OS PROJETOS DO SECRETÁRIO DE ESTADO SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E...
públicas e secretas também encontramos ordens para recolher informações sobre a sociedade local, a natureza e, igualmente, sobre a atuação da Companhia de Jesus. Destacamos que, no momento da chegada de Mendonça Furtado na região, a antipatia de Pombal pelos jesuítas, assim como sua campanha antijesuítica, ainda não estava evidente. Contudo, já havia uma certa desconfiança, acentuada com o passar dos anos. Tanto que as políticas adotadas na região, aos poucos, minaram a atuação dos Jesuítas. Desenvolvemos essa discussão a seguir.
2.3 As políticas pombalinas para a Amazônia As políticas pombalinas empregadas na Amazônia, principalmente as econômicas, foram obstaculizadas pela ação da Companhia de Jesus, especialmente no que concerne a estratégia de secularização dos aldeamentos de índios. A insistência dos jesuítas na autonomia das missões e em seu poder temporal, isto é, administrativo-jurídico sobre elas, deu a Pombal os elementos para fundamentar teoricamente os argumentos usados contra a Ordem. Além disso, a Companhia de Jesus militava abertamente em favor da interpretação restrita de seu voto especial: obediência ilimitada ao papa. Por meio desse quarto voto, ela abdicava de sua vontade própria, prometendo submeter-se incondicionalmente ao Sumo Pontífice e, de forma mais concreta, ao Superior Geral, na longínqua cidade de Roma. Assim vemos que o fato de a Companhia de Jesus ser, enquanto instituição, incondicionalmente obediente ao papa, afirmando que seus integrantes não praticavam ações por vontade própria, mas sempre por obediência absoluta ao superior geral; opor-se abertamente às políticas pombalinas pensadas para Amazônia; defender, com base em sua concepção teológica, que o poder divino era dado ao soberano por meio do povo, justificando assim, conforme as circunstâncias, um tiranicídio, colocava a Ordem em franca oposição ao projeto de Estado defendido por Pombal. instruções régias”. Ver GLIELMO, Gustavo Ferreira. O Projeto Português para a Amazônia e a Companhia de Jesus (1751-1759): Reflexos do confronto entre Absolutismo Ilustrado e pode religioso na América Equinocial. Dissertação. Universidade de Brasília, Programa de pós-graduação em História, Brasília, 2010, p. 95. Recomendamos ainda ler. HESPANHA, António Manuel. Antigo Regime nos Trópicos? Um debate sobre o modelo político do Império colonial português. In: FRAGOSO, João; GOUVÊA, Maria de Fátima (Orgs.). Na trama das redes: política e negócios no império português, séculos XVI-XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010. p. 45-96.
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