INTEGRAÇÃO NA PERIFERIA : URBANIZAÇÃO DA FAVELA DOS TRILHOS EM RIBEIRÃO PRETO

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CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA LETÍCIA AP. MOTTA TERRA

INTEGRAÇÃO NA PERIFERIA : URBANIZAÇÃO NA FAVELA DOS TRILHOS EM RIBEIRÃO PRETO

Trabalho apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo , do Centro Universitário Moura Lacerda como parte dos requisitos para aprovação no Trabalho Final de Graduação TFG. Orientadora: Ana Luisa Miranda.W



“A favela surge da necessidade de onde e de como morar.�


AGRADECIMENTO

Ao único que é Digno da minha adoração e do meu verdadeiro amor meu Pai Eterno, Deus Pai ,Filho e Espirito Santo. Aos meus Pais que nunca desistiu de sonhar comigo este sonho que por muitas vezes pensei em Desistir mais me sustentarão. Aos meus Irmãos pela paciência e incentivo, meus eternos amigos que alguns chegou aos poucos mais foram sonhando comigo em me torna Arquiteta e Urbanista. A minha Orientadora pelas palavras e por me conduzir sempre no melhor e mais simples caminho na vida profissional , humildade acima de tudo , o meu muito obrigada por cada instrumento que foi usado para me ensinar e me apoiar nessa jornada. Valeu Muito Sonhar o Sonho de Deus para minha vida.


BANCA EXAMINADORA LETÍCIA AP. MOTTA TERRA

APROVADA EM ____/____/____

Orientadora : Me. Ana Luisa Miranda

1- Examinador (a) : Vera Lucia Migliorini

2- Examinador (a) :

CONCEITO FINAL: ________________


SUMÁRIO

PÁG 09 INTRODUÇÃO

PAG, 11 CAPÍTULO 1 – A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO

PAG, 13 a 23

CAPÍTULO 2 – OS ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS EM RIBEIRÃO

PRETO PÁG, 24 a 35

CAPÍTULO III – A FAVELA DOS TRILHOS: IDENTIFICAÇÃOO,

CARACTERIZAÇÃOO E DIAGNÓSTICO

PÁG 36 a 53

LEITURAS PROJETUAIS

PÁG 54 a 65

PROJETO DE INTERVENÇÃO



INTRODUÇÃO

O município de Ribeirão Preto, fundado no ano de 1856, tem o seu desenvolvimento urbano mais significativo no século 19, com o desenvolvimento da da economia cafeeira. Desde as primeiras ocupações de terras, até a formação da malha urbana da cidade, aurbanização aconteceu de maneira desigual nos diversos momentos de sua evolução. Como resultado dessa urbanização desigual, nos dias atuais, Ribeirão Preto apresenta quarenta e três núcleos de assentamentos precários, nos quais vivem, aproximadamente, 26.590 pessoas (PREFEITURA DE RIBEIRÃO PRETO, 2010). A Favela dos Trilhos é um destes espaços que concentra precariedade de infraestrutura, serviços urbanos e tipologias construtivas. Localizada no bairro Ipiranga – zona oeste de Ribeirão Preto - é um dos espaços de pobreza do município. Nesse sentido, tendo como objeto de conhecimento a Favela dos Trilhos, este trabalho tem como objetivo a integração deste assentamento precário ao tecido urbano, atendendo as necessidades desta população, melhorando a habitabilidade das unidades e qualificando seus espaços públicos. Além disso, pretende-se, também, reconhecer os espaços livres públicos do entorno e elaborar diretrizes para potencializá-los. Embora o bairro Ipiranga ofereça uma rede de equipamentos coletivos (escolas, creches, postos de saúde ), é fundamental inserir a Favela dos Trilhos no tecido urbano do seu entorno imediato. Para isso, no primeiro capítulo busca-se contextualizar o processo de produção espacial de Ribeirão Preto. No segundo capítulo, apresenta-se uma contextualização dos assentamentos precários no município. Já no terceiro capítulo, realiza-se a identificação e caracterização da “Favela dos Trilhos”. As leituras projetuais que auxiliam o desenvolvimento da intervenção são apresentadas no quarto capítulo e o desenvolvimento do projeto no quinto capítulo.

