TFG UNIMAR 2019 - Casa de Repouso: Uma perspectiva arquitetônica

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CASA DE REPOUSO

UMA PERSPECTIVA ARQUITETÔNICA

LETÍCIA MONTANHER BESERRA DA ROCHA QUEIROZ



REVISTA TFG - ARQUITETURA E URBANISMO UNIVERSIDADE DE MARÍLIA - UNIMAR ARQUITETURA E URBANISMO

ISSN 2019-019 REVISTA TFG

VOL 2

CDD 720 NOV 2019


UNIVERSIDADE DE MARÍLIA REITOR MÁRCIO MESQUITA SERVA Vice- Reitora REGINA LÚCIA OTTAIANO LOSASSO SERVA Pró-Reitora de Pós Graduação FERNANDA MESQUITA SERVA Pró-Reitor de Administração MÁRCIO ANTONIO TEIXEIRA Pró-Reitor de Graduação JOSÉ ROBERTO DE MARQUES CASTRO Pró-Reitora de Ação Comunitária FERNANDA MESQUITA SERVA Curso de Arquitetura e Urbanismo FERNANDO NETTO


UNIVERSIDADE DE MARÍLIA NDE - NÚCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE Ms. FERNANDO NETTO - Coordenador/Arquiteto e Urbanista Dr. IRAJÁ GOUVEIA - Docente/Arquiteto e Urbanista Ms. WALNYCE O. SCALISE - Docente/Arquiteta e Urbanista Ms. SONIA C. BOCARDI MORAES - Docente/Arquiteta e Urbanista Ms. WILTON F. CAMOLEZE AUGUSTO - Docente/ Arquiteto e Urbanista

NÚCLEO INTEGRADO DE PESQUISA E EXTENSÃO - NIPEX Dra. WALKIRIA MARTINEZ HEINRICH FERRER - Coordenação

CPA - COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO Dra. ANDREIA C. F. BARALDI LABEGALINI - Coordenação Institucional

COMISSÃO EDITORIAL - REVISTA TFG Ms. FERNANDO NETTO - Coordenador/Arquiteto e Urbanista Ms. WILTON F. CAMOLEZE AUGUSTO - Docente/ Arquiteto e Urbanista Ms. SONIA C. BOCARDI MORAES - Docente/Arquiteta e Urbanista Dra. WALKIRIA MARTINEZ HEINRICH FERRER FERNANDO MARTINS - Jornalista/MTB 76.753 COORDENAÇÃO - ARQUITETURA E URBANISMO Ms. FERNANDO NETTO - Coordenador/Arquiteto e Urbanista


SUMÁRIO

01

INTRODUÇÃO..............................................................................................09

CONCEITUAÇÃO

02 03 04 05 06

2.1 Conceito de Idoso e Envelhecimento........................................................11 2.2 Velhice e Sociedade...................................................................................12 2.3 Idoso e Família.............................................................................................13 2.4 Idoso Institucionalizado.............................................................................14

EVOLUÇÃO HISTÓRICA...............................................................................15

JUSTIFICATIVA...........................................................................................18 4.1 Objetivos......................................................................................................08

LEGISLAÇÃO..................................................................................................19

LEITURA DE PROJETO 6.1 Vila dos Idosos............................................................................................21 6.2 Lar de Idosos Peter Rosegger.................................................................24 6.3 Lar Victoria.................................................................................................28


SUMÁRIO

07

LEVANTAMENTO TERRENO 7.1 Terreno 01....................................................................................................32 7.2 Terreno 02..................................................................................................33 7.2 Terreno Escolhido......................................................................................34 7.3 Características Terreno Escolhido..........................................................35 7.4 Entorno e Aspectos Climáticos................................................................36

08

PRÉ DIMENSIONAMENTO........................................................................37

09

ORGANOGRAMA E FLUXOGRAMA........................................................42

10

PARTIDO ARQUITETÔNICO....................................................................44

11

CONCLUSÕES.............................................................................................45

12

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS........................................................46


RESUMO

ABSTRACT

O aumento da população mundial decorrente do aumento da expectativa de vida, vem trazendo novas necessidades e demandas quanto ao atendimento e prestação de serviços à pessoas na terceira idade. Diante desse quadro, surge a necessidade dos setores público e privado buscarem alternativas e medidas que atendam a esse novo paradigma, como no caso das casas de repouso.

The increase in the world population due to the increase in life expectancy has brought new needs and demands regarding the care and rendering of services to the elderly. Given this scenario, the need arises for the public and private sectors to seek alternatives and measures that meet this new paradigm, as in the case of nursing homes.

