Conexão BAHIA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE ARTES DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

LETÍCIA PIMENTEL CARVALHO

Conexão

BAHIA

Proposta de conexão verde entre as praças do centro de Ibicaraí-BA

Vitória, 2015



UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE ARTES DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

LETÍCIA PIMENTEL CARVALHO

Conexão

BAHIA

Proposta de conexão verde entre as praças do centro de Ibicaraí-BA Projeto de Graduação apresentado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito para a obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. Orientador(a): Karla Caser Co-orientador: Homero Penteado Vitória, 2015



FOLHA DE APROVAÇÃO Letícia Pimentel Carvalho

Ata de Avaliação da Banca Examinadora _______________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________

Avaliação da Banca Examinadora

_________ ___/___/___ _____________________________________ Nota

Data

Orientador

_________ ___/___/___ _____________________________________ Nota

Data

Co-orientador

_________ ___/___/___ _____________________________________ Nota

Data

Convidado

Aprovada com nota final: _______________

Vitória, 2015



“Desenhar é levar uma linha para passear.” Paul Klee


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AGRADECIMENTOS À Deus, pela vida cheia de surpresas maravilhosas. Aos meus pais, Ângelo e Simone, que vivem pelos filhos, me amam do jeito que sou e aceitam de braços e mentes abertas minhas escolhas. À grande família Pimentel, barulhenta, divertida e sempre unida, que me incentiva com muito carinho. À Caio, pelo amor e paciência. Tem o poder de acalmar meu coração e deixar minha alma leve. Aos amigos da escola, da arquitetura, e da vida, por serem a família que escolhi e pelo carinho de estarem sempre presentes. À turma 2009/2, em especial, às amigas marquilindas, pelo companheirismo em dividir afetos, risadas e crescimentos. À professora Karla, por compartilhar conhecimento ao longo das orientações, por contribuir para existência desse trabalho e por compreender a megalomania de sete praças para projeto. Ao professor Homero, pelas co-orientações e por me fazer refletir sobre a pergunta “o que é uma conexão verde?”. Ao Cemuni III que, por alguns anos, foi minha segunda casa. Aos professores, estudantes, servidores e todos que convivem e aprendem com ele. Ao querido EMAU, por me mostrar uma outra arquitetura, me trazer novos amigos e me fazer refletir sobre a cidade e a vida. À Ilha de Vitória, pelo acolhimento e pelas vivências maravilhosas. À minha terra natal e àqueles de lá que ajudaram no desenvolvimento do Conexão BAHIA. À cidade de Ibicaraí dedico este trabalho.

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RESUMO Uma das inúmeras cidades do interior baiano, situada próximo ao litoral sul e a cidades de

Por fim, desenvolve-se a proposta de conexão urbano-paisagística entre as praças do centro

importância histórica para o estado, como Ilhéus e Itabuna, Ibicaraí há muito se configurou

da cidade, trabalhando a reestruturação das vias, inserção de elementos de infraestrutura

como um ponto forte no auge do cacau, porém com a crise da produção, não só sua zona

verde, arborização urbana, ciclofaixas e valorização dos córregos existentes, com o intuito

rural, como também a urbana foram aos poucos desvalorizadas. A ideia de fazer o projeto

de transformar ruas áridas e desconfortáveis em caminhos agradáveis ao percurso,

de conclusão de curso nessa cidade se dá por questões afetivas e valorativas, sendo esta

principalmente para pedestres e ciclistas.

minha terra natal, e pelo anseio de requalificar seus espaços públicos. Palavras-chave: sistema de espaços livres; infraestrutura verde; praça; Ibicaraí As praças e ruas representam os principais espaços livres públicos de Ibicaraí; as primeiras carregam identidade própria devido a fatores históricos e socioculturais, porém se encontram em mau estado de conservação, pouco funcionais e ainda apresentam nenhuma ligação entre si. Já as ruas da cidade priorizam apenas os automóveis, carecendo de arborização e de calçadas confortáveis aos pedestres. Assim, o Conexão BAHIA consiste em expor uma proposta de conexão verde entre esses espaços, com o intuito de valorizar não somente as praças da cidade, mas o próprio ambiente urbano.

Sobre a metodologia utilizada, é possível citar dois momentos. Inicialmente, apresenta-se fundamentação teórica baseada nos conceitos e aplicações de sistema de espaços livres e infraestrutura verde. Diversos autores defendem a ideia de que ambos configuram uma rede “infraestruturadora” na cidade e são uma solução para problemáticas urbanas da contemporaneidade. Em um segundo momento, apresenta-se coleta de dados sobre a cidade. Foram realizadas investigações em torno da história do lugar, diagnóstico e análise das condições atuais, envolvendo levantamentos e mapeamentos, além de entrevistas estruturadas e não-estruturadas com os moradores. 13


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SUMÁRIO 1. Introdução.........................................................................................................................................................................................21 1.1 Objetivo.......................................................................................................................................................................................24 1.2 Metodologia............................................................................................................................................................................24 1.3 Estrutura do trabalho.......................................................................................................................................................26

2. Fundamentação teórica........................................................................................................................................................27 2.1 Sistemas de Espaços Livres........................................................................................................................................27 2.2 Infraestrutura Verde........................................................................................................................................................30 2.3 Estudos de caso.................................................................................................................................................................35

3. A cidade de Ibicaraí.................................................................................................................................................................40 3.1 Diagnóstico............................................................................................................................................................................50

4. Projeto...............................................................................................................................................................................................58

5. Considerações Finais...........................................................................................................................................................108

6. Referências Bibliográficas................................................................................................................................................109

7. Anexos................................................................................................................................................................................................111

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LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Localização da Bahia, microrregião Ilhéus-Itabuna e Ibicaraí, respectivamente [21]

Figura 29 – Área da atual Praça Henrique Pimentel Sampaio, década de 50 [42]

Figura 02 – Localização geográfica de Ibicaraí [22]

Figura 30 – Visita do governador Regis Pacheco à Ibicaraí, década de 50 [43]

Figura 03 – Relevo e hidrografia da região [22]

Figura 31 – Anúncio em revista local, 1976 [43]

Figura 04 – Mapa geral da cidade de Ibicaraí [23]

Figura 32 – Mapa de divisão dos bairros [44]

Figura 05 – Espaços livres de edificação [27]

Figura 33 – Localização de pontos importantes da cidade[45]

Figura 06 – Relação entre o espaço e seus componentes: espaço livre, espaço verde e área

Figura 34 – Localização das praças do centro [46]

verde [28]

Figura 35 – Mosaico de imagens das praças do centro [47]

Figura 07 – Parklet em São Paulo. Os parklets ou “zonas verdes” foram criados em

Figura 36 – Mosaico de imagens de alguns pontos importantes da cidade [48]

São Francisco, nos Estados Unidos, e surgiram como forma de converter o espaço de

Figura 37 – Mosaico de elementos e símbolos captados durante o levantamento [49]

estacionamento de automóvel na via pública em área recreativa temporária. [29]

Figura 38 – Mapa das quadras da cidade [50]

Figuras 08 e 09 – Esquema e exemplo real de canteiro pluvial [32]

Figuras 39 e 40 – Área livre próxima à rodoviária e loteamento desocupado no Bairro Bela

Figuras 10 e 11 – Esquema e exemplo real de jardim de chuva [32]

Vista [50]

Figuras 12 e 13 – Esquema e exemplo real de biovaleta [33]

Figura 41 – Mapa de uso do solo [51]

Figuras 14 e 15 – Esquema e exemplo real de lagoa pluvial [33]

Figuras 42, 43, 44, 45, 46, 47 – Imagens dos córregos e do Rio Salgado [52]

Figuras 16 e 17 – Esquema e exemplo real de teto verde [34]

Figura 48 – Mapeamento dos córregos [53]

Figura 18 - Exemplo real de cisterna [34]

Figura 49 – Mapa indicando os fluxos das vias da cidade [55]

Figura 19 – Mapa geral do projeto Southwest Montgomery Green Street [36]

Figura 50 – Mapa das ambiências da Avenida Principal e respectivas imagens atuais [57]

Figuras 20, 21, 22 – Planta baixa, perspectiva e corte esquemático, respectivamente, de uma

Figura 51 – Projeto de conexão verde entre as praças do centro de Ibicaraí [58]

das quadras do projeto [37]

Figura 52 – Localização das vias de conexão e destaque para as vias detalhadas [59]

Figura 23 – Localização da SW Moody Avenue [38]

Figura 53 – Proposta de sistema binário para a cidade [60]

Figuras 24, 25, 26 – SW Moody Avenue já reestruturada [39]

Figura 54 – Mapeamento das vias e das áreas possíveis de se estacionar [60]

Figura 27 – Ibicaraí vista da estátua do Cristo Redentor [40]

Figuras 55 e 56 - Estacionamento da feira livre [60]

Figura 28 – Imagens aéreas de Ibicaraí nas décadas de 60, anos 2000 e atualmente [41]

Figura 57 – Estacionamento da Prefeitura Municipal [60] 17


18

Figura 58 – Proposta de ciclofaixas e calçadas compartilhadas para as vias de conexão [61]

Figura 88 - Planta baixa atual do recorte da Rua 02 de Julho [76]

Figura 59, 60, 61 – Ciclista ibicaraiense na década de 70, ciclistas pedalando na Avenida

Figuras 89, 90 e 91 – Imagens da Rua 02 de Julho [77]

Principal e exemplo de ciclofaixa na calçada, respectivamente [61]

Figuras 92, 93 e 94 – Detalhe do funcionamento dos canteiros pluviais alternados [78]

Figura 62 – Divisão da calçada em faixas [62]

Figuras 95 e 96 – Corte A da via existente e da proposta, respectivamente [80]

Figuras 63 e 64 – Exemplo real e esquema da plataforma [62]

Figuras 97 e 98 – Corte B da proposta e corte C da via existente, respectivamente [81]

Figuras 65 e 66 – Exemplo real e esquema da travessia elevada [62]

Figuras 99 e 100 – Cortes C e D da proposta [82]

Figuras 67 e 68 – Exemplo real e esquema da chicana [62]

Figuras 101 e 102 – Corte e perspectiva da proposta para o acesso à feira livre [83]

Figuras 69 e 70 – Exemplo real e esquema da rotatória [62]

Figura 103 – Corte da proposta das varandas sobre o Córrego do Meio que corta a Rua 02 de

Figura 71 – Localização dos elementos de desenho urbano utilizados nos recortes ampliados

Julho [84]

do projeto [63]

Figura 104 – Perspectiva da proposta das varandas e imagem da situação atual,

Figura 72 – Divisão e medidas para faixas de rolamento [64]

respectivamente [85]

Figura 73 – Mapeamento dos fluxos das águas pluviais [65]

Figura 105 - Planta baixa atual do recorte da Rua Barão do Rio Branco [86]

Figuras, 74, 75, 76 – Exemplos reais de canteiros pluviais contínuos e próximos à faixa de

Figura 106 – Exemplo real de sarjeta a partir do meio fio [86]

rolamento [65]

Figuras 107, 108 e 109 – Imagens da Rua Barão do Rio Branco, da Praça Principal e do

Figuras 77 e 78 – Imagens da Rua Gonçalo de Carvalho em Porto Alegre, considerada a mais

estacionamento na borda lateral da praça, respectivamente [87]

bonita do mundo. Arborização com tipuanas enfileiradas cria extenso maciço de vegetação

Figuras 110, 111 e 112 – Proposta de nova paginação de piso para o Calçadão e imagens da

na rua [66]

situação atual, respectivamente [88]

Figura 79 – Recortes ampliados das vias predominantemente comerciais [68]

Figuras 113 e 114 – Corte A da via existente e da proposta, respectivamente [90]

Figura 80 - Recortes ampliados das vias predominantemente residenciais [69]

Figuras 115 e 116 – Corte B da via existente e da proposta, respectivamente [91]

Figura 81 – Planta baixa atual do recorte da Avenida Principal [70]

Figuras 117 e 118 – Corte C da via existente e da proposta, respectivamente [92]

Figuras 82, 83, 84 – Imagens da Avenida Principal [71]

Figuras 119 e 120 – Corte existente e proposta Calçadão Dagmar Pinto, respectivamente [93]

Figura 85 – Esquema da proposta para a interseção entre avenida e Rua 02 de Julho [72]

Figura 121 - Planta baixa atual do recorte da Avenida Itabuna [94]

Figura 86 – Corte A da via existente [74]

Figura 122 – Imagem da Avenida Itabuna [94]

Figura 87 – Corte A da proposta [75]

Figura 123 – Imagem do final da avenida, próximo à Praça Regis Pacheco [95]


Figura 124 – Imagem do Córrego do Meio na Avenida Itabuna [95] Figuras 125 e 126 – Corte A da via existente e da proposta, respectivamente [97] Figura 127 – Corte da proposta das varandas sobre o Córrego do Meio que corta a Avenida Itabuna [98] Figura 128 - Planta baixa atual do recorte da Rua Bandeirantes [99] Figura 129 – Imagem do início da Rua Bandeirantes, próximo à Praça Regis Pacheco [99] Figura 130 – Borda da Praça Regis Pacheco com a Rua Bandeirantes [100] Figuras 131 e 132 – Levantamento e estudo preliminar, respectivamente, de uma proposta de

LISTA DE SIGLAS CEPLAC - Comissão Executiva de Plano da Lavoura Cacaueira IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística NACTO - National Association of City Transpostation Official SAMPI - Serviço de Atendimento Médico Permanente de Ibicaraí SEL – Sistema de Espaços Livres UESC - Universidade Estadual de Santa Cruz

requalificação da Praça Regis Pacheco realizada durante o Projeto de Graduação 01 [100] Figuras 133 e 134 – Corte A da via existente e da proposta, respectivamente [102] Figuras 135 e 136 – Corte B da via existente e da proposta, respectivamente [103] Figura 137 - Planta baixa atual do recorte da Rua Padre Raimundo Araújo [104] Figura 138 – Imagem da Rua Padre Raimundo Araújo próximo à Praça Assis Araújo [104] Figuras 139 e 140 – Corte A da via existente e da proposta, respectivamente [106] Figuras 141 e 142 – Corte do existente e da proposta para as demais vias do sistema binário, respectivamente [107]

LISTA DE TABELAS Tabela 01 – Largura das faixas de rolamento de acordo com a classe das vias [64] Tabela 02 - Afastamentos mínimos necessários entre árvores e outros elementos do meio urbano [66] 19


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1. INTRODUÇÃO A conformação da maioria das cidades brasileiras foi caracterizada por grandes áreas

O Conexão BAHIA leva em consideração que o termo espaço livre público e urbano não

edificadas em detrimento dos espaços livres de lazer, contemplação e preservação dos

abrange somente a praça ou parque, mas engloba todo e qualquer espaço não construído,

recursos naturais, ao passo que as vias foram pavimentadas de forma a facilitar o transporte

seja uma rua, avenida ou corpo d’água. Acredita-se que esses espaços em questão não

rápido e eficaz dos veículos motorizados, tornando-se carentes de calçadas adequadas, de

devem ser uma negação à cidade, mas sim a afirmação dela, que a ausência de edificação

espaços cicláveis, de áreas permeáveis e principalmente arborização. Essas características

deve estar ligada a presença de pessoas em uso constante do ambiente urbano e que seus

se refletem na vida urbana atual e acarretam diversos problemas, como: escassas áreas de

elementos podem e devem estar conectados, interagindo não só fisicamente, mas funcional

recreação e contemplação para os habitantes; poucas áreas de permanência ao longo dos

e ecologicamente, formando um sistema na cidade. O trabalho considera ainda que esse

percursos urbanos; falta de estímulo ao uso de outros meios de transporte como a bicicleta;

sistema, aliado às tecnologias de infraestrutura verde funcionam como uma rede, compõem

falta de sombreamento adequado; aumento da temperatura; maior poluição concentrada

a paisagem urbana com vegetação e arborização e se configura como uma solução

na atmosfera; aumento dos índices de erosão; menor biodiversidade de fauna e flora na

para muitas problemáticas citadas anteriormente. De acordo com Cormier e Pellegrino

área urbana; precariedade na drenagem da água pluvial, com pouca retenção nos solos;

(2008), essa variedade de espaços tratados e interconectados ultrapassa suas funções

ocorrência de enchentes, entre outros.

infraestruturais, pois também funciona como fator de embelezamento e melhora da imagem local, proporcionando uma verdadeira integração natureza-cidade.

