resse

Day after Corresponde ao di a seguinte a lavagem e final ização do cabelo. Se a pe ssoa está no seu terceiro day after por exemplo, ela finalizou o cabelo pela últim a vez há quatro dias.

Scab hair

icamente. im u q o d a s li dos de ser a abelo parar em ser trata e c v e o d s ó s p le a E . o óleo d scem log definição is, como o Fios que cre os, ressecados e sem ta e g e v s veis. o ros o com óle á-los saudá ã iç rn tr to u São fios po e n s a lo it uperá cia e mu possível rec é com paciên o p m te o ngo d côco. Ao lo

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Big chop - (grande corte) Corte que remove toda a parte do cabelo alisada por química, seja qual for o tamanho da parte natural. Esse procedimento é muito importante para a transição capilar pois é um ato de libertação. Após o big chop, o cabelo fica com a sua textura natural e livre das químicas alisantes.

Téc n com ica de Low agr sulfat lavage poo ess o m s le iva d o ve s aos fios s. Ela cabelo . pro sq mo u Téc v e u e utiliz nica ma a util limp sham izaç de l N op poo av ã eza pro oo s dut o de agem m eno oq sua s d h o a s m com ue p s c ab oss poos pos u ição ou elos a su q . n lfat os, enhum ue nã o i silic n one outr o t clui a se ip pet rola o de tos na

Rake and shake - (estica e balanç

a)

Tipo de finalização prática que pro move definição e movimento aos cachos. Se assemelha à fitagem na separa ção dos fios mecha por mecha, por ém ao esticar e balançar as mechas, o cab elo conquista maior movimento e com isso os cachos ficam mais soltos.

Leave in

Creme sem enxágue u tilizado nos cabelo s após a lavagem, ele hidrata o cabelo e reduz a quantidade de frizz. Se diferencia do creme d e pentear n o que diz respeito à c onsistência , pois tratase de um cre me mais lev e.

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Fato X Fake MITOS E VERDADES SOBRE OS CABELOS EM TRANSIÇÃO, ONDULADOS, CACHEADOS E CRESPOS

Fazer chapinha na transição atrapalha o processo A chapinha, também conhecida como prancha, é capaz de queimar os fios e danificar a estrutura do cabelo pois trata-se de uma fonte de calor. Além de esticar os fios, ela também os torna porosos, quebradiços e menos definidos. Durante a transição capilar, o ideal é tratar o cabelo com produtos adequados para o seu tipo de fio e evitar usar fontes de calor tais como o secador e o babyliss. Caso você queira passar a chapinha no cabelo, utilize um protetor térmico nos fios antes do processo de alisamento.

Cabelos cacheados e crespos demoram mais para crescer O crescimento do cabelo não depende da sua curvatura, cada cabelo tem o próprio tempo para crescer e sofre interferência da genética, dos hormônios e de outros fatores. O que acontece com os cabelos cacheados e crespos é o chamado fator encolhimento. Enquanto o cabelo cresce, ele vai enrolando devido ao seu formato e dessa forma, encolhe, dando a impressão de ser menor do que realmente é. Quanto mais fechado for o cacho, mais ele sofrerá o fator encolhimento.

Toalha de banho causa frizz no cabelo A toalha de banho e de rosto gera atrito quando entra em contato com o cabelo. Isso faz com que ela roube parte da hidratação dos fios e consequentemente cause frizz e porosidade. O ideal para tirar o excesso de água do cabelo é utilizar uma camisa de algodão ou uma toalha de microfibra delicadamente e sem esfregar os fios.

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O relaxamento pode trazer os cachos de volta Ainda que essa técnica deixe o cabelo com uma aparência cacheada e com menos volume, o relaxamento é um tipo de química assim como a progressiva. Um produto químico não é capaz de tornar o cabelo natural. Caso seja realizado um relaxamento no cabelo, será necessário passar por transição capilar para torná-lo natural.

Cabelos ondulados, cacheados e crespos devem ser cortados secos Não é recomendado que os cabelos com cachos sejam cortados molhados, pois dessa maneira se apresentam em um formato diferente daquele que normalmente possuem quando estão secos. O fator encolhimento também influencia nessa questão. Quando o cabelo seca ele parece menor do que realmente é e isso pode afetar no corte. O ideal é cortar os fios secos, dessa forma será possível analisar o caimento e comprimento real do cabelo para moldá-lo da melhor maneira.

Lavar o cabelo com água quente é prejudicial aos fios A água quente danifica os fios e torna-os mais opacos e porosos. Isso acontece porque a água em alta temperatura é capaz de dilatar as cutículas dos fios e também deixa o couro cabeludo mais oleoso. Além disso, ela desbota mais rapidamente os cabelos tingidos, principalmente os ruivos. O ideal para os cabelos é a água morna e a fria, elas colaboram para um cabelo mais brilhante e previnem a oleosidade excessiva da raiz.

Cronograma capilar recupera o cabelo danificado

O cronograma capilar é uma rotina de cuidados com o cabelo que consiste em hidratar, nutrir e reconstruir os fios. Ele é responsável por repor massa, nutrientes e proteínas que são necessários para o cabelo se manter saudável. Seguindo o cronograma é possível recuperar um cabelo danificado e torná-lo saudável, basta entender as suas necessidades e organizar a ordem dos tratamentos no salão ou até mesmo em casa.

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Quanto mais tempo a máscara ficar no cabelo melhor será o seu resultado

Não se deve pentear o cabelo seco

As máscaras de tratamento para o cabelo possuem na própria embalagem a informação sobre o tempo necessário para que ela aja nos fios. Deixando mais tempo do que o recomendado, ela não terá a sua eficácia aumentada pois foi produzida para fazer efeito durante o tempo determinado. Ainda pode ocorrer um efeito rebote nos fios caso eles fiquem muito tempo em contato com a máscara. Ao invés de hidratar, o cabelo vai acabar ficando mais ressecado, pesado ou oleoso. Portanto é importante manter-se atento às instruções da embalagem.