Tendo esse panorama da população idosa, se faz necessário reformular as instituições destinadas à abrigá-los, de modo que se encaixem com as novas demandas e contextos sociais, e se desvencilhar do atual formato de instituição total, na qual priva a socialização e o bem estar dos idosos ali acolhidos. O presente trabalho visa apresentar uma proposta arquitetônica para uma casa de repouso, de acordo com as leis e normas de funcionamento pertinentes, na cidade de Marília, São Paulo. A partir dos levantamentos conceituas, históricos e normativos referentes ao tema habitação para a terceira idade, além da coleta de dados projetuais e de campo, a proposta visa garantir as melhores condições de funcionamento e de bem estar, acessibilidade e conforto aos residentes idosos. O projeto arquitetônico aqui proposto tem por objetivo abranger atendimento e acolhimento tanto de idosos que dependem de supervisão e cuidados profissionais integralmente, assim como idosos independentes e ativos, que buscam por esse tipo de instituição, mas que também primam por sua autonomia. Além disso, busca-se por proporcionar a inserção do idoso no meio urbano, incentivando a interação deles com a população local e o centro urbano, promovendo sua participação e relevância no âmbito social da cidade. Por final, o partido arquitetônico adotado para a casa de repouso de assemelha ao entorno do local escolhido para realização do projeto, de forma a se integrar ao bairro, tendo características mais próximas de uma casa do que de uma instituição integral, no intuito de promover acolhimento e identidade com o projeto por parte dos moradores. Palavras-chave: Idoso, Casa de Repouso, Arquitetura.

Having this panorama of the elderly population, it is necessary to reformulate the institutions intended to shelter them, so that they fit in with the new demands and social contexts, and get rid of the current format of total institution, in which deprives the socialization and well-being of the elderly people there. This paper aims to present an architectural proposal for a nursing home, in accordance with the relevant laws and operating standards, in the city of Marília, São Paulo. Based on conceptual, historical and normative surveys related to housing for the elderly, as well as the collection of project and field data, the proposal aims to ensure the best conditions of operation and well-being, accessibility and comfort for elderly residents. The architectural project proposed here aims to encompass care and care for both the elderly who depend entirely on supervision and professional care, as well as independent and active elderly, who seek this type of institution, but who also excel for their autonomy. In addition, it seeks to provide the insertion of the elderly in the urban environment, encouraging their interaction with the local population and the urban center, promoting their participation and relevance in the social context of the city. Finally, the architectural party adopted for the nursing home resembles the surroundings of the project's chosen place, in order to integrate with the neighborhood, having characteristics closer to a home than to an integral institution, in order to promote reception and identity with the project by the residents. Keywords: Elderly, Retirement Home, Architecture.


O trabalho aqui apresentado visa propor uma abordagem arquitetônica à respeito da habitação institucional de longa permanência para a população na terceira idade, na cidade de Marília, São Paulo. Uma das motivações para essa proposta foi de buscar atender ao aumento crescente dessa faixa etária no quadro demográfico brasileiro, que com ele traz novas preocupações e um novo panorama para a institucionalização e seu papel na vida do idoso. Desse crescimento populacional de pessoas com mais de 60 anos, surgem novas questões sociais, culturais e econômicas que devem ser respondidas e solucionadas, sendo esse trabalho uma forma de se propor uma ação efetiva para esse novo panorama social. A arquitetura nesse aspecto se faz preponderante devido à necessidade de se criar uma nova perspectiva construtiva para esse tipo de instituição, no intuito de romper com a ideia dela ser um local segregacionista e pouco acolhedor, na qual se exclui o idoso da sociedade em geral, dando à sensação de aprisionamento. Na primeira parte desse trabalho temos a conceituação a respeito da pessoa idosa, o processo de envelhecimento no país, a relação da mesma com a família, sociedade e trabalho, assim como o perfil dos idosos atualmente institucionalizados.

Posteriormente, foi analisado o surgimento dos abrigos para terceira idade no mundo e no Brasil, assim como a importância das conquistas pelos direitos e garantias concedidos pelo Estado, o qual foi importante para reformulação e organização dessas instituições. Na segunda parte, foi feito um levantamento à respeito das legislações e normas referentes às casas de repouso, assim com uma leitura referencial de projeto, no intuito de analisar as construções existentes e as alternativas para elaboração de uma nova construção sob o aspecto de se criar um ambiente mais humanizado e que valorize a integridade dos moradores. Com esses dados, foi estabelecido um projeto que atenda as demandas de perfis de pessoas idosas distintas, desde aquelas que demandam maior atenção e cuidado, até aquelas que possuem maior autonomia para realização de suas tarefas diárias, mas que buscam por esses cuidados, principalmente devido ao custo benefício, uma vez que, atualmente, vem sendo cada vez mais difícil conciliar todos os gastos gerais com os custos de saúde e cuidados básicos diários.

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01 INTRODUÇÃO


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02 CONCEITUAÇÃO


Segundo o Estatuto do Idoso, é considerada idosa a pessoa com sessenta anos ou mais. Já para o OMS (Organização Mundial da Saúde), essa definição pode variar de acordo com o perfil de desenvolvimento econômico de cada país, sendo considerada idosa a pessoa com sessenta e cinco anos em países desenvolvidos e em países em desenvolvimento considera-se a partir dos sessenta anos. O conceito de idoso está inicialmente atrelado aos aspectos biológicos, no qual o surgimento dos sinais de senilidade, tais como, a incapacidade física, cognitiva ou mental, venham a caracterizar essa faixa etária. Porém, ele deve ser também compreendido do ponto de vista social, devido à pluralidade de contextos sociais ao qual o idoso está inserido, assim como os níveis de qualidade de vida. (CAMARANO, p.10, 2013) A importância da definição da velhice no Brasil perante a sociedade moderna regida por leis, serve também para determinação e especificação dos direitos e do papel do idoso na sociedade. A importância do Estatuto do Idoso pode ser vista como:

“O Estatuto do Idoso trouxe importante contribuição para a recuperação do o processo de envelhecimento no prestígio e da dignidade desse grupo. Analisando país,ele pode ser definido através da Programas especiais têm sido elaborados seguinte maneira: para seu atendimento, em termos de saúde psicológica e mental.” (CNBB, 2002, “No Brasil, entretanto, esse processo p.04, apud WHITAKER, p.185, 2010) vem ocorrendo de forma acelerada, Segundo a OMS, o processo de envelhecimento principalmente no início do Século XXI, pode ser definido como: associando-se a importantes transformações sociais e econômicas, “[...] um processo sequencial, individual, bem como à mudança no perfil cumulativo, irreversível, universal, não epidemiológico e nas demandas dos patológico de deterioração de um serviços de saúde.” (Barbosa et al. organismo maduro, próprio a todos os 2017, p.02, apud ALVAREZ AM, GONÇALVES membros de uma espécie, de maneira que o GHT, 2012, p. 715-716) tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio ambiente.” (Ciosak et al. 2011, p.02)

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2.1 Conceito de Idoso e Envelhecimento


Segundo Silveira (2012), é comum na sociedade associar a chegada da velhice à aspectos negativos, tais como, a doença, a morte, o déficit, entre outros estereótipos, de forma a encara esse processo como uma etapa desfavorável no processo de evolução.

A mudança tecnológica também contribuiu, de modo que, atualmente, as formas de comunicação transcendem o espaço físico, possibilitando, através da internet, maior facilidade de estar em contato com suas famílias, mesmo estando distantes, assim como prover acesso às informações sobre autocuidados aos idosos e seus cuidadores. Além disso, o avanço tecnológico permitiu que os recursos de apoio, como os aparelhos auditivos, e os recursos de monitoramento, para o cuidado e segurança do idoso, se tornassem mais acessíveis e funcionais

Além disso, o papel do idoso na manutenção do sistema capitalista ao qual vivemos, assim como sua contribuição ao meio social em que se vive, ao longo dos anos vai sendo diminuída, seja por incapacidade, ou também por como a sociedade pode excluí-los por não consideralos mais aptos a desenvolverem tais funções. Outra mudança importante que vêm ocorrendo (CHELUCCI, p.24, 2002) na sociedade contemporânea é a busca por um mais saudável, na qual tanto a Segundo o Relatório Mundial da Saúde (2015) envelhecimento população, quanto as políticas públicas, vêm feito pela OMS, houveram mudanças sociais reestruturando no intuito de planejar para a importantes que ocorreram em consonância se dessa fase de nossas vidas, com o envelhecimento da população. Essas chegada promovendo o envelhecimento ativo. mudanças serão importantes para as futuras gerações, uma vez que o processo de Por definição, podemos entender o envelhecimento será muito diferente em envelhecimento ativo como: relação ao das gerações anteriores. Entre as mudanças ocorridas citadas pelo Relatório, podemos indicar que, do ponto de vista social, a participação da mulher no mercado de trabalho, mudou a configuração atual das famílias, sendo que antes, elas eram as responsáveis por prestar os cuidados necessários aos entes mais idosos. Com essa alteração, esse modelo de assistencialismo no lar não se manteve mais sustentável.

“Envelhecimento ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas.” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, p. 14, 2005)

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2.2 Velhice e Sociedade


A família por definição é o conjunto de pessoas que possuem um grau de parentesco entre si e vivem na mesma casa, formando um lar. Ela possui um papel importante na sociedade contemporânea, principalmente em relação ao cuidado com seus integrantes idosos. (FIGUEIDEDO, MOSER, p.02, 2013) Segundo a Constituição Federal, através do art. 230, os programas de amparo aos idosos deverão ser preferencialmente executado em seus lares. Já a Política Nacional do Idoso, através do art.3, determina que a família, assim como o estado e sociedade, deverão assegurar os direitos de cidadania à pessoa idosa, assim como sua participação na comunidade, garantindo seu bem estar, dignidade e direto à vida. Com as atuais mudanças na sociedade atual, a família contemporânea foi reestruturada, mudando sua forma e função. A maioria dos lares brasileiros, possuem tanto o homem quanto a mulher inseridos no mercado de trabalho, sendo assim mais complicado prover o cuidado integral ao idoso. (FIGUEIREDO, MOSER, p.06,2013) Uma alternativa para essa nova perspectiva da sociedade moderna é a terceirização dos cuidados com a pessoa idosa no lar . Porém, para muitas famílias brasileiras, isso pode vir a ser um alternativa custosa, já que além do cuidado, existem as despesas médicas, com remédios e os cuidados básicos, como alimentação e higiene, tornando a contratação de um cuidador à domicílio uma alternativa inviável. Com isso, a institucionalização do idoso se torna um alternativa para essa nova realidade da sociedade uma vez que, segundo SILVA MV, FIGUEIREDO MLF (p.02,2011), a feminização do trabalho, a diminuição do tamanho das famílias, as quedas das taxas de fecundidade e a migração dos jovens para os centros urbanos, são um dos principais fatores que acabam contribuindo para a sua institucionalização.