Segundo Macedo apud Macedo et al (2007), as praças e parques são vistos como os tipos mais comuns de espaços livres públicos no Brasil, reconhecidos dessa forma tanto pelo

Localizada na zona centro-oeste da região cacaueira, Ibicaraí se apresenta entre as inúmeras

poder público quanto pelos próprios habitantes. Muitas vezes, esses espaços são gerados

cidades de pequeno porte do Estado da Bahia. Abrangendo um espaço territorial de

como elementos isolados pela complexa malha urbana, e alguns se configuram apenas

aproximadamente 232 km² (IBGE, 2014), possui 62 anos de emancipação. Surgiu como um

como uma “sobra” não edificada na cidade, com nenhuma identidade, pouco funcionais e,

pequeno roçado no início do século XX e foi emancipada em 1952, depois de se transformar

principalmente, pouco utilizadas. Já as ruas e avenidas, elementos conectores entre esses

numa vila próspera em função do cultivo do cacau.

espaços, são também pouco reconhecidas e valorizadas enquanto espaços livres, sendo que estas não servem apenas para formar caminhos, mas também possuem potencial para gerarem áreas de lazer e de estar, estimulando o convívio social.

Figura 01 - Localização da Bahia, microrregião Ilhéus-Itabuna e Ibicaraí, respectivamente (Google Imagens)

21


Segundo os dados do IBGE de 2014, Ibicaraí possui 24.303 mil habitantes, com uma densidade demográfica 104,65 hab/km². Seu Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH) era de 0,625 em 2010. Já em termos geográficos, está localizada nas coordenadas 14º 52’ 02” de latitude sul e 39º 35’ 34” de longitude W.Gr.. A sede do município se encontra a 160 metros em relação ao nível do mar, seu clima é quente e úmido, sua precipitação pluviométrica é de 1.313mm/ano com temperatura anual máxima de 34º e mínima de 18º.

Ao norte é limitada por Almadina, ao sul por Itapé, ao oeste por Floresta Azul e ao leste por Coaraci, Lomanto Júnior (Barro Preto) e Itabuna, cidade de médio porte considerada polo regional (ver anexo). A BR 415, rodovia de ligação entre Ilhéus e Vitória da Conquista, além de margear a zona urbana, conecta Ibicaraí à BR 101, principal eixo rodoviário do país. A cidade dista aproximadamente 38 km de Itabuna, onde acontece o “nó” BR 415-BR 101 e 60 km de Ilhéus, principal cidade litorânea e de importância histórica para a região. Em relação à Vitória da Conquista, Ibicaraí se encontra a aproximadamente 200 km em direção leste e 450 km ao sul da capital Salvador. Figura 02 – Localização geográfica de Ibicaraí (IBGE)

Em contraponto à rodovia, observa-se o Rio Salgado margeando e dando forma ao lado oposto da cidade. Juntamente com os diversos córregos espalhados por essa região (Córrego Grande, Córrego Seco, do Luxo, do Cajueiro, da Patioba, do Catulé, da Gameleira, do Batista, da Saloméa, da Banha, da Jussara, dos 04 Porcos, do José Pio, do Luxinho, dos Miúdos, dos Dantas, das Alagoas, dos Potes, do Boi, do Manoel João, dos Veados, do Cacau, Laranjeiras, da Palha, das Iscas, das Pedras, do Gado) e com as cachoeiras de Pancada Formosa e Pancadinha, o Rio Salgado compõe a bacia hidrográfica de Ibicaraí. Já em termos de acidentes geográficos, é possível listar as serras Jussara e Quatro Porcos como os principais.

22

Figura 03 – Relevo e hidrografia da região (CEPLAC)


Figura 04 – Mapa geral da cidade de Ibicaraí

23


1.1 OBJETIVOS

coletadas informações históricas, socioeconômicas, físicas e geográficas, além de fotografias

Em termos gerais, este trabalho objetiva apresentar uma proposta de conexão verde entre

históricas, atuais e mapeamentos em geral.

as praças centrais do munícipio de Ibicaraí, revalorizando esses espaços livres públicos e configurando uma rede “infraestruturadora” na cidade. Acredita-se que esta se beneficiaria

Por causa da escassez de informação, a história da cidade foi montada com dados

no âmbito paisagístico/ecológico, no âmbito de mobilidade urbana e no âmbito social,

encontrados no site da Prefeitura Municipal, no blog de Murilo Benevides, professor de

gerando bem-estar aos moradores à medida que se movimentam confortavelmente e que

História, reportagens em jornais locais e, principalmente, através da entrevista estruturada

usufruem dos seus espaços. Em termos específicos, os objetivos são:

com o jornalista e historiador ibicaraiense Waldyr Montenegro. Há anos, o jornalista pesquisa

- Reestruturar ruas e avenidas consolidadas pela malha urbana, ampliando suas

sobre a terra natal e mantém um grande acervo fotográfico e material, a fim de resgatar e

calçadas, arborizando-as e transformando-as em vias agradáveis e confortáveis tanto

preservar a história do lugar. Já as informações socioeconômicas, físicas e geográficas foram

para passagem quanto para permanência;

encontradas por meio do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e da CEPLAC

- Inserir elementos de infraestrutura verde, visando a melhoria do manejo das águas

(Comissão Executiva de Plano da Lavoura Cacaueira) órgão do Ministério da Agricultura,

pluviais e o desenvolvimento sustentável da cidade;

Pecuária e Abastecimento. Muitas fotografias históricas da cidade foram encontradas em

- Estimular o uso das bicicletas e a segurança dos ciclistas ao inserir ciclofaixas e

redes sociais, na qual os moradores compartilham seus acervos pessoais e outras foram

calçadas compartilhadas;

disponibilizadas in loco por moradores antigos. Em relação às fotografias atuais, todas são

- Valorizar o Córrego do Meio, tornando-o mais visível e potencializando-o como um

de acervo pessoal, registradas durante o período de levantamento.

espaço livre de contemplação e preservação. Mapas regionais de hidrografia, relevo e limites urbanos foram adquiridos através da CEPLAC e do professor Mauricio Moreau do departamento de Geografia da UESC (Universidade

24

1.2 METODOLOGIA

Estadual de Santa Cruz). O mapa base da zona urbana foi disponibilizado pela Prefeitura

A metodologia utilizada para desenvolver o presente trabalho pode ser dividida em dois

Municipal, porém estava incompleto e com algumas imprecisões. A cidade ainda não possui

momentos: fundamentação teórica baseada nos conceitos e aplicações de sistemas de

o levantamento topográfico, por isso as curvas de nível foram geradas a partir do Google

espaços livres e infraestrutura verde, e coleta de dados sobre a cidade e sobre as praças

Earth, podendo apresentar também incoerências. Quanto aos corpos d’água existentes,

escolhidas. O levantamento dos dados da cidade e das praças ocorreu durante o mês

foram identificados e mapeados com ajuda do gestor municipal Romilso dos Santos e seu

de outubro, incluindo uma viagem ao local no dia 10/10/2014 até dia 24/10/2014. Foram

secretário Júnior Ramos, por intermédio do método de análise de walkthrough ou caminhada


acompanhada (RHEINGANTZ, 2009). Ao longo da caminhada, foram mapeados quatro corpos

de informações documentadas, existe a dificuldade de descrever cada praça quanto seus

d’água: Córrego Grande, córrego sem nomeação identificada, Córrego do Meio e Córrego do

aspectos históricos. Não foi possível encontrar os primeiros projetos ou os projetos de

Luxo. Os três últimos cruzam a zona urbana no sentido norte-sul para desaguarem no Rio

reforma daquelas que vieram a sofrer modificações ao longo dos anos. Nem mesmo a

Salgado.

Prefeitura Municipal possui esse tipo de informação. Portanto, o resgate histórico das praças também se baseou nos relatos de moradores antigos ou do próprio Waldyr Montenegro e

O Córrego Grande nasce na Serra da Jussara, o córrego sem nomeação não foi identificada

na análise das fotografias históricas encontradas sobre esses espaços. Também não foi

a nascente, o Córrego do Meio nasce na Serra da Banha e o Córrego do Luxo nasce na Serra

possível encontrar fotografias históricas referentes a todas as praças em questão, sendo

do Luxo, todas localizadas ao norte da cidade. Num percurso dialogado e fotografado, foi

que as poucas existentes foram obtidas em redes sociais. Outras foram disponibilizadas in

possível perceber que parte dos córregos está tamponada por edificações, em sua maioria

loco por moradores antigos. Em relação às fotografias atuais, todas são de acervo pessoal,

antigas e já consolidadas no traçado urbano, e alguns trechos que ainda se encontram

captadas durante o levantamento.

abertos estão em processo de tamponagem por iniciativa privada. Foi realizada uma coleta de dados de todas as praças listadas, considerando os seguintes Por falta de planejamento urbano prévio, parte do esgoto local é, atualmente, despejada

elementos bióticos e abióticos: vegetação existente, declividade, hidrologia, elementos

nos corpos d’água, transformando-os em esgoto a céu aberto e causando mau cheiro. Este

construídos com respectivas medidas, massas edificadas existentes, paginação de piso,

é o principal motivo pelo qual os moradores apoiam a vedação destes. É importante frisar

instalações, acessibilidade, circulação, vias circundantes, uso do solo, sinais urbanos,

que a transformação dos córregos existentes em esgoto e a vedação crescente contribuem

patrimônio, sensações e especificidades.

para sua extinção gradual e consequentemente para a degradação do Rio Salgado. Este já apresenta baixo nível e pouco fluxo de água, além da presença constante de baronesas

Durante o levantamento, focou-se nas praças Regis Pacheco e Henrique Pimentel

(Eichornia crassipes) ao longo do percurso, indicativa da degradação ambiental vigente.

Sampaio, devido a importância da primeira como praça da Igreja Matriz e da segunda por ser considerada a praça principal da cidade. A fim de compreender o espaço em diferentes

Sobre o levantamento dos dados das praças, estão inclusas as seguintes: Praça Henrique

aspectos, procurou-se entrevistar e dialogar com pessoas de todas as faixa-etárias (criança,

Pimentel Sampaio, Praça Regis Pacheco, Praça Justino Marques, Praça Olintho Matos, Praça

jovem, adulto e idoso). Feitas nas próprias praças, as entrevistas foram em sua maioria não-

Ramiro Berbert de Castro, Praça Assis Araújo, Praça Ex Combatente, Praça da quadra, além

estruturadas, deixando o entrevistado livre para se expressar, como numa conversa sem

da área livre verde na entrada de Ibicaraí. Como foi dito anteriormente, devido à escassez

compromisso (RHEINGANTZ, 2009). Alguns entrevistados permitiram que fossem feitas 25


filmagens da conversa, já outros pediram para que fossem feitas apenas anotações das suas falas.

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO O trabalho está organizado em três capítulos. O primeiro expõe fundamentação teórica em torno do conceito de sistema de espaços livres, o que compõe esse sistema, como se caracteriza e sua importância para a vida urbana. Após, é feita uma abordagem acerca do conceito de infraestrutura verde e suas tipologias. Para finalizar o capítulo, são apresentados estudos de caso em duas ruas da cidade norte-americana de Portland, Oregon. Já o segundo capítulo mostra a história de Ibicaraí e o diagnóstico feito a partir dos levantamentos realizados, composto pela análise da cidade para projeto. Por fim, o terceiro e último capítulo apresenta o projeto final, com a proposta de conexão verde entre as praças do centro.

26


2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

em massa de edificações e privilegiando a pavimentação quase completa das superfícies

2.1 SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES (SEL)

urbanas, com o propósito de suprir as exigências do adensamento populacional e do transporte por meio de veículos motorizados. As vias foram projetadas a fim de facilitar o

O conceito urbanístico de espaço livre está intimamente ligado à vida das cidades; estas são

transporte rápido e eficaz dos automóveis, além de se apresentarem pouco confortáveis para

sentidas por suas ruas, praças e parques, que caracterizam a paisagem urbana.

passagem e permanência de pedestres; os corpos d´água urbanos, em sua grande parcela,

KLIASS; MAGNOLI, 2006

foram “escondidos” e tampados por planos pavimentados, muitos têm seu valor ambiental e recreativo minimizado à medida que são poluídos e apresentam pouco ou nenhum atrativo;

Vistas sob o aspecto físico, as cidades são formadas por um complexo de espaços edificados

e ainda existe a busca crescente do consumo, diversão e lazer direcionados aos ambientes

e não edificados. De acordo com Silvio Macedo et al (2007), estes são considerados duas

privados e fechados como os shopping centers.

categorias de subespaços componentes da estrutura espacial urbana. De modo geral, os espaços edificados são aqueles no qual a superfície está predominantemente ocupada por

Desse modo, os tipos mais comuns

construções, já os não edificados ou espaços livres são aqueles que se encontram livres

de espaços livres públicos no Brasil

de edificação. Estes são também denominados de espaços abertos, já que esse termo é

são as praças e parques (MACEDO

comumente utilizado em literatura internacional como open space.

apud MACEDO et al, 2007), que desempenham o papel de “respiro”

Autora pioneira no Brasil a abordar o conceito de espaço livre, Miranda Magnoli o define como

no tecido urbano e estimulam seu

“todo espaço não ocupado por um volume edificado (espaço-solo, espaço-água, espaço-luz)

uso coletivo. Reconhecer e utilizar,

ao redor das edificações a que as pessoas têm acesso” (MAGNOLI, 2006, pág.179), sejam

predominantemente, as praças e

eles públicos ou privados, pavimentados ou vegetados, urbanos ou não. Ou seja, os espaços

parques urbanos como os principais

livres podem ser aqueles destinados a todas as pessoas ou de acesso restrito, podem ser

espaços livres é uma ação cultural

gramados ou com piso não permeável e ainda podem estar dentro do perímetro urbano ou

tanto do poder público quanto da

rural, porém a característica comum é não estarem contidos dentro de um envoltório.

população

brasileira

(MACEDO;

CUSTÓDIO; et al, 2009). É notável que grande parte das cidades brasileiras desenvolveu-se priorizando a construção Figura 05 – Espaços livres de edificação (Macedo et al , 2007)

27


Porém, o conceito de espaço livre vai além da praça e do parque, como explicado anteriormente,

Espaço: totalidade EL: Espaço livre de edificação (ex: área sob um pergolado, terraço ao ar livre). EV: Espaço verde (ex: jardim sobre laje, rua arborizada). AV: Área verde (ex: extensa área gramada, bosque). * Espaço verde que não é espaço livre (ex: jardim dentro de uma edificação).

compreendendo qualquer superfície que se encontra descoberta e não enclausurada. Podem ser ruas, avenidas, calçadas, terrenos, praças, parques, jardins públicos ou privados, largos, pátios, quintais, orlas de rios e mares, corpos d’água como lagos e reservatórios, mangues, florestas, entre tantos outros.

É comum a distorção nacional entre os conceitos de espaço livre e área verde, sendo este último um termo corriqueiramente utilizado por órgãos competentes e até mesmo por especialistas. Entretanto, área verde se apresenta como uma categoria dos espaços livres de edificação, sendo uma área completamente permeável, ou seja, coberta em sua totalidade por vegetação, diferente de espaço livre que engloba diferentes adjetivos, podendo ser vegetado ou não. Existe também o conceito de espaço verde, que pode ser permeável ou

Figura 06 – Relação entre o espaço e seus componentes: espaço livre, espaço verde e área verde (Macedo et al, 2007)

pavimentado e é estruturado predominantemente por vegetação (MACEDO et al, 2007). Eugênio Queiroga, em seu artigo Sistema de espaços livres e esfera pública em metrópoles

De fato, é indiscutível a relevância das áreas permeáveis e vegetadas para as cidades, à

brasileiras (2011), cita sobre o assunto dizendo que:

medida que estas auxiliam na drenagem pluvial e na diminuição da poluição, geram sombreamento e microclima, ampliam a biodiversidade, entre outras qualidades. Porém

O conceito de sistema de espaços livres aqui proposto se sobrepõe, contém e amplia

quando se confunde e limita o conceito de espaço livre a área verde, consequentemente se

o conceito usual de “áreas verdes” frequentemente utilizado no país, que tem como

desconsidera características de mobilidade e de atividades socioculturais que em sua maioria

base a necessidade de espaços livres dotados de vegetação. Esta é uma noção

ocorrem em espaços pavimentados. As vias de circulação, feiras livres, eventos populares

reducionista dos espaços livres, deixa de lado características fundamentais do espaço

e até mesmo manifestações de cunho político ou religioso são exemplos de atividades

urbano, como a complexidade e diversidade das formas de apropriação e apreensão

que acontecem nesses espaços livres em questão e são primordiais a organização da vida

social e o fato real da impossibilidade física e mesmo da inconveniência da existência

urbana, a liberdade de expressão e representação da coletividade.

de vegetação em determinados espaços livres (pág. 28).