Onduladas, cacheadas e crespas só devem pentear o cabelo quando ele estiver molhado e mais maleável, de preferência com creme. O ato de pentear os fios secos faz com que os cachos percam a forma de espiral e causa um aumento de volume sem definição. Para desembaraçar o cabelo, comece das pontas para a raiz usando os dedos ou um pente de dentes largos, sempre com os fios molhados, de preferência após a lavagem.

Cabelos cacheados e crespos são mais ressecados A oleosidade que existe naturalmente no nosso cabelo fica concentrada no couro cabeludo. Ela tem a tendência de se espalhar pelo comprimento dos fios, entretanto, quanto mais fechada for a curvatura do cabelo, mais difícil será para essa oleosidade chegar em toda a extensão do fio. Isso faz com que o comprimento e as pontas dos cabelos com cachos necessite de mais hidratação e nutrição. 8

É possível retirar a progressiva do cabelo sem precisar cortá-lo Nenhum produto é capaz de retirar a química do cabelo, por isso não há como remover a progressiva sem cortar os fios. A parte do cabelo que foi alisada não voltará ao normal, apenas a parte que for crescendo terá a sua textura natural. As técnicas de finalização são de grande ajuda para quem decide passar pela transição sem fazer o big chop e precisa lidar com as duas texturas do cabelo.


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Tipos de

{

~

Finalizacão para cabelos

em transição ondulados cacheados crespos

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Como o próprio nome já diz, a finalização é o processo final realizado após a lavagem dos fios. Essa etapa é muito importante para quem deseja um cabelo com definição e também para quem precisa lidar com as duas texturas que existem durante a transição capilar. Antes de toda finalização é importante realizar a escolha dos produtos que serão utilizados no cabelo. Pode-se apostar em cremes, mousses, gelatinas, óleos, entre outras possibilidades. Em seguida, divida o cabelo em mechas e aplique o(s) produto(s) em todo o comprimento de maneira uniforme com exceção da raiz, pois o couro cabeludo já possui a sua própria oleosidade. O contato direto

da raiz com os produtos para finalização pode obstruir os poros capilares e causar caspa. É possível finalizar o cabelo com as próprias mãos e também com a ajuda de acessórios como presilhas e pentes. O pente mais recomendado para cabelos em transição e com cachos é o feito de madeira pois ela é uma má condutora de eletricidade, isso ajuda na diminuição do frizz que pode aparecer pelo contato do cabelo com o pente.A seguir você encontrará diferentes técnicas de passo a passo para finalizar o seu cabelo. Lembrando que cada cabelo se adapta melhor a alguma técnica e produto, portanto é essencial testar maneiras diferentes para finalizá-lo e descobrir como ele se comporta.

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Fitagem ​ Separe o cabelo em grandes partes e em seguida separe em mechas de modo que se pareçam com fitas. Aplique o produto finalizador e amasse os fios do cabelo com cuidado, de baixo para cima, sem entrelaçar os dedos dentro das mechas para não desfazê-las.

Plooping ​ Depois de separar o cabelo em partes e aplicar o creme de pentear nos fios, utilize uma toalha ou camiseta de algodão para envolver o cabelo como uma touca durante 30 minutos a uma hora. Retire a toalha e deixe os fio soltos para terminar de secar naturalmente.

LOC - Líquido, óleo e creme É uma técnica ideal para ser utilizada no day after, pois promove a revitalização e hidratação dos fios. Após lavar o cabelo ou borrifar água, caso queira revitalizar, aplique um óleo de sua preferência nas pontas, dando mais atenção às partes mais ressecadas. Deixe-o agir por 5 à 10 minutos para ser absorvido pelos fios e aplique o creme para pentear. Retire o excesso de produtos com uma toalha ou camisa de algodão. Divida o cabelo em mechas e amasse de baixo para cima cuidadosamente.

COG - Creme, óleo e gelatina Para um cabelo com mais volume e definição, a combinação desses produtos é ideal. Atenção para as proporções: a cada duas medidas de creme, utiliza-se apenas uma de gelatina ou gel para o cabelo não ficar com excesso de produto. Com o cabelo dividido em partes, aplique o creme para pentear em todo o comprimento e em seguida o óleo em quantidade moderada prezando as pontas dos fios. Logo após aplique a gelatina ou o gel da mesma maneira que foi aplicado o creme. Tire o excesso de produtos enquanto amassa o cabelo com as mãos, toalha ou camisa de algodão.

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Rake and Shake Deve-se separar o cabelo em mechas e aplicar o creme de pentear como em uma fitagem. Em seguida, com as mechas esticadas e divididas entre os dedos, segure as pontas delas e balance-as de um lado para o outro com delicadeza, de maneira que se solte da raiz. Depois amasse o cabelo com cuidado e deixe-o secar.

Twist Essa técnica promove a texturização dos fios e é muito utilizada por quem possui o cabelo do tipo 4. Para finalizar, separe o cabelo em mechas, aplique creme para pentear e um óleo capilar de sua preferência. O tamanho das mechas irá determinar a espessura dos cachos. Em seguida, entrelace as mechas de duas em duas da raiz às pontas. Deixe o cabelo secar durante aproximadamente 8 horas e depois desse tempo, com óleo nas mãos, cuidadosamente desenrole as mechas e abra os cachos que foram feitos. Uma dica é fazer esse procedimento antes de dormir e deixar o cabelo secar durante a noite.