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2.3 Idoso e Família


No Brasil, ainda não é muito comum a institucionalização do idoso. Segundo o IBGE (2006, apud GONÇALVES et al, p.01, 2010), “através do Censo Demográfico de 2000, foi constado cerca de 100 mil idosos residentes em domicílios coletivos, incluindo os asilos, representando em torno de 0,8% da população idosa brasileira.”

O termo asilo foi alterado, pela ANVISA(5) através da RDC N°283/2005, para Instituição de Longa Permanência para Idosos, nomenclatura utilizada atualmente para designar os locais destinados “ao domicílio coletivo de pessoas com 60 anos ou mais, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade, dignidade e cidadania[...] De acordo com o IPEA (2011, p.07), não há ainda um número exato a respeito da quantidade de ILPIs existentes no país, sendo que, de acordo com o levantamento, foi apontado cerca de 3.458 instituições, com 83.870 idosos institucionalizados, estando elas presentes em aproximadamente 28,8% dos municípios brasileiros. A região Sudeste concentra a maior parte dessas instituições, no qual o estado de São Paulo corresponde a 34,3% do total. Isso deve ao fato de haver maior concentração de idosos nessa região do país. (IPEA, p. 08, 2011)

As ILPIs brasileiras abrigam, em média, cerca de 30,4 residentes, caracterizando-se como instituições pequenas. O estudo ainda aponta que a maioria dos leitos das Instituições pesquisadas encontram-se ocupados, com uma estimativa de 91, 6% de ocupação, indicando suas operações com quase toda capacidade disponível. (IPEA, p. 10-12, 2011) Na cidade de Marília, São Paulo, atualmente constam cerca 32 lares de acolhimento para crianças e idosos, não sendo o suficientes para atender a demanda. Atualmente, cerca de 100 idosos esperam por uma vaga em asilo, sendo os principais problemas enfrentados pela cidade em relação a institucionalização são a superlotação e precariedade financeira para suprir as demandas. (G1 Bauru e Marília, 2013)

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2.4 Idoso Institucionalizado


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EVOLUÇÃO HISTÓRICA


Os asilos no mundo surgiram historicamente devido a necessidade de abrigar pessoas consideradas marginalizadas pela sociedade, desde crianças à pessoas doentes ou em situação de mendicância. (SILVEIRA,2012) As primeiras instituições voltadas para essa categoria da sociedade tinham como benfeitora a Igreja Católica, como exemplo de seu surgimento através dessa instituição podemos citar que, segundo Neumann; Pazzini (2017), “a primeira ILPI, chamada de “Gerontocômio” foi fundada pelo Papa Pelágio II (520-590). Na ocasião, transformou sua casa em um hospital para idosos. No Brasil, o surgimento desse tipo de instituição se deu inicialmente em consonância com a história dos hospitais, através da Santa Casa de Misericórdia, por influência da chegada da família Real, nos quais inicialmente também se abrigavam pessoas desamparadas e em situação de vulnerabilidade. (ARAUJO; SOUZA; FARO,MANCUSSI, 2010)

Segundo Lima (2005), esse tipo de instituição era geralmente administrada através da filantropia e por eclesiásticos, e seguia os modelos de funcionamento advindos da Europa. De acordo com Silveira (2012), num primeiro momento, o principal foco era o atendimento com ênfase na caridade e, posteriormente, buscava-se garantir qualidade de vida o suficiente ao indivíduo, para que o mesmo não necessitasse mais de caridade para sobreviver. Seguindo essa segunda modalidade de atendimento, surge no país o Asilo São Luiz para a Velhice Desamparada, criado em 1890, o qual foi a primeira instituição para idosos no Rio de Janeiro. Os reflexos disso contam que:

O surgimento do Asilo São Luiz, nos finais do século XIX, marca o início de uma nova era para a velhice. Pensar a constituição de um novo tipo de prática – a institucionalização da velhice – é inevitavelmente esbarrar na questão de se identificar um movimento que separou uma determinada parcela da população – no nosso caso, os velhos – e lhe conferiu uma identidade própria, elegendo-a como alvo específico de uma prática assistencial. (GROISMAN,1999)

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03 EVOLUÇÃO HISTÓRICA


Partindo para um cenário mais recente, a garantia do assistencialismo social por parte do Estado se deu através da Constituição de 1988, agindo em conjunto com a saúde e previdência social, formando o tripé da seguridade social. (SILVEIRA, 2012) Através do decreto n° 1948 (1996), foram definidas as modalidades asilar e não asilar, no qual, através do art. n°3, ressalta a primeira modalidade como “[..]o atendimento, em regime de internato, ao idoso sem vínculo familiar ou sem condições de prover à própria subsistência de modo a satisfazer as suas necessidades de moradia, alimentação, saúde e convivência social.” Por outro lado, ainda é comumente relacionada imagem das atuais ILPIs aos antigos asilos, nos quais, segundo SILVA MV, FIGUEIREDO MLF (p. 02, 2011), eram “locais de isolamento, segregação social e geracional, minimamente acolhedores para seres humanos.” Isso se deve ao fato de esse tipo de instituição estar atrelada à ideia de instituição total,fazendo com que o idoso se sinta retirado da sociedade ativa, se vendo obrigado a abrir mão de sua individualidade e autonomia, pois é orientado a seguir normas da instituição o qual foi abrigado, devido ao convívio coletivo com o demais institucionalizados. (SILVA; FIGUEIREDO,2012) Embora o modelo asilar ainda seja visto de forma depreciativa, ele também pode ser visto como alternativa para o atual quadro de expectativa em relação ao crescimento da população idosa no país, uma vez que, através de um maior entendimento sobre os benefícios de procurar esse tipo de serviço, podemos afirmar que, nessas instituições, segundo Debert (1999):