28


livres (elementos) distribuídos pela cidade e suas conexões funcionais e hierárquicas estabelecidas. Os espaços públicos e os privados formam subsistemas dentro do sistema de espaços livres, porém os públicos se constituem como os principais por serem aqueles destinados e utilizados por todos, caracterizando bens de uso comum do povo e de uma vivência mais democrática na cidade. Para autores como Macedo e Queiroga, os elementos básicos do subsistema de espaços livres públicos são as ruas e calçadas, que servem como estruturadoras na formação urbana, exercendo papel primordial de mobilidade, circulação e acessibilidade, ao passo que também se apresentam como palco dos acontecimentos citadinos. Sun Alex, em seu livro Projeto da Praça – convívio e exclusão no espaço público (2008), diz que:

Praças, ruas, jardins e parques constituem o cerne do sistema de espaços abertos na Figura 07 – Parklet em São Paulo (Joana Canedo em Mobilidade Pinheiros)

cidade. Nem sempre verdes, os espaços livres são o reflexo de um ideal da vida urbana em determinado momento histórico. Os espaços livres acompanham a evolução das

Macedo et al (2012) aborda o espaço livre como elemento inerente à forma urbana e esta

cidades, e suas delimitações, funções e aparência são muitas vezes indefinidas ou

se estrutura pela interação entre os diferentes espaços da cidade, tecendo um sistema,

sobrepostas [...] (pág. 61)

qualificando-a e organizando-a. Ainda segundo Macedo, toda cidade possui um sistema de espaços livres, sistema esse que seja conectado fisicamente ou não e seja planejado ou não.

Na qualidade de sistema de ações, o SEL pode estar sobreposto ou justaposto a outros sistemas que se dispõem na cidade, criando assim interrelações fora do seu próprio sistema.

Conforme define Queiroga (2011, pág.27), “propõe-se entender o sistema de espaços livres

A circulação, drenagem urbana, atividades de lazer, conforto, preservação, conservação,

(SEL) urbanos como os elementos e as relações que organizam e estruturam o conjunto de

requalificação ambiental e convívio social são alguns exemplos das várias funções urbanas

todos os espaços livres de um determinado recorte urbano”. Sendo o conceito de sistema

sobrepostas ao sistema de espaços livres (TÂNGARI, 2009). A existência das cidades

tanto a organização de um conjunto em si quanto a interação entre elementos que o

depende dos espaços livres e, sobretudo de suas inter-relações. Logo, o SEL é fundamental

estrutura, o sistema de espaços livres urbanos compreende a somatória de todos os espaços

ao desempenho da vida cotidiana; estrutural na constituição da paisagem urbana, elemento 29


da forma urbana, da imagem da cidade, sua história e memória; participa da constituição

Um SEL que possa realizar todas as suas qualidades deve apresentar todos os seus espaços

da esfera de vida pública (geral e política) e da esfera de vida privada; tem a beleza como

livres, seja rua, calçada, praça, parque ou outros, conservados, funcionais, com acessibilidade

atributo cultural / qualitativo do SEL urbano; é elemento fundamental para a conservação de

plena e principalmente na escala do pedestre.

recursos ambientais e dinâmicas ecológicas existentes dentro e nas vizinhanças de áreas urbanas, tendo papel de estrutural na drenagem local (MACEDO, 2010).

2.2 INFRAESTRUTURA VERDE Diversos autores defendem que espaços livres variados e com diferentes funções

O termo infraestrutura, no sentido amplo e original da palavra, refere-se a “parte inferior de

proporcionam dinamicidade ao sistema à medida que agregam multifuncionalidade ao

uma estrutura” (DICIONÁRIO MICHAELIS). Entretanto, também é possível atribuir tal termo a

espaço urbano.

uma base, não necessariamente inferior e invisível, que fundamenta e organiza determinado grupo, instituição ou sistema, garantindo assim, sua existência. Um exemplo claro desse

O SEL deve servir “como forma prioritária e integrada para a constituição de um ambiente

termo é o conjunto de instalações, equipamento e serviços, geralmente públicos (rede de

urbano mais adequado às práticas sociais, às esferas públicas e conservação ambiental”

esgoto, de água, de eletricidade, de gás, de telefone, etc.) que são elementos da infraestrutura

(QUEIROGA, 2011, pág. 34). É importante ressaltar que, como qualquer sistema não é um

de uma cidade e que garantem seu bom funcionamento.

conjunto fechado e estático, o sistema de espaços livres está sempre em transformação e adequação, encontrando novas funções para atender as necessidades dos cidadãos.

Segundo Cormier e Pellegrino (2008), a infraestrutura verde se refere a um sistema estrutural e multifuncional de espaços abertos urbanos, sendo estes públicos ou privados, aliados

É visível que a preocupação do poder público em cuidar dos espaços livres de circulação

a tecnologias de alto desempenho e recursos naturais. Apresenta-se como uma rede que

é maior do que o interesse em manter os espaços livres coletivos de recreação, lazer e

procura solucionar problemas associados à água, ao clima e à ecologia urbana, além de

preservação. Muitas vezes o tratamento de praças e parques é deixado em segundo plano,

criar espaços paisagisticamente tratados, mais agradáveis e sustentáveis aos moradores

dando lugar a reestruturações de ruas e avenidas que, geralmente, não apresentam o suporte

das cidades.

necessário para conforto dos pedestres e ciclistas. Como dito anteriormente, as ruas e suas calçadas desempenham papel essencial para a vida nas cidades, contudo espaços livres

Com foco na sustentabilidade e pouco impacto ambiental, esse sistema que caracteriza a

como praças também exercem função relevante à vida pública.

infraestrutura verde, quando inserida na escala da cidade, engloba áreas naturais e outros tipos de espaços abertos interconectados, como parques, corredores verdes e espaços

30


naturais preservados, de forma a compor a paisagem urbana (CORMIER; PELLEGRINO,

reportados de enchentes, erosões e altas temperaturas, sendo estas consequência das

2008). Essa variedade de espaços verdes tratados e conectados ultrapassa suas funções

medidas imediatistas para o escoamento superficial das águas e da falta de espaços urbanos

infraestruturais, pois também funciona como fator de embelezamento e melhora da imagem

propícios ao conforto ambiental. Políticas públicas, por exemplo, priorizam a água da chuva

local, proporcionando uma verdadeira integração natureza-cidade.

escoando da maneira mais rápida possível, a fim de não prejudicar o “sistema urbano”, sem perceber que desta forma o próprio ecossistema das cidades é afetado, ecossistema esse do

Seattle e Portland, situadas nos estados de Washington e Oregon, respectivamente, são

qual todos os cidadãos fazem parte.

exemplos de cidades norte-americanas que, baseadas em modelos originados na Alemanha e Escandinávia, tomam partido dos serviços que a natureza tem a oferecer para melhorar

Dessa forma, a infraestrutura verde se apresenta como uma solução aos problemas

cada vez mais seu ambiente urbano (CORMIER; PELLEGRINO, 2008). Segundo Ahern apud

ambientais que muitas cidades vêm enfrentando atualmente. São numerosos os benefícios

Herzog e Rosa (2010):

dessa infraestrutura para o meio urbano, sendo os principais: aumento da permeabilidade dos solos; aperfeiçoamento do manejo das águas urbanas de forma sistêmica e por meio

Na última década a infraestrutura verde tem sido incorporada em planejamentos

da captação, limpeza e redução dos impacto das águas pluviais no escoamento superficial

sustentáveis de longo prazo em várias cidades de muitos países. Na verdade não é um

direto; conservação dos valores dos ecossistemas urbanos; reestabelecimento dos

conceito novo, mas atualmente é mais abrangente e emprega conhecimentos técnico-

processos naturais e culturais na vida urbana; estímulo ao conforto ambiental a medida

científicos, com a utilização de ferramentas digitais de última geração. Proporciona

que reduz as ilhas de calor e mantém a temperatura; aprimoramento das alternativas de

inúmeros benefícios para que as cidades sejam não apenas mais sustentáveis, mas

circulação e acessibilidade (CORMIER; PELLEGRINO, 2008); proteção, melhora e conexão

mais resilientes para enfrentar os efeitos causados pelas mudanças climáticas (pág.

de fragmentos florestados e vegetados, a fim de promover a troca gênica entre as espécies

95).

dos diversos fragmentos florestais, especialmente as nativas; priorização da circulação de pedestres e ciclistas em ambientes sombreados, agradáveis e seguros; redução da circulação

Tendo em vista que, por vezes, o desenvolvimento das nossas cidades suprimiu a

e velocidade dos veículos; reconexão das pessoas com outros seres vivos e com a natureza

biodiversidade urbana - à medida que substituíram espaços vegetados e arborizados por

em si (HERZOG, 2010); entre tantos outros.

espaços construídos - e a permeabilidade de grande parte dos nossos solos, percebe-se que as zonas urbanas se encontram carentes de diversidade de fauna e flora, ao passo

Para melhor entendimento da infraestrutura verde, são apresentadas a seguir algumas

que muitas estão limitadas quanto à drenagem das águas pluviais. São inúmeros os casos

tipologias que a compõe, todos abordados pelos autores Nathaniel Cormier e Paulo Pellegrino. 31


O

canteiro pluvial,

assim como um canteiro tradicional, é uma estrutura permeável

O

jardim de chuva

é uma área permeável com maior dimensão que o canteiro, além de

implantada ao longo de vias pavimentadas ou próxima a áreas construídas. Tem o objetivo de

ser uma depressão topográfica passível de receber um expressivo volume de água pluvial e

acumular e limpar as águas advindas dos espaços impermeáveis, filtrando suas impurezas

auxiliar na redução da velocidade dos fluxos drenados. Deve estar implantado em locais onde

e permitindo o escoamento superficial lento, portanto, precisam apresentar alguma porção

seja possível receber as águas provenientes de telhados e áreas impermeáveis justapostas.

não obstruída para que essa água possa chegar até ele. São considerados os menores

Seu solo acrescentado de compostos orgânicos, cascalhos e pedriscos no fundo aumentam

elementos que compõem uma infraestrutura verde e quando se encontram cheios, é possível

a capacidade de infiltração e porosidade, à medida em que sua limpeza é feita por meio dos

fazer o extravasamento do excedente para outros canteiros ou estruturas maiores, em alguns

microrganismos e bactérias existentes. O jardim de chuva também pode receber vegetação,

casos trabalhando em conjunto com a drenagem urbana tradicional. Pode ser dotado de

de preferência arbustos e forração, como forma de retardar o escoamento e reter impurezas.

vegetação, de preferência nativa, o que auxilia na evapotranspiração da água e melhora o

O dimensionamento de um jardim de chuva, segundo Cormier e Pellegrino (2008), “deve

conforto térmico nos espaços adjuntos.

atentar também para o fato de, algumas horas depois de um evento, não dever mais existir água parada em sua superfície”.

Figuras 08 e 09 – Esquema e exemplo real de canteiro pluvial (Cormier e Pellegrino/NACTO, respectivamente)

32

Figuras 10 e 11 – Esquema e exemplo real de jardim de chuva (Cormier e Pellegrino/NACTO, respectivamente)


A biovaleta é uma estrutura linear, também denominada de valeta de biorretenção, que se

A

lagoa pluvial

configura como uma espécie de canal vegetado composto por módulos implantados em

escoamento superficial por drenagens naturais ou tradicionais. Dentre as demais tipologias

sequência e ao longo de escadas, ruas, estacionamentos, trilhas e caminhos. Geralmente, é

apresentadas, a lagoa pluvial caracteriza a estrutura que exige maior espaço, conseguindo

encontrada em áreas que apresentam determinada declividade para que seu funcionamento

armazenar um volume de água significativo. Nesse caso, a água acumulada pode tanto ficar

aconteça em série e “como córregos intermitentes, são utilizados para a condução das águas

retida quanto ser drenada por completo. Porém, o dimensionamento da lagoa deve prever

de uma estrutura para outra, priorizando a todo o momento a infiltração da água no solo e

eventuais transbordamentos em função da quantidade de chuvas da região. O despejo de

reduzindo a velocidade dos fluxos a fim de não sobrecarregá-las” (PASSOS, 2009, pág. 160).

esgoto ou de qualquer tipo de poluente, seja este doméstico ou industrial, não deve ser

É composta por solo permeável, vegetação e elementos filtrantes que auxiliam na retenção

feito no local, a fim de preservar a capacidade de retenção e, especialmente, o hábitat que

de sólidos e impurezas, recebe água de áreas impermeáveis adjacentes ou de canteiros

se desenvolve no seu entorno. A lagoa pluvial, além de sua função estrutural, possibilita a

pluviais e a direciona para as áreas de acúmulo e infiltração, como um jardim de chuva ou o

valorização do espaço onde é implantada à medida que se torna um lugar agradável para

sistema convencional de drenagem.

atividades de recreação, lazer, esportes, entre outros.

é um alagado construído que funciona como bacia de retenção e recebe o

Figuras 14 e 15 – Esquema e exemplo real de lagoa pluvial (Cormier e Pellegrino/NACTO, respectivamente)

Figuras 12 e 13 – Esquema e exemplo real de biovaleta (Cormier e Pellegrino/NACTO, respectivamente)

33


teto verde e a cisterna

são as tipologias de infraestrutura verde que possibilitam a

A cisterna se configura como uma estrutura milenar e relevante até os dias atuais, sendo

retenção de água pluvial em menor fluxo, estando presentes, principalmente, em áreas

uma forma de armazenar a água da chuva e reutilizá-la para diversos fins. Recebe água de

privadas. O teto ou cobertura verde é quando a vegetação está aplicada acima da estrutura

telhados, áreas adjacentes e até mesmo de tetos verdes, podendo estar subterrâneas ou

de cobertura das edificações, por intermédio de uma membrana impermeável, reservatório

não. A cisterna, quando inserida em grande escala, consegue reduzir significativamente o

drenante, manta de proteção de raízes, compostos orgânicos e areia, nessa ordem. Pode ser

consumo de água tratada e estimula o uso sustentável e racional desse bem comum.

O

extensivo ou intensivo, sendo o primeiro com espessura menor, mais leve e com capacidade para receber plantas de pequeno porte. Já o teto verde intensivo tem a capacidade de receber

As

plantas de pequeno e médio porte – arbustos, herbáceas ou árvores pequenas – pois possuem

passíveis de se estruturarem e trabalharem

espessura maior e suportam maior sobrecarga. Quando possível, é interessante aplicar o

separadamente, porém, quando projetadas

teto verde, porque “absorvem água das chuvas, reduzem o efeito da ilha de calor urbano,

como parte integrante do sistema infraestrutural

contribuem para a eficiência energética das edificações, criam hábitat para vida silvestre e,

de um bairro ou de uma cidade em si, podem

de fato, estendem a vida da impermeabilização do telhado” (CORMIER; PELLEGRINO, 2008,

ser consideradas uma grade

pág.135).

com Cormier e Pellegrino (2008):

Figuras 16 e 17 – Esquema e exemplo real de teto verde (Cormier e Pellegrino/blogmundopossivel.ne10.oul.com.br, respectivamente)

tipologias

apresentadas

acima

verde.

são

De acordo Figura 18 - Exemplo real de cisterna (Cormier e Pellegrino)

As grades verdes consistem na combinação das diversas tipologias anteriores, em arranjos múltiplos, que acabam por conformar uma rede de intervenções para setores urbanos inteiros. Desse modo consegue-se que as soluções técnicas mais efetivas e eficientes sejam aplicadas onde mais apropriadas, tirando-se partido das tipologias mais adequadas para os diversos pontos, aumentando o desempenho geral do sistema (pág. 136).