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Low Poo

&

No Poo

Novas técnicas para lavar e cuidar do cabelo de maneira mais saudável

Existe uma crença de que quanto mais shampoo for usado ou quanto mais espuma os produtos fizerem no momento de lavar o cabelo, mais limpo ele ficará, mas isso vem se modificando com o passar do tempo. Muitas pessoas estão em busca de maneiras menos agressivas para cuidar da saúde dos cabelos e novas formas para tratá-los. Um exemplo disso, são as chamadas técnicas de Low e No Poo. Elas surgiram nos Estados Unidos e se popularizaram no Brasil nos últimos anos. Trata-se de uma rotina para lavar o cabelo que consiste na utilização de pouco ou nenhum shampoo (ou pouca ou nenhuma espuma). Low significa pouco, No quer dizer não e Poo se associa a espuma, algo que não é necessário para o cabelo. Os cabelos cacheados e crespos possuem a tendência de serem mais ressecados devido a sua curvatura e essas técnicas vieram para promover uma la14

vagem menos abrasiva. A técnica Low Poo consiste em uma redução no uso de substâncias agressivas para o cabelo. Portanto é possível o uso de shampoo com formulações mais leves, que não possuam sulfatos fortes na composição e que consequentemente fazem menos espuma. Já o No Poo diz respeito a não utilização de shampoo para lavar o cabelo. Nessa técnica, não se utiliza nenhum tipo de sulfato, parafinas, silicones e derivados do petróleo, os chamados petrolatos. Todos os ingredientes que são liberados para os praticantes da técnica No Poo também podem ser utilizados por quem pratica o Low Poo, porém o contrário não acontece. Os petrolatos, que são ingredientes considerados proibidos nas duas técnicas, só podem ser removidos do cabelo com o uso de sulfatos fortes, que por sua vez se acumulam nos fios e impedem a entrada de nutrientes que tornam o cabelo

saudável. O que difere esses dois ingredientes é que existem sulfatos solúveis em água, ou seja, podem ser removidos no momento da lavagem e por isso não são proibidos para quem pratica No Poo. Entretanto, os sulfatos insolúveis precisam ser removidos com shampoos de baixa detergência (produtos mais fracos e menos agressivos aos fios) então são liberados apenas para os praticantes do Low Poo. O shampoo que possui alta detergência remove toda a sujeira do cabelo, mas também retira a “gordura” ou sebo produzido pelo próprio couro cabeludo que é a barreira de proteção natural dos fios, sem ela o cabelo se torna consequentemente mais ressecado. Para identificar qual o shampoo que pode ser usado para a técnica Low Poo, é necessário conferir os ingredientes que ele possui. Na internet é possível encontrar várias listas dos ingredientes liberados.


A técnica No Poo não utiliza shampoo, mas os condicionadores, máscaras e cremes finalizadores também precisam de atenção aos componentes pois na composição dos mesmos é possível que existam ingredientes que não são permitidos nas técnicas. Para iniciar uma rotina Low/No Poo é necessário lavar o cabelo pela última vez com um shampoo anti-resíduos que possui sulfato, pois ele irá retirar todas as substâncias que estão acumuladas nos fios, isso inclui as substâncias indesejadas, como parafinas e silicones. Após essa lavagem, o cabelo estará preparado para receber ingredientes mais naturais e menos agressivos que são necessários. O condicionador é um produto mais importante para o cabelo do que o shampoo, pois é ele que hidrata os fios e fecha as cutículas capilares que o shampoo abre. Isso é importante para evitar o ressecamento e promover a hidratação. Muitas pessoas, na hora de lavar o cabelo, utilizam a técnica chamada de Co-wash, que consiste em usar apenas o condicionador (liberado) na lavagem. Para utilizar é bem simples, ele deve ser aplicado da raiz às pontas do cabelo, massageando todo o comprimento, e removido normalmente. A utilização dessa técnica é benéfica para o cabelo, pois trata-se de uma lavagem mais leve que promove hidratação para os fios e, ao contrário do que podem pensar, não deixa os cabelos oleosos.

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Cronogra Capilar

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ama

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Os cabelos ondulados, cacheados e crespos têm a tendência de serem mais ressecados devido a curvatura dos fios, pois ela impede que a oleosidade presente no couro cabeludo chegue até as pontas. O cronograma capilar é uma rotina de tratamento e cuidados com o cabelo. Ela se baseia em três etapas principais: hidratação, nutrição e reconstrução. São quatro ciclos de uma semana cada que constituem a rotina. Ela tem a duração de um mês. Em cada um dos ciclos, são realizadas três etapas do cronograma e elas são as responsáveis por cuidar e recuperar o cabelo. A junção dos tratamentos faz com que

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não falte nutrientes nos fios, tornando o cabelo mais saudável. A primeira etapa de tratamento é a hidratação. Ela é a responsável por devolver água para os fios deixando o cabelo mais macio. Essa é uma etapa que pode ser repetida mais vezes durante o cronograma capilar. Já a nutrição tem o papel de repor os óleos necessários para que o cabelo cresça saudável, ela proporciona uma camada protetora aos fios tornando-os mais brilhantes e com as cutículas alinhadas. A última etapa é a de reconstrução, ela é encarregada de recuperar a massa capilar e repor as proteínas para os fios,


principalmente a queratina. Por ser a etapa mais potente do cronograma é importante que não seja realizada muitas vezes, o ideal para um cabelo saudável é uma vez ao mês e para um cabelo ressecado é a cada 15 dias. Para saber como deve ser organizado o cronograma capilar, é preciso analisar quais as necessidades que o cabelo apresenta. Se ele estiver saudável, é importante investir na etapa de hidratação para a manutenção dos fios, realizar a nutrição uma vez na semana e a reconstrução uma vez no mês. Para um cabelo que está sem brilho e ressecado, a nutrição deve ser a principal etapa do cronograma,

seguida pela hidratação uma vez na semana e reconstrução uma vez no mês. Para um cabelo com química, elástico ou danificado, a reconstrução deve ser o tratamento mais importante. Para esses casos, ela deve ser aplicada a cada 15 dias, alternada com as outras técnicas. Por ser a etapa mais potente, o uso semanal desse tratamento pode causar efeito rebote, que é quando o tratamento é realizado em excesso e o cabelo se torna quebradiço e fraco, fazendo o efeito oposto ao esperado pelo tratamento. A seguir você encontrará uma tabela para se organizar e dar início a um cronograma capilar:

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Receitas Caseiras m

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Hidratacão AMIDO DE MILHO

l

O amido de milho tem o poder de potencializar a hidratação promovida pela máscara, com isso o resultado são fios selados, hidratados e com menos frizz. Ingredientes: 1 colher de sopa de amido de milho meia xícara de água 2 colheres de máscara de hidratação Modo de usar: Misture a água com o amido e leve ao fogo baixo mexendo sempre até que fique consistente. Espere esfriar e misture na máscara. Depois de lavar o cabelo com shampoo, aplique a mistura por todo o comprimento dos fios e deixe agir de 20 a 30 minutos. Retire a hidratação e aplique o condicionador.