“[...]além das vantagens das instalações, a afirmação de que este é um lugar em que o indivíduo pode ter um controle sobre sua vida e ao mesmo tempo não ter que ficar só.”

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A BUSCA POR UM NOVO PARADIGMA


Segundo Silva, Figueiredo (2012), o processo de envelhecimento vêm aumentando sua proporção em escala mundial, causando impactos preponderantes na demografia populacional de cada país. Isso se dá devido ao crescimento econômico e industrial, e as transformações políticas ocorridas nos últimos anos. O IBGE(7) aponta que a tendência para os próximos anos no país será de termos mais idosos do que crianças. Em 2039 haverá cerca de 39,33 milhões de crianças, para 39,38 milhões de idosos. Já em 2060, estipula-se que cerca de um quarto da população terá mais de 65 anos, atingindo o total de 58,2 milhões de idosos no Brasil.

Tendo esse panorama como pano de fundo, a arquitetura deve procurar responder as questões de função não só formal, atendendo somente as questões estéticas e funcionais desses espaços institucionais, mas também social, procurando aplicar técnicas que estejam atreladas às questões de segurança, acessibilidade, conforto ambiental e social, proporcionando espaços humanizados, propícios para oconvívio e capaz de atender essa nova demanda. 4.1 objetivos A proposta para a casa de repouso tem por objetivos: - Elaborar um projeto que esteja em consonâncias com as diretrizes de acessibilidade, conforto e segurança de seus moradores; - Proporcionar maior qualidade de vida, através da inclusão de serviços multidisciplinares que estejam voltados ao atendimento ao idoso, tais como clínica médica, terapêutica e de fisioterapia, favorecendo a comodidade e evitando os deslocamentos para os cuidados do dia a dia; - Estabelecer a integração do idoso com o centro urbano, por meio da localização da casa de repouso; - Proporcionar o convívio e a socialização através das áreas destinadas ao lazer e as atividades lúdicas;

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04 JUSTIFICATIVA


Para elaboração da proposta arquitetônica aqui apresentada, foram consultadas as leis e normas pertinentes ao tema para estruturação e cumprimento dos requisitos necessários ao projeto e o funcionamento de uma casa de repouso. As leis e normas são:

PO R TA R I A N° 7 3 – N ORM AS DE FU NCI O NA ME N T O D E SERV I Ç O S DE AT E NÇ ÃO AO I D O SO NO B RASIL . Trata-se de uma norma integrante da Política Nacional do Idoso – Lei 8.842/94, a qual determina e regulamenta normas de funcionamento e estruturação de instituições voltadas ao atendimento à pessoa idosa.

ES TA T UT O D O I DOS O – L EI N° 1 0. 7 41 / 2 0 0 3 O Estatuto é um conjunto de direitos e garantias do idoso, principalmente à condições de saúde, dignidade, bem estar e proteção oferecidos pelo Estado. Trata-se de uma legislação que visa beneficiar a população idosa e condicionar os mais jovens a assumirem as responsabilidades e cuidados necessários com os mais velhos.

NBR 9 0 5 0 - A C ES SI B I L I D A D E A EDI FI C AÇ Õ ES , M OB I L I Á RI O, E SPA ÇOS E EQ UI P A ME NT OS URB A NO S Essa norma foi criada pela ABNT[1] e visa definir os parâmetros técnicos para construção civil no quesito acessibilidade, assim como na definição de mobiliários, sinalizações e dimensionamento dos cômodos, por exemplo.

PO R TA R I A N ° 81 0/ 89 –MI N I S T ÉRI O DA SA ÚDE Através dessa norma é estipulado os padrões de funcionamento das instituições destinadas ao atendimento de pessoas idosas em todo território nacional.

C ÓDI G O DE O BRAS E EDI F I C A Ç ÕE S DO MUN I C Í P I O DE MARÍ L I A L EI COM PL EMEN T A R N ° 42/ 1 992 O código de obras do município trata-se de um conjunto de leis que visam garantir controle e fiscalização sob as edificações, além de estipular diretrizes que promovam a acessibilidade e o conforto ambiental, por exemplo. É também através de suas normas que são estipuladas condicionantes para cada tipo de construção.

C ÓDI G O SAN I TÁRI O ESTADU AL - L E I Nº 1 0 .0 8 3/ 1 998 Através do Código estadual, são estipuladas diretrizes que asseguram o bem estar social, de trabalho e ambiental, por exemplo, além de garantir as condições adequadas para a prestação de serviços de saúde.