A grade verde apresenta benefícios como tomar partido das diversas possibilidades que as demais tipologias oferecem para se ajustar as características de cada local, exigir pouca manutenção quando consolidada e aperfeiçoar seu desempenho com o passar dos anos. 34


Ainda segundo os autores, muitos bairros em Seattle estão sendo modificados a partir

Como uma categoria permeável de espaço livre, os elementos de infraestrutura verde devem

dos conceitos da grade verde, o que diminuiu custos exorbitantes com infraestruturas de

funcionar em conjunto, formando assim, um sistema de espaços livres na cidade. Justaposto

drenagem tradicional, além de contribuir com a preservação do meio ambiente.

a outros como de praças, parques, lagos e corpos d’água, esse sistema também deve ser desenvolvido em paralelo ao crescimento urbano. Seus efeitos são obtidos a médio e longo

Conclui-se que possuir um sistema de infraestrutura verde proporciona um desenvolvimento

prazo, porém contribuem significativamente para a melhoria da vida urbana.

sustentável às cidades. São inúmeras as vantagens que se mostram ao longo do tempo como: sequestro de carbono da atmosfera com melhoria na qualidade do ar e promoção da saúde

Por fim, ainda que o termo “espaço livre” se refira tanto à esfera pública quanto a privada,

humana; amortização do balanço climático entre temperaturas baixas e altas no microclima

além de estar contido na cidade ou não, o Conexão BAHIA foca nos espaços livres públicos

urbano entre dia-noite e as estações do ano; proteção, conservação e recuperação da

e urbanos de Ibicaraí. Estes expressam importância socioambiental para as cidades e são, de

biodiversidade da flora e fauna na área urbana; contenção da erosão; promoção de atividades

fato, os lugares do encontro, da diversidade e do cotidiano citadino.

contemplativas, esportivas e de lazer, como uso das bicicletas; promoção da importância da paisagem como fator determinante da estética urbana; incremento do fator permeabilidade do solo urbano permitindo a percolação da água e, portanto, a redução de enchentes;

2.3 ESTUDOS DE CASO

articulação e conectividade entre espaços verdes; promoção da seguridade urbana; proteção

Como dito anteriormente, Portland é uma cidade norte-americana que há tempo vem

de áreas de fragilidade ecológica; promoção de áreas de alto valor imagético, icônico e de

aplicando os conceitos de infraestrutura verde no seu desenvolvimento. Capital e maior

identidade de lugares e sítios urbanos, etc.

cidade do estado de Oregon, encontra-se na costa pacífica dos Estados Unidos, perto da confluência dos rios Willamette e Columbia. Foi fundada em 1845, possui pouco mais de

As mudanças climáticas e os desastres ecológicos pelo qual o planeta está passando

500 mil habitantes e dois milhões na região metropolitana. A cidade serve de modelo para

tendem a se agravar caso ações e costumes não sejam repensados. Se antes se davam pela

as demais quanto a relação indivíduo-natureza e quanto a criação de um sistema de espaços

falta de conhecimento, hoje se dão pela falta de consciência. Esses problemas ambientais

livres urbanos.

não devem ser desconsiderados quando se trata do desenvolvimento e crescimento das cidades e a infraestrutura verde se insere como uma forma de amenizar ou até mesmo evitar

Um exemplo claro é o projeto Southwest Montgomery Green Street. Este demonstra como

os efeitos destrutivos que a urbanização tradicional e não sustentável vem causando ao

até mesmo nas condições urbanas mais consolidadas, ruas do centro podem ser adaptadas

meio ambiente.

não só para a melhoria do gerenciamento de águas pluviais, mas também para criar e integrar 35


espaços para o pedestre.

estratégicos que promovem a sustentabilidade com a inserção de infraestrutura verde, aprimoram a experiência do usuário na rua, e estimulam a noção de comunidade no local.

O projeto visa transformar nove quadras da Rua Montgomery (quadra SW 11th Avenue à quadra SW 2nd Avenue), no sul do centro da cidade, em um corredor verde urbano. Com

Com iniciativa da Comissão de Desenvolvimento de Portland em conjunto com a

o intuito de enfatizar a Southwest Montgomery Street como uma rua paisagisticamente

Universidade Estadual, a Secretaria de Serviços Ambientais e empresas privadas, o projeto

contínua e altamente orientada para o pedestre, são incorporados na proposta elementos

apresenta resultados a longo prazo com previsão de quatro décadas. É apresentado um detalhamento de cada quadra, respondendo às condições únicas encontradas em cada

Figura 19 – Mapa geral do projeto (Prefeitura de Portland)

uma ao longo do corredor verde. São utilizadas calçadas mais largas, inserção de vegetação, bicicletários, marcação de entradas e acessos, equipamentos urbanos variados, diferença de pavimentação, entre outros.

Vale ressaltar que a água é vista como um tema ou elemento físico recorrente e é trazida à superfície em alguns pontos da rua (incorpora o conceito de Portland Open Space Sequence de Lawrence Halprin). O Rio Willamette também passa a ser outro elemento incorporado ao projeto, pois a própria Southwest Montgomery Street torna-se um conetor visual entre o rio e o West Hills (montanha próxima à cidade).

Portland Open Space Sequence

ou Sequência de Espaços Livres de

Portland foi um projeto do arquiteto Lawrence Halprin para cidade, em meados da década de 60. Como uma espécie de conexão no tecido urbano, se apresenta como uma série interligada de praças projetadas com temas fortes, utilizando água, paisagismo, arte e movimento. Engloba praças como a Lovejoy Fountain, Pettygrove Park e Ira Keller Forecourt Fountain.

36


Alguns dos objetivos gerais do projeto são:

ELEMENTOS DO PROJETO

- Melhorar a reputação atual de Portland como uma incubadora para o desenvolvimento colaborativo, inovador e sustentável;

manejo da água pluvial

inserção de vegetação

- Desenvolver um modelo para práticas sustentáveis, incorporando abordagens sobre a gestão de águas pluviais e contemplando todos os elementos de um ambiente urbano “vibrante”;

mobilidade

diferentes tipos de pavimentação

- Criar uma conectividade entre os diversos espaços do corredor verde e entre os diversos espaços da cidade em si; - Servir como um espaço de pesquisa ambiental para estudantes da Universidade

criar espaços e preservar lugares

mobiliários fixos e móveis

Estadual e para a comunidade do entorno (relação entre acadêmico, residencial e comunidade empresarial);

estacionamentos variados/equilibrados

elementos de acesso

- Utilizar a Southwest Montgomery Green Street como ligação a uma área ecológica. Figuras 20, 21, 22 – Planta baixa, perspectiva e corte esquemático, respectivamente, de uma das quadras do projeto (Prefeitura de Portland)

37


Ainda em Portland, é possível citar também o projeto de conexão multimodal para a SW

Segundo o departamento de transporte de Portland, há vantagens econômicas no incentivo da

Moody Avenue. Localizada em South Waterfront, a avenida faz parte do projeto de renovação

bicicleta como meio de transporte urbano: manter um carro é caro e o dinheiro economizado

urbana de uma antiga e degradada região industrial da cidade, conhecida como North

em combustível e em seguro é aplicado de outras maneiras, estimulando a economia. O

Macadam, próxima ao centro de Portland.

transporte em bicicleta mantém as pessoas mais saudáveis e, a longo prazo, essa prática faz as pessoas mais produtivas. Pela economia e pelo meio ambiente, Portland mantém a

Essa região encontrava-se desvalorizada, com viadutos se cruzando e caminhos áridos

política do apoio aos ciclistas há mais de 30 anos. (SOBRAL, 2011)

para o pedestre. Porém, nos últimos cinco anos, a área tem recebido investimentos significativos, como edifícios residenciais, um edifício da Oregon Health & Science University

Esse plano em questão prevê implantar infraestruturas para a bicicleta como meio de

e, principalmente, intervenções na área da mobilidade urbana, a fim de melhorar e diversificar

transporte urbano, como ciclorrotas e ciclovias de baixo nível de stress - para atrair novos

o transporte no local.

ciclistas que se sintam seguros no seu uso - e estacionamentos para bicicletas, sejam bicicletários ou paraciclos.

O projeto, que transformou uma região degradada em uma área valorizada, envolveu a reconstrução de aproximadamente 1,5 km da avenida, que vai do centro da cidade até a região que os urbanistas chamaram de Quadrante da Inovação do South Waterfront. Foram inclusas faixas de tráfego de veículos compartilhadas com trilhos de VLT (Veículo Leve sobre Trilho); junto ao acesso ao VLT, de ambos os lados da avenida, estão as calçadas mais largas para pedestres, e oposta a uma dessas calçadas estão as ciclovias. A divisão dos espaços de cada meio de locomoção é bem demarcada com pintura e sinalizações, garantindo assim a segurança de todos.

O ponto importante desse projeto é a valorização de novas formas de locomoção, não somente pelos automóveis, promovendo uma extensa conexão multimodal, com destaque para ciclovia. Vale apontar que o SW Moody Avenue integra o Portland Bicycle Plan for 2030, com meta de que em 2030, 25% dos deslocamentos na cidade possam ser feitos de bicicleta. 38

Figura 23 – Localização da SW Moody Avenue (Google Earth)


Figuras 24, 25, 26 – SW Moody Avenue já reestruturada (Portland Bureau of Transportation)

Vale ressaltar que Portland é considerada uma das dez cidades mais ecológicas, sendo conhecida como a cidade mais “verde” do país e a segunda mais “verde” do mundo. É conhecida também como Cidade de 20 minutos, em referência ao tempo máximo que se leva no trajeto casa-trabalho: cerca de 15 mil pessoas locomovem-se exclusivamente de bicicleta. O incentivo à bicicleta é mais significativo desde os anos de 1970, seguido de planos como o 1996 Bicycle Master Plan e o 2011’s Portland Bicycle Plan for 2030. Em 1996, quando o desenho original das faixas para bicicletas foi implementado em Portland, 98% das viagens eram de lazer; hoje apenas 8% dos usuários estão a passeio.

39


3. A CIDADE DE IBICARAÍ Assim como em relação a outras cidades da região Sul da Bahia, o surgimento de Ibicaraí e o desenvolvimento da lavoura cacaueira se mesclam, sendo o primeiro consequência do segundo. A princípio, o cultivo se restringia as áreas próximas a cidade de Ilhéus e ao longo dos anos foi se expandindo pelo território regional.

No início de sua saga no Sul da Bahia, o cacau foi introduzido no litoral. Canavieiras (à época fazendo parte do município de Ilhéus) foi a primeira área a cultivá-lo, em 1746, porém foi a atual área do município de Ilhéus que se constitui como ponto focal da região cacaueira. Mais tarde, a cultura expandiu-se para o interior, numa corrida de disputa pelas melhores terras. Dessa forma, diversas cidades surgiram em função dessa cultura, desviando sua atenção da cidade de Ilhéus, que se constituía na capital do cacau (ROCHA, 2006).

Mesmo sendo iniciada em meados do século XVIII, a monocultura cacaueira foi de fato estabelecida e consolidada no final do século XIX e início do século XX. Representa fator de grande importância para a formação dessa região em questão, pois além de ter atraído emigrantes de várias partes do país, sobretudo de Sergipe, impulsionou o desenvolvimento da economia que outrora era baseada no pequeno cultivo da cana de açúcar e tornou-se símbolo socioeconômico e cultural da identidade regional.

De acordo com Rocha (2006, pag. 168) “o cacau como signo é tudo isso ao mesmo tempo: símbolo, índice, ícone, porque está impregnado na alma, na mente, no suor dos que com ele lidam ou dele usufruem suas benesses.” 40

Figura 27 – Ibicaraí vista da estátua do Cristo Redentor (Panoramio Google Maps - cf.silva1957)


Fosse por interesse econômico ou social, no ano de 1916, o agricultor Manoel Marques Primo

criavam assim um pequeno povoado. Semelhante ao surgimento de tantas outras cidades,

comprou de Calixto Roxo um roçado no valor de Cr$400,00 cruzeiros. Situado às margens

essa pequena aglomeração deu margem à necessidade de troca, escambo, e desse modo

esquerdas do Rio Salgado, o roçado se encontrava numa área que até então pertencia a

atraía cada vez mais pessoas que pudessem suprir tais necessidades.

Itabuna, cidade em pleno crescimento na época, e assim como outras áreas da região, possuía solo e clima propícios para a introdução do cultivo do cacau (site História de Ibicaraí).

Alguém que pudesse vender a carne fresca, outro que soubesse produzir pão, aquele que trabalhasse com medicamentos e fórmulas, outro que selasse os cavalos que por ali

Outras culturas também faziam parte do cenário local, porém em segundo plano, pois a

passavam, aquele que vendia bebidas, e assim sucessivamente. Até surgirem necessidades

expansão da lavoura cacaueira era sinônimo de enriquecimento, progresso e esperança de

mais complexas, como médico, professor, farmacêutico, advogado, engenheiro, padre para

boa vida. Trazia cada vez mais emigrantes, assim como o fez o próprio Manoel Marques Primo,

rezar as missas, entre outros (entrevista Waldyr Montenegro).

que trouxe de Itabuna sua família para se estabelecer de vez no roçado recém-adquirido. No pequeno povoado que se formava, existia um barracão central que servia como ponto [...] o cacau se tornou o signo pelo qual almejavam se estabelecer no Sul da Bahia os

de convívio (atual Praça Olintho Matos), onde os moradores podiam conversar, “palestrar”,

forasteiros, os aventureiros, os de boa-vontade, os que queriam enriquecer, os que

negociar, trocar mercadorias e experiências, especialmente nos fins de tarde e finais de

pretendiam exercer o poder. Dos analfabetos aos mais letrados, a boa safra do cacau

semana.

era sinal de um período de abundância que lhes prometia dinheiro farto, viagens, festas, vida mansa (BERTOL, 2006).

Por essa função, o segundo nome dado ao local foi Palestra - o primeiro foi Arriba Saia, ato das mulheres ao atravessarem a porção mais rasa do Rio Salgado, porém essa denominação

Em 1917, ano seguinte à compra do roçado, várias famílias já se estabeleciam no local e

é desconsiderada, pois não agradava aos moradores. Em 1920, o engenheiro Aurélio Caldas Figura 28 – Imagens aéreas de Ibicaraí nas décadas de 60, anos 2000 e atualmente, respectivamente (Uderlan Almeida)

41


chegou ao povoado para demarcar as terras que se encontravam desordenadas e assim que reconheceu a fertilidade do solo, apelidou o local de Palestina, remetendo-a a “Terra Santa” judaica. Isso agradou os moradores, que passaram a chamar o povoado dessa forma (site História de Ibicaraí).

Retirado de uma revista local do ano de 1976, o fragmento de texto abaixo resume de forma clara como era a vivência no barracão central. Foi escrito por um dos médicos mais antigos

Figura 29 – Área da atual Praça Henrique Pimentel Sampaio, década de 50 (Uderlan Almeida)

da cidade, Dr. Justino Marques, que chegou a Ibicaraí em 1933 e como figura de importância

É possível afirmar que o início do arruamento em Ibicaraí se deu a partir da instalação desse

social e política, mais tarde recebeu o nome de uma praça como homenagem.

barracão central, que serviu como área de vivência e ponto comercial estratégico, levando em consideração que a única via de ligação entre Ilhéus e Vitória da Conquista era à margem

Não se pode conceber um bosquejo histórico e político perfeito da atual cidade de

do Rio Salgado, onde passavam as tropas que transportavam cacau e outros produtos

Ibicaraí sem antes passear uma visão retrospectiva sobre os alicerces de suas origens:

(entrevista Waldyr Montenegro).

o arraial de Palestina. Não foi intencionalmente que nasceu este nome tão expressivo e belo [...]. “Palestrinha” foi o seu nome de origem, corruptela que pareceu aos iniciadores

No decorrer dos anos, ruas e praças iam surgindo e configurando o local que deixava de ser

(autênticos pioneiros) tradução linear das cotidianas palestras levadas a efeito no

povoado para se tornar vila, mais precisamente na década de 20. Com a lavoura cacaueira já

mesmo local e com a mesma finalidade: discutir o preço do gado, o preço do cacau e

consolidada, mais famílias chegavam de outras localidades ou de fazendas próximas, a fim

assuntos outros, como a compra de uma ‘burara’¹ por um daqueles que evoluíra com

de morar na Vila Palestina.

mais rapidez para a prosperidade. Diga-se de passagem, estas “Palestrinhas” eram, uma que outra vez, regadas por avantajados tragos do então tradicional “cinzano”²

Durante o governo de Getúlio Vargas, a Lei Estadual nº 141, sancionada em 1943, além de proibir

ou “cerveja teotônia”³, sem que festejadas e animadas por retumbantes e tonorinas

a repetição dos nomes das cidades e distritos, recomendou “preferência em adotar nomes

gargalhadas.

regionais de língua indígena regional ou relacionado aos fatos históricos da região, em caso

1-Burara significa pequena roça de cacau plantada no meio da mata. 2-Cinzano é uma bebida alcoólica

42

de substituição de topônimos” (IBGE, 1946, p.436). Portanto, a Vila Palestina passou a ser

à base de vinho e com adição de flores ou ervas aromáticas advinda da Itália e desde 1999 pertence ao

chamada de Ibicaraí, que em tupi significa “terra santa” (ibi - terra, carai - santo), remetendo

Gruppo Campari. 3-Cerveja teotônia é uma bebida de origem germânica.

ainda a sua antiga denominação (JORNAL BAHIA EXTRA, 2011).