Nutricão l

AZEITE DE OLIVA

O azeite de oliva, quando utilizado nos cabelos, estimula o crescimento saudável e promove a redução do volume, do frizz e das pontas duplas. Ingredientes: 2 colheres de sopa de azeite de oliva extra virgem Modo de usar: Aplique o azeite da raiz às pontas do cabelo massageando o comprimento e o couro cabeludo. Deixe agir por 50 minutos a 1 hora. Retire o azeite lavando com shampoo e condicionador.

Reconstrucão VINAGRE DE MAÇÃ

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Além de combater a caspa, o vinagre de maçã promove o equilíbrio do pH dos fios e doa brilho e maciez ao cabelo. Ingredientes: 1/2 xícara de vinagre de maçã 3 xícaras de água filtrada Modo de usar: Após lavar o cabelo com shampoo e condicionador, passe a mistura vinagre + água em todo o comprimento dos fios. Deixe agir por 5 a 10 minutos, massageie bastante e depois enxágue com água corrente.

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O que você sabe Você sabia que a progressiva e os relaxamentos não são as únicas químicas que podem ser encontradas no cabelo? Pode não parecer, mas as tinturas também são produtos químicos e que podem danificar os fios. Por isso, n ​ ​o momento de mudar o visual e escolher uma tintura, é importante se atentar ao tipo de produto que é oferecido e quais os ingredientes que ele possui. Existem dois principais tipos de coloração para o cabelo, a tintura permanente e o tonalizante. A primeira, por possuir amônia na sua formulação, modifica a estrutura do fio, uma vez que esse ingrediente é responsável por abrir as cutículas dos fios para que a coloração possa penetrá-los. Mas a consequência disso são fios mais ressecados, pois trata-se de um ingrediente agressivo. Já o tonalizante, como não consegue penetrar no fio da mesma forma que a tinta permanente, age apenas na parte externa e por isso desbota facilmente mas ao mesmo tempo doa brilho aos fios e os seus danos ao cabelo são mais brandos. Como o cabelo que possui cachos necessita de uma atenção especial por ser naturalmente mais ressecado, o ideal para uso é

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sobre coloração? o tonalizante, pois ele não causa mudança na estrutura do fio. A amônia, encontrada nas tinturas, assim como o pó descolorante e a água oxigenada, faz com que o cabelo perca definição e com isso a estrutura dos cachos fica comprometida. Para não ter danos no cabelo após a coloração, é importante que no momento desse processo ele esteja saudável. Isto é, os fios devem estar fortes para receber o produto. Após o processo, também é necessário cuidado. Más-

caras de hidratação, nutrição e reconstrução são bem vindas. Manter-se longe das fontes de calor como secador e chapinha também colabora para a recuperação dos fios. Ainda que o cabelo tenha sido danificado com a coloração, é possível tratá-lo. O cronograma capilar​ (página 12)​é um grande aliado para o cabelo se tornar saudável novamente. Principalmente devido a etapa de reconstrução, que promove um ganho de massa aos fios, o que é importante para a recuperação dos mesmos.

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Conhecendo quem cuida do seu cabelo: Janice Lucena Janice Lucena é cabeleireira especializada em cabelos em transição, ondulados, cacheados e crespos. Proprietária do Espaço Afro Janice Lucena situado em Sete Lagoas, ela já usou o cabelo com química por trinta anos e há seis anos enfrentou a transição capilar. Nessa entrevista, você vai conhecer mais sobre a sua história e o seu trabalho.

Como você começou a sua carreira como cabeleireira? Eu passei pela transição há seis anos. Agora em dezembro vai fazer sete anos que eu me assumi como crespa. Seis anos atrás o mercado não tinha tantas possibilidades para o nosso cabelo e no momento o mercado está em ascensão para ele. Naquela época não tinham profissionais que pudessem cuidar do meu cabelo e me dar um suporte na minha transição capilar. Eu passei por ela sozinha vendo vídeos no Youtube e fazendo receitas caseiras. Eu alisei ele durante 24

trinta anos e as pessoas começaram a perceber a minha mudança e a me incentivar a trabalhar com cabelo. Porém isso era até então algo que eu nunca tinha imaginado fazer na minha vida. O Espaço Afro Janice Lucena nasceu da necessidade de uma mãe acompanhar o crescimento da sua filha juntamente a uma atividade econômica. Aí eu comecei a empreender. Até então eu vendia roupas e acessórios com atendimento a domicílio. Tendo essa grande dificuldade em me recolocar no mercado de trabalho e com esse encantamento das pessoas com a minha tran-

