A antiga estação ferroviária de Cravinhos, inaugurada em 23 de novembro de 1883, é um edifício de grande importância histórica para o município, por ser seu marco zero, e também por ter contribuído para o seu desenvolvimento e crescimento inicial, visto que era responsável pelo transporte de café na região. Após ser desativado, em maio de 1964, o prédio ficou sob custódia da Prefeitura Municipal, e funcionou como agência rodoferroviária. Neste momento, sofreu uma grande e significativa modificação, que foi o seccionamento de sua extensa plataforma coberta que chegava até o início da rua XV de Novembro, dando lugar a uma praça pública.
LETÍCIA VIANA DE LIMA/ ORIENTADORA: PROFª MS. RITA FANTINI
A estação tem como identidade visual e arquitetônica, a linearidade, principal premissa para o desenvolvimento do anexo, que partiu da ideia do seguimento da antiga plataforma coberta.
O programa foi distribuído entre os volumes, onde o patrimônio abriga a administração da escola e algumas salas especiais do setor pedagógico e o anexo abriga as demais salas de aula, os serviços de apoio e toda a parte de convivência e bem estar das crianças.
Os eixos de circulação foram definidos através do fracionamento dos volumes do anexo.
A cobertura metálica é responsável por unir todos os volumes e criar uma relação de continuidade entre o novo e o antigo.
As pergolas metálicas utilizadas nos jardins protegem as salas de aula da incidência solar e complementam a fachada do novo edifício.
Durante os anos que se seguiram, uma série de reformas foi acontecendo, principalmente em sua fachada e em seu interior, e o principal objetivo era adaptar o edifício para sediar alguns serviços municipais. O prédio, portanto, já abrigou um ambulatório médico e odontológico, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), a Associação Comercial e Industrial de Cravinhos (ACIC), e mais adiante incorporou o Sindicato dos
Trabalhadores Rurais e o Centro de Apoio a Família (CEAF). Atualmente continua sediando o SAAE, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais e temporariamente o Projeto Guri, um programa de educação musical gratuita mantido pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. Apesar das inúmeras apropriações, que garantiram certa manutenção do patrimônio, o prédio acabou tornando-se obsoleto e caindo no esquecimento da população cravinhense devido a sua má utilização, uma vez que o uso proposto não participa diretamente da vivência da população, principalmente quando nos referimos à população mais jovem. Este trabalho pretende revalorizar a antiga estação ferroviária com um uso que faça parte da vivência dos moradores cravinhenses, que reforce a identificação das pessoas com o passado e ao mesmo tempo agregue valores no presente, e para isto, é proposto o projeto de uma escola de educação infantil montessoriana anexo ao edifício histórico.
Além de requalificar o edifício, restaurando-o e integrando-o
ao programa escolar, esse novo uso garante ensinar às crianças a importância do patrimônio local, que certamente será transmitida para as demais gerações, mantendo viva sua história e memória, ao mesmo tempo em que constrói uma nova referência arquitetônica e educacional para a cidade, que só possui escolas com um modelo de ensino tradicional. O novo edifício adotou como partido a antiga plataforma de embarque e a própria condição arquitetônica da estação, prezando pela linearidade e horizontalidade. É através dessa linguagem que os edifícios se comunicam, interligando-se por uma extensa cobertura metálica, que delineia os quatro volumes com seus respectivos programas. A nova estrutura não avança sobre a antiga, a materialidade é constrastante, e é justamente essa diferenciação entre o que é novo e o que é antigo que torna a intervenção facilmente reconhecível, seguindo os princípios da linha brandiana de restauro.
INTERVENÇÃO NA
ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE CRAVINHOS: UMA PROPOSTA EDUCACIONAL