À medida que a vila crescia em extensão, desenvolvia-se também em produção econômica,

De acordo com o que foi explicado anteriormente, Ibicaraí surgiu em conjunto com a expansão

organização política e consequentemente vontade de se desmembrar da então sede, Itabuna.

da lavoura cacaueira. E como numa proporção direta, enquanto a lavoura ia bem, a cidade

Ocorreram muitos embates políticos e reuniões a favor da emancipação de Ibicaraí, que já

se desenvolvia de forma crescente e acelerada. Nas décadas de 70 e 80, a região sentia as

englobava outras vilas ao seu território, como Floresta Azul, Santa Cruz da Vitória, Firmino

mudanças que a prosperidade sem precedentes da produção do cacau proporcionava. Porém,

Alves, Itaiá e Itororó, além de outros povoados como Cajueiro, Saloméa, Santa Isabel,

no final da década de 80 e início da década de 90, a baixa dos preços, a política cambial

Coquinhos, Ponto do Astério, Ipiranga, Rio do Meio, Jussara e Itati.

e principalmente o alastramento rápido do fungo Crinipellis perniciosa, mais conhecido como vassoura-de-bruxa, acarretaram a queda brusca da produção, e consequentemente, a

Itabuna resistia e insistia em não ceder pela emancipação de Ibicaraí, pois sairia prejudicada

estagnação do crescimento das cidades que dependiam dessa cultura. (BERTOL, 2006)

deixando de receber arrecadação de tantas vilas e povoados envolvidos. Porém, em 22 de outubro de 1952, com o auxílio do deputado Ramiro Berbert de Castro e do então governador

Segundo o Censo de 1950, Ibicaraí já chegou a ter 73.397 habitantes, sendo 37.813 homens

da Bahia, Regis Pacheco, foi sancionada a Lei Estadual nº 451, na qual Ibicaraí deixa a

e 35.384 mulheres, localizando-se 84% da população na zona rural. Esse dado enfatiza o

condição de vila e passava a ser um município desmembrado de vez de Itabuna. Apenas

caráter essencialmente agrícola que a cidade possuía naquela época, na qual a zona urbana

dois anos após a emancipação, o Dr. Henrique Sampaio, que já havia sido administrador da

abrigava apenas cerca de 8.000 pessoas (JORNAL CORREIO DE IBICARAÍ E REGIÃO,

vila, foi eleito prefeito do município e junto com o comerciante Delfino Guedes iniciaram a

2012). De acordo com o IBGE de 2014, atualmente a cidade abriga 24.303 habitantes. Essa

administração da nova cidade (JORNAL BAHIA EXTRA, 2011).

minimização do número de habitantes tanto na zona rural quanto na zona urbana é devida à questões socioeconômicas como a redução da necessidade de mão-de-obra pela crise cacaueira e a escassez da oferta de emprego na cidade.

Ibicaraí e diversas outras cidades da região, sentiram e ainda sentem a crise que os altos e baixos da produção e exportação do cacau ocasionam. Por ter sido essencialmente agrícola durante décadas, o município precisou se firmar em outros setores, como o de serviço e pequenos comércios, já que se configura como uma cidade de pequeno porte e seu setor industrial não é significativo, além da única indústria de grande porte que havia, a Coca-Cola, ter fechado no início da década de 90. Figura 30 e 31 – Visita do governador Regis Pacheco à Ibicaraí, década de 50, e anúncio em revista local, 1976 (Uderlan Almeida)

43


Sobre a cidade atual, podemos listar os seguintes bairros: Centro, Sempre Viva, Bairro Novo, Delfino Guedes, Corina Batista, Duque de Caixias, Bela Vista, Caxingó e Luxo. Não foi possível coletar dados sobre os reais limites entre esses bairros, por isso o mapa ao lado os representa em forma de manchas urbanas. É possível observar que o centro engloba a maior parte da malha local e onde concentra os pontos comerciais da cidade. O mapa esquemático a seguir marca a Avenida Principal e a BR 415, além de situar o Rio Salgado, o acesso principal à cidade e seus pontos de atração, como: clubes, calçadão, rodoviária, feira livre, Prefeitura Municipal, Igreja Matriz, Fórum Municipal, hospital, cemitério, faculdade, entre outros. Nota-se que o centro também abriga grande parte desses pontos de atração.

Figura 32 – Mapa de divisão dos bairros

44


Figura 33 – Localização de pontos importantes da cidade

45


Ainda sobre o centro, este é composto por oito

01. Praça Ramiro Berbert de Castro - É conhecida como a praça da Sampi, pois já existiu uma

praças e a entrada da cidade (área livre verde

unidade de saúde chamada SAMPI próxima a ela. Também já abrigou uma biblioteca. Atualmente é

considerada no trabalho em função do seu

mais utilizada pelos moradores do entorno, principalmente crianças e idosos.

potencial de vir a ser uma praça). O mapa abaixo

02. Praça Henrique Pimentel Sampaio - É conhecida como a praça principal da cidade, localizada

as situa e, ao lado, é exposta uma breve explicação

na área predominantemente comercial. Passou por várias reformas e já foi uma das praças de maior

sobre cada uma delas.

movimento, tanto durante o dia quanto a noite, sendo considerada um ponto de encontro.

03. Praça Olintho Matos - Considerada a primeira área livre e de convívio da cidade, essa praça se localiza de frente ao Rio Salgado. Hoje possui apenas uma árvore, nenhuma pavimentação ou mobiliário e serve de estacionamento de uma oficina próxima, que bloqueia a visão para o rio. É considerada insegura pelos moradores.

04. Praça Ex Combatente - Praça triangular localizada de frente a uma das escolas públicas da cidade. Bem sombreada, é muito utilizada pelos moradores do entorno e pelos alunos da escola.

05. Praça Justino Marques - É conhecida como a praça do Centro, pois se localiza de frente a uma antiga escola da cidade, o Centro Educacional. Já foi bastante arborizada, porém está quase em sua totalidade sem vegetação. Se configura como uma espécie de praça cívica e fica próxima ao Fórum Municipal.

06. Praça Assis Araújo - Praça triangular próxima à praça da Igreja. Moradores antigos relatam que já possuiu uma palmeira imperial no seu centro, o qual era possível ver a longa distância , servindo como marco.

07. Praça Regis Pacheco - Conhecida como a praça da Igreja, recebeu esse nome em homenagem ao antigo governador. É considerada a mais utilizada e arborizada, atualmente, possuindo pontos de atração como a própria Igreja Matriz, uma das escolas particulares mais tradicionais (EPOM) e bares.

08. Praça da quadra - Praça triangular, margeada pela Avenida Principal e que abriga uma quadra pública em sua extremidade. É muito utilizada por aqueles que jogam futebol e basquete.

09. Entrada da cidade - Área livre verde do acesso principal da cidade. Possui uma lagoa pluvial 46

Figura 34 – Localização das praças do centro

e fica próxima à rodoviária.


01

02

03

04

05

06

07

08

09

01.

Figura 35 – Mosaico de imagens das praças do centro

47


Com o objetivo de compreender e sentir a cidade de Ibicaraí, são expostos aqui dois mosaicos com fotografias registradas durante o período de levantamento. O primeiro mostra pontos importantes já marcados anteriormente, junto com imagens da situação degradante dos córregos e do Rio Salgado. O segundo mosaico mostra um conjunto de elementos/símbolos que foram observados ao longo das caminhadas pela cidade.

48 Figura 36


Figura 37

49


3.1 DIAGNÓSTICO Ibicaraí é uma cidade caracterizada pela linearidade na constituição da sua mancha urbana -

menos regular nas extremidades da cidade. Pode-se observar também que duas áreas estão

área ocupada pelas construções contidas dentro do perímetro da urbanização. Situada entre

loteadas, porém não ocupadas, como é o caso da área próxima à rodoviária (01) e do Bairro

estrada e rio, de um lado se adaptou ao percurso do Rio Salgado nessa região e de outro lado

Bela Vista (02).

segue o traçado da BR 415. Vale ressaltar que os limites urbanos próximos à BR vão sendo ultrapassados aos poucos para além da rodovia, no sentido norte, configurando áreas de ocupação mais recente, como o bairro Delfino Guedes.

01

A partir dos dados coletados durante o levantamento, já explicitados anteriormente, foi possível gerar uma análise da configuração geral da cidade, considerando áreas ocupadas ou não, uso do solo, situação atual dos corpos d’água existentes e um mapeamento dos fluxos. Durante as caminhadas, foram identificadas também diferentes ambiências ao longo da Avenida Principal.

O centro de Ibicaraí já é uma área consolidada e densa, no qual existem muitas edificações

02 Figura 38 – Mapa das quadras da cidade

do período em que ainda era Vila Palestina. Seus lotes são estreitos em largura e generosos em comprimento - característica semelhante aos loteamentos coloniais portugueses - com as paredes das edificações justapostas. A grande maioria das casas tem um ou mais vãos horizontais, chamadas de “áreas de luz” pelos moradores, para auxiliar na iluminação interna e na ventilação, já que estão impossibilitados de abrir vãos laterais. Até alguns loteamentos

01

mais recentes seguem esse modelo.

No mapa ao lado, foram marcadas as quadras que estão loteadas e ocupadas. Serve para perceber o traçado ortogonal no centro, com quadras de diferentes dimensões, e o traçado 50

02

Figuras 39 e 40 – Área livre próxima à rodoviária e loteamento desocupado no Bairro Bela Vista, respectivamente (Google Earth)


A partir da análise de uso do solo, é possível afirmar que o uso residencial se sobrepõe ao uso comercial, sendo que este se concentra no ponto central da cidade. A área em que predomina o comércio, não coincidentemente, é a mais antiga da cidade e é onde está a feira livre, o Calçadão Dagmar Pinto, e a praça principal. Foi utilizada a denominação predominantemente, porque não é uma característica total e absoluta, ou seja, as vias predominantemente comerciais também englobam alguns lotes residenciais e vice versa, porém em número significativamente menor.

Figura 41 – Mapa de uso do solo

51


A

B

C

D

Durante o walkthrough, foram levantados quatro corpos d’água: Córrego Grande, córrego sem nomeação identificada, Córrego do Meio e Córrego do Luxo. O único que não corta a cidade para encontrar o Rio Salgado é o Córrego Grande, situado poucos quilômetros antes da entrada principal. Considerados esgoto a céu aberto pelos moradores, esses córregos estão em estado degradante, com coloração escura e mau cheiro, devido ao despejo de poluentes e do próprio esgoto da cidade.

Essa situação incomoda os moradores, que são favoráveis à tamponagem, considerando que não são tratados devidamente. Parte deles já se encontra tamponada, como é o caso do Córrego do Meio, que possui uma parcela “escondida” pela Avenida Principal e pela área da feira (ver mapa ao lado). Quando abertos, os córregos passam pelo interior das quadras, tornando-se quase imperceptíveis para aqueles que caminham pelas ruas e avenidas.

Tudo o que chega aos córregos também chega ao rio. A poluição presente nesses corpos d’água citados afeta de maneira relevante a vida do Rio Salgado, assim como a vida no rio (biodiversidade local). A degradação é visível pela coloração, nível da água e presença constante das baronesas. A cidade se formou “de costas” para esse importante recurso natural e essa invisibilidade, seja dos córregos ou do próprio rio, contribuem para o esquecimento, a negligência e falta de estímulo do uso consciente destes.

Ao lado, seguem imagens dos Córrego Grande, córrego sem nomeação identificada, Córrego do Meio e Córrego do Luxo e Rio Salgado, respectivamente.

52

Figuras 42, 43, 44, 45, 46, 47 – Imagens dos córregos que cortam a cidade e do Rio Salgado

E

F


Figura 48

53


Não consta na Prefeitura Municipal qualquer documento de hierarquização ou classificação

Vias de vizinhança - As demais ruas são consideradas de vizinhança, pois possuem

das vias da cidade. O mapeamento dos fluxos foi feito a partir das análises de caminhadas

fluxo pequeno de pedestres, ciclistas e veículos motorizados. São predominantemente

e observações em dias e horários distintos, considerando tanto a passagem de pedestres

residenciais, sendo itinerário das ruas intermediárias.

quanto de ciclistas e motoristas. Foram classificadas em:

Rodovia BR 415 – Se encontra próxima à malha viária, margeando o norte da zona urbana. Liga Ilhéus no litoral sul a Vitória da Conquista no centro-oeste baiano, além de conectar Ibicaraí à BR101, principal eixo rodoviário do país.

Avenida Principal (possui três nomeações ao longo dela, Avenida Tancredo Neves, Avenida Professor Otávio Monteiro e Avenida São Vicente de Paula) - Essas avenidas configuram a popular Avenida Principal, assim chamada pelos moradores. Esta cruza a malha urbana no sentido leste-oeste e caracteriza-se por ser estrutura viária principal e receber o maior fluxo de pedestres, ciclistas e veículos motorizados. Serve de ligação interurbana alternativa à BR 415 entre Ibicaraí, Saloméa e Floresta Azul.

Vias intermediárias

(Rua Acelino Prudente de Moraes, Avenida Itabuna, Rua 02 de Julho,

Rua José Oliveira Matos, Rua Siqueira Campos, Rua Castro Alves, Rua João Pessoa, Rua Barão do Rio Branco, Rua Ruy Barbosa, Rua Gileno Amado, Rua Padre Raimundo de Araújo, Rua Marechal Rondon, Rua Professor Aldacil de Jesus) - Essas ruas foram caracterizadas por receber e distribuir o tráfego das demais. Possuindo fluxo médio de ciclistas e veículos motorizados, essa classificação engloba duas das principais ruas da cidade: a Rua João Pessoa, considerada o primeiro arruado e a Rua 2 de Julho (atual Avenida Cinquentenário), importante conexão entre a Avenida Principal e a BR415. 54


Figura 49

55


Durante as caminhadas pela Avenida Principal foi possível identificar diferentes ambiências,

econômicos, pois é onde se dispõe o comércio local. Possui grande fluxo de pedestres,

levando em consideração sua extensão. A percepção do espaço e as diferentes sensações

ciclistas e veículos motorizados, apresentando conflito seja para passagem ou permanência

causadas pelas ambiências contribuem para uma análise mais completa. Segue abaixo a

(principalmente no sábado pela manhã, quando a quantidade de pessoas nessa área

descrição das ambiências identificadas.

aumenta). Apresenta também grande poluição sonora com carros e postes de som anunciando propagandas diversas. Suas edificações variam até 4 pavimentos e, apesar do

Ambiência 01

(Avenida Tancredo Neves) - Principal acesso á cidade e onde se localiza

forte caráter comercial, as residências que existem ficam em sua grande maioria no segundo

a rodoviária. Apresenta lotes desocupados e predominância de áreas verdes livres (sendo

pavimento, deixando o primeiro livre para as lojas. Alimenta duas vias coletoras importantes,

algumas públicas e outras privadas) o que possibilita visualizar a paisagem natural

Rua 2 de Julho e Siqueira Campos, perpendiculares à avenida e ligação à BR 415. Apresenta

circundante. Na extensa área verde livre, à margem da avenida, existe uma espécie de lagoa

ao longo de toda a sua extensão vagas para estacionamento, possui 18 metros de lote a lote,

pluvial, que em períodos de chuva, recebe a água que desce das cotas mais altas do entorno.

calçadas com 1,50 metros e é o único local da cidade em que existe demarcação de faixa de

Além disso, por causa de sua extensão e proximidade com o centro, nos finais de anos, um

pedestre (cruzamento com a Rua 2 de Julho).

circo ou um parque é montado nessa área. As poucas edificações presentes possuem até um pavimento, existe pouca arborização, via de mão dupla e nenhuma faixa de pedestre.