sição, eu resolvi acreditar e me especializei em cabelos ondulados, cacheados e crespos. Fiz um curso de corte e juntei com a bagagem teórica que eu tinha acumulado durante a transição, foi assim que surgiu o Espaço. Você encontrou dificuldades para se especializar como cabeleireira de cabelos cacheados? No momento em que eu decidi que era isso mesmo que eu queria pra mim, eu precisei começar do zero. A gente tem que começar onde a gente tá e com o que a gente tem. Então dificuldades a gente sempre encontra, você começa com a mão tremendo, com frio na barriga. A gente tem muitas incertezas , não sabe se vai ser aceita pelo mercado de trabalho ou se vai conseguir ter clientes para atendimento. Essas são as dificuldades do início do meu empreendimento. Graças a Deus, dia após dia a gente vai vencendo essas barreiras, usando bastante as redes sociais, o apoio de clientes que nos procuram e gostam do nosso trabalho e sempre nos indicam. Acredito que já superei as dificuldades do início desse empreendimento. Como é a sua relação com o seu cabelo? A vida inteira alisei o meu cabelo com química. De uma certa maneira eu me achava bonita e gostava dele, mas chegou a


um ponto que eu danifiquei muito o meu cabelo com o uso de diversas químicas e aí veio a transição capilar. Com ela, veio a autoaceitação, ela é uma fase para aprender a gostar de você como você é. Da sua raiz natural, das suas origens e da sua ancestralidade. Então veio o empoderamento.

E a gente sabe que não é só pelo cabelo, é uma questão de identidade, quando uma mulher decide assumir o seu cabelo natural é um ato político, é um grito de liberdade, dizer não aos padrões que a mídia diz ser o correto, que é o cabelo liso. Hoje eu não consigo mais me ver com aquele cabelo alisado que eu usei a vida toda. Eu me assumi negra e crespa. Sou muito feliz com essa minha escolha, me sinto completa.

O cabelo cacheado e crespo demanda mais cuidados devido à sua curvatura. Usar produtos liberados sem sulfato é uma das principais coisas pra ter um cabelo saudável. Ter um finalizador para a sua curvatura de cacho, uma rotina de cuidados com o cronograma capilar e umectação. Assim o cabelo fica bacana. Um corte também é importante, lembrando sempre de realizar uma manutenção com espaço de quatro meses entre cada.

Como cabelereira, quais são os cuidados que você indica para as suas clientes onduladas/cacheadas/crespas manterem os cabelos saudáveis?

hoje o mercado está em ascensão para o cabelo cacheado e crespo. Quando você chega nas lojas de cosméticos encontra uma quantidade imensa de produtos para a sua curvatura. As pessoas estão confundindo isso, dizendo que cabelo cacheado é moda, mas não é moda. É um processo de reconhecimento e aceitação do cabelo natural. Você só precisa saber qual é a curvatura do seu cabelo para encontrar o produto adequado. Ao analisar propagandas de produtos para cachos, você já encontrou algo mentiroso ou que não condiz com a realidade do produto?

Tem uma profissional no mercado que eu acho a propaganda dela enganosa, mas não posso citar nomes para não me comprometer. Essa pessoa vende encantamento, o produto dela não é bom. É um procedimento que te promete um cabelo cacheado mas na verdaÉ verdade. Eu acredito sim que de é um relaxamento, uma ouAntigamente não havia muita variedade de produtos para cabelos ondulados, cacheados e crespos. Hoje em dia você considera satisfatória a quantidade de produtos que existe no mercado?

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tra química que é aplicada no cabelo da cliente e é ao longo do tempo que ela vai perceber que foi enganada. No meu espaço eu recebo muitas clientes que vem desse procedimento muito frustradas e tendo que passar por uma outra transição capilar para assumir o cabelo natural novamente. Qual a diferença de usar produtos específicos para cada tipo de curvatura? O cabelo crespo é um cabelo mais ressecado, então ele precisa de produtos que contenham mais óleo na sua composição. Já o cabelo ondulado e cacheado, não precisam tanto de óleos nos produtos. Podem ser usados produtos mais hidratantes e leves. Se um ca-

belo da curvatura crespa usar um produto que não é específico para ela, não vai ter um resultado satisfatório na finalização e definição. Assim, não é possível ter um day after. É por isso que às vezes as pessoas falam que já usaram muitos produtos mas que nenhum dá certo no cabelo, pode ser porque você não tá usando um produto para a sua curvatura específica. Qual o corte mais recomendado para onduladas, cacheadas e crespas? O cabelo crespo, cacheado e ondulado não pode receber um corte convencional, costumo dizer que a cabeleireira esculpe o cabelo pois a estrutura do fio é diferente. O ondula-

do precisa estar sempre com o corte em dia por ser um cabelo que tende a ser mais liso, nunca pode estar sem corte. O corte degradê, também conhecido como em camadas ou repicado é o mais recomendado. O cabelo crespo também precisa ser analisado e esculpido. Eu recebo muitas clientes no meu espaço que passaram por profissionais de cabelo liso que não são especializados em cachos, eles fazem escova no cabelo para cortar e quando molha ele é aquela tragédia. A gente corta o cabelo a seco porque é assim que você consegue ter uma referência melhor do corte e passar mais segurança para a cliente. Também não gosto de cortar o cabelo molhado porque ele encolhe. Existe uma grande diferença entre cortar o cabelo liso e o cabelo cacheado e crespo. Muita gente diz que cabelo é tudo igual mas isso não é verdade. Você é a favor das receitinhas caseiras para cuidar do cabelo?

& Eu sou super a favor. No começo da minha transição eu usei muitas receitas caseiras. Azeite