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05 LEGISLAÇÃO


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LEITURA DE PROJETO


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6.1 VILA DOS IDOSOS VIGLIECCA&ASSOCIADOS A Vila dos Idosos, localizada na cidade de São Paulo, no bairro Pari, trata-se de um projeto social, executado pela COHAB(8) e projetado pelo escritório de arquitetura Vigliecca & Associados, destinado à pessoas com 65 anos ou mais, que moram há pelo menos quatro anos na capital e ganhem até 3 salários mínimos.


O edifício possui quatro pavimentos, com o total de 145 apartamentos. Também conta com áreas verdes e de lazer, além de áreas comunitárias de multiuso, destinados ao convívio e atividades físicas e um salão comunitário, destinado à festas, reuniões administrativas e portaria. A vila ainda possui três pontos de acesso com hall de entrada com elevadores. Um dos objetivos do projeto foi de integrar a Biblioteca Municipal Adelpha Figueiredo, localizada na parte central do terreno. O pavimento tipo possui dois tipos de layout de planta, com 57 apartamentos de um dormitório com 42m² e 88 quitinetes de 30m². A edificação ainda possui sua circulação com cerca 25% de sua área adaptada para portadores de deficiência física. Escritório: Vigliecca&Associados Localização: Bairro Pari, São Paulo - SP Ano: 2007

Fonte: Vigliecca&Associados Adaptado pela autora (2019)

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FICHA TÉCNICA


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A VILA E SEUS IDEAIS O projeto do edifício prima pela acessibilidade, adaptando-se ás necessidades físicas dos residentes, como áreas de acesso maiores, circulação e ventilação facilitada, pisos e alturas de janelas adequadas, banheiros adaptados com barras de apoio, visando autonomia e segurança dos idosos. Cada pavimento possui sua área comunitária, assim como bancos nas portas de entrada, que estão localizadas nos corredores de convívio, voltados para o pátio central, os quais, no pavimento térreo, funcionam como uma espécie de galeria. Essas circulações horizontais dispostas no projeto garantem não só acessibilidade facilitada, assim como boa insolação. Mantido pela prefeitura de São Paulo, após doze anos de sua inauguração, a vila é vista como exemplo de política pública, sendo utilizada como referência para outros modelo de habitação social, além de representar a conquista pelos direitos de moradia aos moradores idosos e de baixa renda.

Fonte: Vigliecca&Associados (https://bit.ly/2CbPYFL) Adaptado pela autora (2019)


DIETGER WISSOUNIG ARCHITEKTEN Localizado em Gráz, Áustria, este lar para idosos é constituído por dois pavimentos, os quais foram construídos a partir de um antigo pavilhão, localizado em um contexto urbano bastante diverso.

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6.2 LAR DE IDOSOS PETER ROSEGGER


A planta do edifício possui um layout quadrangular, com pátio central, contando com oito habitações coletivas, sendo quatro por pavimento. Ainda conta com áreas de jardim internas e acesso direto ao parque público da cidade. As habitações possuem em sua área comum cozinha, sala de jantar e enfermaria. A edificação é privilegiada por varandas que proporcionam uma circulação integrativa, e os quartos das unidades possuem os peitoris das janelas baixos, que acabam funcionado como assentos para os residentes. As enfermarias do edifício estão localizadas na parte central, facilitando o gerenciamento e acesso aos moradores e profissionais. Escritório: Dietger Wissounig Architekten Localização: Gráz, Austria Ano: 2014

Fonte: Archdaily,2014 (https://bit.ly/332u4QQ) Adaptado pela autora (2019)

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FICHA TÉCNICA


ACINÔTETIUQRA AVITCEPSREP AMU :OSUOPER ED ASAC • 62 Fonte: Archdaily,2014 (https://bit.ly/36kNRgt) Adaptado pela autora (2019)


Graças ao meticulosamente planejado conceito de prevenção de incêndio com medidas compensatórias apropriadas, este lar de idosos pôde ser construído como uma casa pré-fabricada em madeira. Uma estrutura com madeira laminada cruzada e vigas em madeira foi utilizada para resolver as necessidades estáticas e estruturais do edifício. A fachada externa é de madeira de lariço austríaco não tratada, enquanto grande parte do painéis de madeira utilizados para o interior também é aparante. As características da madeira, a variedade de pontos de vista, a quantidade de salas de estar na casa e no jardim, bem como as contrastantes áreas ensolaradas e sombreadas, tudo contribui para o ambiente confortável e amigável da casa.

Fonte: Archdaily,2014 (https://bit.ly/36kNRgt) Adaptado pela autora (2019)

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A MATERIALIDADE COMO DESTAQUE


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6.3 LAR VERONICA F M B ARCHITEKTEN Este projeto localizado em Stuttgart, na Alemanha, foi projetado pelo escritório alemão f m b architekten. Trata-se de um centro de cuidados e de repouso, destinado à pessoas da terceira idade. Um dos objetivos desse projeto era de integrar a área residencial comunitário com a clínica do lar.