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C A P Í T U L O 01 – P R O D U Ç Ã O D O E S P A Ç O U R B A N O Para a Sociedade Brasileira tornou-se comum viver com a exclusão social. A segregação é uma forma de exclusão social que apresenta uma dimensão espacial. Vista como um mecanismo de dominação, sempre impede ou dificulta o acesso dos segregados à algum serviço, benefício, direito ou vantagem, sejam públicos ou privado (VILLAÇA, 2005). Flavio Villaça (1998) nos diz que a maioria das cidades brasileiras é abarcada por locais privilegiados por infraestrutura completa, geralmente o centro e, uma periferia cercada por condições precárias de moradia e infraestrutura, ou seja as camadas de mais alta renda procuram se localizar em áreas privilegiadas, e ao adquiri-las, concentram investimentos. Para Saboya (1995), o funcionamento da sociedade urbana transforma seletivamente os lugares e, é assim que certos pontos se tornam mais atra’tivos, acessíveis e automaticamente mais valorizados. Tendo em vista que o espaço urbano é um produto e condição do trabalho humano, o direito à cidade deveria ser assegurado à todos. No entanto, como dito acima, a apropriação dos espaços e serviços urbanos se dá de forma seletiva, pelo valor de troca do solo urbano. Dessa forma, a localização apresenta-se como um dos principais fatores da segregação espacial. A localização é um valor que se materializa na terra urbana e define-se pela capacidade que determinado ponto do território oferece de relacionar-se, através de deslocamento espaciais, com todos os demais pontos da cidade, com a capacidade de oferecer serviços urbanos e infraestrutura (VILLAÇA, 1998). Cada vez que a sociedade urbana transforma seletivamente os lugares se adaptando as exigências funcionais e tornando alguns pontos dentro da cidade mais acessíveis e atraentes para o consumidor, o que acaba por valorizá-los. Segundo Milton Santos (1993, p.96 apud VILLAÇA, 1998), [...] a especulação imobiliária deriva, em última análise, da conjugação de dois movimentos convergentes: a superposição de um sítio social ao sítio natural e a disputa entre atividades e pessoas por dada localização.

Assim, as diferentes classes sociais disputam essas terras valorizadas dentro da cidade. A população de baixa renda, que não consegue arcar com os custos dos espaços dotados de valorização, acaba por se apropriar de áreas periféricas, com infraestruturas precárias ou ocupam terrenos públicos e privados, dando origem aos assentamentos precários. De acordo com a Organização das Nações Unidas, assentamentos precários são ... São, portanto, espaços que apresentam más condições de habitabilidade e urbanidade e, são simultaneamente marcados pela ausência de urbanização e inclusão social nas cidades. Outro aspecto importante é que a maioria desses assentamentos apresentam irregularidades jurídicas, no que se refere à propriedade da terra, isto é, são áreas – públicas ou privadas - ocupadas ilegalmente.Ainda que os moradores não sejam os legítimos proprietários, a ocupação se torna cada vez mais legitimada pelo próprio poder público, já que na ausência de políticas eficientes de habitação, permitem a permanência dessa população nestas condições. Segundo Leeds & Leeds (1978 p. 152), “O único critério uniforme que distingue as áreas invadidas dos outros tipos de moradia na cidade é o fato de constituírem uma ocupação ´ilegal` da terra, já que sua ocupação não se baseia nem na propriedade da terra nem no seu aluguel aos proprietários legais.” Diante dessas considerações, acredita-se, assim como Flávio Villaça (1998), que o espaço também atua como um mecanismo de exclusão e a segregação espacial, articulada à desigualdade, demonstra uma contradição inerente à estrutura social.