Ambiência 04 (final da Avenida São Vicente de Paula) - área predominantemente residencial,

Não há equipamentos que atraiam os moradores a permanecer nessa área, e por esse fator,

com ocupação recente. Existem lotes desocupados e áreas livres verdes. As edificações

a avenida se configura como um local de passagem.

existentes variam até 3 pavimentos, as calçadas possuem 1,50 de largura e a faixa de rolamento possui 10 metros, sendo pavimentada em paralelepípedo – as demais ambiências

Ambiência 02 (Avenida Professor Otávio Monteiro e porção intermediária da Avenida São

são asfaltadas. Configura-se como o limite oeste da zona urbana. Existem algumas árvores

Vicente de Paula) - apesar do fluxo intenso, se configura como uma área predominantemente

de plantio espaçado, porém a maioria de iniciativa dos próprios moradores na calçada de

residencial. Apresenta alguns comércios pontuais ao longo da via, porém se encontram

suas residências.

dispersos. Possui 18 metros de largura, de lote a lote, com calçadas de 1,50 metros. Existem algumas árvores de plantio espaçado, porém a maioria de iniciativa dos próprios moradores

O mapa ao lado mostra a localização dessas ambiências e marca um dos recortes ampliados

na calçada de suas residências. As edificações existentes variam até 4 pavimentos.

que foi utilizado no projeto. No capítulo seguinte, na descrição sobre esse recorte (Avenida Principal), é explanada a proposta para as demais ambiências.

Ambiência 03 (início da Avenida São Vicente de Paula) - área central da cidade em termos 56


04

Figura 50 – Mapa das ambiências da Avenida Principal e suas respectivas imagens atuais

03

02

01

57


4. PROJETO Os espaços livres são uma reserva de imaginação (BARTALINI, 2010).

09

Conexão BAHIA é uma proposta de conexão verde entre as praças do centro de Ibicaraí-BA, com o intuito de criar um sistema na cidade. Reconhece que suas ruas, avenidas e corpos d’água, juntamente com as praças, compõem o conjunto de espaços livres públicos e exercem papel relevante na vida urbana. É uma proposta que revela a rua não só como um conector físico, mas também funcional e ecológico entre os diversos espaços urbanos.

04 Acredita-se que a reestruturação das calçadas, o aumento de áreas

05

08

permeáveis e arborizadas, o uso de infraestrutura verde para manejo das águas pluviais, a inserção de ciclofaixas e espaços adequados para o clicista

02

e o aumento da visibilidade e interação com os corpos d’água são ações que melhoram o ambiente urbano e, principalmente, a qualidade de vida dos ibicaraienses.

01 03

As praças conectadas são: Praça Ramiro Berbert de Castro (01), Praça Henrique Pimentel Sampaio (02), Praça Olintho Matos (03), Praça Ex Combatente (04), Praça Justino Marques (05), Praça Assis Araújo (06), Praça Regis Pacheco (07), Praça da quadra (08) e a entrada da cidade (09).

58

Figura 51 – Projeto de conexão verde entre as praças do centro de Ibicaraí

07 06


Foram definidas vinte vias (dezoito ruas e duas avenidas) de ligação direta entre as praças, servindo como a melhor conexão entre elas. Dessas vinte, a proposta define seis (marcadas em amarelo no mapa) a serem reestruturadas e apresentadas em forma de estudo preliminar.

A escolha dessas vias surgiu em função do uso do solo predominantemente comercial e predominantemente residencial e das larguras existentes. A maior parte das vias da cidade possui 10 metros no total, considerando lote a lote, porém existem variações, no qual há estreitamento ou alargamento em alguns pontos. As medidas das vias de conexão variam entre 18, 12, 10 e 09 metros. A escolha dessas seis vias permite o estudo de todas as possibilidades para o projeto.

ELEMENTOS DO PROJETO mobilidade

vegetação

desenho urbano água

textura mobiliário

Figura 52 – Localização das vias de conexão e destaque para as vias detalhadas no projeto

59


MOBILIDADE No elemento mobilidade, é proposto aplicar o sistema binário no recorte urbano do projeto - centro da cidade. Esse sistema consiste em transformar vias com duas faixas de rolamento de sentido duplo em vias de uma faixa de rolamento com sentido único, permitindo que a outra faixa sirva de estacionamento ou seja espaço adicionado à calçada. A cada via paralela, o sentido inverte, possibilitando o ir e vir.

A fim de melhorar a configuração da Avenida Principal para os pedestres e ciclistas, (ampliar calçada e inserir ciclofaixa) é retirada a

faixa de

estacionamento ao longo desta, sendo permitido apenas em lugares já destinado a esse fim, como é o caso do estacionamento da feira livre (01) e da Prefeitura Municipal (02). A imagem abaixo mostra em verde as vias de conexão e em tracejado as vias do sistema binário possíveis de se estacionar. É proposto também manter os estacionamentos existentes nas praças e em alguns casos, acrescentar vagas, a exemplo da Praça Principal e da Praça Assis Araújo.

Figura 53

01

01

02

01 02 60

Figura 54 – Mapeamento das vias e das áreas possíveis de se estacionar

Figuras 55 e 56 – Estacionamento da feira livre

Figuras 57 - Estacionamento da Prefeitura Municipal


Um dos princípios para a Nova Visão de Mobilidade Urbana, segundo o Plano de Mobilidade por Bicicleta do Ministério das Cidades, é desenvolver meios de transporte não motorizados, passando a valorizar a bicicleta como meio de transporte importante (barato, acessível, não poluente, ocupa pouco espaço na rede viária, permite viagens a longas distâncias e ainda é um veículo apreciado para o esporte e lazer), integrando-a com outros modos de transporte coletivo. Levando esse quesito em consideração e tendo em vista a grande quantidade de ciclistas que foram observados circulando na cidade durante o período do levantamento, é proposto um percurso cicloviário para as vias de conexão.

Ibicaraí possui vias pavimentadas em paralelepípedo. Apenas a Avenida Principal e a Avenida Siqueira Campos são asfaltadas. A manutenção dos blocos de paralelepípedo é desejável, pois são pavimentos que auxiliam no escoamento da água e reduzem a velocidade dos veículos. Porém são desconfortáveis para o trânsito de bicicletas. Assim, são propostas ciclofaixas na calçada (faixas na calçada destinada ao ciclista, delimitada por sinalização horizontal ou diferenciação de piso e sem a utilização de

Figura 58

obstáculos físicos) e calçadas compartilhadas por pedestres e ciclistas.

As ciclofaixas são previstas para as vias predominantemente comerciais e com fluxo médio ou intenso, pois assim protege o ciclista separando-o da área do pedestre e do veículo. Já nas vias predominantemente residenciais, a solução é inserir calçadas largas e compartilhadas.

Figura 59, 60, 61 – Ciclista ibicaraiense na década de 70, ciclistas pedalando na Avenida Principal e exemplo de ciclofaixa na calçada, respectivamente (Sílvio Pimentel, acervo pessoal e Google Imagens, respectivamente)

61


01 DESENHO URBANO Aqui se trata dos princípios utilizados para redesenhar as vias de conexão. Baseado nos modelos do NACTO (National Association of City Transportation Officials dos Estados Unidos) foram utilizados a plataforma (01), travessia elevada (02), chicana (03) e rotatória (04) como elementos de desenho urbano. Esses elementos contribuem para organização dos fluxos na via, reduzem a velocidade dos veículos motorizados, ampliam o

02

espaço dos pedestres e, principalmente, facilitam o caminhar na cidade.

A plataforma consiste em um plano elevado na altura da calçada, permitindo que o pedestre siga o caminho sem obstáculos. Esse elemento foi utilizado em todas as interseções de via de conexão com via simples, na intenção de marcá-las. A travessia elevada é semelhante à plataforma, porém encontra-se apenas ao longo das faixas de pedestres. A chicana é um recurso que deixa a faixa de rolamento levemente curvilínea, evitando as altas velocidades dos carros influenciadas pela linearidade das vias. A rotatória é um elemento circular, construído ou não, no centro da via e com função de reduzir velocidade e distribuir o fluxo. Serve também para substituir semáforos, pois funcionam satisfatoriamente como organizador de trânsito.

Sobre projeto das calçadas, a ampliação foi fundamentada na divisão em faixas (de passeio, de serviço e ciclofaixa, quando existir) para garantir o bom funcionamento e torná-las mais confortáveis. A faixa de acesso não foi considerada, se tratando de vias muito estreitas.

03

Figura 62 – Divisão da calçada em faixas (NACTO)

62

faixa de acesso

faixa de passeio

faixa de serviço

ciclofaixa

04

Figuras 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70 – Exemplo real e esquema da plataforma, travessia elevada, chicana e rotatória (NACTO)


Para redesenho e reorganização das vias, são adotadas dimensões mínimas de três fontes: NACTO, Caderno de Desenho Ciclovias de Monica Fiuza Gondim (2010) e Loteamento urbanos de Juan Luis Mascaró (2003).

Quanto às calçadas, considerando que a área de ocupação de um pedestre é 0,75 metros, a faixa de passeio mínima é 1,50 metros, ou seja, medida de um espaço confortável para passagem simultânea de duas pessoas em sentido contrário. (NACTO; GONDIM, 2010). Já em relação à faixa de serviço, segundo o NACTO e Mascaró (2003), a seção mínima recomendada é 0,60 metros, se tratando apenas de posteamento e outros mobiliários urbanos menores como hidrantes e lixeiras. Porém, em algumas vias do projeto, a faixa de vegetação se encontra na faixa de serviço, assim essa medida mínima passa a ter 0,80 metros, a fim de se ter um espaço adequado para implantação de árvores. Vale ressaltar que, quando possível, a faixa de serviço junto com faixa de arborização possui 1,00 metros, a exemplo da Avenida Principal. Segundo Mascaró (2003), a área permeável na calçada para arborização urbana deve ter no mínimo 1,00 m².

Ainda sobre as calçadas, os raios de curvatura utilizados nas esquinas são 3,00 e 5,00 metros. O primeiro é utilizado nas esquinas em que os veículos

Figura 71

estão proibidos de curvar, seguindo o sistema binário. Já o segundo é utilizado nas esquinas em que é permitido curvar, facilitando eventuais passagens de veículos maiores e de emergência, como ambulâncias e caminhões de bombeiro.

63


Quanto menor o raio, maior o espaço da calçada destinado ao pedestre e maior o conforto

A imagem abaixo mostra tais medidas sugeridas pelo NACTO (em pés e aproximadas para

destes. As faixas de travessia são mais largas na Avenida Principal, com 4,00 metros de

metros). Nota-se que além das faixas de rolamento, é sugerida faixa de estacionamento com

largura, já que o trânsito de pessoas é maior, e com 3,00 metros de largura nas demais vias.

largura de 2,40 metros, ciclofaixa na pista com 1,80 metros, além de uma faixa de segurança para o ciclista de 0,90 metros. No caso desse projeto, as vagas de estacionamento seguem

Considerando o tipo da via, são adotadas duas medidas para as faixas de rolamento de

está dimensão (2,40 x 5,50 metros) e a ciclofaixa, estando localizada na calçada e sendo

veículos motorizados. Na Avenida Principal, mais larga e com fluxo intenso de veículos, são

unidirecional, é sugerida com seção mínima de 1,20 metros (GONDIM, 2010), protegida por

utilizados 3,30 metros para cada faixa, sendo esta medida ótima para eventuais passagens

faixa de vegetação (infraestrutura verde) e faixa de serviço.

de ônibus. Nas demais vias, de fluxo médio ou pequeno, são utilizados 3,00 metros para a única faixa de rolamento, já que a proposta é funcionarem no sistema binário.

A tabela abaixo mostra medidas de faixas de rolamento em relação ao tipo da via, segundo Gondim (2010). Mesmo que Ibicaraí não tenh documentada uma hierarquia viária, esta tabela

Figura 72 – Divisão e medidas para faixas de rolamento (NACTO)

3,30m

64

3,00m

3,00m

também serve de parâmetro para as larguras adotadas.

2,40m

0,90m

1,80m

Tabela 01 – Largura das faixas de rolamento de acordo com a classe das vias (Gondim)


ÁGUA A água e o gerenciamento dela são um dos pontos mais importantes da proposta. Conectar as praças com calçadas reestruturadas e percursos para ciclistas é muito importante para levar as pessoas de um espaço a outro. Porém, conectá-las no âmbito ecológico é crucial para o desenvolvimento da biodiversidade e melhora do ambiente urbano.

O projeto propõe inserir canteiros pluviais alternados ou contínuos, quando possível, em todas as vias de conexão. Quando são alternados, estes ficam localizados junto a faixa de serviço, e quando contínuos, se tornam uma faixa separada de vegetação. Aliados à drenagem urbana tradicional, os canteiros auxiliam no escoamento das águas da chuva, de forma lenta, além de permitir que voltem mais limpas as camadas do solo. O mapa ao lado indica o fluxo da água através da topografia do lugar.

Outro ponto importante desse elemento é a presença dos corpos d’água na cidade. As varandas sugeridas para o Córrego do Meio devem ser trabalhadas em duas fases: na primeira fase é proposta abrir a visão

Figura 73

e destacar a travessia sobre ele; na segunda fase é proposta retirar as edificações circundantes e estimular o contato com a água. Vale ressaltar que este projeto, enquanto estudo preliminar, se limita a trabalhar apenas a primeira fase. Se considera também o tratamento e a revalorização desses corpos d’água.

Figuras, 74, 75, 76 – Exemplos reais de canteiros pluviais contínuos e próximos à faixa de rolamento (NACTO)

65


VEGETAÇÃO Importante como o elemento água, é proposta arborização para todas as vias, em conjunto com os canteiros pluviais. A implantação de árvores não serve apenas para embelezamento, mas também são funcionais a medida que geram sombra e atraem a fauna local. São sugeridas, na grande maioria das vias, árvores de pequeno e médio porte, adequadas para áreas sob posteamento e fiação elétrica. Já as árvores de grande porte são implantadas nas demais áreas, como no canteiro central da Avenida Figuras 77 e 78 – Imagens da Rua Gonçalo de Carvalho, Porto Alegre (Adalberto Cavalcanti Adreani)

grande porte-10m

Principal e na feira livre.

Segundo Pivetta e Silva Filho (2002) os benefícios da arborização urbana

grande porte-12m

estão condicionados á qualidade de seu planejamento. A tabela a seguir

palmeira

mostra os afastamentos mínimos necessários entre árvores e outros elementos do meio urbano.

médio porte-8m pequeno porte-6m pequeno porte-5m

66

Tabela 02 (Pivetta e Silva Filho)


TEXTURA E MOBILIÁRIO Aqui apresenta-se os tipos de piso que são sugeridos na proposta e os mobiliários a serem mantidos ou acrescidos. O esquema ao lado serve também como painel para identificar as pinturas e os símbolos utilizados nos desenhos. São sugeridos coberturas de piso que facilitem na drenagem da água como os pavimentos drenantes e os blocos intertravados, sendo estes últimos de coloração amarelada, utilizados nas plataformas, nas travessias e nas marcações para pontos importantes da cidade, como o Calçadão Dagmar Pinto. É proposto o pavimento drenante vazado para as entradas de garagem, o vidro para as varandas dos córregos e o paralelepípedo menor para a faixa de serviço da Avenida Principal. As mudanças de piso também devem ser marcadas com uma espécie de meio-fio, como indica a figura 01. Quanto ao mobiliário, são propostos bancos ao longo dos caminhos, bicicletários a 0º na calçada, poste baixa para iluminação, a grelha metálica para canteiro (utilizada nos acessos a feira livre), além de manter os postes altos de iluminação e fiação elétrica.

