Dentro do sapatinho Maria Alberta MenĂŠres
21
de
dezembro de 2020
Dentro do sapatinho Lembro-me de quando eu era pequenina e na véspera do dia de Natal ia pôr o sapatinho na chaminé. Mas não era apenas o meu sapatinho que ali ficava toda a noite, às escuras, esperando um Pai Natal de barbas brancas que por ali havia de passar e encher os sapatinhos de prendas. Para dizer a verdade, naquela casa passavam férias 14 crianças, entre irmãos e primos, e já a contar comigo! Eu não era nem a mais velha nem a mais nova, mas diziam que era a mais vivaça de todas. Todos os anos era a mesma coisa: quando nos levantávamos, manhã cedinho, corríamos a ver o que o Pai Natal nos tinha oferecido. O pior, era encontrar, por entre as prendas bonitas, de papel vistoso, aqui e além uns embrulhinhos misteriosos e muito mal amanhados... Quem os tinha no seu sapatinho só os abria no final de tudo. 2
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de
dezembro de 2020
O meu era sempre o maior! E sabem o que tinha lá dentro? Um grande pedaço de carvão.
Queria o Pai Natal dizer, assim, desta maneira, que, no ano que estava prestes a findar, eu tinha feito certas asneiras que tinham dado que falar! Ao ver o meu carvão, tão preto e grande, as lágrimas caíam-me sempre pela cara abaixo e logo ali fazia mil promessas de bom comportamento para o ano seguinte...
Em certa manhã de Natal...
Excerto do texto original
In: "O livro do Natal", Maria Alberta Menéres, Edições ASA, Porto.
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