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C A P Í T U L O 02 – O S A S S E N T A M E N T O S P R E C Á R I O S E M RIBEIRÃO PRETO LOCALIZAÇÃO DO ASSENTAMENTO EM RIBEIRÃO PRETO

O município de Ribeirão Preto, constitui um importante polo econômico regional, caracterizando-se pela atratividade que exerce nos municípios circunvizinhos, sobretudo no que diz respeito ao consumo de bens e serviços. Foi a partir da década de 1970 que houve uma aceleração da urbanização no município, condicionada pela implantação do Pró-álcool (Programa Nacional do Álcool), o que estimulou a expansão dos complexo agroindustriais na região de Ribeirão Preto e consolidou o município como polo regional. No entanto, como parte da expansão do setor agroindustrial houve uma grande migração de mão-de-obra, com pouca qualificação e, que passa a suprir a demanda das usinas de açúcar e álcool da região. De acordo com Adas e Fernandes (2004, p.56), à esses fatores – inovação tecnológica no setor agroindustrial e o perfil de migração – soma-se uma urbanização intensa, atrelada à especulação imobiliária. Assim, como resultado deste processo, ao longo da década de 1990, há um aprofundamento da exclusão social, com fortes consequências na sua estrutura urbana, resultando numa intensa precarização das condições de vida, sobretudo nos bairros de baixa renda. Dentro deste padrão de crescimento centro-periferia, há um alargamento dos contrastes no que diz respeito à distribuição das atividades econômicas, dos equipamentos urbanos e sociais e, sobretudo dos grupos sociais. Como resultado mais visível, há um aumento das ocupações ilegais nas periferias de Ribeirão Preto e, em 1993, a cidade já contava com 7.830 pessoas vivendo em assentamentos precários, distribuídas em 21 favelas, em aproximadamente 1566 barracos. Já em 2001, o número de moradores vivendo em assentamentos precários passa para 26.205, em 31 favelas, somando 5.027 barracos(ADAS &

FERNANDES, 2004, p.52). Atualmente os dados são de 43 núcleos de favela com 26.590 pessoas (RIBEIRÃO PRETO, 2010).

FONTE: PREFEITURA DE RIBEIRÃO PRETO, 2010

Os assentamentos em Ribeirão Preto, estão na maior parte localizados em bairros periféricos, afastados do centro com precariedade de infraestrutura e equipamentos urbanos. Nesse sentido, a fragmentação do tecido urbano constitui característica marcante da urbanização em Ribeirão Preto, com um contínuo aprofundamento da distância entre a “cidade luminosa” e os homens lentos das zonas urbanas “opacas” (SANTOS, 1994).


LOCALIZAÇÃO DA “FAVELA DOS TRILHOS

Na favela dos trilhos predomina as habitações térreas. Há também grandes áreas verde espalhadas no bairro, no entanto a grande maioria entcontra-se degradada ou desativada, como o parque Rubem Cione.No entorno há poucos equipamentos de lazer, o que contribui para a baixa qualidade de vida dos moradores.

N JD. JOSÉ WILSON TONI

JD. PAULO GOMES ROMEU

PQ. ECOLÓGICO E SOCIAL D. RUBEM CIONE

JD. PAIVA

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FONTE: PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO


MAPA DE EVOLUÇÃO URBANA POR DATA DE APROVAÇÃO DOS LOTEAMENTOS

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Muitos bairros do entorno foram implantados em função da expansão do quadrilátero central e, nesse sentido, já são bastante consolidados. No entanto, os novos loteamentos abertos mais recentemente como Jardim Paulo Gomes Romeo e Jardim José Wilson Toni, ainda necessitam de implantação de equipamentos urbanos e de uma área comercial mais estruturada.

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MAPA DE MACROZONEAMENTO

O Assentamento da Favela do Trilhos se Localiza dentro do anel viário na Zona Oeste da Cidade de Ribeirão Preto, delimitada como ZUP – Zona de Urbanização Preferencial, considerada com médio e alto potencial construtivo, já que compatível com suas condições geomorfológicas e paisagística.

N

FONTE: PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO, 2007. ORGANIZAÇÃO LETÍCIA TERRA

LEGENDA : ZUP ZONA DE PROTEÇÃO MAXIMA FONTE: PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO, 2007. ORGANIZAÇÃO LETÍCIA TERRA

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MAPA DE ÁREAS ESPECIAIS

O Bairro Ipiranga – onde a Favela dos trilhos faz limite - é em grande parte destinado a áreas de Interesse Social I e II, assim como os outros bairros do entorno como Jardim Paiva, Jardim Wilson Toni e Jardim Paulo Gomes Romeo.