67


RECORTES AMPLIADOS DAS VIAS PREDOMINANTEMENTE COMERCIAIS

Figura 79

Avenida Principal

68

(18m)

Rua 02 de Julho

(10 e 12m)

Rua Bar達o do Rio Branco (10 e 9m)


RECORTES AMPLIADOS DAS VIAS PREDOMINANTEMENTE RESIDENCIAIS

Figura 80

Avenida Itabuna

(12m)

Rua Bandeirantes

(10 e 9m)

Rua Padre Raimundo Araújo

(10m)

69


Avenida Principal PROPOSTA:

(18m)

Ampliar as calçadas, inserir ciclofaixa, manter duas faixas de rolamento

a ciclofaixa é curvilínea para maior segurança, possibilitando que os automóveis façam

em sentido duplo, acrescentar canteiro central, inserir rotária na interseção de maior fluxo

a curva e possam ver quando um ciclista atravessa a via (essa caracterítica se repete nas

(encontro da Avenida com a via intermediária Rua 02 de Julho), reorganizar a área da feira

demais vias). Por fim, a faixa de vegetação tem 0,80 metros, abriga árvores de pequeno e

livre e marcar o acesso ao Calçadão.

médio porte e configura o elemento de infraestrutura verde presente na Avenida, funcionando como canteiro pluvial contínuo e coletando água que escorre tanto das faixas de rolamento

CALÇADAS (PEDESTRES E CICLISTAS):

Atualmente a avenida tem 18 metros de

quanto das calçadas – manter a inclinação existente das faixas de rolamento direcionadas às

largura, nos quais apenas 1,50 metros são destinados para cada calçada. Na proposta, a

caçadas e executar calçada com inclinação de 1% direcionada aos canteiros pluviais. Quando

calçada é ampliada para 4,95 metros de largura, com faixa de passeio de 1,95 metros coberta

essa faixa de vegetação necessita ser interrompida por entradas de garagem, é sugerido

por concreto drenante. A faixa de serviço tem 1,00 metros, é coberta por paralelepípedos

utilizar o pavimento drenante vazado que também funciona como infraestrutura verde.

menores como forma de marcar essa faixa e contém mobiliário urbano como bancos,

70

bicicletários a 0º, poste de iluminação para pedestre, poste alto de iluminação e fiação elétrica

Com o intuito de sombrear ainda mais a faixa de passeio, são propostos também canteiros

(estes já são existentes, porém precisam ser realocados para a faixa de serviço devido à

simples alternados ao longo da faixa de serviço. As esquinas são rebaixadas ao nível da

ampliação da calçada). A ciclofaixa possui dimensão mínima de 1,20 metros, também em

via e são utilizadas as ilhas de refúgio, também conhecidas como “orelhas”, em forma de

concreto drenante, porém com coloração avermelhada, a fim de destacá-la. Nas interseções,

canteiros que protegem os ciclistas e pedestres.

Figura 81 – Planta baixa atual do recorte da Avenida Principal


FAIXAS DE ROLAMENTO (VEÍCULOS AUTOMOTORES):

Atualmente, as duas

ROTATÓRIA:

Na interseção de maior concentração de veículos, pedestres e ciclistas é

faixas de rolamento de sentido duplo têm 9,00 metros juntas, com cobertura asfáltica e

proposta uma rotatória com área permeável e flores, a fim de organizar o fluxo, evitar o uso

sem marcação, e ainda existem duas faixas de estacionamento de cada lado da via, com

de semáforo e reduzir a velocidade dos automóveis. As extremidades do canteiro central

3,00 metros cada uma e pavimentadas com paralelepípedo. É proposto manter duas faixas

próximo à rotatória são marcadas com pintura no piso para facilitar a passagem de veículos

de rolamento de sentido duplo, com o asfalto existente, porém com 3,30 metros cada uma,

de emergência, como ambulâncias e caminhões de bombeiro. Essa interseção é marcada

sendo esta medida ótima para eventuais passagens de ônibus. Quanto ao estacionamento,

também com a mudança de piso que deixa de ser asfáltico e passa a ser em bloco intertravado

é proposto nas áreas já destinadas a esse fim, como da feira livre e da Prefeitura Municipal,

de coloração amarela, assim como todas as travessias de pedestres.

além de ser realocada para as vias adjacentes que seguem o sistema binário.

FEIRA LIVRE: A feira é considerada também um grande espaço livre de encontro e convívio. CANTEIRO CENTRAL: A inserção de um canteiro central com 1,50 metros de largura serve

Atualmente, possui um estacionamento subutilizado em paralelepípedo, área descoberta

para organizar o fluxo, reduzir a velocidade dos veículos e facilitar a travessia de pedestres, já

com pequenas barracas de utensílios e variedades e dois galpões cobertos para a venda

que se trata da via de maior movimento. Serve também como elemento permeável, no qual

de alimentos. É proposto manter sete vagas de estacionamento, em bloco intertravado,

é possível implantar árvores de grande porte em função da ausência de posteamento de

à 45º adjacente à via, sendo uma exclusiva para idoso e outra exclusiva para portador de

fiação elétrica. É considerado o acréscimo de poste alto de iluminação com dupla luminária

necessidade especial. É sugerido também manter o ponto de Kombi, deixando duas vagas

ao longo do canteiro central.

disponíveis a esse meio de transporte, muito utilizado especialmente aos sábados pelos

A

B

Figuras 82, 83, 84 – Imagens da Avenida Principal

C

71


moradores rurais e das vilas próximas, como a Saloméa. Os galpões devem ser mantidos e a área livre das barracas, agora ampliada em função da redução do estacionamento, é reorganizada, aproveitando o espaço e otimizando os percursos. A ciclofaixa é aproximada da área livre, protegendo o ciclista e facilitando o acesso à feira. A ausência de fiação elétrica permite implantação de árvores de grande porte em canteiros com grelha metálica que ampliam a superfície de passagem. São localizados ao longo da feira bicicletários, bancos e poste de iluminação baixa para pedestres.

ACESSO CALÇADÃO: De importância histórica e cultural para a cidade, o Calçadão Dagmar Pinto tem seu acesso pela Avenida Principal marcado pela mudança de piso desta, que assim como na interseção da rotatória, deixa de ser asfáltica e passa a ser de bloco intertravado. Essa mudança serve para reduzir a velocidade dos veículos nas faixas de rolamento e na ciclofaixa e chama a atenção dos transeuntes para esse ponto importante da cidade. O detalhamento do Calçadão será abordado nas explicações sobre a Rua Barão do Rio Branco.

AMBIÊNCIAS:

As três primeiras ambiências da Avenida (explicado anteriormente no

diagnóstico) são asfaltadas e possuem 18 metros de largura, portanto, o que é sugerido para esse recorte pode ser replicado para as outras duas. Já a ambiência 04, onde se encontra o bairro Luxo, é pavimentada com paralelepípedo, de ocupação recente e possui 13 metros de largura, por isso necessita ser ampliada. O projeto de conexão até essa ambiência deve ser pensado num segundo momento, com ampliação da via de 13 para 18 metros, e estando o Luxo numa parte da cidade ainda pouco densa, com muita área livre, passível de novos loteamentos, os moradores que venham a ser realocados em função do alargamento, podem permanecer no próprio bairro. 72

Figura 85 – Perspectiva da proposta para a interseção entre a avenida e a Rua 02 de Julho



Corte A - existente

Figura 86

74


Corte A - proposta

Figura 87

75


Rua 02 de Julho (10 e 12m) - a rua do comércio

As características desta via de conexão verde podem ser replicadas para a Rua Gileno Amado

PROPOSTA: Nivelar com a calçada a parte da via com maior número de comércio, marcando

facilitador na drenagem urbana. Na via de 12 metros, é proposto o uso da chicana como

o acesso à Praça Principal, ter faixa de rolamento em sentido único, ampliar as calçadas,

elemento que destaca o acesso à feira livre e reduz a velocidade dos carros. Ainda nessa via,

inserir ciclofaixa, destacar interseções, marcar o acesso à feira livre e ampliar visão para o

por ser mais larga, é possível manter uma faixa de estacionamento de 2,40 metros.

córrego.

CALÇADAS (PEDESTRES E CICLISTAS): NIVELAR VIA COM CALÇADA:

Atualmente as calçadas variam entre 1,20,

A Rua 02 de Julho apresenta duas larguras, 10 metros

1,50 e 1,80 metros. A proposta consiste em ampliá-las, adotando faixa de passeio com 1,50

em quase toda a sua extensão e 12 metros nas quadras mais comerciais que conectam a

metros, faixa de serviço com 1,00 metros (apenas na via de 12 metros, na calçada adjacente à

Avenida Principal á Praça Henrique Pimentel Sampaio (Praça Principal). É proposto que essa

faixa de estacionamento, a faixa de serviço tem seção mínima de 0,60 metros), ciclofaixa com

via de 12 metros seja nivelada com a calçada, destacando o ponto mais comercial da cidade,

1,20 metros e faixa de vegetação com 0,80 metros. Desta forma, as calçadas por onde passa

conectando fisicamente rua e praça, e privilegiando o pedestre e ciclista.

a ciclovia têm 4,50 metros no total e a faixa de vegetação é composta por canteiros pluviais contínuos que abrigam árvores de pequeno e médio porte e protegem os ciclistas. As demais

76

FAIXA DE ROLAMENTO (VEÍCULOS AUTOMOTORES): Atualmente, a rua é de

calçadas variam entre os valores de 2,50 e 2,10 metros (ver cortes) e os canteiros pluviais

duplo sentido com estacionamento sem marcação. É previsto manter apenas uma faixa de

são alternados, localizados na faixa de serviço. Ao ampliar as calçadas e trabalhar com a

rolamento com 3,00 metros em paralelepípedo como pavimento redutor de velocidade e

chicana na faixa de rolamento, é possível criar áreas de estar e jardim com flores ao longo

Figura 88 - Planta baixa atual do recorte da Rua 02 de Julho

76


dos caminhos, o que torna a rua mais agradável. A pavimentação da faixa de passeio e de

ACESSO À FEIRA LIVRE: Além do destaque através da chicana, o acesso á feira livre

serviço é em concreto drenante, assim como a ciclofaixa, porém em coloração avermelhada.

pela Rua 02 de Julho recebe destaque também pela mudança de piso, que passa a ser em

Os bancos, bicicletários a 0º, postes altos existentes, e postes baixos para pedestres estão

bloco intertravado. Esse acesso, em parte protegido por balizadores com iluminação, se

localizados na faixa de serviço. As calçadas devem ter inclinação de 1%.

apresenta como um pequeno calçadão que abriga boxes comerciais e possui seção de 6,00 metros. A proposta consiste em criar canteiros centrais ao longo deste, com grelha metálica e

INTERSEÇÕES:

Para destacar as interseções entre uma via de conexão e uma via simples,

com árvores de grande porte, já que a ausência de fiação elétrica e o gabarito das edificações

é proposto o uso da plataforma com bloco intertravado. Esta se encontra nivelada com a

circundantes permitem. É proposta também, junto aos canteiros, uma calha central coletora

calçada, facilitando a travessia de pedestres e ciclistas. Ainda nesse caso, são utilizadas

das águas pluviais, considerando que a inclinação do piso deve ser de 1%, direcionada ao

também as ilhas de refúgio em forma de canteiros para proteção, e quando não é possível

centro do calçadão.

tê-las para não estrangular a passagem, são utilizados os balizadores com iluminação. As esquinas em que não é permitida a passagem de carros, seguindo o sistema binário, têm

VARANDA SOBRE CÓRREGO:

3,00 metros de raio. Já as esquinas em que é permitida a passagem de carros são utilizados

ao Córrego do Meio. O projeto sinaliza a passagem pelo córrego e amplia sua visão. Com

raios de 5,00 metros, prevendo eventuais passagens de veículos maiores e emergenciais.

uma marcação no piso que remete ao movimento da água, é proposta uma mudança do

Possuem pintura no piso marcando raios de 3,00, pois esta é uma medida ótima para

paralelepípedo e do concreto drenante para o bloco intertravado, a fim de reduzir a velocidade

passagem de automóveis comuns.

dos carros e chamar atenção dos motoristas, pedestres e ciclistas para o local. A faixa de

A

via com 10m

B

via com 12m

Um dos pontos mais importantes dessa via é o destaque

C

Figuras 89, 90 e 91 – Imagens da Rua 02 de Julho

77


vegetação com área totalmente permeável se transforma em pavimento drenante vazado, possibilitando o pisar e passar. Ao valorizar a vista para o córrego, são retiradas duas edificações de cada lado da via (uma academia de ginástica e uma residência) e a calçada é extendida 4,00 metros em cada extremidade, criando assim varandas sobre o corpo d’água. Parte dessas varandas possui piso em vidro incolor, o que amplia ainda mais a visão. São previstos também bancos e bicicletários para a área de estar, paredes com graffitis, estimulando artistas locais, e jardins verticais, trazendo a vegetação ao redor do córrego para as varandas.

DETALHE CANTEIROS: Nas calçadas em que a faixa de vegetação separada se torna inviável, são utilizados canteiros pluviais alternados junto à faixa de serviço, como citado anteriormente. Apesar de estarem alternados por superfícies pavimentadas para locação de mobiliários urbanos, esses canteiros estão conectados por tubulação subterrânea, equilibrando o nível de água de um para outro. São previstos rasgos no meio-fio para entrada de água que escorre das faixas de rolamento. A distância entre os canteiros (3,50 ou 4,50 metros) varia entre o tipo de árvore e tamanho de suas copas (5,00 ou 6,00 metros), a largura segue a faixa de serviço, podendo ser 0,80 ou 1,00 metros, e o comprimento é 1,50 metros, como mostra o detalhe ao lado. Este detalhe de canteiros alternados pode deve ser reproduzido para as demais vias de conexão.

Figuras 92, 93 e 94 – Detalhe do funcionamento dos canteiros pluviais alternados

78


79


Corte A da via com 10m - existente

Corte A da via com 10m - proposta

Figuras 95 e 96

80


Corte B da via com 10m - proposta

Corte C da via 12m - existente

Figuras 97 e 98

81


Corte C da via com 12m - proposta

Corte D da via com 12m - proposta

Figuras 99 e 100

82


Corte acesso Ă feira livre - proposta

perspectiva Figuras 101 e 102

83


Corte da varanda sobre o C贸rrego do Meio

Figura 103

84


Figura 104 – Perspectiva da proposta das varandas e imagem da situação atual, respectivamente

D

85

85


Rua Barão do Rio Branco (9 e 10m) PROPOSTA:

Destacar acesso à praça e acrescentar vagas de estacionamento, utilizar

As características desta via de conexão verde podem ser replicadas para a Rua Ruy Barbosa

SARJETA:

A Rua Barão do Rio Branco tem 10 metros de largura, porém uma parte da rua,

sarjeta na parte mais estreita da via, ter faixa de rolamento em sentido único, ampliar as

onde está localizado o Banco do Brasil e a quadra da CEPLAC, possui 9 metros, seção muito

calçadas, inserir ciclofaixa, destacar interseções, marcar o acesso e redesenhar o piso do

estreita para a faixa de vegetação com infraestrutura verde em ambas as calçadas. Por esse

calçadão.

motivo, é utilizada sarjeta adjacente a uma das calçadas, como continuação do meio-fio. Este é o elemento que capta a água pluvial da faixa de rolamento, deixando-a aparente e

ACESSO À PRAÇA:

Como o final da Rua 02 Julho já está nivelado com a calçada, a

direcionando-a às ilhas de refúgio vegetadas das esquinas da quadra.

proposta é manter o nível até a superfície da praça, criando assim uma plataforma no encontro da Rua 02 de Julho com a Rua Barão do Rio Branco, em bloco intertravado e com faixas de travessia de pedestre. A plataforma marca o acesso à Praça Principal e contribui para reduzir a velocidade dos veículos. Atualmente, existem vagas de estacionamento em uma das laterais da praça e o projeto acrescenta outras na lateral oposta, sendo duas vagas destinadas a idosos, uma ao portador de necessidade especial e outra para veículos maiores de carga e descarga.