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extra virgem é ótimo para fazer umectação, creme de leite também é uma ótima nutrição para o cabelo, vinagre de maçã é ótimo para fazer reconstrução, a maisena é excelente para fazer hidratação, Eu sou muito a favor e super recomendo as receitas caseiras. Qual deve ser o primeiro passo para uma pessoa que decide passar pela transição? Para passar pela transição é necessário abandonar todo e qualquer tipo de química transformadora, como o botox, o alinhamento, o hidróxido de cálcio e de sódio, e a progressiva. Esse é o primeiro passo. Algumas meninas passam pela transição usando chapinha e secador, eu não recomendo pois a alta temperatura que danifica os cachos. Aquela chapinha azul de titânio funciona à 450°C, ela alisa o cabelo e ele não volta, os cachos não são recuperados. Algumas meninas não conseguem e passam a transição fazendo escova, mas fontes de calor eu nao recomendo. Como você enxerga o fato das pessoas estarem cada vez mais em busca de assumir os cabelos naturais? Na minha infância eu não tive inspirações. Naquela época, as inspirações eram Xuxa, Angélica e Eliana. Pra mim que sou negra, queria ser igual à elas, com o cabelo liso. Hoje eu vejo a questão da aceitação do cabelo crespo como uma questão de identidade e empoderamento. As meninas da geração de agora já terão em quem se inspirar pois as mulheres estão se aceitando e se empoderando. Eu recebo muitas crianças no meu espaço que são levadas pelas mães, na minha época não tinha isso, as mães não levavam as meninas para cuidar dos seus cachos, procurar produtos específicos para

eles. Isso é revolucionário. As meninas de hoje não vão passar pelo que eu passei. Qual dica você daria para uma pessoa que está passando ou pensando em passar pela transição capilar? A dica que eu tenho para quem está passando pela transição é para ter muito foco, não desistir do objetivo. Às vezes assusta mas eu recomendo que se corte logo o cabelo, não estenda muito o processo. Quanto mais rápido você passar por isso mais rápido você vai florescer. Eu também recomendo pesquisas na internet, vídeos no Youtube, descobrir qual o seu tipo de cacho, encontrar uma blogueira que você se identifica, seguir ela e ver as dicas de tratamento. Quando a pessoa está na transição, ela já é uma cacheada/crespa, então também recomendo usar produtos específicos para o seu tipo de cabelo. Tem que encarar a transição, ela é difícil mas não é impossível, tem que deixar florescer. 27


Nas palavras de quem viveu

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Antonia Pires, 21 anos Eu comecei a passar química no cabelo quando eu tinha 11 anos. Estava vivendo uma fase na escola onde as meninas só eram consideradas bonitas se tivessem um padrão de cabelo liso. Acredito que na pré adolescência sempre estamos em busca de uma identidade, aceitação, e ter um cabelo liso com química era uma forma de ser aceita e ter autoestima. Sempre me privei de fazer as coisas mais divertidas, como: ir à praia, no clube, tomar chuva... era um desespero se chovesse. Eu brigava até com Deus, meteorologistas, quem tivesse responsável por estragar minha chapinha. Em 2017 estava me preparando para um evento e estava bem quente. Estava secando meu cabelo e passando a chapinha. Até que fiquei estressada e decidi acabar com aquilo. Fui ao barbeiro, porque geralmente eles que fazem esse serviço -careca- e raspei minha cabeça. O barbeiro me indagou 3 vezes sobre querer raspar, então falei que eu tinha muita certeza do que eu realmente queria. Quando ele começou a ligar a maquininha e passar no meu cabelo foi muito libertador. Me ver livre de algo que estava me cansando, me privando, foi libertador. Claro que todo processo nem sempre é fácil, mas é preciso se amar e aceitar a sua originalidade. Hoje eu curto muito os meus cachos, me sinto bem e muito mais bonita sendo quem eu realmente sou. 29


Maria Cecília Couto, 22 anos Eu tive vários momento de tentar fazer uma transição capilar, mas eu sempre desistia no meio porque meu cabelo ficava estranho. A minha real motivação era saber qual era a textura natural do meu cabelo, porque eu fazia coisas como reconstrução e selagem a tanto tempo e eu não sabia como ele era. A transição de verdade começou em outubro de 2017 mais ou menos, quando depois de um tempo com o cabelo médio eu cortei ele no ombro. Essa foi a última vez em que eu fiz química no cabelo. Como ele dava um volume meio estranho eu tentava ondular ele com chapinha, nas vezes que ele ficava bem estranho eu usava ele liso mesmo. Então durante grande parte do processo eu parei de fazer química mas usei chapinha. Em dezembro do ano passado eu passei a deixar ele mais natural mesmo a parte de cima ainda ficando mais lisa, ai eu prendia essa parte com trança e tal. Esse ano eu comecei a usar uns cremes e coisas que estimulam os cachos e praticamente parei de usar secador e chapinha. Eu estou aceitando bem essa textura de fio que eu acho que é tipo um 2b, mas não tenho certeza. Agora eu estou numa fase meio “natureba”, querendo lavar com bicarbonato e vinagre e fazendo o mínimo de coisas no cabelo. Eu costumo passar uma chapinha ainda na frente pra dar umas jogadinha de cabelo.

Sarah Campos Moura Rabelo, 19 anos

Comecei a transição porque fazer progressiva a cada 3 meses durante uns 6 anos destruiu muito meu cabelo. Fiquei um mês sem fazer progressiva e depois de ver vídeos sobre transição no Facebook decidi que queria ver como era meu cabelo natural. Como a situação do cabelo estava muito ruim decidi cortar na nuca. E sinceramente, o período de crescer natural até a nuca foi o pior de todos, me sentia muito feia, mesmo passando chapa e babyliss. Foi só depois que meus cachos começaram a formar e as pessoas deixaram de falar que meu cabelo estava feio que eu voltei a ter uma autoestima. Agora já faz uns 2 anos que fiz a transição e eu nem lembro mais como era a tristeza de ter que fazer chapa, secar meu cabelo todo dia por que agora é tão simples. Depois disso eu sinto que encorajei outras pessoas a passar pela transição também e aí sim fiquei feliz demais. O melhor pra mim de todo o processo é quando alguém diz: “nossa você tinha o cabelo liso, nada a ver com você”, já que na transição eu só ouvia que o liso era o melhor pra mim. 30