N

FONTE: PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO, 2007. ORGANIZAÇÃO LETÍCIA TERRA

LEGENDA : AIS - AREA DE INTERRESSE SOCIAL I AIS- AREA DE INTERESSE SOCIAL II AREAS COM RESTRIÇÃO DO LOTEADOR AREA VERDE

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MAPA DE USO DO SOLO

Esse entorno possui uso predominantemente residencial, com casa térreas, sendo a Avenida D. Pedro I o principal eixo comercial e de prestação de serviços, onde localiza-se também a indústria da Coca-Cola e a avenida Dom Pedro I com uma grande demanda de comercio,

N

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MAPA DE EQUIPAMENTOS URBANOS

No entorno imediato da “Favela dos Trilhos, há um grande número de equipamentos de saúde e educação como escolas, creches e postos de saúde, como pode-se observar no mapa abaixo.

N

FONTE: LEVANTAMENTO E ORGANIZAÇÃO LETÍCIA TERRA

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MAPA DE HIERARQUIA VIÁRIA FUNCIONAL

A avenida Rio Pardo localizada no Bairro Ipiranga, atualmente funciona com duas pista de rolamento, sem canteiro central, no entanto desempenha a função de uma importante Avenida Principal, com um intenso fluxo de veículos. Além disso, não oferece segurança aos pedestres, pois a dimensão dos passeios são mínimas.

N

FONTE: LEVANTAMENTO E ORGANIZAÇÃO LETÍCIA TERRA

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HIERARQUIA VIÁRIA FÍSICA

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FONTE: LEVANTAMENTO E ORGANIZAÇÃO LETÍCIA TERRA

A rua Paraná vem desempenhando, nas últimas décadas, um importante papel na hierarquia viária, funcionando como uma das principais coletoras dessa região. O fluxo de veículos nesta rua aumentou, consideravelmente, nos horários de pico, sobretudo para que a população dos bairros do entorno da Favela dos Trilhos, consiga acessar a via norte.

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MAPA DAS LINAS DE TRANSPORTE PÚBLICO

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FONTE: LEVANTAMENTO E ORGANIZAÇÃO LETÍCIA TERRA

As linhas de transporte público, que fazem a ligação da área de estudo para os bairros mais afastados utilizam a avenida Dom Pedro I.. Nas Ruas coletoras como Japúra e Tapajós , há uma demanda de transporte publico grande á qual distribui pelos bairros do entorno da área estudada.

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C A P Í T U L O 03 – A F A V E L A D OS T R I L H O S : I N D E N T I F I C A Ç Ã O , CARACTERIZAÇÃO E DIAGNOSTICO

LINHA DO TEMPO POR DÉCADAS A evolução do assentamento por cada década , conforme o crescimento da cidade economicamente com o café o ciclo do açúcar a migração de população de outros Estados brasileiros . A evolução do assentamento cresce quando não existe alternativas de moradias para população que vem para São Paulo , especificamente para o Interior em busca de melhoria de vida . Atualmente o assentamento tem 575 barracos alguns improvisados, outros bem consolidados na aérea , recentemente teve uma invasão em 2014 em aeras destinadas para o verde do bairro. O fácil acesso a equipamentos no bairro também é um grande atrativo para as pessoas que deseja morar ali.

DÉCADA DE 70

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DÉCADA DE 80


DÉCADA DE 90

ANO DE 2.000


A “Favela dos Trilhos” está localizada em um dos trechos da Avenida Rio Pardo - antigo ramal da Linha Férrea Mogyana. Com a chegada da ferrovia em Ribeirão Preto e, consequentemente a chegada de imigrantes para o trabalho nas lavouras de café. A Linha Férrea em Ribeirão Preto foi desativada em 1995 e, esses 14 km que passam por dentro da cidade, que pertenciam a FEPASA ficar abandonado com mato e entulhos, assim surgiu um acréscimo na área da população que mora ate hoje na favela dos trilhos .