No pavimento térreo, encontra-se a área de convívio, com salão comunitário, um café público, sala de meditação, sanitários, e as repartições destinadas aos serviços e clínica. Nos pavimentos tipo estão localizadas as unidades habitacionais, munidas de espaços de convivência. Cada pavimento possui doze apartamentos, os quais não são voltados para a face norte, proporcionando insolação adequada ao clima local, com previsão para futuras expansões e transformações nas disposições internas dos cômodos. No último andar encontra-se a área administrativa do edifício.

Escritório: Dietger Wissounig Architekten Localização: Gráz, Austria Ano: 2014

A estrutura interna corresponde ao modelo de atendimento ao idoso nas comunidades domiciliares. Para implementar esse ideal, muitas coisas foram consideradas no design do edifício. Nenhum dos apartamentos está orientado para o norte, e uma grande cozinha serve como um local versátil para se encontrar e relaxar. A cozinha está orientada para o sul, de frente para o jardim e para o terraço compartilhado.

PLANTA TÉRREO

Fonte: Archdaily, 2011 (https://bit.ly/2N260Ig) Adaptado pela autora (2019)

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FICHA TÉCNICA


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PAVIMENTO TIPO

PAVIMENTO ADMNISTRATIVO

Fonte: Archdaily,2011(https://bit.ly/2WwW3Wu) Adaptado pela autora (2019)


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LEVANTAMENTO DO TERRENO


O primeiro terreno a ser analisado está localizado na Rua Cláudio Manoel da Costa, no bairro Maria Isabel, próximo à Avenida Cascata e ao hospital Santa Casa e tem 2.963 m² de área. Trata-se de um vazio urbano, sendo atualmente utilizado como área de pastagem. O bairro o qual o lote está inserido é predominantemente ocupado por residências, contando também com grande contingente de Clínicas médicas e outras áreas da saúde, assim como mercearias e a escola estadual Bento de Abreu..

Fonte: Google Earth(2019) Adaptado pela autora (2019)

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TERRENO 01


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TERRENO 02 O segundo terreno possui sua testada frontal voltada Av. das Esmeraldas, assim como a posterior voltada para a rua Osvaldo Guedini e a testada lateral direita para a rua José Gianvechio, tendo cerca de 10.000m² de área. O bairro é predominantemente ocupado por residências, a divisa voltada para a Av. das Esmeraldas trata-se de um corredor comercial, com postos, clínicas, escolas entre outros tipos de serviços.

Fonte: Google Earth(2019) Adaptado pela autora (2019)


TERRENO 03 ESCOLHIDO O lote escolhido está localizado na Rua Monte Carmelo, no bairro Fragata, na cidade de Marília e possui 3.345 m² de área, São Paulo. Trata-se de um bairro localizado numa porção mais central da cidade, possuindo fácil acesso a diversos tipos de serviços, como o Hospital das Clínicas, o centro de reabilitação Lucy Montoro, supermercados Tauste e Confiança, farmácias, bancos, entre outros.

Fonte: Arquivo Pessoal (2019)

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Fonte: Google Earth(2019) Adaptado pela autora (2019)


Segundo a Lei de Zoneamento Municipal n°4455/00, o lote se encontra na Zona Residencial 3, de alta densidade. A proposta do projeto é caracterizada como uso institucional, sendo ela então tolerada nessa região. Na quadra o qual o lote está inserido, o uso do solo é predominantemente residencial, com a presença de alguns escritórios e comércios pequenos. Na testada oposta ao terreno trata-se de um vazio urbano, assim como o lote escolhido. O terreno faz divisa do lado direito com um prédio residencial, e do esquerdo com uma residência. Na testada posterior, trata-se de um terreno desocupado ainda, mas murado e com portão.

Fonte: Google Earth(2019) Adaptado pela autora (2019)

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CARACTERÍSTICAS DO TERRENO


O lote escolhido para o projeto possui aproximadamente 54 metros de testada, por 76 metros de profundidade. A quadra do lote possui certo aclive e, segundo levantamento topográfico, foi possível indicar cerca de 3,00 metros de aclive da testada frontal até a posterior do local escolhido. A rua Monte Carmelo, a qual o terreno se encontra trata-se de uma via coletora e possui um luxo médio de carros, sendo que no final dela, sentido leste, desembocando na rua Dr. Reinaldo Machado é possível acessar a Av. Tiradentes, enquanto a oeste, ao final dela, é possível acessar a rua Frei Jacinto, ligandose ao anel viário, dando acesso à outras avenidas principais, tais como a Avenida das Esmeraldas, Avenida Tiradentes, Avenida Vicente Ferreira e a Avenida Pedro de Toledo. O sentido das vias na Rua Monte Carmelo é de mão dupla, sendo as ambas ruas separadas por um canteiro central. É possível ainda acessar facilmente a Rodovia Transbrasiliana/ SP-294, através da rua Dona Maria Féres. Já quanto os aspectos climáticos, o clima na cidade de Marília é ameno, com uma média anual variando entre 14°C e 30°C. Os verões são longos e os invernos curtos, com chuvas ao longo do ano inteiro. A direção dos ventos predominantes é sentido leste. A fachada do terreno está orientada para região sudoeste, enquanto a parte posterior do terreno está voltada para região nordeste. A lateral direita está sentido sudeste, enquanto a lateral esquerda se encontra a noroeste.