Luana C. Loureiro, 16 anos Sempre tive cabelo ondulado 2b só que com muito volume, então fiz botox, minha primeira química em 2015. A princípio foi ótimo, meu cabelo não alisou totalmente, só diminuiu o volume. Mas em uns 3 meses voltou praticamente ao normal. Em 2016 foi uma fase difícil onde meu cabelo estava muito rebelde e estava mudando, eu nem sabia que existia o termo ondulado, quando ia no salão era o tal do liso rebelde, eu sempre lavava e ficava daquele jeito. No entanto, na escola começaram a me chamar de cabelo de mendiga e isso mexeu muito com minha auto estima, minha mãe é cacheada, porém ela não sabia quais os cuidados que deveria ter com o meu cabelo, chegamos a conclusão de fazer uma química. Em 2017 fiz uma cristalização, o cabeleireiro falou que era química fraca assim como o botox, não iria alisar, e ele ainda disse “Se seu cabelo fosse cacheado eu até negaria fazer, mas como é indefinido o melhor é fazer essa química fraca para baixar o volume” eu fiz e eu me senti com a auto estima renovada, me senti aceita. Eles até recomendaram fazer progressiva, mas minha mãe já teve corte químico e não deixou. Passaram uns 4 meses e meu cabelo continuava super liso, fui fazer chapinha no cabeleireiro e ele disse “nossa que raiz grande”. A primeira coisa que fiz foi pesquisar e descobri que eu estava em uma transição, foi um processo difícil muitas vezes pensei em desistir, chorei de arrependimento por ter feito química, semana passada (agosto/2019) terminei totalmente a transição depois de 2 anos e meio, agora estou livre. A curvatura do meu cabelo até mudou depois da transição, agora é um 2bc.

Mariana Belo da Silva, 22 anos Passei toda a minha infância e adolescência odiando o meu cabelo, pois era muito volumoso e ressecado. Todos diziam que era um liso rebelde, ninguém sabia que era ondulado e muito menos sabiam cuidar dele. Eu vivia com o cabelo preso até que comecei a usar chapinha aos 14 anos e alisar o cabelo com escova progressiva e botox aos 16 anos. Próximo ao meu aniversário de 19 anos, já com os cabelos muito fragilizados fiz botox novamente e o meu cabelo começou a cair muito. Minha mãe ao ver isso, falou: “Mariana, o seu cabelo está caindo muito. O seu cabelo natural é lindo, pare de alisar ou você vai ficar careca.” Eu precisava escutar aquilo. Foi então que eu comecei a pesquisar sobre cabelos cacheados e descobri que o meu cabelo é ondulado 2b/2c. Nesse momento a minha vida mudou completamente. Passei a assistir vídeos sobre como cuidar de cabelos ondulados, comprei vários produtos e fiz o bc (big chop) ou grande corte. Levei muitos anos pra aprender a cuidar do meu cabelo e hoje amo ele ondulado natural. 31


Maria de Lourdes do Couto, 55 anos. Fiz a minha última progressiva em março de 2017, no período de transição eu continuei escovando o cabelo e passando chapa. Em janeiro de 2018 eu cortei o cabelo e deixei ele natural. Por um tempo fiz escova em casa, mas conforme ele foi crescendo pude cortar novamente o resto de química e desde então não fiz mais progressiva, ele tá natural. Eu não achei difícil a transição porque continuei escovando o cabelo e passando chapa, mas se não fosse assim teria sido muito difícil, porque fica uma parte de cabelo liso e a outra parte de cabelo anelado, então fica uma raíz alta e umas pontas finas e esquisitas, mas quando eu resolvi cortar eu senti uma libertação. Parei de ir no salão, agora eu vou quando quero e não por necessidade. Não tive mais alergias nem caspas por causa da progressiva, a transição foi uma bênção para mim.

Bianca Fiel Carvalho, 18 anos. Em abril de 2017, decidi que progressiva nenhuma chegaria perto do meu cabelo e eu estava totalmente determinada, mas logo em agosto fui motivo de bullying e chacota na escola e corri pro salão para alisar o cabelo. Menos de 2 horas depois, já estava totalmente dependente da chapinha e do secador novamente. No começo de 2018, havia conhecido o grande amor da minha vida, uma mulher que estava disposta a fazer o que fosse necessário pra me ajudar. Batemos uma aposta onde ela não podia cortar o cabelo e eu não podia alisar. Em março coloquei tranças e não me adaptei (custou 300 reais e ficou na minha cabeça apenas por 2 semanas). Já estava pensando em alisar novamente, então sai correndo pro salão e fiz meu BC ( big chop), cortei bem curto. No começo eu não queria nem sair na rua de tão desesperada e horrível que eu me sentia, mas com o tempo fui me acostumando. Foi realmente a pior fase da minha vida mas que me levou a melhor! Hoje em dia eu amo cada cachinho meu.

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Julia Camim, 19 anos Quando eu era criança, eu tinha o cabelo cacheado mas com 12 anos comecei a fazer relaxamento e depois comecei a fazer progressiva, fiz até os 17 anos. No final de 2017 eu parei mas continuava fazendo chapinha. Quando mudei para Viçosa, em 2018, conheci várias pessoas maravilhosas de cabelo cacheado e elas me inspiraram a parar de fazer até a chapinha. Com o passar do tempo, o cabelo foi crescendo e eu fui cortando as pontas com química. Agora, um ano e 5 meses depois, ele está 100% cacheado. Antes eu não usava ele cacheado porque na escola que eu estudava as meninas eram todas iguais, existia muita pressão para se encaixar no padrão, mas hoje eu sei que sou linda do meu jeito e com o cabelo natural.

Dilma dos Santos Oliveira, 26 anos. Passei pela transição em 2012, quando nem creme para o meu tipo de cabelo eu encontrava. Lembro que fui em um salão, o mais conceituado da cidade. Fui com o objetivo dele fazer algum procedimento pra voltar os cachos, e pra minha surpresa o cabeleireiro disse que eu não teria os meus cachos de volta, pois a química tinha afetado o meu bulbo capilar, eu saí daquele lugar em prantos. Mas quando cheguei em casa, recorri ao orkut e achei comunidades que falavam sobre isso e acabei me encorajando e logo em seguida cortei. Hoje o meu cabelo é outro. A lição que tirei disso tudo: não devemos acreditar em tudo que nos falam, e jamais devemos desistir daquilo que o nosso coração bate mais forte. Toda fase um dia passa e com a transição não é diferente.