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N

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IMPLANTAÇÃO NO TERRENO E TOPOGRAFIA

AREAS VERDES TOPOGRAFIA

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REMOÇÃO

N

REMOÇÃO DE CASAS

FONTE: Letícia Terra

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DIRETRIZES DE PROJETO

De acordo com a prefeitura municipal, há uma diretriz de remoção deste assentamento, tendo em vista a implantação de uma avenida. No entanto, acredita-se que este assentamento é consolidável e, nesse sentido a remoção significaria um grande custo social para essa população. Assim, como parte das diretrizes de intervenção (6) propõe-se uma adequação das diretrizes viárias, o que possibilita a manutenção do assentamento. Para tanto, a avenida rio pardo constituirá uma via principal, partindo da estação barracão até a avenida d. Pedro, onde um de seus leitos carroçaveis será desviado para a rua Javari, que formará com a continuação da avenida Rio Pardo um binário. Ainda no que se refere à adequação do sistema viário, serão necessárias remoções de algumas unidades. Para a abertura de coletoras (8). Assim, para a definição das unidades a serem removidas foram levadas em consideração às seguintes condicionantes: áreas de adensamento construtivo; moradias com precariedade construtiva e ligação com o sistema viário existente. Essas remoções somam 44 unidades, que podem ser relocadas no próprio assentamento, com a implantação de novas unidades (7), melhorando as condições de habitabilidade, através de uma tipologia mais adequada. Essas remoções também possibilitarão a implantação de espaços livres públicos no interior do assentamento, melhorando as condições de insolação e ventilação natural das moradias a serem mantidas. Como projeto estrutural, atendendo uma demanda não só do assentamento, mas também dos bairros do entWorno, propõe-se a requalificação dos espaços livres públicos, por meio da elaboração de projetos para a praça (1) e diretrizes de projeto para as outras áreas verdes do entorno (2/3/4/5).

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N


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Implantação Geral N

1 2 6

3 4 5


Abertura da continuação da avenida Rio Pardo

Praças Internas no Assentamento dos Trilhos Lazer e Descanso Abertura de ruas coletoras que distribui os veiculos nos bairros do entorno

Novas Tipologias de Habtação

Praça proximo ao Assentamento dos Trilhos

Parque Proximo ao Assentamento dos Trilhos

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C A P I T U L O 04 - LEITURAS PROJETUAIS: PARQUE CANTINHO DO CÉU

DADOS GERAIS -LOCALIZAÇÃO DO ASSENTAMENTO : O Parque Cantinho do Céu está localizado no extremo sul da cidade de São Paulo, no distrito de Grajaú, nas margens da represa Billings. -REPONSAVEL PELO PROJETO: Arquiteto e Urbanista Marcos Boldarini, responsável pelo urbanismo, arquitetura e paisagismo do projeto do Cantinho do Céu em parceria com Melissa Matsunaga. -FINANCIADORES DO PROJETO: A urbanização teve início em 2008, por meio do Programa Mananciais, e foi concluída no final de 2012. FONTE: google/cantinhodoceu.com.br

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A intenção principal seria remanejar as famílias que vivam dentro de uma Área de Preservação Permanente-APP, ação essa que foi revertida em função da consolidação da ocupação. A área inclui os loteamentos Residencial dos Lagos,WCantinho do Céu e Gaivotas, Definindo ações para a recu peração da área, urbanística e ambientalmente, sem remover parcela significativa da população. A concepção do projeto adotou como diretriz voltar as moradias para o reservatório e revelar a natureza à sua frente, valorizando paisagem e comunidade. O programa funcional do parque associa usos de recreação e lazer à preservação da margem com a manutenção e reconstituição de espécies vegetais nativas, evitando o assoreamento da represa e promovendo a qualidade de vida dos moradores. O projeto considerou as situações especiais identificadas ao longo da área, tendo como prioritárias as condições topográficas, acessibilidade e a articulação com as obras de urbanização em curso. O projeto previu ainda manutenção e a reconstituição de espécies vegetais nativas e articulação das vias principais de acesso à área residencial. Como a permeabilidade do solo é uma premissa em projetos nas áreas de mananciais, a escolha do piso para o sistema viário leva em conta o tipo de tráfego definido, utilizando pisos permeáveis em áreas de circulação de pedestres e o piso inter-travado onde há circulação de automóveis. A intervenção ainda contemplou a coleta e o afastamento do esgoto sanitário, o sistema de drenagem e a consolidação geotécnica.