86

Figura 106 – Exemplo real de sarjeta a partir do meio fio (Google Imagens)

Figura 105 - Planta baixa atual do recorte da Rua Barão do Rio Branco

86


FAIXA DE ROLAMENTO (VEÍCULOS AUTOMOTORES): A faixa de rolamento de 7,00

caso, a superfície da praça aumenta 2,00 metros. Por fim, na quadra com 9 metros de largura,

metros com sentido duplo e estacionamento sem marcação é reduzida para 3,00 metros

as calçadas permanecem com 1,50 metros de faixa de passeio, 1,20 para a ciclofaixa e 0,80

em sentido único sem vagas de estacionamento, transferidas para as bordas da praça - e

metros para uma faixa de vegetação, porém a faixa de serviço tem que ser reduzida para

é mantido o paralelepípedo, assim como já foi explicado anteriormente na Rua 02 de Julho.

0,50 metros e deve servir apenas para locar postes. Os materiais de piso são os mesmo já

Vale ressaltar que a pavimentação do estacionamento é em bloco intertravado.

citados anteriormente e as calçadas devem ter inclinação de 1%.

CALÇADAS (PEDESTRES E CICLISTAS): Hoje as calçadas dessa via possuem 1,50

INTERSEÇÕES:

metros. Para a ampliação, existem três situações: quando é parte do percurso das ciclofaixas,

simples são marcadas com uma plataforma e mudança de piso. No caso de encontros de

quando possuem calçada compartilhada e quando estão na parte da via com 9 metros de

duas vias de conexão, é proposta apenas a mudança de piso, mantendo o nível das faixas de

seção. No primeiro caso, a calçada passa a ter 4,50 metros, sendo 1,50 para faixa de passeio,

rolamento. Deste modo, as esquinas são rebaixadas e protegidas por ilhas de refúgio. Nas

1,00 para faixa de serviço, 1,20 para ciclofaixa e 0,80 para faixa de vegetação (canteiro pluvial

interseções com a Praça Principal, apenas as travessias de pedestres são destaques com a

contínuo). Vale ressaltar que com o redesenho da via, a superfície da praça aumenta 1,00

mudança de piso.

Como dito anteriormente, as interseções entre vias de conexão e vias

metros. Quando a calçada é compartilhada entre pedestres e ciclistas, possui 3,50 metros de largura, sendo que a faixa de passeio passa a ter 2,70 metros (1,50 pedestres + 1,20 ciclista) e a faixa de serviço permanece com 0,80 metros e com canteiros pluviais alternados. Nesse

A

Figuras 107, 108 e 109 – Imagens da Rua Barão do Rio Branco, da Praça Principal e do estacionamento na borda lateral da praça, respectivamente

B

C

87


D

CALÇADÃO:

O Calçadão Dagmar Pinto, com 10 metros de largura, é predominantemente

comercial, abriga duas barracas fixas em cada entrada, o que obstrui a passagem e a visão, e dois canteiros altos que servem como assento, porém não estimulam a interação entre os usuários. A proposta traz uma nova paginação de piso em bloco intertravado, remetendo às formas e às cores do cacau (verde, amarelo e vermelho). A mudança de piso é marcada por uma espécie de meio-fio (ver textura e mobiliário) e nas interseções das formas amarelas, criam-se canteiros no nível do calçadão, com implantação de árvores de médio porte. É mantida a área de circulação livre e são distribuídos bancos levemente curvilíneos e voltados para “dentro das formas”, o que possibilita o diálogo entre as pessoas. A inclinação de 1% deve estar voltada ao centro da superfície e deve ter uma calha central que recebe as águas pluviais e as direciona aos canteiros. As barracas existentes são realocadas para dentro do calçadão e posicionadas no centro, após três módulos de piso, desobstruindo a passagem e ampliando a visão para o local.

Figuras 110, 111 e 112 – Proposta de nova paginação de piso para o Calçadão e imagens da situação atual, respectivamente

88

E


89


Corte A - existente

Corte A - proposta

Figuras 113 e 114

90


Corte B - existente

Corte B - proposta

Figuras 115 e 116

91


Corte C - existente

Corte C - proposta

Figuras 117 e 118

92


Calçadão Dagmar Pinto - existente

Calçadão Dagmar Pinto - proposta

Figuras 119 e 120

93


Avenida Itabuna (12m) PROPOSTA:

Ampliar as calçadas, ter faixa de rolamento em sentido único, inserir faixa

de estacionamento, destacar interseções, ampliar visão para o córrego e unificar praça e

As características desta via de conexão verde podem ser replicadas para a Rua Wilson Maron

A

calçada.

FAIXA DE ROLAMENTO (VEÍCULOS AUTOMOTORES): É prevista faixa de rolamento com 3,00 metros em sentido único, substituindo a faixa atual de sentido duplo, e é mantido o paralelepípedo como pavimento. Devido essa avenida ser mais larga, é possível manter uma faixa de estacionamento de 2,40 metros, no sentido da via, respeitando as entradas de garagem.

PRAÇA REGIS PACHECO: O projeto propõe ampliar a superfície da praça para as calçadas da Igreja Matriz e dos bares existentes. Ver mais detalhes na Rua Bandeirantes a seguir. Figura 122 – Imagem da Avenida Itabuna

94

Figura 121 - Planta baixa atual do recorte da Avenida Itabuna

94


B

INTERSEÇÕES:

As interseções seguem o mesmo modelo da Rua 02 de Julho, tomando

partido da plataforma quando é encontro de via de conexão com via simples e adotando apenas a mudança de piso quando é encontro de duas vias conectoras.

VARANDA SOBRE CÓRREGO:

Aqui o destaque para o Córrego do Meio também é

proposto, sinalizando a passagem e ampliando a visão. Com uma marcação no piso que remete ao movimento da água, é proposta a mudança do paralelepípedo e do concreto drenante para o bloco intertravado e faixa em pavimento drenante vazado marcando as extremidades das calçadas. Estas são também ampliadas 4,00 metros de cada lado em direção ao corpo d’água, criando assim as varandas, com parte em piso de vidro incolor. São Figura 123 – Imagem do final da avenida, próximo à Praça Regis Pacheco

previstos bancos e bicicletários para a área de estar e jardins verticais. Como nesse ponto da cidade o córrego não está tamponado, não se faz necessária a retirada de edificações nesse

CALÇADAS (PEDESTRES E CICLISTAS): A Avenida Itabuna tem 12 metros de seção,

primeiro momento do projeto.

com calçadas de 1,80 metros. Estando numa área predominantemente residencial, a proposta é ampliar as calçadas e deixar uma faixa de passeio compartilhada tanto para pedestres

C

quanto para ciclistas, ressaltando que o compartilhamento deve ser feito no sentido da via. Assim, uma calçada aumenta para 3,50 metros, nos quais 2,70 metros são faixa de passeio compartilhado (1,50 pedestres + 1,20 ciclista) e 0,80 metros são da faixa de serviço com canteiros pluviais alternados e entradas de garagem. Já a outra amplia para 3,10 metros no total, com faixa de passeio de 2,30 metros e faixa de serviço de 0,80 metros. Assim como as demais vias, todo o mobiliário urbano se encontra na faixa de serviço, e os postes altos de iluminação e fiação elétrica existentes são mantidos, porém realocados para essa faixa. As entradas de garagem são desenhadas com pavimento drenante vazado, como forma de auxiliar no escoamento das águas pluviais e as calçadas devem ter inclinação de 1%.

Figura 124 – Imagem do Córrego do Meio na Avenida Itabuna

95


96


Corte A - existente

Corte A - proposta

Figuras 125 e 126

97


Corte da varanda sobre o C贸rrego do Meio

Figura 127

98


Rua Bandeirantes (9 e 10m) PROPOSTA:

As características desta via de conexão verde podem ser replicadas para as ruas João F. de Araújo, Arthur Leite e Tv. Joaquim Távora

Ampliar as calçadas, ter faixa de rolamento em sentido único, relocar vagas

de estacionamento para as bordas da praça unificada com a calçada e destacar interseções.

FAIXA DE ROLAMENTO (VEÍCULOS AUTOMOTORES):

É prevista faixa de

rolamento com 3,00 metros em sentido único, no lugar da faixa atual com sentido duplo e estacionamento sem marcação. Deve ser mantido o paralelepípedo como pavimentação.

CALÇADAS (PEDESTRES E CICLISTAS):

A Rua Bandeirantes é uma continuação

mais estreita da Avenida Itabuna e tem 10 metros de largura em quase toda a sua extensão,

ESTACIONAMENTO:

exceto na quadra da Igreja Matriz, em que a via passa a ter 9 metros. As calçadas são também

Matriz, sendo pouco utilizadas e ocupadas apenas nos finais de semana pelos usuários dos

mais estreitas, com seção variando entre 1,00 e 1,50 metros. É proposto ampliá-las para 3,50

bares próximos e da Igreja. Seguindo a proposta de unificação da praça ás calçadas, essas

metros, considerando ter faixa de passeio compartilhado de 2,70 metros e faixa de serviço

vagas de estacionamento são transferidas e distribuídas seis para cada borda lateral, com

com canteiros pluviais alternados de 0,80 metros, assim como na Avenida Itabuna. Assim,

pavimentação em bloco intertravado São destinadas duas vagas para idosos e duas para

os ciclistas podem pedalar de forma segura na calçada, respeitando o fluxo. Na parte da rua

portadores de necessidade especial.

Atualmente, existem 12 vagas posicionadas de frente a Igreja

em que há o estreitamento para 9 metros, a solução é manter uma calçada compartilhada de 3,50 metros, no sentido da via, e a outra calçada simples com 2,50 metros, reduzindo a faixa

INTERSEÇÕES: Seguir modelos explicados anteriormente.

de passeio para 1,70 metros. Por fim, as calçadas devem ter inclinação de 1%. Figura 129 – Imagem do início da Rua Bandeirantes, próximo à Praça Regis Pacheco

A

Figura 128 - Planta baixa atual do recorte da Rua Bandeirantes

99


B PRAÇA REGIS PACHECO: A partir das entrevistas e dos estudos feitos em torno da praça durante o período de levantamento, foi possível observar a necessidade de conectá-la à escola EPOM, à Igreja Matriz e aos bares existentes (o intervalo dos alunos da escola, os eventos da igreja e a área de mesas dos bares ocorrem na praça). Por isso, o projeto propõe unificar a superfície desta com as calçadas desses respectivos espaços, evitando a passagem de veículos. As figuras a seguir ilustram o levantamento e uma proposta desenvolvida durante o Projeto de Graduação 01 que exemplifica a unificação citada e requalifica o espaço da praça. Vale ressaltar que um projeto de requalificação dessa e das demais praças do centro da Figura 130 – Borda da Praça Regis Pacheco com a Rua Bandeirantes

cidade não é o objetivo do Conexão BAHIA, assim, a imagem abaixo apenas demostra uma possibilidade para novo desenho da Regis Pacheco.

100

Figuras 131 e 132 – Levantamento e estudo preliminar, respectivamente, de uma proposta de requalificação da Praça Regis Pacheco


101


Corte A - existente

Corte A - proposta

Figuras 133 e 134

102


Corte B - existente

Corte B - proposta

Figuras 135 e 136

103


Rua Padre Raimundo Araújo (10m) PROPOSTA:

As características desta via de conexão verde podem ser replicadas para as ruas Eribaldo Cardoso, Bonifácio, Juracy Magalhães, João Pessoa, Quinto Pereira, Central e projetadas

Ampliar as calçadas, ter faixa de rolamento em sentido único, relocar vagas de

estacionamento para as bordas das praças em questão, destacar travessias de pedestres.

ESTACIONAMENTO:

Além das vagas de estacionamento previstas para as bordas da

Praça Regis Pacheco, explicadas na Rua Bandeirantes, o projeto propõe também inserir outras vagas na borda da Praça Assis Araújo, com pavimentação em bloco intertravado.

CALÇADAS (PEDESTRES E CICLISTAS):

A Rua Padre Raimundo de Araújo conecta a

Praça Assis Araújo à Praça Regis Pacheco. Possui 10 metros de largura, com sentido duplo

TRAVESSIAS:

e estacionamento sem marcação. Suas calçadas possuem 1,50 metros, assim, é proposto

posicionadas nas respectivas interseções. Por isso, nesse ponto da cidade, o destaque passa

ampliá-las para 3,50 metros, dividindo-as em faixa de passeio compartilhada com 2,70

a ser a própria travessia, com mudança de piso para o bloco intertravado.

As travessias de pedestre, em função das entradas de garagem, não foram

metros e faixa de serviço com canteiros pluviais alternados de 0,80 metros. As calçadas devem ter inclinação de 1%.

FAIXA DE ROLAMENTO (VEÍCULOS AUTOMOTORES): É prevista faixa de rolamento com 3,00 metros em sentido único, no lugar da faixa atual com sentido duplo e vagas de estacionamento sem marcação. Deve ser mantido o paralelepípedo como pavimentação. Figura 138 – Imagem da Rua Padre Raimundo Araújo próximo à Praça Assis Araújo

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Figura 137 - Planta baixa atual do recorte da Rua Padre Raimundo Araújo

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Corte A - existente

Corte A - proposta

Figuras 139 e 140

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Demais vias do sistema binário É proposto que as demais vias da cidade que não fazem parte da conexão verde, mas que compõem o sistema binário também sejam reestruturadas. Levando em consideração que nestas vias prevalece a seção de 10 metros, suas calçadas são ampliadas para 2,30 metros (1,50 metros de faixa de passeio e 0,80 de faixa de serviço), a faixa de rolamento deve possuir 3,00 metros com sentido único e deve ser mantida apenas uma faixa de estacionamento com 2,40 metros no sentido da via. São inseridos junto à faixa de serviço bancos, bicicletários à 0º, postes baixo de iluminação para pedestre, postes altos existentes e canteiros simples alternados com arborização de pequeno e médio porte.

Figuras 141 e 142

107


5. CONSIDERAÇÃOES FINAIS A Lei Orgânica do Município de Ibicaraí expõe no Art. 101 do Capítulo VI que todos têm direito

grande conectora ecológica. A inserção de ciclofaixas e calçadas compartilhadas estimulam

ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo este um bem de uso comum do povo

outro modo de locomoção além do automóvel, reconhecem a presença de muitos ciclistas

e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público Municipal e à coletividade o

circulando pelas ruas e torna o pedalar mais seguro e confortável. Nivelar a via mais comercial

dever de defendê-lo e preservá-lo para a presente e futuras gerações. Ademais, tem como

com a calçada e tomar partido da chicana, por exemplo, estimulam o dirigir devagar e o

lei, preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico

passear, à medida que afirma o movimento do pedestre como prioridade. As varandas sobre

das espécies e ecossistemas; definir espaços territoriais e seus componentes a serem

o Córrego do Meio são pontos de respiro na cidade, áreas potenciais de lazer e apreciação

especialmente protegidos; promover a educação ambiental em todos os níveis do ensino

da natureza. Reconhecem o valor dos corpos d’água e se apresentam como uma proposta

e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; incentivar e executar

sustentável, que pode ser replicada para os demais córregos, chegando até mesmo ao Rio

plantio de árvores na Zona Urbana de, no mínimo 150 (cento e cinqüenta) plantas, anual;

Salgado. Por fim, o Conexão BAHIA mostra que as ruas e a ligação entre as praças podem

entre outros. No entanto, mesmo com todas as definições, observa-se que esses quesitos,

ser um ambiente urbano mais acolhedor, vibrante, respeitando os diferentes usuários, os

há muito, não vêm sendo seguidos, principalmente pela situação atual dos corpos d’água e

ecossistemas existentes e transformando Ibicaraí numa cidade melhor.

pela carência de arborização na cidade.

O projeto se apresenta como forma de melhorar essa realidade, alcançando os objetivos de interligar as praças do centro da cidade e abrangendo questões físicas e também ecológicas. De fato, a rede “infraestruturadora” proposta tece um novo sistema de diferentes espaços livres, ao passo que junto às praças, engloba o Córrego do Meio, a feira livre, as áreas verdes dos canteiros pluviais, requalificando o espaço urbano e melhorando o manejo das águas.

A arborização de grande porte ao longo da Avenida Principal, as árvores menores ao longo dos canteiros nas demais calçadas e a vegetação existente nas praças criam extenso maciço de vegetação como cobertura verde. Isso embeleza, facilita o caminhar, o pedalar, o parar para conversar, promove a biodiversidade, porque se torna uma longa área sombreada e uma 108


6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALEX, Sun. Projeto da praça: convívio e exclusão no espaço público. São Paulo: Editora Senac

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7. ANEXOS

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