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Sandy Souza, 22 anos Eu nunca havia alisado o cabelo até o primeiro ano do ensino médio. Foi quando eu senti uma enorme necessidade de ser aceita, tecnicamente eu não fiz nenhuma progressiva, era um tratamento diferente mas que ainda sim alisava e tinha formol. No final do ensino médio eu decidi parar, essa decisão foi por conta da minha irmã mais nova, Sophia. Como minha mãe sempre escovava e passava chapinha no meu cabelo em casa assim como nos dela, minha irmã estava sendo influenciada a querer alisar também. Ela sempre teve cachos lindos eu não podia deixar que ela tão nova não gostasse dos próprios cabelos. Foi aí que decidi que aquilo não era o que eu queria pra minha irmã, decidi então parar de alisar, passei pela transição por uns 5-7 meses e cortei. Hoje vejo o quanto foi importante ter tomado essa decisão, não só minha irmã mais nova mudou de ideia mas também a minha irmã mais velha que alisava a anos e mais recentemente minha mãe, minha tia e até minha vó que eu nunca tinha visto com os cabelos naturais. Não tenho como descrever como me sinto bem comigo mesma hoje, e agora penso em como vai ser minha irmãzinha no futuro toda empoderada e não se deixando levar pelo padrão que nos é imposto. Finalizo minha experiência com um trecho de uma música que me fez mais forte para passar pelo processo: “Mulher negra não se acostume com termo depreciativo Não é melhor ter cabelo liso, nariz fino Nossos traços faciais são como letras de um documento Que mantém vivo o maior crime de todos os tempos. Yzalú”

Mariana Ribeiro de Souza, 19 anos A transição foi uma parte muito difícil da minha adolescência, eu comecei a fazer progressiva com 11 anos e segui até os 14 quando eu parei, logo na fase de mudança do ensino fundamental para o ensino médio. Fiquei um ano sem química e a parte mais difícil foi ver meu cabelo indo embora aos poucos, a minha progressiva tinha um efeito super natural, e ver meu cabelo todos os dias diminuindo e quebrando mas com uma raiz bacana foi a pior parte. Minha autoestima era completamente baseada no meu cabelo, eu tinha 15 anos, nunca interagi muito bem na escola, e isso afetou demais a minha vida. Ainda aos 15 eu precisei de tratamento psicológico para lidar com uma depressão severa, e o meu cabelo foi responsável por alguns dos meus surtos, já que eu tinha um cabelo gigante que ia até o quadril, e ele estava se estragando aos poucos. Então, quando eu cortei, fiquei com exatamente 3 dedos de comprimento de cabelo e isso foi libertador. Mas sinto que nunca recuperei minha autoestima 34


Thaís Fonseca Brunelli, 23 anos Eu poderia dissertar sobre a maravilha que é o fim da transição capilar, mas o sentimento que fica é de nunca ter fim. A transição física é dolorosa, mas este processo nos permite um contato maior com nossa identidade, com a matéria na qual fomos desenhados desde o nascimento. Sabe a pior parte? Aquela que as pessoas se sentem no direito de invadir a sua intimidade, que a sociedade te lê em uma posição inferior porque o seu cabelo é crespo, porque você aos poucos se afasta de um ideal de branqueamento. Você pode pensar: “Ah, mas isso resolve com você se empoderando e se amando”. Eu me amo, eu amo muito o meu cabelo, mas as oportunidades de emprego perdidas não cessam em ecoar nos meus ouvidos. A realidade é dura, mas eu escolhi encará-la. Cabelo crespo, cabelo pixaim, cabelo BOM? Presente!

Joice Cristina, 21 anos. Com 12 anos passei a minha primeira química no cabelo por sofrer muito bullying na escola, passando pela adolescência era química em cima de química. Eu não me aceitava de cabelo cacheado, chorava muito por me achar feia, não saía de cabelo lavado nunca e isso foi acabando com ele. No finalzinho de 2017 eu tive um corte químico em que meu cabelo arrebentou todo por causa da química que eu usava. Foi aí que cheguei ao extremo, então em dezembro comecei a minha transição capilar, não posso dizer que foi fácil. No começo foi difícil por não me aceitar, mas fui me aprofundando no assunto em sites e no YouTube. O primeiro passo foi desapegar da chapinha e secador, depois focar na hidratação. Lavava o cabelo todos os dias e três vezes na semana era o cronograma capilar, a cada lavagem eram lágrimas e mais lágrimas que caíam dos meus olhos, meu cabelo caía muito ao lavar, ele já estava sentindo falta dos produtos químicos. Enfim, se passaram 6 meses e tomei uma decisão de não fazer o big chop, fui cuidando das pontas e fazendo muita hidratação. Eu percebi que eu não precisava ter o cabelo liso para ser linda, a cada mês eu me sentia mais gata meu cabelo só me empoderando mais. Busquei apoio nas redes sociais e no dia 27 de março de 2018 terminei a transição capilar. Sofri muito mais hoje eu posso dizer eu amo meu cabelo cacheado!

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Ensaio fotogrรกfico

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Expediente Orientação Eugene Francklin Redação Letícia Ribeiro Ianhez Fotografia Letícia Ribeiro Ianhez João Pedro Alves Mageste Direção de Fotografia Letícia Ribeiro Ianhez João Pedro Alves Mageste Sarah Almeida Edição de Fotografia Letícia Ribeiro Ianhez Diagramação Letícia Ribeiro Ianhez Contato leticiaianhez@gmail.com

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Essa revista foi desenvolvida como Trabalho de Conclusão de Curso para o Departamento de Comunicação Social da UFV Letícia Ribeiro Ianhez 50


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