AREA INTANTIL

PISTA DE SKATE

CAMPO DE FUTEBOL

RETORNO AUTO

FONTE: google/cantinhodoceu.com.br

MIRANTE

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RETORNO AUTO /PRAÇA

DECK

TER


CAPOEIRA/DAN ÇA DE RUA

ACADEMIA RCEIRA IDADE

AREA DE ESTAR

ÁREA DE PINGUE PONGUE

AREA INTANTIL

DECK PASSEIO /CICLOVIA

DECK

PASSARELA

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TIPO DE INTERVENÇÃO NAS VIAS

FONTE: google/cantinhodoceu.com.br

Para adaptar as antigas vielas à urbanização proposta, foi utilizado piso intertravado com inclinação para o centro, de forma que as águas pluviais escoem pelo meio da rua. Em vez de bocas de lobo, as vias contam com grelhas metálicas (boca-de-leão). Uma pequena borda faz a delimitação entre a faixa predominantemente para pedestres e, a outra, onde o fluxo dos carros predomina. Mas o uso é compartilhado. Ao fim das vias, praças configuram uma área de transição entre a moradia e o parque, o privado e o público. Ao longo da implantação da obra, os pisos inter-travados foram sendo substituídos por pisos permeáveis, para permitir a infiltração de até 90% da água. Em outros pontos optou-se pelo uso de decks elevados que não interferem na infiltração e se adaptam facilmente ao terreno irregular, corrigindo declividades e melhorando a acessibilidade. FONTE: google/cantinhodoceu.com.br

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GRAU DE DESADENSAMENTO

REMOÇÃO - Foram previstas de 20 a 30% de remoções a partir de critérios técnicos que definiram as situações de impossibilidade de implantação do esgoto sanitário, liberação das linhas de drenagem, complementação do sistema viário e supressão de áreas de risco. Esta alternativa possibilitou a conformação de uma área de aproximadamente 7 km de extensão, onde o projeto do Parque Linear foi desenvolvido, constituindo um conjunto de espaços públicos abertos. FONTE: google/cantinhodoceu.com.br

FONTE DAS FOTOS : google/cantinhodoceu.com.br

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INSTALAÇÃO DE MOBILIÁRIO

Nas peças instaladas no parque (bancos, lixeiras, corrimãos etc.), a preocupação foi além do desenho e buscou produzi-las com materiais mais robustos, a fim de se obter maior durabilidade. FONTE: google/cantinhodoceu.com.br

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-ESTRATEGIA DE INTEGRAÇÃO COM O BAIRRO

CINEMA AO AR LIVRE Os Espaços de Integração com o bairro , encontramos o campo de futebol, cinema ao ar livre onde a população pode desfrutar nos finais de semanas como lazer. O projeto foi planejado com a intenção de incluir na sociedade essa comunidade , tanto eles como pessoas de outros bairros usarem esses espaços. FONTE: google/cantinhodoceu.com.br

CAMPO DE FUTEBOL

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FONTE: google/cantinhodoceu.com.br

FONTE: google/cantinhodoceu.com.br

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C A P I T U L O 04 - LEITURAS PROJETUAIS : COMPLEXO JACAREZINHO

DADOS GERAIS -LOCALIZAÇÃO DO ASSENTAMENTO: Zona Norte do Rio de Janeiro -REPONSAVEL PELO PROJETO: por Walter Gropius em 1919.pela escola Bahaus. -FINANCIADORES DO PROJETO: Governo Federal e Estadual

Fonte:google/jacarezinho.com.br

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TIPO DE INTERVENÇÃO NAS VIAS

A favela do Jacarezinho foi escolhida devido à sua proximidade a uma avenida grande e à linha do metrô, facilitando a integração da favela com quem vem de fora. No caso da Favela do Jacarezinho, definimos um quarteirão estratégico interno da favela (o Núcleo) e um “cordão umbilical” de articulação com a cidade (a passarela) que culmina em intervenções multiusos no Pólo da Suburbana.

Fonte:google/jacarezinho.com.br

A Célula Urbana é uma das propostas que poderá viabilizar canais indutores de desenvolvimento integrado. Criar atrativos para a iniciativa privada é uma meta a ser atingida. Na favela, quase toda plana, casas e barracos se sobrepõem, chegando a atingir 25 m de altura. As ligações são corredores estreitos e poucas ruas deFonte:google/jacarezinho.com.br trânsito caótico.