Fonte: Mapa digital da cidade de Marília (2019) Adaptado pela autora (2019)

OCUPAÇÃO DO SOLO: TERRENO

COMERCIAL

RESIDENCIAL

Fonte: Google Earth(2019) Adaptado pela autora (2019)

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ENTORNO E ASPECTOS CLIMÁTICOS


Fonte: Google Earth(2019) Adaptado pela autora (2019)

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PRÉ DIMENSIONAMENTOS


A proposta visa garantir capacidade para até 50 residentes, possuindo 6 alojamentos para 4 idosos, 10 alojamentos para 2 idosos e 6 chalés individuais. Os pré-dimensionamentos foram estipulados de acordo com as Normas de Funcionamento estipuladas pela Secretaria de Políticas de Assistência Social, as quais fazem parte da Política Nacional do Idoso – Lei8.842/94.

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08 PROGRAMA DE NECESSIDADES


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Os seguintes estudos apresentados abaixo foram elaborados de acordo com a necessidade de acessibilidade, insolação e ventilação natural, estando os cômodos e seus departamentos setorizados por hierarquia, assim como orientados no terreno de acordo com a necessidade de acesso à rua, orientação solar e também a logística de funcionamento.

9.1 FLUXOGRAMA RUA MONTE CARMELO

ADMINISTRATIVO

ESTACIONAMENTO SAÚDE

SOCIAL ALIMENTAÇÃO ENFERMARIA SERVIÇOS

DORMITÓRIOS

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09 FLUXOGRAMA E ORGANOGRAMA


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9.2 ORGANOGRAMA


A proposta para a casa de repouso partiu da intenção de se criar um ambiente acolhedor e integrativo, favorecendo o bem estar e sociabilidade dos idosos que nela residirão. O terreno e seu aclive atenuado se condicionam com a proposta do projeto, uma vez que, para a elaboração desse tipo de instituição, a acessibilidade foi a peça fundamental, sendo ela pensada em todos os setores de modo a facilitar a circulação e comodidade. Outro ponto pensado para essa proposta que se alinha ao tema foi a funcionalidade, otimizando a realização das atividades dentro e fora da edificação, estimulando uma integração entre áreas externas e internas. Pensando no entorno, o bairro, o qual está localizado o terreno, trata-se de uma região com casas de aspecto mais suburbano e menos contemporâneo, e, em algumas em específico, podemos notar características mais rústicas, com o uso de tijolinhos aparentes nas fachadas e grandes varandas contornando-as. Elementos construtivos, como grandes quintais, portões e fachadas trabalhados ornamentalmente em serralheria e madeira, também serviram de inspiração estética para elaboração do partido arquitetônico do projeto, pois essas características favorecem a criação de ambientes mais aconchegantes, destinados ao descanso e conforto, além de proporcionar maior identidade com as pessoas mais idosas, dando a elas a sensação de estarem em suas próprias casas. Outra peça fundamental para elaboração do projeto foi a localização do terreno, pois uma das intenções da proposta é de criar um ambiente de acolhimento e cuidados, mas que esteja bem localizado e integrado com o meio urbano. O bairro Fragata está localizado em uma porção mais central na cidade, no qual estão localizados serviços como farmácias, fórum, bancos, escritórios, clínicas, mercados e mercearias, além de um hospital público nas proximidades. Por final a rua Monte Carmelo possibilita acesso à esses serviços de forma efetiva e também que as pessoas e prestadores de serviços localizem a casa de repouso com maior facilidade.

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10 PARTIDO ARQUITETÔNICO


O projeto para casa de repouso teve como premissa o compromisso com a qualidade de vida de seus moradores, os quais já colaboraram muito com seus entes queridos e a sociedade, e agora necessitam de uma atenção mais especializada. Os espaços que compõe a casa, foram elaborados de forma a promover a socialização e o envelhecimento ativo, promovendo o bem estar e o desenvolvimento pessoal de cada um. A casa em si procurou trabalhar todas as necessidades e demandas diárias de uma pessoa idosa, assim como todas os setores que estão relacionados com o seu cuidado de forma eficiente. Em casos de cuidados e atividades mais específicas, a localidade do projeto facilitou o acesso à eles e integrou os moradores ao centro urbano. Do ponto de vista do lazer, espaços multifuncionais foram empregados de forma a criar diversas formas de atividades e interação entre os moradores e os funcionários, promovendo uma convivência mais dinâmica e inclusiva. Por final, pontuar os centros dos projetos com áreas verdes garantiu melhor relação entre o meio externo e interno, convidando ao morador usufruir tanto de seus espaços internos como salas, oratório e fisioterapia, como a usufruir de seus jardins e áreas de convivência externas. Projetar para pessoas da terceira idade mostra a importância das gerações mais novas se atentarem para esse crescente aumento da população mais idosa e buscarem adequar as atuais formas de concepção para lares assistencialistas, promovendo melhorias, criando ambientes cada vez mais humanizados e seguros, além de ressaltar a importância que essa faixa etária têm na sociedade.

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11 CONCLUSÕES










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