Fonte:google/jacarezinho.com.br

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GRAU DE DESADENSAMENTO

No Complexo do Jacarezinho, também na Zona Norte, serão aplicados recursos no valor de R$ 609 milhões que beneficiarão aproximadamente 33 mil habitantes com obras de saneamento, controle de cheias nos rios Jacaré e Salgado e de enchentes na localidade conhecida por Buraco do Lacerda, elevação da linha férrea, pavimentação, abertura e alargamento de vias públicas, construção de 2.240 moradias e melhorias em 500 outras, duas escolas de Ensino Fundamental, dois EDIs, de Centro da Terceira Idade, de Nave do Conhecimento (biblioteca digital), e de Centro Esportivo, além de áreas de lazer.

Novas tipologias de habitação Fonte:google/jacarezinho.com.br

Miolo de um quarteirão Fonte:google/jacarezinho.com.br

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INSTALAÇÃO DE MOBILIÁRIO

BRINQUEDOS INFANTIL

Fonte:google/jacarezinho.com.br

Fonte:google/jacarezinho.com.br

Omar Akbar,Diretor da Bahaus uma das principais metas do projeto Jacarezinho é criar um vínculo com o movimento histórico Bauhaus. Quando o governo federal propôs que implantássemos o Programa Favela-Bairro em Grandes favelas, foi escolhido o Jacarezinho porque existiam experiências acumuladas do governo do estado e da prefeitura. Constituindo uma cidade de médio porte, com seus 60 mil moradores, a situação de vizinhança na favela é crítica, conseqüência da altíssima densidade, da inexistência de espaços públicos, equipamentos de lazer, cultura e outros. O Jacarezinho tem uma infraestrutura de comércio maior do que a do próprio bairro. Fonte:google/jacarezinho.com.br

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Fonte:google/jacarezinho.com.br


ESTRATEGIA DE INTEGRAÇÃO COM O BAIRRO

Fonte:google/jacarezinho.com.br

Fonte:google/jacarezinho.com.br

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C A P I T U L O 04 - LEITURAS PROJETUAIS : PARQUE RED RIBBON NA CHINA

Arquitetos: Turenscape Localização: Qinhuangdao, Hebei, China Área: 200000.0 m2 Ano do projeto: 2007 Fotografias: Courtesy of Turenscape

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O Red Ribbon (fita vermelha) que atravessa o parque Qinhuangdao pode ser visto no contexto do terreno natural e da vegetação, de cerca de 500 metros (547 jardas), integrando as funções de iluminação, assentos, interpretação ambiental e orientação. O Red Ribbon foi concebido como um elemento vivo dentro de um ambiente de vegetação verde e água azul, curvando-se com o terreno. Ele integra um calçadão, iluminação e assentos. Feito de fibra de vidro, é iluminado por dentro, num vermelho brilhante à noite. Possui 60 centímetros (24 polegadas) de altura e varia em largura de 30 a 150 centímetros (11 polegadas a 59 polegadas).


O vermelho brilhante da fita acende esta densa vegetação, ligando a vegetação natural diversificada e os quatro jardins de flores. A fita funciona como um dispositivo estrutural que reorganiza o local anteriormente bastante mal cuidado e inacessível. O lugar se tornou cada vez mais urbanizado; este parque em sintonia com as necessidades dos moradores da região, mantem seus processos ecológicos e serviços naturais intactos

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CAPÍTULO 5 – DIAGNÓSTICO E DIRETRIZES DE INTERVENÇÃO

DIAGNÓSTICO: Com base no levantamento realizado, verifica-se que o assentamento pode ser classificado como consolidável, já que apresenta condições de recuperação urbanística e ambiental e de reordenamento urbano, com abertura ou adequação do sistema viário, com necessidade de remoção de parte das famílias moradoras. A remoção será necessária para solucionar o adensamento construtivo excessivo, para abertura de novas vias e adequação no sistema viário existente e, também para a substituição de habitações com precariedade construtiva. O terreno onde localiza-se a “Favela dos Trilhos” é adequado, já que não necessita de grande obras de infraestrutura, tendo em vista que não apresenta um desnível significativo . No que se refere as moradias, a “Favela dos Trilhos” apresenta tanto moradias improvisadas - sobretudo nas construções mais recentes -, quanto moradias consolidadas, em alvenaria. Já o traçado, ainda que linear, é aglomerado, com alguns poucos espaços livres. A maioria das vias que cortam o assentamento são improvisadas e, as poucas que conseguiram se tornar parte do traçado oficial, apresentam um grande fluxo. A maioria das moradias utilizam instalações elétricas e de água e esgoto clandestinas.

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CONCEITO E PARTIDO:

A favela dos trilhos ocupa, há mais de vinte anos, uma área da antiga ferrovia da estação barracão, que estava sob a concessão da ferrovia centro atlântica S.A., que a devolveu a união. Neste sentido, a regularização fundiária dessa área é possível por meio da lei federa l9.636 DE 1998, sendo a secretaria do patrimônio da união (SPU), o o orgão responsável. Assim, a regularização fundiário deste assentamento precário seria possível, por meio de convênio entre a SPU e o município. Os instrumentos que viabilizariam a regularização fundiária são: concessão de uso especial para fins de moradia, alienação e doação. No entanto, este trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de um projeto de intervenção na “Favela dos Trilhos”, que buscasse a integração desse assentamento precário com o tecido urbano, por meio da qualificação dos espaços livres públicos. A integração será atraves de elementos de equipamentos urbanos mobliarios como bancos desenhados como uma fita que integra a praça principal com o assentamento e as areas verdes como mostra as refêrencias seguida para o projeto.

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AVENIDA RIO PARDO CONTINUAÇÃO ATE A VIA EXPRESSA VIA NORTE

CORTES RUAS E AVENIDA

CORTE AVENIDA NO ASSENTAMENTO DOS TRILHOS

CORTE COLETORA DUPLA CORTE COLETORA SIMPLES

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DESENHO: ARQUITETO E URBANISTA ANTテ年IO LANCHOTI

CORTE ABERTURA DA AVENIDA RIO PARDO

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MAQUETE ELETRテ年ICA

MAQUETE ELETRテ年ICA

MAQUETE ELETRテ年ICA

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NOVAS TIPOLOGIAS DE HABITAÇAO E COMERCIO

Nova Tipologia de Habitação proposta para melhoria da qualidade de vida da população , 288 novas habitações reassentada no mesmo terreno do assentamento, sendo implantado em blocos de 3 andares sobre pilotis , criando um patio no terreo de convivio entre os moradores e livre para acesso do entorno como lazer .

N

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NOVAS TIPOLOGIAS DE HABITAÇAO E COMERCIO

N Outra Tipologia para resolver problemas de comercio no assentamento é 2 pavimentos com comercio em baixo e habitação em cima em um quarteirão do assentamento dos trilhos , assim facilitando a escala da vizinha para a população que reside nesse local.

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PRAÇAS INTERNAS DENTRO DO ASSENTAMENTO DOS TRILHOS LAZER DESCANSO

Dentro do Proprio Assentamento dos Trilhos existe areas de praças internas para Lazer e Descanso da População que mora no entorno criando essas praças para convívio entre as familias. Mobiliario Urbano como bancos elementos que integram amarrando as areas de praças com as áreas verdes do entorno inclusive a praça principal do bairro.

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PRAÇA PRINCIPAL LAZER E CONTEMPLAÇÃO

N

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOURDIEU P. A. A miséria do Mundo. São Paulo : Brasiliense , 1997 CALDEIRA, T. P. R. Cidade de muros: Crime, segregação e cidadania em São Paulo. São Paulo: Ed.34/EDUSP, 2000. FERNANDES, Maria Esther (coord.). A cidade e seus limites: as contradições do urbano na “Califórnia brasileira”. São Paulo: Annablume; FAPESP; Ribeirão Preto: UNAERP, 2004. LEEDS, A.; LEEDS, E. R. A sociologia do Brasil Urbano. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. SANTOS, Milton. Técnica espaço tempo. São Paulo: Hucitec, 1994. VILLAÇA, Flávio; Espaço intra-urbano no Brasil; São Paulo: Nobel, 1998. VILLAÇA Flavio. A segregação urbana e a justiça. Revista Brasileira de Ciências Criminais, julho/setembro de 2013, pág. 341-346.



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